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FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS SAPATAS DE FUNDAÇÃO (I) Introdução: FUNDAÇÕES: São elementos estruturais destinados a transmitir ao solo as cargas das edificações Figura 1 - Edificação FUNDAÇÕES = SOLO + ESTRUTURA Introdução: FUNDAÇÕES - Normativa: ABNT NBR 6122:2019 – PROJETO E EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES Fundações, quando bem projetadas, correspondem de 3% a 10% do custo total de uma obra. Porém, se mal projetadas as fundações podem custar de 5 a 10 vezes o custo total quando comparada a fundação adequada para a construção. Introdução: FUNDAÇÕES - Normativa: ABNT NBR 6122:2019 – PROJETO E EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES “O projeto de fundações consta de memorial de cálculo e dos respectivos desenhos executivos, com as informações técnicas necessárias para o perfeito entendimento e execução da obra. A elaboração do memorial de cálculo é obrigatória, devendo estar disponível quando solicitado.” (ABNT NBR 6122 – item 7.1) Introdução: Fundação Superficial (rasa ou direta): Fundação rasa (direta ou superficial) “Elemento de fundação cuja base está assentada em profundidade inferior a duas vezes a menor dimensão da fundação, recebendo aí as tensões distribuídas que equilibram a carga aplicada; para esta definição adota-se a menor profundidade, caso esta não seja constante em todo o perímetro da fundação.” (ABNT NBR 6122 – item 3.28) Figura 2 - Sapata de fundação e a condição geométrica para a fundação superficial Z Bastos (2016) Introdução Fundação Superficial (rasa ou direta): Figura 3 – Principais tipos de fundações superficiais Velloso (2010) Fundação Superficial (rasa ou direta): O elemento de fundação superficial mais comum é a sapata, que pela área de contato base-solo transmite as cargas verticais e demais ações para o solo, diretamente. Definições Sapata: NBR 6122 (item 3.38): “elemento de fundação rasa, de concreto armado, dimensionado de modo que as tensões de tração nele resultantes sejam resistidas pelo emprego de armadura especialmente disposta para esse fim.” NBR 6118 (item 22.6.1): “estruturas de volume usadas para transmitir ao terreno as cargas de fundação, no caso de fundação direta.” Sapata: As sapatas, ao contrário dos blocos, são elementos de fundação executados em concreto armado de altura reduzida em relação as dimensões da base e que se caracterizam principalmente por trabalhar a flexão. Fig. 4 - Sapata de fundação com a armadura principal. Bastos (2016) Fundação Superficial (rasa ou direta): Em planta as sapatas podem tomar formas diversas, desde retângulos e círculos até polígonos irregulares. As sapatas em geral têm elevada rigidez. Figura 5 - Sapata de fundação Bastos (2016) Fundação Superficial (rasa ou direta): Com relação à forma volumétrica, as sapatas podem ter vários formatos, porém o mais comum é o cônico retangular, em virtude do menor consumo de concreto. Figura 6 - Sapata de fundação Fundação Superficial (rasa ou direta): (ABNT NBR 6122 – item 7.3) Determinação da tensão admissível ou tensão resistente resistente de cálculo* a partir do estado- limite último deve ser fixada a partir da utilização e interpretação de um ou mais dos procedimentos: i) Prova de carga sobre placa: Ensaio realizado de acordo com a ABNT NBR 6484, cujos ensaios devem ser interpretados de modo a considerar a relação modelo-protótipo (efeito escala), bem como as camadas influenciadas de solo. ii) Métodos teóricos: Podem ser empregados métodos analíticos (teorias de capacidade de carga) nos domínios de validade de sua aplicação, que comtemplem todas as particularidades de projeto, inclusive a natureza do carregamento (drenado ou não drenado). iii) Métodos semi-empiricos. São métodos que relacionam resultados de ensaios (tais como SPT, CPT etc.) com tensões admissíveis ou tensões resistentes de cálculo. Devem ser observados os domínios de validade de suas aplicações, bem como as dispersões dos dados e as limitações regionais associadas a cada um dos métodos. *o valor máximo da tensão aplicada ao terreno que atenda às limitações de recalque ou deformação da estrutura (deve atender ao estado limite de serviço). Tipos de sapatas Dentre os elementos de fundação rasa, a sapata é o mais comum e devido à grande variabilidade existente na configuração e forma dos elementos estruturais que nela se apoiam, existem diversos tipos de sapatas : • Isolada • Corrida • Associada • De divisa com viga de equilíbrio Tipos de sapatas • Isolada A sapata isolada é a mais comum nas edificações, sendo aquela que transmite ao solo as ações de um único pilar. Uma sapata é dita centrada quando a resultante do carregamento passa pelo centro de gravidade da área da base. Figura 7 – Fundação do tipo Sapata Isolada Bastos (2016) Tipos de sapatas • Isolada As ações que comumente ocorrem nas sapatas são a força normal (N), os momentos fletores, em uma ou em duas direções (Mx e My), e a força horizontal (H). Figura 8.a – Ações que ocorrem nas sapatas Figura 8.b – Sapatas isoladas em formato cônico retangular Bastos (2016) Tipos de sapatas • Corrida Sujeita à ação de uma carga distribuída linearmente ou de três ou mais pilares ao longo de um mesmo alinhamento, desde que representem menos de 70% das cargas da estrutura. Figura 9 – Sapata corrida para apoio de parede Bastos (2016) Tipos de sapatas • Corrida As sapatas corridas são comuns em construções de pequeno porte, como casas e edificações de baixa altura, galpões, muros de divisa e de arrimo, em paredes de reservatórios e piscinas, etc. Figura 10 – Sapata corrida para apoio de parede Figura 11 – Sapata corrida para apoio de pilares alinhados Bastos (2016) Bastos (2016) Tipos de sapatas • Corrida Constituem uma solução economicamente viável quando o solo apresenta a necessária capacidade de suporte em baixa profundidade. Figura 12 – Sapara corrida Tipos de sapatas • Sapata corrida x Sapata retangular Figura 13 – Limite para a sapata retangular (A≤5B). Bastos (2016) Tipos de sapatas • Associada Figura 14 – Sapata associada com viga de rigidez Sapata comum a dois pilares; a denominação se aplica também a sapata comum a mais do que dois pilares, quando não alinhados e desde que representem menos de 70 % das cargas da estrutura Alonso (1981) Tipos de sapatas • Associada (combinada ou conjunta). Figura 15 – Sapata associada com viga de rigidez Sapata comum a mais de um pilar. Geralmente ocorre quando, devido à proximidade entre os pilares, não é possível projetar uma sapata isolada para cada pilar. Neste caso, uma única sapata pode ser projetada como a fundação para dois ou mais pilares com ou sem uma viga de rigidez. Bastos (2016) Tipos de sapatas • Sapata de divisa Sapata de divisa é a sapata localizada na divisa do terreno, não é possível avançar com a sapata no terreno do vizinho (sapata excêntrica em relação ao pilar). A viga alavanca é de aplicação comum no caso de pilar posicionado na divisa de terreno, onde ocorre uma excentricidade (e) entre o ponto de aplicação de carga do pilar (N) e o centro geométrico da sapata. Figura 16 – Sapata de divida com viga de equilíbrio – Perspectiva.. Alonso (1981) Tipos de sapatas • Sapata de divisa • Sapata com viga de equilíbrio ou viga alavanca Elemento estrutural que recebe as cargas de um ou dois pilares (ou pontos de carga) e é dimensionado de modo a transmiti-las centradas às fundações. Da utilização de viga de equilíbrio resultam cargas nas fundações diferentes das cargas dos pilares nelas atuantes. Figura 16 – Sapata de dividacom viga de equilíbrio – Perspectiva.. Figura 17 – Sapata de divida com viga de equilíbrio Alonso (1981) Tipos de sapatas • Sapata com viga de equilíbrio ou viga alavanca Alívio de cargas devido a vigas alavanca “Quando ocorre uma redução de carga devido à utilização de viga alavanca, a fundação deve ser dimensionada considerando-se apenas 50 % desta redução. Quando a soma dos alívios totais puder resultar em tração na fundação do pilar aliviado, sua fundação deve ser dimensionada para suportar a tração total e pelo menos 50 % da carga de compressão deste pilar (sem o alívio)”. (ABNT NBR 6122 – item 5.7) Tipos de sapatas • Sapata com viga de equilíbrio ou viga alavanca O momento fletor resultante da excentricidade é equilibrado e resistido pela viga alavanca, que na outra extremidade é geralmente vinculada a um pilar interno da edificação, ou no caso de ausência deste, vinculada a um elemento que fixe a extremidade da viga no solo Figura 18 – Pilar de divisa sobre sapata combinada com viga alavanca (VA). D iv is a PLANTA VISTA LATERAL Bastos (2016) Tipos de sapatas • Sapata de divisa Alternativa para sapatas localizadas na divisa do terreno é deslocar o pilar para uma posição mais interna da área de projeção da construção, de comum acordo com o projetista da estrutura, desse modo dimensionar uma viga em balanço para os pavimentos. Porém alguns projetos arquitetônicos limitam a adoção desta medida, uma vez que não permitem o deslocamento do pilar. Figura 19 – Deslocamento do pilar internamente Projeto estrutural de sapatas isoladas* O projeto da sapata isolada tem as seguintes fases: - Estimativa das dimensões da sapata - Dimensionamento das armaduras de flexão - “Método das Bielas” (de Blévot) - das tensões de compressão diagonais; e as verificações: - da punção (para as sapatas flexíveis); - da aderência da armadura de flexão; - do equilíbrio referente ao tombamento e ao deslizamento. *Material específico a ser estudado! Figura 20 – Sapata com a armadura principal. Bastos (2016) Classificação relativa a rigidez da sapata A classificação das sapatas relativamente à rigidez é muito importante, porque direciona a forma como a distribuição de tensões na interface base da sapata/solo deve ser considerada. A NBR 6118 (item 22.6.1) classifica as sapatas como rígidas ou flexíveis, sendo rígida a que atende a equação: A verificação deve ocorrer nas duas direções da sapata, para ser classificada como rígida a equação deve ser atendida em ambas as direções. No caso da equação não se verificar para as duas direções, a sapata será considerada flexível. Figura 21 – Sapata Classificação relativa a rigidez da sapata As sapatas rígidas têm a preferência no projeto de fundações, por serem menos deformáveis, menos sujeitas à ruptura por punção e mais seguras. As sapatas flexíveis são caracterizadas pela altura “pequena”, e segundo a NBR 6118 (item 22.6.2.3): “Embora de uso mais raro, essas sapatas são utilizadas para fundação de cargas pequenas e solos relativamente fracos.” Essas características de não uniformidade da pressão no solo são comumente ignoradas porque sua consideração numérica é incerta e muito variável, dependendo do tipo de solo, e porque a influência sobre a intensidade dos momentos fletores e forças cortantes na sapata é relativamente pequena. Figura 22 - Distribuição de pressão no solo em sapata sob carga centrada: a) sapata flexível sobre argila; b) sapata flexível sobre areia; c) sapata rígida sobre argila; d) sapata flexível sobre areia; e) distribuição simplificada Distribuição de tensões no solo: Bastos (2016) Detalhes construtivos e critérios adicionais: i) Todas as partes da fundação rasa (direta ou superficial) em contato com o solo (sapatas, vigas de equilíbrio etc.) devem ser concretadas sobre um lastro de concreto não estrutural com no mínimo 5 cm de espessura, a ser lançado sobre toda a superfície de contato solo-fundação. No caso de rocha, esse lastro deve servir para regularização da superfície e, portanto, pode ter espessura variável, observado, no entanto o mínimo de 5 cm. (ABNT NBR 6122-item 7.7.3) Figura 23 – Detalhes construtivos (i) Detalhes construtivos e critérios adicionais: i) Lastro de concreto não estrutural com no mínimo 5 cm de espessura. (ABNT NBR 6122-item 7.7.3) Figura 24 – Detalhes construtivos (i) Bastos (2016) Detalhes construtivos e critérios adicionais: i) Lastro de concreto não estrutural com no mínimo 5 cm de espessura. (ABNT NBR 6122-item 7.7.3) Figura 25 – Lastro de concreto(i) Detalhes construtivos e critérios adicionais: ii) iii) iv) v) Nas divisas com terrenos vizinhos, salvo quando a fundação for assente sobre rocha, tal profundidade não deve ser inferior a 1,5 m. Em casos de obras cujas sapatas ou blocos estejam majoritariamente previstas com dimensões inferiores a 1,0 m, essa profundidade mínima pode ser reduzida. A cota de apoio de uma fundação deve ser tal que assegure que a capacidade de suporte do solo de apoio não seja influenciada pelas variações sazonais de clima ou alterações de umidade.(NBR 6122-item 7.7.2) A superfície de topo da sapata deve ter um plano horizontal (mesa) maior que a seção transversal do pilar, com pelo menos 2,5 ou 3 cm, que facilita a montagem e apoio da fôrma do pilar. Para evitar a possível ruptura nos lados da sapata é importante executar as faces extremas em superfície vertical, com a sugestão para ho (Bastos, 2016) : O ângulo ɑ, de inclinação da sapata, deve ser preferencialmente igual ou menor que 30°, que é ângulo do talude natural do concreto fresco, a fim de evitar a necessidade de fôrma na construção da sapata. Detalhes construtivos e critérios adicionais: vi) vii) Em planta uma sapata isolada ou blocos não devem ter dimensões inferiores a 60cm. (NBR 6122-item 7.7.1) Os procedimentos de concretagem devem obedecer às especificações do projeto estrutural, sendo obrigatório o controle tecnológico do aço e do concreto , conforme normas especificas. (NBR 6122 - Anexo A) Figa 26 - Detalhes construtivos para a sapata Bastos (2016) Detalhes construtivos e critérios adicionais: viii) No caso de fundações próximas, porém situadas em cotas diferentes, a reta de maior declive que passa pelos seus bordos deve fazer, com a vertical, um ângulo a, como mostrado na Figura abaixo com os seguintes valores: (NBR 6122-item 7.7.4) a) Solos pouco resistentes: a ≥ 60°; b) Solos resistentes: a= 45°; c) Rochas: a = 30°. Figa 27 –Fundações próximas em cotas diferentes A fundação situada em cota mais baixa deve ser executada em primeiro lugar, a não ser que se tomem cuidados especiais, durante o processo executivo, contra desmoronamentos. Detalhes construtivos e critérios adicionais: ix) Alguns elementos podem variar seu posicionamento em relação a sapata, como por exemplo as vigas. Figura 28– Posicionamento de viga em relação à sapata. Bastos (2016) Procedimentos executivos: (ABNT NBR 6122: 2019 – ANEXO A – normativo) i) Escavação das cavas; “Para escavação em solo, caso se utilizem equipamentos mecânicos, a profundidade de escavação com esses equipamentos deve ser paralisada a no mínimo 30 cm acima da cota de assentamento prevista, sendo a parcela final removida manualmente. Para escavação em rocha quando forem empregados marteletes, rompedoresou até mesmo explosivos, deverão ser removidos eventuais blocos soltos.” i) Preparação para concretagem; ”Antes da concretagem, o solo ou rocha de apoio das sapatas, isento de material solto, deve ser vistoriado por profissional habilitado, que confirma in loco a capacidade de suporte do material. Esta inspeção pode ser feita com penetrômetro de barra manual ou outros ensaios expeditos de campo.” i) Concretagem da sapata; ii) Reaterro. Após cura da sapata, deve ser procedido o reaterro compactado da cava. Estimativa das Dimensões de Sapatas com Carga Centrada *Ver anotações/cálculos/exemplos no caderno! Observe na Figura abaixo que cA e cB são distâncias da face do pilar à extremidade da sapata, em cada direção. Para obtenção de momentos fletores solicitantes e armaduras de flexão não muito diferentes nas duas direções da sapata, procura-se determinar as dimensões A e B de modo que os balanços sejam iguais ou semelhantes. Figura 29 – Sapata isolada * Os lados A e B devem ser preferencialmente múltiplos de 5cm, por questões práticas. Bastos (2016) Cintas As fundações superficiais devem ser, sempre que possível, ligadas por cintas em duas direções ortogonais. As cintas objetivam: (Velloso, 2010) i) Impedir deslocamentos horizontais das fundações; ii) Limitar rotações (absorvendo momentos) decorrentes de excentricidades construtivas; iii) Definir comprimento de flambagem do primeiro trecho de pilares; iv) Servir de fundação para paredes no pavimento térreo. Figura 30 – Planta de fundação. Velloso (2010) Bibliografia baseada: Alonso, Rodriguez Urbano, Exercícios de Fundações, São Paulo: Editora Blucher, 2° Edição, 1983. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6122: Projeto e Execução de Fundações. Rio de Janeiro: 2019. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118:Projeto de estruturas de concreto . Rio de Janeiro: 2014. BASTOS, Paulo Sérgio dos Santos. Estruturas de Concreto III-Notas de Aula. Departamento de Engenharia Civil/UNESP, 2016.125p. NAKAMURA, Juliana. TÉCHNE/PINI, Edição 137 – Agosto/2008. p.2 VELLOSO, Dirceu de Alencar & LOPES, Francisco de Rezende. Fundações. Rio de Janeiro: COOPE/UFRJ, Volume 1, 2004.
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