Buscar

Apostila Complementar - Economia

Prévia do material em texto

Profº Carlos Divino 
Fonte: Portal do Aluno = http://online.unip.br/disciplina/detalhes/847 
http://online.unip.br/disciplina/detalhes/847
Módulo Zero: Introdução à disciplina 
Caro Aluno: 
 Seja bem vindo. 
Nesta nossa disciplina trataremos de assuntos como o conceito de economia, história do 
pensamento econômico, lei da oferta e da demanda, agências reguladoras, monopólios, 
cartéis e oligopólios. O objetivo principal de introduzir os conhecimentos operacionais básicos 
para o profissional de direito conhecer a realidade subjacente à maioria dos problemas 
econômicos da realidade brasileira. 
Temos a expectativa de que você aprenda bastante. 
Considerando-se que será você quem administrará seu próprio tempo, nossa sugestão é que 
você dedique ao menos 2 (duas) horas por semana para esta disciplina, estudando os textos 
sugeridos e realizando os exercícios de auto-avaliação. Uma boa forma de fazer isso é já ir 
planejando o que estudar, semana a semana. Parte do conteúdo poderá ser assistido em 
vídeos disponíveis na internet, mas isso não dispensará a leitura dos materiais e do conteúdo 
online. 
 Para facilitar seu trabalho, apresentamos na tabela abaixo, os assuntos que deverão ser 
estudados e, para cada assunto, a leitura fundamental exigida e a leitura complementar 
sugerida. No mínimo, você deverá buscar entender bastante bem o conteúdo da leitura 
fundamental, só que essa compreensão será maior, se você acompanhar, também, a leitura 
complementar. Você mesmo perceberá isso, ao longo dos estudos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 A – Conteúdos (assuntos) e leituras sugeridas 
Assuntos/módulos Leituras Sugeridas 
Fundamental Complementar 
0. Introdução à disciplina NUSDEO, Fábio. Curso de 
Economia: Introdução ao 
direito econômico. 3ª ed. rev. 
e atual. São Paulo: RT, 2001. 
Capítulo 2. 
ARAÚJO, Carlos Roberto 
Vieira. História do Pensamento 
Econômico.São Paulo: Atlas, 
1988. Capítulo 1. 
1. Conceitos básicos NUSDEO, Fábio. Curso de 
Economia: Introdução ao 
direito econômico. 3ª ed. rev. 
e atual. São Paulo: RT, 2001. 
Capítulos 1, 3, 4, 5. 
VASCONCELLOS, Marco 
Antonio Sandoval 
de.Economia: micro e 
macro.São Paulo: Atlas, 2011. 
Parte I (Introdução à 
economia). 
2. A evolução do 
pensamento econômico. 
ARAÚJO, Carlos Roberto 
Vieira. História do 
Pensamento Econômico.São 
Paulo: Atlas, 1988. Capítulos 
2, 3, 4 e 5. 
HUBERMAN, Leo. História da 
riqueza do homem. 21ª ed. São 
Paulo: LTC, 1987. Capítulos 17, 
18, 19, 20 e 21. 
3. Economia e direito. NUSDEO, Fábio. Curso de 
Economia: Introdução ao 
direito econômico. 3ª ed. rev. 
e atual. São Paulo: RT, 2001. 
Capítulos 6, 7, 8. 
FONSECA, João Bosco 
Leopoldino. 4ª Ed. Rio de 
Janeiro: Forense, 2001. 
Capítulo 1. 
4. Microeconomia: o 
mercado 
NUSDEO, Fábio. Curso de 
Economia: Introdução ao 
direito econômico. 3ª ed. rev. 
e atual. São Paulo: RT, 2001. 
Capítulo 11 e 12. 
VASCONCELLOS, Marco 
Antonio Sandoval 
de.Economia: micro e 
macro.São Paulo: Atlas, 2011. 
Parte II (Microeconomia). 
5. Estruturas de mercado NUSDEO, Fábio. Curso de 
Economia: Introdução ao 
direito econômico. 3ª ed. rev. 
e atual. São Paulo: RT, 2001. 
Capítulo 13. 
SALOMÃO, Calixto. Direito 
concorrencial: as 
estruturas.São Paulo: 
Malheiros,1998. Capítulo 2. 
6. Uma breve visão do 
direito econômico 
NUSDEO, Fábio. Curso de 
Economia: Introdução ao 
direito econômico. 3ª ed. rev. 
e atual. São Paulo: RT, 2001. 
Capítulo 9, 10 e 18. 
FORGIONI, Paula A. Os 
fundamentos do antitruste.São 
Paulo: RT, 1998, Capítulos 2 e 
3. 
7. Macroeconomia NUSDEO, Fábio. Curso de 
Economia: Introdução ao 
direito econômico. 3ª ed. rev. 
e atual. São Paulo: RT, 2001. 
Capítulo 14, 15 e 17. 
VASCONCELLOS, Marco 
Antonio Sandoval 
de.Economia: micro e 
macro.São Paulo: Atlas, 2011. 
Parte III (Macroeconomia). 
8. Economia Internacional. NUSDEO, Fábio. Curso de 
Economia: Introdução ao 
direito econômico. 3ª ed. rev. 
e atual. São Paulo: RT, 2001. 
Capítulo 16. 
VASCONCELLOS, Marco 
Antonio Sandoval 
de.Economia: micro e 
macro.São Paulo: Atlas, 2011. 
Parte III Capítulo 14 (Setor 
externo). 
Nota: ver as referências bibliográficas, para maior detalhamento das fontes de consulta 
indicadas 
 B – Avaliações 
 Como é de seu conhecimento, você estará obrigado a realizar uma série de avaliações, 
cabendo a você tomar conhecimento do calendário dessas avaliações e da marcação das datas 
das suas provas, dentro dos períodos especificados. 
 Por outro lado, é importante destacar que uma das formas de você se preparar para as 
avaliações é realizando os exercícios de auto-avaliação, disponibilizados para você neste 
sistema de disciplinas on line. O que tem que ficar claro, entretanto, é que os exercícios que 
são requeridos em cada avaliação não são a repetições dos exercícios da auto-avaliação. 
 Para sua orientação, informamos na tabela a seguir, os assuntos que serão requeridos em 
cada uma das avaliações às quais você estará sujeito: 
 Conteúdos a serem exigidos nas avaliações 
Avaliações Assuntos Exercícios de auto-avaliação 
relacionados 
NP1 Módulos 0 até 4. Exercícios on line 
NP2 Módulos 5 até 8. Exercícios on line 
Substitutiva Toda a matéria Todos os exercícios 
Exame Toda a matéria Todos os exercícios 
 C – Referências bibliográficas 
 · Livro texto 
NUSDEO, F. Curso de economia: introdução ao direito econômico. São Paulo: RT, 2002. 
VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval de. Economia: micro e macro. São Paulo: Atlas, 2011. 
· Outras referências 
ARAÚJO, Carlos Roberto Vieira. História do Pensamento Econômico. São Paulo: Atlas, 1988. 
Capítulo I. 
CASTRO, Antonio Barros de; LESSA, Carlos. Introdução à economia. 37ª ed. Rio de Janeiro: 
Forense Universitária, 2005. 
CARDOSO, Eliana A. Economia brasileira ao alcance de todos. 17ª ed. São Paulo: Brasiliense, 
1996. 
HUBERMAN, Leo. História da riqueza do homem. 21ª ed. São Paulo: LTC, 1987. 
PINHO, Diva Benevides; VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval (Coord.) Manual de 
economia: equipe de professores da USP. 5ª ed. São Paulo: Saraiva, 2006. 
ROSSETTI, José Paschoal. Introdução à economia. 20ª ed. São Paulo: Atlas, 2005. 
SALOMÃO FILHO, Calixto. Direito concorrencial: as estruturas. 3. Ed. São Paulo: Editora CFWM, 
2009. 
SINGER, Paul. Aprender economia. 22ª ed. São Paulo: Contexto, 2002. 
TROSTER, R. L. Introdução à economia. 2ª ed. São Paulo: Makron Books, 1999. 
 VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval; GARCIA, Manuel E. Fundamentos de economia. São 
Paulo: Saraiva, 2005. 
 
 
Módulo Um: Conceitos introdutórios 
1. Origem, conceitos fundamentais, problemas e temas relevantes da economia 
Logo que o aluno inicia o curso de direito, ele depara-se com várias disciplinas que, 
aparentemente, nada tem a ver com o que pensava estudar: antropologia, filosofia, psicologia, 
ética e sociologia figuram nesta lista de disciplinas. O mesmo acontece com economia. 
Por que isso ocorre? 
Tais matérias são chamadas de disciplinas do ciclo básico e objetivam fornecer aos alunos uma 
visão geral do mundo que circunda o direito. De igual maneira, as matérias fornecem subsídios 
para que o aluno possa manipular conceitos mais sofisticados. Muito do que se aprende em 
economia, por exemplo, terá implicações para o direito tributário e direito econômico, 
matérias que serão estudadas ao fim do curso. Indiretamente, grande parte do conteúdo de 
economia informa a disciplina do direito privado. 
Na origem etimológica da palavra economia, há duas palavras gregas: 
· oikos, cuja tradução é casa, 
· nomos, que significa norma ou lei. 
Em outras palavras, economia significa a “lei da casa”. E qual é a lei da casa? Sobreviver com os 
recursos disponíveis. 
Essa composição explicita bem o papel do estudo econômico: analisar como a sociedade, 
trabalhando com a escassez de seus recursos, atende às suas próprias necessidades. Assim, 
destacam-se duas noções primárias pertinentes à ciência econômica, retiradas da experiência 
e da própria vivência docotidiano: as necessidades humanas e a bens produtivos. 
A economia tem caráter social, uma vez que ocupa-se do comportamento humano e estuda 
como as pessoas e as organizações na sociedade se empenham na produção, na troca e no 
consumo de bens e serviços. 
As necessidades 
Comumente, quando se fala de uma necessidade, está implícita a ideia de vontade ou 
aspiração. Assim, o indivíduo tem necessidade de se alimentar, mas também possui 
necessidade de cuidar de si, ter respeito dos outros ou criatividade. A pirâmide de Maslow 
ilustra abaixo a hierarquia das necessidades humanas: inicialmente, busca-se o mais básico, 
relacionado à fisiologia humana, mas gradativamente, o ser humano deseja outras 
necessidades: segurança, amor/relacionamento, estima e realização pessoal aparecem 
sucessivamente nest€a lista. 
 
A maioria das necessidades de que trata a economia se localizam mais na base da pirâmide, 
relacionando-se principalmente ao material. Ainda que a economia possa ter um papel na 
realização pessoal, a sua contribuição principal se liga às necessidades mais básicas materiais. 
Para a economia, necessidade implica a sensação de falta de alguma coisa, sempre 
acompanhada do desejo de satisfazê-la. Deste modo, quando alguém deseja um objeto de 
consumo, como um carro ou uma bolsa de marca, procura uma maneira de obtê-lo, utilizando 
a moeda como meio de troca. Nesse sentido mais estrito, a necessidade terá implicações 
econômicas. 
Também é importante destacar que as necessidades humanas são ilimitadas, isto é, podem ser 
vistas como tendentes a se reproduzirem até o infinito. 
Os bens econômicos e os recursos produtivos 
Diferente do que ocorre com as necessidades humanas, os recursos de que dispõe a 
humanidade para satisfazer as suas necessidades são finitos. Essa limitação dos recursos 
ocorre, ainda que se considere que, até o momento, as sociedades humanas tenham sido bem 
sucedidas nos progressos tecnológicos. 
Para entender melhor essa situação, é preciso assimilar os conceitos de bens econômicos e 
recursos produtivos. 
Os bens econômicos são tangíveis e se caracterizam, de forma geral, pela utilidade 
e insuficiência. Eles supõem um esforço humano para serem conseguidos e, exatamente por 
isso, são comercializados. Além disso, os bens econômicos contrapõem-se aos bens livres, que, 
apesar de também serem úteis, não são escassos. 
Os bens econômicos podem ser classificados de duas maneiras: 
v Quanto à natureza 
Ø Bens materiais: alimentos, máquinas, terras e assim por diante 
Ø Bens imateriais: serviços prestados 
v Quanto ao destino 
Ø Bens de consumo: atendem de forma direta a uma determinada necessidade (podem ser 
duráveis ou não duráveis) 
Ø Bens de capital: fazem parte da cadeia produtiva cujo objeto final é um bem de consumo 
É importante observar que o conceito de bem econômico se diferencia de qualquer conceito 
de bem contido em direito, o qual será estudado detalhadamente ao longo do curso de direito 
civil. Por ora, se estiver curioso para saber como o direito lida com o tema, veja o apêndice ao 
fim deste módulo, o qual contém as regras básicas sobre os bens em direito. 
Já os recursos produtivos, também conhecidos como fatores de produção, são os elementos 
básicos a partir dos quais se obtêm os bens e os serviços. Os três principais recursos produtivos 
são a terra (áreas cultiváveis e mineradoras, florestas), o trabalho e o capital (bens de capital). 
 
A escassez 
 
Como mostra o esquema acima, a escassez advém não só da limitação dos recursos 
produtivos, mas também das amplas necessidades humanas. Considerando simultaneamente 
essa demanda infinita e a possibilidade de esgotamento dos recursos usados para atendê-la, 
temos uma situação crítica com a qual a sociedade deve lidar. Em outras palavras, a escassez 
precisa ser administrada, levando em conta a urgência das necessidades humanas e a 
limitação dos recursos que são usados para atendê-las. 
Logo, a economia é uma ciência social que estuda como as pessoas e a sociedade decidem 
empregar recursos escassos – que poderiam ter utilização alternativa – na produção de bens e 
serviços, de modo a distribuí-los entre as várias pessoas e grupos da sociedade. 
Como pensar a economia? 
A ciência econômica é pensada a partir de modelos, concebidos no intuito de explicar e prever 
diversos fenômenos. Modelos são representações simplificadas da realidade ou das principais 
características de uma teoria. O crescimento econômico, a inflação, o desemprego, o 
comportamento de consumo de determinada classe social são temas frequentemente 
abordados pelas construções teóricas econômicas. 
Sistemas econômicos 
Sistema econômico, rigorosamente, implica um conjunto orgânico de instituições através do 
qual a sociedade irá enfrentar o problema da escassez. Em outras palavras, é o conjunto de 
instituições destinado a permitir a qualquer grupo humano administrar seus recursos escassos 
com um mínimo de proficiência, evitando o quanto possível a dispersão dos mesmos. 
De modo geral, para conhecer um sistema econômico, formulam-se três perguntas distintas, 
perguntas estas que delineiam um sistema econômico: o que produzir, como produzir e para 
quem produzir. Como os recursos da sociedade são escassos, cada vez que uma decisão é 
tomada, exclui-se automaticamente a outra alternativa disponível para a utilização daquele 
recurso escasso. Logo, o conceito de custo de oportunidade, aplicável a outras áreas do 
pensamento econômico, pode ser definido como o custo de algo em termos de oportunidade 
renunciada. 
Assim, há três formas de se organizar a produção num sistema econômico: 
1) Sistema de tradição: possui índole mágico-religiosa. Caracteriza as sociedades arcaicas, como 
a antiga civilização egípcia. 
2) Sistema de autoridade: baseia-se na crença na capacidade de previsão e execução dos 
órgãos centrais de direção (o Estado). Não acredita na autonomia como diretriz de solução 
para as questões econômicas. Um exemplo é o sistema socialista (modelo real). 
3) Sistema de autonomia: fundamenta-se na capacidade coordenadora do mercado (“mão 
invisível”), bem como no princípio hedonista da “lei do menor esforço”. Seu motor principal é 
o agente racional. Corresponde ao sistema capitalista. 
Sistema econômico de autonomia 
Para compreender melhor como se configura o sistema econômico de autonomia atualmente, 
é importante que se assinale alguns importantes marcos históricos. 
No século XVIII entrou em curso a primeira Revolução Industrial, baseada na invenção da 
máquina a vapor. Com esse avanço tecnológico, a indústria passou a substituir aos poucos o 
artesanato no continente europeu, tendo a Inglaterra como polo irradiador de mudanças. O 
século XVIII também acompanhou o desenvolvimento da teoria liberal política, que surgiu 
como contestação ao Absolutismo. Um de seus grandes expoentes foi o filósofo inglês Adam 
Smith. A Riqueza das Nações, obra de sua autoria, sintetiza perfeitamente as concepções 
liberais e progressistas daquele período e foi publicada em 1776 (no mesmo ano em que se 
proclamou a independência dos Estados Unidos da América). Além disso, A Riqueza das 
Nações marca o nascimento do pensamento econômico – quando ele finalmente se propõe 
como ciência social. 
Já no século XIX, conforme a ciência econômica se consolidava e ganhava cada vez mais 
destaque na sociedade, acompanhou-se o surgimento da corrente utilitarista, cujo princípio 
básico é o de que os atos não devem ser avaliados como moralmente certos ou errados pelas 
intenções que carregam, mas pelas consequências que trazem (ganhos possíveis). Essa visão 
enraizou-se no pensamento econômico, oferecendo-lhe ampla fundamentação até os dias 
atuais. Entretanto, vale dizer que a concepção utilitarista se opõe – até radicalmente – ao 
modo pelo qual o direito se estabelece na sociedade. De fato, a grande maioria das regras no 
direito contêm uma valoração, isto é, um julgamento do que é certoou errado, deixando 
afastadas as consequências que implicarão ao serem postas em prática. Por outro lado, as 
decisões econômicassomente focam em um resultado que deve ser idealmente favorável. 
Economia normativa e positiva 
Os argumentos positivos explicam como os fenômenos de fato são e, sob essa perspectiva, 
pretendem compreender e prevê-los no mundo real. Por outro lado, os argumentos 
normativos tentam encontrar uma alternativa para a constituição dos fenômenos, isto é, 
estabelecem como eles deveriam ser. Esse julgamento é normalmente feito com base moral. A 
economia positiva e a economia normativa se relacionam intimamente uma vez que “é preciso 
entender para prever e prever para entender”. 
Quando é necessário tomar uma decisão, o economista tem de recorrer a algum desses dois 
aspectos. Por exemplo, no combate à inflação, várias políticas podem ser adotadas, algumas 
das quais podem prejudicar parte da sociedade. Assim, acaba sendo necessário escolher entre 
adotar medidas radicais para resolver o problema do aumento dos preços (utilitarismo) ou 
adotar medidas mais moderadas, de leve impacto tanto na sociedade (por exemplo, evitando 
o que o desemprego se agrave) quanto no problema a ser solucionado. 
Microeconomia e macroeconomia 
É possível adotar dois campos de estudo na economia, um mais restrito e outro mais 
abrangente: eles correspondem, nessa ordem, à microeconomia e à macroeconomia. 
A microeconomia considera o comportamento das unidades econômicas e dos mercados em 
que operam, por exemplo, sob a perspectiva dos preços de determinado produto (o café, o 
tomate, automóveis, etc.). De outro lado, a macroeconomia volta-se para agregados mais 
amplos, como o mercado de uma nação inteira, levantando questões como: por que os 
produtos estão ficando mais caros? O que fazer para alavancar o crescimento econômico 
desse país? Por que é tão alto o índice de desemprego? Enfim, em analogia, a macroeconomia 
seria uma “floresta” da qual pertenceriam várias “árvores”, cada qual um pequeno universo 
analisado correspondente a cada perspectiva da microeconomia. 
 Aprendeu tudo? Se ainda estiver disposto, sugere-se assistir ao vídeo sobre este conteúdo, 
clicando-se aqui. 
 APÊNDICE – CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO 
LIVRO II - DOS BENS 
TÍTULO ÚNICO - Das Diferentes Classes de Bens 
CAPÍTULO I - Dos Bens Considerados em Si Mesmos 
Seção I - Dos Bens Imóveis 
Art. 79. São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente. 
Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais: 
I - os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram; 
II - o direito à sucessão aberta. 
Art. 81. Não perdem o caráter de imóveis: I - as edificações que, separadas do solo, mas 
conservando a sua unidade, forem removidas para outro local; II - os materiais 
provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem. 
Seção II - Dos Bens Móveis 
Art. 82. São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força alheia, 
sem alteração da substância ou da destinação econômico-social. 
Art. 83. Consideram-se móveis para os efeitos legais: I - as energias que tenham valor 
econômico; II - os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes; III - os 
direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações. 
Art. 84. Os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem empregados, 
conservam sua qualidade de móveis; readquirem essa qualidade os provenientes da demolição 
de algum prédio. 
Seção III - Dos Bens Fungíveis e Consumíveis 
Art. 85. São fungíveis os móveis que podem substituir-se por outros da mesma espécie, 
qualidade e quantidade. 
Art. 86. São consumíveis os bens móveis cujo uso importa destruição imediata da própria 
substância, sendo também considerados tais os destinados à alienação. 
Seção IV - Dos Bens Divisíveis 
Art. 87. Bens divisíveis são os que se podem fracionar sem alteração na sua substância, 
diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam. 
http://www.youtube.com/watch?v=p1-Kwzs7UmE
Art. 88. Os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis por determinação da lei 
ou por vontade das partes. 
 Seção V - Dos Bens Singulares e Coletivos 
Art. 89. São singulares os bens que, embora reunidos, se consideram de per si, 
independentemente dos demais. 
Art. 90. Constitui universalidade de fato a pluralidade de bens singulares que, pertinentes à 
mesma pessoa, tenham destinação unitária. 
Parágrafo único. Os bens que formam essa universalidade podem ser objeto de relações 
jurídicas próprias. 
Art. 91. Constitui universalidade de direito o complexo de relações jurídicas, de uma pessoa, 
dotadas de valor econômico. 
CAPÍTULO II - Dos Bens Reciprocamente Considerados 
Art. 92. Principal é o bem que existe sobre si, abstrata ou concretamente; acessório, aquele 
cuja existência supõe a do principal. 
Art. 93. São pertenças os bens que, não constituindo partes integrantes, se destinam, de modo 
duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro. 
Art. 94. Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não abrangem as pertenças, 
salvo se o contrário resultar da lei, da manifestação de vontade, ou das circunstâncias do caso. 
Art. 95. Apesar de ainda não separados do bem principal, os frutos e produtos podem ser 
objeto de negócio jurídico. 
Art. 96. As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias. 
§ 1o São voluptuárias as de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso habitual do 
bem, ainda que o tornem mais agradável ou sejam de elevado valor. 
§ 2o São úteis as que aumentam ou facilitam o uso do bem. 
§ 3o São necessárias as que têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore. 
Art. 97. Não se consideram benfeitorias os melhoramentos ou acréscimos sobrevindos ao bem 
sem a intervenção do proprietário, possuidor ou detentor. 
CAPÍTULO III - Dos Bens Públicos 
Art. 98. São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito 
público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem. 
Art. 99. São bens públicos: I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e 
praças; II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou 
estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de 
suas autarquias; III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de 
direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades. 
Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, consideram-se dominicais os bens 
pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de direito 
privado. 
Art. 100. Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis, 
enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar. 
Art. 101. Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências da lei. 
Art. 102. Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião. 
 Art. 103. O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído, conforme for 
estabelecido legalmente pela entidade a cuja administração pertencerem. 
 
 
Módulo Dois: História do pensamento econômico 
2. A Evolução do Pensamento Econômico 
 
 
 
Nesse capítulo, elegemos as principais correntes de pensamento e os teóricos que 
contribuíram para o desenvolvimento da ciência econômica que acompanha osistema 
capitalista. 
O começo: mercantilistas e fisiocratas 
 Ambas as correntes se desenvolveram previamente à consolidação da ciência 
econômica, nos séculos XVI e XVII. Nessa época, o mundo europeu já passava por várias 
transformações. No campo político, o Absolutismo monárquico delineava-se em vários cantos 
do continente, encerrando um longo período de descentralização do poder (feudalismo), o 
qual passou a concentrar-se nas mãos de um soberano(monarca). No século XVI, iniciou-se a 
expansão marítimo-colonial, liderada pelos países da península Ibérica: Portugal e Espanha. 
Logo em seguida, outras nações fizeram parte do processo, como a Inglaterra e a França. Foi 
nesse contexto que surgiu a corrente mercantilista, preocupada em explicar a nova realidade 
que se abria para os europeus. 
 O mercantilismo propunha-se a determinar precisamente como poderia enriquecer 
uma nação. A resposta encontrada foi o comércio, ou seja, o intercâmbio de mercadorias com 
base em uma unidade de valor (a moeda) seria a prática que conduziria o país que desejasse 
acumular riquezas ao sucesso. Para garantir o lucro, os países da época adotaram medidas 
protecionistas, visando manter sua balança comercial positiva – quando as exportações 
superam as importações. As relações econômicas entre metrópoles e colônias consagraram-se 
através do Pacto Colonial, que estabelecia regras de exclusividade. Por exemplo: no Brasil, 
somente portugueses poderiam praticar o comércio e, no mesmo sentido, os brasileiros 
somente poderiam vender sua produção (agrícola, predominantemente) para Portugal. 
Qualquer atividade comercial que desrespeitasse esses moldes seria considerada contrabando, 
sujeitando seus praticantes a uma determinada pena. Ao mesmo tempo, estimulava-se que as 
colônias vendessem o máximo possível para suas respectivas metrópoles, a fim de que estas 
pudessem revender com lucro para outras nações. Outra característica importante do 
mercantilismo foi o metalismo: em tese, o país que detivesse mais ouro, prata e outros metais 
preciosos seria, na mesma proporção, o mais rico. Portugal e Espanha dedicaram suas 
economias intensamente à mineração, o que, no entanto, lhes trouxe uma série de prejuízos. 
 A corrente fisiocrata (palavra que se origina do termo grego physis) desenvolveu-se a 
partir do século XVII na França e estabeleceu, diferentemente da mercantilista, que a riqueza 
advém da natureza. Segundo esse raciocínio, a agricultura seria a principal atividade 
econômica, subordinando a indústria. Por exemplo: ao plantarmos e irrigarmos uma semente, 
após certo tempo, ela se desenvolve e, quando a nova planta alcança um estágio de 
amadurecimento, pode-se colher seus frutos para subsistência ou aproveitar sua madeira em 
alguma técnica. Essa noção, por mais natural que possa parecer, revela-se um pouco ingênua, 
por uma série de motivos. Principalmente porque ignora quase que por completo a questão da 
produtividade agrícola. É fácil perceber que, utilizando recursos tecnológicos como insumos e 
fertilizantes obtidos da atividade industrial, tal produtividade aumenta consideravelmente. 
Assim, o papel da indústria é bastante relevante, principalmente nos dias atuais. 
A Escola Clássica 
Adam Smith (1723-1790) 
O escocês Adam Smith foi amplamente influenciado pelos fisiocratas, tendo convivido 
com expoentes desta corrente como os franceses François Quesnay e Turgot (que também 
exerceram, em períodos distintos, o cargo de ministro das finanças do Estado absolutista 
francês). Entretanto, ele já julgava que não só a agricultura teria um importante papel a 
desempenhar na economia, mas também a indústria e o comércio. A primeira Revolução 
Industrial foi acompanhada de perto por Adam Smith, que, devido ao fato de perceber as 
várias mudanças implicadas no sistema econômico capitalista graças a essa nova situação 
histórica, conseguiu elaborar de forma original uma teoria que abriu os precedentes para a 
consolidação do estudo econômico como verdadeira ciência, calcada na observação e 
interpretação da realidade. 
Em sua obra mais importante, A Riqueza das Nações, Smith preocupa-se em responder 
estas três perguntas: 
1. Que fatores são responsáveis pelo crescimento humano? 
2. Se o homem é egoísta por natureza, por que a sociedade não acaba, isto é, não se 
desagrega? 
3. Para onde caminha a sociedade? 
 Adam Smith, quanto à primeira indagação, entende que o crescimento econômico e a 
prosperidade dos países advêm do trabalho humano, cujo desempenho estaria condicionado 
por duas variáveis: a divisão de tarefas e a proporção de trabalhadores produtivos em relação 
aos improdutivos. O papel da divisão de tarefas é elucidado a partir do clássico exemplo da 
fabricação de alfinetes, cujo método já possuía uma sistematização no século XVIII. Tal divisão 
tem como fundamento o princípio de que, quando etapas separadas de um processo são 
delegadas a várias pessoas, que as executam com rapidez e destreza, a produtividade final será 
bem maior, comparando-se ao desempenho de apenas uma pessoa realizando todas as etapas 
do mesmo processo. Leia o excerto abaixo, extraído de A Riqueza das Nações, para 
compreender melhor esse conceito: 
 Tomemos, pois, um exemplo, tirado de uma manufatura muito pequena, mas na qual 
a divisão do trabalho multas vezes tem sido notada: a fabricação de alfinetes. Um operário 
não treinado para essa atividade (que a divisão do trabalho transformou em uma indústria 
específica) nem familiarizado com a utilização das máquinas ali empregadas (cuja 
invenção provavelmente também se deveu à mesma divisão do trabalho), dificilmente 
poderia talvez fabricar um único alfinete em um dia, empenhando o máximo de trabalho; 
de qualquer forma, certamente não conseguirá fabricar vinte. Entretanto, da forma como 
essa atividade é hoje executada, não somente o trabalho todo constitui uma indústria 
específica, mas ele está dividido em uma série de setores, dos quais, por sua vez, a maior 
parte também constitui provavelmente um ofício especial. 
 Um operário desenrola o arame, um outro o endireita, um terceiro o corta, um quarto 
faz as pontas, um quinto o afia nas pontas para a colocação da cabeça do alfinete; para 
fazer uma cabeça de alfinete requerem-se 3 ou 4 operações diferentes; montar a cabeça já 
é uma atividade diferente, e alvejar os alfinetes é outra; a própria embalagem dos 
alfinetes também constitui uma atividade independente. Assim, a importante atividade de 
fabricar um alfinete está dividida em aproximadamente 18 operações distintas, as quais, 
em algumas manufaturas são executadas por pessoas diferentes, ao passo que, em outras, 
o mesmo operário às vezes executa 2 ou 3 delas. 
Vi uma pequena manufatura desse tipo, com apenas 10 empregados, e na qual alguns 
desses executavam 2 ou 3 operações diferentes. Mas, embora não fossem muito hábeis, e 
portanto não estivessem particularmente treinados para o uso das máquinas, conseguiam, 
quando se esforçavam, fabricar em torno de 12 libras de alfinetes por dia. Ora, 1 libra 
contém mais do que 4 mil alfinetes de tamanho médio. Por conseguinte, essas 10 pessoas 
conseguiam produzir entre elas mais do que 48 mil alfinetes por dia. Assim, já que cada 
pessoa conseguia fazer 1/10 de 48 mil alfinetes por dia, pode-se considerar que cada uma 
produzia 4 800 alfinetes diariamente. 
Se, porém, tivessem trabalhado independentemente um do outro, e sem que nenhum 
deles tivesse sido treinado para esse ramo de atividade, certamente cada um deles não 
teria conseguido fabricar 20 alfinetes por dia, e talvez nem mesmo 1, ou seja: com certeza 
não conseguiria produzir a 240ª parte, e talvez nem mesmo a 4 800ª parte daquilo que hoje 
são capazes de produzir, em virtude de uma adequada divisão do trabalho e combinação de 
suas diferentes operações. 
 Adam Smith possui uma visão otimista quanto ao futuro da sociedade, que se justificaria 
porque, nesse tempo, o sucesso de negócios empresariais acabaria se revertendo em 
benefícios para os trabalhadores, na forma de salários mais vantajosos. Exemplo atual disso 
seria a conquista de regulamentação profissional das empregadas domésticas, que veio 
acompanhada de melhores condições de serviço e remuneração. 
David Ricardo (1722-1823) 
David Ricardo busca fornecer à teoria econômica uma explicação para a distribuição do 
excedente entre as diversas classessociais, importante preocupação que não havia sido 
abordada por Adam Smith. Além disso, ele formalizará muitos conceitos econômicos, 
conquistando o papel de maior influente entre os clássicos. Dentre sua vasta produção, é 
importante estudar as seguintes construções: a teoria do valor e a teoria das vantagens 
comparativas. 
A primeira teoria estabelece que o produto ou a mercadoria valem exatamente a 
quantidade de trabalho nestes incorporada, ou seja, a soma de trabalho mediato e imediato. 
Sua significação na realidade se estabelece da seguinte maneira: se uma mercadoria for 
produzida pelo emprego de uma máquina e um trabalhador, entram no cálculo do valor da 
mercadoria tanto o custo em trabalho do trabalhador (gasto imediato) como o custo do 
trabalho incorporado à máquina (gasto mediato). Isto, entretanto, não explica os preços de 
determinado produto no mercado, uma vez que eles também oscilam de acordo com sua 
oferta e procura. 
Por sua vez, a teoria das vantagens comparativas estabelece que o comércio entre 
nações que se especializam na produção dos itens para os quais estão mais aparelhadas é 
benéfico para todas as partes. Como exemplo, podemos citar o câmbio entre Portugal (vinhos) 
e Inglaterra (tecidos): a troca de excedentes entre esses países manteria suas economias 
funcionando e gerando recursos para que se melhorasse a sua especialização. Esse argumento 
foi uma poderosa arma nas mãos dos adeptos do livre comércio. Contudo, já no século XX, foi 
alvo de críticas da CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina da ONU) e de Raul 
Prebisch, uma vez que possibilitaria a deterioração dos termos de troca, favorecendo a parte 
cujo sistema de produção seria comparativamente mais eficiente. 
Thomas Malthus (1766-1824) 
 Thomas Malthus foi contemporâneo de David Ricardo e sua literatura foi largamente 
influenciada pelos acontecimentos de seu tempo: a Revolução Industrial, a Revolução Francesa 
e as guerras napoleônicas. Seu Ensaio sobre o princípio da população enuncia que a causa de 
todos os males sociais está na fertilidade humana, sendo a guerra e as epidemias ferramentas 
de controle do aumento populacional – que tenderia à derrocada da civilização. É necessário 
dizer que essa concepção, embora supostamente encontrasse amparo na época em que foi 
elaborada, foi desmentida, dentre outros fatores, pelos recentes avanços tecnológicos na 
agricultura, cuja produção, a partir da Revolução Verde, nunca foi tão alta e capaz de sustentar 
as populações humanas. 
 Malthus também preocupou-se com o problema da superprodução, por não acreditar 
na concepção liberal dominante na época de que “para cada oferta haveria uma demanda” (lei 
de Say). Uma solução sugerida para esse dilema foi o aumento da demanda por bens de 
consumo, isto é, do papel das camadas consumidoras de produtos úteis e empregados nas 
mais diversas áreas do dia-a-dia. Essa sugestão foi posteriormente aproveitada por John 
Keynes, já no século XX. 
A Era Neoclássica (1870-1930) 
 Enquanto os clássicos (Adam Smith, David Ricardo, Thomas Malthus e Karl Marx) 
estudaram as relações de produção que surgiam entre indivíduos, o enfoque da escola 
neoclássica ou marginalista foi bem outro: as relações que se estabelecem entre a produção 
material e seres humanos. A preocupação principal dos teóricos que a desenvolveram (William 
Jevons, Carl Menger e Léon Walras) foi a alocação ótima de recursos entre fins alternativos 
(oferta = demanda), que culminou na formulação das ideias de escassez e acréscimos 
marginais. Além disso, elaboraram-se os conceitos de utilidade total e utilidade marginal, 
relacionados ao valor possuído por determinado produto. A utilidade total representa uma 
tendência progressiva, mas tendente a um estado de equilíbrio; por sua vez, a utilidade 
marginal é concebida como supérflua e, neste sentido, é propensa a decair. Em termos mais 
concretos: a utilidade total corresponderia à frase “sempre é útil um carro a mais”, enquanto a 
utilidade marginal satisfaria a seguinte proposição: “o segundo carro é menos útil que o 
primeiro”. 
 
Com base nas informações sobre utilidade, os agentes de mercado tomam suas decisões sobre 
a alocação de recursos. Num mercado livre, as flutuações permitiriam que as quantidades e os 
preços se adaptassem até atingir o equilíbrio. Dentre os estudos conduzidos, encontra-se o de 
Vilfredo Paretto (1848-1923), para quem um sistema desfruta satisfação econômica máxima 
quando ninguém pode ter sua situação melhorada sem piorar a de outrem. Num 
mercado isolado, isso significa que a venda abaixo do preço de equilíbrio geraria escassez, 
deixando parcela da demanda não atendida. Do mesmo modo, a venda acima do preço de 
equilíbrio geraria excesso de oferta, o que significa desperdício. 
 
 
Veja-se que tais condições somente pode funcionar sob a égide da concorrência perfeita. 
Como o próprio nome diz, ela é perfeita e corresponde à situação em que, teoricamente, a 
geração de riqueza para a sociedade é máxima. Porém, não existe nada perfeito e os cenários 
a serem estudados se aproximam dele. Logo, a concorrência perfeita é um modelo totalmente 
livre. As premissas deste modelo dificilmente se encontram na realidade. Veja-se apenas 
algumas destas hipóteses: 
a) Muitos vendedores e muitos compradores (atomização do mercado ou ausência de 
poder econômico); 
b) Homogeneidade do produto (produto deve ser igual ou muito semelhante); 
c) Mobilidade das empresas (empresas podem entrar e sair do mercado a qualquer 
tempo sem custos irrecuperáveis); 
d) Racionalidade: todos os agentes agem com racionalidade, fazendo uma análise custo 
benefício antes da tomada das decisões; 
e) Transparência do mercado: todos os consumidores possuem acesso a todas as 
informações para tomada de suas decisões; 
f) Inexistência de externalidades; e 
g) Plena mobilidade de bens, ou seja, não há custo de transporte. 
O Keynesianismo 
Em 1929, a Crise da Bolsa de Valores de Nova Iorque gerou uma crise econômica sem 
precedentes. Houve uma elevação dramática do desemprego e a maioria das tentativas de 
remediar os efeitos nefastos se mostraram infrutíferos a princípio. Tais medidas partiam da Lei 
de Say, a qual afirmava que o processo de produção capitalista é um processo de geração de 
rendas, de modo que toda a oferta gerava a sua demanda. 
Contudo, os fatos não correspondiam à realidade. As medidas do New Deal implementadas 
nos Estados Unidos a partir de 1932 pelo Presidente Roosevelt começavam a ter resultado, 
mas ainda assim, careciam de base ou explicação teórica. Os sindicatos começam a romper a 
lei da oferta e da demanda no mercado de trabalho, na medida em que não permitem mais a 
queda dos salários em termos nominais. Constatou-se que a concorrência perfeita era, em 
realidade, um modelo distante da realidade. Neste contexto, em 1936, John Maynard Keynes 
(1883-1946) publicou a sua Teoria Geral da Moeda e dos Juros. 
Keynes parte do pressuposto de que os problemas do desemprego e da distribuição desigual 
de renda pode ser eliminados por meio de Estado. Para tanto, rebate a lei de Say, 
argumentando que a demanda efetiva era composta de bens de consumo (função renda), mas 
também de bens de investimento (função de juros e expectativa quanto aos lucros). 
A Função renda é determinada pelos gastos de consumo e investimento. O consumo tende a 
ser estável e o aumento da aumento de renda aumenta o consumo em proporção menor. 
Assim, haveria uma relação entre a renda e o investimento: a renda seria determinada em 
grande parte pelo investimento. Como este se sujeita às expectativas, logo a instabilidade do 
investimento explica a instabilidade do capitalismo. Logo, a formulação do Princípio da 
Demanda Efetiva corresponde à negação da lei de Say. Gastos em consumo e investimento 
fomentariam a demanda, a qual, em seu turno, determinaria a produção. A demanda efetivacorresponderia, também, ao que se espera seja gasto em consumo e investimento. 
As propostas do Keynesianismo tiveram um enorme impacto no século XX. Também chamado 
de neoliberalismo, as políticas keynesianas tiveram um papel fundamental na consolidação do 
Estado do Bem-Estar Social e amenizaram significativamente as crises até os anos 1970. A 
intervenção do Estado na economia, antes relegada a um papel meramente secundário e 
circunstancial, assume destaque na vida econômica dos países e a política econômica sobre ao 
centro das atenções, explicitando os fins corretivos a serem perseguidos mediante 
“distorções” impostas ao livre funcionamento do mercado. 
Se você tiver interesse em aprofundar o tema, sugere-se assistir ao vídeo sobre as Teorias 
Econômicas de Keynes, na qual o Professor Luiz Gonzaga de Mello 
Belluzzohttp://www.youtube.com/watch?v=1pJduyhZgRU 
 
Apêndice 
 Caro aluno, seguem abaixo uma recomendação de leitura para que você possa se 
aprofundar no tema. Boa leitura! 
A Riqueza das Nações, de Adam Smith 
Primeiro volume 
Capítulo I: A divisão do trabalho 
http://www.youtube.com/watch?v=1pJduyhZgRU
O maior aprimoramento das forças produtivas do trabalho, e a maior parte da habilidade, 
destreza e bom senso com os quais o trabalho é em toda parte dirigido ou executado, parecem 
ter sido resultados da divisão do trabalho. 
Compreenderemos mais facilmente os efeitos produzidos pela divisão do trabalho na economia 
geral da sociedade, se considerarmos de que maneira essa divisão do trabalho opera em 
algumas manufaturas específicas. É comum supor que a divisão do trabalho atinge o grau 
máximo em algumas manufaturas muito pequenas; não, talvez, no sentido de que nessas a 
divisão do trabalho seja maior do que em outras de maior importância; acontece, porém, que 
nessas manufaturas menores, destinadas a suprir as pequenas necessidades de um número 
pequeno de pessoas o número total de trabalhadores é necessariamente menor, e os 
trabalhadores empregados em cada setor de trabalho multas vezes podem ser reunidos no 
mesmo local de trabalho e colocados imediatamente sob a perspectiva do espectador. 
Ao contrário, nas grandes manufaturas, destinadas a suprir as grandes necessidades de todo o 
povo, cada setor do trabalho emprega um número tão grande de operários que é impossível 
reuni-los todos no mesmo local de trabalho. Raramente podemos, em um só momento, 
observar mais do que os operários ocupados em um único setor. Embora, portanto, nessas 
manufaturas maiores, o trabalho possa ser dividido em um número de partes muito maior do 
que nas manufaturas menores, a divisão do trabalho não é tão óbvia, de imediato, e por isso 
tem sido menos observada. 
Tomemos, pois, um exemplo, tirado de uma manufatura muito pequena, mas na qual a divisão 
do trabalho multas vezes tem sido notada: a fabricação de alfinetes. Um operário não treinado 
para essa atividade (que a divisão do trabalho transformou em uma indústria específica) nem 
familiarizado com a utilização das máquinas ali empregadas (cuja invenção provavelmente 
também se deveu à mesma divisão do trabalho), dificilmente poderia talvez fabricar um único 
alfinete em um dia, empenhando o máximo de trabalho; de qualquer forma, certamente não 
conseguirá fabricar vinte. Entretanto, da forma como essa atividade é hoje executada, não 
somente o trabalho todo constitui uma indústria específica, mas ele está dividido em uma série 
de setores, dos quais, por sua vez, a maior parte também constitui provavelmente um ofício 
especial. 
Um operário desenrola o arame, um outro o endireita, um terceiro o corta, um quarto faz as 
pontas, um quinto o afia nas pontas para a colocação da cabeça do alfinete; para fazer uma 
cabeça de alfinete requerem-se 3 ou 4 operações diferentes; montar a cabeça já é uma 
atividade diferente, e alvejar os alfinetes é outra; a própria embalagem dos alfinetes também 
constitui uma atividade independente. Assim, a importante atividade de fabricar um alfinete 
está dividida em aproximadamente 18 operações distintas, as quais, em algumas manufaturas 
são executadas por pessoas diferentes, ao passo que, em outras, o mesmo operário às vezes 
executa 2 ou 3 delas. 
Vi uma pequena manufatura desse tipo, com apenas 10 empregados, e na qual alguns desses 
executavam 2 ou 3 operações diferentes. Mas, embora não fossem muito hábeis, e portanto 
não estivessem particularmente treinados para o uso das máquinas, conseguiam, quando se 
esforçavam, fabricar em torno de 12 libras de alfinetes por dia. Ora, 1 libra contém mais do que 
4 mil alfinetes de tamanho médio. Por conseguinte, essas 10 pessoas conseguiam produzir 
entre elas mais do que 48 mil alfinetes por dia. Assim, já que cada pessoa conseguia fazer 1/10 
de 48 mil alfinetes por dia, pode-se considerar que cada uma produzia 4 800 alfinetes 
diariamente. 
Se, porém, tivessem trabalhado independentemente um do outro, e sem que nenhum deles 
tivesse sido treinado para esse ramo de atividade, certamente cada um deles não teria 
conseguido fabricar 20 alfinetes por dia, e talvez nem mesmo 1, ou seja: com certeza não 
conseguiria produzir a 240ª parte, e talvez nem mesmo a 4 800ª parte daquilo que hoje são 
capazes de produzir, em virtude de uma adequada divisão do trabalho e combinação de suas 
diferentes operações. 
Em qualquer outro ofício e manufatura, os efeitos da divisão do trabalho são semelhantes dos 
que se verificam nessa fábrica insignificante embora em muitas delas o trabalho não possa ser 
tão subdividido, nem reduzido a uma simplicidade tão grande de operações. A divisão do 
trabalho, na medida em que pode ser introduzida, gera, em cada oficio, um aumento 
proporcional das forças produtivas do trabalho. A diferenciação das ocupações e empregos 
parece haver-se efetuado em decorrência dessa vantagem. Essa diferenciação, aliás, 
geralmente atinge o máximo nos países que se caracterizam pelo mais alto grau da evolução, 
no tocante ao trabalho e aprimoramento; o que, em uma sociedade em estágio primitivo, é o 
trabalho de uma única pessoa, é o de várias em uma sociedade mais evoluída. 
Em toda sociedade desenvolvida, o agricultor geralmente é apenas agricultor, e o operário de 
indústria somente isso. Também o trabalho que é necessário para fabricar um produto 
completo quase sempre é dividido entre grande número de operários. Quantas são as 
atividades e empregos em cada setor da manufatura do linho e da lã, desde os cultivadores até 
os branqueadores e os polidores do linho, ou os tingidores e preparadores do tecido! A 
natureza da agricultura não comporta tantas subdivisões do trabalho, nem uma diferenciação 
tão grande de uma atividade para outra, quanto ocorre nas manufaturas. E impossível separar 
com tanta nitidez a atividade do pastoreador da do cultivador de trigo quanto a atividade do 
carpinteiro geralmente se diferencia da do ferreiro. 
Quase sempre o fiandeiro é uma pessoa, o tecelão, outra, ao passo que o arador, o gradador, o 
semeador e o que faz a colheita do trigo muitas vezes são a mesma pessoa. Já que as 
oportunidades para esses diversos tipos de trabalho só retornam com as diferentes estações do 
ano, é impossível empregar constantemente um único homem em cada uma delas. Essa 
impossibilidade de fazer uma diferenciação tão completa e plena de todos os diversos setores 
de trabalho empregados na agricultura constitui talvez a razão por que o aprimoramento das 
forças produtivas do trabalho nesse setor nem sempre acompanha os aprimoramentos 
alcançados nas manufaturas. 
As nações mais opulentas geralmente superam todos os seus vizinhos tanto na agricultura 
como nas manufaturas; geralmente, porém distinguem-se mais pela superioridade na 
manufatura do que pela superioridade na agricultura. Suas terras geralmente são mais bem 
cultivadas, e, pelo fato de investirem mais trabalho e mais dinheiro nelas produzem mais em 
proporção à extensão e à fertilidade natural do solo. Entretanto, essa superioridade da 
produçãoraramente é muito mais do que em proporção à superioridade de trabalho e 
dispêndio. 
Na agricultura, o trabalho do país rico nem sempre é muito mais produtivo do que o dos países 
pobres, ou, pelo menos, nunca é mais produtivo na mesma proporção em que o é, geralmente, 
nas manufaturas. Por conseguinte, o trigo do país rico, da mesma qualidade, nem sempre 
chega ao mercado com preço mais baixo do que o do país pobre. O trigo da Polônia, com o 
mesmo grau de qualidade, é tão barato como o da França, não obstante a maior riqueza e o 
grau superior de desenvolvimento da França. O trigo da França é, nas províncias tritícolas, tão 
bom e frequentemente quase do mesmo preço que o trigo da Inglaterra, embora, em riqueza e 
progresso, a França talvez seja inferior à Inglaterra. As terras destinadas ao cultivo de trigo na 
Inglaterra são mais bem cultivadas do que as da França, e, como se afirma, as da França são 
muito mais bem cultivadas que as da Polônia. 
Todavia, embora um pais pobre, não obstante a inferioridade no cultivo das terras, possa, até 
certo ponto, rivalizar com os países ricos quanto aos baixos preços e à qualidade do trigo, 
jamais poderá enfrentar a competição no tocante às suas manufaturas; ao menos se essas 
indústrias atenderem às características do solo, do clima e da situação do país rico. As sedas da 
França são melhores e mais baratas que as da Inglaterra, porque a manufatura da seda, ao 
menos atualmente, com os altos incidentes sobre a importação da seda em estado bruto, não é 
tão adequada para o clima da Inglaterra como o é para o da França. Em contrapartida, as 
ferragens de ferro e as lãs rústicas da Inglaterra são de uma superioridade incomparável em 
relação às da França, e também muito mais baratas, no mesmo grau de qualidade. Na Polônia, 
afirma-se não haver praticamente manufatura de espécie alguma, excetuadas algumas 
indústrias caseiras, de tipo mais primitivo, com as quais nenhum país consegue subsistir. 
Esse grande aumento da quantidade de trabalho que, em conseqüência da divisão do trabalho, 
o mesmo número de pessoas é capaz de realizar, é devido a três circunstâncias distintas: em 
primeiro lugar, devido à maior destreza existente em cada trabalhador; em segundo, à 
poupança daquele tempo que, geralmente, seria costume perder ao passar de um tipo de 
trabalho para outro; finalmente, à invenção de um grande número de máquinas que facilitam e 
abreviam o trabalho, possibilitando a uma única pessoa fazer o trabalho que, de outra forma, 
teria que ser feito por muitas. 
Em primeiro lugar, vejamos como o aprimoramento da destreza do operário necessariamente 
aumenta a quantidade de serviço que ele pode realizar; a divisão do trabalho, reduzindo a 
atividade de cada pessoa a alguma operação simples e fazendo dela o único emprego de sua 
vida, necessariamente aumenta muito a destreza do operário. Estou certo de que um ferreiro 
comum que, embora acostumado a manejar o martelo, nunca fez pregos, se em alguma 
ocasião precisar e tentar fazê-lo, dificilmente conseguirá ir além de 200 ou 300 pregos por dia, 
aliás de muito má qualidade. Um ferreiro que está acostumado a fazer pregos, mas cuja única 
ou principal atividade não tem sido esta, raramente conseguirá, mesmo com o esforço 
máximo, fazer mais do que 800 ou 1000 pregos por dia. 
Tenho visto, porém, vários rapazes abaixo dos vinte anos que nunca fizeram outra coisa senão 
fabricar pregos e que, quando se empenhavam a fundo, conseguiam fazer, cada um deles, mais 
de 2 300 pregos por dia. E, no entanto, fazer pregos não é de forma alguma das operações 
mais simples. A mesma pessoa aciona o fole, atiça ou melhora o fogo quando necessário, 
aquece o ferro, e forja cada segmento do prego; ao forjar a cabeça do prego, é obrigada a 
mudar de ferramentas. As diferentes operações em que se subdivide a fabricação de um 
alfinete ou de um botão metálico são todas elas muito mais simples, sendo geralmente muito 
maior a destreza da pessoa que sempre fez isso na vida. A rapidez com a qual são executadas 
algumas das operações dessas manufaturas supera o que uma pessoa que nunca o presenciou 
acreditaria possível de ser conseguido pelo trabalho manual. 
Em segundo lugar, a vantagem que se aufere economizando o tempo que geralmente se 
perderia no passar de um tipo de trabalho para o outro é muito maior do que à primeira vista 
poderíamos imaginar. E impossível passar com muita rapidez de um tipo de trabalho para 
outro, porque este é executado em lugar diferente e com ferramentas muito diversas. Um 
tecelão do campo, que cultiva uma pequena propriedade, é obrigado a gastar bastante tempo 
em passar do seu tear para o campo, e do campo para o tear. Se os dois trabalhos puderem ser 
executados no mesmo local, certamente a perda de tempo é muito menor. Mas, mesmo nesse 
caso, ela ainda é muito considerável. 
Geralmente, uma pessoa se desconcerta um pouco ao passar de um tipo de trabalho para 
outro. Ao começar o novo trabalho, raramente ela se dedica logo com entusiasmo; sua cabeça 
"está em outra", como se diz, e, durante algum tempo ela mais fiaria do que trabalha 
seriamente. O hábito de vadiar e de aplicar-se ao trabalho indolente e descuidadamente 
adquiridos naturalmente - e quase necessariamente - por todo trabalhador do campo que é 
obrigado a mudar de trabalho e de ferramentas a cada meia hora e a fazer vinte trabalhos 
diferentes a cada dia, durante a vida toda, quase sempre o torna indolente e preguiçoso, além 
de fazê-lo incapaz de aplicar-se com intensidade, mesmo nas ocasiões de maior urgência. 
Independentemente, portanto, de sua deficiência no tocante à destreza ou rapidez, essa razão 
é suficiente para reduzir sempre e consideravelmente a quantidade de trabalho que ele é capaz 
de levar a cabo. 
Em terceiro - e último lugar - precisamos todos tomar consciência de quanto o trabalho é 
facilitado e abreviado pela utilização de máquinas adequadas. E desnecessário citar exemplos. 
Limitar-me-ei, portanto, a observar que a invenção de todas essas máquinas que tanto 
facilitam e abreviam o trabalho parece ter sua origem na divisão do trabalho. As pessoas têm 
muito maior probabilidade de descobrir com maior facilidade e rapidez métodos para atingir 
um objetivo quando toda a sua atenção está dirigida para esse objeto único, do que quando a 
mente se ocupa com uma grande variedade de coisas. 
Mas, em conseqüência da divisão do trabalho, toda a atenção de uma pessoa é naturalmente 
dirigida para um único objeto muito simples. Eis por que é natural podermos esperar que uma 
ou outra das pessoas ocupadas em cada setor de trabalho específico logo acabe descobrindo 
métodos mais fáceis e mais rápidos de executar seu trabalho específico, sempre que a natureza 
do trabalho comporte tal melhoria. Grande parte das máquinas utilizadas nas manufaturas em 
que o trabalho está mais subdividido constituiu originalmente invenções de operários comuns, 
os quais, com naturalidade, se preocuparam em concentrar sua atenção na procura de 
métodos para executar suai função com maior facilidade e rapidez, estando cada um deles 
empregado em alguma operação muito simples. 
Quem quer que esteja habituado a visitar tais manufaturas deve ter visto muitas vezes 
máquinas excelentes que eram invenção desses operários, a fim de facilitar e apressar a sua 
própria tarefa no trabalho. Nas primeiras bombas de incêndio um rapaz estava 
constantemente entretido em abrir e fechar alternadamente a comunicação existente entre a 
caldeira e o cilindro, conforme o pistão subia ou descia. Um desses rapazes, que gostava de 
brincar com seus companheiros, observou que, puxando com um barbante a partir da alavanca 
da válvula que abria essa comunicação com um outro componente da máquina, a válvula 
poderia abrir e fechar sem ajuda dele, deixando-o livre para divertir-se com seus colegas. 
Assim, um dos maiores aperfeiçoamentos introduzidos nessa máquina, desde que ela foi 
inventada, foi descoberto por um rapaz que queria poupar-se no própriotrabalho. 
Contudo, nem todos os aperfeiçoamentos introduzidos em máquinas representam invenções 
por parte daqueles que utilizavam essas máquinas. Muitos deles foram efetuados pelo 
engenho dos fabricantes das máquinas, quando a fabricação de máquinas passou a constituir 
uma profissão específica; alguns desses aperfeiçoamentos foram obra de pessoas 
denominadas filósofos ou pesquisadores, cujo ofício não é fazer as coisas, mas observar cada 
coisa, e que, por essa razão, muitas vezes são capazes de combinar entre si as forças e poderes 
dos objetos mais distantes e diferentes. 
Com o progresso da sociedade, a filosofia ou pesquisa torna-se, como qualquer ofício, a 
ocupação principal ou exclusiva de uma categoria específica de pessoas. Como qualquer outro 
ofício, também esse está subdividido em grande número de setores ou áreas diferentes, cada 
uma das quais oferece trabalho a uma categoria especial de filósofos; e essa subdivisão do 
trabalho filosófico, da mesma forma como em qualquer outra ocupação, melhora e aperfeiçoa 
a destreza e proporciona economia de tempo. Cada indivíduo torna-se mais hábil em seu setor 
específico, o volume de trabalho produzido é maior, aumentando também consideravelmente o 
cabedal científico. 
É a grande multiplicação das produções de todos os diversos ofícios - multiplicação essa 
decorrente da divisão do trabalho - que gera, em uma sociedade bem dirigida, aquela riqueza 
universal que se estende até às camadas mais baixas do povo. Cada trabalhador tem para 
vender uma grande quantidade do seu próprio trabalho, além daquela de que ele mesmo 
necessita; e pelo fato de todos os outros trabalhadores estarem exatamente na mesma 
situação, pode ele trocar grande parte de seus próprios bens por uma grande quantidade, ou - 
o que é a mesma coisa - pelo preço de grande quantidade de bens desses outros. Fornece-lhes 
em abundância aquilo de que carecem, e estes, por sua vez, com a mesma abundância, lhe 
fornecem aquilo de que ele necessita; assim é que em todas as camadas da sociedade se 
difunde uma abundância geral de bens. 
Observe-se a moradia do artesão ou diarista mais comum em um país civilizado e florescente, e 
se notará que é impossível calcular o número de pessoas que contribui com uma parcela - 
ainda que reduzida -de seu trabalho, para suprir as necessidades deste operário. O casaco de 
lã, por exemplo, que o trabalhador usa para agasalhar-se, por mais rude que seja, é o produto 
do trabalho conjugado de uma grande multidão de trabalhadores. O pastor, o selecionador de 
lã, o cardador, o tintureiro, o fiandeiro, a tecelão, o pisoeiro, o confeccionador de roupas, além 
de muitos outros, todos eles precisam contribuir com suas profissões específicas para fabricar 
esse produto tão comum de uso diário. Calcule-se agora quantos comerciantes e carregadores, 
além dos trabalhadores já citados, devem ter contribuído para transportar essa matéria-prima 
do local onde trabalham alguns para os locais onde trabalham outros, quando muitas vezes as 
distâncias entre uns e outros são tão grandes! Calcule-se quanto comércio e quanta navegação 
- incluindo aí os construtores de navios, os marinheiros, produtores de velas e de cordas - 
devem ter sido necessários para juntar os diferentes tipos de drogas ou produtos utilizados 
para tingir o tecido, drogas essas que frequentemente provêm dos recantos mais longínquos da 
terra! 
Quão grande é também a variedade de trabalho necessária para produzir as ferramentas do 
menos categorizado desses operários! Sem fazer menção de máquinas tão complexas como o 
navio ou barco do marujo, o moinho do pisoeiro, ou o próprio tear do tecelão, consideremos 
apenas que variedades de trabalho são necessárias para fabricar esse dispositivo tão simples 
que é a tesoura, com a qual o pastor tosa a lã das ovelhas. O mineiro, o construtor do forno 
destinado a fundir o minério, o cortador de madeira, o queimador do carvão a ser utilizado na 
câmara de fusão, o oleiro que fabrica tijolos, o pedreiro, os operários que operam o forno, o 
encarregado da manutenção das máquinas, o forjador, o ferreiro - todos precisam associar 
suas habilidades profissionais para poder produzir uma tesoura. 
Se fizéssemos o mesmo exame das diferentes peças de roupa e de mobilia usadas pelo 
operário, da tosca camisa de linho que lhe cobre a pele, dos sapatos que lhe protegem os pés, 
da cama em que se deita e de todas as diversas peças que compõem a sua mobilia e seus 
pertences, do fogão em que prepara os alimentos, do carvão que se utiliza para isso, escavado 
das entranhas da terra e trazido até ele talvez através de um longo percurso marítimo e 
terrestre, de todos os outros utensílios de sua cozinha, de todos os pertences da sua mesa - 
faca e garfos, travessas de barro ou de peltre em que serve as comidas - das diferentes mãos 
que colaboraram no preparo de seu pão e sua cerveja, da vidraça que deixa entrar o calor e a 
luz e afasta o vento e a chuva - com todo o conhecimento e arte exigidos para chegar a essa 
bela e feliz invenção, sem a qual as nossas regiões do norte dificilmente teriam podido criar 
moradias tão confortáveis - juntamente com as ferramentas de todos os diversos operários 
empregados na produção dessas diferentes utilidades. Se examinarmos todas essas coisas e 
considerarmos a grande variedade de trabalhos empregados em cada uma dessa utilidades, 
perceberemos que sem a ajuda e cooperação de muitos milhares não seria possível prover às 
necessidades, nem mesmo de uma pessoa de classe mais baixa de um país civilizado, por mais 
que imaginemos - erroneamente - é muito pouco e muito simples aquilo de que tais pessoas 
necessitam. 
Em comparação com o luxo extravagante dos grandes, as necessidades e pertences de um 
operário certamente parecem ser extremamente simples e fáceis e, no entanto, talvez seja 
verdade que a diferença de necessidades de um príncipe europeu e de um camponês 
trabalhador e frugal nem sempre é muito maior do que a diferença que existe entre as 
necessidades deste último e as de muitos reis da África, que são senhores absolutos das vidas e 
das liberdades de 10 mil selvagens nus. 
 
 
 
Módulo Três: Economia e Direito 
3. Economia e Direito 
No Módulo Dois, estudou-se como surgiu a noção de ciência econômica, bem como a sua 
evolução com os pensadores clássicos, neoclássicos e keynesianos. Tal estudo seria desprovido 
de utilidade prática para o estudante de direito se este não souber como tais conhecimentos 
se relacionam com a matéria que estuda. 
De fato, deve-se partir dos fundamentos jurídicos do sistema econômico baseado na 
autonomia ou liberdade dos indivíduos. Sistematizados a partir do século XVIII, tais 
características surgiram e se desenvolveram paralelamente ao liberalismo econômico. Embora 
liberalismo político e liberalismo econômico não se confundam, existe uma forte relação entre 
ambos: toda vez que houver liberalismo político, haverá liberdade econômica. Porém, o 
inverso nem sempre é verdade: haverá regimes liberais economicamente desprovidos de 
qualquer liberdade política – vide o caso da ditadura chilena de Pinochet. 
Os seguintes fatores caracterizam o sistema econômico de autonomia a partir do século XVIII: 
a) Aquisição de direitos fundamentais (vida, liberdade e propriedade), elevados à 
categoria superior de direitos constitucionais. 
b) Movimento de codificação do direito privado, a fim de lidar com os problemas 
decorrentes com a massificação da produção nascente com a industrialização. Com 
isso, garante-se o cumprimento dos contratos com maior clareza e facilidade. 
c) Evolução do Estado, de modo que este se voltasse exclusivamente para as atividades 
de provedor de segurança e justiça. Renega-se o papel do Estado na economia. Por 
outro lado, o poder Judiciário, apoiado na teoria da separação entre os poderes de 
Montesquieu e nos escritos de John Locke, adquire independência em relação ao 
Executivo e ao Legislativo. 
d) Surgimento lento dopoder de polícia e, consequentemente, do direito público. 
Embora ideologicamente contrário à intervenção estatal, há o reconhecimento de que 
há necessidade de intervenção estatal sobre a propriedade privada. Por poder de 
polícia, o art. 78 do Código Tributário Nacional define: “Considera-se poder de polícia 
atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interêsse 
ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de intêresse 
público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da 
produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de 
concessão ou autorização do Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à 
propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.” 
e) Surgimento da divisão entre o público e o privado. Em outras palavra, os bens do 
governante passam a se diferenciar dos bens do Estado, os quais estão vinculados ao 
interesse público. Logo, não pode mais o governante utilizar os bens do Estado a seu 
bel prazer, como se o Estado fosse sua propriedade privada. 
É dentro deste contexto que o mercado vai se estruturar. Embora o mercado existisse antes do 
sistema econômico de autonomia florescer sob o liberalismo econômico, a ausência destas 
características o tornavam diferente do mercado de outras épocas. O mercado pode ser 
definido como o local ou contexto em que compradores (que compõem o lado da procura) e 
vendedores (que compõem o lado da oferta) de bens, serviços ou recursos estabelecem 
contatos e realizam transações. 
No mundo real, as normas jurídicas e a teoria econômica possuem uma relação de 
reciprocidade. A análise econômica sempre parte dos pressupostos normativos vigentes e, ao 
mesmo tempo, o surgimento de novas questões econômicas em muito pode contribuir para 
mudar o arcabouço jurídico do presente. O direito acaba acomodando os diversos interesses 
decorrentes da pressão social dos diversos grupos (aposentados, empresários, ecologistas, 
evangélicos, trabalhadores, políticos etc). 
A noção de que o Estado deveria ocupar espaços substanciais na economia para promover o 
desenvolvimento está implícita na política econômica desde os anos 1930: o Estado toma a 
liderança no processo de industrialização e substituição de importações, criando-se uma 
grande quantidade de empresas públicas e sociedades de economia mista. 
Antes do colapso do socialismo no fim dos anos 1990, havia a noção de constituição dirigente 
ou diretiva, inspirada nos países lusófonos pelas obras de Canotilho: a Constituição Econômica 
direcionaria o funcionamento do mercado num determinado sentido. Veja-se o art. 170 da 
Constituição de 1988: 
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre 
iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça 
social, observados os seguintes princípios: i) Soberania nacional; ii) Propriedade privada; iii) 
Função social da propriedade; iv) Livre concorrência; v) Defesa do consumidor; vi) Defesa 
do meio ambiente; vii) Redução das desigualdades regionais e sociais; viii) Busca do pleno 
emprego; e ix) tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte. 
Esta visão gradativamente perdeu força, pois, nas últimas décadas, com a derrocada do 
socialismo, observou-se simultaneamente a redução da atividade econômica do Estado, ao 
mesmo tempo em que ocorreu o crescimento da importância de uma regulação para a 
economia, a fim de defender a concorrência e os interesses dos consumidores. 
No Brasil, a Constituição de 1988 foi elaborada neste momento de transição e, como tal, o 
Capítulo da “Ordem Econômica” continha um intervencionismo excessivo - para alguns, 
haveria até mesmo uma transição para o socialismo. Na realidade, ela refletia a consolidação 
do crescente intervencionismo econômico do período militar. 
A partir dos anos 1990, a liberalização econômica surge mais fortemente e Constituição de 
1988 é objeto de ampla reforma com uma série de emendas constitucionais, modificando 
diretamente a parte relativa à Constituição Econômica. Abaixo estão listadas as principais 
mudanças: 
 Emenda Constitucional n. 5/95: fim do monopólio dos Estados sobre o gás canalizado. 
 Emenda Constitucional n. 6/95 (art. 171): fim das vantagens das empresas de capital 
nacional relativamente às estrangeiras. Fim da exclusividade nacional para energia 
hidráulica. 
 Emenda Constitucional n. 7/95: fim das restrições à presença estrangeira na 
navegação brasileira. 
 Emenda Constitucional n. 8/95: acesso de empresas privadas às telecomunicações. 
 Emenda Constitucional n. 9/95: flexibilidade do monopólio estatal do petróleo. 
 Sem mais restrições significativas ao capital estrangeiro em serviços públicos (exceto 
em radiodifusão). 
De fato, após essas reformas, ganhou corpo a interpretação do art. 173 da Constituição, 
transcrito abaixo: 
Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade 
econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da 
segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei. 
Como se pode perceber, este artigo sobre o princípio da subsidiariedade já estava presente na 
redação original da Constituição de 1988, mas era obscurecido em virtude do forte caráter 
intervencionista de outros princípios. Agora, ele torna mais evidente que a intervenção estatal 
é subsidiária à iniciativa privada. 
Porém, isso não significa que o Estado deve se abster por completo daquilo que se passa no 
domínio econômico. De forma geral, reconhece-se no sistema econômico de autonomia que o 
Estado deve possuir certas funções na sociedade: 
 Função alocativa: alocação de recursos pelo governo para oferecer bens públicos (ex. 
rodovias, segurança), bens semi-públicos ou meritórios (ex. educação e saúde), 
desenvolvimento (ex. construção de usinas), etc. 
 Função distributiva: redistribuição de rendas realizada através das transferências, dos 
impostos e dos subsídios governamentais. Ex.: destinação de parte dos recursos 
provenientes de tributação ao serviço público de saúde, serviço mais utilizado por 
indivíduos de menor renda. 
 Função estabilizadora: aplicação das diversas políticas econômicas para promover o 
emprego, o desenvolvimento e a estabilidade, diante da incapacidade do mercado em 
assegurar o atingimento de tais objetivos. 
Permeando estas três funções, há a ideia de falhas de mercado. Quanto maiores as falhas de 
mercado, maiores seriam as medidas de intervenção do Estado. Há cinco falhas principais de 
mercado: 
1. Assimetria informacional. Sem a melhor informação, os agentes econômicos não 
tomam as decisões corretas. Neste sentido, a legislação de defesa do consumidor 
cria deveres de informar o prazo de validade de produtos e padrões de qualidade. 
Da mesma forma, a legislação de mercado de capitais impõe certos deveres 
de disclosure a respeito de informações comercialmente sensíveis para os preços 
das ações. 
2. Concentração econômica. Como se sabe, a concorrência é o regime em que a 
geração de riquezas é máxima. Fora da concorrência, há medida em que os 
produtores adquirem poder econômico, sua capacidade de agir unilateralmente 
aumenta. Isso ocorre se o produtor aumenta unilateralmente os preços (ou 
diminui a quantidade), se diminui a qualidade ou a variedade de produtos o 
serviços, ou se reduz o ritmo de inovações para aumentar os lucros. 
3. Externalidades. A produção de um bem acarreta efeitos positivos ou negativos 
sobre outros indivíduos e não há reflexos sobre os preços de mercado. Se os 
efeitos são bons – por exemplo, uma fábrica trazendo progresso para uma região -, 
diz-se que há externalidades positivas. Se os efeitos são ruins – por exemplo, a 
mesma fábrica poluindo -, diz-se que há externalidades negativas. 
4. Falta de mobilidade de fatores de produção. Com essa falha de mercado, existe 
uma limitação à capacidadede autocorreção do mercado, o automatismo da mão 
invisível de Adam Smith. O cafeicultor não pode simplesmente deixar de produzir 
café de um momento para outro: o pé de café leva 2 anos para começar a produzir 
e sua mudança antes de esgotada a vida útil prejudicaria a rentabilidade da 
lavoura. 
5. Bens coletivos. Os bens coletivos são aqueles que não há exclusão ou consumo 
simultâneo – em outras palavras, quando alguém o usa, outros podem utilizá-lo. 
Um bom exemplo é uma praça pública. Quando há bens coletivos, existe a 
tendência ao suprimento deficiente devido à falha de incentivo. 
 
Interessado em aprofundar os estudos? Cadastre-se no site veduca.com.br e 
clique aqui e aqui. 
Porém, nem sempre a mera identificação da falha de mercado é usada para justificar a 
intervenção estatal. A resposta também é dada pelo processo político e isso varia de acordo 
com variadas visões que se possa ter: 
 Anarquismo: nenhum estado (algo próximo entre a visão extremada do neoliberalismo 
moderno e o comunismo após o fim do estado) 
 Estado Gendarme: Garantia de que o mercado funcione e evite o estado de natureza. 
Segurança Pública, Justiça e Segurança Nacional. 
 Estado do Bem-Estar Social. Foco na prestação de serviços sociais à população. 
Geralmente é associado com elevados impostos. 
 Estado Desenvolvimentista: comprometimento com desenvolvimento econômico. 
Deve sempre o Estado intervir? Este é um grande dilema. No Brasil, o século XX foi marcado 
pela crença de que o Estado resolveria todos os problemas, inclusive os econômicos. As falhas 
de mercado surgiam como a perfeita justificativa para a ação estatal. Não havia qualquer 
preocupação, acadêmica ou política, com as falhas de governo, uma vez que se presumia que 
este sempre agia em defesa do interesse público. Ignorava-se o custo desta tentativa de 
correção das falhas. 
Como explicado, as falhas de mercado causam problemas na alocação ótima dos bens – em 
teoria, o livre mercado deixaria toda sociedade mais próspera, mas isso não acontece sempre 
e irrestritamente na prática, porque, em graus variados, há falhas de mercado. Por isso, o 
governo intervém. 
Porém, a ação do governo também apresenta falhas. Enquanto no conceito de falha de 
mercado há a ideia de que o mercado não funciona como deveria, no de falhas de governo 
aquele que funciona mal é o Estado. 
Diante deste dilema, o que fazer? Uma visão liberal extremada repeliria o Estado por 
completo. Contudo, o próprio Adam Smith julgava que o Estado deveria ter um papel na 
preservação dos mercados. Logo, uma postura pragmática sugere contrabalançar vantagens e 
desvantagens das falhas de governo em relação às falhas de mercado. 
Isso não significa que a decisão será sempre racional. Os eleitores podem preferir que o 
governo atue mesmo quando não houver necessidade ou quando o custo da intervenção for 
alto demais. 
As falhas de governos são apontadas como justificativa para a ausência de regulação ou pouca 
regulação ou pouca intervenção. De fato, por trás da noção de falhas de governo existe o 
conceito de custo de transação: todo custo para efetuar uma transação financeira. Assim, para 
celebrar um contrato de compra e venda, os tributos, os custos de registro, os honorários 
advocatícios e o papel serão custos de transação. Na visão liberal, o custo de transação é 
resultante da burocracia e não gera riqueza, devendo ser eliminado. É claro que é impossível 
acabar com todos os custos de transação, mas os liberais apregoam a redução considerável. 
Todas as regras do governo que exijam burocracia podem ser vistas como custo de transação – 
lembre-se do tempo que você gastou para fazer sua declaração de imposto de renda e 
certamente entenderá o que se quer dizer por custo de transação. 
http://veduca.com.br/play/1808
http://veduca.com.br/play/1813
Dentre as falhas regulatórias mais discutidas, está a captura regulatória. Em poucas palavras, é 
uma situação em que o ente regulador, responsável pela defesa do interesse público, é 
convencido a regular (ou não) um determinado aspecto da vida econômica na defesa dos 
interesses de um grupo privado. Não se trata necessariamente de corrupção, mas pode haver 
uma troca de favores: o governo regula de tal forma a beneficiar um determinado grupo de 
interesse e, em troca, o grupo de interesse financia a campanha política de certo partido 
político. Por vezes, o regulador sequer está mal intencionado, mas acaba endossando 
interesses privados. Os exemplos são vários. Há alguns anos, o CONATRAN (Conselho Nacional 
de Trânsito) determinou a obrigatoriedade do kit de primeiros socorros em todos os veículos 
sob pena de multa. Até a revogação da regra, que ficou vigente por algum tempo, os que 
dispunham dos kits os venderam e faturaram às custas de cidadãos cumpridores da lei. 
 
 
 
Módulo Quatro: Microeconomia - o mercado 
4. O conceito de economia e o funcionamento do mercado 
De forma geral, as teorias sobre o funcionamento do mercado lidam com os preços, 
o equilíbrio do mercado e a interação oferta e procura. 
Demanda 
Em primeiro lugar, a demanda (ou procura) de um indivíduo por um determinado bem (ou 
serviço) refere-se à quantidade desse bem que se deseja e está capacitado a comprar, medida 
por quantidade de tempo. A procura não se confunde com a realização do desejo, ou seja, com 
o ato da compra; na verdade, ela é representada pelo produto da aspiração do indivíduo e sua 
capacidade (poder de compra) para satisfazê-la. 
A demanda é influenciada pelos seguintes fatores: 
1. Preço do bem (Lei Geral da Demanda): a demanda é inversamente proporcional 
ao preço do bem desejado. Assim, quanto maior for este preço, menor será a 
demanda e, analogamente, quanto menor for o preço do mesmo bem, maior será 
a sua demanda. Isto é válido quando supõem-se invariáveis a renda, o gosto e a 
preferência do consumidor, o preço dos bens relacionados ao produto cuja análise 
está sendo realizada e, por fim, as expectativas quanto à renda, aos preços e às 
disponibilidades. Esquematicamente: 
 
2. Renda do consumidor: este fator concilia a procura por determinados bens e a 
capacidade do indivíduo de adquiri-los. A partir dessa relação, podemos classificar 
os bens de três diferentes maneiras: 
· Bens Normais (maior parte dos bens): a quantidade de bens adquiridos se eleva 
na mesma proporção que a renda – quanto maior for a renda, mais bens serão 
comprados. 
· Bens Inferiores: dentro de uma determinada faixa de renda, a demanda por um 
bem diminui à medida que a renda aumenta, uma vez que se buscam, variedades 
desse bem de melhor qualidade. Deste modo, entre pessoas que ganham de três a 
cinco salários mínimos, aqueles que mais recursos tiverem para o seu sustento se 
preocuparão em adquirir produtos mais caros, de melhor qualidade (carnes, pães, 
etc.) 
· Bens de Consumo Saciado: após um determinado nível de renda, o desejo do 
consumidor por bens desse tipo está saciado (com mais aumento na renda não há 
aumento na demanda desse produto). 
3. Gosto e preferência do consumidor: relaciona-se às preferências por produtos 
condicionadas pelo sexo, pela idade, pelas crenças, dentre outros fatores. 
4. Preço dos bens relacionados: a categoria dos bens relacionados divide-se entre: 
· Bens complementares: são aqueles que tendem a aumentar a satisfação do 
consumidor quando utilizados em conjunto, pois suas demandas estão ligadas (pão 
e manteiga, café e leite, etc.) 
· Bens substitutos (concorrentes ou sucedâneos): o consumo de um bem pode 
substituir o de outro. Nesse caso, pode-se citar a manteiga e margarina, o leite em 
pó e o leite fresco, a carne bovina e de frango. 
5. Expectativas sobre preços, rendas ou disponibilidade do bem: caso se espere 
que, no futuro, o preço de determinado bem aumente, a demanda desse bem será 
antecipada. 
O conceito de demanda é largamente utilizado em análises econômicas, sendo a procura por 
determinado

Continue navegando