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Livro Geoprocessamento

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Geoprocessamento
Geoprocessamento
Organizado por Universidade Luterana do Brasil
Universidade Luterana do Brasil – ULBRA
Canoas, RS
2015
Eduardo Lorini Carneiro
Conselho Editorial EAD
Andréa de Azevedo Eick
Astomiro Romais,
Claudiane Ramos Furtado
Dóris Cristina Gedrat
Kauana Rodrigues Amaral
Luiz Carlos Specht Filho
Mara Lúcia Salazar Machado
Maria Cleidia Klein Oliveira
Thomas Heimann
Obra organizada pela Universidade Luterana do Brasil. 
Informamos que é de inteira responsabilidade dos autores 
a emissão de conceitos.
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida 
por qualquer meio ou forma sem prévia autorização da 
ULBRA.
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na Lei 
nº 9.610/98 e punido pelo Artigo 184 do Código Penal.
ISBN: 978-85-5639-003-5
Dados técnicos do livro
Diagramação: Jonatan Souza
Revisão: Ane Sefrin Arduim
 
 
 
 
 
 
 
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação – CIP 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Setor de Processamento Técnico da Biblioteca Martinho Lutero – ULBRA/Canoas 
 
 
G345 Geoprocessamento / Organizado por Universidade Luterana do Brasil. – 
 Canoas: Ed. ULBRA, 2015. 
 178 p. : il. 
 
 
 
 1. Geografia - processamento. 2. Geoprocessamento. 3. Cartografia. 
 I. Universidade Luterana do Brasil. 
 
 
 CDU 528.9 
 
Prezado(a) aluno(a),
Você já parou para observar como os mapas são importantes para a nossa vida? Geralmente, quando pensamos em mapas, a imagem 
que vem na nossa cabeça é daqueles mapas de escola que os livros di-
dáticos de Geografia nos mostram, com o planeta dividido ao meio pela 
linha do Equador e os oceanos pintados de azul. Mas a verdade é que os 
mapas podem ser bem diferentes e bem mais complexos do que aqueles 
que vimos na escola.
Deparamos-nos com eles em vários momentos, sem nem sequer nos 
darmos conta. Quando vamos ao shopping, assistimos ao noticiário, aces-
samos determinados aplicativos de tablets e smartphones e até mesmo 
quando jogamos video game. Os mapas estão lá auxiliando a nos localizar 
e a tomar decisões para o nosso cotidiano, inclusive em situações básicas 
da nossa vida e que nem imaginamos que os mapas podem ter influência. 
A energia elétrica que chega até nossas casas, por exemplo, passa por 
todo um sistema que inclui o mapeamento das redes de alta tensão. As 
redes de saneamento básico e tubulação de gás de um município também 
precisam de mapas para identificação, caso contrário, uma escavação em 
área inapropriada poderia ter péssimas consequências.
A grande produção de mapas eficientes nos dias de hoje só é possível 
graças às ferramentas de geoprocessamento, que nada mais são do que 
a utilização de tecnologia para a elaboração de produtos cartográficos. 
Nesta disciplina, você irá conhecer mais a respeito do geoprocessamento. 
Este livro está organizado em 10 capítulos, nos quais você irá encontrar 
informações sobre os conceitos ligados ao geoprocessamento e ao SIG 
(Sistema de Informações Geográficas), além de conhecer os tipos e for-
Apresentação
Apresentação v
matos de arquivos utilizados na produção cartográfica, além dos softwares 
mais indicados para os projetos em geoprocessamento.
Iremos rever também alguns conceitos que já nos são conhecidos do 
Ensino Fundamental e Médio, mas muitas vezes nos esquecemos, como os 
elementos que constituem um mapa, a escala, a legenda, a padronização 
de cores, o cálculo de áreas e distâncias e os sistemas de projeções utiliza-
dos no mapeamento. Além disso, ao longo de todos os 10 capítulos, ire-
mos conhecer alguns exemplos práticos de geoprocessamento, tanto para 
projetos sociais e econômicos, como para análises ambientais, o que inclui 
a identificação de áreas de desmatamento, identificação de áreas de risco 
ambiental, etc.
O principal objetivo desta disciplina é deixá-lo ciente de todas as pos-
sibilidades que o geoprocessamento nos proporciona, podendo realizar 
análises de vários segmentos e verificar a representação de fenômenos 
geográficos, sejam eles naturais ou sociais. Além disso, você também terá 
subsídios nos próximos capítulos para criar seus próprios mapas e projetos.
Bons estudos!
 1 Conceitos Básicos de Cartografia e Geoprocessamento .........1
 2 Sensoriamento Remoto .......................................................20
 3 Desenho Assistido por Computador (CAD) ..........................41
 4 Sistema de Informações Geográficas (SIG) ..........................56
 5 Tipos de Arquivos ...............................................................71
 6 Fontes de Dados em Geoprocessamento .............................87
 7 Montagem de Projeto em Geoprocessamento ...................103
 8 Grupos de Operações de Análise Espacial 
em SIG .............................................................................118
 9 Aplicações SIG ..................................................................136
 10 Componentes Cartográficos ..............................................155
Sumário
Capítulo 1
Conceitos Básicos 
de Cartografia e 
Geoprocessamento1
1 Licenciado e bacharel em Geografia pela ULBRA. Professor da rede pública no 
Colégio Agrícola Estadual Daniel de Oliveira Paiva, Cachoeirinha, RS.
Eduardo Lorini Carneiro1
2 Geoprocessamento
Introdução
Neste capítulo iremos conceituar alguns itens importantes para 
esta disciplina, como a cartografia e o próprio geoprocessa-
mento. Faremos uma breve revisão histórica de como surgiram 
as práticas de mapeamento e como elas foram se aprimoran-
do com o passar do tempo com o auxílio do geoprocessamen-
to. Também iremos fazer uma análise de como estas práticas 
são importantes nos dias de hoje e não são utilizadas apenas 
por geógrafos ou engenheiros, mas sim por grande parte da 
população em geral. Bons estudos!
1 Conceitos e definições
Os mapas fazem parte do nosso dia a dia. Por mais que a 
gente não perceba, a cartografia é uma das ciências mais 
comuns do nosso cotidiano. Deparamos-nos com mapas na 
escola, nos noticiários, nos shopping centers, na publicida-
de. Enfim, saber caracterizá-los e interpretá-los corretamente 
é fundamental para entendermos muito do que se passa ao 
nosso redor.
1.1 Cartografia
Mas afinal, o que vem a ser a Cartografia? Atualmente, a pa-
lavra é utilizada apenas para designar a “ciência que estuda 
os mapas”, mas isto é uma definição muito simplória do que 
vem a ser a cartografia. Visconde de Santarém, historiador e 
Capítulo 1 Conceitos Básicos de Cartografia e Geoprocessamento 3
diplomata português foi o primeiro a empregar este termo em 
uma carta destinada ao historiador brasileiro Francisco Adolfo 
de Varnhagen, onde ele teria escrito “invento esta palavra já 
que aí se tem inventado tantas” (IBGE, 2014).
Em 1966, após a realização do XX Congresso Internacional 
de Geografia, em Londres, organizado pela Associação Carto-
gráfica Internacional (ACI), foi elaborada a seguinte definição 
para a Cartografia:
Conjunto de estudos e operações científicas, técnicas e 
artísticas que, tendo por base os resultados de observa-
ções diretas ou da análise de documentação, se voltam 
para a elaboração de mapas, cartas e outras formas 
de expressão ou representação de objetos, elementos, 
fenômenos e ambientes físicos e socioeconômicos, bem 
como a sua utilização. (ACI, 1966).
A definição da ACI é a mesma utilizada pelo Instituto Bra-
sileiro de Geografia e Estatística (IBGE), disponível em seu site 
oficial. Mas é claro que muitos dicionários e enciclopédias, 
além de pesquisadores em geral, foram dando novos concei-
tos à palavra com o passar do tempo. No Brasil, por exemplo, 
o dicionário Aurélio define Cartografia como sendo “a arte ou 
ciência de compor cartas geográficas ou mapas.” (AURÉLIO, 
2004).
Em 1991, com o objetivo de simplificar a definição inicial e 
torná-la de fácil compreensão de grande parte da população, 
a ACI resumiu Cartografia como sendo“a disciplina que trata 
da concepção, produção, disseminação e estudo de mapas.” 
(ACI, 1991).
4 Geoprocessamento
1.2 Carta
Em relação aos termos derivados e relacionados à Cartografia, 
existe uma confusão entre a diferença entre “carta” e “mapa”. 
Quanto à Carta, esta é definida por Miguel Cezar Sanchez 
como sendo
toda representação de parte da superfície terrestre em 
escalas geralmente grandes, portanto com algum de-
talhe. Essas representações possuem como limites, a 
maior parte das vezes, as coordenadas geográficas, e 
raramente terminam em limites político-administrativos. 
(SANCHEZ, 1973 apud SEABRA 2010).
Outra definição de Carta é que consta no Dicionário Car-
tográfico, que afirma que esta seria
Representação dos aspetos naturais e artificiais da Terra, 
destinada a fins práticos da atividade humana, principal-
mente a avaliação precisa das distâncias, direções e a 
localização geográfica de pontos, áreas e detalhes; re-
presentação plana, geralmente em média ou grande es-
cala, de uma superfície da Terra, subdividida em folhas, 
de forma sistemática, obedecendo um plano nacional 
ou internacional. Nome tradicionalmente empregado na 
designação do documento cartográfico de âmbito na-
val. (OLIVEIRA, 1980 apud ANDERSON, 1982).
Assim sendo, a carta possui um objetivo a ser representa-
do, normalmente aspectos naturais de um local. Ela não obe-
dece a limites geográficos, representando tudo que está em 
Capítulo 1 Conceitos Básicos de Cartografia e Geoprocessamento 5
um intervalo definido de coordenadas. A Figura 1 apresenta 
um trecho de carta topográfica elaborada pelo exército bra-
sileiro na década de 1970. Nela é possível observar as áreas 
urbanizadas (em tons avermelhados), as áreas de vegetação 
(em verde), além de estradas, cursos d’água e curvas de nível 
com indicação da elevação.
Figura 1 Carta topográfica elaborada pelo exército brasileiro.
1.3 Mapa
As principais diferenças do mapa para a carta estão na sua 
escala e nas informações apresentadas. Miguel Cezar Sanchez 
afirma que o mapa,
6 Geoprocessamento
como a carta, resulta de um levantamento preciso, exa-
to, da superfície terrestre, mas em escala menor, apre-
sentando menor número de detalhes em relação à car-
ta. Os limites do terreno representado coincidem com os 
limites político-administrativos, sendo que o título e as 
informações complementares são colocados no interior 
do quadro de representações que circunscreve a área 
mapeada. (SANCHEZ, 1973 apud SEABRA 2010).
A definição de mapa do Dicionário Cartográfico traz o se-
guinte texto:
Representação gráfica, em geral uma superfície plana 
e numa determinada escala, com a representação de 
acidentes físicos e culturais da superfície da Terra, ou de 
um planeta ou satélite. As posições dos acidentes devem 
ser precisas, de acordo, geralmente, com um sistema de 
coordenadas. Serve igualmente para denominar parte 
ou toda a superfície da esfera celeste. (OLIVEIRA, 1980 
apud ANDERSON, 1982).
Ou seja, o mapa se diferencia da carta por ser uma re-
presentação mais simples, que segue limites político-admi-
nistrativos e possuem escalas que podem ser bem menores, 
o que significa possível perda de detalhes. A Figura 2 apre-
senta um mapa político do Brasil elaborado pela editora 
Ática. Não são percebidos muitos detalhes além da divisão 
política do país.
Capítulo 1 Conceitos Básicos de Cartografia e Geoprocessamento 7
Figura 2 Mapa político do Brasil (Maria Elena Simielli, Editora Ática, 2012).
Disponível em http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/d9/Mapa_Poli-
tico_Brazil_1981_CIA.gif
8 Geoprocessamento
1.4 Geoprocessamento
Como o geoprocessamento está diretamente ligado às tecnolo-
gias de produção cartográfica, seu conceito vem ganhando novas 
formas e significados na medida em que estas tecnologias vão 
evoluindo. No entanto, ele não pode ser confundido com todo o 
conjunto de geotecnologias, que engloba ainda sensoriamento re-
moto, GPS, etc. O geógrafo Jorge Xavier da Silva define Geopro-
cessamento como sendo “um conjunto de técnicas computacionais 
que opera sobre bases de dados (que são registros de ocorrências) 
georreferenciados, para os transformar em informação (que é um 
acréscimo do conhecimento) relevante.” (SILVA, 2009).
De um modo mais simples, podemos dizer que geoprocessa-
mento é a manipulação de informações geográficas e espaciais 
através de softwares específicos. Ele consiste na coleta, armaze-
namento, tratamento e análise das informações e de seu uso de 
forma integrada. O geoprocessamento pode ser elaborado para 
atender diversas finalidades. Uma empresa, por exemplo, pode 
utilizar para conhecer onde estão os seus clientes em potencial; 
uma prefeitura pode fazer uso desta técnica para localizar as 
melhores áreas para construção de escolas, hospitais, aterros 
sanitários,, etc. E nos setores ambientais, o geoprocessamento 
pode auxiliar no manejo de bacias hidrográficas, controle de 
desmatamento, identificação de áreas de preservação, etc.
2 Breve histórico da cartografia
Representar o seu espaço é uma prática que está presente há 
muito tempo na sociedade. Desde os primórdios da civilização 
o ser humano possui uma necessidade de conhecer o espaço 
Capítulo 1 Conceitos Básicos de Cartografia e Geoprocessamento 9
que está ocupando, definindo melhores locais para habitação, 
agricultura, represamento de águas, etc. Em 2.500 a.C., os ba-
bilônicos já representavam seu território em inscrições gravadas 
em argila, identificando elementos da paisagem como monta-
nhas e rios. Com o passar do tempo, a cartografia foi ganhan-
do cada vez mais espaço nas civilizações chinesa e egípcia.
No século IV a.C. os gregos já se aprofundavam ainda 
mais nos conhecimentos cartográficos e passaram a elaborar 
mapas de áreas maiores, e não apenas de seu entorno. Neste 
período, Anaximandro de Mileto representou o mundo conhe-
cido na forma de um círculo onde estariam os continentes afri-
cano, europeu e asiático, como visto na Figura 3.
Figura 3 Mapa de Anaximandro de Mileto.
Fonte: http://arquimedes.matem.unam.mx/
10 Geoprocessamento
Com o tempo, a cartografia foi ganhando destaque em 
diversos povos e seu uso foi sendo cada vez mais aprimorado. 
Ptolomeu, por exemplo, entre os séculos I e II, calculou as co-
ordenadas de mais de 8.000 mil lugares e disseminou o uso 
das coordenadas geográficas (latitude e longitude). Durante 
a Idade Média, com a imposição da Igreja Católica, muitas 
conquistas científicas deram lugar a representações simbóli-
cas e de caráter religioso. Muitos mapas traziam Jerusalém no 
centro e ao seu redor os três continentes já conhecidos.
Em 1413, já no fim da Idade Média, inicia-se o período 
dos descobrimentos e a era das grandes navegações. Os ma-
pas voltam a assumir sua importância e com a função de au-
xiliar os navegantes em suas jornadas. Este período também 
conta com o auxílio de instrumentos como bússola e astrolábio 
(Figura 4) para complementar a atividade cartográfica.
Figura 4 Representação de bússola e astrolábio.
Fontes: museu de Astronomia e Museu da Tecnologia de São Paulo.
Capítulo 1 Conceitos Básicos de Cartografia e Geoprocessamento 11
Em 1569 foi produzido o primeiro mapa-múndi (Figura 5), 
elaborado por Mercator utilizando projeção cilíndrica e apre-
sentando grandes distorções próximas aos pólos. Este mapa 
se tornou parte do primeiro grande Atlas Mundial, finalizado 
em 1570.
Figura 5 Mapa-múndi de Mercator, 1569.
Fonte: Wikipedia – History of Cartography.
Os mapas de Mercator, justamente pela sua distorção vi-
sível nos países ao norte do Equador, são utilizados como pa-
drão em todo o mundo, o que prova a força ideológica dos 
mapas. Os países considerados mais ricos e desenvolvidos são 
os que aparecem na parte “de cima” e em tamanho muito 
superior aos países mais pobres e em desenvolvimento. Na dé-
12 Geoprocessamento
cada de 1970, a projeção elaborada por Arno Peters criticava 
a visão “eurocentrista” de Mercatore colocava os países afri-
canos e latino-americanos em destaque. A Figura 6 apresenta 
a comparação entre estas duas formas de enxergar o mundo.
Figura 6 Comparação entre as projeções de Mercator (E) e Peters (D).
Fonte: TERRA, ARAÚJO e GUIMARÃES, 2010.
Com o passar dos anos, novas tecnologias foram surgindo. 
A partir de 1884, com a definição do Meridiano de Greenwich 
como referência para as longitudes e o surgimento das primei-
ras fotografias aéreas, os mapas se tornaram mais precisos. 
Atualmente os mapas constam com diversas fontes para sua 
elaboração, que podem ser desde entrevistas com moradores, 
pesquisas, fotografias aéreas, imagens de satélite, etc.
3 Cartografia digital e geoprocessamento 
nos dias de hoje
A Cartografia Temática não é algo recente. Desde o final do 
século XVIII e início do século XIX já existem mapas que têm por 
Capítulo 1 Conceitos Básicos de Cartografia e Geoprocessamento 13
objetivo mostrar informações que vão além das características 
físicas (feições de relevo ou vegetação, por exemplo) ou limites 
políticos. Antes, ao se observar um mapa, a única pergunta 
que poderia ser respondida era “Onde?”, pois estes mostra-
vam apenas a localização de fenômenos específicos. Atual-
mente, a cartografia pode responder perguntas como “Como 
aconteceu?”, “Quando?”, “Quantos?”, etc.
Pode-se retratar qualquer tema em um mapa, mas estes 
deixam de ser gerais para atender a públicos específicos. Os 
dados representados são coletados são coletados de diver-
sas formas (entrevistas, análises, observações, etc.) e uma das 
desvantagens da Cartografia Temática Digital é que suas in-
formações podem estar desatualizadas pouco tempo após a 
elaboração do mapa.
A Figura 7 a seguir apresenta um exemplo. Trata-se da 
densidade demográfica do Rio Grande do Sul. É um mapa 
temático elaborado com os dados do Censo Demográfico 
2010 pela Secretaria de Planejamento do Estado. Com as 
informações contidas neste mapa podem-se perceber quais 
são as áreas mais povoadas no estado e que merecem uma 
atenção maior dos governos nas questões de infraestrutura, 
por exemplo.
14 Geoprocessamento
Figura 7 Densidade demográfica do Rio Grande do Sul.
Disponível em http://www.scp.rs.gov.br/atlas/conteudo.asp?cod_menu_
filho=806&cod_menu=805&tipo_menu=POPULA&cod_conteudo=1388
A Cartografia Digital é utilizada atualmente em diversas 
áreas, dentre as quais podemos citar: classificação de uso do 
solo, demografia (população absoluta, densidade demográ-
fica), saúde (ocorrências de epidemias e focos de doenças), 
segurança (áreas de ocorrências de crimes) e questões am-
bientais (mapeamento de áreas de preservação, identificação 
de focos de desmatamento, etc.).
O uso do geoprocessamento também é utilizado em larga 
escala pela população. E muitas vezes nem nos damos conta. 
Capítulo 1 Conceitos Básicos de Cartografia e Geoprocessamento 15
O Sistema de Posicionamento Global (GPS, no inglês Global 
Positioning System) é uma ferramenta que antes estava restrita 
aos profissionais de engenharia e geografia, mas hoje está 
sendo utilizado cada vez mais por motoristas para localização 
e elaboração de rotas. Além disso, o sistema já vem integrado 
na maioria dos novos celulares, o que possibilita aos usuários 
o acesso a serviços de localização e estimar tempos de des-
locamentos, por exemplo. A Figura 8 mostra um aplicativo de 
celular baseado na utilização de GPS.
Figura 8 Aplicativo de GPS para celulares.
Fonte: do autor.
16 Geoprocessamento
A ideia do geoprocessamento nos dias de hoje é a praticida-
de. Ou seja, buscar maneiras de tornar algumas tarefas do dia 
a dia mais práticas, como pegar um ônibus, por exemplo. No 
Brasil, cidades como Rio de Janeiro e Maceió já contam com 
frotas de ônibus equipadas com GPS e aplicativos de celular 
que permitem ao usuário saber quais linhas passam em cada 
parada de ônibus e acompanhar o trajeto de cada uma em 
tempo real, poupando, assim, tempo de espera das paradas.
No entanto, mesmo com estas vantagens, a cartografia di-
gital apresenta algumas limitações. A principal delas é a au-
sência de uma escala. Embora esteja presente em algumas 
ferramentas (como o Google Earth, por exemplo) a escala ain-
da é uma ferramenta essencial em um mapa, pois permite o 
cálculo de distâncias entre pontos específicos e no caso dos 
computadores e celulares a escala se torna imprecisa, pois 
varia conforme a resolução e tamanho da tela em que se ob-
serva o mapa. Outra limitação está na escassez de mão de 
obra qualificada e pessoas bem treinadas para a elaboração 
cartográfica, que poderiam gerar produtos de forma mais con-
fiável e com maior qualidade.
Uma última desvantagem é justamente uma consequência 
da praticidade da cartografia digital, pois como a tecnologia 
evolui muito rapidamente, requer um investimento maior de 
empresas que trabalhem com mapas. Há ainda a necessidade 
de atualização e formação dos profissionais que irão lidar com 
essas ferramentas, que devem sempre estar atentos às novi-
dades que podem dar maior produtividade ao seu trabalho. 
Isso sem falar na obrigatoriedade de conexão com a Internet, 
Capítulo 1 Conceitos Básicos de Cartografia e Geoprocessamento 17
visto que muitos mapas e aplicativos encontram-se disponíveis 
apenas na rede.
No entanto, a Cartografia Digital e geoprocessamento na 
atualidade também contam com algumas desvantagens. Uma 
delas está na carência de mão de obra qualificada e pessoas 
bem treinadas para a produção de mapas e aplicativos, que 
teriam condições de criar produtos mais confiáveis e de maior 
qualidade. Além disso, justamente pelo fato de que as tecno-
logias estão sempre se aprimorando e evoluindo muito depres-
sa, as empresas que trabalhem neste segmento hoje precisam 
investir muito mais na atualização de seus recursos e formação 
de seus profissionais.
4 Atividades Complementares
 1) Quais as principais diferenças entre um mapa e uma carta?
 2) Defina o que é geoprocessamento.
 3) Explique porque a cartografia pode ser considerada uma 
ferramenta de poder.
 4) Quais as maiores vantagens da Cartografia Temática Digi-
tal em relação à cartografia tradicional?
 5) De que forma o geoprocessamento pode ser utilizado em 
nosso dia a dia?
18 Geoprocessamento
Recapitulando
Neste capítulo, vimos o quanto os mapas fazem parte do nos-
so dia a dia e como é importante saber reconhecer as infor-
mações contidas neles. Fizemos uma revisão da história da 
cartografia desde os povos antigos – que desenhavam seus 
trajetos nas paredes das cavernas –, até os dias de hoje, em 
que dispomos de uma avançada tecnologia para elaborações 
de projetos.
Diferenciamos, neste capítulo, alguns conceitos que costu-
mamos confundir, como cartas e mapas, sendo que os primei-
ros dão ênfase aos recursos naturais de um determinado lugar, 
enquanto que os segundos são mais dinâmicos e abrangentes.
Também vimos o conceito de geoprocessamento, que será 
o tema principal dos próximos capítulos, e que está diretamen-
te ligado às tecnologias de produção cartográfica.
Referências
ANDERSON, Paul S. Princípios de Cartografia Básica. 1982. 
Disponível em: <http://www.fcav.unesp.br/Home/departa-
mentos/engenhariarural/TERESACRISTINATARLEPISSARRA/
Cartografia-Basica.pdf>. Acesso em 27 out. 2014.
CÂMARA, Gilberto. et al. Conceitos Básicos em Geoproces-
samento. Disponível em: <http://www.ufpa.br/sampaio/
curso_de_sbd/sig/cap02-conceitos.pdf>. Acesso em 27 
de outubro de 2014.
Capítulo 1 Conceitos Básicos de Cartografia e Geoprocessamento 19
FITZ, Paulo Roberto. Cartografia Básica. São Paulo: Oficina 
de Textos, 2008.
IBGE. Glossário Cartográfico. Disponível em: <http://www.
ibge.gov.br/home/geociencias/cartografia/glossario/glos-
sario_cartografico.shtm>. Acesso em 27 out. 2014.
SEABRA, Vinicius da Silva. Cartografia. Universidade Castelo 
Branco. Rio de Janeiro: UCB, 2010.
SILVA, Jorge Xavier da. O que é geoprocessamento? Revista 
do Crea-RJ. Out./nov. 2009.
SIMIELLI, Maria Elena.Atlas Geográfico Escolar. São Paulo: 
Ática, 2012.
Sensoriamento Remoto1
1 Licenciado e bacharel em Geografia pela ULBRA. Professor da rede pública no 
Colégio Agrícola Estadual Daniel de Oliveira Paiva, Cachoeirinha, RS.
Eduardo Lorini Carneiro1
Capítulo 2
Capítulo 2 Sensoriamento Remoto 21
Introdução
Já perceberam como as imagens de satélite estão presentes 
no nosso cotidiano? Existem muitas informações que podem 
ser extraídas a partir delas, desde o planejamento urbano e 
ambiental até a previsão do tempo. Neste capítulo, iremos es-
tudar a utilização de sensoriamento remoto, o que inclui as 
imagens de satélite, fotografias aéreas, entre outros, desde a 
sua origem até a sua utilização na atualidade, pois se tratam 
de produtos que podem auxiliar o trabalho de geoprocessa-
mento. Bons estudos!
1 Definição e histórico
Sensoriamento remoto refere-se à obtenção de imagens à dis-
tância, o que pode incluir desde uma câmera fotográfica uti-
lizada por uma pessoa até um satélite em órbita da Terra que 
registra imagens de sua superfície. Cada um destes aparelhos 
utilizados para a coleta de imagens é denominado de “sensor 
remoto”. Trata-se, portanto, de trabalharmos em uma determi-
nada região sem a necessidade de termos contato físico direto 
com ela. Mais adiante iremos estudar os principais tipos de 
sensores que são utilizados hoje e as aplicabilidades de cada 
um, mas por enquanto vamos analisar um breve histórico de 
como esta prática se tornou comum no geoprocessamento.
O sensoriamento remoto aplicado ao geoprocessamento 
tem sua origem desde a invenção das câmeras fotográficas, 
que foi o primeiro tipo de sensor a ser usado, e suas aplicações 
22 Geoprocessamento
estavam diretamente ligadas ao uso militar. No início do sécu-
lo XX, por exemplo, algumas câmeras eram fixadas em pom-
bos-correios, que eram enviados para locais estrategicamente 
escolhidos com o objetivo de registrar imagens sobre possíveis 
posições inimigas. As imagens, quando obtidas com sucesso, 
ajudavam no planejamento estratégico e reconhecimento da 
infraestrutura inimiga. A Figura 1 mostra uma imagem de ar-
quivo de um pombo utilizado para fotografias aéreas.
Figura 1 Pombo com câmera fotográfica.
Disponível em http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Bundesarchiv_Bild_183-
-R01996,_Brieftaube_mit_Fotokamera_cropped.jpg
Com o passar do tempo, os pombos passaram a ser fixa-
dos em balões que sobrevoavam as áreas militares com rotas 
mais específicas. Já nos anos 1960 surgem os aviões norte-
-americanos de espionagem denominados U2 (Figura 2), que 
são conduzidos por apenas um piloto e possuem diversos sen-
Capítulo 2 Sensoriamento Remoto 23
sores acoplados. Estes aviões voam a uma altitude acima de 
20.000 metros, o que dificulta o seu abate por inimigos.
Figura 2 Avião de espionagem U2.
Disponível em http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Landsat-1.jpg
Já nos anos 1970, com o avanço da corrida espacial e 
o lançamento de diversos satélites para o espaço, o senso-
riamento remoto ganha uma nova configuração. Os recursos 
utilizados na construção e lançamento de um satélite são altos, 
porém, eles podem orbitar ao redor da Terra por vários anos 
e registram imagens 24 horas por dia durante toda a sua vida 
útil. Em 1972, os Estados Unidos enviou ao espaço o satélite 
Landsat-1 (Figura 3), que constituiu um dos maiores progra-
mas espaciais e de aquisição de imagens da Terra.
24 Geoprocessamento
Figura 3 Satélite Landsat-1
Disponível em http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Landsat-1.jpg
O Landsat-1 só foi desativado seis anos após o seu lança-
mento. Para se ter uma ideia da vida útil dos satélites moder-
nos, o Landsat-5, lançado em 1984, só registrou problemas de 
funcionamento em 2011, e mesmo assim continua em opera-
ção. O mais recente lançamento deste projeto aconteceu em 
fevereiro de 2013, com o lançamento do satélite Landsat-8. 
Em outubro de 2014 a NASA divulgou algumas imagens deste 
novo satélite. Trata-se de uma comparação nos níveis de água 
da represa Jaguari, na grande São Paulo (Figura 4).
Capítulo 2 Sensoriamento Remoto 25
Figura 4 Imagens do reservatório de Jaguari pelo Landsat-8
Disponível em: http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/nasa-divulga-fotos-que-
-mostram-a-seca-do-cantareira
O Brasil também possui participação na aquisição de ima-
gens espaciais. Trata-se do programa CBERS (Satélite Sino-
-Brasileiro de Recursos Terrestres), uma cooperação entre os 
governos brasileiro e chinês que enviou para o espaço o saté-
lite CBERS-1 em outubro de 1999. As principais utilizações das 
imagens deste programa estão no controle ambiental, que in-
clui monitoramento de queimadas, controle do desmatamento 
na Amazônia, ocupação do solo e áreas agrícolas.
A parceria entre os dois governos continua até hoje. Em 
2013 foi lançado o CBERS-3, que apresentou mau funciona-
mento e teve que retornar à Terra, sendo desativado. O lan-
çamento de um novo satélite, CBERS-4 (Figura 4) está previsto 
para dezembro de 2014.
26 Geoprocessamento
Figura 5 Representação do satélite CBERS-4
Fonte: INPE.
Atualmente, Estados Unidos e Rússia possuem a maior 
quantidade de satélites lançados. E além dos programas Lan-
dsat e CBERS, outros satélites também possuem importância 
na coleta de imagens do planeta, como o Spot, o Ikonos, o 
QuickBird e o NOAA. Destes, apenas o primeiro é da França 
e todos os outros pertencem aos Estados Unidos.
2 Principais sensores remotos
Podemos definir os principais tipos de sensores remotos em três 
tipos: olhos, câmeras fotográficas e satélites.
2.1 Olhos
Sim, nossos olhos também podem ser considerados sensores, 
pois são capazes de reconhecer objetos a distância através da 
Capítulo 2 Sensoriamento Remoto 27
propagação de ondas eletromagnéticas. No entanto, apenas 
o recurso visual é pouco utilizado no geoprocessamento, pois 
os olhos só conseguem distinguir aquilo que é visível à luz e 
não conseguem identificar detalhes com clareza como uma 
imagem de satélite. Além disso, não há como armazenar uma 
informação que foi apenas vista e não foi registrada a não 
ser em nossa própria memória, o que dificultaria um trabalho 
mais rigoroso.
2.2 Câmeras fotográficas
Assim como nossos olhos, as câmeras capturam a energia vi-
sível ao alcance da lente, registrando-a em um filme (no caso 
das câmeras analógicas) ou em um arquivo virtual (no caso 
das câmeras digitais). O uso das câmeras fotográficas foi mu-
dando ao longo do tempo, assim como a sua configuração. 
Se antigamente elas eram um recurso restrito apenas a deter-
minados profissionais (fotógrafos, jornalistas, etc.), hoje elas 
estão difundidas entre a população e presentes na maioria dos 
celulares.
Elas foram os primeiros sensores utilizados para fins de 
geoprocessamento, como vimos anteriormente. Através de 
uma fotografia, podemos identificar vários elementos que 
constituem a paisagem e podem ser úteis para caracterizar 
a área estudada. Observe a imagem a seguir (Figura 7), por 
exemplo.
28 Geoprocessamento
Figura 7 centro de Porto Alegre.
Fonte: http://geossistema.blogspot.com.br
Trata-se do centro de Porto Alegre, e através da fotografia 
é possível perceber que a cidade mistura elementos culturais 
(como igrejas e grandes construções) com elementos naturais 
(como as árvores e o Lago Guaíba no primeiro plano da foto-
grafia). Todas estas informações já nos são transmitidas pela 
imagem, não sendo necessário ir até Porto Alegre para des-
cobri-las. Observe também este outro exemplo (Figura 8), na 
cidade de Nova Iorque, nos Estados Unidos.
Capítulo 2 Sensoriamento Remoto 29
Figura 8 fotografia aérea de Nova Iorque, EUA.
Fonte: http://bigappledreaming.com
Também não é necessário ir até Nova Iorque para obter 
algumas informações a respeito da cidade. Pela imagem aérea 
podemos observar as grandes áreas urbanizadas de Manhat-
tan, os rios que estão em seu entorno e a grande área verde 
do Central Park, no centro da ilha.
2.3 Satélites
Como jávimos anteriormente, os satélites formam a maior 
fonte de arquivos de sensoriamento remoto utilizados em geo-
processamento. São muitas as vantagens dos satélites em rela-
ção aos outros tipos de sensores, como, por exemplo:
30 Geoprocessamento
 Â Permite observar uma área maior em um único arqui-
vo: uma única imagem obtida em satélite geralmente 
abrange uma área de 25 km². No entanto, mosaicos 
podem ser realizados com o objetivo de criar uma única 
imagem que compreende uma área bem maior.
 Â Permite observar mais detalhes: ao contrário dos olhos 
humanos e das lentes das câmeras, uma imagem de 
alta resolução permite localizar detalhes que são mais 
fáceis de observar em uma vista aérea, como áreas de 
banhados, afloramentos de rochas, etc.
 Â Permite a inclusão de georreferências: uma imagem de 
satélite pode ser georreferenciada, ou seja, permite a 
inclusão de informações a respeito de suas coordenadas 
geográficas (latitude e longitude), o que facilita cálculos 
de áreas e a criação de bases cartográficas.
 Â Permite análise temporal: comparando duas imagens do 
mesmo lugar, porém em épocas diferentes, é possível 
analisar mudanças na configuração local, como as áre-
as urbanas que cresceram, áreas desmatadas que não 
existiam, etc.
Uma imagem de satélite convencional é obtida através da 
captura da área iluminada pelo Sol na superfície do planeta. 
Esta informação é processada e enviada a receptores que ge-
ram o arquivo final. A Figura 9 mostra como é o processo de 
coleta da imagem.
Capítulo 2 Sensoriamento Remoto 31
Figura 9 modelo de coleta de imagem de satélite.
Fonte: Rudorff (2008).
As três imagens da sequência a seguir mostram a evolução 
na qualidade de visualização de alguns satélites ao longo do 
tempo, como o CBERS (Figura 10), o QuickBird (Figura 11) e 
o WorldView (Figura 12).
32 Geoprocessamento
Figura 10 Imagem do satélite CBERS-2 do encontro entre o rio Negro e 
rio Solimões em Manaus, Amazonas.
Fonte: INPE.
Capítulo 2 Sensoriamento Remoto 33
Figura 11 Imagem do satélite QuickBird do aeroporto de Guarulhos, em 
São Paulo.
Fonte: INPE.
Figura 12 imagem do satélite WorldView-2 da praia de Porto de 
Galinhas, Pernambuco.
Fonte: Globalgeo Geotecnologias.
34 Geoprocessamento
3 Utilizações do sensoriamento remoto
As tecnologias de sensoriamento remoto facilitam a produção 
cartográfica de mapas dinâmicos, pois em imagens de satélite 
é possível observar a dinâmica de fenômenos naturais e so-
ciais. A seguir você encontra quatro exemplos de como estas 
imagens podem ser úteis e fornecem resultados eficientes.
3.1 Previsão do tempo
A partir de uma imagem atualizada e comparando com ima-
gens do mesmo local, porém com algumas horas de diferen-
ça, é possível observar a dinâmica de fenômenos atmosféricos, 
como massas de ar, nuvens, etc. A Figura 13 mostra um exem-
plo desta situação.
Figura 13 previsão do tempo sobre imagem de satélite.
Fonte: Climatempo, 29/10/2014.
Capítulo 2 Sensoriamento Remoto 35
3.2 Expansão da urbanização
As áreas urbanas ocupadas atualmente podem ser compa-
radas com a situação de décadas passadas, possibilitando à 
administração pública o planejamento de infraestrutura social, 
como criação de novas escolas e hospitais, além de controlar 
a ocupação em possíveis áreas de risco. A Figura 14 mostra o 
exemplo na cidade de São Paulo.
Figura 14 expansão urbana em São Paulo por imagem de satélite.
Fonte: INPE.
36 Geoprocessamento
3.3 Controle de desmatamento
A comparação entre imagens recentes e antigas de áreas flo-
restadas permite controlar o desmatamento e monitorar a ação 
de madeireiros ilegais. A Figura 15 a seguir é um exemplo dis-
to e mostra em manchas vermelhas a área que um dia já foi 
floresta e atualmente se encontra sem vegetação. O intervalo 
entre as duas imagens é de 20 anos.
Figura 15 aumento de áreas de desmatamento vistas em imagens de satélite.
Fonte: G1.
Capítulo 2 Sensoriamento Remoto 37
3.4 Áreas atingidas por catástrofes
O último exemplo do qual trataremos neste capítulo é a esti-
mativa de prejuízos em áreas que foram atingidas por catástro-
fes, como um furacão ou um terremoto, por exemplo. A Figura 
16 mostra uma área do Mississipi, nos Estados Unidos, antes e 
depois de ser atingida por um tornado em abril de 2010.
Figura 16 análise dos efeitos de um tornado no Mississipi, EUA.
Fonte: Digital Globe, 2010.
Atividades
 1) No início do século XX, as primeiras imagens aéreas ti-
nham objetivos militares. De que forma as atuais tecnolo-
gias de sensoriamento remoto podem auxiliar a estratégia 
militar?
 2) O que significa georreferenciar uma imagem de satélite?
38 Geoprocessamento
 3) O que é análise temporal?
 4) De que forma as imagens de satélite podem auxiliar a ad-
ministração pública de uma cidade?
 5) Observe a fotografia de São Paulo a seguir e diga que 
informações podem ser extraídas apenas observando a 
imagem.
Fonte: Luís Henrique Boucault. Disponível em: https://www.flickr.com/photos/lh-
boucault/6971157525/)
Recapitulando
Neste capítulo, conhecemos o conceito de sensoriamento re-
moto, que nada mais é do que trabalhar com um objeto tendo 
o mínimo de contato possível com ele. Na cartografia, esta 
Capítulo 2 Sensoriamento Remoto 39
prática surge ainda no início do século XX, quando pombos 
eram encarregados de tirar fotografias das posições inimigas 
em situações de guerra.
Na história do sensoriamento remoto, ainda foram utiliza-
dos aviões e câmera fotográficas para registrar imagens que 
serviriam de base para mapas. Atualmente, a maioria dos ma-
pas é feita com base em imagens de satélite, que permitem 
uma visualização da superfície atualizada e em alta resolução.
Neste capítulo, também vimos a quantidade de informa-
ções que podemos extrair de uma fotografia de um lugar (se 
ele é urbano ou rural, se é calmo ou agitado, se a paisagem 
é natural ou cultural, etc.) além de uma imagem de satélite 
(previsão do tempo, análise temporal, estimativa de desmata-
mento, etc.).
Referências
FIGUEIREDO, Divino. Conceitos Básicos de Sensoriamen-
to Remoto. Disponível em: <http://www.conab.gov.br/
conabweb/download/SIGABRASIL/manuais/conceitos_
sm.pdf>. Acesso em: 29 out. 2014.
INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS. CBERS. 
<http://www.cbers.inpe.br/sobre_satelite/introducao.
php> Acesso em: 29 de out. de 2014.
40 Geoprocessamento
MENESES, Paulo Roberto; ALEMIDA, Tati de (Org.). Introdu-
ção ao Processamento de Imagens de Sensoriamento 
Remoto. Brasília: uNB, 2012.
RUDORFF, Bernardo. Introdução ao Sensoriamento Re-
moto. Disponível em: <http://www.dgi.inpe.br/ndc/html/
s24112008/Bernardo/Introducao_SR-s24112008.pdf> 
Acesso em: 29 de out. de 2014.
SAUSEN, Tania. Sensoriamento Remoto. Disponível em: 
<http://mtc-m15.sid.inpe.br /col/sid.inpe.br/iris%401915/ 
2005/ 11.08.13.16/doc/ 08_ Sensoriamento_remoto.pdf> 
Acesso em: 29 de out. de 2014.
Desenho Assistido por 
Computador (CAD)1
1 Licenciado e bacharel em Geografia pela ULBRA. Professor da rede pública no 
Colégio Agrícola Estadual Daniel de Oliveira Paiva, Cachoeirinha, RS.
Eduardo Lorini Carneiro1
Capítulo 3
42 Geoprocessamento
Introdução
Neste capítulo iremos conhecer um dos principais métodos de 
elaboração em geoprocessamento. Trata-se do Desenho Assis-
tido por Computador (CAD). Nas próximas páginas você vai 
conhecer como este método é utilizado para a elaboração de 
projetos cartográficos, além de saber quais são os principais 
programas baseados (CAD) e seus principais recursos e funções. 
Com isso, você poderá explorar ao máximo as funcionalidades 
que estiverem à sua disposição durante o trabalho. Bons estudos!
1 Definição
Um Desenho Assistido por Computador (em inglês, Computer 
Aided Design, CAD) é um desenho técnico projetado para a 
representação de um objeto. No mapeamento, estes desenhos 
podem ser utilizados para representar desde a planta de uma 
residência até o mapa de bairros e cidades. Uma das prin-
cipais funcionalidades do CADé a possibilidade de calcular 
ângulos durante a criação dos desenhos e a visualização tri-
dimensional, o que pode facilitar o trabalho com curvas de 
nível, por exemplo. A plataforma CAD permite a criação de 
projeções tanto em 2D como em 3D.
A principal característica de um desenho técnico é que ele 
é uma representação gráfica rigorosa, permitindo calcular dis-
tâncias, coordenadas, volumes, etc. São vários os profissio-
nais que fazem uso de desenhos técnicos. Na engenharia, por 
exemplo, eles são usados para elaboração de peças e verifi-
car a compatibilidade entre diferentes componentes, além de 
Capítulo 3 Desenho Assistido por Computador (CAD) 43
projetar estradas, pontes e outras obras de infraestrutura. Na 
arquitetura, os desenhos em CAD são utilizados para a criação 
de plantas baixas de residências e prédios, possibilitando ve-
rificar a disposição de cada cômodo, ficando mais prático do 
cliente imaginar como ficará o produto final.
No geoprocessamento existem várias possibilidades de uso 
dos desenhos técnicos elaborados em CAD, como a criação 
de bases cartográficas que podem ser utilizadas para a criação 
de mapas, utilização de pontos levantados em campo com 
aparelhos GPS, cálculos de áreas em ambientes urbanos (ocu-
pações, loteamentos, praças e parques, etc.) e rurais (lavou-
ras, pastagens, áreas de preservação, etc.). Na Figura 1 há 
o exemplo da base cartográfica do estado do Rio de Janeiro 
elaborada em um sistema CAD.
Figura 1 base cartográfica do Rio de Janeiro em CAD.
Fonte: sistema Base de Hidrodinâmica Ambiental, UFRJ.
44 Geoprocessamento
Uma das maiores vantagens do uso de sistemas CAD no 
geoprocessamento é que os formatos de arquivos gerados (.dxf 
e.dwg) são compatíveis com vários programas de desenhos e 
vetorização, o que facilita a sua visualização.
2 Principais softwares
O principal software CAD é o AutoCAD (Figura 2), desenvolvi-
do pela Autodesk. É utilizado em larga escala por engenheiros 
e arquitetos para a criação de peças e plantas arquitetônicas. 
No mapeamento, o seu uso ocorre para criação de levanta-
mentos topográficos em geral, criação de modelos digital de 
terreno a partir da elevação, entre outros.
Figura 2 modelo digital de terreno em AutoCAD.
Fonte: http://civil3d.wordpress.com
Capítulo 3 Desenho Assistido por Computador (CAD) 45
No entanto, uma das desvantagens do AutoCAD é a au-
sência de um banco de dados eficiente, o que possibilitaria a 
inserção de uma tabela de informações às feições. Por exem-
plo, na base cartográfica do Rio de Janeiro vista na Figura 1, 
poderia ser criado um banco com informações sobre o esta-
do (população, densidade demográfica, indicadores sociais e 
econômicos, etc.), facilitando a análise no geoprocessamento 
e a comparação entre dados diferentes, como o Rio de Janeiro 
e outro estado.
Uma das principais barreiras no uso do AutoCAD é o seu 
preço, que varia conforme os recursos comprados pelo usu-
ário. Uma licença anual pode custar cerca de dois mil reais, 
enquanto que o valor de uma licença vitalícia pode superar os 
dez mil reais. Para solucionar esta questão, existem alguns sof-
twares livres, ou seja, que permitem a sua utilização de forma 
gratuita. No entanto, possuem restrições nas suas funcionali-
dades.
Uma alternativa de software livre é o QCAD (Figura 3), que 
possui suporte ao formato de arquivos do AutoCAD (.dxf) e 
permite a criação de modelos em 2D. Possui uma interface fá-
cil de visualizar e muito parecida com outros softwares do gê-
nero. Além disso, o QCAD possui tradução para o português 
na maioria de seus recursos. Trata-se de uma ótima alternativa 
para quem precisa elaborar trabalhos rápidos e não pode dis-
por de um programa mais caro.
46 Geoprocessamento
Figura 3 tela do software QCAD.
Fonte: Baixaki.
O LibreCAD (Figura 4) é outra opção gratuita, mas conta 
com a barreira de estar disponível apenas em inglês, o que re-
quer um conhecimento técnico do usuário. Ele é muito utiliza-
do na engenharia e arquitetura para a elaboração de plantas 
baixas e outros trabalhos mais simples, pois trabalha somente 
com modelos em 2D.
Capítulo 3 Desenho Assistido por Computador (CAD) 47
Figura 4 tela do software LibreCAD.
Fonte: Baixaki.
Uma última sugestão é o DraftSight (Figura 5), que é apon-
tado como um dos melhores softwares livres baseados em 
CAD. Ele também possui versão em português, possui uma 
interface organizada e simples e pode abrir os dois formatos 
de arquivos gerados em softwares CAD (.dxf e.dwg), o que o 
torna um dos mais completos programas do gênero. Entretan-
to, sua única desvantagem está no espaço que ocupa na me-
mória do computador quando está em funcionamento, o que 
exige boas máquinas e com ótimos processadores.
48 Geoprocessamento
Figura 5 tela do software DraftSight.
Fonte: Baixaki.
Os três softwares livres comentados neste capítulo podem 
ser baixados gratuitamente na Internet. Os sites de downlo-
ad se encontram nas referências bibliográficas do texto. Para 
melhor escolher o programa que você irá usar, o ideal é levar 
em consideração os cinco itens abaixo antes de fazer a aquisi-
ção de um produto, principalmente se ele for pago. Isso evita 
desperdício de dinheiro, tempo de produção e memória de 
arquivos instalados no computador.
a) Os objetivos de seu projeto: tenha em mente que 
tipo de projeto em geoprocessamento você irá criar 
Capítulo 3 Desenho Assistido por Computador (CAD) 49
(ambiental, urbano, rural, residencial, etc.) e pesquise 
por programas compatíveis com isso. Nem todos os 
softwares são recomendados para todos os tipos de 
projetos.
b) A compatibilidade com seu equipamento: alguns pro-
gramas podem exigir máquinas mais potentes, en-
quanto que outros podem funcionar normalmente em 
máquinas com menos recursos de memória e proces-
sador. Saiba exatamente como é o computador onde 
você irá utilizar o programa e verifique a compatibili-
dade entre ele e o software.
c) Recursos disponíveis no software: isto complementa o 
primeiro item, pois dependendo do tipo de projeto no 
qual você irá trabalhar podem ser necessários recur-
sos que só existem em programas específicos, como 
importar arquivos de GPS, unir bases diferentes em um 
mesmo arquivo, abrir tabelas do Excel, etc.
d) Possibilidade de trabalhar com formatos de arquivos 
vetoriais e raster mais comuns (sendo eles:.shp,.dwg,.
dxf,.kml,.img e.tif).
e) Realizar testes de desempenho antes de iniciar o tra-
balho: se o trabalho exige um longo processamento 
de dados e você dispõe de pouco tempo, faça testes 
de desempenho com alguns softwares diferentes e veja 
qual corresponde melhor às suas expectativas.
Apesar de todas estas características, os softwares CAD 
possuem alguns problemas na sua utilização para o trabalho 
50 Geoprocessamento
em geoprocessamento. Mais precisamente, podem-se citar 
três limitações para este tipo de software.
a) A maioria dos arquivos elaborados em CAD carrega sis-
temas de coordenadas próprias locais, não obedecendo, 
necessariamente, às regras de coordenadas geográficas 
de latitude e longitude. Isto pode se tornar um problema 
no momento em que dois arquivos diferentes devem ser 
cruzados para gerar uma nova informação. Se eles não 
estiverem georreferenciados corretamente, o trabalho 
será mais demorado e com mais chances de erros.
b) Cada objeto criado no desenho é independente, o que 
dificulta a atribuição de valores em comum para várias 
feições ao mesmo tempo, como altitudes de uma cur-
va de nível, por exemplo.
c) Como já foi dito anteriormente, os softwares CAD são 
programas mais voltados para a criação de desenhos 
técnicos, portanto, a criação de bancos de dados e 
a possibilidade de relacionar diferentes informações 
contidas nos desenhos sofrem limitações. Para isto, a 
utilização de um software baseado em SIG (Sistema de 
Informações Geográficas) torna-se mais eficientes.
3 Recursos e utilizações
Os recursos disponíveis podem variar conforme o software e a 
licença adquirida.Em geral, os recursos podem incluir:
Capítulo 3 Desenho Assistido por Computador (CAD) 51
a) Desenho de formas vetoriais (em 2D e 3D);
b) Interpolação de curvas de nível, gerando novas curvas 
no intervalo entre as já existentes;
c) Visualização em diversas formas, como frontal, pers-
pectiva, 3D, etc.;
d) Importação de arquivos de GPS;
e) Criação de layouts próprios para impressão em vários 
tamanhos;
f) Criação de diferentes sistemas de coordenadas;
g) Criação de arquivos para serem disponibilizados na 
Internet;
h) Possibilidade de trabalhar sobre uma imagem de saté-
lite ou fotografia aérea.
Por se tratar de um tipo de software para a criação de de-
senhos, são vários os tipos de profissionais que utilizam os sis-
temas em CAD. Na engenharia, por exemplo, eles são usados 
para a projeção de prédio e estradas, como também para a 
criação de peças simples, como suplementos para máquinas 
industriais. Uma característica do CAD que contribui para a 
isso é a possibilidade de se trabalhar com detalhes milimétri-
cos, o que possibilita a criação de peças com encaixe perfeito 
e diminuindo as chances de erros. A Figura 6 apresenta o de-
senho técnico de criação de uma luminária em CAD.
52 Geoprocessamento
Figura 6 desenho de luminária em CAD.
Fonte: http://www.behance.net
Na arquitetura, os recursos CAD são utilizados para a ela-
boração de plantas baixas (Figura 7), além da verificação de 
cortes frontais e laterais das edificações.
Figura 7 planta arquitetônica criada em CAD.
Fonte: http://www.artsa.wordpress.com
Capítulo 3 Desenho Assistido por Computador (CAD) 53
São várias as utilizações possíveis para o CAD na área 
ambiental, desde o mapeamento de áreas de preservação, 
criação de projetos de paisagismo e a delimitação de bacias 
hidrográficas (Figura 8), algo que é possível graças ao recurso 
de armazenar as informação de altitude das curvas de nível.
Figura 8 delimitação de bacia hidrográfica em CAD.
Fonte: http://www.autodesk.com
Atividades
 1) O que difere um desenho técnico de um desenho comum?
 2) Quais as funcionalidades do CAD que o tornam tão co-
mum para as engenharias e a arquitetura?
54 Geoprocessamento
 3) Por que é importante saber o tipo de projeto antes de es-
colher o programa que será utilizado?
 4) Quais as principais limitações dos softwares CAD para o 
geoprocessamento?
 5) O que é interpolação de curvas de nível?
Recapitulando
Neste capítulo, conhecemos um pouco sobre a plataforma 
CAD, os desenhos assistidos por computador. Vimos que no 
sistema CAD é possível criar projetos em 2D e em 3D através 
de pontos coletados com GPS, imagens de satélite, etc.
Conhecemos também alguns dos principais softwares CAD, 
dentre os quais se destaca o AutoCAD, um dos programas mais 
conhecidos para trabalhos em desenho técnico, e utilizado em 
grande escala por engenheiros, arquitetos e geógrafos. Vimos, 
ainda, que os softwares de desenho técnico possuem algumas 
desvantagens para o trabalho com geoprocessamento, como 
a ausência de um banco de dados eficiente que possa guardar 
informações georreferenciadas.
Por fim, conhecemos algumas dicas que devemos seguir 
antes de adquirir um software para nosso trabalho. É preciso 
conhecer bem o objetivo do nosso projeto, os recursos ofere-
cidos por cada programa e o equipamento compatível. Tudo 
isso serve para evitar gastos desnecessários em softwares que 
não terão utilidade ou que não são suportados por nossos 
computadores.
Capítulo 3 Desenho Assistido por Computador (CAD) 55
Referências
AutoCAD Map 3D. Disponível em: <http://www.autodesk.
com.br/products/autocad-map-3d/overview>. Acesso em: 
31 out. 2014.
DraftSight download. Disponível em: <http://www.baixaki.
com.br/download/draftsight.htm>. Acesso em: 31 out. 
2014.
GÓES, Kátia. AutoCAD MAP 3D Aplicado a Sistema de In-
formações Geográficas. Rio de Janeiro: Brasport, 2009.
GOMES, Flávio Vanderson. Desenho Auxiliado por Compu-
tador. Disponível em: <http://www.ufjf.br/flavio_gomes/fi-
les/2013/05/Aula02.pdf>. Acesso em: 30 out. 2014.
LibreCAD download. Disponível em: <http://www.baixaki.
com.br/download/librecad.htm>. Acesso em: 31 out. 2014.
LONGLEY, Paul A (et al). Sistemas e Ciência da Informação 
Geográfica. 3 ed. 540 p. Porto Alegre: Bookman, 2013.
QCAD download. Disponível em: <http://www.baixaki.com.
br/download/qcad.htm>. Acesso em: 31 out. 2014.
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Capítulo ?
Sistema de Informações 
Geográficas (SIG)1
1 Licenciado e bacharel em Geografia pela ULBRA. Professor da rede pública no 
Colégio Agrícola Estadual Daniel de Oliveira Paiva, Cachoeirinha, RS.
Eduardo Lorini Carneiro1
Capítulo 4
Capítulo 4 Sistema de Informações Geográficas (SIG) 57
Introdução
No capítulo anterior vimos algumas informações a respeito 
dos softwares CAD e seu uso no geoprocessamento. Neste ca-
pítulo iremos conhecer o Sistema de Informações Geográficas 
(SIG), que compõe uma série de recursos, aplicações e sof-
twares específicos para a cartografia digital. Conheceremos a 
importância deste sistema para o geoprocessamento, os prin-
cipais programas e recursos, além de sua aplicabilidade em 
nosso cotidiano. Bons estudos!
1 Definição
Um SIG pode possuir várias definições, pois depende da rea-
lidade em que ele é aplicado e do objetivo a que se pretende 
chegar. Mas de forma geral, trata-se de um conjunto de fun-
ções automatizadas que fornecem informações georreferen-
ciadas para acesso e manipulação pelos usuários. Seu pro-
cesso envolve a entrada de dados pelo usuário, que dispõe de 
máquinas e programas específicos para isso. Através de uma 
análise dos dados inseridos, o resultado é obtido em forma de 
mapas, gráficos ou tabelas que podem ser visualizados con-
forme a localização.
A Geografia não é a única área a trabalhar com SIG. Este 
sistema pode ser aplicado a diversas áreas e utilizado por di-
versos profissionais. Nos capítulos anteriores já vimos bastante 
sobre a utilização do geoprocessamento nas áreas de enge-
nharia e arquitetura. Agora seguem outros exemplos:
58 Geoprocessamento
 Â Agricultura: delimitação de áreas de cultivo e pastoreio, 
identificação de áreas de preservação e mapeamento 
da declividade do terreno;
 Â Arqueologia: mapeamento e reconstituição de sítios ar-
queológicos;
 Â Empresas de entrega e transporte: identificação de me-
lhores rotas e horários de entregas para evitar atrasos e 
melhorar a eficiência do serviço;
 Â Gestão da saúde: mapeamento de focos de doenças e 
epidemias e verificação de melhores locais para a cons-
trução de novos hospitais e postos de saúde;
 Â Turismo: soluções de localização, busca por hotéis, res-
taurantes e pontos turísticos de um determinado local.
Não há uma definição clara de como e onde surgiu a prá-
tica da utilização dos SIG, mas sabe-se que um dos primei-
ros sistemas conhecidos foi elaborado no Canadá, ainda nos 
anos 1960 para um inventário de terras. Foi uma iniciativa 
entre os governos federal e locais para a identificação dos 
recursos naturais das terras canadenses. Pouco tempo depois, 
nos Estados Unidos, foi criado um registro digital de todas as 
ruas para dar suporte aos resultados do Censo Demográfico 
de 1970. A partir daí, e com o avanço da aquisição de ima-
gens de satélite, o SIG foi se aprimorando e sendo utilizado 
por vários órgãos diferentes ao redor do mundo.
Em um SIG, a organização é feita através de camadas 
(layers), onde cada camada corresponde a um conjunto de 
objetos e dados. As camadas de um SIG podem ser classifica-
Capítulo 4 Sistema de Informações Geográficas (SIG) 59
das de dois tipos: raster ou vetor (Figura 1). As imagens raster 
são formadas por uma malha de pixels (espécies de “quadra-
dinhos”) onde cada um deles carrega apenas uma informa-
ção de cor. Já os vetores podem ser representados através de 
pontos, linhas e polígonos e cada um deles pode conter uma 
tabela com uma série de atributos designados pelo usuário, 
além das coordenadas geográficas.
Figura 1 representação das camadasde um SIG.
Fonte: http://serc.carleton.edu
A estrutura de um Sistema de Informações Geográfica é 
feita através de uma rede composta de cinco elementos funda-
mentais, onde um complementa o outro. A Figura 2 apresenta 
um esquema da estrutura de um SIG.
60 Geoprocessamento
Figura 2 componentes de um SIG
Fonte: Longley (2013).
 Â Hardware: é o dispositivo físico que o usuário utiliza 
para as operações, podendo variar desde um telefone 
celular até um computador.
 Â Software: é o programa. O tipo de aplicativo que está 
instalado no sistema e que possibilita o processamento 
dos dados. Hardware e software estão, portanto, interli-
gados, embora não sejam a mesma coisa.
 Â Dados: representação digital dos aspectos selecionados 
de alguma área específica e que serão importantes du-
rante a elaboração do projeto, como imagens de satéli-
te, bases cartográficas, pontos de GPS, etc.
 Â Procedimento: é a metodologia utilizada para a ela-
boração do geoprocessamento. As atividades realizadas 
para que o SIG atinja seu objetivo.
Capítulo 4 Sistema de Informações Geográficas (SIG) 61
 Â Pessoa: profissional qualificado capaz de manipular os da-
dos, analisar os resultados e tomar decisões de forma crítica.
2 Principais softwares
Existem vários tipos de softwares diferentes para se trabalhar com 
SIG. A escolha de um depende da necessidade e, principalmen-
te, da condição financeira do usuário, visto que um programa 
completo, com várias ferramentas, pode custar muito caro.
Uma das opções mais completas é o ArcGIS (Figura 3), 
da ESRI, que possui uma série de recursos para análises am-
bientais, estatísticas, sociais, etc. Além de um ótimo acervo de 
layouts para a visualização final do mapa e simbologias para 
a classificação da legenda.
Figura 3 vetorização em ArcGIS
Fonte: www.processamentodigital.com.br).
62 Geoprocessamento
Outra praticidade deste programa é o aplicativo ArcGIS 
Collector, que permite que algumas funções do software prin-
cipal estejam disponíveis em celulares e tablets (Figura 4), faci-
litando o manuseio das informações e o acesso a elas a qual-
quer momento e em qualquer lugar.
Figura 4 aplicativo ArcGIS Collector.
Fonte: ESRI.
Outra alternativa é o IDRISI (Figura 5), que não possui fins 
comerciais e oferece ferramentas para apoio ambiental, pla-
nejamento sustentável e outras aplicações. O programa possui 
várias versões, entre elas estão a Kilimanjaro, a Andes, a Taiga 
e a Selva.
Capítulo 4 Sistema de Informações Geográficas (SIG) 63
Figura 5 processamento de imagens no IDRISI.
Fonte: Clark Labs.
Outros softwares que oferecem recursos gratuitos são o 
MapWindow (Figura 6), que é utilizado principalmente para 
manejo de bacias hidrográficas, e o SPRING (Figura 7), que 
é desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais 
(INPE), portanto, disponível em português. Este último já conta 
com mais de 200 mil usuários. É um dos softwares livres mais 
utilizados por pesquisadores e estudantes brasileiros, além de 
estar se consagrando também entre usuários da América La-
tina, Estados Unidos, Espanha, Portugal, França, Índia e Ale-
manha, entre outros. O SPRING se encontra disponível para 
download no site do INPE que consta nas referências biblio-
gráficas deste capítulo.
64 Geoprocessamento
Figura 6 gerenciamento de bacia hidrográfica no MapWindow.
Fonte: Wikipédia.
Figura 7 tela do software SPRING.
Fonte: Softpedia.
Capítulo 4 Sistema de Informações Geográficas (SIG) 65
Cabe lembrar aqui que as cinco dicas mostradas no capítulo 
anterior para a escolha de um software CAD também se aplicam 
no momento de decidir qual software GIS iremos usar (os objetivos 
do projeto; a compatibilidade com o equipamento; os recursos 
disponíveis no software; a possibilidade de trabalhar com diferen-
tes formatos de arquivos; e a realização testes de desempenho).
3 Recursos e utilizações
Assim como nos softwares CAD, os recursos disponíveis nos 
programas GIS podem variar conforme a licença adquirida. 
Mesmo assim, é possível classificar os softwares GIS em quatro 
categorias conforme a sua utilização.
3.1 GIS Desktop
São as plataformas mais utilizadas e possuem os recursos mais 
comuns. O usuário também pode optar por um software mais 
caro, que dê a ele a possibilidade de editar e criar suas pró-
prias bases cartográficas, ou um mais barato ou gratuito, que 
geralmente possui apenas a possibilidade de visualização. Em 
geral, os principais recursos disponíveis nesta categoria são:
 Â Coleta, importação, edição e reestruturação de dados 
geográficos
 Â Visualização, consulta e análise (em 2D e 3D)
 Â Geoestatística
 Â Criação e gerenciamento de bancos de dados geográficos
66 Geoprocessamento
 Â Padronização de legendas e simbologia
 Â Criação de modelos digitais de terreno
 Â Edição de mapas para impressão ou para a Internet.
3.2 Mapeamento na web
Trata-se de softwares integrados e acessíveis através da Inter-
net. Oferecem a visualização de imagens de satélite e verifica-
ção de pontos de referência (comércios, serviços, pontos turís-
ticos, etc.). Constantemente estes serviços aparecem nas listas 
de sites mais acessados da Internet mundial. Um dos principais 
exemplos deste tipo de software é o Google Earth (Figura 8), 
criado pelo Google, mas os serviços de outras empresas tam-
bém se destacam, como o Yahoo! e a Microsoft.
Figura 8 tela do software Google Earth.
Fonte: do autor.
Capítulo 4 Sistema de Informações Geográficas (SIG) 67
3.3 SIG Servidor
São softwares executados em um servidor central que controla 
requisições simultâneas feitas pelos usuários. São espécies de 
geoportais, que abrangem uma grande quantidade de consu-
midores oferecendo a visualização ou até mesmo o download 
de bases cartográficas prontas. Em geral eles possibilitam a 
consulta a mapas atualizados e em alta qualidade e podem 
até transformar sistemas de coordenadas geográficas.
3.4 SIG Portáteis
São produtos da crescente evolução tecnológica, que permite 
a criação de softwares SIG para dispositivos portáteis, como 
tablets e smartphones. Em geral são gratuitos ou de baixo cus-
to, mas dependem de conexão com a Internet e muitos se re-
sumem à visualização, não permitindo a criação de bases car-
tográficas novas ou edição das já existentes. Alguns sistemas 
até permitem a coleta de pontos de GPS, por exemplo, e por 
isso são muito utilizados em trabalhos de campo. A Figura 9 
mostra um exemplo do Google Earth (um software de mapea-
mento na web) aplicado ao um SIG portátil.
68 Geoprocessamento
Figura 9 visualização do Google Earth em smartphone.
Fonte: do autor.
Capítulo 4 Sistema de Informações Geográficas (SIG) 69
As utilizações de softwares SIG são extremamente abran-
gentes, como já foi citado neste capítulo. Mas em geral pode-
-se dizer que estes recursos são utilizados principalmente nas 
áreas de planejamento, engenharia, arquitetura, ensino, for-
ças armadas, marketing, administração pública, entre outras.
Atividades
 1) Diferencie raster de vetor.
 2) Diferencie hardware de software na estrutura SIG.
 3) Quais as principais limitações nos softwares SIG gratuitos?
 4) Quais as principais limitações dos SIG Portáteis?
 5) De que forma o SIG pode auxiliar as forças armadas?
Recapitulando
No capítulo anterior, conhecemos um pouco sobre os softwa-
res CAD e neste capítulo nós vimos mais sobre o SIG (Siste-
ma de Informações Geográficas) que inclui procedimentos e 
softwares mais específicos para o uso em geoprocessamento. 
Aprendemos como esse sistema pode ser útil em diversas fi-
nalidades, como agricultura, arquitetura, engenharia, logísti-
ca, etc.
70 Geoprocessamento
Conhecemos a estrutura de um SIG, que compreende ca-
madas (denominadas layers) que podem ser divididas em ras-
ter (imagens de satélite, fotografias aéreas ou modelos digitais 
de terreno) e vetores (arquivos digitais com banco de dados 
georreferenciado integrado).
Vimos, também, quais são os principais softwares SIG, den-tre os quais se destaca o ArcGIS, um dos mais completos do 
mercado. Mas, lembramos que a escolha de um programa 
SIG deve obedecer aos mesmos critérios já destacados para a 
escolha de um programa CAD, assim, evitam-se custos desne-
cessários adquirindo softwares com muitos recursos para pro-
jetos mais simples.
Referências
EASTMAN, J. Ronald. IDIRISI Taiga: Guide to GIS and Image 
Processing. Disponível em: <http://uwf.edu/gis/manuals/
idrisi_taiga/taigamanual.pdf>. Acesso em: 01 nov. 2014.
LONGLEY, Paul A. et al. Sistemas e Ciência da Informação 
Geográfica. 3 ed. 540 p. Porto Alegre:Bookman, 2013.
SILVA, Vanessa Cecília Benavides. Iniciando no ArcGIS. 
Disponível em: <http://unibhgeografia.files.wordpress.
com/2011/04/apostila-arcgis-prof-patricia.pdf>. Acesso 
em: 01 nov. 2014.
Spring – Download. Disponível em: <http://www.dpi.inpe.
br/spring/portugues/download.php>. Acesso em: 01 nov. 
2014.
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Capítulo ?
Tipos de Arquivos1
1 Licenciado e bacharel em Geografia pela ULBRA. Professor da rede pública no 
Colégio Agrícola Estadual Daniel de Oliveira Paiva, Cachoeirinha, RS.
Eduardo Lorini Carneiro1
Capítulo 5
72 Geoprocessamento
Introdução
Nos últimos capítulos estudamos sobre os sistemas CAD e SIG 
e vimos que um projeto pode conter dois diferentes tipos de 
arquivos: os raster e os vetoriais. Neste capítulo você vai co-
nhecer melhor a estrutura destes dois arquivos, saber as suas 
diferenças e as vantagens e desvantagens de cada um. Com 
isso, você poderá identificar qual o melhor tipo de arquivo 
para cada projeto de geoprocessamento, aumentando a qua-
lidade e eficiência de seu trabalho. Bons estudos!
1 Arquivos raster
Os arquivos raster (também chamados de matrizes ou dados 
matriciais) são a representação do espaço em uma malha de 
células (denominados pixels) onde cada uma possui um atribu-
to de cor, que juntas formam a representação do espaço. Para 
entender melhor esta questão, observe a Figura 1 a seguir. 
Nela nós temos uma representação de um determinado local 
obtida por uma imagem de satélite, onde há um curso d’água 
e áreas de vegetação ao seu redor. A imagem é formada por 
uma série de pequenas células onde cada uma carrega a in-
formação da cor predominante. Veja também que a delimi-
tação dos pixels só é visível quando aproximamos bastante a 
visualização da imagem.
Capítulo 5 Tipos de Arquivos 73
Figura 1 modelo de representação raster.
Fonte: www.mapbox.com
Os arquivos raster podem ser desde imagens de satélites e 
fotografias aéreas ou cartas topográficas e até mapas antigos 
digitalizados e que são utilizados para referência de novos ma-
peamentos. No caso das imagens de satélite, cada sensor pos-
sui uma resolução, que é o tamanho do pixel conforme a área 
mapeada. Nas imagens antigas do satélite Landsat a resolu-
74 Geoprocessamento
ção era de 30 metros (cada pixel correspondendo a 30 metros 
da superfície da Terra). Já nos novos satélites WorldView cada 
pixel registra 50 centímetros da superfície, gerando uma quan-
tidade muito maior de pixels no arquivo e, consequentemente, 
uma qualidade maior na visualização da imagem. As imagens 
a seguir apresentam esta diferença entre uma imagem Landsat 
(Figura 2) e WorldView (Figura 3).
Figura 2 Imagem do satélite Landsat.
Fonte: www.spatialmapping.com
http://www.spatialmapping.com
Capítulo 5 Tipos de Arquivos 75
Figura 3 imagem do satélite WorldView.
Fonte: www.geoimage.com.au
Em programas de geoprocessamento é possível georre-
ferenciar uma imagem raster. Geralmente imagens de saté-
lite profissionais já vêm georreferenciadas, mas custam muito 
caro. O Google Earth, como já vimos anteriormente, oferece 
imagens gratuitas, porém, com resolução mais baixa e sem 
georreferência. Neste caso, a alternativa mais viável é cole-
tar as coordenadas geográficas de vários pontos com GPS e 
inseri-los na imagem através dos softwares GIS.
A precisão do georreferenciamento irá variar conforme a 
qualidade do raster e a exatidão em que as coordenadas fo-
rem inseridas. Entretanto, esta prática se aplica melhor a ima-
gens de áreas pequenas e não é recomendado trabalhar com 
http://www.geoimage.com.au
76 Geoprocessamento
imagens de áreas muito grandes, como um estado inteiro, pois 
as células do raster são planas e não se ajustam à curvatura 
do planeta Terra.
Nos softwares de cartografia digital, os arquivos raster – 
principalmente as imagens de satélite – possuem grande im-
portância. Elas são as bases nas quais são elaborados muitos 
mapas, pois nelas é possível identificar os elementos que cons-
tituem o espaço.
A seguir há dois exemplos da utilização dos raster no ge-
oprocessamento. Este primeiro mostra um Modelo Digital de 
Terreno (Figura 4) que só é possível de obter porque algumas 
imagens (principalmente as imagens de radar) possuem a in-
formação de altitude em cada pixel de sua extensão, possibili-
tando ver como é o relevo da área mapeada.
Figura 4 modelo Digital de Terreno.
Fonte: Nova Terra Geo.
Capítulo 5 Tipos de Arquivos 77
O segundo exemplo mostra o mapa do ambiente natural 
de Cachoeirinha (Figura 5) conforme o Plano Diretor da ci-
dade. Os itens mapeados (áreas urbanizadas, solo, campo, 
lavoura, rios e arroios, etc.) só foram obtidos através da loca-
lização na imagem de satélite.
Figura 5 mapa do Ambiente Natural de Cachoeirinha
Fonte: Plano Diretor Urbano Ambiental.
78 Geoprocessamento
2 Arquivos vetoriais
Os vetores não são imagens representativas como nos arqui-
vos raster, mas sim objetos criados para a representação de 
determinados fenômenos. Se observarmos novamente a Figura 
5 acima, veremos que além da imagem de satélite no plano de 
fundo, existem feições ou espécies de desenhos criados para a 
representação do espaço. Estes são os vetores, que podem ser 
formados por pontos, linhas ou polígonos (áreas).
Os pontos são utilizados para representar localidades mui-
to pequenas em relação ao tamanho total da área mapeada 
e usa um par de coordenadas simples para representar a sua 
localização (latitude e longitude). Alguns exemplos de pontos 
são os aeroportos, pontos de ônibus, igrejas, etc.
As linhas representam elementos pequenos em largura, 
mas grandes em extensão, formando retas com vértices onde 
cada um possui informações de coordenadas. As principais 
informações representadas desta forma nos mapas são rios, 
estradas, redes de saneamento, redes de transmissão de ener-
gia, etc.
E os polígonos representam grandes áreas onde a informa-
ção é generalizada, como campos, florestas, áreas urbanas, 
etc. Assim como as linhas, os polígonos também são formados 
por vértices que carregam informações de coordenadas. A di-
ferença é apenas que os polígonos são fechados, enquanto 
que as linhas são representações abertas.
Capítulo 5 Tipos de Arquivos 79
A Figura 9 apresenta a diferença entre estas três feições. A 
Figura 6 apresenta um modelo dos três tipos de vetores utiliza-
dos no geoprocessamento.
Figura 6 representação dos três tipos de objetos vetoriais.
Fonte: Infoescola.
Uma das maiores vantagens dos vetores em relação aos 
raster é que não perdem qualidade se o mapa for impresso 
em tamanhos maiores, além da possibilidade de criação de 
bancos de dados que fornecem uma variedade muito maior 
de informações a respeito do objeto. Uma linha indicando um 
rio, por exemplo, pode carregar informações como o nome do 
rio, nome da bacia hidrográfica, índice de qualidade da água, 
entre outras.
80 Geoprocessamento
A Figura 7 apresenta uma tabela de atributos de uma base car-
tográfica vetorial dos municípios brasileiros fornecida pelo IBGE.
Figura 7 base vetorial dos municípios brasileiros.
Fonte: IBGE.
Apesar dos vetores possuírem algumas qualidades em rela-
ção ao raster, alguns cuidados sempre devem ser tomados du-
rante a sua elaboração. Linhas duplicadas e sobreposição de 
áreas são erros comuns durante a vetorização de arquivos em 
geoprocessamento e podem ocasionar falhas no projeto final.
3 Comparaçãoentre arquivos raster e 
vetoriais
Não existe um tipo de arquivo que seja superior ao outro em 
todas as características. Raster e vetores possuem suas pró-
Capítulo 5 Tipos de Arquivos 81
prias especificações e cada um tem as suas vantagens e des-
vantagens.
3.1 Vantagens dos arquivos raster
Os arquivos raster, obtidos principalmente em sensores remo-
tos, não são muito comuns de serem vistos em mapas finais. 
Um dos fatores disso é o seu tamanho, visto que uma imagem 
de satélite em alta resolução pode ocupar mais de um giga-
byte de espaço no computador. Mesmo assim, algumas vanta-
gens podem ser apontadas para este tipo de arquivo:
 Â Simplicidade na organização das células (em linhas e 
colunas).
 Â Possuem formatos comuns e podem ser carregados por 
diversos programas de computadores, não apenas de 
CAD ou GIS.
 Â Visualmente não possui erros, já que é um registro de 
um sensor remoto e não criado pelo ser humano.
 Â A posição de cada pixel é dada pelo número da linha e 
coluna em que ele se encontra.
 Â Permite a criação de modelos digitais de terreno e ele-
vação.
82 Geoprocessamento
3.2 Vantagens dos arquivos vetoriais
Os arquivos vetoriais geralmente são criados pelos próprios 
usuários nos softwares de geoprocessamento. Para feições 
mais comuns, como bases municipais, recursos hídricos do 
estado ou outras do tipo, os usuários podem contar com os 
recursos de geobibliotecas, que veremos no próximo capítulo.
Mesmo com as vantagens dos raster mostradas anterior-
mente, os arquivos vetoriais são os mais comuns de serem 
vistos nos mapas, principalmente pelas vantagens a seguir:
 Â São fáceis de serem criados e editados.
 Â São mais leves para serem carregados nos softwares e 
armazenados no computador ou em servidores.
 Â Podem carregar um banco de dados completo.
 Â É mais fácil para inserir e converter sistemas de coorde-
nadas.
 Â Possuem qualidade visual maior e podem ser ampliados.
A Figura 8 mostra a diferença de visualização entre um mo-
delo vetor (baseado na inserção de pontos com coordenadas) 
e um modelo raster (baseado em uma tabela de pixels com 
informações específicas).
Capítulo 5 Tipos de Arquivos 83
Figura 8 comparação entre modelos vetorial e raster.
Fonte: www.scoop.it
Cada um destes tipos de arquivos possui suas particulari-
dades e são usados em diferentes tipos de representações. Os 
raster, por exemplo, são usados para a criação de modelos de 
elevação e também quando os mapas não exigem cálculos 
ou criação de bancos de dados, onde apenas uma imagem já 
basta para atingir o objetivo e elaborar as conclusões. Já os 
arquivos vetoriais são utilizados em mapas onde os cálculos 
são fundamentais, como determinar áreas de preservação ao 
redor de um rio, calcular a distância entre dois pontos, etc.
84 Geoprocessamento
4 Atividades
 1) Além das imagens de satélite, que outros arquivos podem 
ser considerados do tipo raster?
 2) Entre uma imagem de resolução espacial de 0,5 metros 
e outra com resolução de 10 metros, qual possui a maior 
qualidade? Explique.
 3) Como pode ser feito o georreferenciamento de imagens 
do Google Earth?
 4) Diferencie os vetores de pontos, linha e polígono. Cite três 
exemplos de como cada um deles pode aparecer em um 
mapa.
 5) Você precisa criar um mapa para calcular a área de um 
parque florestal dentro de uma área urbana. Que tipo de 
arquivo (raster ou vetor) você escolheria para o produto 
final? De que forma o outro tipo de arquivo poderia ser útil 
na elaboração do mapa?
Recapitulando
No capítulo anterior, vimos que os softwares SIG trabalham 
com arquivos raster e vetores. Neste, vimos as características 
básicas de cada um destes tipos de arquivos.
Os arquivos raster geralmente são arquivos de imagens, 
que podem ser desde uma fotografia até uma imagem de sa-
télite. São formados por uma malha de células (denominadas 
Capítulo 5 Tipos de Arquivos 85
pixels) onde cada uma carrega a informação de cor. Quando 
menor o tamanho da célula de um arquivo raster, maior é sua 
resolução e qualidade, pois pode diferenciar várias cores do 
mesmo espaço.
Já os arquivos vetoriais são objetos criados para representar 
determinados fenômenos. São desenhos criados na execução do 
projeto, que podem ser em forma de pontos, linhas ou polígonos 
(áreas fechadas), com a possibilidade de criação de banco de 
dados que carrega informações sobre o objeto representado.
Neste capítulo, vimos que não existe um formato de ar-
quivo melhor do que outro. Tanto os raster como os vetores 
possuem suas qualidades e limitações, e seu uso depende do 
projeto que está sendo executado.
Referências
LONGLEY, Paul A. et al. Sistemas e Ciência da Informação 
Geográfica. 3 ed. Porto Alegre: Bookman, 2013, 540 p.
MARINO, Tiago Badre. Representação de Dados Espaciais 
– Raster x Vetor x TIN. Disponível em: <http://www.ufrrj.
br/lga/tiagomarino/aulas/5%20-%20Representacao%20
de%20Dados%20Espaciais%20-%20Raster%20x%20
Vetor%20x%20TIN.pdf>. Acesso em: 02 nov. 2014.
SILVA, Vanessa Cecília Benavides. Iniciando no ArcGIS. 
Disponível em: <http://unibhgeografia.files.wordpress.
86 Geoprocessamento
com/2011/04/apostila-arcgis-prof-patricia.pdf>. Acesso 
em: 01 nov. 2014.
TEIXEIRA, Amandio Luís de Almeida; CHRISTOFOLETTI, An-
tonio. Sistemas de Informação Geográfica: dicionário 
Ilustrado. São Paulo: Hucitec, 1997.
Fontes de Dados em 
Geoprocessamento1
1 Licenciado e bacharel em Geografia pela ULBRA. Professor da rede pública no 
Colégio Agrícola Estadual Daniel de Oliveira Paiva, Cachoeirinha, RS.
Capítulo 6
Eduardo Lorini Carneiro1
88 Geoprocessamento
Introdução
Nem todos os mapas precisam ser elaborados totalmente por 
você. Neste capítulo iremos conhecer alguns métodos de aqui-
sição de dados que você pode usar pela Internet ou em cartas 
topográficas e obter informações que irão complementar o seu 
trabalho. Conheceremos os principais formatos de arquivos 
compatíveis com os softwares CAD e GIS, além de algumas 
geobibliotecas e geoportais, onde você pode encontrar dados 
que irão facilitar seus projetos. Bons estudos!
1 Tipos de dados
1.1 Fontes de dados
Existem várias formas de se obter os dados necessários para 
um projeto de geoprocessamento. Tudo vai depender do tipo 
de projeto que você irá desempenhar e que objetivo pretende 
alcançar. Entre as principais fontes de dados podemos citar:
a) Imagem de satélite: é o principal item para iniciar a 
elaboração de um mapa temático. É através destas 
imagens que é feita a classificação dos temas que 
vão para o mapa. A Figura 1 apresenta uma imagem 
obtida em satélite da região de Porto Alegre, onde se 
pode destacar a vegetação, áreas urbanizadas e hi-
drografia. A imagem foi disponibilizada no Twitter do 
astronauta canadense Chris Hadfield, em fevereiro 
de 2013.
Capítulo 6 Fontes de Dados em Geoprocessamento 89
Figura 1 imagem de satélite da região de Porto Alegre.
Fonte: Chris Hadfield.
b) Carta topográfica: são várias as informações que po-
dem ser obtidas em uma carta topográfica. A principal 
delas é a altimetria através das curvas de nível, que 
podem auxiliar em um mapa de relevo ou risco am-
biental, por exemplo. Como as cartas são antigas, elas 
podem servir para analisar a evolução da urbanização 
até os dias de hoje. Aliás, uma das desvantagens das 
cartas é a impossibilidade de se obter informações atu-
ais, já que as mais recentes foram elaboradas nos anos 
1970.
c) Entrevistas, fotografias e relatos de observações: são 
subsídios para a elaboração de mapas que retratem 
90 Geoprocessamento
a paisagem de um determinado lugar ou opiniões de 
moradores a respeito de um assunto específico.
d) Dados estatísticos: podem ser obtidos através de fontes 
como IBGE ou FEE e servem de base para a elabora-
ção de mapas de informações quantitativas.
e) Dados de GPS: dependendo da precisão exigida no 
mapa, podem ser coletados pontos de GPS que serão 
utilizados para o georreferenciamento da área atra-
vés das coordenadas

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