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Créditos Adicionais e Ingressos e Dispêndios ExtraOrçamentários Nayana de Almeida Adriano Créditos Adicionais A base do orçamento público brasileiro está na elaboração de três leis PPA, LDO e LOA que são pautadas no planejamento orçamentário de curto e longo prazo. Assim, sua aprovação é pautada em estimativas de receita e fixação da despesa sendo necessário ajuste na sua execução. Nesse sentido, logo após o início da execução da LOA, pode ser necessário retificar ou ajustar o orçamento, seja porque a dotação é insuficiente, seja porque não consta na LOA. Os instrumentos que permitem essa alteração são denominados créditos adicionais. Créditos Adicionais São 03, os tipos dos créditos adicionais : 1. Suplementar 2. Especial 3. Extraordinário Crédito Adicionais Créditos Adicionais Observamos que os créditos suplementares são para reforçar uma dotação previamente existente, ou seja, a despesa a ser reforçada já existia na LOA; enquanto que os créditos especiais se destinam a uma nova dotação, uma dotação que não estava prevista na LOA. Os créditos extraordinários se destinam a despesas imprevisíveis e urgentes. Créditos Adicionais Quanto à forma de abertura, os créditos suplementares e especiais serão autorizados por lei e abertos por decreto. Essa regra é aplicada nos Estados e Municípios. Na União consideram-se estes créditos abertos quando da publicação da respectiva lei ordinária. quanto à forma de abertura os créditos extraordinários são abertos diretamente por decreto. Essa regra é aplicada nos Estados e Municípios Na União o instrumento para abrir créditos extraordinários é a Medida Provisória. Fonte dos créditos adicionais Os créditos suplementares e especiais somente podem ser abertos se indicarem as fontes de recursos. Os créditos extraordinários não dependem para sua abertura de indicação das fontes de recursos. Porém, nada impede que quando da abertura dos créditos extraordinários o chefe do Poder Executivo indique os recursos Esse trâmite dos créditos adicionais com suas especificidades visa ajustar o orçamento para melhor fluidez entre planejamento e execução orçamentária. Fonte dos créditos adicionais Art. 43. A abertura dos créditos suplementares e especiais depende da existência de recursos disponíveis para ocorrer a despesa e será precedida de exposição justificativa § 1º Consideram-se recursos para o fim deste artigo, desde que não comprometidos: I - o superávit financeiro apurado em balanço patrimonial do exercício anterior II - os provenientes de excesso de arrecadação; III - os resultantes de anulação parcial ou total de dotações orçamentárias ou de créditosadicionais, autorizados em Lei; IV - o produto de operações de credito autorizadas, em forma que juridicamentepossibilite ao poder executivo realiza-las. Fonte dos créditos adicionais § 2º Entende-se por superávit financeiro a diferença positiva entre o ativo financeiro e o passivo financeiro, conjugando- se, ainda, os saldos dos créditos adicionais transferidos e as operações de credito a eles vinculadas § 3º Entende-se por excesso de arrecadação, para os fins deste artigo, o saldo positivo das diferenças acumuladas mês a mês entre a arrecadação prevista e a realizada, considerando-se, ainda, a tendência do exercício. § 4° Para o fim de apurar os recursos utilizáveis, provenientes de excesso de arrecadação, deduzir-se-á a importância dos créditos extraordinários abertos no exercício Fonte dos créditos adicionais Cálculo do Superávit Financeiro: Ativo Financeiro (31.12. x1) - ( menos) Passivo Financeiro ( 31.12.x1) = X - (menos) saldo de créditos especiais ou extraordinários abertos após 1º setembro de X1 SEM operações de créditos vinculadas aos mesmos. = SUPERÁVIT FINANCEIRO DE X1 Fonte dos créditos adicionais Cálculo do Excesso de Arrecadação: Receita Arrecadada( x2) - ( menos) Receita Estimada (x2) = X - / + (mais ou menos) tendência do exercício no restante do ano - ( menos) créditos extraordinários abertos no exercício de x2 = EXCESSO DE ARRECADAÇÃO X2 Fonte dos créditos adicionais Art. 44. Os créditos extraordinários serão abertos por decreto do Poder Executivo, que deles dará imediato conhecimento ao Poder Legislativo. Art. 45. Os créditos adicionais terão vigência adstrita ao exercício financeiro em que forem abertos, salvo expressa disposição legal em contrário, quanto aos especiais e extraordinários. Art. 46. O ato que abrir crédito adicional indicará a importância, a espécie do mesmo e a classificação da despesa, até onde for possível. Créditos Adicionais https://www.youtube.com/watch?v=o4gQAu06epE Exercícios Os créditos adicionais são autorizações concedidas ao chefe de Poder para que ele realize despesas além (ou de forma diferente) do que estava previsto no orçamento. Na prática, corresponde a uma autorização concedida pelo Poder Legislativo ao Poder Executivo. É necessário que essa autorização seja concedida por meio de lei, uma vez que o orçamento no Brasil é uma lei (LOA) e, para modificá-la, é preciso outra lei. Nesse sentido, é INCORRETO afirmar que : A) os créditos suplementares objetivam reforçar a dotação (montante destinado na LOA) inicialmente prevista no orçamento, cujos valores foram insuficientemente previstos para contemplar os gastos do exercício. O programa de trabalho está contemplado no orçamento, mas o valor previsto não foi suficiente para sua conclusão. B) os especiais se destinam a atender programas de trabalhos novos, que não estavam inicialmente previstos no orçamento. C) os extraordinários contemplam gastos dirigidos para situações emergenciais (guerra ou calamidade). Exercícios D) como origens para os créditos adicionais, é possível citar o superávit patrimonial apurado no balanço financeiro do exercício anterior. E) uma vez autorizado, o crédito deverá ser realizado no exercício da abertura (vigência), pelo princípio da anualidade. Contudo, caso o ato de autorização tenha sido concedido nos últimos quatro meses do ano, ele poderá ser reaberto pelo saldo remanescente no exercício seguinte, por meio de novo decreto. Essa prorrogação vale para os créditos especiais e extraordinários, somente. Exercícios 01. Os dados a seguir foram obtidos junto ao Sistema de Contabilidade em um município do Estado de São Paulo, relativo a um determinado exercício e estão expressos em milhares de reais. O objetivo da solicitação das informações foi verificar recursos disponíveis para a abertura de créditos adicionais. Considerando as disposições legais e os dados apresentados, o montante disponível é: Superávit financeiro do exercício anterior 16.300,00 Excesso de arrecadação 28.500,00 Créditos adicionais especiais reabertos no exercício 5.400,00 Créditos adicionais extraordinários abertos no exercício 11.200,00 Créditos adicionais suplementaresabertos no exercício 9.100,00 Operações de crédito por antecipação da receita 7.800,00 Recursos de dotações para anulação 9.500,00 Recursos de convênios não vinculados não previstosna LOA 7.000,00 Recursos de reserva de contingência 12.000,00 Recursos decorrentes de vetos na LOA 4.900,00 Exercícios - Solução São fontes para abertura de créditos adicionais: Superávit financeiro do exercício anterior = +16.300,00 Excesso de arrecadação = +28.500,00 Recursos de dotações para anulação = + 9.500,00 Recursos de reserva de contingência = +12.000,00 Recursos decorrentes de vetos na LOA = +4.900,00 Recursos de convênios não vinculados não previstos na LOA (é arrecadação de recursos não prevista, ou seja, é excesso de arrecadação) = +7.000,00 Total das fontes = 78.200,00 Exercícios - Solução Devem ser descontados das fontes para abertura de créditos adicionais: Créditos adicionais especiais reabertos no exercício (utiliza suas fontes) = – 5.400,00 Créditos adicionais extraordinários abertos no exercício (deveser descontado do excesso de arrecadação) = -11.200,00 Total dos descontos = – 16.600,00 Exercícios - Solução Não interferem no crédito: Operações de crédito por antecipação da receita 7.800,00 (se fossem apenas operações de crédito, seria fonte, mas operações por ARO destinam-se a insuficiências de caixa). Créditos adicionais suplementares abertos no exercício 9.100,00 (a banca interpretou que as fontes citadas já consideraram o crédito aberto no exercício). Total dos que não interferem = zero (claro, pois não interferem). Total geral = Total das fontes – Total dos descontos Total geral = 78.200,00 – 16.600,00 Total geral = 61.600,00 Ingressos e Dispêndios Extraorçamentários Para o setor público, é de vital importância, pois é a lei orçamentária que fixa a despesa pública autorizada para um exercício financeiro. A despesa orçamentária pública é o conjunto de dispêndios realizados pelos entes públicos para o funcionamento e manutenção dos serviços públicos prestados à sociedade. Os dispêndios, assim como os ingressos, são tipificados em orçamentários e extraorçamentários. Ingressos e Dispêndios Extraorçamentários RECEITA EXTRAORÇAMENTÁRIOS DESPESA EXTRAORÇAMENTÁRIOS NÃO MODIFICAM SALDO PATRIMONIAL NÃO MODIFICA O SALDO PATRIMONIAL NÃO INTEGRA O ORÇAMENTO SAÍDA FINANCEIRA QUE GERA DIMINUIÇÃO DE IGUAL VALOR NO AF E PF NÃO CONSTITUI RENDA PARA O ESTADO NÃO ESTÁ NA LOA O ESTADO É CONSIDERADO MERO DEPOSITÁRIO SAÍDA DE RECURSO TRANSITORIO EX: ARO, CAUÇÕES Ingressos e Dispêndios Extraorçamentários – Balanço Patrimonial – 4.320/64 ATIVO PASSIVO ATIVO FINANCEIRO – CAIXA PASSIVO FINANCEIRO – DÍVIDA FLUTUANTE ATIVO PERMANENTE PASSIVO PERMANENTE ATIVO REAL PASSIVO REAL SALDO PATRIMONIAL ( AR – PR) Ingresso e Dispêndios Extraorçamentários Quando ocorre evento que aumente simultaneamente o ativo financeiro e o passivo financeiro classificam-se o mesmo como receita extraorçamentário. Quando ocorre evento que diminua simultaneamente o ativo financeiro e o passivo financeiro classificam-se o mesmo como despesa extraorçamentário. Ingresso e Dispêndios Extraorçamentários A dívida flutuante que está inserida no Passivo Financeiro é formada pelos seguintes subitens: Restos a Pagar Serviço da dívida a pagar Cauções, depósitos, consignações, retenções Débitos de tesouraria ( Antecipação da Receita Orçamentária) Vídeo sobre Ingressos e Dispêndios Extraorçamentários https://www.youtube.com/watch?v=YLhOD9_YKSQ Exercícios 01. Em geral entende-se receita pública como todo ingresso de recurso nos cofres públicos, mas nem todo ingresso corresponde a uma receita orçamentária que pode ser utilizada como fonte de financiamento das ações públicas. Uma das características dos chamados ingressos extraorçamentários é que: A constituem dívida fundada do ente; B possuem caráter compensatório e não devolutivo; C podem ser destinados à cobertura de créditos extraordinários; D são registrados como excesso de arrecadação; E suas restituições não se sujeitam à autorização legislativa. Exercícios 02. Analise a receita a discriminada e responda qual o total de receitas extraorçamentários: A- 13.000 B- 11.000 C- 17.000 D- 14.000 E- 16.000 Resolução As receitas extraorçamentárias são entradas compensatórias do ativo/passivo financeiros. Não necessitam de autorização legislativa;- Não são utilizadas para cobrir despesas orçamentárias; - STN: "ingressos extraorçamentários"; Exemplos: 1) Operação de crédito para antecipação de receita (ARO) 2) Emissão de papel-moeda; 3) Recebimento de depósitos judiciais; 4) Recebimento de cauções de licitante para participação em licitações 5) Outras entradas compensatórias no ativo e no passivo financeiros. Resolução - Cauções recebidas em dinheiro: 2.000 (Lei 4320, art. 92, III) - Consignações em folha de pagamento: 3.000 (Lei 4320, art. 92, III) - Depósitos de Terceiros: 2.000 (Lei 4320, art. 92, III) - Restos a Pagar: 4.000 (Lei 4320, art. 92, I) Total: 11.000 Gabarito: B Exercício 03. O recebimento de recursos provenientes do ressarcimento ou da restituição de despesas pagas em exercícios anteriores deve ser reconhecido como A receita orçamentária. B receita extra-orçamentária. C despesa orçamentária. D despesa extra-orçamentária. E inversões financeiras Resolução A recuperação de despesas orçamentárias de exercícios anteriores é o recebimento de disponibilidades provenientes de devoluções de recursos pagos a maior. Nesse caso, trata-se de uma receita orçamentária. Trata-se, em realidade, do restabelecimento de saldo de disponibilidade comprometida referente às receitas arrecadadas em exercício anterior. Referências Pacelli, Giovanni. Administração financeira e orçamentária. – 2.ed.rev. Juspodium, 2019.
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