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21/09/2020 1 Metodologia Epidemiológica Prof. Carlos Herdy Nesta aula, abordaremos de forma geral o conceito da Metodologia Epidemiológica. Mostraremos a análise do processo de construção do problema científico no campo epidemiológico. Apresentaremos o conceito metodológico de variável, a base das metodologias quantitativas na ciência contemporânea e discutiremos as estratégias de formulação de hipóteses, instrumentos básicos da investigação epidemiológica. Objetivos Identificar as etapas do método epidemiológico; Investigar a problematização na pesquisa epidemiológica; Reconhecer as estratégias de formulação de hipóteses epidemiológicas. Conceito de método Método • Pode ser conceituado como um modelo a partir do qual observamos, medimos e tomamos conhecimento dos fatos e dos acontecimentos da vida. Conceito de método Epidemiologia • Assim como acontece em outras áreas do conhecimento, tem o seu método próprio para reconhecer, medir e avaliar o seu objeto de trabalho. Investigação epidemiológica • Envolve a coleta, o manejo e o tratamento dos dados epidemiológicos que devem ser realizados a partir do método. 1 2 3 4 5 6 21/09/2020 2 • A contínua construção do conhecimento, a formulação de problemas significativos, a abertura às novas ideias, aos fatos novos e relevantes, o entusiasmo na resolução de problemas e a sensibilidade perceptiva são algumas qualidades que devem estar presentes na investigação epidemiológica. Medidas de promoção da saúde também determinam a problemática da Epidemiologia. • Dentro desse contexto, é imprescindível destacar que a solução de um problema epidemiológico pode representar a vida e a sobrevivência de indivíduos e coletividades. O método epidemiológico • O método epidemiológico foi especialmente desenvolvido para ser aplicado à investigação do processo saúde-doença em populações humanas e compreende as seguintes etapas: Observação •Caracterização do problema em estudo, por meio de instrumentos de medição. Formulação de hipóteses • Tentativa de explicação para um fenômeno observado, uma proposição que necessita ser verificada. O conhecimento prévio que se obtém do fenômeno observado é o que vai orientar a formulação da hipótese. Conclusões • Momento da interpretação dos resultados. As conclusões servirão para a construção de novas teorias ou para a complementação e verificação das teorias existentes. 7 8 9 10 11 12 21/09/2020 3 Interpretação Realizada por meio de informações (censos, histórias clínicas, estatísticas, bibliografia, entrevistas etc.) Verificação de hipóteses Momento da análise e processamento dos dados epidemiológicos. Problematização na pesquisa epidemiológica Estratégias de problematização propiciam o crescimento da capacidade humana em conhecer a realidade e transcender o seu universo. Criar problemas? Sim, é exatamente essa a ideia da problematização na pesquisa epidemiológica. E pode ser que criar problemas não seja tão difícil quanto resolvê-los. Hipóteses epidemiológicas • Um dos momentos do raciocínio epidemiológico voltado para a explicação de um problema é o levantamento de hipóteses. • Hipóteses são respostas possíveis aos problemas colocados pela ciência e pelo senso comum. Uma hipótese epidemiológica compreende uma explicação para algum fenômeno, como a distribuição ou a determinação do surgimento de doenças e/ou indivíduos doentes em populações, através de relações estabelecidas entre as variáveis que representam risco, fatores de risco e vulnerabilidade às doenças. • Dentro desse contexto, é importante destacar que a hipótese epidemiológica deve levar em consideração os aspectos da doença na população e as variações nos componentes ambientais (físicos, químicos, biológicos, sociais) associados à exposição aos fatores de risco. • A hipótese orienta e determina a natureza dos dados a serem coletados e a metodologia da coleta. • A formulação de hipóteses é indispensável em toda investigação epidemiológica, estudo epidemiológico e pesquisa científica, seja de ordem experimental ou observacional. • As hipóteses geradas objetivam dar explicação aos padrões de distribuição segundo pessoa, tempo e lugar, podendo identificar os fatores de risco associados. • A correta produção de hipóteses e a busca de solução para os problemas identificados são os maiores desafios para a ciência epidemiológica. • A formulação de hipóteses é a etapa fundamental em qualquer pesquisa científica. 13 14 15 16 17 18 21/09/2020 4 Existe um movimento liderado pela pesquisadora Trisha Greenhalgh, que se chama Medicina Baseada em Evidências (MBE). A MBE é o uso cuidadoso, explícito e sábio da melhor evidência existente na tomada de decisões sobre o cuidado de pacientes individuais. Nesse caminho, a saúde e suas áreas do conhecimento têm se preocupado em atuar baseando-se em evidências. Epidemiologia descritiva • A formulação de hipóteses é uma etapa imprescindível. É preciso saber qual ou quais as hipóteses mais prováveis para a explicação da associação entre causa (variável dependente) e efeito (variável independente). • Após o levantamento da hipótese, a validação é a etapa seguinte de um estudo analítico. Desse modo, qualquer problema de saúde, sob a perspectiva epidemiológica, deve ser descrito a partir de determinadas características ou variáveis, antes que se possa analisá-lo. Do ponto de vista epidemiológico, analisar é estabelecer relações. A Epidemiologia descritiva usa princípios básicos de outras ciências, como: • A Sociologia. • A Antropologia. • As Ciências Públicas. • Além disso, utiliza as ferramentas da estatística, objetivando revelar os problemas de saúde-doença em nível coletivo, possibilitando o detalhamento do perfil epidemiológico da população com vistas à promoção da saúde. • No enfoque temporal, a Epidemiologia descritiva pode estudar o estado atual, a tendência histórica ou a tendência prospectiva dos agravos à saúde. Variáveis epidemiológicas • As variáveis são os elementos do processo saúde-doença que se quer estudar. • Os métodos e as técnicas da Epidemiologia são utilizados para detectar uma associação entre uma doença ou agravo e características de pessoa, tempo e lugar. • Portanto, o primeiro passo para o entendimento de um problema de saúde ou de uma doença consiste em descrevê- lo por meio de variáveis de pessoa, tempo e lugar. As pessoas incluídas nos estudos são diferenciadas entre si por atributos tais como: Gênero, religião, peso ou altura, que são as variáveis. Variáreis qualitativas Estão relacionadas às diferenças essenciais, por exemplo, a variável gênero, que inclui as categorias feminino e masculino, a variável situação conjugal, ocupação, entre outras. 19 20 21 22 23 24 21/09/2020 5 Variáveis quantitativas Referem-se às propriedades que mantêm a mesma natureza e podem ser manifestadas em termos numéricos, como temperatura, pressão sanguínea, peso e estatura. Na prática epidemiológica, busca-se evidenciar as relações entre as variáveis. Vulnerabilidade O termo vulnerabilidade tem sido usado em vários estudos epidemiológicos, principalmente focalizado para a perspectiva de risco. Munõz Sánchez e Bertolozzi (2007), demonstraram que o modelo de vulnerabilidade deve ser analisado de acordo com a relação entre a vulnerabilidade individual/social/programática em diferentes populações. Vulnerabilidade individual Refere-se ao grau e à qualidade da informação que os indivíduos dispõem sobre os problemas de saúde, sua elaboração e aplicação de tratamentos na prática. Vulnerabilidade social Avalia a obtenção das informações, o acesso aos meios de comunicação, a disponibilidade de recursos cognitivos e materiais, o poder de participar de decisões políticas e em instituições. Vulnerabilidade pragmática É a avaliação dos programas para responder ao controle de enfermidades, do grau e qualidade de compromisso das instituições,dos recursos, da gerência e do monitoramento dos programas nos diferentes níveis de atenção. Vale a pena ressaltar que a determinação social da doença é destacada através desse modelo de vulnerabilidade que interliga os aspectos individuais, sociais e programáticos. Para intervir em situações de vulnerabilidade é imprescindível o desenvolvimento de ações que envolvam a transdisciplinaridade, o que é fundamental quando se trata de questões de saúde. 25 26 27 28 29 30 21/09/2020 6 Dentro desse contexto, o novo conceito de vulnerabilidade, em processo de construção, supera o caráter individualizante e probabilístico do clássico conceito de risco, tradicionalmente empregado no âmbito da Epidemiologia Clássica, pois este, segundo Ayres et al. citados por Munõz Sánchez e |Bertolozzi (2007), designa chances probabilísticas de susceptibilidade, atribuíveis a um indivíduo qualquer de grupos populacionais particularizados, delimitados em função da exposição a agentes (agressores ou protetores) de interesse técnico ou científico. A vulnerabilidade é vista como um conjunto de aspectos que vai além do individual, abrangendo caracteres coletivos, contextuais, que levam à suscetibilidade às doenças ou agravos, levando em conta, também, aspectos que dizem respeito à disponibilidade ou à carência de recursos destinados à proteção das pessoas, na medida em que incorpora práticas cuja essência é o cuidado com o indivíduo coletivo, a possibilidade de apoiar os sujeitos sociais no que diz respeito aos seus direitos, fato que, na atual conjuntura de saúde e de desenvolvimento do país, se constitui como um desafio a ser perseguido e concretizado. A operacionalização do conceito de vulnerabilidade pode contribuir para renovar as práticas de saúde coletiva, nas quais o cuidado às pessoas, como já estudamos anteriormente, deve ser responsabilidade de diferentes setores da sociedade. Principais desenhos de pesquisa em Epidemiologia • Com base nos conceitos atuais, onde todas as profissões das áreas da Saúde estão cientes da importância de haver a prática clínica baseada em evidência científica, é sempre importante considerar os níveis de evidência científica quando decidimos embasar a atividade clínica em pacientes. • Segundo Jardim (2016), existem vários tipos de artigos científicos sendo publicados, de relatos de casos às revisões sistemáticas. Milhares de artigos são publicados todo mês e quem se mantiver atualizado precisa saber o que está lendo. Mas, se você quer pesquisar se um tipo de tratamento é útil para seu paciente, como saber a que tipo de artigo recorrer? Uma dica: Use a Pirâmide de Evidência Científica! Pirâmide da evidência Carlos.herdy@estacio.br Contato 31 32 33 34 35 36
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