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Behavismo Resumo

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Behavismo
Behaviorismo é um campo da psicologia que considera o comportamento humano como o centro de estudo e investigação da psicologia. A palavra deriva do inglês behavior, que significa comportamento. O Behaviorismo também é conhecido por outros nomes, como comportamentalismo ou comportamentismo. 
O Behaviorismo teve seu inicio com as pesquisas de dois estudiosos pioneiros, Vladimir Mikhailovich Bechterev e Ivan Petrovich Pavlov. O ponta pé inicial foi dado por Bechterev que o primeiro a imaginar uma psicologia que se baseasse no estudo do comportamento humano, para a qual deu o nome de Psicologia Objetiva.
Ivaan Pavlov um renomado fisiologista e ganhador do prêmio nobel de medicina em 1904, ficou conhecido após a teoria de salivação de cães.
1. Ele reparou que o cão sempre salivava quando via seu pote com ração;
2. Logo após o cão estar alimentado eles tocavam um sino (que não causavam efeito no comportamento do animal);
3. Em seguida ao a ração para o cão simultaneamente eles tocavam um sino;
4. Após muitas tentativas, notou-se que apenas com o som do sino o cão saliva, associando assim o som com a ração mesmo não a vendo a sua frente.
Concluido: ele percebeu que todos os cães salivavam em frente a um pote de comida porque se tratava de um comportamento inato. 
E ele não parou ai, continuou investigando e criou o reflexo condicionado que mais pra frente deu inicio ao behaviorismo clássico. 
 O Behaviorismos são subdividido em quatro fases, sendo elas Behaviorismo Filosófico, Behaviorismo Metodológico, Behaviorismo Clássico, Behaviorismo Radical. 
· Behaviorismo clássico ou metadológico : o Behaviorismo Clássico se propõe a abandonar o estudo dos processos mentais, que dominava a psicologia até então, e mudar seu foco para a observao do comportamento, ele acreditava que é mais produtivo se concentrar no que é observavél descartando assim os processos mentais que se falava na epoca. Segundo o Behaviorismo Clássico, o comportamento se define como qualquer alteração observada em um organismo, que fossem resultado de um estímulo anterior qualquer. É baseado através de observação e experimentação. 
“qualquer comportamento é sempre uma consequência de um estímulo anterior específico”.
· Behaviorismo Filósofico: Considerado analitico ou lógico, é caracterizado pela pré- disposição mental para determinado comportamento ou ação em contrapartida do behavirismo clássico, o behaviorismo filosófico acredita que para a ver determinada resposta para um estímulo específico é necessário antes que o indivíduo tenha uma disposição mental para desenvolver tal resposta.
· Behaviorismo Radical: A corrente de behaviorismo surgiu logo após a onda metadólogica, sendo considerada como oposição a anterior. 
Essa abordagem considera que os comportamentos observáveis eram manifestações externas de processos mentais invisíveis, como o autocontrole, o pensamento, entre outros. 
É explanado pela corrente que as emoções não dão origem a algum ato ou ação, os comportamento não são onsequências de suas livres escolhas, mais sim de suas ações sejam elas boas os ruins. 
· Condicionamento operante: Skinner contribuiu criando um método de aprendizado que ocorre em virtude de seus atos e punições com o intuito de compreender um comportamento de um animal no ambiente insirido. 
Link de videos sobre o tema:
· https://www.youtube.com/watch?v=c6kVJNkAeH4
· https://www.youtube.com/watch?v=ipHFpXAgjiA
· https://www.youtube.com/watch?v=s4NM1kK5zUc
· https://www.youtube.com/watch?v=UkrlNh90BFg
· https://www.youtube.com/watch?v=dKXD1Rs-xnI
Livros sobre o tema:
· 
· 
09-Zilio, D. & Carrara, K. (2016). Behaviorismos, reflexões históricas e conceituais, volume I.pdf
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
BEHAVIORISMOS: 
REFLEXÕES HISTÓRICAS E 
CONCEITUAIS
DIEGO ZI LIO 
KESTER CARRARA
organizadores
VOLUME 1
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) 
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Behaviorismos: reflexões históricas e conceituais, volume I / Diego Zilio, 
Kester Carrara (organizadores). - São Paulo : Paradigma Centro de Ciências e 
Tecnologia do Comportamento, 2016.
Vários autores
ISBN 978-85-69475-02-6
1. Behaviorismo (Psicologia)l
2. Psicologia - Filosofia
3. Psicologia - História I. Zilio, Diego. II. Carrara, Kester.
16-06338 CDD-150.9
índices para catálogo sistemático:
1. Behaviorismos: Psicologia : História 150.9
editor
projeto gráfico e diagramação
Paradigma Centro de Ciências e 
Tecnologia do Comportamento
Mila Santoro
Agosto de 2016
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
AUTORES
Alexandre Dittrich
Professor Associado da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Doutor em 
Filosofia pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR). Graduado em Psicologia 
pela Fundação Universidade Regional de Blumenau (FURB).
Bruno Angelo Strapasson
Professor Adjunto da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Doutor em Psicologia 
Experimental pela Universidade de São Paulo (USP) - São Paulo. Mestre em Psicologia 
do Desenvolvimento e Aprendizagem pela Universidade Estadual Paulista (UNESP) - 
Bauru. Graduado em Psicologia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Diego Zilio
Professor Adjunto da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Doutor em 
Psicologia Experimental pela Universidade de São Paulo (USP) - São Paulo. Mestre 
em Filosofia pela Universidade Estadual Paulista (UNESP) - Marília. Graduado em 
Psicologia pela Universidade Estadual Paulista (UNESP) - Bauru.
Emilio Ribes Inesta
Professor do Centro de Estudos e Investigações sobre Conhecimento e 
Aprendizagem Humana da Universidade Veracruzana. Doutor em Filosofia pela 
Universidade Nacional Autônoma do México. Mestre em Psicologia Experimental 
pela Universidade de Toronto. Graduado em Psicologia pela Universidade Nacional 
Autônoma do México.
Isaias Pessotti
Professor Titular da Universidade de São Paulo (USP) - Ribeirão Preto. Doutor em 
Ciência (Psicologia) pela Universidade de São Paulo (USP) - São Paulo. Mestre em 
Filosofia da Ciência pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR) - São Paulo. 
Graduado em Filosofia pela Universidade de São Paulo (USP) - São Paulo.
Jay Moore
Professor Emérito da Universidade de Wisconsin-Milwaukee. Doutorem Psicologia 
Experimental pela Universidade da Califórnia - San Diego. Mestre em Psicologia 
Experimental pela Universidade de Western Michigan. Graduado em Psicologia pelo 
Kenyon College.
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John C. Malone
Professor da Universidade do Tennessee - Knoxville. Doutor em Psicologia 
Experimental pela Universidade de Duke. Graduado em Psicologia pela Universidade 
Estadual de Nova York (5UNY) - Albany.
José Antônio Damásio Abib
Professor Adjunto da Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR). Doutor em 
Psicologia Experimental pela Universidade de São Paulo (USP) - São Paulo. Mestre em 
Psicologia Experimental pela Universidade de São Paulo (USP) - São Paulo. Graduado 
em Psicologia pela Universidade de Brasília (UnB).
Kester Carrara
Professor Livre-Docente da Universidade Estadual Paulista (UNESP) - Bauru. 
Doutor em Educação pela Universidade Estadual Paulista (UNESP) - Marília. Mestre 
em Psicologia da Educação pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo. 
Graduado em Psicologia pela Universidade Estadual Paulista (UNESP) - Bauru. Bolsista 
de Produtividade em Pesquisa do CNPq.
Maria do Carmo Guedes
Professora Titular da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo. Doutora 
em Ciências Humanas - Psicologia pela PontifíciaUniversidade Católica (PUC) de 
São Paulo. Especialista em Psicologia Social e Experimental pela Universidade de São 
Paulo (USP) - São Paulo. Graduada em Filosofia pela Universidade de São Paulo (USP) 
- São Paulo.
Renato Ferreira de Souza
Professor Adjunto da Universidade Federal de Lavras (UFLA). Doutor em Psicologia 
Social pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo. Mestre em Psicologia 
Social pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo. Graduado em 
Psicologia pelo Centro Universitário Newton Paiva.
Ricardo Pérez-Almonacid
Professor do Centro de Estudos e Investigações sobre Conhecimento e 
Aprendizagem Humana da Universidade Veracruzana. Doutor em Ciências do 
Comportamento pela Universidade de Guadalajara. Mestre em Psicologia pela 
Universidade Nacional da Colômbia. Graduado em Psicologia pela Universidade 
Nacional da Colômbia.
Robert H. Wozniak
Professor do Bryn Mawr College. Doutor em Psicologia do Desenvolvimento pela 
Universidade de Michigan. Graduado em Psicologia pelo College of the Holy Cross.
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INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
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SUMÁRIO
PREFÁCIO
APRESENTAÇÃO
1 O ESSENCIAL EM B. F. SKINNER (1904-1990)
Kester Carrara
2 I. M. SECHENOV (1829-1905) E OS "REFLEXOS DO 
CÉREBRO"
Isaias Pessotti
3 I. P. PAVLOV (1849-1936): DO REFLEXO SALIVAR ÀS 
ATIVIDADES NERVOSAS SUPERIORES
Diego Zilio
4 J. LOEB (1859-1924): O COMPORTAMENTO 
DOS ORGANISMOS NA PRÉ-HISTÓRIA DO 
BEHAVIORISMO
Alexandre Dittrich
5 E. LTHORNDIKE (1874-1949): REVOLUÇÃO E 
CONTRARREVOLUÇÃO
José Antônio Damásio Abib
6 O BEHAVIORISMO CLÁSSICO DE J. B. WATSON
(1878-1958)
Bruno Angelo Strapasson
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7 A. P. WEISS (1879-1931): A THEORETICAL BASIS OF 
HUMAN BEHAVIOR
Robert H. Wozniak
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8 G. H. MEAD (1863-1931): UM AUTOR, DIVERSAS
POSSIBILIDADES
Renoto Ferreira de Souza 
Maria do Carmo Guedes
9 E. R. GUTHRIE (1886-1959): A BEHAVIORISM FOR 
EVERYONE
John C. Malone
10 THE NEOBEHAVIORISM OF K. W. SPENCE 
(1907-1967)
Jay Moore
11 LA PSICOLOGIA INTERCONDUCTUAL DE
J.R. KANTOR (1888-1984)
Emilio Ribes Ihesta 
Ricardo Pérez-Almonacid
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PREFÁCIO
Conta a lenda que Newton, o físico, sugeria que suas importantes descobertas 
haviam acontecido porque seus conhecimentos encontravam-se "em pé" sobre 
ombros de gigantes. Essa ideia foi literalmente trazida para o campo da Análise do 
Comportamento por Skinner, na afirmação de uma ciência capaz de dar conta do 
Comportamento Humano (Skinner, 1953, Capítulo 2). Esses gigantes a quem eles - 
Newton e Skinner - faziam referência eram outros cientistas que tinham olhado para 
a realidade e feito sobre ela algumas declarações a partir do método científico. Tais 
declarações, reunidas em obras, ocupariam o papel de ombros, e ao mesmo tempo 
de base, para que a visibilidade atual do objeto de estudo de qualquer ciência fosse 
mais ampla no horizonte científico.
Anteriormente, o próprio Skinner (1945) já havia afirmado que a Ciência não 
era uma declaração da verdade: ela nada mais é do que o comportamento verbal 
dos cientistas. Um comportamento verbal que "se dá" possível em seu tempo de 
ocorrência, registrado por uma série de declarações permitidas ao cientista por seu 
método de estudo. Declarações estas que poderiam ser melhores ou piores sobre a 
realidade, segundo alguns critérios, mas certamente sempre parciais e acumulativas. 
O que Skinner propõe é uma análise científica do comportamento verbal, inclusive do 
próprio cientista, para que possamos entender o avanço do conhecimento científico.
Behoviorismos é uma obra brilhantemente organizada por Diego Zilio e Kester 
Carrara que cumpre exatamente essas funções. Em um tempo, nos dá plena 
consciência de qual é nossa base, ou seja, sobre quais ombros nosso conhecimento 
atual sobre o comportamento científico repousa. Faz-nos parar momentaneamente 
de olhar os horizontes do nosso objeto de estudo - o comportamento - e passa a 
fazer-nos conhecer nossas raízes do conhecimento. A sensação resultante da leitura 
do livro é a de que agora podemos seguir em frente, em nossa busca de novas 
declarações, com firmeza!
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Em outro tempo, Behaviorismos apresenta uma análise muito mais do que 
histórica ou filosófica de toda a trajetória e vida dos gigantes-autores que nos 
permitiram olhar o horizonte mais ao longe e além. Destaca ainda as grandes 
contribuições e pinça as declarações verbais mais importantes desses autores 
primordiais. Projeta, a partir do crescimento do conhecimento construído até então, 
melhores direções e melhores focos para onde movimentarmos e inquietarmos 
nosso olhar.
Para essa tarefa, os organizadores reuniram uma plêiade de autores experts 
em outros autores, que nos arremessam, por meio da leitura deste livro, em uma 
verdadeira Terra de Gigantes estudiosos do comportamento. Conseguem fazer-nos 
olhar para as bases e argumentam o quanto as raízes do nosso conhecimento estão 
fincadas numa terra firme à qual alguns denominaram um dia de Ciência Natural, 
e dentro dela um território que nos é tão caro chamado por muitos de Psicologia. 
Analisam, destrincham e interpretam com uma nova e surpreendente metabase 
aquilo que já foi projetado como cânone de interpretação do comportamento 
humano - neste caso especial, o comportamento verbal daqueles cientistas que 
construíram os behaviorismos.
O livro é aberto por um texto de Kester Carrara sobre B. F. Skinner (Capítulo 1). É 
o prenúncio de qual é a Roma a que todos os caminhos irão levar: os capítulos de 
Behaviorismos argumentam sobre os ombros de quem Skinner fincou suas bases e de 
quem alçou voo a partir de seus ombros.
Tomando impulso na análise do papel de fisiólogos, e apontando tanto para a 
delimitação do objeto de estudo quanto para o desenvolvimento de conceitos e 
métodos de conhecimento sobre o comportamento, Isaías Pessotti e Diego Zilio 
apresentam e analisam as obras de Sechenov (Capítulo 2) e Pavlov (Capítulo 3), 
respectivamente. Na mesma linha, mostrando a importância da "exploração das 
fronteiras entre fisiologia e psicologia", Alexandre Dittrich apresenta a vida e a obra de 
Loeb (Capítulo 4). Este teria exercido uma importante influência na obra de Skinner 
além de ter sido um orientador intelectual importante para Watson (Capítulo 6), que 
tem sua história contada para nós por Bruno Strapasson. Watson, ao declarar seu 
Manifesto Behaviorista, causou impacto e estabeleceu as bases de compromisso com 
que parte significativa dos autores abordados neste livro estariam comprometidos 
em suas obras.
Nesse caminho para localizar e firmar a psicologia entre as ciências naturais, outro 
autor relevante é trazido para o foco: contemporâneo de Watson, Weiss (Capítulo 7)
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nos é apresentado via sua busca de encontrar, conforme Robert H.Wozniak,"a relação 
entre as bases fisiológicas e a relevância social do comportamento".
O momento histórico contado até aqui já tem o behaviorismo declarado. 
No entanto, histórias paralelas de chegada a pontos semelhantes são então 
desdobradas. Inspirado em elementos históricos "próximos, mas distantes" do 
behaviorismo de Watson, José Antonio Damásio Abib se ocupou da trajetória 
"inovadora e revolucionária" de Thorndike (Capítulo 5). Este teria chegado mais 
claramente ao estudo do comportamento humano via Darwin, propondo a 
interpretação do comportamento instrumental e da Lei do Efeito. Conduzidopelo 
mesmo caminho darwinista, Mead (Capítulo 8) tem suas propostas de interpretações 
de se/f social mente construído analisadas neste livro por Renato Ferreira de Souza e 
Maria do Carmo Guedes.
Em seguida, algumas outras bases do behaviorismo - podemos dizer, 
compartilhadas com o behaviorismo radical - poderão ser encontradas nas propostas 
de Guthrie (Capítulo 9), com sua predileção pela matemática, sua concepção sobre 
aprendizagem e a psicopatologia vista como normal. Este autor teve sua obra 
traçada neste livro por John Malone, que ainda ressalta os contornos contextualistas 
de sua obra.
A história de Behaviorismos aqui contada segue em frente retomando a veia 
respondente do behaviorismo. A linha watsoniana, via Hull, é representada aqui pelo 
neo-behaviorismo de Spence (Capítulo 10). Jay Moore esmiúça as contribuições 
desse autor, especialmente, por meio dos conceitos de transposição no controle de 
estímulos e da redução de drive, tanto nas interpretações sobre o comportamento 
respondente quanto no instrumental positivo e negativo.
Fechando este volume, Emilio Ribes lhesta e Ricardo Pérez-Almonacid apresentam 
o interbehaviorismo de Kantor (Capítulo 11), um autor reconhecido pelo próprio 
Skinner como uma influência em sua obra, mas que se afasta dele, segundo os 
autores, por rupturas marcantes. Uma delas, de caráter lógico, quando Kantor rompe 
com o modelo de análise e explicação molecular do comportamento e propõe a 
lógica de campo, que identifica todo fenômeno psicológico como um campo de 
relações interdependentes dos elementos que o compõem.
Como pode ser depreendido da leitura até aqui, Behaviorismos é mais que uma 
obra de filosofia ou de história de parte da Ciência Psicológica; trata-se de uma 
verdadeira árvore genealógica de pensamentos. Explica e delineia nossas origens. 
Esclarece e sossega e a partir da sua leitura podemos dizer "de onde viemos". E nos
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assegura de que estamos incorporados em uma cultura que prioriza um "olhar 
especial"para o comportamento que leva a um conhecimento nunca antes alcançado 
sobre o outro e sobre nós mesmos.
Roberto Alves Banaco
Inverno de 2016
Referencias
Skinner, B. F. (1945). The operational analysis of psychological terms. Psychological 
Review, 52,270-277.
Skinner, B. F. (1953). Science and human behavior. New York: MacMillan.
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APRESENTAÇÃO
A proposta de publicação deste livro decorre do convívio acadêmico dos 
organizadores com a identificação, debate e desenvolvimento de pressupostos, 
princípios e conceitos que contextualizaram o surgimento da versão skinneriana 
da filosofia de ciência behaviorista e da própria ciência consolidada como Análise 
do Comportamento. Pelo menos uma razão compatível com a sólida formação de 
analistas do comportamento justifica a apresentação do conteúdo subsequente, 
qual seja a impossibilidade concreta da compreensão de grande parte da proposta 
behaviorista radical sem um razoável contato com o espírito de época que 
acompanhou o desenvolvimento histórico antecedente à formulação da proposta 
do behaviorismo atual.
É compreensível que na maioria dos conteúdos curriculares oferecidos nos 
cursos de Psicologia não estejam detalhadamente presentes as construções teórico- 
epistemológicas que historicamente embasaram abordagens e escolas psicológicas, 
incluídas as que pereceram, as que sobreviveram e aquelas que deixaram suas 
indeléveis marcas no cenário contemporâneo dos principais debates científico- 
filosóficos acerca das atividades dos organismos vivos. Inevitavelmente, o estudante 
e o estudioso de Psicologia, ao optarem e se empenharem no domínio de uma das 
mediações teóricas à sua escolha, são confrontados com a irrenunciável tarefa de 
recuperar influências, estudar trajetórias e compreender em maior profundidade 
tanto as transformações gradativas quanto as mudanças radicais derivadas do caráter 
dinâmico do entorno científico, acadêmico e social de sua área de interesse.
Não foi diferente com o behaviorismo. Não se formularam repentinamente e 
isentas de importantes influências as propostas de Watson e Skinner, do mesmo 
modo como não tiveram origem única em Hume ou Mach algumas das mais 
importantes reflexões sobre o fazer ciência. Em adição, para além de Skinner, 
seguramente o autor behaviorista mais lido e discutido (especialmente na literatura 
analítico-comportamental brasileira), são vários e variados os autores que foram
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relevantes para a construção e o estabelecimento das práticas culturais behavioristas 
no contexto geral da psicologia científica. Pode-se dizer que não há apenas uma 
configuração possível de behaviorismo. Existem behaviorismos.
Isso posto, e cientes de que sempre serão inesgotáveis e múltiplas as fontes 
marcadamente indispensáveis para uma compreensão consistente do behaviorismo 
contemporâneo, reunimos neste volume parte relevante das influências e 
convivências conceituais associadas à formulação e consolidação da Análise 
do Comportamento através da apresentação de alguns autores historicamente 
importantes, cujas obras foram aqui descritas e analisadas sucintamente por 
profissionais referenciados na literatura da área.
Este primeiro volume inicia-se com capítulo de Kester Corraro dedicado a B. 
F. Skinner, no qual é ressaltado o desafio de discorrer sobre a personagem mais 
celebrada e polêmica do movimento behaviorista a fim de delimitar os possíveis 
elementos centrais de seu behaviorismo radical.
Em seguida, Isoios Pessotti escreve sobre I. M. Sechenov, fisiólogo russo responsável 
por criar um dos primeiros modelos sistemáticos de explicação do comportamento a 
partir do conceito de reflexo.
Considerado o precursor do estudo fisiológico do comportamento na Rússia, 
Sechenov foi influência notável na formação de I. P. Povlov, foco de análise de Diego 
Zilio. Em seu capítulo, são traçadas algumas das principais características da proposta 
pavloviana tendo como pano de fundo considerações de Skinner sobre Pavlov, haja 
vista que o segundo foi uma das principais influências na formação do primeiro.
Alexandre Dittrich, por seu turno, dedica capítulo a J. Loeb. Tendo sido professor 
de Watson e influência direta (através de seus escritos) e indireta (pela mediação 
de W. J. Crozier) na formação de Skinner, Loeb é peça central para compreender o 
behaviorismo enquanto proposta de ciência natural do comportamento.
E. L Thorndike é outro autor cuja relevância para o desenvolvimento da ciência 
do comportamento é costumeiramente negligenciada. José Antônio Damásio 
Ablb reflete em seu capítulo sobre o legado de Thorndike e o seu lugar entre os 
comportamentalistas, fazendo contraponto entre o aspecto revolucionário de sua 
lei do efeito e de sua metodologia de pesquisa experimental e as características 
conservadoras e ideológicas de sua filosofia social e projeto educacional.
Bruno Angelo Strapasson, por sua vez, discorre sobre J. B. Watson. Considerado por 
alguns como o fundador do behaviorismo, Watson talvez seja um dos autores mais 
citados da Psicologia, ainda que se possa conjecturar que ele, ao mesmo tempo, seja
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também um dos autores menos lidos apropriadamente. Nesse contexto, o capítulo 
dedicado ao autor cumpre a função de apresentar os principais elementos filosóficos, 
conceituais e metodológicos do behaviorismo clássico de Watson.
Robert H. Wozniak aborda em seu capítulo o behaviorismo de A R Weiss. 
Contemporâneo de Watson, Weiss talvez seja um dos principais (senãoo principal) 
proponentes do behaviorismo que, nos estágios iniciais do movimento, dedicou parte 
considerável de sua obra aos desdobramentos filosóficos de sua adoção na Psicologia.
Renato Ferreira de Souza e Maria do Carmo Guedes tratam de outro autor usualmente 
associado ao behaviorismo, mas cuja importância é majoritariamente reconhecida 
apenas em textos de história da psicologia social: G. H. Mead. Considerado um dos 
fundadores da psicologia social norte-americana, Mead é um daqueles autores difíceis 
de classificar: Seria behaviorista? Pragmatista? Interacionista simbólico? Diante dessa 
situação, o capítulo de Souza e Guedes pretende apresentar elementos históricos, 
biográficos e conceituais da teoria meadiana a fim de prover um ponto inicial de 
contato com a sua obra.
E. R. Guthrie é o autor abordado no capítulo de John C. Malone. Caracterizada 
como uma forma elegante (pela sua simplicidade) e sofisticada (pelo seu alcance 
explanatório) de associacionismo, a teoria da aprendizagem de Guthrie é apresentada 
em seus detalhes por Malone, que também dá atenção especial à sua aplicação em 
diversas dimensões da análise do comportamento.
O neobehaviorismo de K. W. Spence é o tema do capítulo de JayMoore. De modo 
geral, o neobehaviorismo é caracterizado pelo uso de explicações que incluem 
eventos mediacionais hipotéticos para além das relações observadas entre estímulos 
e respostas. Os neobehavioristas mais conhecidos são L. Hull, E. C.Tolman e Spence 
(os dois primeiros serão tratados no segundo volume deste projeto). Ao lado de Hull, 
Spence foi responsável por desenvolver modelos teóricos sobre aprendizagem e 
motivação que ainda hoje são utilizados em análises comportamentais.
O presente volume é finalizado com capítulo de Emilio Ribes lhesta e Ricardo 
Pérez-Almonacid dedicado a J. R. Kantor. Outro contemporâneo de Skinner, sua 
obra abrange estudos minuciosos da história da psicologia, epistemologia, lógica, 
gramática, cultura, fisiologia e, até mesmo, a tragédia humana (como fenômeno 
artístico, social e natural).
Aproveitamos para agradecer a todos os colaboradores que gentilmente acederam 
ao convite para escrever sobre a trajetória histórica do comportamentalismo. 
Agradecemos também ao Núcleo Paradigma - Centro de Ciências e Tecnologia do
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Comportamento; especialmente a Roberto Banaco, por ter acreditado no projeto 
quando ainda era um breve rascunho com os nomes dos"behavioristas"e dos possíveis 
colaboradores que participariam, e a Roberta Kovac, responsável pela editora do 
Núcleo Paradigma, que conduziu o processo editorial de maneira exemplar, sempre 
cuidadosa e atenciosa.
Por fim, gostaríamos de dedicar este livro a todos aqueles que, no passado, 
contribuíram para a criação e manutenção das contingências sociais fomentadoras 
da prática cultural científica analítico-comportamental.
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1 O ESSENCIAL EM B. F. SKINNER (1904-1990)
Kester Carrara
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Ocupa-me a responsabilidade de escrever sobre o mais polêmico quanto 
celebrado dos behavioristas. Fazê-lo implica um trânsito cuidadoso entre minúcias 
de sua extensa obra e dimensões contextuais imprescindíveis a uma interpretação 
criteriosa dos pressupostos básicos de seu pensamento científico.
De muitas maneiras se pode escrever e já se escreveu sobre B. F. Skinner, seja 
recuperando sua biografia, destacando as polêmicas ensejadas por sua obra e seu 
posicionamento teórico diante delas, resenhando ou analisando seus achados 
científicos. Entretanto, este ensaio, por sua própria finalidade e movido pela existência 
de ampla e consistente literatura sobre os aspectos já mencionados, tenciona explicitar 
dimensões essenciais e irrenunciáveis do Behaviorismo Radical e da Análise do 
Comportamento, apenas incidentalmente se detendo em detalhes de sua trajetória 
histórica. O leitor não encontrará nele sequer um breve sinal dos intrincados detalhes 
que por vezes atravessam sua obra. Não se trata, naturalmente, de uma exposição de 
princípios comportamentais, o que já foi feito, desde Keller e Schoenfeld (1950), de 
modo bastante competente por outros analistas. Além disso, o cenário histórico que 
precedeu, e por vezes ensejou o aparecimento do Behaviorismo Radical de Skinner, é 
descrito de modo preciso nos próximos capítulos por colegas altamente qualificados. 
O que poderá, então, o leitor encontrar na sequência, senão apenas as impressões de 
um profissional interessado, desde 1969, pela obra de Skinner? Que critérios, ademais, 
poderiam remeter ao que é imprescindível em seu trabalho?
Para conduzir uma análise do que se constitua indispensável sem, contudo, 
transformar este ensaio em reunião de escolhas pessoais, adotarei um roteiro que, 
embora arbitrário, destaca ofundamental da obra Skinner segundo algumas categorias 
formuladas no âmbito geral da avaliação de matrizes conceituais da Psicologia: 
pressupostos filosóficos; formulações conceituais; aplicações; implicações políticas, 
éticas e ideológicas do Behaviorismo Radical e da Análise do Comportamento. 
Adotadas essas categorias, a organização do texto distribui sistematicamente o 
conjunto da obra skinneriana em aspectos considerados fundamentais no contexto 
desta coletânea, ao mesmo tempo em que facilita ao leitor o acesso crítico à agreste 
tarefa de examinar tão extensa e valiosa obra com a responsabilidade de proceder à 
escolha do que seja menos ou mais relevante.
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"Critérios" para escolha de conceitos seminais
Evidentennente, nãoéa frequência de ocorrência determos e conceitos em sua obra 
que, necessariamente, delimita o que é mais importante no contexto paradigmático 
da proposta de Skinner. De todo modo, um contraexemplo no mínimo coincidente 
pode ser encontrado tomando-se Science and Human Behavior (1953) como texto 
representativo do conjunto produzido pelo autor: ali, encontramos 1145 repetições 
de control e suas variantes; 156 de contingencies; 72 de functional; 56 de relations; 662 
de reinforcement; 208 de consequences e mais de 2000 de behavior. Curiosamente, 
entretanto, apenas nove de selection e nenhuma de radical ou de behaviorism.
Se, por um lado, o critério de frequência de ocorrência não parece ser decisivo 
para considerar quais palavras sugerem diretamente o centro das reflexões 
skinnerianas, tais termos ensejam chegar a expressões ou arranjos sistemáticos 
de formulações organizadas de tal modo a expressar princípios indispensáveis 
da Análise do Comportamento construída com apoio filosófico do Behaviorismo 
Radical. Naturalmente, tal como ocorre com a maioria dos grandes nomes da Ciência, 
Skinner fez contato, durante toda a extensão de sua formação, com amplo (mas, a um 
só tempo, seletivo) grupo de autores. Listar as influências intelectuais que recebeu 
passaria pela inclusão de Francis Bacon, David Hume, Ivan Pavlov, William James, Ernst 
Mach e inúmeros outros, sem que o rol pudesse algum dia ser considerado completo, 
já que seus textos revelam um domínio importante de História, Antropologia, Filosofia, 
Psicologia, Biologia e Literatura, passando pelos gregos e por nomes e interesses 
intelectuais tão variados quanto os representados por Bronisfaw Malinowski, 
Ludwig Wittgenstein, John B. Watson, Charles Darwin e mesmo Johann W. Gõethe 
eWilliam Shakespeare. Entretanto, tome-se em conta que sua leitura seletiva é, aqui, 
instrumentalmente orientada pela finalidade de construção de uma ciência (natural) 
do comportamento. Mesmo quando se considera o físico austríaco Mach como 
uma das influências mais decisivas para a formulação conceitual-epistemológica 
comportamentalista de Skinner, parece necessário contextualizá-la e considerá-la no 
âmbito de finalidades e características de uma ciência suigeneris como a sua Análise 
do Comportamento.
É nesse cenário que Skinner escreve vários artigos desde a conclusão de sua tese 
de doutorado (1930/31) até a publicação de seu primeiro livro (1938). Neste, aparecem 
alguns conceitos que serão mais adiante retocados ou abandonados por ele (drive 
e força do reflexo são exemplos memoráveis). No entanto, embora seja possível 
polemizar frequentemente sobre algumas formulações fundamentais de Skinner (as
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noções de comportamento, cultura e sobrevivência da cultura, por exemplo), é notável 
a consistência interna dos princípios básicos (propriamente derivados de uma análise 
experimental) entre si e destes em relação a conceitos desenvolvidos indiretamente 
com auxílio de reflexões teóricas (como em Verbal Behavior, 1957).
Essa coerência conceitual-experimental majoritária em Skinner adquire uma 
importância adicional quando se considera que sua obra não deriva, simplesmente, 
de mero somatório de influências múltiplas de outros pensadores na história da 
Ciência. Resulta, diferentemente, de uma articulação profícua e rigorosa, durante 
aproximadamente 60 anos de trabalho (1930-1990), das relações entre pesquisa 
empírica e desenvolvimento teórico, o que, na metade final desse período, já suscitava 
o interesse e dedicação adicionais de muitos pesquisadores sensibilizados com os 
prognósticos de um promissor futuro para a Análise do Comportamento.
O cenário em que se revela a importância da obra skinneriana, portanto, tem 
características únicas, especialmente no âmbito da Psicologia. Diferencia-se em 
relação a outras (relevantes) abordagens, justamente, por fazer avançar suas bases 
para além de uma estrita tarefa conceituai ou de uma descontextualizada tarefa 
experimental, reunindo-as sob acurada análise de coerência e compatibilidades.
Terá sido em parte por essas razões que Skinner, ao ser apontado nos anos 
quarenta como ateórico e anti-teórico, esclarece, pacientemente, em artigo de 1950 
{Are theories oflearning necessary?), as exatas condições sob as quais admitirá "teorizar". 
Como explicitamos em outra ocasião:
Skinner inicialmente recupera alguns conceitos acerca da questão para 
explicar que o termo teoria a que se refere [e desaprova em suas críticas] é 
o que inclui em seu significado a explicação de um fato observado com 
apelo a ações que ocorrem noutro lugar, noutro nível de observação e cuja 
mensuração se faz em conformidade com outras dimensões que não as 
derivadas da própria situação e do próprio comportamento envolvidos. É 
essencialmente a esse tipo de teoria que ele faz as restrições que justificam 
o título de seu controvertido artigo. É nessa perspectiva que Skinner objeta a 
três tipos de teorias: as neurofisiológicas, as mentalistas e as conceituais que, 
respectivamente, ou (1) apelam à explicação do comportamento com base 
numa concepção não empírica de funcionamento do sistema nervoso central, 
ou (2) fazem referência a causas do comportamento localizadas na mente (para 
ele um constructo hipotético constantemente associado a razões teleológicas
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para o comportamento) ou, finalmente, (3) movem-se num campo onde não 
há fatos observáveis diretamente.
(Carrara, 1994, p. 43)
Já nessa época, as objeções de Skinner sinalizam sua segurança em relação à 
possibilidade de consolidar sua proposta conceituai em bases que não aceitavam o 
apelo a estruturas hipotéticas destinadas à explicação das atividades dos organismos 
em suas interações com o ambiente. Nesse aspecto, o Behaviorismo Radical enseja 
um conjunto de pressupostos, de regramento lógico e de condições sine qua non 
ao projeto empírico da Análise do Comportamento que, embora possam vir a ser 
remodelados por esta, não os distorce, deles não desvia, não infringe regras no 
âmbito da filosofia de ciência escolhida. O liame entre filosofia de ciência e ciência 
é claro o suficiente para garantir consistência interna entre o que explicar e como 
fazê-lo. O que explicar não é o comportamento (no sentido rigoroso de que não 
propõe uma ciência do comportamento, mas uma ciência interessada nas relações 
entre organismo e ambiente). Todavia, explicar necessita uma sistematização 
que, embora orientada filosófica e teoricamente, só pode ser construída e 
testada empiricamente. Para tal, o experimento é a escolha típica da Análise do 
Comportamento skinneriana. Mas o que revelam os experimentos? Uma resposta 
à tradicional pergunta sobre "o que é"ou "por que existe"certo fenômeno natural? 
Skinner segue lógica diversa e opta, coerentemente, pela alternativa dada pela 
questão sobre "como" ocorrem os fatos (transformados metodologicamente em 
variáveis) e compreende, com Mach, que descrevê-los nas suas relações é a mais 
legítima estratégia para responder a tal pergunta.
Consolidar a lógica e as estratégias de desenvolvimento que lhe seriam 
correspondentes não constituiu, certamente, uma história linear, razão pela qual 
Skinner é recorrente, em toda a sua obra, na discussão de vários conceitos que segue 
formulando, incluindo o de comportamento (1938, p. 6 e ss.). Isso se dá não somente 
porque o escopo temático é complexo, mas porque a comunidade de analistas 
se amplia e há uma crescente retroação discursivo-explicativa sobre os conceitos 
emitidos por Skinner. Além disso, e sobretudo, porque ciência não consiste em 
mero acúmulo indiscriminado de achados, mas em acúmulo que ora descarta, ora 
incorpora novos princípios e resultados empíricos.
Assim, não há drástica ou grave incoerência, por exemplo, quando nosso autor 
pontua inicialmente os conceitos de drive e força do reflexo e, mais tarde, praticamente
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os abandone. 0 pesquisador, via de regra, vê-se à frente de questões para as quais 
utiliza a lógica explicativa, cuja tradição conviveu ou tem convivido academicamente. 
Só o tempo e a experiência proporcionam confrontos com a descoberta acidental e 
com aquelas decorrentes do esforço de estudo intenso das relações funcionais entre 
fenômenos por vezes tão aparentemente complexos.
Não há, também, que se argumentar sobre as possíveis "falhas conceituais” 
de Skinner ao longo da construção de seu edifício teórico. Por exemplo, aos que 
minuciosamente procuram diminuir a importância do autor porque ele teria 
tido uma compreensão distorcida do fenômeno da deriva continental (quando 
da explicação da evolução das espécies), resta o convite para que, a despeito das 
distorções interpretativas que incidentalmente se apresentem no caminho agreste 
do fazer científico, reflitam parcimoniosamente sobre a relevância do conjunto da 
obra e suas contribuições para a compreensão do mundo fenomênico. Skinner teria 
se equivocado (à luz das explicações contemporâneas sobre a evolução das espécies) 
em relação a uma precisa e desejável elaboração dos seus três "níveis” de variação 
e seleção, que suscitam a aparência de processos entre si distintos. Além disso, é 
certo que deixou lacunas diversas sobre a lógica de articulação entre a ontogenia do 
operante e as transmissõesfilogenética e cultural. No entanto, a meu ver, conquanto 
a parceria com a biologia evolutiva possa contribuir para novas modulações teóricas 
e ajustes de precisão conceituai, seria seguramente injusto diminuir a contribuição 
de Skinner em função desses e outros episódios incidentais tão comuns nas nossas 
reflexões em busca de conhecimento confiável. A importância de Skinner, como de 
Pavlov, Mach e Watson, segue para muito além de seus conhecimentos substantivos 
sobre certos meandros do fazer científico, do mesmo modo que transcende (como no 
caso de Malinowski) uma avaliação simplesmente idiossincrática (em contraposição 
a histórica) de valores ético-morais adotados por muitos dos mais importantes 
personagens da ciência e da filosofia.
Isto posto, seguimos para um arbitrário rol e um aligeirado e superficial conjunto 
de comentários sobre os ingredientes essenciais da Análise do Comportamento 
como ciência estabelecida com apoio nos pressupostos do Behaviorismo Radical. 
0 objetivo é justamente este: identificar os princípios e pressupostos centrais e 
imprescindíveis que agregam a proposta skinneriana. Os pormenores de tal proposta 
já não pertencem mais unicamente a Skinner, mas a seus contemporâneos e ao 
domínio público, de modo que podem, hoje, ser consultados em milhares de artigos 
de seus comentadores.
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Convicções irrenunciáveis
Está próximo do possível poder aquilatar com relativa segurança alguns 
enunciados, princípios, pressupostos, talvez certos cânones da obra skinneriana. 
Escolhemos dez, embora seja possível expandi-los para centenas ou reduzi- 
los radicalmente a apenas um (por exemplo, a seleção pelas consequências), a 
depender de nossas finalidades. Serão eles examinados (superficialmente) na 
sequência. Para Skinner:
1. Torna-se crucial que uma ciência do comportamento interessada em mudar 
o leme da história da Psicologia, conduzindo-a ao âmbito das ciências 
naturais, considere o determinismo como pano de fundo para inserção de 
sentenças afirmativas sobre a maneira pela qual se podem explicar fatos da 
natureza humana. Skinner toma o cuidado de que esse determinismo seja 
probabilístico e não outro qualquer. Vez que lidará com o mundo empírico do 
comportamento e do ambiente, o autor adota o pressuposto de um cenário 
indizível mediante verdades absolutas. O probabilismo, especialmente no que 
respeita às formulações conceituais derivadas da experimentação, é um dos 
fatores de correção para o que antes se buscava enquanto realidade das ações 
humanas explicada em razão de estruturas (quer físicas ou conceituais, porém 
sempre intraorganísmicas) postuladas até o início do século XX. Aduz-se a essa 
lógica a consideração de que a dimensão substantiva do empírico se restringe 
apenas à condição monista e acrescenta-se igualmente a ela a compreensão 
de que as explicações buscadas excluem certas formulações hipotéticas 
(mente, intencionalidade, propósito) e privilegiam observação direta (embora 
não se excluam os estudos teóricos) de relações funcionais entre variáveis.
2. Restaura a introspecção não como método, procedimento ou estratégia de 
investigação, mas como forma de reconhecer o mundo privado das atividades 
humanas, colocando-as no mesmo patamar de funcionalidade em que 
situou o operante e as demais modalidades de comportamento aberto. Em 
1945, no Simpósio sobre Operacionismo (Skinner, 1945a; 1945b) ele próprio 
nomeia a diferença contundente do seu Behaviorismo Radical em relação ao 
Behaviorismo Metodológico atribuído a Edwin G. Boring e Stanley S. Stevens. 
Embora faça ressalvas quanto ao status de dado científico atribuído aos 
relatos verbais, reconhece-os como fonte que pode levar a um conhecimento 
aproximado (literalmente, uma abordagem) do pensar e dos repertórios
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comportamentais sob domínio das pessoas (não como algo "depositado" em 
um arquivo mnemónico, mas como alterações na forma com que o corpo 
responde a mudanças do ambiente que atuaram e funcionaram como alguma 
consequência efetiva nas ações dos indivíduos).
3. Ocupa-se de manter aberta uma janela de discussões sobre vários dos 
conceitos que propõe, dentre eles o de comportamento, proposto sobre 
bases relacionais desde 1938. Nesse sentido, a Análise do Comportamento 
não se constitui pautada pela finalidade de estudar o comportamento em si 
(seja como evento, atributo ou, ainda menos, objeto físico que se aloja nas 
entranhas de um sistema nervoso complexo), mas o comportamento no 
âmbito das relações entre o organismo e seu ambiente. O caráter aberto 
das formulações skinnerianas, contudo, não pode ser entendido como um 
sinal de fragilidade do sistema, porque há uma característica inalienável 
na evolução do Behaviorismo Radical e da Análise do Comportamento, 
compreendida pelo estilo de elaboração, desenvolvimento e consolidação 
de conhecimento seguro nessa seara. Skinner se comprometeu, no início de 
sua carreira, a verticalizar inicialmente estudos experimentais para, só depois, 
arriscar-se em discussões teóricas e desdobramentos conceituais complexos 
e, adicionalmente, retardar aplicações dos seus achados. Naturalmente, a 
história revela que nem sempre isso se pôde cumprir, uma vez que, via de 
regra, grandes e inevitáveis debates, seja na comunidade científica ou na 
imprensa, exigiram respostas decisivas do autor.
4. Sob esses pressupostos, talvez a pedra angular de sua obra se constitua no 
processo de seleção pelas consequências, que para alguns é limitadamente 
descrito em seu artigo de 1981. No entanto, ali, com um texto telegráfico, 
mas correto, Skinner explicita a essência dos conceitos de contingências de 
reforçamento (em metáfora que inclui as quatro operações fundamentais 
da consequenciação) e de sobrevivência. Herança parcial de Darwin, a 
seleção pelas consequências inclui a dimensão ontogênica do operante, 
que Skinner considera um "retrato" pormenorizado do que acontece em 
milhares de anos de evolução filogenética e em dezenas de anos de evolução 
cultural. O que há de novo e importante na proposta do operante sob essa 
perspectiva é justamente a possibilidade de que as atividades humanas não 
sejam mais "explicadas" em termos de dimensões iniciadoras demarcadas 
por uma mente impalpável, mas por relações com o ambiente que podem
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ser claramente descritas e mensuradas. Incidentalmente, o fato de que 
Skinner tenha escolhido o delineamento de sujeito único (com status que 
permita replicações) não pode ser entendido, sequer por analistas, como 
uma característica distintiva que identifica os profissionais da área. A escolha 
do tipo de delineamento não torna ninguém um analista. Skinner fez essa 
escolha, certamente (como ele próprio informa), pelo fato de que as medidas 
de tendência central (as médias, modas, medianas) dizem pouco ou quase 
nada sobre o comportamento individual. Também a fez em função de que o 
indivíduo que mais se parece consigo mesmo é o próprio indivíduo e, nesse 
sentido, compará-lo a partir de condições anteriores e posteriores à introdução 
de algum procedimento fornece medidas bastante precisas sobre os efeitos 
de variáveis independentes a serem avaliadas. Adicionalmente, note-se que 
Skinner aponta uma justa e oportuna conveniência para escolher organismos 
simples e criar um aparato experimentalrazoavelmente livre de muitas das 
variáveis estranhas disponíveis no ambiente natural. Fosse Skinner buscar o 
desenvolvimento de todos os princípios que produziu experimentalmente 
mediante pesquisas em situação natural, é provável que não tivesse 
produzido um décimo do que conseguiu, seja sozinho ou em colaboração 
com Ferster (1957) e tantos outros. Para exemplificar, vez mais, que a essência 
da proposta de Skinner não está, evidentemente no modelo de delineamento 
que prioritariamente se adota, basta buscar em periódicos qualificados, como 
JABA e JEAB, experimentos realizados por analistas usando outros formatos 
de procedimentos de pesquisa, que incluem o uso de estatística inferencial 
para análise de dados. O que Skinner traz, bastante mais relevante que uma 
forma econômica e funcional de pesquisar, é uma lógica central subjacente 
e aplicável a quaisquer instâncias onde comportamento e ambiente estejam 
ligados por um nexo designado como relações funcionais. Compreender e 
exercer atividades sob essa compreensão lógica da natureza é o que torna o 
profissional um analista do comportamento.
5. A esse cenário contextualizador de sua obra, Skinner acrescenta outras 
tonalidades. Dentre elas, sua convicção de que uma ciência do comportamento 
tal como a que propõe deve estar baseada em alguma viabilidade funcional. 
Aos poucos, a aplicabilidade dos princípios que formula vai se tornando mais 
reconhecida (embora jamais tacitamente aceita), de modo que o autor declara 
compartilhar com a escolha ética de uma ciência que não apenas descreva
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regularidades, mas que permita certo otimismo quanto à resolução de 
questões relevantes tanto na dimensão clínica individual quanto na dimensão 
cultural que afeta comunidades inteiras. Assume, assim, um pragmatismo 
moderado, embora a ideia do successful working aparentemente o torne 
desconfortável diante da lentidão de mudanças sociais por ele esperadas com 
maior celeridade e apontadas em várias entrevistas. Tem sido informalmente 
sugerido, em contrapartida, que a Análise do Comportamento se apresenta 
como uma ciência otimista (ou "para cima", como por vezes se veicula), 
em contrapartida a uma ciência psicológica "do conflito", que partiria de 
pressupostos frequentemente apoiados em variáveis individuais ou coletivas 
que caracterizariam um mal-estar inerente à vida social a ser superado com 
necessário sofrimento. Todavia, tais ponderações não parecem se apoiar em 
quaisquer dados concretos, senão em impressões ou vieses fortuitos.
6 . Demarcados seus principais pressupostos, Skinner inscreve no cenário central 
de sua obra, em construção ágil, o que se conhece por princípios básicos da 
análise comportamental (são 60 anos de publicações, o que até mesmo pode 
ser considerado um período curtode tempo-não para a pessoa do pesquisador 
- quando se estima a vida de uma nova ciência; nesse período, consistente 
e ampla construção de conhecimento foi alcançada, fundamentalmente por 
conta da sólida formação de Skinner e de suas características de excelente 
planejador experimental). Por Skinner (1935; 1937), acordada com Jerzy 
Konorski e Stefan Miller, surge a confirmação da existência de um novo tipo 
de condicionamento além do respondente. O operante é revelado e passa a 
ser o foco principal das investigações do autor. Experimentação é cabalmente 
a vida científica de Skinner nesse momento, culminando com a publicação 
do denso Schedules of Reinforcement (1957), com Charles B. Ferster. O texto 
revela em minúcias as manipulações diferenciais dos dois pesquisadores em 
relação às variáveis de tempo e frequência de ocorrência como decisivamente 
influentes na caracterização dos esquemas de reforçamento em intervalo 
e razão, fixo ou variável. Reconhecer e descrever os inúmeros esquemas, 
compreender de que maneira a privação e outras operações antecedentes 
alteram a probabilidade do responder e examinar criteriosamente os diversos 
procedimentos de extinção passam a ser tarefas imprescindíveis rumo à 
consolidação da Análise do Comportamento enquanto sistema em busca de
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respostas para os principais quesitos da funcionalidade das relações entre 
comportamento e ambiente.
7. A essa altura, a seminal constituição do paradigma (stricto sensu) da 
contingência de três termos já se tornara mais um dentre os mais caros 
conceitos sobejamente testados em situação experimental. Sob condições 
antecedentes (contextuais) específicas, uma resposta é seguida por alguma 
consequência. A mudança que suas similares futuras eventualmente exibem 
sinaliza o tipo de consequência recebida, dentre aquelas tipicamente possíveis 
no quadrante dos procedimentos de reforçamento positivo e negativo e 
punição por apresentação de reforço negativo ou retirada de reforço positivo. O 
repertório alterado do organismo que se comporta diante de um dos múltiplos 
arranjos possíveis dessas condições é avaliado em termos de um continuum 
(generalização-discriminação), cuja racional é aplicada a inúmeras situações 
da vida cotidiana, independentemente de qual espécie de organismo vivo 
ali esteja e corroborando as características comportamentais em situações 
parecidas ou diferentes daquelas em que se instalou a resposta original.
8. Em diversas passagens, inclusive naquelas que dizem respeito à preservação e 
generalidade aplicativa do paradigma da contingência de três termos, Skinner 
assevera que não lhe parecia necessária a criação de novos conceitos no 
âmbito de seu sistema. De fato, em seus exercícios de análise de questões 
sociais várias e das agências de controle, de modo geral, o autor dá conta, 
com muita competência, da descrição funcional das práticas culturais típicas 
de seu tempo (Skinner, 1953).
9. Permeou a evolução dos conceitos essenciais uma série de outros agora 
consolidados: modelagem ou reforçamento diferencial por aproximações 
sucessivas, modelação, noção de cultura sob o viés comportamental, práticas 
culturais, planejamento ou delineamento cultural, comportamento social, 
comportamento verbal (mando, tacto, intraverbal, autoclítico, etc.) e inúmeros 
outros. Os achados e princípios derivados do ramo central da obra de Skinner 
podem ser localizados a partir de listas de referência como as de Carrara (1992) 
e Epstein (1995).
10. O Behaviorismo Radical e a Análise do Comportamento, portanto, se por um 
lado derivam a experiência de seu proponente principal em parte da influência 
de sólida literatura por este absorvida, por outro lhe devem tributo por duas
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virtudes especiais: sua competência como exímio pesquisador experimental; 
sua capacidade como intelectual consistente e seguro da sistematização que 
deu ao conjunto de conceitos que torna completo e coerente o nexo entre 
filosofia de ciência e a própria ciência comportamentalista.
Como se pode notar, Skinner construiu um legado considerável, a respeito do qual 
se pode manter dissensões profundasou compartilhamento teoricamente sustentável. 
Todavia, se por um lado concordâncias ou discordâncias são perfeitamente possíveis 
e naturais, parece inadmissível ignorar Skinner como um dos relevantes artífices da 
Psicologia como ciência.
Referências
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Didática, 28 ,195-212.
Carrara, K. (1994). Implicações dos conceitos de teoria e pesquisa na Análise do 
Comportamento. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 100), 41 -47.
Epstein, R. (1995). An updated bibliographyof B. F. Skinner's works. In J. T. Todd & E. 
K. Morris (Eds.), Modern perspectives on B. F. Skinner and contemporary behaviorism. 
Westport: Greenwood Press.
Ferster, C. B.( & Skinner, B. F. (1957). Schedules of reinforcement. New York: Appleton- 
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Skinner, B. F. (1938). The behavior of organisms: An experimental analysis. New York: 
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Skinner, B. F. (1945a) The operational analysis of psychological terms. Psychological 
Review, 52, 270-277.
Skinner, B. F. (1945b). Rejoinders and second thoughts. Psychological Review, 52, 291- 
294.
Skinner, B. F. (1950). Are theories of learning necessary? Psychological Review, 57(4), 
193-216.
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Skinner, B. F. (1953). Science and human behavior. New York: MacMillan. 
Skinner, B. F. (1957). Verbal behavior. New York: Appleton-Century Crofts. 
Skinner, B. F. (1981). Selection by consequences. Science, 273(4507), 501-504.
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2 I. M . . SECHENOV (1829-1905) E OS 
"REFLEXOS DO CÉREBRO"1
Isaias Pessotti
1 Capítulo publicado originalmente no livro Pré-história do condicionamento. São Paulo: Hucitec-Edusp, 
1976.
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Em 1849, ano do nascimento de Ivan Pavlov, morria um importante especialista 
em fisiologia experimental, Alexei M. Filomafitsky, cujo nome está ligado à história de 
Pavlov por três motivos: a) por ter sido professor de Rabbi A. Bossov, autor da primeira 
fístula estomacal, isto é, da primeira abertura feita no estômago de um animal para 
observar in vivo processos fisiológicos em curso; b) por ter sido professor de Evgueni 
S. Botkine, companheiro de pesquisas de Ivan M. Sechenov em Paris e o primeiro 
a oferecer um trabalho "permanente" a Pavlov; c) por ter sido contemporâneo de 
Orlovsky e de Inotzentzev, especialistas em atividades tróficas do sistema nervoso, 
que convidaram Sechenov a participar de seus programas de pesquisas em fisiologia 
nervosa. O primeiro trabalho publicado por Sechenov foi executado na clínica de 
Inotzentzev.
Quando Filomafitsky morreu, Sechenov, nascido na antiga província de Simbirsk 
(hoje Ulyanovsk) em 1829, tinha vinte anos e estava procurando seu caminho, 
primeiro como militar na Escola de Engenharia Militar de Petrogrado e, depois, como 
aluno da Faculdade de Medicina da Universidade de Moscou.
Tendo-se diplomado, aos trinta anos de idade, Sechenov pôs-se a viajar pela 
Europa em companhia de dois famosos personagens do tempo: o compositor 
Aleksandr P. Borodin, autor de Príncipe Igor, e o químico Dmitri I. Mendeleiev (futuro 
mestre de Pavlov que, nesse tempo, tinha apenas sete anos e estudava russo com 
uma senhora "exigente"de Riazan).
Em 1860, foi publicada a tese de Sechenov com o título Dados para a Futura 
Fisiologia da Intoxicação Alcoólica. Nesse trabalho, seu pensamento já começa a 
maturar-se ao redor da ideia de uma fisiologia que explique o funcionamento do 
organismo como parte de uma unidade maior, incluindo o próprio organismo e as 
forças ambientais que operam sobre ele (Sechenov, 1860/1960a).
Esse princípio ficou formulado mais claramente no ano seguinte, na sua Primeira 
Aula publicada pela Meditzinsky Vestnik (1861/1960b):"O organismo não pode existir 
sem o ambiente externo que o mantém; por consequência, uma definição científica 
do organismo deveria incluir também o ambiente que atua sobre ele" (p. 242).
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Os ulteriores efeitos dessa ideia se encontrarão mais abertamente na idealização, 
por parte de Pavlov, do “método crônico" para o estudo da fisiologia da digestão, 
como veremos adiante.
Koshtoyants (1956/1960), em uma biografia de Sechenov, afirma: "este postulado 
está na base de suas descobertas em fisiologia. Em todos os seus experimentos, ele 
partia do pressuposto da decisiva importância da percepção dos estímulos externos, 
através de elementos sensoriais definidos, para a atividade reflexa do sistema nervoso 
central" (p.11).
Em 1856, Sechenov realizou novas descobertas no famoso laboratório de Claude 
Bernard em Paris, onde, além de se beneficiar da valiosa influência deste, entrou em 
contato com Botkine; os dois cientistas exerceram, com o seu empenho experimental, 
uma influência decisiva nas atividades futuras de Sechenov.
Nesse tempo, o livro de Spencer 4s BGses do Psicologia (julho de 1855) já havia 
sido publicado e suas ideias sobre as relações entre evolução e origem da faculdade 
psíquica impressionaram Sechenov (Frolov, 1937/1965).
Em 1862, ele voltou ao laboratório de Claude Bernard, três anos após a publicação 
revolucionária de Darwin /I Origem das Espécies. Nessa segunda estadia em Paris, 
estudou os centros nervosos que inibem os movimentos reflexos.
É nesse período que Sechenov descobre a inibição de determinados movimentos 
reflexos em rãs espinais com a aplicação de cristais de sal ou corrente elétrica no 
cérebro médio. É a partir desses estudos, da influência de Claude Bernard, Hermann 
Helmholtz e Botkine, da leitura de Darwin e do conhecimento dos escritos de John 
Locke, ao qual o seu trabalho se refere mais de uma vez, que Sechenov dá forma à sua 
publicação de 1863: Os Reflexos do Cérebro (Sechenov, 1863/1960c).
Locke, já em 1690, no seu An Essay Concerning Eluman Understanding, havia 
formulado o princípio das "associações" para explicar uma extrema variedade de 
comportamentos nos quais, ainda que não expressa como princípio de aprendizagem, 
encontra-se já a substituição dos estímulos como origem de gostos, desgostos, desejos 
e outros aspectos constitutivos da assim dita "vida psíquica" (Locke, 1690/1948).
O primeiro título do trabalho de Sechenov, mais adaptado ao seu estilo de 
pesquisa e de vida e substituído por exigência da censura governamental, era: 
Uma Tentativa de Estabelecer as Bases Fisiológicas dos Processos Psíquicos. Esse título 
mostra que Sechenov, longe da Rússia por vários anos e todo compenetrado nas 
suas pesquisas, não tinha calculado quanto de provocação continha sua obra para a
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igreja-estado russa de então, e quanto era difícil opor-se à doutrina oficial da época 
que considerava a alma como princípio único para explicação da "vida psíquica".
Nessa época, o número de cientistas expulsos do país era considerável; as 
agitações populares contra o estado czarista eram frequentes e o controle das 
publicações tornou-se, como consequência, mais severo. Daí surgiu, para Sechenov, 
uma notável dificuldade para divulgar as ideias que desejava "comunicar ao mundo".
A censura estatal, na verdade, impôs não somente que o título da publicação 
fosse trocado, mas também que fosse impressa como parte de uma revista médica 
especializada e, portanto, nãoacessível ao povo, em forma de livro barato, conforme 
era intenção do autor.
O trabalho foi publicado em fascículos semanais na Meditzinsky Vestnik, com 
o título Os Reflexos do Cérebro, no ano de 1863. Mais tarde, apareceu em um único 
volume, em 1866, e se atinha na forma de exposição ao Discurso Sobre o Método, de 
René Descartes (Frolov, 1937/1965). O trabalho versava sobre pesquisas e estudos 
feitos por Sechenov já em 1860 e expostos na sua tese de doutoramento sobre a qual 
comentou:
A dissertação que eu escrevi para o meu doutorado em 1860 continha as 
seguintes duas teses: 'Todos os movimentos conhecidos em fisiologia como 
movimentos voluntários são movimentos reflexos no sentido estrito da palavra', 
e 'o aspecto mais geral da atividade normal do cérebro (expressa em forma 
de movimento) é a desproporção entre a excitação e o efeito (movimento) 
gerado por ela. A primeira destas duas teses é bastante clara e a outra requer 
alguma explicação. Na falta de qualquer influência do cérebro, as estimulações 
sensoriais e os movimentos reflexos provocados por elas, correspondem 
um ao outro quanto à intensidade, ou seja, estimulações suaves provocam 
movimentos débeis e vice-versa. Todavia, dada a influência do cérebro, tal 
conformidade não se observa: uma fraca estimulação pode provocar um 
movimento muito forte (por exemplo, todo o corpo que se agita por causa 
de um pequeno golpe) e, inversamente, um estímulo muito forte pode não 
provocar nenhum movimento (como no caso de um indivíduo que, por causa 
de um grande medo, fica imóvel). (Sechenov, 1860/1960a, p. 579)
Em outro texto, continuou Sechenov:
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Se a isso se acrescenta que, nesse tempo, eu preparava minha dissertação 
e podia não ter presente os três elementos que compreendem os outros 
reflexos, não obstante o significado psicológico dos elementos intermediários 
dos atos que terminam em movimentos voluntários, aparece claro que a 
ideia de determinar o substrato fisiológico dos fenômenos psíquicos no que 
concerne ao mecanismo da sua formação veio-me à mente já no tempo de 
minha permanência no exterior. Não há dúvida de que conceitos deste gênero 
amadureciam na minha mente também durante a minha estadia em Paris, 
porque lá eu estava ocupado em experiências que envolviam diretamente atos 
de consciência e de vontade. (Sechenov, 1945/1952, p. 113)
O conceito principal do livro de Sechenov era que a "vida psíquica"e a psiquê não 
são independentes do corpo, mas somente uma função do sistema nervoso central, 
principalmente do cérebro.
O plano geral do livro procurava demonstrar que a "vida psíquica" não era senão 
um arco reflexo muito complexo, compreendendo estimulações, processos centrais 
e efetuação de respostas.
Sechenov sustenta que todas as atividades (voluntárias ou não) dos organismos, 
não são senão movimentos musculares de respostas, independentemente do 
"conteúdo psíquico"que os acompanha. Assim, por exemplo,
(...) o sorriso de uma criança ao contemplar um brinquedo, ou o sorriso de 
Garibaldi, quando perseguido pelo excessivo amor à sua pátria, ou o tremor de 
uma donzela ao primeiro pensamento de amor, ou ainda Newton ao idealizar 
as suas leis universais e ao escrevê-las sobre as folhas, o fato último é, em todos 
os casos, o movimento muscular. (Sechenov, 1863/1960c)
Doutra parte, todas essas respostas musculares são os resultados finais de 
processos nervosos centrais que, por sua vez, têm origem nos órgãos sensoriais. 
Portanto, todas as atividades humanas têm início em ocorrências percebidas pelos 
órgãos dos sentidos e as mesmas atividades cerebrais têm, por sua vez, a sua origem 
na estimulação de receptores internos ou externos.
No campo da fisiologia dos órgãos sensitivos, Sechenov se valia da sua grande 
experiência adquirida com a ajuda de Helmholtz, por ele definido como "o maior 
fisiologista deste século", referindo-se à sua obra de óptica fisiológica. Não somente
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sensações simples dão origem ao arco reflexo que corresponde aos atos psíquicos, 
mas também associações de sensações produzidas por diversos receptores. Frolov 
(1937/1965) afirma, referindo-se a esse ponto:
Sechenov prestou um imenso serviço à ciência com a sua teoria sobre o 
funcionamento da atividade associada dos órgãos sensoriais, na formação 
dos assim chamados conceitos superiores de espaço e de tempo, sob a forma 
de particulares estímulos complexos, dado que muitos sentidos participam 
contemporaneamente na formação de tais reações, (p. 13)
Além da influência de Helmholtz, nota-se também a de Locke, que aparece 
nitidamente na afirmação de que não existe pensamento ou emoção que não 
derive de uma estimulação sensorial (de órgãos receptores). Assim, o pensamento 
e a emoção são os processos intermediários entre as estimulações sensoriais e os 
movimentos musculares de efetuação motora ou verbal.
Sechenov desenvolve brilhantemente as primeiras duas partes do seu modelo, 
isto é, a ilustração da natureza muscular dos comportamentos que revelam a "vida 
psíquica"e a lúcida exposição da origem sensorial de pensamentos e emoções. No que 
interessa ao terceiro problema, ou seja, a explicação do pensamento e das emoções 
como processos intermediários entre as sensações e as respostas musculares, a 
segurança de Sechenov é menor, seja porque somente alguns anos mais tarde Pavlov 
demonstrará experimentalmente a atividade reflexa do córtex cerebral, ou também 
porque, como faz notar Frolov (1937/1965), as pesquisas de Sechenov se "apoiavam 
sobre bases metodológicas ainda muito incertas".
Contudo, a solução teórica de Sechenov é digna de admiração, dada a clareza com 
que é formulada: a emoção seria um processo de excitação da atividade muscular, 
enquanto o pensamento seria um processo de inibição de algumas atividades. Esse 
esquema teórico inclui dois princípios desenvolvidos precedentemente pelo mesmo 
Sechenov: a inibição do córtex e os "traços ocultos de estímulos" (Frolov, 1937/1965).
A solução, muito avançada, não foi, todavia, construída de todo especulativamente, 
porque, algum tempo antes, no laboratório de Claude Bernard, Sechenov se dedicara 
a estudos sobre a atividade dos centros nervosos, principalmente daqueles que 
inibem os movimentos reflexos. Com efeito, Sechenov, em 1863 "descobriu (...) um 
fato novo sobre a atividade cerebral dos animais, a inibição de certos movimentos 
reflexos (...) a assim chamada inibição central" (Frolov, 1937/1965).
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O pensamento é justamente um processo central que priva o arco reflexo da 
sua parte final. O pensamento corresponde, então, a um "reflexo inibido", como diz 
Frolov. Mas a vida psíquica não se refere somente à inibição dos reflexos originários de 
sensações imediatas:"Não se deve subestimar, com efeito, a excepcional contribuição 
de Sechenov por haver trazido à luz os assim chamados troços ocultos de estímulo nas 
regiões superiores do sistema nervoso humano" (Frolov, 1937/1965). Continuando 
com Frolov (1937/1965): "Sechenov considerava esses traços como um fator que 
regula o nosso sistema superior do reflexo (ele interpretava neste modo toda a 
vida psíquica humana) em um mesmo nível com os estímulos externos efetivose 
concretos" (p. 13). Essa afirmação amplia muito o esquema de Sechenov, porque 
permite explicar também as respostas motoras ou verbais não correlacionadas a uma 
particular excitação presente em qualquer órgão sensorial.
No seu trabalho de 1878, publicado na Vestnik Evropy, sob o título Os Elementos do 
Pensamento, Sechenov dedica cerca de 150 páginas a analisar o pensamento como 
processo do sistema nervoso central, intermediário entre a sensação (imediata ou sob 
a forma de troços de estímulo) e o efeito motor ou verbal submetido a processos de 
inibição mais ou menos duráveis (Sechenov, 1878/1960d).
O que expusemos não tem o escopo de resumir os conceitos fundamentais de Os 
Reflexos do Cérebro, mas quer simplesmente sublinhar como Sechenov via no reflexo 
uma unidade mínima de comportamento, válida ao mesmo tempo como unidade de 
análise experimental e como instrumento metodológico para explicar unidades de 
comportamento mais complexas. Ele mesmo, reconhecendo quanto de hipotético 
sua obra ainda contivesse, não quis descuidar das vantagens metodológicas que 
implicava, como também as sugestivas possibilidades de controle experimental das 
hipóteses propostas.
Deixemos o próprio Sechenov (1863/1960c) resumir os conceitos do seu trabalho:
Em todo caso, por ocasião do meu retomo de Paris a Petrogrado, estas ideias 
tomaram forma nas seguintes proposições, em parte provadas e em parte 
hipotéticas: em sua vida consciente ou inconsciente de todo o dia, o homem 
jamais é livre das influências sensoriais devidas ao ambiente e levadas a ele 
através dos seus órgãos sensoriais, e nem mesmo das sensações que partem do 
seu próprio organismo (os seus próprios sentimentos); são estes os fatores que 
mantêm íntegra a sua vida psíquica com todas as respectivas manifestações 
motoras, pois a vida psíquica não é concebível quando os sentidos estão
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perdidos (esta observação foi confirmada faz vinte anos, através da observação, 
em casos muito raros, de pacientes que haviam perdido quase todos os seus 
sentidos), (p. 580)
Nesse trecho de Sechenov está resumida a sua teoria relativa à primeira parte do 
arco reflexo aplicado às atividades ditas psíquicas. O autor deixa entender claramente 
que o primeiro elemento do reflexo não é necessariamente a sensação produzida por 
estímulos externos; esses estímulos fazem disparar processos reflexos que terminam 
em movimentos; mas também os desejos funcionam como excitantes internos com 
respeito à vida psíquica.
Diz a propósito Sechenov (1863/1960c): "Assim como os movimentos do homem 
são determinados pelas indicações dos órgãos sensoriais, também o modo de 
comportar-se na sua vida psíquica é determinado por seus desejos e suas aspirações" 
(p. 580); e "O início do reflexo é sempre causado por uma certa influência sensorial 
externa; o mesmo se verifica, muitas vezes imperceptivelmente, em toda a nossa 
vida psíquica (dado que na ausência das influências sensoriais a vida psíquica é 
impossível)" (p. 580).
Quanto ao terceiro elemento do reflexo aplicado aos atos da vida psíquica, a 
efetuação final, mais ou menos manifesta, Sechenov (1863/1960c) não é menos claro:
Na maior parte dos casos, os reflexos terminam em movimentos: existem, 
porém, também reflexos que se concluem com a supressão do movimento; 
a mesma coisa se pode observar nos atos psíquicos: a maior parte deles se 
exterioriza através de manifestações mímicas e ações, mas, em muitíssimos 
casos a sua parte final é suprimida, com o resultado de que, em lugar de três 
elementos, o ato é representado somente por dois; o lado meditativo da vida 
tem, portanto, esta forma. (p. 580)
Nessa passagem se resume não só a aguda intuição de Sechenov, mas também a 
sua preocupação em utilizar o reflexo como um instrumento de análise mais que de 
descrição da vida psíquica, por simples analogia com os movimentos reflexos.
Pode-se dizer, segundo a teoria acima descrita, que o pensamento é um reflexo 
inibido. Falta, porém, a explicação da emoção, outro processo intermediário entre a 
excitação e a resposta. Sechenov (1863/1960c) a explica do modo seguinte:
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As emoções são fundamentadas, direta ou indiretamente, sobre os assim ditos 
sentidos sistêmicos, que podem desenvolver-se em fortes desejos (sensações 
de fome, instintos de autopreservação, desejo sexual, etc.) e que são expressos 
em ações impetuosas; por esta razão esses podem ser incluídos na categoria 
dos reflexos com uma terminação intensificada, (p. 580)
As emoções são, portanto, também elas, uma "categoria de reflexos". Era necessário 
um perfeito conhecimento da fisiologia nervosa e uma boa dose de coragem para 
publicar essas ideias na Rússia de 1863, controlada atentamente pela igreja-estado 
czarista.
Como o primeiro título do trabalho, Uma Tentativa de Estabelecer as Bases 
Fisiológicas dos Processos Psíquicos, devia ser substituído por imposição do 
Departamento de Censura, Sechenov (1863/1960c) o trocou e declarou a respeito; 
"Assim eu troquei o título para Os Reflexos do Cérebro. Fui acusado de ser um 
involuntário propagador de imoralidade e de princípios de filosofia niilista"(p. 580). 
E ainda:
Os meus mais acérrimos opositores podem de fato acusar-me de afirmar que 
qualquer ação, independentemente do seu conteúdo, é pré-determinada pela 
natureza de um dado indivíduo; qualquer ação é causada por um determinado 
estímulo externo, por vezes insignificante; a ação em si mesma é inevitável 
e, sendo assim, também o pior criminoso não é responsável pelos seus atos.
Podem sustentar, ainda, que os meus ensinamentos dão caminho livre a 
atividades vergonhosas enquanto persuadem pessoas depravadas de que não 
são responsáveis por seus atos. (Sechenov, 1863/1960c, p. 580)
Muito mais tarde, Skinner (1955/1961), referindo-se a algumas declarações de 
Dean Acheson e outros opositores da análise experimental do comportamento, 
afirmará;
Isto não é outra coisa senão a remanescência da posição assumida por outras 
instituições empenhadas no controle dos homens, para as quais, determinadas 
formas de conhecimento são um mal em si mesmas. (...) Chegamos assim tão 
longe somente para concluir que pessoas bem intencionadas não podem
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estudar o comportamento humano sem se tomarem tiranos ou que pessoas 
informadas não podem dar prova de boa vontade? (p. 17)
Em outro trabalho, Skinner (1956) escreveu:
Se o advento de uma poderosa ciência do comportamento causa incômodo, 
isto não será devido a ser a ciência uma inimiga, em si mesma, do bem-estar 
humano, mas a que as velhas concepções não são facilmente superadas. Nós 
esperamos resistências à aplicação das novas técnicas de controle por parte 
daqueles que fizeram ingente investimento nas antigas, mas não temos razão 
nenhuma em ajudá-los a preservar uma série de princípios que não são fins em 
si mesmos, mas meios, já fora de moda, para um objetivo, (p. 32)
Não é, pois, de se estranhar que na Rússia czarista da segunda meta do século XIX, 
as afirmações de Sechenov sobre o determinismo do comportamento provocassem 
resistências.
Na sua autobiografia (1945/1952), Sechenov assim escreve:
Não havia necessidade alguma de discutir no meu tratado o problema do bem 
e do mal; o meu objetivo consistia em analisar as ações em geral e o meu ponto 
de vista era que, dadas determinadas condições, não só as ações, mas também 
a sua inibição são inevitáveis, e obedecem à lei da causa e do efeito. Seria

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