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Profº Carlos Divino Fonte: Portal do Aluno = http://online.unip.br/disciplina/detalhes/847 http://online.unip.br/disciplina/detalhes/847 Módulo Zero: Introdução à disciplina Caro Aluno: Seja bem vindo. Nesta nossa disciplina trataremos de assuntos como o conceito de economia, história do pensamento econômico, lei da oferta e da demanda, agências reguladoras, monopólios, cartéis e oligopólios. O objetivo principal de introduzir os conhecimentos operacionais básicos para o profissional de direito conhecer a realidade subjacente à maioria dos problemas econômicos da realidade brasileira. Temos a expectativa de que você aprenda bastante. Considerando-se que será você quem administrará seu próprio tempo, nossa sugestão é que você dedique ao menos 2 (duas) horas por semana para esta disciplina, estudando os textos sugeridos e realizando os exercícios de auto-avaliação. Uma boa forma de fazer isso é já ir planejando o que estudar, semana a semana. Parte do conteúdo poderá ser assistido em vídeos disponíveis na internet, mas isso não dispensará a leitura dos materiais e do conteúdo online. Para facilitar seu trabalho, apresentamos na tabela abaixo, os assuntos que deverão ser estudados e, para cada assunto, a leitura fundamental exigida e a leitura complementar sugerida. No mínimo, você deverá buscar entender bastante bem o conteúdo da leitura fundamental, só que essa compreensão será maior, se você acompanhar, também, a leitura complementar. Você mesmo perceberá isso, ao longo dos estudos. A – Conteúdos (assuntos) e leituras sugeridas Assuntos/módulos Leituras Sugeridas Fundamental Complementar 0. Introdução à disciplina NUSDEO, Fábio. Curso de Economia: Introdução ao direito econômico. 3ª ed. rev. e atual. São Paulo: RT, 2001. Capítulo 2. ARAÚJO, Carlos Roberto Vieira. História do Pensamento Econômico.São Paulo: Atlas, 1988. Capítulo 1. 1. Conceitos básicos NUSDEO, Fábio. Curso de Economia: Introdução ao direito econômico. 3ª ed. rev. e atual. São Paulo: RT, 2001. Capítulos 1, 3, 4, 5. VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval de.Economia: micro e macro.São Paulo: Atlas, 2011. Parte I (Introdução à economia). 2. A evolução do pensamento econômico. ARAÚJO, Carlos Roberto Vieira. História do Pensamento Econômico.São Paulo: Atlas, 1988. Capítulos 2, 3, 4 e 5. HUBERMAN, Leo. História da riqueza do homem. 21ª ed. São Paulo: LTC, 1987. Capítulos 17, 18, 19, 20 e 21. 3. Economia e direito. NUSDEO, Fábio. Curso de Economia: Introdução ao direito econômico. 3ª ed. rev. e atual. São Paulo: RT, 2001. Capítulos 6, 7, 8. FONSECA, João Bosco Leopoldino. 4ª Ed. Rio de Janeiro: Forense, 2001. Capítulo 1. 4. Microeconomia: o mercado NUSDEO, Fábio. Curso de Economia: Introdução ao direito econômico. 3ª ed. rev. e atual. São Paulo: RT, 2001. Capítulo 11 e 12. VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval de.Economia: micro e macro.São Paulo: Atlas, 2011. Parte II (Microeconomia). 5. Estruturas de mercado NUSDEO, Fábio. Curso de Economia: Introdução ao direito econômico. 3ª ed. rev. e atual. São Paulo: RT, 2001. Capítulo 13. SALOMÃO, Calixto. Direito concorrencial: as estruturas.São Paulo: Malheiros,1998. Capítulo 2. 6. Uma breve visão do direito econômico NUSDEO, Fábio. Curso de Economia: Introdução ao direito econômico. 3ª ed. rev. e atual. São Paulo: RT, 2001. Capítulo 9, 10 e 18. FORGIONI, Paula A. Os fundamentos do antitruste.São Paulo: RT, 1998, Capítulos 2 e 3. 7. Macroeconomia NUSDEO, Fábio. Curso de Economia: Introdução ao direito econômico. 3ª ed. rev. e atual. São Paulo: RT, 2001. Capítulo 14, 15 e 17. VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval de.Economia: micro e macro.São Paulo: Atlas, 2011. Parte III (Macroeconomia). 8. Economia Internacional. NUSDEO, Fábio. Curso de Economia: Introdução ao direito econômico. 3ª ed. rev. e atual. São Paulo: RT, 2001. Capítulo 16. VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval de.Economia: micro e macro.São Paulo: Atlas, 2011. Parte III Capítulo 14 (Setor externo). Nota: ver as referências bibliográficas, para maior detalhamento das fontes de consulta indicadas B – Avaliações Como é de seu conhecimento, você estará obrigado a realizar uma série de avaliações, cabendo a você tomar conhecimento do calendário dessas avaliações e da marcação das datas das suas provas, dentro dos períodos especificados. Por outro lado, é importante destacar que uma das formas de você se preparar para as avaliações é realizando os exercícios de auto-avaliação, disponibilizados para você neste sistema de disciplinas on line. O que tem que ficar claro, entretanto, é que os exercícios que são requeridos em cada avaliação não são a repetições dos exercícios da auto-avaliação. Para sua orientação, informamos na tabela a seguir, os assuntos que serão requeridos em cada uma das avaliações às quais você estará sujeito: Conteúdos a serem exigidos nas avaliações Avaliações Assuntos Exercícios de auto-avaliação relacionados NP1 Módulos 0 até 4. Exercícios on line NP2 Módulos 5 até 8. Exercícios on line Substitutiva Toda a matéria Todos os exercícios Exame Toda a matéria Todos os exercícios C – Referências bibliográficas · Livro texto NUSDEO, F. Curso de economia: introdução ao direito econômico. São Paulo: RT, 2002. VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval de. Economia: micro e macro. São Paulo: Atlas, 2011. · Outras referências ARAÚJO, Carlos Roberto Vieira. História do Pensamento Econômico. São Paulo: Atlas, 1988. Capítulo I. CASTRO, Antonio Barros de; LESSA, Carlos. Introdução à economia. 37ª ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2005. CARDOSO, Eliana A. Economia brasileira ao alcance de todos. 17ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1996. HUBERMAN, Leo. História da riqueza do homem. 21ª ed. São Paulo: LTC, 1987. PINHO, Diva Benevides; VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval (Coord.) Manual de economia: equipe de professores da USP. 5ª ed. São Paulo: Saraiva, 2006. ROSSETTI, José Paschoal. Introdução à economia. 20ª ed. São Paulo: Atlas, 2005. SALOMÃO FILHO, Calixto. Direito concorrencial: as estruturas. 3. Ed. São Paulo: Editora CFWM, 2009. SINGER, Paul. Aprender economia. 22ª ed. São Paulo: Contexto, 2002. TROSTER, R. L. Introdução à economia. 2ª ed. São Paulo: Makron Books, 1999. VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval; GARCIA, Manuel E. Fundamentos de economia. São Paulo: Saraiva, 2005. Módulo Um: Conceitos introdutórios 1. Origem, conceitos fundamentais, problemas e temas relevantes da economia Logo que o aluno inicia o curso de direito, ele depara-se com várias disciplinas que, aparentemente, nada tem a ver com o que pensava estudar: antropologia, filosofia, psicologia, ética e sociologia figuram nesta lista de disciplinas. O mesmo acontece com economia. Por que isso ocorre? Tais matérias são chamadas de disciplinas do ciclo básico e objetivam fornecer aos alunos uma visão geral do mundo que circunda o direito. De igual maneira, as matérias fornecem subsídios para que o aluno possa manipular conceitos mais sofisticados. Muito do que se aprende em economia, por exemplo, terá implicações para o direito tributário e direito econômico, matérias que serão estudadas ao fim do curso. Indiretamente, grande parte do conteúdo de economia informa a disciplina do direito privado. Na origem etimológica da palavra economia, há duas palavras gregas: · oikos, cuja tradução é casa, · nomos, que significa norma ou lei. Em outras palavras, economia significa a “lei da casa”. E qual é a lei da casa? Sobreviver com os recursos disponíveis. Essa composição explicita bem o papel do estudo econômico: analisar como a sociedade, trabalhando com a escassez de seus recursos, atende às suas próprias necessidades. Assim, destacam-se duas noções primárias pertinentes à ciência econômica, retiradas da experiência e da própria vivência docotidiano: as necessidades humanas e a bens produtivos. A economia tem caráter social, uma vez que ocupa-se do comportamento humano e estuda como as pessoas e as organizações na sociedade se empenham na produção, na troca e no consumo de bens e serviços. As necessidades Comumente, quando se fala de uma necessidade, está implícita a ideia de vontade ou aspiração. Assim, o indivíduo tem necessidade de se alimentar, mas também possui necessidade de cuidar de si, ter respeito dos outros ou criatividade. A pirâmide de Maslow ilustra abaixo a hierarquia das necessidades humanas: inicialmente, busca-se o mais básico, relacionado à fisiologia humana, mas gradativamente, o ser humano deseja outras necessidades: segurança, amor/relacionamento, estima e realização pessoal aparecem sucessivamente nest€a lista. A maioria das necessidades de que trata a economia se localizam mais na base da pirâmide, relacionando-se principalmente ao material. Ainda que a economia possa ter um papel na realização pessoal, a sua contribuição principal se liga às necessidades mais básicas materiais. Para a economia, necessidade implica a sensação de falta de alguma coisa, sempre acompanhada do desejo de satisfazê-la. Deste modo, quando alguém deseja um objeto de consumo, como um carro ou uma bolsa de marca, procura uma maneira de obtê-lo, utilizando a moeda como meio de troca. Nesse sentido mais estrito, a necessidade terá implicações econômicas. Também é importante destacar que as necessidades humanas são ilimitadas, isto é, podem ser vistas como tendentes a se reproduzirem até o infinito. Os bens econômicos e os recursos produtivos Diferente do que ocorre com as necessidades humanas, os recursos de que dispõe a humanidade para satisfazer as suas necessidades são finitos. Essa limitação dos recursos ocorre, ainda que se considere que, até o momento, as sociedades humanas tenham sido bem sucedidas nos progressos tecnológicos. Para entender melhor essa situação, é preciso assimilar os conceitos de bens econômicos e recursos produtivos. Os bens econômicos são tangíveis e se caracterizam, de forma geral, pela utilidade e insuficiência. Eles supõem um esforço humano para serem conseguidos e, exatamente por isso, são comercializados. Além disso, os bens econômicos contrapõem-se aos bens livres, que, apesar de também serem úteis, não são escassos. Os bens econômicos podem ser classificados de duas maneiras: v Quanto à natureza Ø Bens materiais: alimentos, máquinas, terras e assim por diante Ø Bens imateriais: serviços prestados v Quanto ao destino Ø Bens de consumo: atendem de forma direta a uma determinada necessidade (podem ser duráveis ou não duráveis) Ø Bens de capital: fazem parte da cadeia produtiva cujo objeto final é um bem de consumo É importante observar que o conceito de bem econômico se diferencia de qualquer conceito de bem contido em direito, o qual será estudado detalhadamente ao longo do curso de direito civil. Por ora, se estiver curioso para saber como o direito lida com o tema, veja o apêndice ao fim deste módulo, o qual contém as regras básicas sobre os bens em direito. Já os recursos produtivos, também conhecidos como fatores de produção, são os elementos básicos a partir dos quais se obtêm os bens e os serviços. Os três principais recursos produtivos são a terra (áreas cultiváveis e mineradoras, florestas), o trabalho e o capital (bens de capital). A escassez Como mostra o esquema acima, a escassez advém não só da limitação dos recursos produtivos, mas também das amplas necessidades humanas. Considerando simultaneamente essa demanda infinita e a possibilidade de esgotamento dos recursos usados para atendê-la, temos uma situação crítica com a qual a sociedade deve lidar. Em outras palavras, a escassez precisa ser administrada, levando em conta a urgência das necessidades humanas e a limitação dos recursos que são usados para atendê-las. Logo, a economia é uma ciência social que estuda como as pessoas e a sociedade decidem empregar recursos escassos – que poderiam ter utilização alternativa – na produção de bens e serviços, de modo a distribuí-los entre as várias pessoas e grupos da sociedade. Como pensar a economia? A ciência econômica é pensada a partir de modelos, concebidos no intuito de explicar e prever diversos fenômenos. Modelos são representações simplificadas da realidade ou das principais características de uma teoria. O crescimento econômico, a inflação, o desemprego, o comportamento de consumo de determinada classe social são temas frequentemente abordados pelas construções teóricas econômicas. Sistemas econômicos Sistema econômico, rigorosamente, implica um conjunto orgânico de instituições através do qual a sociedade irá enfrentar o problema da escassez. Em outras palavras, é o conjunto de instituições destinado a permitir a qualquer grupo humano administrar seus recursos escassos com um mínimo de proficiência, evitando o quanto possível a dispersão dos mesmos. De modo geral, para conhecer um sistema econômico, formulam-se três perguntas distintas, perguntas estas que delineiam um sistema econômico: o que produzir, como produzir e para quem produzir. Como os recursos da sociedade são escassos, cada vez que uma decisão é tomada, exclui-se automaticamente a outra alternativa disponível para a utilização daquele recurso escasso. Logo, o conceito de custo de oportunidade, aplicável a outras áreas do pensamento econômico, pode ser definido como o custo de algo em termos de oportunidade renunciada. Assim, há três formas de se organizar a produção num sistema econômico: 1) Sistema de tradição: possui índole mágico-religiosa. Caracteriza as sociedades arcaicas, como a antiga civilização egípcia. 2) Sistema de autoridade: baseia-se na crença na capacidade de previsão e execução dos órgãos centrais de direção (o Estado). Não acredita na autonomia como diretriz de solução para as questões econômicas. Um exemplo é o sistema socialista (modelo real). 3) Sistema de autonomia: fundamenta-se na capacidade coordenadora do mercado (“mão invisível”), bem como no princípio hedonista da “lei do menor esforço”. Seu motor principal é o agente racional. Corresponde ao sistema capitalista. Sistema econômico de autonomia Para compreender melhor como se configura o sistema econômico de autonomia atualmente, é importante que se assinale alguns importantes marcos históricos. No século XVIII entrou em curso a primeira Revolução Industrial, baseada na invenção da máquina a vapor. Com esse avanço tecnológico, a indústria passou a substituir aos poucos o artesanato no continente europeu, tendo a Inglaterra como polo irradiador de mudanças. O século XVIII também acompanhou o desenvolvimento da teoria liberal política, que surgiu como contestação ao Absolutismo. Um de seus grandes expoentes foi o filósofo inglês Adam Smith. A Riqueza das Nações, obra de sua autoria, sintetiza perfeitamente as concepções liberais e progressistas daquele período e foi publicada em 1776 (no mesmo ano em que se proclamou a independência dos Estados Unidos da América). Além disso, A Riqueza das Nações marca o nascimento do pensamento econômico – quando ele finalmente se propõe como ciência social. Já no século XIX, conforme a ciência econômica se consolidava e ganhava cada vez mais destaque na sociedade, acompanhou-se o surgimento da corrente utilitarista, cujo princípio básico é o de que os atos não devem ser avaliados como moralmente certos ou errados pelas intenções que carregam, mas pelas consequências que trazem (ganhos possíveis). Essa visão enraizou-se no pensamento econômico, oferecendo-lhe ampla fundamentação até os dias atuais. Entretanto, vale dizer que a concepção utilitarista se opõe – até radicalmente – ao modo pelo qual o direito se estabelece na sociedade. De fato, a grande maioria das regras no direito contêm uma valoração, isto é, um julgamento do que é certoou errado, deixando afastadas as consequências que implicarão ao serem postas em prática. Por outro lado, as decisões econômicassomente focam em um resultado que deve ser idealmente favorável. Economia normativa e positiva Os argumentos positivos explicam como os fenômenos de fato são e, sob essa perspectiva, pretendem compreender e prevê-los no mundo real. Por outro lado, os argumentos normativos tentam encontrar uma alternativa para a constituição dos fenômenos, isto é, estabelecem como eles deveriam ser. Esse julgamento é normalmente feito com base moral. A economia positiva e a economia normativa se relacionam intimamente uma vez que “é preciso entender para prever e prever para entender”. Quando é necessário tomar uma decisão, o economista tem de recorrer a algum desses dois aspectos. Por exemplo, no combate à inflação, várias políticas podem ser adotadas, algumas das quais podem prejudicar parte da sociedade. Assim, acaba sendo necessário escolher entre adotar medidas radicais para resolver o problema do aumento dos preços (utilitarismo) ou adotar medidas mais moderadas, de leve impacto tanto na sociedade (por exemplo, evitando o que o desemprego se agrave) quanto no problema a ser solucionado. Microeconomia e macroeconomia É possível adotar dois campos de estudo na economia, um mais restrito e outro mais abrangente: eles correspondem, nessa ordem, à microeconomia e à macroeconomia. A microeconomia considera o comportamento das unidades econômicas e dos mercados em que operam, por exemplo, sob a perspectiva dos preços de determinado produto (o café, o tomate, automóveis, etc.). De outro lado, a macroeconomia volta-se para agregados mais amplos, como o mercado de uma nação inteira, levantando questões como: por que os produtos estão ficando mais caros? O que fazer para alavancar o crescimento econômico desse país? Por que é tão alto o índice de desemprego? Enfim, em analogia, a macroeconomia seria uma “floresta” da qual pertenceriam várias “árvores”, cada qual um pequeno universo analisado correspondente a cada perspectiva da microeconomia. Aprendeu tudo? Se ainda estiver disposto, sugere-se assistir ao vídeo sobre este conteúdo, clicando-se aqui. APÊNDICE – CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO LIVRO II - DOS BENS TÍTULO ÚNICO - Das Diferentes Classes de Bens CAPÍTULO I - Dos Bens Considerados em Si Mesmos Seção I - Dos Bens Imóveis Art. 79. São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente. Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais: I - os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram; II - o direito à sucessão aberta. Art. 81. Não perdem o caráter de imóveis: I - as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas para outro local; II - os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem. Seção II - Dos Bens Móveis Art. 82. São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força alheia, sem alteração da substância ou da destinação econômico-social. Art. 83. Consideram-se móveis para os efeitos legais: I - as energias que tenham valor econômico; II - os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes; III - os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações. Art. 84. Os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem empregados, conservam sua qualidade de móveis; readquirem essa qualidade os provenientes da demolição de algum prédio. Seção III - Dos Bens Fungíveis e Consumíveis Art. 85. São fungíveis os móveis que podem substituir-se por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade. Art. 86. São consumíveis os bens móveis cujo uso importa destruição imediata da própria substância, sendo também considerados tais os destinados à alienação. Seção IV - Dos Bens Divisíveis Art. 87. Bens divisíveis são os que se podem fracionar sem alteração na sua substância, diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam. http://www.youtube.com/watch?v=p1-Kwzs7UmE Art. 88. Os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis por determinação da lei ou por vontade das partes. Seção V - Dos Bens Singulares e Coletivos Art. 89. São singulares os bens que, embora reunidos, se consideram de per si, independentemente dos demais. Art. 90. Constitui universalidade de fato a pluralidade de bens singulares que, pertinentes à mesma pessoa, tenham destinação unitária. Parágrafo único. Os bens que formam essa universalidade podem ser objeto de relações jurídicas próprias. Art. 91. Constitui universalidade de direito o complexo de relações jurídicas, de uma pessoa, dotadas de valor econômico. CAPÍTULO II - Dos Bens Reciprocamente Considerados Art. 92. Principal é o bem que existe sobre si, abstrata ou concretamente; acessório, aquele cuja existência supõe a do principal. Art. 93. São pertenças os bens que, não constituindo partes integrantes, se destinam, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro. Art. 94. Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não abrangem as pertenças, salvo se o contrário resultar da lei, da manifestação de vontade, ou das circunstâncias do caso. Art. 95. Apesar de ainda não separados do bem principal, os frutos e produtos podem ser objeto de negócio jurídico. Art. 96. As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias. § 1o São voluptuárias as de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso habitual do bem, ainda que o tornem mais agradável ou sejam de elevado valor. § 2o São úteis as que aumentam ou facilitam o uso do bem. § 3o São necessárias as que têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore. Art. 97. Não se consideram benfeitorias os melhoramentos ou acréscimos sobrevindos ao bem sem a intervenção do proprietário, possuidor ou detentor. CAPÍTULO III - Dos Bens Públicos Art. 98. São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem. Art. 99. São bens públicos: I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças; II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias; III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades. Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, consideram-se dominicais os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de direito privado. Art. 100. Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis, enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar. Art. 101. Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências da lei. Art. 102. Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião. Art. 103. O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído, conforme for estabelecido legalmente pela entidade a cuja administração pertencerem. Módulo Dois: História do pensamento econômico 2. A Evolução do Pensamento Econômico Nesse capítulo, elegemos as principais correntes de pensamento e os teóricos que contribuíram para o desenvolvimento da ciência econômica que acompanha osistema capitalista. O começo: mercantilistas e fisiocratas Ambas as correntes se desenvolveram previamente à consolidação da ciência econômica, nos séculos XVI e XVII. Nessa época, o mundo europeu já passava por várias transformações. No campo político, o Absolutismo monárquico delineava-se em vários cantos do continente, encerrando um longo período de descentralização do poder (feudalismo), o qual passou a concentrar-se nas mãos de um soberano(monarca). No século XVI, iniciou-se a expansão marítimo-colonial, liderada pelos países da península Ibérica: Portugal e Espanha. Logo em seguida, outras nações fizeram parte do processo, como a Inglaterra e a França. Foi nesse contexto que surgiu a corrente mercantilista, preocupada em explicar a nova realidade que se abria para os europeus. O mercantilismo propunha-se a determinar precisamente como poderia enriquecer uma nação. A resposta encontrada foi o comércio, ou seja, o intercâmbio de mercadorias com base em uma unidade de valor (a moeda) seria a prática que conduziria o país que desejasse acumular riquezas ao sucesso. Para garantir o lucro, os países da época adotaram medidas protecionistas, visando manter sua balança comercial positiva – quando as exportações superam as importações. As relações econômicas entre metrópoles e colônias consagraram-se através do Pacto Colonial, que estabelecia regras de exclusividade. Por exemplo: no Brasil, somente portugueses poderiam praticar o comércio e, no mesmo sentido, os brasileiros somente poderiam vender sua produção (agrícola, predominantemente) para Portugal. Qualquer atividade comercial que desrespeitasse esses moldes seria considerada contrabando, sujeitando seus praticantes a uma determinada pena. Ao mesmo tempo, estimulava-se que as colônias vendessem o máximo possível para suas respectivas metrópoles, a fim de que estas pudessem revender com lucro para outras nações. Outra característica importante do mercantilismo foi o metalismo: em tese, o país que detivesse mais ouro, prata e outros metais preciosos seria, na mesma proporção, o mais rico. Portugal e Espanha dedicaram suas economias intensamente à mineração, o que, no entanto, lhes trouxe uma série de prejuízos. A corrente fisiocrata (palavra que se origina do termo grego physis) desenvolveu-se a partir do século XVII na França e estabeleceu, diferentemente da mercantilista, que a riqueza advém da natureza. Segundo esse raciocínio, a agricultura seria a principal atividade econômica, subordinando a indústria. Por exemplo: ao plantarmos e irrigarmos uma semente, após certo tempo, ela se desenvolve e, quando a nova planta alcança um estágio de amadurecimento, pode-se colher seus frutos para subsistência ou aproveitar sua madeira em alguma técnica. Essa noção, por mais natural que possa parecer, revela-se um pouco ingênua, por uma série de motivos. Principalmente porque ignora quase que por completo a questão da produtividade agrícola. É fácil perceber que, utilizando recursos tecnológicos como insumos e fertilizantes obtidos da atividade industrial, tal produtividade aumenta consideravelmente. Assim, o papel da indústria é bastante relevante, principalmente nos dias atuais. A Escola Clássica Adam Smith (1723-1790) O escocês Adam Smith foi amplamente influenciado pelos fisiocratas, tendo convivido com expoentes desta corrente como os franceses François Quesnay e Turgot (que também exerceram, em períodos distintos, o cargo de ministro das finanças do Estado absolutista francês). Entretanto, ele já julgava que não só a agricultura teria um importante papel a desempenhar na economia, mas também a indústria e o comércio. A primeira Revolução Industrial foi acompanhada de perto por Adam Smith, que, devido ao fato de perceber as várias mudanças implicadas no sistema econômico capitalista graças a essa nova situação histórica, conseguiu elaborar de forma original uma teoria que abriu os precedentes para a consolidação do estudo econômico como verdadeira ciência, calcada na observação e interpretação da realidade. Em sua obra mais importante, A Riqueza das Nações, Smith preocupa-se em responder estas três perguntas: 1. Que fatores são responsáveis pelo crescimento humano? 2. Se o homem é egoísta por natureza, por que a sociedade não acaba, isto é, não se desagrega? 3. Para onde caminha a sociedade? Adam Smith, quanto à primeira indagação, entende que o crescimento econômico e a prosperidade dos países advêm do trabalho humano, cujo desempenho estaria condicionado por duas variáveis: a divisão de tarefas e a proporção de trabalhadores produtivos em relação aos improdutivos. O papel da divisão de tarefas é elucidado a partir do clássico exemplo da fabricação de alfinetes, cujo método já possuía uma sistematização no século XVIII. Tal divisão tem como fundamento o princípio de que, quando etapas separadas de um processo são delegadas a várias pessoas, que as executam com rapidez e destreza, a produtividade final será bem maior, comparando-se ao desempenho de apenas uma pessoa realizando todas as etapas do mesmo processo. Leia o excerto abaixo, extraído de A Riqueza das Nações, para compreender melhor esse conceito: Tomemos, pois, um exemplo, tirado de uma manufatura muito pequena, mas na qual a divisão do trabalho multas vezes tem sido notada: a fabricação de alfinetes. Um operário não treinado para essa atividade (que a divisão do trabalho transformou em uma indústria específica) nem familiarizado com a utilização das máquinas ali empregadas (cuja invenção provavelmente também se deveu à mesma divisão do trabalho), dificilmente poderia talvez fabricar um único alfinete em um dia, empenhando o máximo de trabalho; de qualquer forma, certamente não conseguirá fabricar vinte. Entretanto, da forma como essa atividade é hoje executada, não somente o trabalho todo constitui uma indústria específica, mas ele está dividido em uma série de setores, dos quais, por sua vez, a maior parte também constitui provavelmente um ofício especial. Um operário desenrola o arame, um outro o endireita, um terceiro o corta, um quarto faz as pontas, um quinto o afia nas pontas para a colocação da cabeça do alfinete; para fazer uma cabeça de alfinete requerem-se 3 ou 4 operações diferentes; montar a cabeça já é uma atividade diferente, e alvejar os alfinetes é outra; a própria embalagem dos alfinetes também constitui uma atividade independente. Assim, a importante atividade de fabricar um alfinete está dividida em aproximadamente 18 operações distintas, as quais, em algumas manufaturas são executadas por pessoas diferentes, ao passo que, em outras, o mesmo operário às vezes executa 2 ou 3 delas. Vi uma pequena manufatura desse tipo, com apenas 10 empregados, e na qual alguns desses executavam 2 ou 3 operações diferentes. Mas, embora não fossem muito hábeis, e portanto não estivessem particularmente treinados para o uso das máquinas, conseguiam, quando se esforçavam, fabricar em torno de 12 libras de alfinetes por dia. Ora, 1 libra contém mais do que 4 mil alfinetes de tamanho médio. Por conseguinte, essas 10 pessoas conseguiam produzir entre elas mais do que 48 mil alfinetes por dia. Assim, já que cada pessoa conseguia fazer 1/10 de 48 mil alfinetes por dia, pode-se considerar que cada uma produzia 4 800 alfinetes diariamente. Se, porém, tivessem trabalhado independentemente um do outro, e sem que nenhum deles tivesse sido treinado para esse ramo de atividade, certamente cada um deles não teria conseguido fabricar 20 alfinetes por dia, e talvez nem mesmo 1, ou seja: com certeza não conseguiria produzir a 240ª parte, e talvez nem mesmo a 4 800ª parte daquilo que hoje são capazes de produzir, em virtude de uma adequada divisão do trabalho e combinação de suas diferentes operações. Adam Smith possui uma visão otimista quanto ao futuro da sociedade, que se justificaria porque, nesse tempo, o sucesso de negócios empresariais acabaria se revertendo em benefícios para os trabalhadores, na forma de salários mais vantajosos. Exemplo atual disso seria a conquista de regulamentação profissional das empregadas domésticas, que veio acompanhada de melhores condições de serviço e remuneração. David Ricardo (1722-1823) David Ricardo busca fornecer à teoria econômica uma explicação para a distribuição do excedente entre as diversas classessociais, importante preocupação que não havia sido abordada por Adam Smith. Além disso, ele formalizará muitos conceitos econômicos, conquistando o papel de maior influente entre os clássicos. Dentre sua vasta produção, é importante estudar as seguintes construções: a teoria do valor e a teoria das vantagens comparativas. A primeira teoria estabelece que o produto ou a mercadoria valem exatamente a quantidade de trabalho nestes incorporada, ou seja, a soma de trabalho mediato e imediato. Sua significação na realidade se estabelece da seguinte maneira: se uma mercadoria for produzida pelo emprego de uma máquina e um trabalhador, entram no cálculo do valor da mercadoria tanto o custo em trabalho do trabalhador (gasto imediato) como o custo do trabalho incorporado à máquina (gasto mediato). Isto, entretanto, não explica os preços de determinado produto no mercado, uma vez que eles também oscilam de acordo com sua oferta e procura. Por sua vez, a teoria das vantagens comparativas estabelece que o comércio entre nações que se especializam na produção dos itens para os quais estão mais aparelhadas é benéfico para todas as partes. Como exemplo, podemos citar o câmbio entre Portugal (vinhos) e Inglaterra (tecidos): a troca de excedentes entre esses países manteria suas economias funcionando e gerando recursos para que se melhorasse a sua especialização. Esse argumento foi uma poderosa arma nas mãos dos adeptos do livre comércio. Contudo, já no século XX, foi alvo de críticas da CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina da ONU) e de Raul Prebisch, uma vez que possibilitaria a deterioração dos termos de troca, favorecendo a parte cujo sistema de produção seria comparativamente mais eficiente. Thomas Malthus (1766-1824) Thomas Malthus foi contemporâneo de David Ricardo e sua literatura foi largamente influenciada pelos acontecimentos de seu tempo: a Revolução Industrial, a Revolução Francesa e as guerras napoleônicas. Seu Ensaio sobre o princípio da população enuncia que a causa de todos os males sociais está na fertilidade humana, sendo a guerra e as epidemias ferramentas de controle do aumento populacional – que tenderia à derrocada da civilização. É necessário dizer que essa concepção, embora supostamente encontrasse amparo na época em que foi elaborada, foi desmentida, dentre outros fatores, pelos recentes avanços tecnológicos na agricultura, cuja produção, a partir da Revolução Verde, nunca foi tão alta e capaz de sustentar as populações humanas. Malthus também preocupou-se com o problema da superprodução, por não acreditar na concepção liberal dominante na época de que “para cada oferta haveria uma demanda” (lei de Say). Uma solução sugerida para esse dilema foi o aumento da demanda por bens de consumo, isto é, do papel das camadas consumidoras de produtos úteis e empregados nas mais diversas áreas do dia-a-dia. Essa sugestão foi posteriormente aproveitada por John Keynes, já no século XX. A Era Neoclássica (1870-1930) Enquanto os clássicos (Adam Smith, David Ricardo, Thomas Malthus e Karl Marx) estudaram as relações de produção que surgiam entre indivíduos, o enfoque da escola neoclássica ou marginalista foi bem outro: as relações que se estabelecem entre a produção material e seres humanos. A preocupação principal dos teóricos que a desenvolveram (William Jevons, Carl Menger e Léon Walras) foi a alocação ótima de recursos entre fins alternativos (oferta = demanda), que culminou na formulação das ideias de escassez e acréscimos marginais. Além disso, elaboraram-se os conceitos de utilidade total e utilidade marginal, relacionados ao valor possuído por determinado produto. A utilidade total representa uma tendência progressiva, mas tendente a um estado de equilíbrio; por sua vez, a utilidade marginal é concebida como supérflua e, neste sentido, é propensa a decair. Em termos mais concretos: a utilidade total corresponderia à frase “sempre é útil um carro a mais”, enquanto a utilidade marginal satisfaria a seguinte proposição: “o segundo carro é menos útil que o primeiro”. Com base nas informações sobre utilidade, os agentes de mercado tomam suas decisões sobre a alocação de recursos. Num mercado livre, as flutuações permitiriam que as quantidades e os preços se adaptassem até atingir o equilíbrio. Dentre os estudos conduzidos, encontra-se o de Vilfredo Paretto (1848-1923), para quem um sistema desfruta satisfação econômica máxima quando ninguém pode ter sua situação melhorada sem piorar a de outrem. Num mercado isolado, isso significa que a venda abaixo do preço de equilíbrio geraria escassez, deixando parcela da demanda não atendida. Do mesmo modo, a venda acima do preço de equilíbrio geraria excesso de oferta, o que significa desperdício. Veja-se que tais condições somente pode funcionar sob a égide da concorrência perfeita. Como o próprio nome diz, ela é perfeita e corresponde à situação em que, teoricamente, a geração de riqueza para a sociedade é máxima. Porém, não existe nada perfeito e os cenários a serem estudados se aproximam dele. Logo, a concorrência perfeita é um modelo totalmente livre. As premissas deste modelo dificilmente se encontram na realidade. Veja-se apenas algumas destas hipóteses: a) Muitos vendedores e muitos compradores (atomização do mercado ou ausência de poder econômico); b) Homogeneidade do produto (produto deve ser igual ou muito semelhante); c) Mobilidade das empresas (empresas podem entrar e sair do mercado a qualquer tempo sem custos irrecuperáveis); d) Racionalidade: todos os agentes agem com racionalidade, fazendo uma análise custo benefício antes da tomada das decisões; e) Transparência do mercado: todos os consumidores possuem acesso a todas as informações para tomada de suas decisões; f) Inexistência de externalidades; e g) Plena mobilidade de bens, ou seja, não há custo de transporte. O Keynesianismo Em 1929, a Crise da Bolsa de Valores de Nova Iorque gerou uma crise econômica sem precedentes. Houve uma elevação dramática do desemprego e a maioria das tentativas de remediar os efeitos nefastos se mostraram infrutíferos a princípio. Tais medidas partiam da Lei de Say, a qual afirmava que o processo de produção capitalista é um processo de geração de rendas, de modo que toda a oferta gerava a sua demanda. Contudo, os fatos não correspondiam à realidade. As medidas do New Deal implementadas nos Estados Unidos a partir de 1932 pelo Presidente Roosevelt começavam a ter resultado, mas ainda assim, careciam de base ou explicação teórica. Os sindicatos começam a romper a lei da oferta e da demanda no mercado de trabalho, na medida em que não permitem mais a queda dos salários em termos nominais. Constatou-se que a concorrência perfeita era, em realidade, um modelo distante da realidade. Neste contexto, em 1936, John Maynard Keynes (1883-1946) publicou a sua Teoria Geral da Moeda e dos Juros. Keynes parte do pressuposto de que os problemas do desemprego e da distribuição desigual de renda pode ser eliminados por meio de Estado. Para tanto, rebate a lei de Say, argumentando que a demanda efetiva era composta de bens de consumo (função renda), mas também de bens de investimento (função de juros e expectativa quanto aos lucros). A Função renda é determinada pelos gastos de consumo e investimento. O consumo tende a ser estável e o aumento da aumento de renda aumenta o consumo em proporção menor. Assim, haveria uma relação entre a renda e o investimento: a renda seria determinada em grande parte pelo investimento. Como este se sujeita às expectativas, logo a instabilidade do investimento explica a instabilidade do capitalismo. Logo, a formulação do Princípio da Demanda Efetiva corresponde à negação da lei de Say. Gastos em consumo e investimento fomentariam a demanda, a qual, em seu turno, determinaria a produção. A demanda efetivacorresponderia, também, ao que se espera seja gasto em consumo e investimento. As propostas do Keynesianismo tiveram um enorme impacto no século XX. Também chamado de neoliberalismo, as políticas keynesianas tiveram um papel fundamental na consolidação do Estado do Bem-Estar Social e amenizaram significativamente as crises até os anos 1970. A intervenção do Estado na economia, antes relegada a um papel meramente secundário e circunstancial, assume destaque na vida econômica dos países e a política econômica sobre ao centro das atenções, explicitando os fins corretivos a serem perseguidos mediante “distorções” impostas ao livre funcionamento do mercado. Se você tiver interesse em aprofundar o tema, sugere-se assistir ao vídeo sobre as Teorias Econômicas de Keynes, na qual o Professor Luiz Gonzaga de Mello Belluzzohttp://www.youtube.com/watch?v=1pJduyhZgRU Apêndice Caro aluno, seguem abaixo uma recomendação de leitura para que você possa se aprofundar no tema. Boa leitura! A Riqueza das Nações, de Adam Smith Primeiro volume Capítulo I: A divisão do trabalho http://www.youtube.com/watch?v=1pJduyhZgRU O maior aprimoramento das forças produtivas do trabalho, e a maior parte da habilidade, destreza e bom senso com os quais o trabalho é em toda parte dirigido ou executado, parecem ter sido resultados da divisão do trabalho. Compreenderemos mais facilmente os efeitos produzidos pela divisão do trabalho na economia geral da sociedade, se considerarmos de que maneira essa divisão do trabalho opera em algumas manufaturas específicas. É comum supor que a divisão do trabalho atinge o grau máximo em algumas manufaturas muito pequenas; não, talvez, no sentido de que nessas a divisão do trabalho seja maior do que em outras de maior importância; acontece, porém, que nessas manufaturas menores, destinadas a suprir as pequenas necessidades de um número pequeno de pessoas o número total de trabalhadores é necessariamente menor, e os trabalhadores empregados em cada setor de trabalho multas vezes podem ser reunidos no mesmo local de trabalho e colocados imediatamente sob a perspectiva do espectador. Ao contrário, nas grandes manufaturas, destinadas a suprir as grandes necessidades de todo o povo, cada setor do trabalho emprega um número tão grande de operários que é impossível reuni-los todos no mesmo local de trabalho. Raramente podemos, em um só momento, observar mais do que os operários ocupados em um único setor. Embora, portanto, nessas manufaturas maiores, o trabalho possa ser dividido em um número de partes muito maior do que nas manufaturas menores, a divisão do trabalho não é tão óbvia, de imediato, e por isso tem sido menos observada. Tomemos, pois, um exemplo, tirado de uma manufatura muito pequena, mas na qual a divisão do trabalho multas vezes tem sido notada: a fabricação de alfinetes. Um operário não treinado para essa atividade (que a divisão do trabalho transformou em uma indústria específica) nem familiarizado com a utilização das máquinas ali empregadas (cuja invenção provavelmente também se deveu à mesma divisão do trabalho), dificilmente poderia talvez fabricar um único alfinete em um dia, empenhando o máximo de trabalho; de qualquer forma, certamente não conseguirá fabricar vinte. Entretanto, da forma como essa atividade é hoje executada, não somente o trabalho todo constitui uma indústria específica, mas ele está dividido em uma série de setores, dos quais, por sua vez, a maior parte também constitui provavelmente um ofício especial. Um operário desenrola o arame, um outro o endireita, um terceiro o corta, um quarto faz as pontas, um quinto o afia nas pontas para a colocação da cabeça do alfinete; para fazer uma cabeça de alfinete requerem-se 3 ou 4 operações diferentes; montar a cabeça já é uma atividade diferente, e alvejar os alfinetes é outra; a própria embalagem dos alfinetes também constitui uma atividade independente. Assim, a importante atividade de fabricar um alfinete está dividida em aproximadamente 18 operações distintas, as quais, em algumas manufaturas são executadas por pessoas diferentes, ao passo que, em outras, o mesmo operário às vezes executa 2 ou 3 delas. Vi uma pequena manufatura desse tipo, com apenas 10 empregados, e na qual alguns desses executavam 2 ou 3 operações diferentes. Mas, embora não fossem muito hábeis, e portanto não estivessem particularmente treinados para o uso das máquinas, conseguiam, quando se esforçavam, fabricar em torno de 12 libras de alfinetes por dia. Ora, 1 libra contém mais do que 4 mil alfinetes de tamanho médio. Por conseguinte, essas 10 pessoas conseguiam produzir entre elas mais do que 48 mil alfinetes por dia. Assim, já que cada pessoa conseguia fazer 1/10 de 48 mil alfinetes por dia, pode-se considerar que cada uma produzia 4 800 alfinetes diariamente. Se, porém, tivessem trabalhado independentemente um do outro, e sem que nenhum deles tivesse sido treinado para esse ramo de atividade, certamente cada um deles não teria conseguido fabricar 20 alfinetes por dia, e talvez nem mesmo 1, ou seja: com certeza não conseguiria produzir a 240ª parte, e talvez nem mesmo a 4 800ª parte daquilo que hoje são capazes de produzir, em virtude de uma adequada divisão do trabalho e combinação de suas diferentes operações. Em qualquer outro ofício e manufatura, os efeitos da divisão do trabalho são semelhantes dos que se verificam nessa fábrica insignificante embora em muitas delas o trabalho não possa ser tão subdividido, nem reduzido a uma simplicidade tão grande de operações. A divisão do trabalho, na medida em que pode ser introduzida, gera, em cada oficio, um aumento proporcional das forças produtivas do trabalho. A diferenciação das ocupações e empregos parece haver-se efetuado em decorrência dessa vantagem. Essa diferenciação, aliás, geralmente atinge o máximo nos países que se caracterizam pelo mais alto grau da evolução, no tocante ao trabalho e aprimoramento; o que, em uma sociedade em estágio primitivo, é o trabalho de uma única pessoa, é o de várias em uma sociedade mais evoluída. Em toda sociedade desenvolvida, o agricultor geralmente é apenas agricultor, e o operário de indústria somente isso. Também o trabalho que é necessário para fabricar um produto completo quase sempre é dividido entre grande número de operários. Quantas são as atividades e empregos em cada setor da manufatura do linho e da lã, desde os cultivadores até os branqueadores e os polidores do linho, ou os tingidores e preparadores do tecido! A natureza da agricultura não comporta tantas subdivisões do trabalho, nem uma diferenciação tão grande de uma atividade para outra, quanto ocorre nas manufaturas. E impossível separar com tanta nitidez a atividade do pastoreador da do cultivador de trigo quanto a atividade do carpinteiro geralmente se diferencia da do ferreiro. Quase sempre o fiandeiro é uma pessoa, o tecelão, outra, ao passo que o arador, o gradador, o semeador e o que faz a colheita do trigo muitas vezes são a mesma pessoa. Já que as oportunidades para esses diversos tipos de trabalho só retornam com as diferentes estações do ano, é impossível empregar constantemente um único homem em cada uma delas. Essa impossibilidade de fazer uma diferenciação tão completa e plena de todos os diversos setores de trabalho empregados na agricultura constitui talvez a razão por que o aprimoramento das forças produtivas do trabalho nesse setor nem sempre acompanha os aprimoramentos alcançados nas manufaturas. As nações mais opulentas geralmente superam todos os seus vizinhos tanto na agricultura como nas manufaturas; geralmente, porém distinguem-se mais pela superioridade na manufatura do que pela superioridade na agricultura. Suas terras geralmente são mais bem cultivadas, e, pelo fato de investirem mais trabalho e mais dinheiro nelas produzem mais em proporção à extensão e à fertilidade natural do solo. Entretanto, essa superioridade da produçãoraramente é muito mais do que em proporção à superioridade de trabalho e dispêndio. Na agricultura, o trabalho do país rico nem sempre é muito mais produtivo do que o dos países pobres, ou, pelo menos, nunca é mais produtivo na mesma proporção em que o é, geralmente, nas manufaturas. Por conseguinte, o trigo do país rico, da mesma qualidade, nem sempre chega ao mercado com preço mais baixo do que o do país pobre. O trigo da Polônia, com o mesmo grau de qualidade, é tão barato como o da França, não obstante a maior riqueza e o grau superior de desenvolvimento da França. O trigo da França é, nas províncias tritícolas, tão bom e frequentemente quase do mesmo preço que o trigo da Inglaterra, embora, em riqueza e progresso, a França talvez seja inferior à Inglaterra. As terras destinadas ao cultivo de trigo na Inglaterra são mais bem cultivadas do que as da França, e, como se afirma, as da França são muito mais bem cultivadas que as da Polônia. Todavia, embora um pais pobre, não obstante a inferioridade no cultivo das terras, possa, até certo ponto, rivalizar com os países ricos quanto aos baixos preços e à qualidade do trigo, jamais poderá enfrentar a competição no tocante às suas manufaturas; ao menos se essas indústrias atenderem às características do solo, do clima e da situação do país rico. As sedas da França são melhores e mais baratas que as da Inglaterra, porque a manufatura da seda, ao menos atualmente, com os altos incidentes sobre a importação da seda em estado bruto, não é tão adequada para o clima da Inglaterra como o é para o da França. Em contrapartida, as ferragens de ferro e as lãs rústicas da Inglaterra são de uma superioridade incomparável em relação às da França, e também muito mais baratas, no mesmo grau de qualidade. Na Polônia, afirma-se não haver praticamente manufatura de espécie alguma, excetuadas algumas indústrias caseiras, de tipo mais primitivo, com as quais nenhum país consegue subsistir. Esse grande aumento da quantidade de trabalho que, em conseqüência da divisão do trabalho, o mesmo número de pessoas é capaz de realizar, é devido a três circunstâncias distintas: em primeiro lugar, devido à maior destreza existente em cada trabalhador; em segundo, à poupança daquele tempo que, geralmente, seria costume perder ao passar de um tipo de trabalho para outro; finalmente, à invenção de um grande número de máquinas que facilitam e abreviam o trabalho, possibilitando a uma única pessoa fazer o trabalho que, de outra forma, teria que ser feito por muitas. Em primeiro lugar, vejamos como o aprimoramento da destreza do operário necessariamente aumenta a quantidade de serviço que ele pode realizar; a divisão do trabalho, reduzindo a atividade de cada pessoa a alguma operação simples e fazendo dela o único emprego de sua vida, necessariamente aumenta muito a destreza do operário. Estou certo de que um ferreiro comum que, embora acostumado a manejar o martelo, nunca fez pregos, se em alguma ocasião precisar e tentar fazê-lo, dificilmente conseguirá ir além de 200 ou 300 pregos por dia, aliás de muito má qualidade. Um ferreiro que está acostumado a fazer pregos, mas cuja única ou principal atividade não tem sido esta, raramente conseguirá, mesmo com o esforço máximo, fazer mais do que 800 ou 1000 pregos por dia. Tenho visto, porém, vários rapazes abaixo dos vinte anos que nunca fizeram outra coisa senão fabricar pregos e que, quando se empenhavam a fundo, conseguiam fazer, cada um deles, mais de 2 300 pregos por dia. E, no entanto, fazer pregos não é de forma alguma das operações mais simples. A mesma pessoa aciona o fole, atiça ou melhora o fogo quando necessário, aquece o ferro, e forja cada segmento do prego; ao forjar a cabeça do prego, é obrigada a mudar de ferramentas. As diferentes operações em que se subdivide a fabricação de um alfinete ou de um botão metálico são todas elas muito mais simples, sendo geralmente muito maior a destreza da pessoa que sempre fez isso na vida. A rapidez com a qual são executadas algumas das operações dessas manufaturas supera o que uma pessoa que nunca o presenciou acreditaria possível de ser conseguido pelo trabalho manual. Em segundo lugar, a vantagem que se aufere economizando o tempo que geralmente se perderia no passar de um tipo de trabalho para o outro é muito maior do que à primeira vista poderíamos imaginar. E impossível passar com muita rapidez de um tipo de trabalho para outro, porque este é executado em lugar diferente e com ferramentas muito diversas. Um tecelão do campo, que cultiva uma pequena propriedade, é obrigado a gastar bastante tempo em passar do seu tear para o campo, e do campo para o tear. Se os dois trabalhos puderem ser executados no mesmo local, certamente a perda de tempo é muito menor. Mas, mesmo nesse caso, ela ainda é muito considerável. Geralmente, uma pessoa se desconcerta um pouco ao passar de um tipo de trabalho para outro. Ao começar o novo trabalho, raramente ela se dedica logo com entusiasmo; sua cabeça "está em outra", como se diz, e, durante algum tempo ela mais fiaria do que trabalha seriamente. O hábito de vadiar e de aplicar-se ao trabalho indolente e descuidadamente adquiridos naturalmente - e quase necessariamente - por todo trabalhador do campo que é obrigado a mudar de trabalho e de ferramentas a cada meia hora e a fazer vinte trabalhos diferentes a cada dia, durante a vida toda, quase sempre o torna indolente e preguiçoso, além de fazê-lo incapaz de aplicar-se com intensidade, mesmo nas ocasiões de maior urgência. Independentemente, portanto, de sua deficiência no tocante à destreza ou rapidez, essa razão é suficiente para reduzir sempre e consideravelmente a quantidade de trabalho que ele é capaz de levar a cabo. Em terceiro - e último lugar - precisamos todos tomar consciência de quanto o trabalho é facilitado e abreviado pela utilização de máquinas adequadas. E desnecessário citar exemplos. Limitar-me-ei, portanto, a observar que a invenção de todas essas máquinas que tanto facilitam e abreviam o trabalho parece ter sua origem na divisão do trabalho. As pessoas têm muito maior probabilidade de descobrir com maior facilidade e rapidez métodos para atingir um objetivo quando toda a sua atenção está dirigida para esse objeto único, do que quando a mente se ocupa com uma grande variedade de coisas. Mas, em conseqüência da divisão do trabalho, toda a atenção de uma pessoa é naturalmente dirigida para um único objeto muito simples. Eis por que é natural podermos esperar que uma ou outra das pessoas ocupadas em cada setor de trabalho específico logo acabe descobrindo métodos mais fáceis e mais rápidos de executar seu trabalho específico, sempre que a natureza do trabalho comporte tal melhoria. Grande parte das máquinas utilizadas nas manufaturas em que o trabalho está mais subdividido constituiu originalmente invenções de operários comuns, os quais, com naturalidade, se preocuparam em concentrar sua atenção na procura de métodos para executar suai função com maior facilidade e rapidez, estando cada um deles empregado em alguma operação muito simples. Quem quer que esteja habituado a visitar tais manufaturas deve ter visto muitas vezes máquinas excelentes que eram invenção desses operários, a fim de facilitar e apressar a sua própria tarefa no trabalho. Nas primeiras bombas de incêndio um rapaz estava constantemente entretido em abrir e fechar alternadamente a comunicação existente entre a caldeira e o cilindro, conforme o pistão subia ou descia. Um desses rapazes, que gostava de brincar com seus companheiros, observou que, puxando com um barbante a partir da alavanca da válvula que abria essa comunicação com um outro componente da máquina, a válvula poderia abrir e fechar sem ajuda dele, deixando-o livre para divertir-se com seus colegas. Assim, um dos maiores aperfeiçoamentos introduzidos nessa máquina, desde que ela foi inventada, foi descoberto por um rapaz que queria poupar-se no própriotrabalho. Contudo, nem todos os aperfeiçoamentos introduzidos em máquinas representam invenções por parte daqueles que utilizavam essas máquinas. Muitos deles foram efetuados pelo engenho dos fabricantes das máquinas, quando a fabricação de máquinas passou a constituir uma profissão específica; alguns desses aperfeiçoamentos foram obra de pessoas denominadas filósofos ou pesquisadores, cujo ofício não é fazer as coisas, mas observar cada coisa, e que, por essa razão, muitas vezes são capazes de combinar entre si as forças e poderes dos objetos mais distantes e diferentes. Com o progresso da sociedade, a filosofia ou pesquisa torna-se, como qualquer ofício, a ocupação principal ou exclusiva de uma categoria específica de pessoas. Como qualquer outro ofício, também esse está subdividido em grande número de setores ou áreas diferentes, cada uma das quais oferece trabalho a uma categoria especial de filósofos; e essa subdivisão do trabalho filosófico, da mesma forma como em qualquer outra ocupação, melhora e aperfeiçoa a destreza e proporciona economia de tempo. Cada indivíduo torna-se mais hábil em seu setor específico, o volume de trabalho produzido é maior, aumentando também consideravelmente o cabedal científico. É a grande multiplicação das produções de todos os diversos ofícios - multiplicação essa decorrente da divisão do trabalho - que gera, em uma sociedade bem dirigida, aquela riqueza universal que se estende até às camadas mais baixas do povo. Cada trabalhador tem para vender uma grande quantidade do seu próprio trabalho, além daquela de que ele mesmo necessita; e pelo fato de todos os outros trabalhadores estarem exatamente na mesma situação, pode ele trocar grande parte de seus próprios bens por uma grande quantidade, ou - o que é a mesma coisa - pelo preço de grande quantidade de bens desses outros. Fornece-lhes em abundância aquilo de que carecem, e estes, por sua vez, com a mesma abundância, lhe fornecem aquilo de que ele necessita; assim é que em todas as camadas da sociedade se difunde uma abundância geral de bens. Observe-se a moradia do artesão ou diarista mais comum em um país civilizado e florescente, e se notará que é impossível calcular o número de pessoas que contribui com uma parcela - ainda que reduzida -de seu trabalho, para suprir as necessidades deste operário. O casaco de lã, por exemplo, que o trabalhador usa para agasalhar-se, por mais rude que seja, é o produto do trabalho conjugado de uma grande multidão de trabalhadores. O pastor, o selecionador de lã, o cardador, o tintureiro, o fiandeiro, a tecelão, o pisoeiro, o confeccionador de roupas, além de muitos outros, todos eles precisam contribuir com suas profissões específicas para fabricar esse produto tão comum de uso diário. Calcule-se agora quantos comerciantes e carregadores, além dos trabalhadores já citados, devem ter contribuído para transportar essa matéria-prima do local onde trabalham alguns para os locais onde trabalham outros, quando muitas vezes as distâncias entre uns e outros são tão grandes! Calcule-se quanto comércio e quanta navegação - incluindo aí os construtores de navios, os marinheiros, produtores de velas e de cordas - devem ter sido necessários para juntar os diferentes tipos de drogas ou produtos utilizados para tingir o tecido, drogas essas que frequentemente provêm dos recantos mais longínquos da terra! Quão grande é também a variedade de trabalho necessária para produzir as ferramentas do menos categorizado desses operários! Sem fazer menção de máquinas tão complexas como o navio ou barco do marujo, o moinho do pisoeiro, ou o próprio tear do tecelão, consideremos apenas que variedades de trabalho são necessárias para fabricar esse dispositivo tão simples que é a tesoura, com a qual o pastor tosa a lã das ovelhas. O mineiro, o construtor do forno destinado a fundir o minério, o cortador de madeira, o queimador do carvão a ser utilizado na câmara de fusão, o oleiro que fabrica tijolos, o pedreiro, os operários que operam o forno, o encarregado da manutenção das máquinas, o forjador, o ferreiro - todos precisam associar suas habilidades profissionais para poder produzir uma tesoura. Se fizéssemos o mesmo exame das diferentes peças de roupa e de mobilia usadas pelo operário, da tosca camisa de linho que lhe cobre a pele, dos sapatos que lhe protegem os pés, da cama em que se deita e de todas as diversas peças que compõem a sua mobilia e seus pertences, do fogão em que prepara os alimentos, do carvão que se utiliza para isso, escavado das entranhas da terra e trazido até ele talvez através de um longo percurso marítimo e terrestre, de todos os outros utensílios de sua cozinha, de todos os pertences da sua mesa - faca e garfos, travessas de barro ou de peltre em que serve as comidas - das diferentes mãos que colaboraram no preparo de seu pão e sua cerveja, da vidraça que deixa entrar o calor e a luz e afasta o vento e a chuva - com todo o conhecimento e arte exigidos para chegar a essa bela e feliz invenção, sem a qual as nossas regiões do norte dificilmente teriam podido criar moradias tão confortáveis - juntamente com as ferramentas de todos os diversos operários empregados na produção dessas diferentes utilidades. Se examinarmos todas essas coisas e considerarmos a grande variedade de trabalhos empregados em cada uma dessa utilidades, perceberemos que sem a ajuda e cooperação de muitos milhares não seria possível prover às necessidades, nem mesmo de uma pessoa de classe mais baixa de um país civilizado, por mais que imaginemos - erroneamente - é muito pouco e muito simples aquilo de que tais pessoas necessitam. Em comparação com o luxo extravagante dos grandes, as necessidades e pertences de um operário certamente parecem ser extremamente simples e fáceis e, no entanto, talvez seja verdade que a diferença de necessidades de um príncipe europeu e de um camponês trabalhador e frugal nem sempre é muito maior do que a diferença que existe entre as necessidades deste último e as de muitos reis da África, que são senhores absolutos das vidas e das liberdades de 10 mil selvagens nus. Módulo Três: Economia e Direito 3. Economia e Direito No Módulo Dois, estudou-se como surgiu a noção de ciência econômica, bem como a sua evolução com os pensadores clássicos, neoclássicos e keynesianos. Tal estudo seria desprovido de utilidade prática para o estudante de direito se este não souber como tais conhecimentos se relacionam com a matéria que estuda. De fato, deve-se partir dos fundamentos jurídicos do sistema econômico baseado na autonomia ou liberdade dos indivíduos. Sistematizados a partir do século XVIII, tais características surgiram e se desenvolveram paralelamente ao liberalismo econômico. Embora liberalismo político e liberalismo econômico não se confundam, existe uma forte relação entre ambos: toda vez que houver liberalismo político, haverá liberdade econômica. Porém, o inverso nem sempre é verdade: haverá regimes liberais economicamente desprovidos de qualquer liberdade política – vide o caso da ditadura chilena de Pinochet. Os seguintes fatores caracterizam o sistema econômico de autonomia a partir do século XVIII: a) Aquisição de direitos fundamentais (vida, liberdade e propriedade), elevados à categoria superior de direitos constitucionais. b) Movimento de codificação do direito privado, a fim de lidar com os problemas decorrentes com a massificação da produção nascente com a industrialização. Com isso, garante-se o cumprimento dos contratos com maior clareza e facilidade. c) Evolução do Estado, de modo que este se voltasse exclusivamente para as atividades de provedor de segurança e justiça. Renega-se o papel do Estado na economia. Por outro lado, o poder Judiciário, apoiado na teoria da separação entre os poderes de Montesquieu e nos escritos de John Locke, adquire independência em relação ao Executivo e ao Legislativo. d) Surgimento lento dopoder de polícia e, consequentemente, do direito público. Embora ideologicamente contrário à intervenção estatal, há o reconhecimento de que há necessidade de intervenção estatal sobre a propriedade privada. Por poder de polícia, o art. 78 do Código Tributário Nacional define: “Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interêsse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de intêresse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.” e) Surgimento da divisão entre o público e o privado. Em outras palavra, os bens do governante passam a se diferenciar dos bens do Estado, os quais estão vinculados ao interesse público. Logo, não pode mais o governante utilizar os bens do Estado a seu bel prazer, como se o Estado fosse sua propriedade privada. É dentro deste contexto que o mercado vai se estruturar. Embora o mercado existisse antes do sistema econômico de autonomia florescer sob o liberalismo econômico, a ausência destas características o tornavam diferente do mercado de outras épocas. O mercado pode ser definido como o local ou contexto em que compradores (que compõem o lado da procura) e vendedores (que compõem o lado da oferta) de bens, serviços ou recursos estabelecem contatos e realizam transações. No mundo real, as normas jurídicas e a teoria econômica possuem uma relação de reciprocidade. A análise econômica sempre parte dos pressupostos normativos vigentes e, ao mesmo tempo, o surgimento de novas questões econômicas em muito pode contribuir para mudar o arcabouço jurídico do presente. O direito acaba acomodando os diversos interesses decorrentes da pressão social dos diversos grupos (aposentados, empresários, ecologistas, evangélicos, trabalhadores, políticos etc). A noção de que o Estado deveria ocupar espaços substanciais na economia para promover o desenvolvimento está implícita na política econômica desde os anos 1930: o Estado toma a liderança no processo de industrialização e substituição de importações, criando-se uma grande quantidade de empresas públicas e sociedades de economia mista. Antes do colapso do socialismo no fim dos anos 1990, havia a noção de constituição dirigente ou diretiva, inspirada nos países lusófonos pelas obras de Canotilho: a Constituição Econômica direcionaria o funcionamento do mercado num determinado sentido. Veja-se o art. 170 da Constituição de 1988: Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: i) Soberania nacional; ii) Propriedade privada; iii) Função social da propriedade; iv) Livre concorrência; v) Defesa do consumidor; vi) Defesa do meio ambiente; vii) Redução das desigualdades regionais e sociais; viii) Busca do pleno emprego; e ix) tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte. Esta visão gradativamente perdeu força, pois, nas últimas décadas, com a derrocada do socialismo, observou-se simultaneamente a redução da atividade econômica do Estado, ao mesmo tempo em que ocorreu o crescimento da importância de uma regulação para a economia, a fim de defender a concorrência e os interesses dos consumidores. No Brasil, a Constituição de 1988 foi elaborada neste momento de transição e, como tal, o Capítulo da “Ordem Econômica” continha um intervencionismo excessivo - para alguns, haveria até mesmo uma transição para o socialismo. Na realidade, ela refletia a consolidação do crescente intervencionismo econômico do período militar. A partir dos anos 1990, a liberalização econômica surge mais fortemente e Constituição de 1988 é objeto de ampla reforma com uma série de emendas constitucionais, modificando diretamente a parte relativa à Constituição Econômica. Abaixo estão listadas as principais mudanças: Emenda Constitucional n. 5/95: fim do monopólio dos Estados sobre o gás canalizado. Emenda Constitucional n. 6/95 (art. 171): fim das vantagens das empresas de capital nacional relativamente às estrangeiras. Fim da exclusividade nacional para energia hidráulica. Emenda Constitucional n. 7/95: fim das restrições à presença estrangeira na navegação brasileira. Emenda Constitucional n. 8/95: acesso de empresas privadas às telecomunicações. Emenda Constitucional n. 9/95: flexibilidade do monopólio estatal do petróleo. Sem mais restrições significativas ao capital estrangeiro em serviços públicos (exceto em radiodifusão). De fato, após essas reformas, ganhou corpo a interpretação do art. 173 da Constituição, transcrito abaixo: Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei. Como se pode perceber, este artigo sobre o princípio da subsidiariedade já estava presente na redação original da Constituição de 1988, mas era obscurecido em virtude do forte caráter intervencionista de outros princípios. Agora, ele torna mais evidente que a intervenção estatal é subsidiária à iniciativa privada. Porém, isso não significa que o Estado deve se abster por completo daquilo que se passa no domínio econômico. De forma geral, reconhece-se no sistema econômico de autonomia que o Estado deve possuir certas funções na sociedade: Função alocativa: alocação de recursos pelo governo para oferecer bens públicos (ex. rodovias, segurança), bens semi-públicos ou meritórios (ex. educação e saúde), desenvolvimento (ex. construção de usinas), etc. Função distributiva: redistribuição de rendas realizada através das transferências, dos impostos e dos subsídios governamentais. Ex.: destinação de parte dos recursos provenientes de tributação ao serviço público de saúde, serviço mais utilizado por indivíduos de menor renda. Função estabilizadora: aplicação das diversas políticas econômicas para promover o emprego, o desenvolvimento e a estabilidade, diante da incapacidade do mercado em assegurar o atingimento de tais objetivos. Permeando estas três funções, há a ideia de falhas de mercado. Quanto maiores as falhas de mercado, maiores seriam as medidas de intervenção do Estado. Há cinco falhas principais de mercado: 1. Assimetria informacional. Sem a melhor informação, os agentes econômicos não tomam as decisões corretas. Neste sentido, a legislação de defesa do consumidor cria deveres de informar o prazo de validade de produtos e padrões de qualidade. Da mesma forma, a legislação de mercado de capitais impõe certos deveres de disclosure a respeito de informações comercialmente sensíveis para os preços das ações. 2. Concentração econômica. Como se sabe, a concorrência é o regime em que a geração de riquezas é máxima. Fora da concorrência, há medida em que os produtores adquirem poder econômico, sua capacidade de agir unilateralmente aumenta. Isso ocorre se o produtor aumenta unilateralmente os preços (ou diminui a quantidade), se diminui a qualidade ou a variedade de produtos o serviços, ou se reduz o ritmo de inovações para aumentar os lucros. 3. Externalidades. A produção de um bem acarreta efeitos positivos ou negativos sobre outros indivíduos e não há reflexos sobre os preços de mercado. Se os efeitos são bons – por exemplo, uma fábrica trazendo progresso para uma região -, diz-se que há externalidades positivas. Se os efeitos são ruins – por exemplo, a mesma fábrica poluindo -, diz-se que há externalidades negativas. 4. Falta de mobilidade de fatores de produção. Com essa falha de mercado, existe uma limitação à capacidadede autocorreção do mercado, o automatismo da mão invisível de Adam Smith. O cafeicultor não pode simplesmente deixar de produzir café de um momento para outro: o pé de café leva 2 anos para começar a produzir e sua mudança antes de esgotada a vida útil prejudicaria a rentabilidade da lavoura. 5. Bens coletivos. Os bens coletivos são aqueles que não há exclusão ou consumo simultâneo – em outras palavras, quando alguém o usa, outros podem utilizá-lo. Um bom exemplo é uma praça pública. Quando há bens coletivos, existe a tendência ao suprimento deficiente devido à falha de incentivo. Interessado em aprofundar os estudos? Cadastre-se no site veduca.com.br e clique aqui e aqui. Porém, nem sempre a mera identificação da falha de mercado é usada para justificar a intervenção estatal. A resposta também é dada pelo processo político e isso varia de acordo com variadas visões que se possa ter: Anarquismo: nenhum estado (algo próximo entre a visão extremada do neoliberalismo moderno e o comunismo após o fim do estado) Estado Gendarme: Garantia de que o mercado funcione e evite o estado de natureza. Segurança Pública, Justiça e Segurança Nacional. Estado do Bem-Estar Social. Foco na prestação de serviços sociais à população. Geralmente é associado com elevados impostos. Estado Desenvolvimentista: comprometimento com desenvolvimento econômico. Deve sempre o Estado intervir? Este é um grande dilema. No Brasil, o século XX foi marcado pela crença de que o Estado resolveria todos os problemas, inclusive os econômicos. As falhas de mercado surgiam como a perfeita justificativa para a ação estatal. Não havia qualquer preocupação, acadêmica ou política, com as falhas de governo, uma vez que se presumia que este sempre agia em defesa do interesse público. Ignorava-se o custo desta tentativa de correção das falhas. Como explicado, as falhas de mercado causam problemas na alocação ótima dos bens – em teoria, o livre mercado deixaria toda sociedade mais próspera, mas isso não acontece sempre e irrestritamente na prática, porque, em graus variados, há falhas de mercado. Por isso, o governo intervém. Porém, a ação do governo também apresenta falhas. Enquanto no conceito de falha de mercado há a ideia de que o mercado não funciona como deveria, no de falhas de governo aquele que funciona mal é o Estado. Diante deste dilema, o que fazer? Uma visão liberal extremada repeliria o Estado por completo. Contudo, o próprio Adam Smith julgava que o Estado deveria ter um papel na preservação dos mercados. Logo, uma postura pragmática sugere contrabalançar vantagens e desvantagens das falhas de governo em relação às falhas de mercado. Isso não significa que a decisão será sempre racional. Os eleitores podem preferir que o governo atue mesmo quando não houver necessidade ou quando o custo da intervenção for alto demais. As falhas de governos são apontadas como justificativa para a ausência de regulação ou pouca regulação ou pouca intervenção. De fato, por trás da noção de falhas de governo existe o conceito de custo de transação: todo custo para efetuar uma transação financeira. Assim, para celebrar um contrato de compra e venda, os tributos, os custos de registro, os honorários advocatícios e o papel serão custos de transação. Na visão liberal, o custo de transação é resultante da burocracia e não gera riqueza, devendo ser eliminado. É claro que é impossível acabar com todos os custos de transação, mas os liberais apregoam a redução considerável. Todas as regras do governo que exijam burocracia podem ser vistas como custo de transação – lembre-se do tempo que você gastou para fazer sua declaração de imposto de renda e certamente entenderá o que se quer dizer por custo de transação. http://veduca.com.br/play/1808 http://veduca.com.br/play/1813 Dentre as falhas regulatórias mais discutidas, está a captura regulatória. Em poucas palavras, é uma situação em que o ente regulador, responsável pela defesa do interesse público, é convencido a regular (ou não) um determinado aspecto da vida econômica na defesa dos interesses de um grupo privado. Não se trata necessariamente de corrupção, mas pode haver uma troca de favores: o governo regula de tal forma a beneficiar um determinado grupo de interesse e, em troca, o grupo de interesse financia a campanha política de certo partido político. Por vezes, o regulador sequer está mal intencionado, mas acaba endossando interesses privados. Os exemplos são vários. Há alguns anos, o CONATRAN (Conselho Nacional de Trânsito) determinou a obrigatoriedade do kit de primeiros socorros em todos os veículos sob pena de multa. Até a revogação da regra, que ficou vigente por algum tempo, os que dispunham dos kits os venderam e faturaram às custas de cidadãos cumpridores da lei. Módulo Quatro: Microeconomia - o mercado 4. O conceito de economia e o funcionamento do mercado De forma geral, as teorias sobre o funcionamento do mercado lidam com os preços, o equilíbrio do mercado e a interação oferta e procura. Demanda Em primeiro lugar, a demanda (ou procura) de um indivíduo por um determinado bem (ou serviço) refere-se à quantidade desse bem que se deseja e está capacitado a comprar, medida por quantidade de tempo. A procura não se confunde com a realização do desejo, ou seja, com o ato da compra; na verdade, ela é representada pelo produto da aspiração do indivíduo e sua capacidade (poder de compra) para satisfazê-la. A demanda é influenciada pelos seguintes fatores: 1. Preço do bem (Lei Geral da Demanda): a demanda é inversamente proporcional ao preço do bem desejado. Assim, quanto maior for este preço, menor será a demanda e, analogamente, quanto menor for o preço do mesmo bem, maior será a sua demanda. Isto é válido quando supõem-se invariáveis a renda, o gosto e a preferência do consumidor, o preço dos bens relacionados ao produto cuja análise está sendo realizada e, por fim, as expectativas quanto à renda, aos preços e às disponibilidades. Esquematicamente: 2. Renda do consumidor: este fator concilia a procura por determinados bens e a capacidade do indivíduo de adquiri-los. A partir dessa relação, podemos classificar os bens de três diferentes maneiras: · Bens Normais (maior parte dos bens): a quantidade de bens adquiridos se eleva na mesma proporção que a renda – quanto maior for a renda, mais bens serão comprados. · Bens Inferiores: dentro de uma determinada faixa de renda, a demanda por um bem diminui à medida que a renda aumenta, uma vez que se buscam, variedades desse bem de melhor qualidade. Deste modo, entre pessoas que ganham de três a cinco salários mínimos, aqueles que mais recursos tiverem para o seu sustento se preocuparão em adquirir produtos mais caros, de melhor qualidade (carnes, pães, etc.) · Bens de Consumo Saciado: após um determinado nível de renda, o desejo do consumidor por bens desse tipo está saciado (com mais aumento na renda não há aumento na demanda desse produto). 3. Gosto e preferência do consumidor: relaciona-se às preferências por produtos condicionadas pelo sexo, pela idade, pelas crenças, dentre outros fatores. 4. Preço dos bens relacionados: a categoria dos bens relacionados divide-se entre: · Bens complementares: são aqueles que tendem a aumentar a satisfação do consumidor quando utilizados em conjunto, pois suas demandas estão ligadas (pão e manteiga, café e leite, etc.) · Bens substitutos (concorrentes ou sucedâneos): o consumo de um bem pode substituir o de outro. Nesse caso, pode-se citar a manteiga e margarina, o leite em pó e o leite fresco, a carne bovina e de frango. 5. Expectativas sobre preços, rendas ou disponibilidade do bem: caso se espere que, no futuro, o preço de determinado bem aumente, a demanda desse bem será antecipada. O conceito de demanda é largamente utilizado em análises econômicas, sendo a procura por determinado
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