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Trabalho de Estado e Administração Pública 2019.2 Professora: Adriana Lana Alunos: Caio Viana Letícia Fernandes Paulo Samuel Priscila Wolyn 1. Democracia: Conceito Democracia, palavra de origem grega, formada por dois radicais, DEMOS e KRATOS, que em uma tradução livre, respectivamente significam povo e poder, trazendo com sua junção a ideia de poder do povo. Não existe um consenso sobre a data que de fato o conceito de democracia foi criado mas verifica-se os primeiros registros da palavra e seu conceito por volta dos anos de 507 – 508 A.C. Tendo de fato se tornado um sistema de governo na cidade de Atenas, por volta do ano de 590 A.C. Por mais que atualmente sua definição pareça simples como a sua etimologia e significado gramatical, o conceito em si, se mostra muito mais complexo e amplo, tendo ao longo dos séculos, sofrido mutações sendo constantemente testado, modificado, ampliado de acordo com a sociedade e contexto histórico em que aparece, dando origem a conceitos novos e diversificados da mesma democracia, influenciando sistemas de governo, concepções politicas e sociais. De maneira geral podemos definir a democracia como um tipo de organização social no qual o controle político é, teoricamente, exercido pelo povo de forma direta ou indireta. Mesmo com essa complexidade, podemos elencar alguns princípios que se repetem em todas as suas ramificações e formas. A liberdade individual, a liberdade de expressão, a orientação à dignidade humana, e uma constante tentativa de equalização dos diversos conflitos de interesse dos diversos grupos que formam a sociedade através de sua participação direta ou indiretamente nas decisões através da igualdade dos direitos políticos. Porém em seus primórdios, na Grécia, a democracia era exercida de forma restrita, uma vez que o voto, principal ferramenta de representatividade no processo decisório democrático, era exercido apenas por alguns grupos, que tinham de fato direito de participação ou representatividade nas assembleias onde eram tomadas as decisões. Sendo assim, observa-se que o conceito de igualdade entre os cidadãos ainda não era um principio da Democracia em seu nascimento. Avançando um pouco mais no contexto histórico, mas ainda na era clássica, temos a República Romana que em linhas gerais absorveu os conceitos gregos em sua formação. Na República romana a autoridade era exercida pelo senado, este formado por ilustres cidadãos romanos e o poder era exercido pelo povo através das assembleias populares, essas com muito menos expressão do que suas antecessoras atenienses. O conceito moderno de democracia, se moldou com mais intensidade através do século XVIII até o século XX, com diversas manifestações, em vários países diferentes, tendo como principais referências, a revolução americana(1776) e a revolução Francesa(1789), juntamente com esses marcos revolucionários, mais um conceito foi desenvolvido neste interim, o conceito de bem comum, uma vez que diferentemente de seus primórdios a democracia iria privilegiar a todos os cidadãos independentemente de seu gênero ou classe ou status social. Com este novo princípio, a adoção da democracia acompanhou as inúmeras revoluções que se seguiram, alcançando as mais distantes nações do velho e do novo mundo naquele século e nos seguintes chegando aos tempos modernos. Chegamos então ao século XXI com uma democracia muito mais amadurecida e moldada a cada país e sociedade, mantendo suas principais premissas mas com um cada vez mais desafios e complexidades principalmente no âmbito social. 2. Influências do Estado na Democracia A democracia no seu sentido formal tem o caráter substancial de reger as relações existentes entre os cidadãos e o estado, como também entre os cidadãos e os próprios cidadãos, tendo como sua Bandeira máxima, mas eleições oriundas do advento do sufrágio universal. O conceito de democracia é bem fluído passando por constantes modificações sobretudo pelo caráter volúvel presente nas sociedades, ao qual chamamos de evolução. Sendo assim cabe o povo escolher por meio da eleição o caminho democrático que lhe convém naquele determinado momento, não me espécie de arranjo institucional como denomina Joseph schumpeter na obra “capitalismo, socialismo e democracia”. Desta forma a neutralidade do Estado é colocada em cheque, tendo o mesmo que estar inserido nas questões cotidianas da sociedade, responsabilizando-se por ser o agente transformador implantando projetos que visem o bem estar social do maior número possível de indivíduos que integram a nação, mesmo com a limitação de seu poder final, já que defende essencialmente em sua Constituição, como a brasileira por exemplo, a separação e autonomia dos poderes. Amparado na constituição como mola mestra para o desenvolvimento social, político, econômico, ou seja, em todos os mais variados âmbitos de importância no dia a dia da sociedade a democracia visa garantir o mais elevado nível de independência ao indivíduo ao mesmo tempo que possui o objetivo de manter sua natureza solidária. Desta forma podemos evidenciar o caráter ambíguo da democracia, no qual dois projetos distintos se apresentam como modelos a serem alcançados como salientam Alcione de Almeida e Rodrigo Cristiano Dieh, no Artigo “Os Desafios e as Perspectivas da Democracia Brasileira: Diálogos c a contemporaneidade”, com os modelos democráticos chamados pelos autores de Liberal e Participativo. O modelo liberal coloca o Estado como assegurados da livre competição entre os indivíduos, intervindo o mínimo possível nas relações, principalmente econômicas com sua representação máxima em Adam Smith no slogan “a mão invisível do mercado”, funcionando como um mediador ou gestor das competições oriundas dos interesses dos indivíduos, sendo responsável somente por garantir a igualdade de condições nessa selvagem competição. Já o modelo participativo de uma certa forma se contrapõe ao modelo liberal, pois prega um maior domínio da gerência pública para garantir a igualdade social com o Estado andando lado a lado com a sociedade civil com o intuito de proporcionar o bem-estar comum em detrimento do bem-estar individual ou de um grupo. Porém para obter sucesso deve prezar pela imparcialidade e possibilitar maior participação do povo nas decisões. 3. Qual contexto de Estado e Democracia antecederam o início do século? Nos anos 90 o mundo vivenciava o impacto do fim da Guerra Fria, que despertava na população um sentimento de otimismo com relação ao que estava por vir, com muitos governos adeptos ao liberalismo, democracia e a globalização tomando uma proporção ainda maior, com mais integração entre os países do mundo. Muitos países viviam prosperidade econômica, países totalitários do Pacto de Varsóvia (Países do Leste Europeu e URSS) deixaram de ter regimes totalitários para regimes em que o povo poderia eleger seus líderes e experimentavam a democracia. No âmbito da tecnologia, as pessoas começaram a ter mais fácil acesso à internet, que na época ainda não era tão impactante em termosde expressão, mas em breve se tornaria um canal de grande expressão de opiniões e acesso a informações. Já no Brasil, o início do século foi marcado por tensões relacionadas ao governo Collor que confiscou os bens de diversos cidadãos, gerando frustração com relação aos primeiros anos após a Ditadura Brasileira que encerrou em 1985. As pessoas foram às ruas no Movimento dos Caras Pintadas exigindo o impeachment do presidente. Após o governo Collor, com o Brasil prejudicado, Itamar Franco assume o poder com o objetivo de alavancar a economia do país, implementando o Plano Real, que proporcionou uma estabilização da situação econômica do país e que levou a eleição do próximo presidente do país que era Ministro da Fazenda no período de implantação do Plano. Mesmo após esse momento de crescimento econômico e democracia, o povo sentia falta de um viés mais social na democracia, que visasse diminuir a desigualdade social. O que o próximo presidente, Luis Inácio Lula da Silva conseguiu fazer no início do seu governo, desenvolvendo diversas políticas públicas que atendessem a população. A partir desse contexto, se iniciava o século XXI. 4. Qual o desafio que estamos vivenciando hoje? A democracia passa atualmente por questões que se apresentam como um divisor de águas na história da humanidade, podemos citar como exemplo principalmente o Brasil e os países da América Latina, com questões latentes e recorrentes atravessaram o século XX e chegaram ao século XXI se intensificaram e se aliaram a novos problemas adquirindo novos contornos e afetando a confiabilidade no potencial de crescimento, e consequentemente prejudicam os investimentos afastando possíveis futuros investidores. A ideia de que a representação democrática em seu estafo social, libertário, empreendedor, administrativo e político é insuficiente paira pelos teóricos das mais diversas áreas da sociedade. Esta situação se agrava quando percebemos a evolução e a inserção da era digital no cotidiano da sociedade, pois os avanços e os limites que precisam ser impostos pelo Estado democrático ainda são um campo desconhecido para o homem. São muitos os desafios que se apresentam para os próximos anos e porque não durante todo o século XXI, desafios como: conseguir atender os desejos da população em sua maioria e ao mesmo tempo mantendo um governo eficiente que proporcione um crescimento sólido e continuo das instâncias econômicas e administrativas, isso sem ferir as leis da Constituição e as demandas sociais, ou seja, o crescimento econômico agora deve andar junto com a responsabilidade social. A concentração de renda nas mãos de poucos e pequenos grupos que se acentuou nos últimos anos em contrapartida ao estágio de pobreza e miserabilidade que também aumentou, mas para uma parcela bem alta da população mundial, sobretudo na América Latina. A violência provocada pelo crime organizado, quase institucional é um outro ponto a ser levado em consideração, já que afeta diretamente as populações e alteram suas vidas e suas decisões pela insegurança provocada pela privação do direito mais básico do ser humano, o de ir e vir. Juntamos a ele a corrupção que na América Latina em geral parece sistêmica, pois temos a percepção que atinge todas as esferas e é como um vírus letal que se espalha sem termos a menor chance de controlar. Os dois aspectos citados no parágrafo acima não são os únicos, mas são dois dos maiores responsáveis por afetar o âmbito político que atualmente vive uma polarização radical que se assemelha ao conflito da Guerra Fria, após a Segunda Guerra Mundial, Thales Guaracy em uma reportagem da Revista República discorre sobre o mento de incertezas e falta de respostas da democracia; “a democracia contemporânea não tem respostas claras ao que fazer diante da tomada do poder por partidos populistas, que vendem soluções ilusórias ao povo empobrecido para perpetuar-se no poder, e/ou que jogam o jogo democrático para, uma vez no poder, destruí-lo - como o chavismo na Venezuela, e o lulismo no Brasil. AA reação aos governos de esquerda e a incapacidade de atender às demandas sociais num mundo de população crescente acelerou também o radicalismo de direita, elevando a intolerância e as tensões sociais. A resposta dos países democráticos foi o crescimento dos movimentos radicais de direita, com a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos, que levou os americanos de volta à era de protecionismo nacionalista e moralismo belicoso dos anos de George Bush. Partidos reacionários também cresceram em países europeus como a França, a Itália e a Inglaterra, onde a corrupção nos mecanismos de Estado e a paralisa em decisões como a operacionalização do Brexit mostram a crise do sistema” E não podemos esquecer do desafio que clama com urgência para que sua existência e representação seja notada, as diferentes tribos e línguas que por muito tempo foram negligenciadas na democracia também querem dialogar e ter atendidas suas demandas. Grupo como os Negros, Gays, deficientes físicos, índios e outros representantes das classes historicamente dominadas agora possuem uma voz forte na sociedade e querem estar presentes nas decisões e se sentir inseridos como parte integrante dos projetos e pautas do Estado Democrático. Referências: BORGES, Lucymara V; FÜCHETER, Márcia; KHOLS, Vanessa. Estado e Democrcaia: Uma Abordagem Conceitual e o Modelo Brasileiro. IN: Seminário Internacional sobre Desenvolvimento Regional, 6, 2013, Santa Cruz do Sul. Anais...Rio Grande do Sul: UNISC, 2013, p.1-20. ALMEIDA, Alcione; DIEHL, Rodrigo Cristiano. Os Desafios e as perspectivas da Democracia Brasileira: Diálogos com a contemporaneidade. IN: Congresso Institucional UNISC/URCA, 1, s.d. Rio Grande do Sul. Anais...Rio Grande do Sul: UNISC, s.d, p.1-20. RICCITELLI, Antônio. Desafios do Administrador Público do Século XXI. Antônio Riccitelli, 2004. Acessado em: 20/11/2019 GUARACY, Thales. Os desafios da democracia no mundo contemporâneo. A República, 2018. Disponível em: 05/04/2018 Acessado em: 19/11/2019
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