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2 REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO

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DIREITO ADMINISTRATIVO
REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO
ATUALIZADO EM 07/11/2018[1: As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de diálogo (setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos, porventura identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do material e o número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos eventos anteriormente citados. ]
REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Regime Jurídico Administrativo é o conjunto de normas que norteiam a atuação da Administração Pública. A lista de princípios não está totalmente definida, mas todos guardam com os demais uma relação lógica de coerência (sistema unidade). Por essa razão, compõe-se como conjunto harmônico de princípios e regras. 
Não existe um princípio que se sobreponha aos outros ou que seja absoluto. Assim, deve-se utilizar o critério de ponderação dos interesses na situação concreta (não há nulidade nem exclusão na hipótese de conflito). As regras são operadas no modo disjuntivo, pois uma exclui a outra quando da sua aplicação. O conflito entre elas é resolvido no plano da validade.
	TRIDIMENSIONALIDADE FUNCIONAL DOS PRINCÍPIOS (DIRLEY DA CUNHA JÚNIOR)
	1) Consagram valores fundamentais do sistema jurídico;
	2) Orientam a aplicação do ordenamento;
	3) Suplementam às demais fontes do direito.
2. PEDRAS DE TOQUE DO DIREITO ADMINISTRATIVO (CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELO)
São os alicerces, a base da disciplina administrativa como um todo. O interesse público, que é o somatório dos interesses individuais, considerando os indivíduos em sociedade, desde que esse represente a vontade da maioria, é a chave para compreensão. O interesse público pode ser primário ou secundário: 
Primário que é a vontade do povo (é o interesse público propriamente dito) ou; 
Secundário que é definido pelos anseios do Estado considerado como pessoa jurídica. 
Obs.: Havendo divergência, prevalece o interesse público primário.
De acordo com Celso Antônio, as pedras de toque são a supremacia do interesse público e a indisponibilidade do interesse público.
Supremacia do interesse público: é muito importante para o convívio social e pressuposto de existência de qualquer sociedade, sendo um conceito determinável no caso concreto. Visa satisfazer o interesse público propriamente dito, concedendo à Administração Pública algumas prerrogativas. Não está expresso na CF. Exemplos de aplicação: atributos dos atos administrativos (presunção de legitimidade, autoexecutoriedade e imperatividade), Poderes da Administração (poder de polícia), contratos administrativos (cláusulas exorbitantes, art. 58 da Lei nº 8.666/93), intervenção na propriedade (requisição, art. 5º, XXV, CF, desapropriação, art. 5º, XXIV, CF). Alguns autores, de forma minoritária, criticam o princípio sustentando que este legitima os abusos e as arbitrariedades. Outros defendem que, na verdade, há incorreção na sua aplicação.
Indisponibilidade do interesse público: É consequência da própria supremacia do interesse público. O interesse público não está à livre disposição do administrador, não há liberalidade. É um contrapeso/limitação ao princípio da supremacia do interesse público. O administrador exerce função pública, significando que a atividade é exercida em nome e no interesse do povo. Assim, o administrador é mero representante e não tem titularidade sobre o interesse público, não podendo, por esse motivo, dispô-lo. O administrador exerce um encargo, uma obrigação, um múnus público e tem o dever de bem servir, não pode comprometer o futuro da nação e criar entraves. Exemplos de aplicação: é violação à indisponibilidade ao interesse público a fraude à licitação, a fraude ao concurso público. O administrador não pode criar entraves, obstáculos ao sucessor. 
3. PRINCÍPIOS MÍNIMOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (ART. 37, CAPUT, CF)
A Administração Pública Direta e Indireta e de todos os Poderes e Estados (União, Estados, Municípios e DF) devem obediência aos princípios aqui listados. Tal rol foi alterado pela EC nº 19/98.
a) Legalidade
É a base do Estado Democrático de Direito e garante que todos os conflitos serão solucionados pela lei.
Haja vista os artigos que seguem, todos da Constituição Federal:
Art. 5º, II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
Art. 37, caput - A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte; 
Art. 150 - Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça. 
“Administrar é aplicar a lei de ofício (Seabra Fagundes)” Enfoques: para o Direito Público, a legalidade significa cumprir o que determina ou autoriza a lei, assim o administrador só pode realizar o que previsto na lei (critério de subordinação à lei). 
Para o Direito Privado, o particular pode tudo, salvo o que está vedado pela lei (critério de não contradição à lei). O controle de legalidade é a verificação de compatibilidade de um determinado ato com a lei, regras e princípios constitucionais (controle em sentindo amplo). Obs.: o princípio da reserva legal não se confunde com o princípio da legalidade, pois aquele determina que para certa matéria seja reservada (escolhida) a espécie normativa.
*#OUSESABER: A administração Pública está subordinada ao princípio da legalidade. Entretanto, no caso de estado de defesa e estado de sítio, a severidade da aplicação do citado princípio fica mitigado, face às excepcionalidades existentes. Certo ou errado?
Vários são os princípios constitucionais e legais que a Administração Pública está subordinada. Entretanto, cabe destaque o estudo detalhado daqueles trazidos no art. 37 da Constituição Federal, o famoso LIMPE: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. Nesta questão trataremos apenas do Princípio da Legalidade.
O Princípio da Legalidade é a base da democracia e é o que nos assegura que todos os conflitos sejam resolvidos pela lei. A legalidade tem dois aspectos:
a) Nas relações privadas: Aqui, os particulares buscam seus próprios interesses e são livres para atuarem, desde que não contrariem o disposto na legislação. A lei funciona, neste caso, como limitadora de vontades.
b) Nas relações públicas: A Poder Público (Administração) só pode atuar nos moldes autorizados ou determinados pela legislação. Aqui, a lei funciona como reguladora de vontade, ou seja, como ponto de partida para que a Administração possa atuar.
Ocorre que, segundo o Prof. Celso Antônio Bandeira de Melo (Curso de Direito Administrativo, 26ª Ed., pág. 105 e 126-136), é possível apontar três restrições excepcionais ao princípio da legalidade:
a) Medida provisória
b) Estado de defesa
c) Estado de sítio 
Nesses três casos, deve a Administração atuar, mesmo que não haja lei regulamentando sua atuação, o que revela a mitigação da obrigatoriedade do princípio da legalidade. O Prof. Celso Antônio é uma administrativista de grande prestígio, então, fiquemos espertos à sua fala. Item correto!
b) Impessoalidade
O administrador não pode buscar interesses próprios, pessoais. Traz a ausência de subjetividade, sem inclinações pessoais. O administrador deve agir no atendimento do interesse público (de forma impessoal, abstrata e genérica). O ato NÃO é do agente, e sim da pessoa jurídica (teoria da imputação). 
Exemplos: licitação (todos tem a chance de serem contratados pelo Poder Público), concurso
público. 
Cuidado com o conceito de impessoalidade de Celso Antônio: “traduz a ideia de que a Administração tem que tratar a todos sem discriminações, benéficas ou detrimentos, nem favoritismos nem perseguições são toleráveis, simpatias ou animosidades pessoais, políticas ou ideológicas não podem interferir na atividade administrativa”.
#CUIDADO: Impessoalidade x Finalidade: Divergência cogitada por Helly Lopes Meirelles (doutrina tradicional) que sustentava que os dois princípios eram sinônimos, afirmando que após 1988 o princípio da finalidade/imparcialidade foi substituído pela impessoalidade. No entanto, a posição de Celso Antônio Bandeira de Melo (doutrina moderna) orienta que esses princípios não se confundem, pois, a impessoalidade é a ausência de subjetividade e a finalidade significa que o administrador deve buscar o espírito da lei. São princípios autônomos (art. 2º, III e XIII, da Lei nº 9.784/99). 
Art. 2º A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência.   
III - objetividade no atendimento do interesse público, vedada a promoção pessoal de agentes ou autoridades; 
XIII - interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova interpretação.
c) Moralidade
Traduz a ideia de honestidade, obediência a princípios éticos, boa-fé, lealdade, boa administração, correção de atitudes. É diferente da moralidade comum (certo e errado do convívio social) por ser mais rígida, exigindo a correção de atitudes e a boa administração.
#OLHAOGANCHO: Nepotismo. Súmula Vinculante nº 13: A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal.
*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF: A nomeação do cônjuge de prefeito para o cargo de Secretário Municipal por se tratar de cargo público de natureza política por si só não caracteriza ato de improbidade administrativa.
STF. 2ª Turma. Rcl 22339 AgR/SP, Rel. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, julgado em 4/9/2018 (Info 914). Em regra, a proibição da SV 13 não se aplica para cargos públicos de natureza política como por exemplo, Secretário Municipal. Assim, a jurisprudência do STF, em regra, tem excepcionado a regra sumulada e garantido a permanência de parentes de autoridades públicas em cargos políticos, sob o fundamento de que tal prática não configura nepotismo. Exceção: poderá ficar caracterizado o nepotismo mesmo em se tratando de cargo político caso fique demonstrada a inequívoca falta de razoabilidade na nomeação por manifesta ausência de qualificação técnica ou inidoneidade moral do nomeado. STF. 1ª Turma. Rcl 28024 AgR, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 29/05/2018.
Com a EC nº 45/2004 e a criação do CNJ e do CNMP foram publicadas resoluções que vedam o nepotismo (resoluções nº 07/CNJ e 01/CNMP). A resolução Nº 07 foi questionada com a ADC nº 12 e o STF declarou a constitucionalidade da norma e afirmou que representava a aplicação de vários princípios constitucionais, como a moralidade, impessoalidade, eficiência e isonomia. 
Além disso, o STF determinou que o CNJ pode fazer o controle administrativo do cumprimento das suas resoluções. A vedação do parentesco (cônjuge, companheiro e parente em linha reta ou colateral até o 3º grau) fica para os cargos em que não são previstos a realização de concurso púbico – Vedações de parentesco na mesma pessoa jurídica: entre a autoridade nomeante e o nomeado em cargo de comissão ou função gratificada/função de confiança; entre servidor que ocupa cargo de direção, chefia ou assessoramento e o servidor que ocupa cargo em comissão ou função gratificada; designações recíprocas (nepotismo cruzado). 
Em regra, agentes políticos estão fora da aplicação da Súmula Vinculante nº 13 de acordo com o STF (Reclamação 6650, 7834; AgRcl 66750). "1. A jurisprudência do STF preconiza que, ressalvada situação de fraude à lei, a nomeação de parentes para cargos públicos de natureza política não desrespeita o conteúdo normativo do enunciado da Súmula Vinculante 13." (RE 825682 AgR, Relator Ministro Teori Zavascki, Segunda Turma, julgamento em 10.2.2015, DJe de 2.3.2015)
O STJ também já decidiu que a prática de nepotismo configura ato de improbidade administrativa (ofensa aos princípios da Administração Pública) – Resp 1009926.
#ATENÇÃO: Aplicação da súmula sobre nepotismo deve levar em conta qualificação do nomeado para o cargo: Citando precedentes como a RCL 17627 (de relatoria do ministro Luís Roberto Barroso), a RCL 11605 (do ministro Celso de Mello), o ministro Fux enfatizou que, quanto aos cargos políticos, deve-se analisar, ainda, se o agente nomeado possui a qualificação técnica necessária ao seu desempenho e se não há nada que desabone sua conduta. Ver mais em: http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=309934.
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: É inconstitucional lei estadual que excepciona a vedação da prática do nepotismo, permitindo que sejam nomeados para cargos em comissão ou funções gratificadas de até dois parentes das autoridades estaduais, além do cônjuge do Governador. STF. Plenário. ADI 3745/GO, rel. Min. Dias Toffoli, 15/5/2013 (Info 706)
*#OUSEBABER: No entendimento do STF, caracteriza nepotismo a nomeação de pessoa que possui parente no órgão, quando este não tem influência hierárquica sobre a nomeação?
Nesse caso, não caracteriza. Inicialmente, sobre o nepotismo, vale a pena destacar que não há necessidade de lei formal para a vedação ao nepotismo, considerando que tal proibição decorre diretamente dos princípios contidos no art. 37, caput, da CF/88.
Quando do julgamento da Rcl 18564/SP, o STF deixou claro que não se caracteriza como nepotismo a nomeação de pessoa que possui parente no órgão, quando este não tem influência hierárquica sobre a nomeação.
No que pese o STF não ter esgotado todas as possibilidades de configuração de nepotismo na Administração Pública, o citado tribunal elencou critérios objetivos de conformação, são eles:
a) Ajuste mediante designações recíprocas, quando inexistente a relação de parentesco entre a autoridade nomeante e o ocupante do cargo de provimento em comissão ou função comissionada;
b) Relação de parentesco entre a pessoa nomeada e a autoridade nomeante;
c) Relação de parentesco entre a pessoa nomeada e o ocupante de cargo de direção, chefia ou assessoramento a quem estiver subordinada; e
d) Relação de parentesco entre a pessoa nomeada e a autoridade que exerce ascendência hierárquica ou funcional sobre a autoridade nomeante.
- Cargo em comissão = era denominado antigamente de cargo de confiança. Serve para direção, chefia e assessoramento e pode ser exercido por qualquer pessoa, atendidas as condições mínimas. Há limite mínimo previsto em lei e depende do cumprimento de determinados requisitos (ex.: escolaridade), mas independe de qualquer vínculo anterior entre a Administração Pública e o nomeado.
- Função de confiança = serve para direção, chefia e assessoramento. Somente pode ser atribuído a quem detém cargo efetivo (acréscimo de responsabilidade). O servidor ganha um acréscimo remuneratório chamado de gratificação por função de confiança.
Art. 37. (...) V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e percentuais mínimos
previstos em lei, destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento;” (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: "Ementa: Administração Pública. Vedação nepotismo. Necessidade de lei formal. Inexigibilidade. Proibição que decorre do art. 37, caput, da CF. RE provido em parte. I - Embora restrita ao âmbito do Judiciário, a Resolução 7/2005 do Conselho Nacional da Justiça, a prática do nepotismo nos demais Poderes é ilícita. II - A vedação do nepotismo não exige a edição de lei formal para coibir a prática. III - Proibição que decorre diretamente dos princípios contidos no art. 37, caput, da Constituição Federal." (RE 579951, Relator Ministro Ricardo Lewandowski, Tribunal Pleno, julgamento em 20.8.2008, DJe de 24.10.2008)
*#OUSESABER: Segundo entendimento do STF, exposto na SV 13: Súmula vinculante nº 13: “A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o TERCEIRO GRAU, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta em qualquer dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, COMPREENDIDO O AJUSTE MEDIANTE DESIGNAÇÕES RECÍPROCAS, viola a Constituição Federal.” O próprio STF fez uma restrição à aplicação dessa súmula – e vem a reafirmando, como através RE 825.682: ressalvada a situação de fraude à lei (como por exemplo troca de favores), agentes políticos, como secretários estaduais e municipais, não estão submetidos à tal vedação. São cargos de natureza política, não administrativa, que demandam um elevado grau de confiança caracterizados por ter um munus decorrente da Constituição Federal. Caso que aconteceu no Ceará: Cid Gomes (à época, Governador do Estado) nomeou seu irmão, Ciro Gomes, como Secretário de Saúde. E os Conselheiros do Tribunal de Contas podem ser incluídos nessa exceção? Segundo o STF, NÃO! Os Conselheiros de Tribunais de Contas são considerados cargos administrativos, a eles então também é aplicado a vedação nepotismo – decisão do STF na Rcl 6702.
*#OUSESABER: No Informativo 786 do STF, ADI 524, ficou decidido que o nepotismo não alcança os servidores de provimento efetivo, pois isso poderia inibir o próprio provimento de cargos públicos e viola o livre acesso aos cargos, empregos e funções públicas. Regra é constitucional para cargos em comissão, funções gratificadas, de direção e de assessoramento. Inexiste proteção ou apadrinhamento quando a pessoa é aprovada em concurso público.
*#OUSESABER: Para o STF, no julgamento do RE 678.574, a vedação ao nepotismo não se aplica às contratações realizadas pelos serviços notariais – exercem atividade estatal, mas não ocupam cargo público. Podem, assim, contratar parentes pela CLT.
*#OUSESABER: O Plenário do STF, no RE 570392/RS, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 11/12/2014 (Info 771) decidiu que as leis que proíbam o nepotismo na Administração Pública NÃO são de iniciativa exclusiva do Chefe do Poder Executivo, podendo, portanto, ser propostas pelos parlamentares. Dessa forma, não há vício de iniciativa! A vedação ao nepotismo tem por objetivo cumprir os princípios constitucionais da isonomia, impessoalidade e moralidade na Administração Pública. Ademais, vale lembrar a advertência do @dizerodireito, “conforme entendeu o STF na edição da Súmula Vinculante 13, a proibição do nepotismo não exige a edição de lei formal, considerando que essa vedação decorre diretamente dos princípios contidos no art. 37, caput, da CF/88. Portanto, se o STF já reconheceu que tal proibição sequer precisa de lei, não há vício de iniciativa em lei editada com o objetivo de dar cumprimento aos princípios constitucionais”
*#PERGUNTA: O que se entende por transnepotismo? O Professor Marcelo Pilon, em seu artigo “Nepotismo, Nepotismo Cruzado e Transnepotismo” afirma que: “(...) muitos estão tentando burlar a decisão do STF em relação ao nepotismo; surgem novas formas de nepotismo. É recorrente nos meios de comunicação a utilização de neologismos como: “nepotismo cruzado” e “transnepotismo”. Podemos considerar “Nepotismo-Cruzado” a nomeação por parte dos membros do Judiciário, Executivo e Legislativo da União, Estados, Distrito Federal e municípios, de parentes uns dos outros. É a migração de servidores não concursados “dentro de um poder”, por exemplo, na Câmara de Vereadores, o vereador X contrata para atuar em seu gabinete o filho do vereador Y que em contrapartida contrata a esposa do vereador X. A meu ver, o “Transnepotismo” seria uma troca de favores “entre os poderes”, a migração de indivíduos não concursados de um Poder para outro, por exemplo: o prefeito do município “J” contrata para atuar no município, em cargo comissionado, o filho do vereador “Z” que em contrapartida contrata para o seu gabinete o cunhado do prefeito; há também casos onde o vereador declara sua “lealdade” ao executivo após o mesmo ter contratado seu parente ou apadrinhado. O mais trágico, e de certo, nada bom para a democracia e o equilíbrio entre os poderes, é a possibilidade do “transnepotismo” e troca de favores entre o Executivo e o Judiciário, com ou sem troca de parentes para cargos comissionado. (@top_juris)
d) Publicidade
O administrador exerce função pública em nome do povo, motivo pelo qual deve dar ciência ao titular do direito (o povo) do que está ocorrendo. Também representa condição de eficácia, que significa início de produção de efeitos. Os atos só começam a produzir efeitos a partir de sua publicidade. Exemplo disso é o início da contagem de prazo de um contrato, que seria a partir da data da publicação. 
Art. 61.  A publicação resumida do instrumento de contrato ou de seus aditamentos na imprensa oficial, que é condição indispensável para sua eficácia, será providenciada pela Administração até o quinto dia útil do mês seguinte ao de sua assinatura, para ocorrer no prazo de vinte dias daquela data, qualquer que seja o seu valor, ainda que sem ônus, ressalvado o disposto no art. 26 desta Lei.
- Publicidade também representa o início de contagem de prazo. Ex.: de notificação de multa de trânsito. O prazo começa do dia em que a notificação é recebida e não da data de postagem ou expedição. 
- Publicidade também é mecanismo de controle e fiscalização, pois permite que o titular do poder tome ciência do que está acontecendo no poder público, o que lhe dá oportunidade de se insurgir contra as ilegalidades dos administradores.
- Publicidade, no entanto, é diferente de publicação. Publicidade é muito mais amplo que publicação. Publicação é uma das hipóteses de publicidade. A publicidade deve cumprir o formalismo previsto na lei (portas abertas, edital x vezes).
#PEGADINHA: “A licitação na modalidade convite não tem publicidade” (Falso). No convite não há publicação de edital, pois há a carta convite. Quando se encaminha a carta aos convidados está-se realizando a publicidade. 
- Fundamentos da publicidade na CF: art. 37, caput./ art. 5º XXXIII (informação), XXXIV (certidão) e LXXII (habeas data) / Lei 12.527/11. (lei de acesso à informação). Art. 37, §3º, II – direito de acesso à informação.
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: É legítima a publicação, inclusive em sítio eletrônico mantido pela Administração Pública, dos nomes de seus servidores e do valor dos correspondentes vencimentos e vantagens pecuniárias. STF. Plenário. ARE 652777/SP, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 23/4/2015 (repercussão geral) (Info 782)
- Exceções à publicidade (garantia de sigilo): 
art. 5º, X (são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas). O administrador não pode, com fundamento na publicidade, violar tais valores, sob pena de indenizar os lesados. 
Art. 5º, XXXIII (segurança do Estado ou da sociedade). 
Art. 5º, LX (processos que correm em sigilo). Em processos tanto judiciais quanto administrativos.
Ex. processo administrativo no âmbito do CRM sobre erro médico de determinado médico. Só publica quando se tem o resultado.
* #OLHAOGANCHO: O IBGE está legalmente impedido de fornecer a quem quer que seja as informações individualizadas que coleta, no desempenho de suas atribuições, para que sirvam de prova em quaisquer outros procedimentos administrativos. STJ. 1ª Turma. REsp 1.353.602-RS, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 30/11/2017 (Info 617).
Obs.: Art. 37, §1º. A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal (dever de impessoalidade) de autoridades ou servidores públicos. 
Dever de publicidade, obedecendo à forma determinada. Se o agente não faz a publicidade está praticando ato de improbidade administrativa (art. 11 Lei 8429). 
Pode haver a promoção pessoal por meio de terceiro, caso que haja placas do tipo “a população agradece ao político X pela obra realizada, etc.” Deve haver uma razoabilidade ex.: placas de obras informando o número da licitação, do contrato e o nome do administrador pode. Para haver o ilícito dever ter a finalidade de promoção pessoal. 
e) Eficiência
Foi introduzido no caput do art. 37 da CF pela EC nº 19/98 (Reforma Administrativa). A emenda 20/98, apesar de ser do mesmo e ano e tratar de direito administrativo, trata de aposentadoria. A eficiência ganhou roupagem de direito expresso, mas ela já era exigida como princípio implícito e já existia de forma expressa no art. 6º da lei 8987/95, que trata de serviço público. 
Esse art. 6º traz o conceito de serviço adequado, exigindo a eficiência. Vejamos:
Art. 6º - Toda concessão ou permissão pressupõe a prestação de serviço adequado ao pleno atendimento dos usuários, conforme estabelecido nesta Lei, nas normas pertinentes e no respectivo contrato.
§1º Serviço adequado é o que satisfaz as condições de regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas. 
- Mas quais seriam os instrumentos para a concretização da eficiência?
(1) Alteração do art. 41 que trata da estabilidade dos servidores públicos, pois muito se falava que a estabilidade acomodava o servidor. * A partir da EC 19/98, então, o servidor para garantir a estabilidade vai precisar de:
Nomeação para cargo efetivo + 3 anos de exercício + avaliação especial de empenho
Esse último requisito está intimamente ligado à eficiência. Essa avaliação ainda precisa de regulamentação na maioria das carreiras (lei complementar). 
- Quais são as hipóteses em que o servidor pode perder o cargo? 
Processo administrativo (contraditório/ampla defesa)
Processo judicial (trânsito em julgado)
Avaliação periódica de desempenho. A avaliação de desempenho já existia, mas não retirava a estabilidade do servidor. 
(2) Racionalização da máquina administrativa. Art. 169, CF. Não dá para gastar tudo que se arrecada com folha de pagamento. Isso seria ineficiente. O limite com pessoal é disposto na lei de responsabilidade fiscal, que lá no art. 19 traz esse limite de 50% para a União, 60% para estados e municípios sobre a receita corrente líquida. 
E se estiver acima do limite? Começa-se reduzindo os cargos em comissão e funções e confiança em no mínimo 20 %; na sequência, é possível a exoneração de servidores não estáveis e; por fim, os servidores estáveis através de exoneração, por não haver caráter de punição. 
Nesse último caso o cargo é extinto e só pode ser recriado com funções idênticas ou assemelhadas quatro anos depois, para que o administrador não utilize o instituto do 169 para tirar os inimigos políticos da Administração. A sequência não pode ser desobedecida. Somente o servidor estável tem direito à indenização.
É preciso ter eficiência em duas esferas: meios (gastar o menos possível) e resultados (produzir os melhores resultados).
Obs.: eficiência – conduta das pessoas; eficácia – meios, instrumentos; efetividade – resultado.
*#NOVIDADELEGISLATIVA: A Lei nº 13.726, de 8 de outubro de 2018 racionaliza atos e procedimentos administrativos dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e institui o Selo de Desburocratização e Simplificação.[2: Para saber mais: https://www.dizerodireito.com.br/2018/10/comentarios-lei-137262018-lei-da.html ]
f) Isonomia
Significa tratar os desiguais de forma desigual, na medida de suas desigualdades. A restrição deve guardar compatibilidade com a finalidade da norma. 
#SELIGANASÚMULA: limite de idade em concurso público. Súmula 683 STF: O limite de idade para a inscrição em concurso público só se legitima em face do art. 7º, XXX, da CF, quando possa ser justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser preenchido.
Para exigir limite de idade - art. 7º, XXX – o limite de idade tem que está previsto na lei da carreira. Esse raciocínio serve para tudo, altura, peso, atividade jurídica. Para o requisito ir para o edital tem que está previsto na lei da carreira e ser compatível com as atribuições do cargo. O limite de idade é hoje possível e é acolhido pela Constituição, desde que obedecidos os requisitos. 
E se a previsão está em regulamentos, regimentos e não em lei? O STF discutiu tal questão em relação às forças armadas, pois o limite de idade estava previsto em regulamento (RE 600885). O STF decidiu que não foi recepcionada pela CF/88 a expressão “nos regulamentos das Forças Armadas” do art. 10 da Lei 6880/80, que remetia a definição dos requisitos aos regulamentos. O princípio da segurança jurídica impõe, no entanto, a modulação dos efeitos da não recepção, para assegurar a constitucionalidade dos concursos realizados até 31 de dezembro de 2012. A primeira decisão era ate 30.11.2012, mas houve embargos e o prazo foi aumentado. Dessa forma, o STF reafirma a exigência de que os requisitos estejam previstos em lei em sentido estrito. 
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: O limite de idade, quando regularmente fixado em lei e no edital de determinado concurso público, há de ser comprovado no momento da inscrição no certame. STF. 1ª Turma. ARE 840.592/CE, Min. Roberto Barroso, julgado em 23/6/2015 (Info 791).
*#TEMADEREPERCUSSÃOGERAL: SISTEMA DE COTAS PARA NEGROS E CONSTITUCIONALIDADE:
No mundo contemporâneo, a igualdade se expressa em três dimensões:
a) Igualdade formal - significa dizer que não pode haver privilégios e tratamentos discriminatórios. Está relacionada ao chamado Estado liberal e foi idealizada como uma forma de reação aos privilégios da nobreza e do clero. Pode ser subdividida em dois aspectos: •Igualdade perante a lei: comando dirigido ao aplicador da lei – judicial e administrativo –, que deverá aplicar as normas em vigor de maneira impessoal e uniforme a todos aqueles que se encontrem sob sua incidência. •Igualdade na lei: comando endereçado ao legislador, que não deve instituir discriminações ou tratamentos diferenciados baseados em fundamento que não seja razoável ou que não vise a um fim legítimo. A igualdade formal encontra-se prevista no art. 5º, caput, da CF/88: “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”. 
b) Igualdade material - está ligada a demandas por redistribuição de riqueza e poder e, em última análise, por justiça social. O desenvolvimento da ideia de igualdade material surge a partir da constatação de que não basta proibir que haja privilégios. É preciso atuar ativamente contra a desigualdade econômica e em favor da superação da miséria. Mais do que a igualdade perante a lei, deve-se assegurar algum grau de igualdade perante a vida. Dessa forma, deve-se garantir a proteção jurídica do polo mais fraco de certas relações econômicas, a criação de redes de proteção social e mecanismos de redistribuição de riquezas. Para isso, é necessário que o Poder Público faça a entrega de prestações positivas adequadas em matérias como educação, saúde,
saneamento, trabalho, moradia, assistência social. A igualdade material encontra-se prevista no art. 3º, I e III, da CF/88, que afirma que a República Federativa do Brasil tem como objetivos “construir uma sociedade livre, justa e solidária” e “erradicara pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais”.
c) Igualdade como reconhecimento: A igualdade como reconhecimento significa o respeito que se deve ter para com as minorias, sua identidade e suas diferenças, sejam raciais, religiosas, sexuais ou quaisquer outras. A injustiça a ser combatida nesse caso tem natureza cultural ou simbólica. Ela decorre de modelos sociais de representação que, ao imporem determinados códigos de interpretação, recusariam os “outros” e produziriam a dominação cultural, o não reconhecimento ou mesmo o desprezo. Determinados grupos são marginalizados em razão da sua identidade, suas origens, religião, aparência física ou orientação sexual como os negros, judeus, povos indígenas, ciganos, deficientes, mulheres, homossexuais e transgêneros. O instrumento para se alcançar a igualdade como reconhecimento é a transformação cultural ou simbólica. O objetivo é constituir um mundo aberto à diferença (“a difference-friendly world”). A igualdade como reconhecimento encontra-se também prevista no art. 3º, IV, da CF/88, que determina que um dos objetivos fundamentais da República é o de “promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”. Em muitos casos, alguns grupos sofrem tanto uma desigualdade material como uma desigualdade quanto ao reconhecimento. As mulheres e os negros, por exemplo, sofrem injustiças cujas raízes se encontram tanto na estrutura econômica, quanto na estrutura cultural-valorativa, exigindo ambos os tipos de remédio).
Não afronta o Princípio do concurso público porque, para serem investidos nos cargos públicos, os candidatos negros têm de ser aprovados no concurso. Caso não atinjam o patamar mínimo, sequer disputarão as vagas. A única coisa que a Lei fez foi criar duas formas distintas de preenchimento de vagas, em razão de reparações históricas, sem abrir mão do critério mínimo de suficiência. 
Não afronta o Princípio da eficiência porque não necessariamente os candidatos aprovados em primeiro lugar, segundo o critério da nota, serão absolutamente melhores que os outros. A noção de meritocracia deve comportar nuances que permitam a competição em igualdade de condições. Pode-se até mesmo imaginar um ganho importante de eficiência. Afinal, a vida não é feita apenas de competência técnica, ou de capacidade de pontuar em concurso, mas sim de uma dimensão de compreensão do outro e de variadas realidades. A eficiência pode ser muito bem-servida pelo pluralismo e pela diversidade no serviço público.
Não afronta o Princípio da proporcionalidade porque a demanda por reparação histórica e ação afirmativa não foi resolvida com a simples existência de cotas para acesso às universidades públicas. O impacto das cotas raciais não se manifesta no mercado de trabalho automaticamente, pois há um tempo de espera até que essas pessoas estudem, se formem e se tornem competitivas. Além disso, a proporção de 20% escolhida pelo legislador é extremamente razoável. Se essa escolha fosse submetida a um teste de proporcionalidade em sentido estrito, também não haveria problema, porque 20%, em rigor, representariam menos da metade do percentual de negros na sociedade brasileira. 
É legítima a utilização, além da autodeclaração, de critérios subsidiários de heteroidentificação, desde que respeitada a dignidade da pessoa humana e garantidos o contraditório e a ampla defesa. STF. Plenário. ADC 41/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 8/6/2017 (repercussão geral) (Info 868). 
g) Razoabilidade/proporcionalidade 
A razoabilidade é a coerência, lógica, congruência, equilíbrio, tendo sempre por base o padrão do homem médio. Ela proíbe os excessos, as condutas insensatas. O administrador tem que agir com bom senso. Para os administrativistas, o princípio da proporcionalidade está embutido no princípio da razoabilidade.
 A palavra chave da proporcionalidade é o equilíbrio: entre os atos e as medidas, entre os benefícios e prejuízos causados. Eles estão implícitos na CF e expressos na norma infraconstitucional, ex:. 
Art. 2º da lei 9784/99 A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência.
Eles são, ainda, limites à discricionariedade do legislador. Mesmo quando for discricionário o ato, quando não obedecer a esses dois valores, o judiciário estará autorizado a interferir, pois são princípios constitucionais. O poder judiciário faz aqui o controle de legalidade em sentido amplo, isto é, o controle do ato em relação a leis infraconstitucionais e à própria CF. Por isso a doutrina trata desses princípios como limitadores da liberdade e discricionariedade do administrador. 
h) Contraditório/ampla defesa 
Previstos no art. 5º, LV, CF. 
Art. 5º, LV, CF. Vejamos: aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes. 
Os processos administrativos e judiciais estão sujeitos ao contraditório e à ampla defesa. Na via judicial já estão sedimentados. Na via administrativa só aparece com a CF/88. A maioria das nulidades em processo administrativo ocorre por falta de contraditório e ampla defesa, pois ainda se vive um amadurecimento dessa consolidação. 
- Contraditório é ciência, conhecimento da existência do processo. Tem duas bases:
Base lógica: é a bilateralidade da relação processual
Base política: a ideia de que ninguém pode ser processado e condenado sem ser ouvido, sem ser chamado para participar.
- A ampla defesa é a oportunidade da parte se defender. Quais são os elementos que devem ser cumpridos para que a ampla defesa seja efetiva? 
A defesa tem que ser prévia, isto é, tem que anteceder o convencimento do julgador + conhecimento do procedimento + conhecimento das possíveis sanções.
Conhecer as informações do processo: provas, acusações, etc. 
Direito à produção de prova e sua consequente avaliação, para que ela interfira no julgamento. Tem que ser citada, debatida.
Defesa técnica – advogado? Durante muitos anos, paulatinamente, o STJ construiu uma jurisprudência no sentido de que a presença do advogado contribui para a regularidade do procedimento. Com isso, o STJ publicou a súmula 343, afirmando que o advogado deveria estar presente em todas as fases do PAD (processo administrativo disciplinar). Gerou uma grande confusão, pois se o advogado não estivesse presente o processo seria anulado. Muitos servidores demitidos teriam direito à reintegração com todas as vantagens do período em que estava afastado. O STF então para resolver a polêmica econômica, editando a súmula vinculante nº 5, que a falta de defesa técnica não viola a CF, revogando assim a súmula 343 do STJ. 
*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF: A Súmula Vinculante 5 continua válida. O STF rejeitou proposta da OAB que pretendia o cancelamento do verbete. Após a edição da SV 5, não houve mudança na legislação, na jurisprudência ou na percepção da sociedade a justificar a revisão ou o cancelamento do enunciado. A súmula vinculante deve ter certo grau de estabilidade, somente devendo ser cancelada ou revista em caso de superveniência de fatos suficientemente relevantes. Assim, a falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a CF. STF. Plenário. PSV 58/DF, julgado em 30/11/2016 (Info 849). 
*#LEMBRAR #OLHAOGANCHO: Para súmula vinculante ser modificada devem ocorrer 03 fatores: a) evidente superação da jurisprudência do STF no tratamento da matéria; b) alteração legislativa quanto ao tema; ou c) modificação substantiva de contexto
político, econômico ou social.
Direito de recurso. Para isso é necessário que haja uma decisão fundamentada. A Súmula Vinculante 21 trata da inconstitucionalidade no que tange a depósito prévio ou arrolamento e bens como condicionante ao recurso administrativo. O recurso não poderia ficar vinculado à capacidade financeira da parte. A SV 21 foi elaborada no âmbito da discussão do processo tributário, mas foi ampliada para alcançar qualquer processo. 
#SELIGANASÚMULA: Súmula Vinculante nº3. Nos processos perante o tribunal de contas da união asseguram-se o contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão.
Ninguém pode ser atingido por uma decisão/ato sem ter participado. Se a empresa x vai ser atingida, tem que ser chamada a participar. Nos casos de aposentadoria, reforma e pensão não haverá contraditório e ampla defesa no TCU. Isso porque o contraditório/ampla defesa, existiu em momento anterior (“fora do TCU”). Ato inicial de concessão de aposentadoria, reforma e pensão é ato administrativo complexo, isto é, para se tornar perfeito e acabado depende de duas manifestações de vontade, que se realizam em órgãos diferentes (Administração + Tribunal de Contas). O aperfeiçoamento do ato se dá no TCU. Nesse ato complexo, o contraditório e ampla defesa ocorrem na Administração em que há vinculação. 
Na primeira parte da súmula o TC vai retirar algo que o sujeito já tem. Na segunda, o sujeito ainda não tem aposentadoria. O STF fez um temperamento (“temperando a vinculante nº3”), pois o servidor ia até a Adm. e requeria a aposentadoria. O servidor ficava em casa provisoriamente até decisão do TCU. Depois de 10 anos o TCU resolvia que ele não tinha direito. O STF então entendeu que se o TC demorar mais de cinco anos para confirmar o ato de aposentadoria ele terá que realizar o contraditório e ampla defesa.
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA - INTRANSCENDÊNCIA SUBJETIVA DAS SANÇÕES
É necessária a observância da garantia do devido processo legal, em especial, do contraditório e da ampla defesa, relativamente à inscrição de entes públicos em cadastros federais de inadimplência. Assim, a União, antes de incluir Estados-membros ou Municípios nos cadastros federais de inadimplência (exs: CAUC, SIAF) deverá assegurar o devido processo legal, o contraditório e a ampla defesa. STF. 1ª Turma. ACO 732/AP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 10/5/2016 (Info 825). STF. Plenário. ACO 1995/BA, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 26/3/2015 (Info 779).[3: Atenção Concursos Federais: ler na íntegra – Inf. 825 pág 3 - https://dizerodireitodotnet.files.wordpress.com/2016/05/info-825-stf.pdf]
* AUDITORIA TCU E DESNECESSIDADE DE PARTICIPAÇÃO DE TERCEIROS REFLEXAMENTE INTERESSADOS: Em auditoria realizada pelo TCU para apurar a gestão administrativa do órgão, os terceiros indiretamente afetados pelas determinações do Tribunal (ex: pensionistas) não possuem direito de serem ouvidos no processo fiscalizatório. Não existe, no caso, desrespeito ao devido processo legal. Nessa espécie de atuação administrativa, a relação processual envolve apenas o órgão fiscalizador e o fiscalizado, sendo dispensável a participação dos interessados. O contraditório pressupõe a existência de litigantes ou acusados, o que não ocorre quando o Tribunal de Contas atua no campo da fiscalização de órgãos e entes administrativos. O contraditório deve ser garantido pelo órgão de origem, a quem cabe o cumprimento da determinação do Tribunal de Contas. Não aplicação do art. 54 da Lei nº 9.784/99 para as fiscalizações realizadas pelo TC na forma do art. 71, IV, da CF/88. Em casos de “fiscalização linear exercida pelo Tribunal de Contas”, nos termos do art. 71, IV, da CF/88, não se aplica o prazo de decadência previsto no art. 54 da Lei nº 9.784/99. Isso porque em processos de “controle abstrato”, o Tribunal de Contas não faz o exame de ato específico do qual decorre efeito favorável ao administrado. A Corte está examinando a regularidade das contas do órgão e a repercussão sobre eventual direito individual é apenas indireta. STF. 1ª Turma. MS 34224/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 15/8/2017 (Info 873).
#ATENÇÃO #DEOLHONANOMENCLATURA: CONTROLE EXTERNO LINEAR aquele que é feito, por meio de auditoria, pelo Tribunal de Contas e os órgãos da Administração. Esse controle não se sujeita a decadência e não ofende o princípio do devido processo legal, ao não chamar todos os eventuais interessados, com reflexos, na tomada de decisão.
i) Continuidade
O serviço público em que ser prestado de forma ininterrupta.
- Art. 6, § 3, da Lei 8987/95 - Não se caracteriza como descontinuidade do serviço a sua interrupção em situação de emergência ou após prévio aviso, quando: I - motivada por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações; II - por inadimplemento do usuário, considerado o interesse da coletividade.
Dessa forma, pode haver a interrupção do serviço a) sem aviso - em casos de emergência; b) com aviso prévio – razões de ordem técnica ou inadimplemento do usuário. 
É possível interromper por inadimplemento mesmo em caso de serviços essenciais? Hoje o entendimento que prevalece é pela possibilidade. Em nome da supremacia no interesse público (porque se a empresa quebrar prejudica a todos), da isonomia (tratar de forma desigual quem paga e quem não paga), da continuidade (para o pagador), deve-se interromper o serviço. Também é possível, em nome de todos esses fundamentos, interromper o serviço quando o inadimplente é o Estado.
Obs.: a energia elétrica dos hospitais e dos logradouros públicos não pode ser cortada, em razão de interesses maiores de saúde e segurança. 
Obs.: da mesma forma o usuário que padece de doença e necessita da energia em sua casa para o seu tratamento. Ex.: dependente de aparelhos médicos. 
	#OLHAOGANCHO - CORTE EM SERVIÇOS PÚBLICOS - JURISPRUDÊNCIA EM TESE STJ
É legítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais quando inadimplente o usuário, desde que precedido de notificação.
	É legítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações, desde que precedido de notificação.
	É ilegítimo o corte no fornecimento de energia elétrica quando puder afetar o direito à saúde e à integridade física do usuário.
	É legítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais quando inadimplente pessoa jurídica de direito público, desde que precedido de notificação e a interrupção não atinja as unidades prestadoras de serviços indispensáveis à população.
	É ilegítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais quando inadimplente unidade de saúde, uma vez que prevalecem os interesses de proteção à vida e à saúde.
	É ilegítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais quando a inadimplência do usuário decorrer de débitos pretéritos, uma vez que a interrupção pressupõe o inadimplemento de conta regular, relativa ao mês do consumo.
	É ilegítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais por débitos de usuário anterior, em razão da natureza pessoal da dívida.
	É ilegítimo o corte no fornecimento de energia elétrica em razão de débito irrisório, por configurar abuso de direito e ofensa aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade, sendo cabível a indenização ao consumidor por danos morais.
	É ilegítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais quando o débito decorrer de irregularidade no hidrômetro ou no medidor de energia elétrica, apurada unilateralmente pela concessionária.
	O corte no fornecimento de energia elétrica somente pode recair sobre o imóvel que originou o débito, e não sobre outra unidade de consumo do usuário inadimplente.
#IMPORTANTE #GREVE: Aponta a CF: art. 37, VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em
lei específica. Até 98 a exigência da CF era de uma lei complementar. Com a EC 19/98 isso mudou. Lei específica é aquela que trata de apenas um assunto específico. Obs.: Enquanto a norma não é editada, pode haver o exercício de greve pelos servidores? José Afonso da Silva – norma de eficácia plena, contida, limitada, de acordo com a aplicabilidade. O artigo supracitado é de eficácia limitada, pois não pode haver o exercício do direito constitucional, enquanto não houver lei que o regulamente. Por muitos anos se considerou a greve do servidor como ilegal, onde se exigia a compensação de horas. Havia inclusive casos de demissão, o que era absurdo, pois demissão é sanção e requer PAD, no reconhecimento de falta grave, o que não é o caso do exercício de greve. Em sede de mandado de injunção, o STF certificou o Congresso acerca da omissão constitucional, realizando apenas a declaração da omissão. MI 670/708/712 – STF resolveu que o enquanto a lei de greve dos servidores não fosse editada, seria aplicável aos casos, no que couber, a Lei 7789/89, passando os mandados de injunção a terem efeitos concretos. Em regra, o MI reconhecia a omissão e tinha efeitos inter partes. Esses novos MI´s, no entanto, passam a ter efeitos concretos e erga omnes.
*#OUSESABER: Enfim, depois de muita discussão, em 27/10/16, o STF proferiu tese de repercussão geral sobre o desconto dos dias de greve no serviço público! O Plenário do Supremo Tribunal Federal concluiu o julgamento do Recurso Extraordinário 693456, com repercussão geral reconhecida, que discute a constitucionalidade do desconto dos dias parados em razão de greve de servidor. Por 6 votos a 4, o Plenário decidiu que a Administração Pública deve fazer o corte do ponto dos grevistas, mas admitiu a possibilidade de compensação dos dias parados mediante acordo. Ao final do julgamento foi aprovada a seguinte tese de repercussão geral: "A Administração Pública deve proceder ao desconto dos dias de paralisação decorrentes do exercício do direito de greve pelos servidores públicos, em virtude da suspensão do vínculo funcional que dela decorre, permitida a compensação em caso de acordo. O desconto será, contudo, incabível se ficar demonstrado que a greve foi provocada por conduta ilícita do Poder Público". Então, nem sempre a Administração poderá fazer o desconto dos servidores, já que no caso de o movimento grevista ter sido motivado por conduta ilícita do próprio Poder Público, o desconto não poderá ser feito.
j) Autotutela 
*#SELIGANASÚMULA: Súmula 346 STF A administração pública pode declarar a nulidade dos seus próprios atos - e Súmula 473 STF - A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.
A Administração pode rever os seus próprios atos:
Ilegal: anulação
Inconveniente: revogação
Maria Sylvia diz que o princípio da autotutela também traz ao administrador o dever de cuidado com o seu patrimônio. Tutelar é cuidar, zelar.
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: A Administração Pública pode anular seus próprios atos quando estes forem ilegais. No entanto, se a invalidação do ato administrativo repercute no campo de interesses individuais, faz-se necessária a instauração de procedimento administrativo que assegure o devido processo legal e a ampla defesa. Assim, a prerrogativa de a Administração Pública controlar seus próprios atos não dispensa a observância do contraditório e ampla defesa prévios em âmbito administrativo. STF. 2ª Turma. RMS 31661/DF, rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 10/12/2013 (Info 732). STF. Plenário. MS 25399/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 15/10/2014 (Info 763).
h) Especialidade
Quando as pessoas da administração direta forem criar as pessoas da administração indireta, devem fazer através de lei, que irá tratar da sua finalidade específica, que irá vincular as atividades da pessoa criada. Não pode exorbitar aquilo que foi previsto na lei de sua criação. Essa finalidade inclusive só pode ser alterada, igualmente, através de lei. Obs.: essa ideia também deve ser aplicada aos órgãos públicos.
I) Princípio da intranscendência subjetiva das sanções
	#OUSESABER: O Princípio da Intranscendência Subjetiva das Sanções proíbe a aplicação de sanções às administrações atuais por atos de gestão praticados por administrações anteriores, ou seja, ele impede que a administração atual seja punida com a restrição de recebimento de repasses de outras esferas, por exemplo. O STF tem posição majoritária no sentido da aceitação deste princípio (STF 1ª Turma. AC 2614/PE, AC 781/PI e AC 2946/PI, Rel. Min. Luiz Fux – 23/06/15). Entretanto, recentemente, em 10/05/16, quando do julgamento da ACO 732/AP, o relator, Min. Marco Aurélio, não reconheceu a aplicação deste princípio sob o fundamento que vigora, no âmbito da Administração Pública, o princípio da impessoalidade, donde as relações jurídicas são estabelecidas entre entes federados (União-Estado/Estado-Município, p.ex.) e não entre pessoas físicas, no caso, os administradores de épocas (Estado-Prefeito “X”, p. ex.). Esta posição é minoritária, devendo ser ventila em questão discursiva ou prova oral, mas sempre sendo apontada a posição majoritária.
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: Segundo a posição que prevalece no STF, se a irregularidade no convênio foi praticada pelo gestor anterior e a gestão atual, depois que assumiu, tomou todas as medidas para ressarcir o erário e corrigir as falhas (exs: apresentou todos os documentos ao órgão fiscalizador, ajuizou ações de ressarcimento contra o antigo gestor etc.), neste caso, o ente (Estado ou Município) não poderá ser incluído nos cadastros de inadimplentes da União. Assim, segundo esta acepção, o princípio da intranscendência subjetiva das sanções proíbe a aplicação de sanções às administrações atuais por atos de gestão praticados por administrações anteriores. Segundo o Min. Luiz Fux, “não se pode inviabilizar a administração de quem foi eleito democraticamente e não foi responsável diretamente pelas dificuldades financeiras que acarretaram a inscrição combatida”. Penso que seja a posição que prevalece no STF. A própria AGU admite esta tese: Súmula 46-AGU: Será liberada da restrição decorrente da inscrição do município no SIAFI ou CADIN a prefeitura administrada pelo prefeito que sucedeu o administrador faltoso, quando tomadas todas as providências objetivando o ressarcimento ao erário. Vale ressaltar, no entanto, que o Min. Marco Aurélio recentemente manifestou-se contrariamente à tese afirmando que: A inscrição do nome do Estado-Membro em cadastro federal de inadimplentes em face de ações e/ou omissões de gestões anteriores não configura ofensa ao princípio da intranscendência. Vigora, no âmbito da Administração Pública, o princípio da impessoalidade, previsto no artigo 37 da CF/88. A relação jurídica envolve a União e o ente federal, e não a União e certo Governador ou outro agente. O governo se alterna periodicamente nos termos da soberania popular, mas o Estado é permanente. A mudança de comando político não exonera o Estado das obrigações assumidas. No caso concreto (ACO 732/AP), o STF julgou o pedido de forma favorável ao Estado porque a União não havia respeitado o devido processo legal. Dessa forma, esta argumentação do Min. Marco Aurélio não foi adotada pela Turma como razão de decidir. Por isso, penso que a posição do referido Ministro é minoritária e, em concursos públicos, acredito que ainda se deve adotar o entendimento no sentido de que é possível aplicar o princípio da intranscendência para esta situação. STF. 1ª Turma. ACO 732/AP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 10/5/2016 (Info 825). STF. 1ª Turma. AC 2614/PE, AC 781/PI e AC 2946/PI, Rel. Min. Luiz Fux, julgados em 23/6/2015 (Info 791)[4: Atenção Concursos Federais: ler na íntegra – Inf. 825 pág 5 - https://dizerodireitodotnet.files.wordpress.com/2016/05/info-825-stf.pdf]
*#QUESTÃODEPROVA:
Veja como o CESPE cobrou o assunto em 2016, na prova do TCE-PR:
Quando a União firma um convênio com um estado da Federação, a relação jurídica envolve a União e o ente federado e não a União e determinado governador ou outro agente. O governo se alterna periodicamente nos termos da soberania popular, mas o estado federado é permanente. A mudança de comando político não exonera o estado das obrigações assumidas. Nesse sentido, o Supremo Tribunal Federal (STF) tem entendido que a inscrição do nome de estado-membro em cadastro federal de inadimplentes devido a ações e(ou) omissões de gestões anteriores não configura ofensa ao princípio da administração pública denominado princípio do(a)
a) intranscendência 
b) contraditório e da ampla defesa. 
c) continuidade do serviço público. 
d) confiança legítima. 
e) moralidade. [5: GABARITO: A]
*#SÚMULA #STJ: Súmula 615 – STJ: Não pode ocorrer ou permanecer a inscrição do município em cadastros restritivos fundada em irregularidades na gestão anterior quando, na gestão sucessora, são tomadas as providências cabíveis à reparação dos danos eventualmente cometidos. (Súmula 615, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 09/05/2018, DJe 14/05/2018). 
J) Princípio da segurança jurídica[6: CAIU NA DPEMT/2016: por força deste princípio, as orientações firmadas pela Administração Pública não podem, sem prévia publicidade, ser modificadas em casos concretos para agravar a situação dos administrados ou negar-lhes direitos.]
Fundamenta-se na previsibilidade dos atos administrativos e estabilização das relações jurídicas. 
Limita a prática de atos pela Administração, tais como: vedação à aplicação retroativa de nova interpretação e sujeição do poder de autotutela a prazo razoável. 
O princípio da segurança jurídica pode ser estudado sob dois primas: 
OBJETIVO - refere-se à irretroatividade das normas e à proteção dos atos perfeitamente realizados, em relação a modificações legislativas posteriores. 
SUBJETIVO - trata justamente da preservação das expectativas legítimas da sociedade com a produção de harmonia das relações jurídicas (princípio da proteção da confiança). 
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, o princípio da proteção da confiança dos administrados constitui a face subjetiva do princípio da segurança jurídica. Essa face subjetiva relaciona-se com o caráter psicológico daquele que acreditou estar atuando conforme o direito. Assim, a caracterização da confiança legítima do administrado para com a administração depende necessariamente da boa-fé do administrado, que acreditou nas expectativas geradas pela atuação estatal. Logo, não se admite a invocação do princípio da proteção da confiança quando o administrado atua de má-fé perante a administração. Tampouco se admite a invocação do princípio em comento nos casos em que o particular sabe que está albergado por medida judicial precária, como nos casos de posse precária em cargo público via decisão liminar. 
Ainda nesse cenário de confiança e expectativa entre administração e administrado, os tribunais superiores vem admitindo a aplicação do venire contra factum proprium (proibição do comportamento contraditório) no âmbito do direito administrativo. Ora, se existe todo um aparato principiológico regulando essa relação entre particular e Estado, não haveria motivo para se negar a aplicação deste consectário do princípio da boa-fé e do respeito aos deveres anexos de lealdade, cooperação e informação da Administração Pública perante os seus administrados, atuando de modo a não os surpreender.
ATENÇÃO!! A jurisprudência dos Tribunais Superiores não admite a aplicação deste princípio no caso de situações flagrantemente inconstitucionais. 
*#OUSESABER: O que significa princípio da reserva da Administração? A “reserva de administração” é um instituto do direito constitucional e administrativo, que envolve temas ligados à reserva de lei, à organização da Administração, à separação de poderes, ao princípio da legalidade, às funções típicas e atípicas dos poderes, ao poder regulamentar, etc. Canotilho conceitua “reserva de administração” como “um núcleo funcional de administração ‘resistente’ à lei, ou seja, um domínio reservado à administração contra as ingerências do parlamento”. A “reserva de administração” possui duas espécies: a reserva de administração em sentido estrito e a reserva de regulamento.
Reserva de administração em sentido estrito está associada à ideia de separação de poderes, baseia-se na proibição de ingerência de um Poder nas funções típicas de outro. Objetivamente, a reserva em sentido estrito se revela na proibição voltada ao Legislativo e ao Judiciário para que esses Poderes não adentrem no campo da função administrativa, especificamente no mérito administrativo.
Já a reserva de regulamento verifica-se quando o ordenamento jurídico, especialmente a Constituição, tira determinada matéria do âmbito do Poder Legislativo, atribuindo exclusivamente ao Poder Executivo a competência para normatizá-la, que a exerce por meio dos regulamentos autônomos. Neste caso, há uma vedação à edição de leis formais nesses campos, sob pena de inconstitucionalidade formal. No Brasil é admitido a edição de regulamentos de execução independentes. Entretanto, devem ser atendidos alguns requisitos como: não incidir em um campo de reserva legal; buscar atender aos objetivos do Estado, ao interesse público ou tutelar direitos; ser editado de acordo com os princípios de direito administrativo, etc.
O STF já reconheceu a reserva de administração em várias hipóteses, como no RE 427.574-ED, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 13-12-2011, Segunda Turma; ADI 3.343, Rel. Min. Luiz Fux, julgamento em 1-9-2011.
*Tal reserva pode ser dividida em 2 categorias: a) GERAL, que se fundamenta no princípio da separação dos poderes e significa que a atuação de cada órgão estatal não pode invadir ou cercear o núcleo essencial da competência dos outros órgãos; b) ESPECÍFICA, que surge quando a CF destaca determinadas matérias, submetendo-as à competência exclusiva do Executivo.
No Brasil, o STF já reconheceu a existência de um verdadeiro PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA RESERVA DE ADMINISTRAÇÃO, com fulcro no princípio da Separação dos Poderes, cujo conteúdo impediria a ingerência normativa do Legislativo em matérias sujeitas à exclusiva competência administrativa do Executivo. Ex: É inconstitucional declaração pelo Legislativo da nulidade de concurso público realizado pelo Executivo por suposta violação às normas legais, pois uma declaração dessa natureza revelaria o exercício de autotutela que só poderia ser exercida com exclusividade por quem realizou o certame. (ADInMC 2.364/AL). Fonte: Rafael Rezende.
	DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO
Não se aplica
	BIBLIOGRAFIA UTILIZADA
CARVALHO, Matheus. Manual de Direito Administrativo. Salvador: Juspovidm, 2015.
FILHO, José dos Santos Carvalho. Manual de Direito Administrativo. São Paulo: Atlas, 2015.
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Malheiros, 2014.

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