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Brasília-DF. AnAtomiA e FisiologiA dA Pele e dermAtologiA ClíniCA Elaboração Fernanda Guzzo Gomes Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração Sumário APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................. 4 ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA .................................................................... 5 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7 UNIDADE I REVISÃO DA ANATOMIA/HISTOLOGIA E FISIOLOGIA DA PELE ................................................................... 9 CAPÍTULO 1 ESTRUTURA ANATÔMICA E HISTOLÓGICA DA PELE ..................................................................... 9 CAPÍTULO 2 A EPIDERME, SUAS CAMADAS E CÉLULAS ................................................................................ 11 CAPÍTULO 3 A DERME E SEUS CONSTITUINTES ............................................................................................. 15 CAPÍTULO 4 HIPODERME OU TECIDO SUBCUTÂNEO ADJACENTE ................................................................ 20 CAPÍTULO 5 VASCULARIZAÇÃO (SANGUÍNEA E LINFÁTICA) E INERVAÇÃO DA PELE ...................................... 22 UNIDADE II INTRODUÇÃO À DERMATOLOGIA ......................................................................................................... 25 CAPÍTULO 1 A PELE E SUAS FUNÇÕES ........................................................................................................ 25 CAPÍTULO 2 LESÕES ELEMENTARES ............................................................................................................ 28 CAPÍTULO 3 DOENÇAS DE PELE DE OCORRÊNCIA COMUM ...................................................................... 40 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 47 4 Apresentação Caro aluno A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD. Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo. Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira. Conselho Editorial 5 Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares. A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos e Pesquisa. Provocação Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista. Para refletir Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões. Sugestão de estudo complementar Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso. Praticando Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer o processo de aprendizagem do aluno. 6 Atenção Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado. Saiba mais Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões sobre o assunto abordado. Sintetizando Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos. Para (não) finalizar Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado. 7 Introdução O presente Caderno de Estudos e Pesquisa foi elaborado com o objetivo de propiciar conhecimento e direcionamento para o que pode ser entendido como início da Fisioterapia Dermato-Funcional: Anatomia e Fisiologia da pele. A partir desses conhecimentos é que podemos começar a pensar em atuar na Dermato-Funcional, afinal, sem entendermos como a pele e seus anexos funcionam, é impossível tratarmos as disfunções estéticas com eficácia. A cada capítulo, pensamos nas horas que você dedica ao trabalho destinado às atividades educativas, bem como às práticas desenvolvidas no cotidiano de um ambiente universitário. Porém, lembramos sempre de que você é protagonista da história que estamos contruindo a partir de agora. Portanto, tenha esse Caderno como direção, mas nunca se limite a ele. Para que o profissional se destaque no mercado de trabalho dessa área, é essencial que ele tenha um embasamento teórico acerca da Fisiologia (e Histologia) da pele. E, a partir daí, ele pode compreender as disfunções e os tratamentos, mesmo sem ter tido algum contato anterior com eles. Além disso, saberá também ter controle sobre as possíveis complicações pós-tratamento, buscando seus conhecimentos prévios sobre o funcionamento da pele. O termo Fisiologia (do grego physiología) significa “conhecimento da natureza” e, por definição, é o estudo das funções do organismo vivo e de suas partes componentes, incluindo todos os processos físicos e químicos. Este Caderno lhe fornecerá uma visão integrada da anatomia e da fisiologia da pele para o início de uma carreira profissional respeitada e bem-fundamentada. Objetivos » Conhecer a função da pele. » Compreender as lesões elementares, classificando-as para o axílio do diagnóstico. » Conhecer afecções de pele mais comuns. » Identificar a constituição da pele. 8 » Conhecer a estrutura da pele e as diferenças de acordo com a região do corpo. » Avaliar a histologia de pele. » Estudar a fisiologia e a importância de cada tecido da pele. 9 UNIDADE I REVISÃO DA ANATOMIA/HISTOLOGIA E FISIOLOGIA DA PELE CAPÍTULO 1 Estrutura anatômica e histológica da pele A pele é um órgão? A pele é um dos maiores órgãos do corpo humano e pesa mais de 12% do peso corporal. Ela recobre todo o corpo, é constituída por uma porção epitelial de origem ectodérmica (a epiderme) e por uma porção conjuntiva de origem mesodérmica (a derme). Logo abaixo, em continuidade com a derme, encontramos o tecido adiposo subjacente, a hipoderme. Vamos entender como essas camadas se estruturam para formar a pele. O revestimento mais superficial, aquilo que vemos a olho nu em todo organismo sadio é a epiderme, o tecido epitelial da pele. É comum as pessoas se confundirem e chamarem a epiderme de pele. Porém, pele é mais do que isso. Logo abaixo da epiderme, encontra-se a derme, constituída de tecido conjuntivo, deespessura variável de acordo com a região do corpo e é nela que estão algumas importantes fibras e anexos como pelos, glândulas e unhas. A hipoderme não é considerada parte da pele, porém é uma continuação dela. É formada por tecido adiposo e é de extrema importância para a sustentação da derme, além de outras funções que veremos mais adiante. Quando falamos em sistema tegumentar, inclui-se a pele, o tecido subcutâneo (ou hipoderme) e os anexos (figura 1). 10 UNIDADE I │ REVISÃO DA ANATOMIA/HISTOLOGIA E FISIOLOGIA DA PELE Figura 1. Estrutura anatômica da pele. Fonte: <http://www.afh.bio.br/sentidos/sentidos10.asp>, retirado e modificado em: 9/5/2011. Lembre-se: a pele é formada por 2 camadas, uma epitelial e outra conjuntiva, e se apoia sobre a terceira camada, não considerada parte da pele, mas essencial para ela, que é a hipoderme, também chamada de tecido subcutâneo ou tela subcutânea. Procure revisar o conceito histológico de tecido epitelial, tecido conjuntivo e tecido adiposo. Entenda o que vem a ser tecido conjuntivo frouxo e tecido conjuntivo denso. 11 CAPÍTULO 2 A epiderme, suas camadas e células Camadas da epiderme A epiderme, como dito, de origem ectodérmica, é formada por camadas celulares diferenciadas (figura 2). A espessura da epiderme varia de acordo com a região do corpo, sendo mais espessa nas palmas das mãos e nas plantas dos pés. O tecido epitelial possui suas células extremamente unidas entre si e em comunicação umas com as outras. Vejamos, a seguir as camadas da epiderme. » Camada basal: é a camada que está em contato direto com a derme, sendo, portanto, mais nutrida por ela. As células da camada basal são prismáticas ou cuboides. Essa camada também é chamada de germinativa, por dar origem às demais células das outras camadas da epiderme e, por representar tal função, está em intensa atividade mitótica, sendo responsável pela renovação celular da pele. Estima-se que a epiderme humana se renova a cada 20 a 30 dias. As células basais multiplicam-se e diferenciam-se migrando para a superfície e constituindo as outras camadas. » Camada espinhosa: células cuboides ou pavimentosas, de núcleo central. Essas células possuem as chamadas tonofibrilas, que são feixes intermediários de queratina que participam da função de manter as células unidas e coesas, além de oferecer resistência ao atrito. Além disso, é nesta camada que se encontram as células funcionais da epiderme. » Camada granulosa: presença de células poligonais achatadas, em cujo citoplasma há presença de grânulos envoltos e não envoltos por membrana. Os grânulos não envoltos por membrana são de querato-hialina e contribuem para a formação do material citoplasmático da camada córnea. Já os grânulos envolvidos por membrana fosfolipídica, contribuem para a constituição do material extracelular, que é importante por tornar a camada granulosa impermeável à água e a outras moléculas. É aí que a função de revestimento e “cobertura” está mais caracterizada. 12 UNIDADE I │ REVISÃO DA ANATOMIA/HISTOLOGIA E FISIOLOGIA DA PELE » Camada lúcida: fina camada de células pavimentosas cujos núcleos desapareceram por terem sido fagocitados por lisossomos. Essa camada não é comum em toda região do corpo, estando presente em palmas e plantas, somente. » Camada córnea: de espessura variável, é constituída de células achatadas (pavimentosas), mortas e sem núcleo. O citoplasma dessas células é repleto de queratina, uma proteína filamentosa que oferece proteção mecânica à epiderme. Nas palmas e plantas, além da presença da camada lúcida, a camada córnea também é mais espessa, o que confere maior espessura do epitélio dessas regiões, tornando-as mais resistentes. Figura 2. estrutura das camadas da epiderme. A chamada camada de transição seria a camada lúcida, presente apenas em algumas regiões. A seta ascendente indica que as células se multiplicam na camada basal e migram para a superfície, formando as demais camadas. Fonte: <http://codexcosmiatria.com.br>, retirado em: 17/8/2011. Células da epiderme A epiderme possui células diferenciadas responsáveis por características essenciais à pele. São os melanócitos, as células de Langerhans e de Merkel. 13 REVISÃO DA ANATOMIA/HISTOLOGIA E FISIOLOGIA DA PELE │ UNIDADE I » Melanócitos: célula produtora de melanina, o pigmento que dá cor à pele, aos cabelos e à íris. O melanócito é uma célula de citoplasma globoso, com prolongamentos, que se dirigem para a superfície da epiderme, e com núcleo central (figura 3). Geralmente ele está presente nas camadas espinhosa e basal, seus prolongamentos invadem as reentrâncias dessas camadas e, por eles, transferem os grânulos de melanina para as células espinhosas e basais (figura 4). É a enzima tirosinase que regula a produção de melanina nos melanócitos. Ela transforma a tirosina em DOPA (3,4-diidroxifenilalanina). Ainda a tirosinase age sobre a DOPA, transformando-a em DOPA-quinona que, após várias transformações, dará origem à melanina. Quando não existe atividade tirosinásica no melanócito ou essa atividade se encontra muito reduzida não há produção de melanina. É o que ocorre nos casos de albinismo. A melanina localiza- se no topo das células como uma “capa” e oferece máxima proteção ao DNA celular contra a radiação ultravioleta (UV). › Nota: o escurecimento da pele diante da exposição solar se dá, primeiramente, por escurecimento da melanina pré-existente e, secundariamente, pelo aumento da síntese de melanina. Figura 3. O melanócito, seus prolongamentos e os grânulos de melanina. Fonte: <http:// adeliamendonca.com.br>. Retirado em: 17/8/2011. 14 UNIDADE I │ REVISÃO DA ANATOMIA/HISTOLOGIA E FISIOLOGIA DA PELE Figura 4. Esquema demonstrativo da disposição do melanócito na camada basal da epiderme. Fonte: <http://www.infoescola.com>. Retirado e modificado em: 17/8/2011. » Células de Langerhans: Estão entre as células epiteliais de toda epiderme, porém em maior quantidade na camada espinhosa. Essas células fazem parte do sistema imune, podendo processar e acumular na sua superfície antígenos cutâneos, apresentando-os aos linfócitos. Essas células são ramificadas e se originam na medula óssea, sendo trazidas pelo sangue. » Células de Merkel: Essas células são conhecidas como mecanoceptores e estão em maior quantidade na pele da palma das mãos e da planta dos pés. Na base dessas células há terminações nervosas sem vesículas sinápticas, ou seja, sensoriais. Entende-se que as terminações nervosas recebem estímulo diretamente das células de Merkel para que executem suas funções sensoriais. Lembremos que a epiderme é a responsável pela impermeabilidade da pele. Por que se formam os calos? Em resposta de defesa a atrito repetido em determinada região do corpo, ocorre hiperqueratose na camada córnea, formando assim as calosidades. Essa reação é muito comum nos pés devido aos atritos causados por calçados ou à má postura. 15 CAPÍTULO 3 A derme e seus constituintes A derme é o tecido onde a epiderme está apoiada. É classificada como tecido conjuntivo irregular e é por meio dela que a epiderme é nutrida. Possui riqueza em glicosaminoglicanos e por isso consegue armazenar água e eletrólitos, entre eles o sódio. Esse tecido é flexível, pouco resistente a trações e possui espessura variável de acordo com a região do corpo. A parte da derme que está em contato com a epiderme é irregular, formando reentrâncias que denominamos papilas dérmicas. As papilas dérmicas “encaixam-se” na camada basal e servem para aumentar a superfície de contato derme-epiderme, favorecendo a nutrição e oferecendo maior resistência à pele. Por essa razão, as papilas são mais frequentes nas zonas mais sujeitas à pressão e ao atrito. Figura 5. Imagem histológica com ênfase em papilas dérmicas. Fonte: <http://picasaweb.google.com/lh/photo/ul2DRFsFWytEICqO4JNVGA>. Retirado em: 12/5/2011. A derme é subdividida em 2 camadas: a papilar,superficial, e a reticular, mais profunda. Essa divisão é apenas didática e a principal diferença é que a camada papilar é constituída por tecido conjuntivo frouxo e a reticular por tecido conjuntivo denso. A maior importância para os profissionais é saber que na derme estão grande parte das fibras elásticas e colágenas, os vasos sanguíneos e linfáticos que cuidam da nutrição da pele, os nervos periféricos, os pelos, as glândulas sebáceas e sudoríparas e as unhas. Estes últimos constituintes são chamados de anexos da pele. A elasticidade e a flexibilidade da pele são conferidas pelas fibras elásticas e colágenas presentes na derme. São elas que permitem que nosso corpo se movimente com harmonia e facilidade. A capacidade elástica dessas fibras (tensão da elasticidade) varia de direção conforme a necessidade de cada região do corpo e pode ser determinada pela orientação das linhas de fenda ou linhas de Langer (figura 6). Essas linhas representam 16 UNIDADE I │ REVISÃO DA ANATOMIA/HISTOLOGIA E FISIOLOGIA DA PELE a direção em que essas fibras se encontram e, por isso, em que direção sua tensão é maior ou menor. Direções paralelas às linhas de fenda são menos elásticas e flexíveis, ao passo que direções perpendiculares a elas têm mais distensibilidade. Esse fato colaborou para que as incisões cirúrgicas passassem a ser paralelas às linhas de fenda da região em questão, para que a menor tensão elástica – o que impede que as bordas tracionem em forças opostas – favoreça uma cicatrização mais rápida e delgada, sendo, portanto, esteticamente mais aceitável. Figura 6. Representação das linhas de fenda anterior (A) e posterior (B). Fonte: Guirro e Guirro, 2002. Anexos Como já mencionado, os pelos, as glândulas e as unhas, chamados anexos da pele, fazem parte da derme. Pelos: estruturas queratinizadas que se originam a partir de invaginação da epiderme, denominada de folículo piloso. Na fase de crescimento do pelo, esse folículo apresenta uma dilatação terminal, o bulbo piloso, em cujo centro está a papila dérmica. As células que recobrem a papila formam a raiz do pelo, de onde emerge sua haste. Há, também, na derme, feixes de músculo liso disposto obliquamente em relação ao folículo piloso que, quando se contrai, funciona como eretor e, portanto, é chamado de músculo eretor do pelo (figura 7). 17 REVISÃO DA ANATOMIA/HISTOLOGIA E FISIOLOGIA DA PELE │ UNIDADE I Os pelos são visíveis externamente por sua haste, cuja cor varia de acordo com a raça, e estão presentes em quase toda região do corpo. Seu crescimento é descontínuo, intercalando fases de repouso com fases de crescimento, sendo que em algumas regiões (região pubiana, por exemplo) o desenvolvimento dos pelos é hormônio-dependente. A melanina é o pigmento que dá cor aos pelos, à medida que envelhecemos há diminuição da quantidade de melanina no organismo e os pelos tendem a ficar gradualmente cinzentos até completamente brancos, quando há ausência total do pigmento. É importante ressaltarmos que o ato de cortar o pelo, (lâmina ou tesoura) não afeta a atividade cíclica dos folículos e, por isso, não acelera seu crescimento como muitos imaginam. Figura 7. Estrutura do folículo piloso. Fonte: <http://www.sandro.com.br/cabelos.html>. Retirado em: 13/05/2011. » Glândulas: as glândulas da derme são as sebáceas, produtoras do sebo, e as sudoríparas, produtoras do suor. Em geral, os ductos das glândulas sebáceas desembocam na porção terminal dos folículos pilosos. (Figura 6). Essas glândulas estão presentes em quase toda região do corpo, estando ausentes nas palmas das mãos e nas plantas dos pés. O sebo secretado pela glândula sebácea é uma mistura de lipídios cuja função é a lubrificação da pele, além da discreta função bactericida. Para os profissionais da área de Dermato-funcional é fundamental o entendimento da anatomia e da fisiologia da glândula sebácea. A localização próxima ao folículo e, portanto, “com acesso” por meio dele, à superfície da pele nos fará compreender melhor a fisiopatologia da acne. Resumidamente, é esse sebo, associado à coleção bacteriana, que formam juntos a acne. 18 UNIDADE I │ REVISÃO DA ANATOMIA/HISTOLOGIA E FISIOLOGIA DA PELE As glândulas sudoríparas estão presentes em todo corpo, com raríssimas exceções. São glândulas em formato de tubos delgados e enovelados (figura 1). A quantidade de glândulas sudoríparas no corpo varia de acordo com a região e seu número diminui com o avanço da idade. O líquido secretado por essas glândulas é um fluido bastante diluído de cloreto de sódio (NaCl), ureia, sulfatos, fosfatos e pouquíssima proteína. A maior parte da porção secretora da glândula sudorípara encontra-se na derme, é envolta por células alongadas (células mioepiteliais), responsáveis pela expulsão do produto de secreção. Já as células secretoras propriamente ditas são piramidais e repousam sobre as mioepiteliais. O ducto da glândula desemboca na superfície da pele, trajeto final do suor secretado. Ao atingir a superfície da pele, o suor evapora, baixando a temperatura do corpo. Isso varia de acordo com a quantidade de suor produzida, sendo dirigida pelo sistema nervoso simpático, estimulado por fatores como temperatura e umidade do ambiente, atividade muscular, entre outras condições que causam fadiga. » Unhas: As unhas são formadas pela camada córnea e pela camada lúcida intensamente corneificadas. Elas se caracterizam como placas córneas convexas, longitudinal e transversalmente, que cobrem a superfície dorsal das falanges distais dos dedos. A superfície falangeana, que serve de apoio para a unha, é chamada de leito ungueal. Antigamente as cirurgias cesarianas eram feitas com incisão longitudinal no abdome e isso deixava uma sequela cicatricial grande e geralmente hipertrófica, inestética. Com o avanço da ciência e a descoberta das linhas de fenda, percebeu-se que a incisão cirúrgica deveria ser paralela às linhas, para que a cicatriz ficasse o menos aparente possível. Atualmente, a preocupação se dá, não só pela direção do corte, como também pela localização e por seu comprimento. Infelizmente o conhecimento sobre as linhas de fenda não garante uma cicatriz perfeita, porém minimiza muito a probabilidade de hipertrofias e queloides indesejados. É possível reverter uma cicatriz hipertrófica ou mesmo um queloide? A cicatriz hipertrófica é um reparo em que há hiperprodução de colágeno, porém dentro dos limites do corte. Tem aspecto elevado e endurecido, porém, os limites do corte são facilmente detectados. Muitas vezes ocorre devido a problemas mecânicos durante a fase de cicatrização, como movimentação indevida na região da lesão, retirada precoce dos pontos, falta de mobilização da cicatriz etc. Sendo a causa algo reversível, é possível que o local seja reaberto cirurgicamente para a tentativa de uma cicatrização melhor. 19 REVISÃO DA ANATOMIA/HISTOLOGIA E FISIOLOGIA DA PELE │ UNIDADE I Nesse caso, prevenir a hipertrofia é essencial, e isso se dá com repouso e uso de fitas de silicone que pressionam a cicatriz, por exemplo. Já o queloide, produção exagerada e desordenada de colágeno, tem aspecto elevado que invade os limites do corte e não deixa aparente seu contorno. Esse tipo de cicatriz tem influência genética (mais comuns em negros) e o indivíduo com essa tendência deve evitar ao máximo refazer incisões, especialmente aqueles que já possuem algum queloide em seu corpo. Portanto, o tratamento do queloide não é refazer a incisão, mas sim, com recursos paleativos, tentar diminuí-lo. Em geral, é usado nitrogênio líquido injetável, aplicado por médicos para congelar o queloide, e/ou ácidos em peelings químicos com resultados não muito satisfatórios. É bem provável que os profissionais de estética trabalhem com depilação a laser em alguma época da profissão. Para isso, é extremamente importante e diferencial que se conheça bem a fisiologia dos pelos. Portanto, procure ler mais a respeito das fases decrescimento do pelo, seu desenvolvimento e pigmentação. Com esse conhecimento prévio ficará muito mais fácil compreender o processo do laser na remoção dos pelos. 20 CAPÍTULO 4 Hipoderme ou tecido subcutâneo adjacente A hipoderme é o tecido sobre o qual a pele está apoiada. Também chamada de tecido subcutâneo ou tela subcutânea, não faz parte da pele, mas é impossível falar de pele e não citá-lo, por ser fundamental para seu funcionamento normal. O tecido subcutâneo permite que a pele deslize sobre os tecidos subjacentes e que os músculos se contraiam sem repuxá-la, o que aconteceria se não houvesse hipoderme. Constituída de tecido conjuntivo frouxo (ou gordura), participa de funções como isolamento térmico, faz modelagem do contorno corporal fazendo diferente distribuição de acordo com o sexo, por exemplo, faz absorção de choques por meio dos coxins de gordura, além de servir como tecido de preenchimento auxiliar na fixação dos órgãos internos. Também constitui nosso reservatório energético de grande porte. O tecido subcutâneo possui células adiposas globulares e uma vasta vascularização sanguínea, pela qual há grande parte da nutrição da pele. O metabolismo do tecido adiposo é complexo e influenciado por hormônio de crescimento, glicocorticoides, insulina e hormônio tiroidiano. A velocidade de mobilização dos lipídios é diferente em regiões distintas. Como exemplo, a região femoral e abdominal: os lipídios são mobilizados de forma mais lenta na região femoral, pois os adipócitos dessa região além de maiores são influenciados por hormônios sexuais femininos. Por esse motivo são mais resistentes à lipólise e seu depósito na região glúteofemoral caracteriza a obesidade ginoide (tipo feminino). A saber, as mulheres possuem, em média, maior quantidade de gordura corporal total do que os homens. A insulina estimula a lipogênese, ou seja, a formação de lipídios. Porém, sua afinidade pode ser aumentada ou diminuída, influenciando, assim, esse processo. Explicando, sua afinidade é aumentada pelo estrógeno e prolactina e diminuída pela progesterona, testosterona e glicocorticoides. Uma dieta, por exemplo, rica em carboidratos estimula a lipogênese, por aumentar a ação da progesterona e da enzima lipoproteína lipase (LPL). Já o exercício físico diminui a concentração plasmática de insulina, diminuindo o estímulo para lipogênese, além de consumir energia. Para que a gordura corporal seja disponibilizada como energia, deve ocorrer a lipólise (quebra da gordura). Esse processo se dá com a degradação dos triglicerídeos em ácidos graxos e glicerol. Os ácidos graxos são liberados e metabolizados ou atravessam a membrana do adipócito para entrarem na circulação capilar. Após se difundirem para circulação, os ácidos graxos 21 REVISÃO DA ANATOMIA/HISTOLOGIA E FISIOLOGIA DA PELE │ UNIDADE I são depositados nos tecidos ativos, onde são removidos do tecido adiposo e transferidos para os músculos local em que a gordura é desintegrada e transformada em energia dentro das mitocôndrias para serem utilizadas como combustível. A quantidade de energia derivada de moléculas adiposas para o trabalho biológico varia de acordo com a nutrição, o tipo e a duração da atividade física etc. O exercício aumenta a concentração plasmática de alguns hormônios que ativam os baroceptores dos adipócitos, estimulando a lipólise. Em descanso, 70% dos ácidos graxos liberados na lipólise são religados ao glicerol, formando novos triglicerídeos nos adipócitos. À medida que a intensidade de exercício aumenta esse processo diminui e a lipólise aumenta. Quando há pouco oxigênio (O2) disponível, devido à intensidade do exercício, a energia precisa vir da glicose, já que a gordura não pode ser mobilizada sem O2. Os hormônios liberadores de ácidos graxos permanecem ativos de 2 a 3 horas após o exercício, o que faz com que alguns autores afirmem que não se engorda comendo muito carboidrato até 3 horas após o exercício. Além disso, durante o sono liberamos o hormônio do crescimento (GH) que é um liberador de ácido graxo, por ser um glicocorticoide. Por isso, no período de recuperação noturna, após uma atividade física, o corpo é sustentado quase que 100% por gordura. É importante entendermos todo o processo da lipólise, por ser a eliminação de gordura um dos alvos mais importantes dos profissionais da estética e por caracterizar um problema muito comum dos consultórios: a gordurinha localizada. Entretanto, o que diferencia um profissional capacitado cientificamente de outro que não se baseia na ciência para instituir protocolos é, justamente, o embasamento teórico e a compreensão da fisiologia, para que os tratamentos produzam efeitos realmente possíveis de se esperar. Como já mencionado, se o tecido subcutâneo permite que a pele deslize sobre ele, entende-se que ele tem certa mobilidade. A partir disso podemos compreender os acúmulos de gordura (gordura localizada) em determinadas regiões do corpo de acordo com roupas, posição do corpo na maior parte do dia etc. É também essa mobilidade do tecido adiposo que permite que a forma do corpo seja modelada por meio de recursos estéticos, melhorando formatos e diminuindo medidas, ou seja, “reorganizando” e espalhando a gordura. Leia mais sobre os processos de lipogênese e lipólise. 22 CAPÍTULO 5 Vascularização (sanguínea e linfática) e inervação da pele Vascularização da pele A pele é irrigada por 2 plexos arteriais: um localizado no limite derme-hipoderme e outro entre as camadas papilar e reticular da própria derme. Do plexo arterial das camadas da derme partem finos ramos de vasos para as papilas dérmicas. Já a vascularização venosa possui 3 plexos, sendo 2 nas mesmas regiões descritas para as artérias e o terceiro situado na região média da derme. Como percebemos, a epiderme não é vascularizada, sendo, portanto, nutrida por meio da derme. A outra importante rede de vasos que trabalham na vascularização da pele é a dos vasos linfáticos. Esse sistema se inicia nas papilas dérmicas e convergem para um plexo entre as camadas reticular e papilar, de onde partem outros ramos para outro plexo, localizado entre a derme e a hipoderme. Sistema linfático O sistema linfático é semelhante ao sanguíneo, ao qual está intimamente relacionado. A grande diferença é que o sistema linfático não possui um órgão central bombeador, além de ser extremamente delgado e mais superficial. Esse sistema possui funções essenciais para o organismo, como fazer o retorno do líquido intersticial para a corrente sanguínea, destruição de micro-organismos da linfa e produção de anticorpos. Anatomicamente o sistema linfático consiste em um sistema vascular composto por capilares linfáticos, vasos coletores e troncos linfáticos; linfonodos (nodos linfáticos), que são os filtros; os órgãos linfoides (baço e timo) que recolhem o líquido intersticial e reconduzem-no aos vasos sanguíneos. Quando o líquido passa do interstício para dentro dos capilares linfáticos, recebe o nome de linfa. A linfa apresenta composição semelhante à do plasma sanguíneo, contendo água, eletrólitos e certa quantidade de proteínas que extravasam do sangue. A linfa não possui células sanguíneas, e esta é a principal diferença do sangue. Os linfonodos também são responsáveis pela produção de células de defesa especializadas, os linfócitos. Quando ocorre uma infecção, os linfonodos impedem que o processo infeccioso se dissemine ou provoque danos a outras regiões do organismo, 23 REVISÃO DA ANATOMIA/HISTOLOGIA E FISIOLOGIA DA PELE │ UNIDADE I por “segurar” e destruir por fagocitose as partículas estranhas. Quando isso acontece, os linfonodos aumentam de tamanho e ganham o nome popular de “íngua”. Em casos de células tumorais, o linfonodo detecta essas células e tenta impedir o processo de metástase, ou seja, a disseminação para o restante do organismo. Há grupos de linfonodos distribuídos por algumas regiões do corpo: região axilar, inguinal, poplítea, subclavicular,umbilical, occipital (figura 8), cujo conhecimento é fundamental para a realização da drenagem linfática manual. Além disso, para que as manobras de drenagem linfática sejam feitas de forma correta e precisa, deve-se saber a direção, a velocidade e a pressão com que a linfa flui ou deve fluir. Figura 8. Trajeto dos vasos linfáticos e ênfase nos grupos de linfonodos espalhados pelo corpo. Fonte: Guirro e Guirro, 2002. Os vasos linfáticos possuem boa capacidade de reparo e neoformação após lesões. Há vasos superficiais e profundos, sendo os profundos os que acompanham a circulação sanguínea profunda. O fluxo da linfa é geralmente lento, por depender de forças externas e internas (gravidade, contração muscular, pulsação de artérias próximas etc.) para fluir. O extravasamento de líquido pelos vasos sanguíneos para o espaço intersticial depende das condições normais do organismo. Para estar dentro da normalidade, em quantidade que permita sua recaptação pelo sistema linfático, a quantidade de proteínas plasmáticas tem de estar normal, a pressão sanguínea controlada, entre outros fatores. Em situações de desequilíbrio, em que há acúmulo de líquido no interstício ou pelo maior extravasamento, ou pela falha da captação, tem-se instalado o edema. Para entendermos esse processo é necessário que conheçamos alguns termos: pressão arterial, pressão venosa, resistência pós-capilar e pressões hidrostática e oncótica do 24 UNIDADE I │ REVISÃO DA ANATOMIA/HISTOLOGIA E FISIOLOGIA DA PELE líquido intersticial e pressão oncótica do plasma. A pressão arterial e venosa nós já sabemos que existe e significa a pressão (“força”) com que o sangue passa nesses vasos. A resistência pós-capilar representa a pressão do tecido em que o capilar desemboca, por exemplo, se ele já apresentar um edema, a resistência estaria aumentada. A pressão hidrostática do líquido intersticial é a pressão que a parte líquida faz e a oncótica é a pressão que as proteínas presentes nele fazem. Em condições normais todas essas pressões são constantes. Entretanto, qualquer alteração em uma delas pode gerar o desequilíbrio que vai gerar o edema. Exemplificando, uma pressão arterial aumentada (o sangue passa nas artérias com mais “força”, choca-se na parede do vaso com mais força) aumenta a probabilidade de maior extravasamento de líquido e proteínas por meio do endotélio. Com isso, o líquido intersticial fica com pressões hidrostática e oncótica aumentadas, dificultando a recaptação desse líquido pelos capilares linfáticos. Se os capilares linfáticos não conseguem recaptar o líquido, sobra líquido intersticial em maior volume que o adequado, e aí está instalado o edema. Para quê realizar drenagem linfática em um indivíduo sadio? Como foi dito, a fluidez da linfa e o devido funcionamento do sistema linfático dependem de fatores internos do organismo (pressões, contração muscular, movimentos respiratórios, peristaltismo) e externos (gravidade, massagens, compressões). Dessa forma, a drenagem linfática entra como um fator externo de auxílio ao seu funcionamento, de modo a facilitar ainda mais o fluxo, mesmo em condições normais. Ainda, se considerarmos que temperatura do ambiente, roupas apertadas, posicionamento de rotina (ficar muito tempo em pé ou sentada) acabam prejudicando o funcionamento do sistema linfático, fica claro que dificilmente alguém não tenha um fator externo que colabore contra esse sistema, e que, portanto, não se beneficie da drenagem linfática. Procure aprofundar seus conhecimentos nos detalhes do funcionamento do sistema linfático, como estrutura dos linfonodos, vasos e capilares e direção em que a linfa flui. 25 UNIDADE IIINTRODUÇÃO À DERMATOLOGIA A Dermatologia tem seu início histórico entre os séculos XV e XVI na França, quando médicos começam a se interessar por problemas cutâneos. No Brasil, a Dermatologia teve início em 1882 quando houve a instalação do primeiro Serviço Clínico de Doenças da Pele, na Policlínica Geral do Rio de Janeiro. Desde então a Dermatologia vem crescendo tanto quantitativa quanto qualitativamente. A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) nasceu em 1912, mesmo ano em que houve a primeira reunião para debate sobre doenças dermatológicas que se tornaram temas frequentes de inúmeros encontros da SBD: leishmaniose, hanseníase (naquele tempo, ainda chamada de lepra), sífilis, micoses, entre outras. Antes que nos aprofundemos na dermato-funcional, que acaba abordando muito mais disfunções estéticas do que de outra natureza, é importante conhecer a dermatologia de forma mais abrangente. Tanto sua história, como as características gerais das lesões de pele que existem, para nos tornar profissionais que veem os pacientes de estética como indivíduos integrais e, assim, podemos contribuir de maneira significante em sua saúde como um todo. CAPÍTULO 1 A pele e suas funções Agora que já estudamos a composição da pele e entendemos os tecidos que a envolvem, veremos suas funções. A pele não só é um órgão, como é o maior órgão do corpo humano. A pele representa uma média de 12% do peso corporal seco, pesa aproximadamente 4,5kg, com milhares de células, inúmeras glândulas, terminações nervosas e vasos sanguíneos. Estima-se que existam 640.000 receptores sensoriais em toda a pele e o número de fibras que saem da pele e chegam à medula ultrapassam meio milhão, o que 26 UNIDADE II │ INTRODUÇÃO À DERMATOLOGIA confere à pele o título de maior órgão sensorial do corpo. Ao longo da vida, todas essas estruturas têm redução acentuada em número. A superfície da pele é coberta por uma película que oferece leve acidez a ela. É uma grande região de dispersão calórica e de evaporação, permitindo que ela desempenhe importante papel na termorregulação por meio dos vasos e das glândulas. Em condições normais, o fluxo sanguíneo cutâneo é de aproximadamente 400 mililitros por minuto. A pele também exerce função protetora contra raios ultravioletas, por produzir melanina e vitamina D. O teor de água na pele deve ser cerca de 70% do seu peso (livre de tecido adiposo), e isso condiz a aproximadamente 20% do conteúdo total de água no organismo. A ingestão adequada de água favorece a pele hidratada e com boa aparência. O aspecto da pele pode ser influenciado por idade, sexo, alimentação, clima, e saúde geral do indivíduo. Já a classificação em pele seca, mista ou oleosa, depende da quantidade de secreções (sebo e suor) em sua superfície. Quanto mais equilibrado o teor de secreções, mais normal e adequada é a pele. Porém, o aumento de secreção sebácea, por exemplo, dá origem a uma pele oleosa, com brilho excessivo. Já a carência dessa secreção caracteriza a pele seca, que geralmente é opaca, áspera e com fina descamação. A presença de seborreia apenas na parte central do rosto confere à pele a classificação mista. A partir dos conhecimentos acima, podemos concluir que a pele é o mais sensível dos órgãos, sendo o primeiro meio de comunicação do corpo, que oferece proteção, e onde está localizada nossa primeira e última linha de defesa. Dessa forma, muitas são as funções da pele: » localização do sentido do tato; » mediadora de sensações; » barreira entre o organismo e o ambiente; » proteção contra os efeitos da radiação ultravioleta e traumas; » barreira contra materiais tóxicos e organismos estranhos; » regulação da pressão e do fluxo sanguíneo e linfático; » regulação da temperatura; » fonte imunológica de hormônios para diferenciação de células protetoras; 27 INTRODUÇÃO À DERMATOLOGIA │ UNIDADE II » metabolismo e armazenamento de gordura; » reservatório de alimento e de água. Fisiologicamente essas funções vão se tornando menos expressivas com o avanço da idade, quando a pele se torna mais delgada, menos hidratada e o metabolismo menos intenso. Com o tempo, as linhas de expressão começam a surgir, pelo efeito da mímica repetida por longos anos, como o próprio nome diz. E em algumas regiões, por carênciade algumas substâncias, como o ácido hialurônico, por exemplo, surgem os sulcos, que são as depressões que condenam a idade avançada da pele. Entretanto, o grande vilão para o envelhecimento da pele é o sol. Seus efeitos ao longo de anos promove danos à pele, como manchas, flacidez e o próprio envelhecimento celular. Qual o melhor cosmético antienvelhecimento que temos no mercado? Sem dúvida nenhuma a medida mais eficaz contra o envelhecimento é o protetor solar. O uso adequado e precoce do protetor afasta os danos que o sol causa, favorecendo uma pele viçosa, luminosa e hidratada por mais tempo. Num País tropical como o Brasil, o simples fato de andar na rua sem proteção solar já é risco para a pele. Além de prevenir o envelhecimento precoce, você estará cuidando da saúde e dos riscos de câncer de pele que o sol acarreta. 28 CAPÍTULO 2 Lesões elementares As chamadas lesões elementares são alterações na pele com nomenclatura geral, podendo ter causas e diagnósticos diversos. As classificações auxiliam o profissional no diagnóstico e permitem-no acompanhar a evolução do tratamento proposto. As lesões elementares são divididas em lesões com alteração de cor, tipo de conteúdo (sólido ou líquido, purulento ou não), textura, dimensão, perda ou não de solução de continuidade. Tentaremos apresentar a imagem das lesões, pois é muito difícil entendê-las sem a visualização. Alterações de cor As alterações da cor da pele sem modificação do seu relevo ou consistência são chamadas de máculas ou simplesmente, manchas. Essas manchas podem ser classificadas da seguinte forma. 1. Vásculo-sanguíneas: alteração do sangue circulante ou de vasos. 2. Manchas pigmentares: alterações da melanina ou de outros pigmentos. As manchas vásculo-sanguíneas são diversas. Vamos explorar as mais comuns. » Eritema: mancha avermelhada por vasodilatação que desaparece à digitopressão. Ex.: ao friccionar uma esponja numa região do braço, esta fica avermelhada e isso é um eritema. » Cianose: eritema arroxeado por vasocongestão venosa ou redução da temperatura. » Mancha angiomatosa (hemangioma): mancha vermelha plana e permanente, não desaparece à digitopressão, resultante da má-formação vascular (Figura 9). 29 INTRODUÇÃO À DERMATOLOGIA │ UNIDADE II Figura 9. Angioma plano em mão. Fonte: <http://www.dermatologia.net/novo/base/atlas/angioma_plano.shtml>. Retirado em: 30/5/2011. » Púrpura: manchas vermelho-violáceas por extravasamento de hemácias na derme. Não desaparece à digitopressão, sendo permanente. É subdividida em: petéquia, quando é puntiforme ou lenticular, ou equimose, quando possui mais que 1cm de diâmetro. Para os profissionais voltados para a estética, as manchas pigmentares são as de maior interesse. Entre elas temos as seguintes. » Manchas hipercrômicas: aumento da produção de melanina em relação à pele adjacente, sendo, portanto, mais escura. Nessa classificação estão tatuagens, sardas (efélides), manchas senis (melanose solar), melasma ou cloasma e qualquer mancha acastanhada, amarronzada, negras ou negro-azuladas que se desenvolva (Figura 10). Figura 10. Demonstração de manchas hipercrômicas: sardas em região do colo. Fonte: <http://zulmarlopesvasconcellos.blogspot.com/2010/10/o-indicador-doia-por-tanto-acionar-o.html>. Retirado em: 26/5/2011. » Manchas hipocrômicas: diminuição da melanina, tornando a região mais clara do que a pele adjacente (figura 11). Temos: ptiríase alba, ptiríase versicolor (ou pano branco), mancha da hanseníase, vitiligo inicial, leucodermia gutata. 30 UNIDADE II │ INTRODUÇÃO À DERMATOLOGIA Figura 11. Mancha hipocrômica resultante de ptiríase alba. Fonte: <http://www.dermatologia.net/novo/base/atlas/pit_alba.shtml>. Retirado em: 30/5/2011. » Manchas acrômicas: ausência completa de melanina, sendo essa mancha totalmente sem cor. Como exemplo, temos o vitiligo instalado (figura 12). Figura 12. Manchas de vitiligo em mão. Fonte: <http://samiracosta.blogspot.com/2010/08/o-vitiligo-e-uma-doenca-caracterizada.html. Retirado em: 26/52011. Detalharemos a seguir as características de algumas dessas manchas, principalmente porque muitas delas serão tratadas no ambiente de trabalho. Sardas ou efélides São arredondadas, de coloração castanha ou marrom, têm até 1cm de diâmetro e estão localizadas em regiões expostas às radiações solares, como face, colo e ombros. Atingem principalmente as pessoas de pele clara e surgem devido à exposição contínua ao sol, sendo, inclusive, mais evidentes no verão (figura 13). 31 INTRODUÇÃO À DERMATOLOGIA │ UNIDADE II Figura 13. Sardas em face. Fonte: <http://pimentanalinguatm.blogspot.com/2011/05/sao-sardas-muito-bem.html>. Retirado e modificado em: 26/5/2011. Melanose solar (mancha senil) São manchas castanhas causadas pelos efeitos cumulativos do sol durante a vida. Elas começam a surgir após os 40 anos de idade são pequenas, mas podem atingir até alguns centímetros de tamanho. É muito comum se localizarem na face, no colo e nas mãos (figura 14). Figura 14. Melanose solar em dorso de mão. Fonte: <http://dramelissafalcao.blogspot.com/2010_04_01_archive.html>. Retirado em: 26/5/2011. Melasma Manchas escuras cujo surgimento está relacionado à exposição hormonal (pílula ou gravidez). O sol é o fator desencadeante para seu surgimento ou para sua piora. Apresenta-se em regiões como testa, maçãs do rosto, buço e região mentoniana, com bordas irregulares (figura 15). De difícil tratamento, essas manchas levam muitos pacientes ao consultório. 32 UNIDADE II │ INTRODUÇÃO À DERMATOLOGIA Figura 15. Melasma em região malar. Fonte: <http://daybiancostudio.blogspot.com/2010/09/melasma.html>. Retirado em: 26/5/2011. Mancha causada pela hanseníase Algumas das formas da hanseníase levam ao surgimento da lesão de pele do tipo mancha hipocrômica. Essa mancha possui alteração de sensibilidade e, quando detectada, auxilia no diagnóstico da doença. Pesquise e estude as manchas de maiores queixas nos consultórios, tentando visualizar as imagens para que você possa se familiarizar com elas, e realizar com facilidade o diagnóstico. Observação: O Nevo, popularmente chamado de “pinta”, constituem-se mancha, placa ou pápula pigmentada de origem benigna. No entanto, esses sinais podem evoluir para um tipo de câncer de pele, o melanoma, e, por isso, devemos estar atentos às características que mostram essa diferenciação: modificação de cor, tamanho ou formato, estejam associados à sintomas como coceira, dor ou sangramento e/ou possuam assimetria, como borda irregular ou coloração diferenciada na mesma lesão. Alterações sólidas São lesões sólidas (maciças) de origem inflamatória ou tumoral que podem atingir conjunta ou isoladamente a epiderme, a derme ou a hipoderme. » Pápula: lesão sólida de até 0,5cm de diâmetro. Pode ser ou não avermelhada, pruriginosa, dependendo de sua causa. Exemplo: acne inicial (figura 16). 33 INTRODUÇÃO À DERMATOLOGIA │ UNIDADE II Figura 16. Pápulas de acne localizadas em região frontal. Fonte: <http://www.skincarephysicians.com/old/acnenet_old_2004/acne.html>. Retirado em: 30/5/2011. » Placa: lesão elevada com mais de 1cm de diâmetro e superfície plana (Figura 17). A patologia que gera esse tipo de lesão é a psoríase, cujas placas podem se localizar em membros, no dorso, no couro cabeludo e possuem aspecto descamativo. Figura 17. Placas eritematosas resultantes de psoríase. Fonte: <http://www.dermatologia.net/novo/base/atlas/psoriase_pl.shtml>. Retirado em: 30/5/2011. » Nódulo: Lesão sólida, maior que 0,5cm e menor que 3,0 de diâmetro, mais palpável do que visível, de localização dérmica ou hipodérmica (figura 18). Como exemplo, na hanseníase, há a reação do eritema nodoso em que surgem nódulos no corpo. Figura 18. Nódulos hansênicos. Fonte: <http://www.saudetotal.com.br/artigos/dermatologia/tvescola_hanseniase.asp>. Retirado em: 30/5/2011. 34 UNIDADE II │ INTRODUÇÃO À DERMATOLOGIA » Nodosidade: mesmaconsistência do nódulo, porém com mais de 3,0cm de diâmetro, como nos tumores. » Vegetação: lesões sólidas lobuladas em “couve-flor” (figura 19) dando o aspecto de copa de árvore e, por isso, a nomenclatura que recebe. Figura 19. Lesão verrucosa em genitália (condiloma acuminado). Fonte: <http://www.dermatologia.net/novo/base/index.shtml>. Retirado em: 30/5/2011. » Verrucosidade: em forma de pápula ou vegetação, associado à queratose (aumento da camada córnea). Alterações líquidas São as lesões em cujo interior há coleção líquida, seja ela purulenta, hemorrágica ou aquosa. » Vesícula: Coleção, elevada, circunscrita, de conteúdo claro (pode ser turvo, purulento, hemorrágico), de até 0,5cm de diâmetro, geralmente intraepidérmica (figura 20). Figura 20. Vesículas em lábio inferior resultante do herpes simples. Fonte: <http://passandoaregua.com/verao-temporada-da-herpes>. Retirado em: 30/5/2011. 35 INTRODUÇÃO À DERMATOLOGIA │ UNIDADE II » Bolha: Lesão elevada, maior que 0,5cm de diâmetro, geralmente flácida (figura 21). A localização das bolhas ajuda no diagnóstico das dermatites bolhosas. Pode ocorrer em mucosas. Figura 21. Bolha com coleção aquosa em ombro. Fonte: <http://www.dermatologia.net/novo/base/atlas/bolha_pos_crio.shtml>. Retirado em: 30/5/2011. » Pústula: Coleção superficial de pus, geralmente de até 0,5cm de diâmetro (figura 22). Frequentemente ocorre na acne vulgar. Figura 22. Pústula de acne. Fonte: <http://www.euescrevo.com.br/saude/pele/dicas-manchas-espinha>. Retirado em: 30/5/2011. » Abcesso: Coleção purulenta, circunscrita, na derme e/ou hipoderme; geralmente acompanhada de sinais inflamatórios (dor, calor, rubor e edema), mais profundos e geralmente maiores que a pústula (figura 23). Figura 23. Abcesso resultante de um furúnculo. Fonte: <http://www.mulherbeleza.com.br/saude/furunculo-como-tratar>. Rretitado em: 30/5/2011. 36 UNIDADE II │ INTRODUÇÃO À DERMATOLOGIA Alterações de espessura Independentemente do conteúdo interno, há lesões que alteram a espessura/tamanho da pele. Em muitos casos, essa não é considerada uma classificação, porém, subdividindo também esses itens torna-se ainda mais fácil saber identificar o tipo de lesão. » Queratose (ou ceratose): Espessamento da pele, que se torna mais consistente, endurecida, inelástica, de superfície áspera, rugosa, esbranquiçada/amarelada/ pardacenta; decorrente do aumento da camada córnea. Um exemplo comum são as calosidades (figura 24). Figura 24. Ceratose actínica ou solar. Fonte: <http://www.dermatologia.net/novo/base/atlas/ceratoseactinica.shtml>. Retirado em: 30/5/2011. » Edema: Lesão por extravasamento de líquidos na derme e/ou hipoderme; espessamento da pele, depressível, com cor própria da pele ou róseo-branca (figura 25). Figura 25. Edema em pé demonstrando cacifo (depressão da pele no local pressionado). Fonte: <http://patomulher.blogspot.com/2010/06/edema.html>. Retirado em: 30/5/2011. 37 INTRODUÇÃO À DERMATOLOGIA │ UNIDADE II » Esclerose: Aumento da consistência da pele, que se torna endurecida à palpação, não depressível e difícil de ser pregueada entre os dedos. Exemplo: queloide, esclerodermia. » Crosta: “Cascas de ferida”; concreções de cor amarelada ou vermelho-escuro/amarronzada, que se formam em áreas de perda tecidual (bolha, pústula que se rompe e há concreção do líquido formando a crosta); resultam de ressecamento da serosidade, pus ou sangue, com ou sem restos celulares (Figura 26). Figura 26. Crostas hemáticas pós-ulceração. Fonte: <http://www.anaisdedermatologia.org.br/public/figuras.aspx?id=324>. Retirado em: 30/5/2011. » Cicatriz: Lesão lisa, fibrosa, que substitui o tecido normal lesionado. Pode ser plana, hipertrófica ou atrófica; rósea, hipo ou hipercrômica; não serve para diagnóstico retrospectivo (figuras 27A e 27B). Vale lembrar que só se forma tecido cicatricial quando, no mínimo, a derme é lesada. Lesões que atingem apenas a epiderme NÃO deixam cicatriz. Figura 27. Cicatriz. A: hipertrófica e B: atrófica pós-acne. Fontes: A: <http://www.dermatologia.net/novo/base/atlas/cicatriz_hipertrofica2.shtml>. B: <http://dramariacristinadossantos. site.med.br/index.asp?PageName=laser-20na-20cicatriz-20de-20acne>. Retiradas em: 30/5/2011. 38 UNIDADE II │ INTRODUÇÃO À DERMATOLOGIA Perdas teciduais Quando a pele perde sua continuidade associada a alguma perda tecidual. » Ulcerações: Lesão circunscrita da pele que atinge a epiderme e a derme, podendo atingir o tecido subcutâneo e/ou adjacentes (figura 28). Pode ter etilogias variadas: venosa, arterial, diabética, hansênica, traumática, por contaminação bacteriana, (erisipela, por exemplo), de pressão etc. Devido à dificuldade de cicatrização que a maioria das etiologias geram, as úlceras começam pequenas, mas podem evoluir para tamanhos enormes, e, se não tratadas, duram até mesmo, por décadas. Figura 28. Úlceras de perna causada inicialmente por anemia falciforme. Fonte: <http://www.hemoglobinopatias.com.br/d-falciforme/clinica.htm>. Retirado em: 31/5/2011. » Fístula: É um canal com abertura na pele, que drena material de foco profundo de supuração ou necrose. Um exemplo comum é a infecção dentária. » Fissura: “Rachadura” na pele. É caracterizada pela perda linear da epiderme e/ou derme, no contorno de orifícios naturais em áreas de dobra na pele ou em lesões hiperceratósicas (figura 29). É o que chamamos de “calcanhar rachado”, por exemplo. Aquelas rachaduras são, em termos técnicos, fissuras na pele. Figura 29. Fissura em calcâneo por hiperceratose. Fonte: <http://diariodebiologia.com/tag/calcanhar-rachado>. Retirado em: 31/5/2011. 39 INTRODUÇÃO À DERMATOLOGIA │ UNIDADE II » Necrose/gangrena: Necrose é a morte tecidual. Quando ocorre devido a um problema vascular periférico, geralmente seguido de infecção, chamamos de gangrena, o que não deixa de ser necrose (figura 30). Um tecido com necrose ou gangrena deve ser debridado por profissional capacitado e, em muitos casos, a amputação é eleita como tratamento, para que esse tecido morto não “contamine” os tecidos sadios adjacentes e o processo seja cessado. Figura 30. Desenho esquemático representando uma região de gangrena. Fonte: <http://diariodebiologia.com/tag/calcanhar-rachado>. Retirado em: 31/5/2011. 40 CAPÍTULO 3 Doenças de pele de ocorrência comum Como já foi mencionado, serão aborados temas que contribuam para a sua formação completa. Entretanto, não há como abordar todo conteúdo de Dermatologia, por isso nos propusemos a fazer a uma introdução em Dermatologia. Serão citadas aqui patologias comuns, que provavelmente, no exercício da Fisioterapia Dermato-Funcional, vocês terão contato. » Acne: Doença de pele causada pela obstrução do folículo pilosebáceo e/ou produção exacerbada de sebo. Geralmente, por ação hormonal (causa genética) há um aumento na secreção sebácea associada ou não à hiperqueratinização que obstrui o folículo. A continuidade do processo dá-se pela proliferação bacteriana no local, acarretando reação inflamatória local e dando origem à acne (Figura 31). De acordo com sua gravidade a acne pode ser classificada em graus, sendo esse conhecimento importante na definição do tratamento. Figura 31. Glândula sebácea com excesso de sebo no momento em que há provável proliferação bacteriana. Fonte: <http://www.saudetotal.com.br/acne/acne/acnevulgar.asp>. Retirado em: 1/6/2011. » Hanseníase: Doença causada pela bactéria Micobacterium leprae, com desenvolvimento de certa forma determinado pela genética imunológica. Parece não ser comum, porém o Brasil ainda é o segundo país em endemia da doença. Pode apresentar mancha hipocrômica na pele, nódulos 41 INTRODUÇÃO À DERMATOLOGIA │ UNIDADE II subcutâneos, edema de face, dependendo da forma clínica que evoluiu. A diminuição de sensibilidade também é outro sinal importante, já que essa patologia evolui com neuropatia periférica. O tratamento é distribuído gratuitamente pelo governoe, a partir de 72 horas em que o doente fez uso da primeira dose, ele já não é mais bacilífero, ou seja, contaminante. É a neuropatia que representa o grande mal da hanseníase, pois ela pode deixar sequelas irreversíveis de incapacidade física. » Micoses superficiais de pele: Causadas por fungos de diversas espécies, as micoses podem atingir a pele, os cabelos e as unhas. Os fungos estão em toda parte, inclusive na nossa própria pele, vivendo de forma pacífica. Porém, quando as condições se tornam favoráveis para que eles aumentem em quantidades já não mais pacíficas, dão origem às micoses. Essas condições são o calor, a umidade, a baixa imunidade, o uso prolongado de antibióticos. Para nós, é um diferencial sabermos detectar um caso de micose e fazer o encaminhamento do paciente ao dermatologista, para que haja o tratamento adequado. Muitas vezes o paciente nem sabe que está com micose e somos nós que iremos alertá-lo; com sutileza, é claro. Aprofunde seu conhecimento nos tipos mais comuns de micoses: Ptiríase versicolor, Tínea do corpo, da cabeça, dos pés e dos dedos, inguinal, Onicomicose (micose das unhas). Leucodermia gutata (sarda branca) Causadas pelo dano solar ao longo dos anos, essas manchas são hipocrômicas, presentes em áreas expostas ao sol, como pernas, braços e colo. Têm menos que 5mm de diâmetro e aparecem em grande quantidade como “sardas brancas” (figura 32), nome que também são chamadas. Geralmente o uso de crioterapia com nitrogênio líquido é usado para tratamento, além da dermoabrasão. É bom que tenhamos consciência da diferença clínica dessas manchas para as manchas de micose, por exemplo. Figura 32. Região de braço com leucodermia gutata. Fonte: <http://www.dermatologia.net/novo/base/atlas/leuc_gutata.shtml>. Retirado em: 7/6/2011. 42 UNIDADE II │ INTRODUÇÃO À DERMATOLOGIA Alopecia androgênica As mulheres sofrem de calvície? Sim. A herança genética, que pode vir tanto da mãe quanto do pai, da mesma forma que provoca calvície masculina, também causa a feminina. Essa alopecia é chamada de alopecia androgênica. A alopecia androgênica é um processo fisiológico que começa na adolescência. Naturalmente, a testosterona estimula os folículos pilosos a se desenvolverem em determinadas regiões do corpo. Ao atingir o couro cabeludo de quem possui tendência genética para calvície, a testosterona sofre ação da enzima 5-alfa-redutase e se transforma em diidrotestosterona. Esse novo hormônio age sobre os folículos do couro cabeludo, promovendo sua dimimuição progressiva, tornando-os menores e mais finos até a calvície. Atualmente os estudiosos já classificam a calvície em diferentes graus, de acordo com a quantidade de perda capilar. O processo de calvície dá-se por perda de cabelos com inicial substituição destes por fios mais finos e curtos e, finalmente, há perda completa dos cabelos nas áreas superior e frontal da cabeça, poupando as áreas laterais e posterior (figura 33). As mulheres raramente chegam à perda completa dos cabelos e, geralmente, o processo é agravado após a menopausa. Há um tipo de alopecia comum nos consultórios que é a alopecia areata. Popularmente é chamada de “peladeira” e tem causa desconhecida. Atinge homens e mulheres em igual proporção e se caracteriza pela perda repentina dos pelos nas áreas afetadas sem alteração da pele. Pode acontecer em qualquer área pilosa como barba, sobrancelhas, cílios, não só no couro cabeludo. A possível causa seria o stress e quanto mais precoce o diagnóstico mais sucesso tem o tratamento, pois o processo pode ser irreparável. Portanto, é muito importante que o profissional de saúde com quem o paciente terá contato, tenha conhecimento sobre esse problema e possa encaminhar o paciente ao médico especialista. Já a alopecia androgênica possui diversas formas de tratamento, que incluem medicamentos orais e tópicos, lasers, carboxiterapia, massagens paliativas, entre outros cuidados. Vê-se que muitos recursos são de manuseio do fisioterapeuta dermato-funcional, e oferecem resultados surpreendentes. Se executado da maneira correta e ética, o tratamento de queda de cabelo pelo fisioterapeuta representa mais um leque de atuação na área da estética. 43 INTRODUÇÃO À DERMATOLOGIA │ UNIDADE II Figura 33. Perda de cabelo superior e frontal. Fonte: <http://www.dermatologia.net/novo/base/doencas/alopecia.shtml>. Retirado em: 6/6/2011. Foliculite A foliculite é uma infecção dos folículos pilosos causada por estafilococos. A proliferação bacteriana pode ser espontânea ou devido à umidade por suor, atrito, raspagem dos pelos ou depilação com cera, entre outros. Essa afecção pode acometer homens, mulheres e até crianças, sempre em regiões de pelos. É comum seu surgimento em barba masculina, virilha, axila, glúteos femininos. A foliculite se apresenta como pequenas pústulas com eritema ao redor, ou somente pápulas ou, até mesmo, só eritema ao redor dos pelos (figura 34). O tratamento antibiótico para erradicação da infecção bacteriana local é eficaz, porém não garante que o problema não haverá recidiva. Ao contrário, nos casos de foliculite isso é muito comum. O grande sucesso para tratamento desse problema vem sendo a erradicação dos pelos por meio de depilação a laser. Exterminando mais de 90% dos folículos pilosos, acaba por excluir o sítio de localização da foliculite e, com isso, eliminá-la. A vantagem é que, dessa forma, o problema é tratado por completo, inclusive evitando recidivas. 44 UNIDADE II │ INTRODUÇÃO À DERMATOLOGIA Figura 34. Foliculite em axila feminina. Fonte: <http://www.dermatologia.net/novo/base/atlas/foliculite3.shtml>. Retirado em: 6/6/2011. Psoríase Como já citado, a psoríase apresenta-se com placas descamativas, podendo acometer todo o corpo. Sua causa é desconhecida, mas fenômenos emocionais são frequentemente relacionados ao seu aparecimento e, em alguns casos, há histórico familiar da doença. Essa doença de pele pode afetar tanto homens quanto mulheres em qualquer fase da vida. Seu tratamento inclui a tentativa de eliminar o fator emocional de possível causa, medicamentos e recursos terapêuticos paliativos, como Luz Emitida por Diodo (LED), hidratação adequada da pele, luz ultravioleta. Mais uma vez, é importante conhecermos os sinais das doenças de pele para podermos alertar nosso paciente de uma possível afecção de pele e, no mínimo, encaminhá-lo ao médico especialista. Rosácea Devemos prestar atenção nessa afecção dermatológica para não tentarmos tratá-la como uma simples mancha pigmentar. A rosácea é uma doença inflamatória crônica, de causa desconhecida, que afeta principalmente a região central da face. Caracteriza-se por mancha avermelhada, transitória no início, mas que, com o avanço da doença, se torna persistente. Certos alimentos, como café, bebidas alcoólicas, molhos quentes e pimenta, estão relacionados com a piora do quadro. Com a progressão da doença surgem vasinhos dilatados (telangiectasias), pápulas e pústulas (figura 35), dando a nomenclatura de acne rosácea devido à semelhança clínica com a acne. É de extrema importância não confundirmos a rosácea com a acne propriamente dita, pois os cuidados não são os mesmos. Não há tratamento definitivo para rosácea, mas há seu controle, evitando os fatores que exacerbam seus sintomas, como frio, sol, alimentos 45 INTRODUÇÃO À DERMATOLOGIA │ UNIDADE II e situações em que o paciente observa haver relação com a piora do quadro. Além dos medicamentos, o laser, principalmente a luz intensa pulsada, também é usado para minimizar as telangiectasias, que são as maiores responsáveis pela vermelhidão. Outros sinais, como o infiltrado em nariz, comuns em homens afetados, o rinofima, podem ser resolvidos com dermoabrasão. Ambos os recursos são amplamente usados nos consultórios de estética, tendo esse profissional como contribuir na melhora do quadro. Figura 35. Rosácea em face apresentando vermelhidão, pápulas e pústulas. Fonte: <http://www.dermatologia.net/novo/base/atlas/rosacea5.shtml>.Retirado em: 7/6/2011. Impetigo Infecção bacteriana da pele, principalmente de crianças, que se apresenta com bolhas que rapidamente se rompem, formando área erosada de crosta clara. Muitas vezes nem dá tempo de se visualizar as bolhas, pois se rompem muito rapidamente. É frequente que em épocas mais quentes do ano a doença se manifeste em área de dobras na pele, devido à proliferação bacteriana nesses locais. O tratamento consiste em antibioticoterapia (tópica ou sistêmica, de acordo com a gravidade), além da limpeza adequada das lesões. Larva migrans O nome popular dessa afecção de pele é “bicho-geográfico” pela capacidade da larva em se locomover dentro da pele do paciente. Essa larva é parasita intestinal de cães e gatos, que podem contaminar a pele do homem por meio de roupas que caem no chão, por exemplo. Os sinais são bem-característicos, nos dando certa facilidade em identificar a doença. Dentro da pele humana, a larva “caminha” formando uma espécie de túnel avermelhado e tortuoso (figura 36) e vem acompanhado de muita coceira. Geralmente o tratamento é feito por medicação oral e, em poucos dias, o problema se resolve. O 46 UNIDADE II │ INTRODUÇÃO À DERMATOLOGIA passo importante é orientarmos o paciente a evitar andar descalço por onde haja cães e gatos, e limpar sempre as fezes dos animais. Figura 36. Imagem do túnel tortuoso e avermelhado causado pela larva migrans. Fonte: <http://www.dermatologia.net/novo/base/atlas/migrans.shtml>. Retirado em: 7/6/2011. Molusco contagioso A atenção para essa doença é devido à semelhança de suas lesões com verrugas. É uma doença viral, cujas lesões são elevadas, pequenas (normalmente de, no máximo, 5mm de diâmetro), da cor da pele e com umbilicação central (figura 37). As lesões são, na maioria dos casos, assintomáticas, mas podem vir acompanhadas de prurido discreto e se disseminam com facilidade. É comum sua ocorrência em crianças devido à imunidade não estar totalmente desenvolvida, mas também pode acometer adultos imunodeprimidos, como os infectados por HIV, por exemplo. A transmissão dá-se por contato direto com paciente contaminado, incluindo o contato sexual. O tratamento, por incrível que pareça, é diretamente sobre as lesões, fazendo-se sua retirada por meio de eletrocoagulação, criocirurgia, cauterização ou curetagem, por médicos dermatologistas. Figura 37. Lesões do molusco contagioso. Fonte: <http://www.dermatologia.net/novo/base/atlas/molusco.shtml>. Retirado em: 7/6/2011. 47 Referências RODRIGUES, J. G.; LEITE, R.; COSTA, I. M. C.; SOARES, R. Acervo raro da Sociedade Brasileira de Dermatologia: considerações sobre sua preservação histórica. Anais brasileiros de dermatologia. v. 84 no 1. pp. 93-95, 2009. GUIRRO, E.; GUIRRO, R. Fisioterapia dermato-funcional: fundamentos, recursos e patologias. 3. ed. São Paulo: Manole, 2002. BORGES, F. S. 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