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Direitos Autorais e Propriedade Industrial Aula 8: Indicações geográ�cas Apresentação A indicação geográ�ca é uma modalidade de proteção do conhecimento embasada na procedência do produto, como é o caso do champanhe, que tem esse nome devido à sua origem na região de Champagne, na França. Essa origem torna o produto diferenciado, e isso o valoriza no mercado. Então, é justo que a região obtenha ganhos �nanceiros devido a essa fama positiva no mercado consumidor. Nesta aula, abordaremos a natureza jurídica e os objetivos da proteção por indicações geográ�cas, no Brasil e em outros países. Você terá a oportunidade de aprender a diferenciar as indicações geográ�cas da denominação de origem e da indicação de procedência. O foco é estudar as formas de proteção, os documentos necessários para a proteção junto ao INPI, bem como os principais acordos internacionais que norteiam essa proteção em território nacional. Objetivos Apresentar os subtipos de PCR mais aplicados em genética forense; Detalhar a técnica de sequenciamento tradicional e suas aplicações em genética forense; Apresentar as alternativas de nova geração para o sequenciamento de DNA. O que é indicação geográ�ca – IG? A de�nição de indicações geográ�cas - IG está no Acordo sobre Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual Relacionados ao Comércio - TRIPS, que estabelece, no artigo 22, I: Indicações geográ�cas são, para os efeitos deste Acordo, indicações que identi�quem um produto como originário do território de um membro região ou localidade deste território, quando determinada qualidade, reputação ou outra característica do produto seja essencialmente atribuída à sua origem geográ�ca. Esse é o entendimento, adotado a partir de 1994, quando o Brasil assinou o Acordo. Antes do TRIPS, existiam outras duas modalidades de proteção que formavam a trilogia da proteção por indicações geográ�cas: A indicação de procedência A denominação de origem Porém, com a vinda do TRIPS, essas três modalidades se solidi�caram em um único conceito, o de Indicações Geográ�cas. Comentário Entretanto, a indicação de procedência, embora não mais pertença à categoria de indicações geográ�cas, ainda é adotada para indicar a origem do produto ou serviços e pode ser vista nas etiquetas de produtos nas expressões made in China, made in Brazil, e assim por diante. Quanto à denominação de origem, ela se propõe a distinguir um produto de uma região especí�ca, em virtude de suas características peculiares, como por exemplo, Champagne, na França, famosa pelos vinhos frisantes, os charutos cubanos etc. No Brasil, as indicações geográ�cas são protegidas pela Lei de Propriedade Industrial – LPI (nº 9.279/96), nos artigos 176 a 181. No artigo 176, está estabelecido que “constitui indicação geográ�ca a indicação de procedência ou a denominação de origem”. O artigo 177 estabelece: “Considera-se indicação de procedência o nome geográ�co de país, cidade, região ou localidade de seu território, que se tenha tornado conhecido como centro de extração, produção ou fabricação de determinado produto ou de prestação de determinado serviço.”. Observe que a legislação nacional incluiu a Indicação de Procedência, como por exemplo, a “Linguiça de Maracaju” (fFigura 1): Figura 1:. Linguiça de Maracaju, protegida por Indicações Geográficas, pois é preparada na Cidade de Maracaju, localizada a 160 km da capital Campo Grande, Mato Grosso do Sul. Fonte: SEBRAE/MS. Trata-se de um produto de alto valor cultural da região de Maracaju/MS, cuja origem simples se transformou em uma festa que reúne milhares de admiradores do sabor peculiar da linguiça, na Festa da Linguiça de Maracaju. A LPI, no artigo 178, também considera a denominação de origem como: O nome geográ�co de país, cidade, região ou localidade de seu território que designe produto ou serviço cujas qualidades ou características se devam exclusiva ou essencialmente ao meio geográ�co, incluídos fatores naturais e humanos. Como exemplo, podemos citar o Vale dos Vinhedos, apontado na �gura 2: Procedimento O procedimento de depósito de indicações geográ�cas no Brasil é processado junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial – INPI, e obedece às seguintes etapas: 1. Leitura do Guia do Usuário; 2. Leitura das Instruções Normativas que regulamentam o registro; 3. Efetuar o cadastro eletrônico no e-INPI; 4. Preparar a documentação, de acordo com a lista. A documentação é a seguinte: a. Caderno de especi�cações técnicas; b. Procuração, se for o caso; c. Comprovante do pagamento da GRU; d. Estatuto social registrado no órgão competente; e. Ata registrada da Assembleia Geral, com aprovação do Estatuto Social; f. Ata registrada da posse da atual diretoria; g. Ata registrada da Assembleia Geral, com a aprovação do Caderno de Especi�cações Técnicas e lista de presença; h. Identidade e CPF dos representantes legais do substituto processual; i. Declaração de estarem os produtores ou prestadores de serviço estabelecidos na área delimitada (modelo II); j. Documentos que comprovem que o nome geográ�co se tornou conhecido, no caso de IP, ou documentos que comprovem a in�uência do meio geográ�co nas qualidades ou características do produto ou serviço, no caso de DO; k. Instrumento o�cial que delimita a área geográ�ca; l. Outros documentos que o requerente julgar necessário. 5. Preparar o caderno de especi�cação técnica, conforme instruções do INPI; 6. Pagar a GRU, conforme tabela de preços; 7. Iniciar a petição eletrônica; 8. Acompanhar o processamento do pedido de depósito; 9. Acompanhar os despachos que são feitos por meio das revistas do INPI. O �uxo de processos de um pedido de depósito está especi�cado na �gura 3, a seguir: javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); Figura 3: Fluxo de processos de depósito de IG. Observe que é um procedimento relativamente complexo que exige uma demanda de tempo considerável. É também importante acompanhar o pedido, pois é por meio das revistas do INPI que o depositante �ca sabendo dos despachos do processo. É bom lembrar que a perda de prazos acarreta consequências que comprometem o processo de pedido de depósito. O artigo 6º, da Instrução Normativa nº 095/2013, estabelece que “poderão usar a indicação geográ�ca os produtores e prestadores de serviços estabelecidos no local, desde que cumpram as disposições do caderno de especi�cações técnicas e estejam sujeitos ao controle de�nido”. Fica claro que o principal requisito para o depósito de IG é a formação de associação de produtores e prestadores de serviços, que desempenhem as atividades no local. As penalidades impostas para as infrações às IG A LPI prevê os crimes contra I indicações geográ�cas a partir do artigo 192, que estabelece como ilícitos penais “fabricar, importar, exportar, vender, expor ou oferecer à venda ou ter em estoque produto que apresente falsa indicação geográ�ca”, cuja pena prevista é de detenção, de um a três meses, ou multa. No artigo 193, a previsão é para quem “usar, em produto, recipiente, invólucro, cinta, rótulo, fatura, circular, cartaz ou em outro meio de divulgação ou propaganda, termos reti�cativos, tais como ‘tipo’, ‘espécie’, ‘gênero’, ‘sistema’, ‘semelhante’, ‘sucedâneo’, ‘idêntico’ ou ‘equivalente’, não ressalvando a verdadeira procedência do produto”. A penalidade prevista, nesse caso, é de detenção, de um a três meses, ou multa. O artigo 194 prevê que “usar marca, nome comercial, título de estabelecimento, insígnia, expressão ou sinal de propaganda ou qualquer outra forma que indique procedência que não a verdadeira, ou vender ou expor à venda produto com esses sinais” pode acarretar a pena de detenção, de um a três meses, ou multa. A abrangência da cobertura por indicações geográ�cas A proteção por IG pode ser requerida em âmbito internacional, em três modalidades: bilateral, multilateral e via registro em cada um dos países signatários de acordos internacionais. No modelo bilateral, dois paísescelebram o acordo de proteção mútua, pelo princípio da reciprocidade. No multilateral, existe uma previsão no Acordo de Lisboa, assinado em 1958, cujo foco é a proteção de denominações de origem. O registro internacional, cuja gestão �cou sob a responsabilidade da WIPO. Segundo o artigo 2º, as denominações de origem são: Se entiende por denominación de origen, en el sentido del presente Arreglo, la denominación geográ�ca de un país, de una región o de una localidad que sirva para designar un producto originario del mismo y cuya calidad o características se deben exclusiva o esencialmente al medio geográ�co, comprendidos los factores naturales y los factores humanos. 1 Embora se trate de um acordo multilateral importante, até o momento (2019), apenas 29 países o assinaram. O Brasil não é um país signatário, diferentemente de Portugal, Cuba, Peru, dentre outros. Na última modalidade internacional, o país interessado acessa o portal do órgão responsável pelo registro — no caso do Brasil, o INPI — e realiza o pedido de depósito. É claro que cada país regulamenta o assunto de acordo com as suas preferências. http://estacio.webaula.com.br/cursos/dp0269/aula8.html O panorama atual no Brasil sobre as IGs No Brasil, o cenário das IGs tem se ampliado signi�cativamente. Em 2018, o IBGE lançou o mapa com as indicações geográ�cas, nas modalidades de procedência e/ou denominação de origem registradas no INPI. Entre os mais recentes registros estão: • A farinha de mandioca de Cruzeiro do Sul, no Acre. • O guaraná de Maué, da Amazônia. • O queijo de Colônia Witmarsum, do Paraná. • As amêndoas de cacau, do Sul da Bahia. • O socol de Venda Nova do Imigrante, no Espírito Santo. Existem muitas outras espalhadas pelo Brasil, perfazendo um total de 58 registros, conforme demonstra a �gura 4. Figura 4:. Mapa das Indicações Geográficas , no Brasil, até 2018. Fonte: INPI e IBGE. Segundo dados do Mundo Geo (2018), ainda exigem as seguintes modalidades que se destacam: • Camarão da costa negra, no ceará; • Rendas de divina pastora, em sergipe, e do cariri, na paraíba; • As cachaças de paraty, no rio de janeiro, salinas, em minas gerais e abaíra, na bahia; • O artesanato em estanho, em são joão del-rei, em minas gerais; • O mel do pantanal, de mato grosso e mato grosso do sul e de ortigueira, no paraná; • A própolis vermelha dos manguezais de alagoas; • As panelas de barro de goiabeiras, do espírito santo, dentre tantos outros registros. javascript:void(0); Atividade 1) Quais são os documentos necessários para depósito de pedido de indicações geográ�cas exigidos pelo INPI? 2) Quais são as principais etapas para o pedido de depósito de IG junto ao INPI? 3) Quais são as penalidades previstas para as infrações contra as IGs? Notas "Denominação de origem" signi�ca, na acepção do presente Acordo, o nome geográ�co de um país, região ou localidade que serve para designar um produto dela originário e cuja qualidade ou características se devem exclusiva ou essencialmente ao meio geográ�co, incluindo fatores naturais e humanos. Referências BRASIL. Lei nº 9.279, de 14 de maio de 1996. Regula direitos e obrigações relativos à propriedade industrial. Diário O�cial (da) República Federativa do Brasil. Poder Executivo, Brasília, DF, 14 maio 1996. CERQUEIRA, J.G. Direito de Propriedade Industrial. Rio de Janeiro: Forense, 1946. INPI. Instituto Nacional de Propriedade Industrial. Guia do Usuário: Módulo de Indicações Geográ�cas do Peticionamento Eletrônico. São Paulo: INPI, 2019. Disponível em: //www.inpi.gov.br/menu-servicos/indicacao- geogra�ca/GuiaBsicoPeticionamentoEletronicoIG.pdf. Acesso em: 31 maio 2019. MUNDO GEO. Mapa das Indicações Geográ�cas no Brasil, 2018. Disponível em: https://mundogeo.com/blog/2018/10/18/ibge- divulga-versao-2018-do-mapa-das-indicacoes-geogra�cas-do-brasil/. Acesso em: 31 maio 2019. WIPO. World Intellectual Property Organization. Agreement on Trade-Related Aspects of Intellectual Property Rights (TRIPS). Genebra, 2017 [online]. Disponível em: //www.inpi.gov.br/legislacao-1/27-trips-portugues1.pdf. Acesso em: 31 maio 2019. Próxima aula Transferência de tecnologias e a proteção e direitos de propriedade intelectual nas esferas administrativa, cível e penal. Explore mais Conheça o Acordo TRIPS javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); Conheça o Acordo TRIPS. Leia sobre linguiça de Maracaju. Leia o texto Formalizando a Origem: as indicações geográ�cas no Brasil. Acesse a lista das indicações geográ�cas concedidas pelo INPI. Saiba mais sobre o Acordo de Lisboa. javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0);
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