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Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________ FUNDAÇÕES Concepção, dimensionamento e detalhamento Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________ Eng. Felipe G. Rodrigues Sumário INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 8 1- Introdução a mecânica dos solos .......................................................................................... 9 1.1- Rochas ......................................................................................................................... 10 2- Formação dos diferentes tipos de solo ............................................................................... 11 2.1- Intemperismo químico ..................................................................................................... 12 2.2- Intemperismo físico: ........................................................................................................ 12 2.3- Pedogênese (Formação do solo) ...................................................................................... 12 2.4- Tamanho e forma das partículas...................................................................................... 13 3- Ensaio de sedimentação ...................................................................................................... 15 4- Coeficiente de não uniformidade........................................................................................ 16 5- Coeficiente de curvatura ..................................................................................................... 17 6- Índices de físicos dos solos .................................................................................................. 18 7- Índices de consistência ........................................................................................................ 20 7.1- Ensaios ............................................................................................................................. 20 7.1.1- Limite de liquidez ...................................................................................................... 21 7.1.2- Limite de plasticidade ............................................................................................... 22 7.2- Índices de consistência .................................................................................................... 22 8- Classificação dos solos......................................................................................................... 23 9- COMPACTAÇÃO DOS SOLOS ............................................................................................... 27 9.1- Ensaio de Proctor ............................................................................................................. 27 9.2- Índice de suporte Califórnia – (CBR) ................................................................................ 33 10- Diferenças entre os solos ................................................................................................ 34 10.1- Argilas e suas particularidades ....................................................................................... 34 10.2- Areia e suas particularidades ......................................................................................... 34 10.3- Água no solo ................................................................................................................... 34 11- Tensões no solo ............................................................................................................... 35 11.1- Tensões efetivas ............................................................................................................. 35 12- Propagação das tensões no solo ..................................................................................... 38 12.1- Acréscimo de tensões no solo........................................................................................ 38 12.2- Carga concentrada na superfície do terreno ................................................................. 39 12.3- Carregamento para áreas retangulares ......................................................................... 40 Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________ 12.4- Método aproximado para cargas retangulares ............................................................. 45 12.5- Exemplo cálculo de acréscimo de tensão ...................................................................... 46 12.6- Carregamento uniformemente distribuído sobre área circular .................................... 48 12.7- Exemplo acréscimo de tensão área circular .................................................................. 51 12.8- Gráfico de Newmark ...................................................................................................... 52 12.9- Exemplo pelo gráfico de Newmark ................................................................................ 53 13- Coeficiente de Tensão horizontal efetiva ........................................................................ 55 13.1- Empuxo no repouso ....................................................................................................... 56 13.2- Determinação do coeficiente de empuxo K em função dos parâmetros de deformação (parâmetros elásticos) do solo. ............................................................................................... 56 13.3- Exemplo empuxo de solo ............................................................................................... 59 14- Teoria do Adensamento .................................................................................................. 59 14.1- Graus de adensamento (Uz) .......................................................................................... 61 14.2- Coeficiente de adensamento (Cv) .................................................................................. 62 14.3- Grau de adensamento médio ........................................................................................ 62 14.4- Obtenção dos coeficiente de adensamento a partir do ensaio de deformabilidade dos solos ........................................................................................................................................ 63 14.4.1- Método de Casagrande (Logaritmo do tempo) ...................................................... 63 14.4.2- Método de Taylor (Raiz do tempo) ......................................................................... 63 14.5- Deformação devido a carregamentos verticais ............................................................. 64 14.6- Cálculo de recalques pela teoria da elasticidade: .......................................................... 64 14.6.1- Parâmetros dos solos .............................................................................................. 65 14.7- Adensamento das argilas saturadas .............................................................................. 66 14.7.1- Tensão de pré adensamento (σad’) ........................................................................ 66 14.8- Determinação da tensão de pré adensamento ............................................................. 68 14.8.1- Método de Casagrande ........................................................................................... 70 14.8.2- Método de Pacheco e Silva ..................................................................................... 70 15- Estudo da água nos solos ................................................................................................ 71 15.1- Lei de Darcy ....................................................................................................................72 15.2- Lei de Bernoulli .............................................................................................................. 73 15.3- Determinação do coeficiente de permeabilidade ......................................................... 73 15.3.1- Permeâmetro de carga constante .......................................................................... 74 15.3.2- Carga variável (solos finos) ..................................................................................... 74 15.3.3- Métodos indiretos ................................................................................................... 75 15.3.4- Variação do coeficiente de permeabilidade de cada solo ...................................... 75 16- Fluxo através das camadas de solo ................................................................................. 75 Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________ 17- Resistência ao cisalhamento ........................................................................................... 76 17.1- Ensaio de resistência ao cisalhamento .......................................................................... 79 17.1.2- Ensaio de compressão triaxial. ................................................................................ 80 17.2- Exemplo cálculo de tensão de cisalhamento por círculo de Mohr ................................ 83 18- Investigação geotécnica – ensaios in situ para obtenção de parâmetros ...................... 85 18.1- Ensaio de Simples Reconhecimento (SPT) NBR 6484 .................................................... 86 18.2- Ensaio de Simples Reconhecimento com torque (SPTT) NBR 6484 ............................... 89 Variação de N (SPT) ............................................................................................................. 90 18.3- Ensaio de penetração de cone (CPT) Cone Penetration Test ........................................ 92 18.4- Ensaio (CPTu) Piezocone ................................................................................................ 95 18.5- Ensaio de penetração leve modificado por Nilsson (2001) (DPL) Dynamic Probe Pight 96 18.6- Ensaio dilatômetro de plano (DMT) ............................................................................... 97 18.7- Ensaio pressiômetro ...................................................................................................... 99 19- Tipos de fundações e suas características - NBR 6122/2010 ........................................ 101 19.1- Bloco............................................................................................................................. 101 19.2- Sapata........................................................................................................................... 101 19.3- Sapata corrida .............................................................................................................. 101 19.4- Sapata associada .......................................................................................................... 101 19.5- Radier ........................................................................................................................... 101 19.6- Grelha ........................................................................................................................... 101 19.7- Estaca ........................................................................................................................... 102 19.8- Tubulão ........................................................................................................................ 102 19.9- Caixão ........................................................................................................................... 102 19.10- Bloco sobre estacas (Bloco de coroamento e estacas) .............................................. 103 19.11- Radier estaqueado ..................................................................................................... 103 19.12- Termos ....................................................................................................................... 104 20- Informações importantes em um projeto de fundações .............................................. 105 20.1- Topografia .................................................................................................................... 105 20.2- Dados geológicos ......................................................................................................... 105 20.3- Dados das construções vizinhas ................................................................................... 105 20.4- Dados da nova edificação ............................................................................................ 106 21- Ações nas fundações ..................................................................................................... 106 21.1- Ações permanentes ..................................................................................................... 106 21.2- Ações variáveis ............................................................................................................. 106 21.3- Ações excepcionais ...................................................................................................... 106 Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________ 22- Requisitos essenciais em um projeto de fundações ..................................................... 107 22.1- Coeficientes de segurança e características de projeto de fundação ......................... 108 22.1.1- Uso dos coeficiente de segurança (Fator de segurança FS) .................................. 108 22.1.2- Fatores de segurança globais mínimos: ................................................................ 108 22.2- Estado limite último – Análise de ruptura ................................................................... 109 22.3- Estado limite de serviço – Analise de deformação ...................................................... 110 23- Correlações para parâmetros do solo pelo SPT ............................................................ 111 24- Fundações superficiais .................................................................................................. 115 24.1- Pressão admissível ....................................................................................................... 115 24.2- Metodologia para determinação da pressão admissível ............................................. 115 24.3- Pressão admissível em solos compressíveis ................................................................ 116 24.4- Solos expansivos .......................................................................................................... 116 24.5- Solos colapsíveis ........................................................................................................... 116 25- Dimensionamento de fundações superficiais ............................................................... 116 25.1- Dimensionamento geométrico .................................................................................... 116 25.2- Dimensionamento estruturais ..................................................................................... 117 25.3- Disposições construtivas .............................................................................................. 118 26- DIMENSIONAMENTO DE ELEMENTOS DE FUNDAÇÃO SUPERFICIAIS – SAPATA .......... 119 26.1- Tipos de sapata ............................................................................................................ 119 26.1.2- Sapata Corrida ....................................................................................................... 121 26.1.3- Sapata associada ...................................................................................................122 26.1.4- Sapata com viga alavanca ou de Equilíbrio ........................................................... 122 27- Rigidez dos elementos de fundação superficiais – sapatas .......................................... 123 28- Distribuição de tensão no solo ...................................................................................... 125 29- Comportamento Estrutural ........................................................................................... 127 29.1- Sapata Rígida ................................................................................................................ 127 29.2- Sapata Flexível .............................................................................................................. 128 30- Definição das dimensões da sapata .............................................................................. 130 31- Verificação à punção ..................................................................................................... 131 31.1- Tensão de cisalhamento solicitante em pilar centrado com carregamento simétrico 132 31.2- Tensão de cisalhamento solicitante em pilar interno com momento fletor aplicado . 132 31.3- Verificação de tensão resistente de compressão diagonal do concreto na seção crítica C. ............................................................................................................................................ 133 31.4- Tensão resistente na seção crítica C’ em elementos estruturais ou trechos sem armadura de punção. ............................................................................................................ 134 32- Considerações de projeto segundo CEB-70 (Comitê Europeu de Concreto) ................ 136 Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________ 32.1- Dimensionamento e disposição das armaduras de flexão .......................................... 137 32.2- Verificação da força cortante ....................................................................................... 142 32.3- Exemplo – Sapata isolada rígida sob carga concentrada ............................................. 142 32.3.1- Determinação dos momentos fletores solicitantes .............................................. 145 32.3.2- Ancoragem da armadura de flexão da sapata ...................................................... 148 32.3.3- Detalhamento da armadura da sapata ................................................................. 148 33- Dimensionamento pelo método das Bielas .................................................................. 149 33.1- Resolução do exemplo anterior pelo método das bielas ............................................. 153 34- Sapatas sob ações excêntricas ...................................................................................... 154 34.1- Excentricidade em uma só direção .............................................................................. 154 34.2- Excentricidade nas duas direções ................................................................................ 156 34.3- Exemplo 3 – Sapata isolada sob força normal e um momento fletor ......................... 160 34.4- Exemplo 4 – Sapata isolada sob flexão oblíqua ........................................................... 167 35- Sapata flexível sob carga centrada ................................................................................ 173 35.1- Exemplo Sapata flexível ............................................................................................... 177 36- Sapata Corrida ............................................................................................................... 184 36.1- Sapata corrida rígida .................................................................................................... 186 36.2- Sapata corrida flexível .................................................................................................. 187 36.3- Exemplo 6 – Sapata corrida rígida ............................................................................... 188 37- Viga alavanca em sapatas de divisa .............................................................................. 195 37.1- Roteiro de cálculo ........................................................................................................ 197 37.2- Exemplo 8 – Sapata de divisa com viga alavanca ........................................................ 203 38- Bloco de fundação sobre estacas .................................................................................. 213 38.1- Comportamento estrutural .......................................................................................... 213 38.2- Modelos de cálculo ...................................................................................................... 214 38.2.1- Método das bielas ................................................................................................. 214 38.3- Bloco sobre uma estaca ............................................................................................... 215 38.4- Bloco sobre duas estacas – Método das bielas ............................................................ 216 38.5- Bloco sobre três estacas – Método das bielas ............................................................. 221 38.6- Bloco sobre quatro estacas – Método das bielas ........................................................ 226 38.7- Exemplo 1 - Cálculo de bloco sobre duas estacas ........................................................ 232 39- Capacidade de carga em estacas .................................................................................. 250 Estaca de madeira ................................................................................................................. 250 Estaca metálica ...................................................................................................................... 250 Estaca pré-moldada ............................................................................................................... 250 Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________ Estaca moldada in-loco ......................................................................................................... 250 39.1- Dentre as estacas moldadas in-loco temos: ................................................................ 251 39.1.2- Estaca Strauss ........................................................................................................ 251 39.1.3- Estaca Franki ......................................................................................................... 251 39.1.4- Estaca Escavada .................................................................................................... 251 40- Método Aoki-Velloso ..................................................................................................... 252 41- Método Décourt-Quaresma .......................................................................................... 253 42- Dimensionamento de estaca em compressão .............................................................. 259 42.1- Armadura mínima ........................................................................................................ 260 42.2- Armadura transversal .................................................................................................. 260 43- Nega em estacas cravadas ............................................................................................ 263 44- Efeito de perda de capacidade de carga em grupo de estacas ..................................... 264 45- Capacidade de carga em tubulões ................................................................................ 266 45.1- Capacidade de carga ....................................................................................................267 45.2- Armadura longitudinal ................................................................................................. 270 45.3- Armadura mínima ........................................................................................................ 271 45.4- Armadura transversais (Estribos) ................................................................................. 271 45.5- Área de aço ao longo do fuste ..................................................................................... 272 46- RADIER ........................................................................................................................... 275 46.1- Dimensionamento de radiers ...................................................................................... 275 46.2- Carregamento das barras ............................................................................................. 279 46.3- Propriedade geométricas e físicas das barras discretizadas ........................................ 279 46.4- Esforços nas barras ...................................................................................................... 281 47- Projeto de fundações de um edifício de 5 pavimentos (Curso do edifício completo) .. 282 47.1- Estudos preliminares do terreno – Curvas de nível e corte aterro .............................. 284 47.2- Pontos de sondagem de acordo com a planta de cargas ............................................ 286 47.3- Analise dos laudos de sondagem Laudos de sondagem .............................................. 287 47.4- Planta de cargas ........................................................................................................... 293 47.5 - Memoriais de cálculo de todos os elementos de fundação ....................................... 295 48- Referências bibliográficas ............................................................................................. 346 Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________ 8 INTRODUÇÃO É com enorme prazer que nós do CANAL DA ENGENHARIA trazemos mais um conteúdo elaborado com todo o carinho para os nossos queridos alunos, o curso de Fundações tem o principal objetivo, com técnicas simples e diretas transpassar os conhecimentos necessários para o real entendimento dos processos de dimensionamento de elementos de fundações, trazendo todas as informações necessárias desde a análise de solo com técnicas laboratoriais até as maneiras mais indiretas de se obter parâmetros importantes para esses trabalhos. Com intuito de embasar os conhecimentos essenciais, partiremos do estudo de solo, dentro da geotécnica veremos algumas questões sobre as principais características que devem ser observadas para compreendermos o comportamento dos elementos de fundação, diferentemente de outros cursos, entraremos mais fundo nessas questões, até porque os elementos de fundação sem uma base de apoio (solo) não nos servirá de nada, os estudos dentro deste conteúdo veremos: formação dos solos, tipos de solos, granulometria, Índices de consistência, índices físicos, compactação de solo, principio das tensões efetivas, adensamento, deformações, estudo da água nos solos, percolação, resistência ao cisalhamento. Com esses conhecimentos adquiridos podemos então, de uma forma mais completa, aprender todos os aspectos de um bom elemento de fundação. Veremos neste trabalho os principais elementos de fundação, tais como para as fundações superficiais ou rasas: Sapata, Sapata corrida, sapata associada, bloco, bloco de coroamento, radier. Dentre as fundações profunda temos: Estacas, tubulões e caixão. Todos os processos de dimensionamento terão como de costumes, todos os memoriais de cálculos detalhados para que se possa entender todos os principais pontos destes processos, com ilustrações para facilitar a interpretação dos conceitos relativos aos elementos de fundação e geotecnia. Aprendendo o passo a passo do dimensionamento, com auxílio das vídeo aulas, o aluno será capaz no final do curso de analisar, dimensionar e detalhar um projeto completo de fundações, com total critério e completa analogia sobre o assunto, tendo com eximia competência a capacidade de analisar qualquer projeto de fundações de terceiros, e executá-los com total segurança. Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________ 9 1- Introdução a mecânica dos solos A geotécnica é parte integrante da engenharia civil, sendo de fundamental importância para diversos trabalhos derivados dentro da construção civil, tais como fundações, barragens, túneis e pavimentação por exemplo, onde é necessário conhecer as características e comportamentos dos solos para a efetiva funcionalidade dos elementos estruturais empregados nesses tipos de obras. A mecânica dos solos surgiu como ciência no primeiro quarto do século passado por Karl Terzaghi, que viu a necessidade de estudos mais aprofundados nestes assuntos uma vez que foi o início da era dos grandes edifícios, com estudos teóricos e práticos conseguiu entender o comportamento dos diferentes tipos de solo, solos submetidos a carregamento, solos com diferentes níveis de umidade, solos saturados dentre outros. Terzaghi conseguiu chegar a diversas teorias que são utilizadas até os dias de hoje, se mostrando bem funcionais, como os solos não tem um comportamento, tensão deformação linear é necessário algumas técnicas para conseguir prever esse comportamento, logicamente que de forma aproximada. As dificuldades de se trabalhar com solos: - Comportamento não linear, diferente do aço, que é uma material extremamente previsível os solos dependem de diversos parâmetros que além de diferirem entre um solo e outro podem variar com o teor de umidade, grau de saturação, número de vazios etc. - O comportamento depende da solicitação, tempo de aplicação e meio ambiente onde se encontra - Os solos são componentes totalmente heterogêneo podendo variar a sua composição química e granulométrica em uma mesma região. - Os solos além de mudar o seu comportamento em uma mesma região de forma superficial, varia de acordo com a profundidade, sendo separado em diversas camadas com composição e comportamentos distintos, onde muitas vezes em estudos geotécnicos para aplicação na construção civil devemos buscar um perfil de solo em horizontes mais profundos. -Muitos solos são sensíveis a perturbações, podendo mudar suas características físicas de maneira súbita antes de serem feitas as análises em laboratório distorcendo os resultados obtidos. Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________ 10 1.1- Rochas Dentro da mecânica dos solos temos de analisar as principais formações rochosas para entendermos mais a frente como são efetivamente formados os diferentes tipos de solos. As rochas são formados por minerais, que por sua vez são constituídos por substâncias químicas que se cristalizam em condições especiais e tem propriedades químicas e físicas bem definidas, o estudo dos minerais que compõe a rocha pode determinar onde e como foi formada. Tendo em vista a composição química dos minerais que formam as rochas, Caputo (1983) os classifica em: • Óxidos: Hematita, magnetita, limonita. • Carbonatos: Calcita, Dolomita. • Sulfatos: Gesso, anidrita. As rochas são de três tipos principais: Ígneas ou magmáticas, sedimentares e metamórficas Rochas Ígneas (ou Magmática): São formadas a partir do resfriamento e solidificação do magma oriundo da fusão do material do manto e da crosta. As rochas ígneas que se consolidam no interior da terra, onde o resfriamento é mais lento, gerando minerais de grande granulação, chamam-se intrusivas ou plutônicas, o granito é um excelente exemplo. As rochas formadas nas camadasmais superficiais da terra são chamadas de extrusivas ou vulcânicas, exemplos típicos e o basalto e diabásio. Ígnea Sedimentar Metamórfica Granito Folhelho Gnaisse Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________ 11 Rochas sedimentares: Como o próprio nome já diz são formadas a partir da sedimentação erodidos de outras rochas que se acumulam e se aglomeram em depressões ou bacias sedimentares, demandam tempo para se acumularem e se compactarem, transformando-se no final desse processo em rochas compostas de outras diferentes rochas, os exemplos desse tipos de rochas são: Arenitos, folhetos, calcários, argilitos, etc. Rochas metamórficas: São formadas a partir dos agentes do intemperismos, variação da temperatura e pressão em rochas ígneas, sedimentares ou de outras rochas metamórficas, os exemplos mais comuns são os gnaisses, xisto, quartzitos, etc. 2- Formação dos diferentes tipos de solo A formação dos solos se dá a partir das ações do intemperismo, que nada mais é que a transformações das rochas são presentes na superfície do planeta desde o princípio. Com as alterações atmosféricas essas rochas foram sofrendo uma espécie de decomposição e degradação, de forma extremamente lenta formando os diferentes tipos de solos que vemos hoje, o intemperismo pode ser dividido da seguinte maneira: Basalto Diabásio Arenito Calcário Quartzito Xisto Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________ 12 2.1- Intemperismo químico: É a quebra da estrutura química dos minerais que compõe a rocha ou sedimento (material de origem). As rochas, então, sofrem um processo de decomposição. A intensidade deste intemperismo é relacionada com a temperatura, pluviosidade e vegetação, ocorrendo principalmente nas regiões intertropicais. Podem ser causados pela oxidação de rochas ricas em metais, hidrólise e por fungos e bactérias que de alguma forma mudam as características originais da rocha de origem. 2.2- Intemperismo físico: Desagregação ou desintegração do material de origem (rocha ou sedimento) sem que haja alteração química dos minerais constituintes. Ele, portanto, causa uma desagregação de fragmentos cada vez menores, conservando as características de seus minerais, aumentando a superfície de contato dos fragmentos, o que colabora com o intemperismo químico. Em regiões desérticas e de clima semiárido esse processo é mais intenso. Podem ser causadas pela expansão do solo da cristalização do gelo em regiões glaciais, a quebra das rochas por raízes de plantas, degradação pelas ações do vento e da água em atrito constante com as rochas. 2.3- Pedogênese (Formação do solo) A formação do solo é um processo relativamente lento, pra dizer o mínimo, já que para se formar 1 cm de camada de solo pode ser necessário quase 1000 anos de intemperismo, logicamente que isso depende diretamente do ambiente em que se encontram as rochas de origem, por exemplo em regiões de frio constante o solo e basicamente constituído do horizonte C, ou seja uma derivação direta da rocha de origem, pois com uma temperatura constante, sendo protegido quase que permanentemente pela camada de gelo superficial tem um processo de decomposição muito mais lento que em regiões tropicais por exemplo, onde a variação constante de temperatura, umidade e pressão tornam esses processos relativamente mais rápidos, passando de milhares de anos para algumas centenas, que é exatamente o caso do hemisfério sul, as américas central e do sul tem um solo muito característico, em geral os solos tem um perfil mais maduro. Cada tipo de solo, ou seja suas características dependem diretamente da sua origem, as rochas de origem ditam como será a composição, granulometria e comportamento deste solo, tendo isso em mente podemos dividir os principais tipos de solos por sua rocha mãe. Figura 1-Perfil do solo (imagem da internet) Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________ 13 Tabela 1-Composição das rochas TIPOS DE ROCHA COMPOSIÇÃO MINERAL TIPO DE SOLO COMPOSIÇÃO Basalto Plagioclásio Piroxênios Argiloso (pouca areia) Argila Quartzo (pedra mineira) Quartzo Arenoso Quartzo Filitos (Sorocaba , Itu) Mica Argiloso Argila Granito (areia de praia, Itatiba, Bragança Paulista) Quartzo Feldspato Mica Areno-argiloso (micáceo) Quartzo Areia Mica Calcário (Fabricação do cimento) Calcita Argiloso Argila 2.4- Tamanho e forma das partículas Uma das principais características que diferem os solos é o tamanho e formato das suas partículas, pois essas singularidade pode ditar como será o comportamento do solo para diversas finalidades, por isso existe o estudo da granulometria, que visa dividir os solos em categorias: Segundo ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) MIT (Massachussets Institute of Technology) Logicamente que a identificação dos solos não é tão simples como mostra acima, pois em um mesmo solo encontramos diversas granulometrias, o que pode dificultar a classificação desse solo, tendo de usar de uma composição de dois ou mais solos predominantes no solo estudado, para essa classificação e nomenclatura de cada tipo de solo é feita a través da curva granulométrica desse solo, que Argila Silte Areia fina Areia média Areia grossa Pedregulho 0,005 0,05 0,42 2,0 4,8 7,6 (mm) Argila Silte fino Areia fina Areia média Areia grossa Pedregulho 0,002 0,006 0,02 0,06 2,0 (mm) Silte médio Silte grosso 0,2 0,06 0,6 Figura 2-Peneiras (imagem da internet) Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________ 14 é obtida pelo ensaio granulométrico que nada mais é que uma série de peneiras com diversas aberturas variando de 0,076mm até 4,76mm, essa curva é o resultado na análise da percentagem de retenção da massa de solo inicial em cada peneira, podendo traçar um perfil desse solo e consequentemente ver qual o solo é predominante na mistura, que em geral, dará nome ao solo em questão, vale ressaltar que nem sempre a granulometria predominante dita o comportamento do solo, pois podemos ter um solo arenoso com comportamento de um solo argiloso, por exemplo, para entender melhor como funciona este processo de análise granulométrica vemos abaixo uma imagem de como funciona as peneiras de separação: Tabela 2-Abertura das peneiras São colocadas as peneiras de maior abertura na parte superior da torre, diminuindo essas aberturas consecutivamente, utilizando um oscilador e feita a peneiração desse material, posteriormente é analisado cada uma das peneiras para avaliar a percentagem de retenção em cada uma delas. Com esse processo é possível separar os solos mais grosseiros, porém há uma parcela que é impossível de separar pelo sistema de peneiras, deste modo as partículas que passam pela peneira de n° 200 sofrem outro processo de separação, esse processo é chamado de sedimentação, e consiste basicamente em medir indiretamente a velocidade de queda das partículas em água. O cálculo das partículas é feito através da Lei de Stokes. 𝑣 = 𝛾𝑠 − 𝛾𝑤 18. 𝜇 ∅² v= Velocidade de queda da partícula, 𝛾𝑠 = Peso específico dos sólidos , 𝜇 = Viscosidade da água (Pa.s), ∅ = Diâmetro das partículas Obs.: Lembrando que as partículas finas tem forma bastante diferente de esferas, então calcula-se o diâmetro equivalente das partículas. N° da Peneira Abertura (mm) Tampa - 4 4,76 10 2,0 20 0,840 40 0,420 60 0,250 100 0,149 200 0,076 Prato - Figura 3- Mesa vibratória Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________ 15 3- Ensaio de sedimentação Oensaio de sedimentação, obtém-se a velocidade de queda das partículas suspensas na água, de forma indireta, através da determinação da densidade da suspensão em determinados intervalos de tempo, a leitura da densidade é feita com auxílio do densímetro (γi) que é correlacionada com a queda da partícula (z) Desta forma podemos considerar que a equação da Lei de Stokes pode ser interpretada como: 𝑣 = 𝛾𝑠 − 𝛾𝑤 18. 𝜇 ∅2 = 𝑧 𝑡 Colocando o diâmetro das partículas em evidência temos: ∅ = √ 18. 𝜇 (𝜌𝑠 − 𝜌𝑤). 𝑔 . 𝑧 𝑡 Para encontrar a viscosidade da água: 𝜇 = 17,756. 10−4 1 + 0,0337𝑇 + 0,000221𝑇² Partículas com diâmetros inferior a ∅, chamadas de N, a porcentagem pode ser encontrada com: 𝑁 = 𝛾𝑠 𝛾𝑠 − 𝛾𝑤 . 𝑉 𝑀 (𝛾𝑖 − 𝛾𝑤) Sendo: Figura 4-Curva de sedimentação Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________ 16 V= Volume da suspensão (1000cm³); M=Massa total dos sólidos , 𝛾𝑖=Leitura do densímetro 4- Coeficiente de não uniformidade A curva de distribuição granulométrica é frequentemente representado por três parâmetros (D10, CNU e CC). O CNU (Coeficiente de não uniformidade) dá uma idéia da inclinação da curva granulométrica: 𝐶𝑁𝑈 = 𝐷60 𝐷10 Tabela 3-Descrição dos solos D60= é o diâmetro que na curva granulométrica, corresponde à porcentagem que passa igual a 60% D10= é o diâmetro que na curva granulométrica, corresponde à porcentagem que passa igual a 10% Ou seja, quanto maior o coeficiente de não uniformidade mais bem graduado é o solo, menos uniforme será. Areia com CNU menores que 2 são chamadas de areias uniformes, solos residuais apresentam CNU entre 300 e 400 Solo Descrição A Argila orgânica de Santos B Argila porosa laterítica C Solo Residual de basalto D Solo Residual de granito E Areia variegada de São Paulo F Solo residual de arenito G Solo residual de migmatito H Solo estabilizado para pavimentação I Areia fluvial fina J Areia fluvial média k Areia fluvial média Figura 5-Exemplo de curvas de retenção de solo Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________ 17 5- Coeficiente de curvatura O CC (Coeficiente de curvatura), Não tão empregado é definido como: 𝐶𝐶 = (𝐷30)² 𝐷10. 𝐷60 O Coeficiente de curvatura detecta o melhor formato da curva granulométrica e permite identificar eventuais descontinuidades ou concentrações muito elevadas de grãos mais grossos no conjunto. Considera-se que o material é bem graduado (não uniforme), quando CC está entre 1 e 3 (curva 1 - suave). Quando CC é menor que 1, a curva tende a ser descontínua (curva 2 – descontinua), há falta de grãos de determinado diâmetro. Quando CC é maior que 3, a curva tende a ser muito uniforme na sua parte central (curva 3 – uniforme) 0,001 0,01 0,1 1,0 0 50 100 % P A SS A Φ DAS PARTICULAS CNU=7 CC=2,2 CURVA 1 - SUAVE Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________ 18 6- Índices de físicos dos solos O solo por ter uma composição variada e comportamentos diretamente ligados a esses fatores, podemos observar alguns índices para nos auxiliar quanto a sua classificação, 0,001 0,01 0,1 1,0 0 50 100 % P A SS A Φ DAS PARTICULAS CNU=7 CC=0,5 0,001 0,01 0,1 1,0 0 50 100 % P A SS A Φ DAS PARTICULAS CNU=7 CC=5 CURVA 2 – DESCONTINUA CURVA 3 – CURVA UNIFORME Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________ 19 determinando por consequência seu comportamento, capacidade de carga, estabilidade e permeabilidade. • Peso ou massa especifica dos sólidos – É a relação entre o peso ou massa das partículas e o volume por elas ocupado na porção de solo. Esse valor varia de 2.600 e 2.700 kgf/m³. Valores menores podem significar a presença de matéria orgânica, o que pode exigir alguns cuidados. 𝜌𝑠 = 𝑚𝑠 𝑉𝑠 • Peso ou massa especifica do solo – Relação do peso total do solo e seu volume, considerando por tanto vazios e a presença de água entre os vazios das partículas, essa informação leva em consideração as características do solo em seu estado natural. 𝜌 = 𝑚 𝑉 • Umidade – Relação entre o peso ou massa da água e o peso ou massa dos sólidos. 𝑤 = 𝑚𝑤 𝑚𝑠 • Índice de vazios – Relação entre o volume de vazios e o volume de sólidos. 𝑒 = 𝑉𝑣 𝑉𝑠 • Porosidade – Relação do volume, vazios e o volume total do solo 𝑛 = 𝑉𝑣 𝑉 • Grau de saturação – Relação entre o volume de água e o volume de vazios, sendo esse valor igual a 1 (100%) o solo e chamado de saturado. 𝑆𝑟 = 𝑉𝑤 𝑉𝑣 • Peso especifico seco – Relação entre o peso das partículas sólidas e o volume total do solo 𝜌𝑑 = 𝑚𝑠 𝑣 • Peso especifico saturado – Peso específico do solo quando todos os vazios estão preenchidos por água. • Peso especifico submerso – Peso específico saturado menos o peso especifico da água. Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________ 20 Diagrama de fase 7- Índices de consistência • Limite de liquidez (LL) – Limite entre o estado plástico e líquido, nada mais é que o teor de umidade para que no teste de Casa Grande, feche a ranhura com cinco golpes, onde o solo tem um comportamento parecido com um fluido, tendo uma grande concentração de agora o que altera o seu comportamento. • Limite de plasticidade (LP) – Limite entre o estado semissólido ou quebradiço e o limite líquido, o estado plástico é aquele onde é possível moldar o solo com uma certa facilidade, assim como acontece com um escultor com argila, sendo capaz de se deformar sem romper ao cisalhamento. Enquanto estado de liquidez é um solo incapaz de ser moldado devido à grande quantidade de água na sua composição. • Limite de concentração (LC) – Limite entre o estado semissólido ou quebradiço com volume variável e o estado solido ou quebradiço com volume constante. O limite de concentração indica, fisicamente, o volume de água necessário para preencher os vazios do solo quando seco ao ar. • Índice de plasticidade – Diferença entre o limite de liquidez e o limite de plasticidade. Esse índice indica o intervalo em que o solo encontra-se plástico. 7.1- Ensaios FASE GASOSA FASE LIQUIDA FASE SOLOIDA Vv V Vw Vg mg mw ms m Vs Figura 6-Diagrama de fases Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________ 21 7.1.1- Limite de liquidez Os ensaios de limite de liquidez é padronizado pala ABNT (NBR 6459). Empregando umidades, geralmente, coloca-se uma quantidade de solo na concha do aparelho de Casagrande. Com um cinzel padronizado, se faz uma ranhura na pasta de solo, Então conta-se o número de golpes necessários para que a ranhura se feche numa extensão em torno de 1 cm. Com os valores de umidade (no eixo das ordenadas) versos o número de golpes obtidos (eixo das abscissas), traça-se uma reta em um gráfico semilog. O valor do LL será aquele que corresponde a 25 goles. Figura 8 - Esquema do aparelho de Casagrande (Imagens da internet) Figura 7 - Aparelho de Casagrande (imagens da internet) Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________ 22 7.1.2- Limite de plasticidade O ensaio de limite de plasticidade é padronizado pela ABNT (NBR 7180). Esse ensaio é relativamente simples uma vez que determina o teor de umidade (LP) para o qual umcilindro de 3 mm começa a fissurar após ser rolado com a palma da mão sobre uma placa de vidro jateada. Figura 9 - Ensaio de plasticidade (imagens Dr. Roger - FEB-Unesp Bauru) Obs.: O ensaio apesar de extremamente simples é relativamente longo e maçante, uma vez que é necessário realizado repetidas vezes variando a umidade para se obter o resultado ideal, as variáveis são muitas, pois o calor das mãos e o movimento constante fazem com que a umidade caia distorcendo o resultado, sendo necessário uma nova checagem de umidade ao final do ensaio para encontrar uma fator de correção! 7.2- Índices de consistência 𝑰𝑷 = 𝑳𝑳 − 𝑳𝑷 𝐼𝑃 = 0 → 𝑁ã𝑜 𝑝𝑙á𝑠𝑡𝑖𝑐𝑜 1 < 𝐼𝑃 < 7 → 𝑃𝑜𝑢𝑐𝑜 𝑝𝑙á𝑠𝑡𝑖𝑐𝑜 7 < 𝐼𝑃 < 15 → 𝑃𝑙𝑎𝑠𝑡𝑖𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑚é𝑑𝑖𝑎 𝐼𝑃 > 15 → 𝑀𝑢𝑖𝑡𝑜 𝑝𝑙á𝑠𝑡𝑖𝑐𝑜 Índice de consistência (Ic): 𝐼𝑐 = 𝐿𝐿−𝑊 𝐼𝑃 Índice de concentração (IC): 𝐼𝐶 = 𝐿𝑃 − 𝐿𝐶 Índice de liquidez (IL): 𝐼𝐿 = 𝑤−𝐿𝑃 𝐼𝑃 Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________ 23 8- Classificação dos solos Para a classificação dos solos temos diferentes sistemas que tem basicamente a mesma finalidade, todavia neste curso vamos trabalhar com dois deles, que são, SUCS (Sistema Unificado de Classificação dos solos) e o AASHTO (American Association Highway and Transportation Officials), os dois sistemas de classificação funcionam basicamente da mesma forma, classificando os solos de acordo com as características de granulometria de consistência. Sistema Unificado de Classificação dos solos (SUCS) Proposta por Arthur Casagrande em 1942, inicialmente destinado para construções de aeroporto e posteriormente para utilizado para barragens e obras geotécnicas, separa os solos da seguinte maneira: SOLOS GROSSO (+50% RETIDO NA #200) G (Gravel) – Pedregulho S (Sand) – Areia W (Well) - Material praticamente limpo de finos, bem graduado P (poorly) – Material praticamente limpo de finos, mal graduado M – Material com quantidades apreciáveis de finos não plásticos C – Material com quantidades apreciáveis de finos plásticos SOLOS FINOS (+50% PASSADO NA #200) M (Provem do Suéco “mjäla”) – Silte C (Clay) – Argila O (Organic) – Orgânico H (High) – Solos comalta compressibilidade apresentando LL>50% L (Low) – Solos com baixa compressibilidade apresentando LL<50% Pt (Peat) – Turfa Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________ 24 Fluxograma do sistema SUCS Figura 11 - Fluxograma AASHTO Figura 10 - Fluxograma sistema SUCS Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________ 25 - São considerados solos de granulação grosseira os que têm menos de 35% passando na peneira nº 200. Estes são os solos: A-1a – Menos de 15% passa na peneira #200, Menos de 30% passa na peneira #40 e menos de 50% passa na peneira #10 tendo IP<6 A-1b - Menos de 25% passa na peneira #200, Menos de 50% passa na peneira #40 tendo IP<6 A-2 A-3 – Menos de 10% passa na peneira #200 - Os solos com mais de 35% passando na peneira nº 200 formam os grupos: A-4 – Silte com IP<10 e LL<40 A-5 - Silte com IP<10 e LL>41 A-6 – Argila IP>11 e LL<40 A-7 Figura 12 - Fluxograma AASHTO finos Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________ 26 SU B G R U P O S SI M B O LO TR A B A LH A B IL ID A D E C O M O M A TE R IA L D E C O N ST R U Ç Ã O P ER M EA B IL ID A D E Q U A N D O C O M P A C TA D O R ES IS TE N C IA C O M P A C TA D A E SA TU R A D A C O M P R ES SI B IL ID A D E C O M P A C TA D A E SA TU R A D A γα m áx ( p ro ct o r n o rm al ) g/ cm ³ V A LO R C O M O FU N D A Ç Ã O C A R A C TE R IS TI C A S D E D R EN A G EM P ED R EG U LH O S: M IS TU R A A R EI A ; P ED R EG U LH O B EM G R A D U A D O P O U C O O U N EN H U M F IN O G W EX C EL EN TE P ER M EÁ V EL EX C EL EN TE D ES P R EZ ÍV EL D E 2, 00 A 2 ,2 0 EX C EL EN TE P ED R EG U LH O S: M IS TU R A A R EI A ; P ED R EG U LH O M A L G R A D U A D O P O U C O O U N EN H U M F IN O G P B O A M U IT O P ER M EÁ V EL B O A D ES P R EZ ÍV EL D E 1, 80 A 2 ,0 0 EX C EL EN TE P ED R EG U LH O S SI LT O SO S: M IS TU R A A R EI A ; P ED R EG U LH O - A R EI A - SI LT E G M B O A SE M IP ER M EÁ V EL A IM P ER M EÁ V EL B O A D ES P R EZ ÍV EL D E 1, 92 A 2 ,2 0 R EG U LA R A M Á P ED R EG U LH O S A R G IL O SO S: M IS TU R A A R EI A ; P ED R EG U LH O - A R EI A - A R G IL A G C B O A IM P ER M EÁ V EL R EG U LA R A B O A M U IT O P EQ U EN A D E 1, 84 A 2 ,1 0 M Á A R EI A S O U A R EI A S P ED R EG U LH O SA S B EM G R A D U A D A S; P O U C O O U N EN H U M FI N O SW EX C EL EN TE P ER M EÁ V EL EX C EL EN TE D ES P R EZ ÍV EL D E 1, 76 A 2 ,1 0 EX C EL EN TE A R EI A S O U A R EI A S P ED R EG U LH O SA S M A L G R A D U A D A S; P O U C O O U N EN H U M FI N O SP R EG U LA R P ER M EÁ V EL B O A M U IT O P EQ U EN A D E 1, 60 A 1 ,9 2 M Á A B O A - D EP EN D E D O P ES O ES P EC ÍF IC O EX C EL EN TE A R EI A S SI LT O SA S; M IS TU R A S A R EI A S - SI LT ES SM R EG U LA R SE M IP ER M EÁ V EL A IM P ER M EÁ V EL B O A P EQ U EN A D E 1, 76 A 2 ,0 0 R EG U LA R A M Á A R EI A S A R G IL O SA S; M IS TU R A S A R EI A S - A R G IL A S SC B O A IM P ER M EÁ V EL R EG U LA R A B O A P EQ U EN A D E 1, 68 A 2 ,0 0 M Á A B O A M Á SI LT ES O R G A N IC O S, P Ó D E P ED R A , A R EI A S FI N A S SI LT O SA S O U A R G IL O SA S; SI LT ES A R G IL O SO S D E B A IX A P LA ST IC ID A D E M L R EG U LA R SE M IP ER M EÁ V EL A IM P ER M EÁ V EL R EG U LA R M ÉD IA D E 1, 52 A 1 ,9 2 M U IT O M Á ; SU SC EP TI V EL D E LI Q U EF A Ç Ã O R EG U LA R A M Á A R G IL A S IN O R G Â N IC A S B A IX A - M ÉD IA P LA ST IC ID A D E; A R G IL A S A R EN O SA S; SI LT ES A R G IL O SO S; A R G IL A S M A G R A S C L R EG U LA R A B O A IM P ER M EÁ V EL R EG U LA R M ÉD IA D E 1, 52 A 1 ,9 2 M Á A B O A M Á SI LT ES O R G Â N IC O S; A R G IL A S SI LT O SA S D E B A IX A P LA ST IC ID A D E O L R EG U LA R SE M IP ER M EÁ V EL A IM P ER M EÁ V EL B A IX A M ÉD IA D E 1, 28 A 1 ,6 0 M Á M Á SI LT ES IN O R G Â N IC O S; S O LO S M ÍC Á C EO S O U D IS TO M Â C EO S D E A LT A C O M P R ES SI B IL ID A D E M H M Á SE M IP ER M EÁ V EL A IM P ER M EÁ V EL B A IX A R EG U LA R A LT A D E 1, 12 A 1 ,6 2 M Á R EG U LA R A M Á A R G IL A S IN O R G Â N IC A D E A LT A P LA ST IC ID A D E; A R G IL A S G O R D A S C H M Á IM P ER M EÁ V EL B A IX A A LT A D E 1, 20 A 1 ,6 8 R EG U LA R A M Á M Á A R G IL A S O R G Â N IC A S D E M ÉD IA A A LT A P LA ST IC ID A D E; S IL TE S O R G Â N IC O S O H M Á IM P ER M EÁ V EL B A IX A A LT A D E 1, 10 A 1 ,6 0 M U IT O M Á M Á TU R FA E O U TR O S SO LO S A LT A M EN TE O R G A N IC O S P t N Ã O D EV E SE R U TI LI ZA D A E M N EN H U M A H IP O TESE , D EV EM S ER R EM O V ID A S A N TE S D O IN IC IO D E Q U A LQ U ER A TI V ID A D E B O A A EX C EL EN TE O R G Â N IC O S D IV IS Õ ES P R IC IP A IS SOLOS GRANULARES PEDREGULHOS E SOLOS PEDREGULHOSOS AREIAS E SOLOS ARENOSOS SOLOS FINOS SILTES E ARGILAS COM LL <50% SILTES E ARGILAS COM LL >50% Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________ 27 9- COMPACTAÇÃO DOS SOLOS Aprendendo como são classificados os diferentes tipos de solo, para chegarmos a esse momento, onde iremos aplicar todos os conhecimentos adquirido dentro de uma disciplina especifica dentro da mecânica dos solos, a compactação talvez seja um dos tipos de obras onde mais se necessita conhecer as características do solo, pois necessitamos não somente conhecer o tipo de solo, mas também como se comporta, qual seu nível de saturação, índices de vazios e saber como alterar esses índices a nosso favor, encontrando a umidade ótima para atingirmos a plasticidade ideal para uma compactação mecânica! Mas chega de papo e vamos ao que interessa, compactação de solo! A compactação é empregada em: • Aterros para diversas finalidades • Camadas construtivas para pavimentação • Construção de barragens • Muros de arrimo e taludes A compactação é feita com a distribuição de camadas alteradas de solo natural da própria obra ou até mesmo de fontes externas, chamadas de empréstimo, caso o solo natural não seja ideal para o tipo específico de obra em quesitos de resistência, ou outras funções mecânicas importantes para as diferentes finalidades. Essas camadas são disposta em geral com espessuras de 20 a 30 cm, com posterior passagem de equipamento mecânico de compactação. Em 1933, o engenheiro Norte Americano, Ralph Proctor publicou um estudo referente a energia de compactação, um certo número de passadas de um dado tipo de equipamento, baseado em uma análise feita em laboratório, onde se aplica um número de golpes com um soquete padronizado, extraído desta análise, informações sobre a umidade ideal (umidade ótima), para que o solo seja compactado sem que haja uma reação excessiva de ricochete por parte do solo ou da água presente no solo, o que causa perdas de energia nos equipamentos de compactação! O princípio básico da compactação e a mudança do volume do solo mantendo o mesmo número de partículas, ou seja a diminuição de volume se deve a diminuição de vazios antes presente do solo, onde a quantidade de partículas e de água permanecem constante, com a diminuição do espaço entre as partículas, mais materiais poderão ocupar um mesmo espaço, resultando em um aumento na capacidade de carga desse solo. 9.1- Ensaio de Proctor Para a realização do ensaio de Proctor, uma amostra de solo é retirada da obra e previamente seco em uma estufa, depois variando a umidade, são feitas várias amostras de solos para que as mesmas possam ser compactadas contidas no cilindro e golpeadas Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________ 28 pelo soquete padronizado, com três tipos diferentes de energia, Proctor normal, intermediária e modificada, onde é possível analisar qual das umidades resulta em uma melhor compactação, ou seja, qual das amostras com sua devida umidade tem um menor número de vazios, um maior peso especifico seco (Densidade seca) o que indica uma maior e melhor compactação! Tabela 4-Tabela ensaio de Proctor *O cilindro pequeno deve ser usado quando a amostra, após a preparação passa integralmente na peneira de #4 A energia de compactação pode ser calculada pela seguinte equação: 𝐸 = 𝑀. 𝐿. 𝑛. 𝑁. 𝑔 𝑉 Onde: M= massa do Soquete L=Altura de queda (m) n= Número de camadas N=Número de golpes g=10m/s² (gravidade) V=Volume (m³) E=Energia (Joules) Normal Intermediária Modificada Soquete Pequeno Grande Grande Número de camadas 3 3 5 Número de golpes por camadas 26 21 27 Soquete Grande Grande Grande Número de camadas 5 5 5 Número de golpes por camadas 12 26 55 Altura do disco espaçador 63,5 63,5 63,5 Cilindro Caracteristicas inerentes a cada energia de compactação ENERGIA Pequeno Grande Figura 13-Esquema cilindro e soquete padronizado (Imagem da internet) Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________ 29 Determinando a massa específica e a umidade do corpo de prova. Com estes valores calculamos a densidade da amostra. Ρd máx W ótima Ramo Seco Ramo úmido Curva de compactação Curva de Saturação Sr=100% Figura 14-Curva típica de compactação a) Pedregulho bem- graduado pouco argiloso (base estabilizada) b) Solo Arensos laterítico fino c) Areia Siltosa d) Areia silto-argilosa (residual de granito) e) Silte pouco argiloso (residual de gnaisse) f) Argila siltosa g) Argila residual de basalto (terra roxa) 2.1 2 1.9 1.8 1.7 1.6 1.5 1.4 1.3 1.2 0 5 10 15 20 25 30 35 40 Umidade (%) D en si d ad e se ca ( K g/ d m ³) (a) (b) (c) (d) (b) (e) (f) (g) Figura 15-Curvas de compactação tipos de solo (PINTO 2000) Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________ 30 Quando o solo se encontra com a umidade abaixo da ótima, a aplicação de maior energia de compactação provoca aumento da densidade seca, mas quando a umidade é maior do que a ótima, maior esforço de compactação para obter pouco ou nada no aumento da densidade, pois não se consegue expelir o ar dos vazios por estarem aprisionados pela pressão hidráulica que rebate a energia de compactação antes que os esforços sejam transferidos para as partículas, o já falado efeito ricochete. A passagem do equipamento de compactação quando o solo se encontra muito úmido faz com que ocorra o fenômeno conhecido pelos engenheiros como solo borrachudo, por conta da sua alta capacidade de absorver a impactos sem se deformar, tendo a capacidade de voltar a seu estado original de forma imediata. A compactação no campo deve seguir as seguintes operações: • Escolha da área de empréstimo; 1,8 1,7 1,6 1,5 1,4 1,3 14 16 18 20 22 24 26 Umidade (%) D en si d ad e se ca ( K g/ d m ³) Modificado Intermediário Normal Linha das máximas Figura 16- Curvas de compactação em função da energia (PINTO 2000) Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________ 31 • Transporte e espalhamento do solo • Acerto da umidade • Compactação, com os seguintes equipamentos ▪ Rolos lisos – Maioria dos solos, exceto areias uniforme e areias siltosas ▪ Rolos pé de carneiro – Solos finos ou solos grossos com mais de 20% de solos finos ▪ Rolos pneumáticos – Grande variedade de solos exceto material de graduação uniforme; ▪ Rolos vibratórios – Solos granulares ▪ Soquete mecânicos (Sapo) – Para pequenas área de difícil acesso; Figura 17-Rolo liso simples (imagem da internet) Figura 18-Rolo pé de carneiro (imagem da internet) Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________ 32 Figura 19- Rolo pneumático (imagem da internet) Figura 20-Rolo vibratório (imagem da internet) Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________ 33 9.2- Índice de suporte Califórnia – (CBR) Desenvolvido pela Califórnia Division of Highways em 1929 e é utilizado para analisar a compactação das bases e sub-bases de pavimentos rodoviários como para o projeto de pavimentosflexíveis. Mede a resistência ao cisalhamento do solo sob condições controladas de umidade e peso especifico. • Compacta-se uma amostra de solo num cilindro na umidade ótima até atingir a massa específica aparente seca que deseja. Inunda-se a amostra durante 96 horas no intuito de atingir a saturação e através de uma sobrecarga aplicada simula-se a resistência que o peso do pavimento impõe e observa-se a sua expansão. Após deve-se levar o cilindro a uma prensa e proceder a ruptura anotando os valores de penetração e carregamento. O Valor CBR é definido como a relação entre uma carga unitária necessária para a penetração de um pistão. O resultado é apresentado em uma curva resistência x penetração. 𝐶𝐵𝑅 = 𝐹𝑜𝑟ç𝑎 𝑚𝑒𝑑𝑖𝑑𝑎 𝐹𝑜𝑟ç𝑎 𝑝𝑎𝑑𝑟ã𝑜 𝑥100 As forças padrão para cálculos usuais de CBR são correspondente a penetrações 2,5mm e 5,0mm e valem respectivamente 13,2kN e 20,0kN, onde essas penetrações foram realizadas em amostras de pedra britada compactada que por definição possuem CBR = 100% Figura 21-Soquete mecânico manual (Sapo) (Imagem internet) Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________ 34 Tabela 5-Correlação CBR x Sistema de classificação (BARROS, 1997) CBR N° QUALIDADE UTILIZAÇÃO SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO UNIFICADO AASHTO 0-3 Péssimo Sub-base OH, CH, MH, OL A-5, A-6, A-7 3-7 Ruim a regular Sub-base OH, CH, MH, OL A-4, A-5, A-6, A-7 7-20 Regular Sub-base OL, CL, ML, SC, SM, SP A-2, A-4, A-6, A-7 20-50 Bom Base e sub-base GM, GC, SW, SM, SP, GP Alb, A-2-5, A-3, A-2-6 >50 Excelente Base GW, GM Ala, A-2-4, A-3 10- Diferenças entre os solos Como dito anteriormente, temos 3 principais diferentes tipos de solo, que são, argilas, siltes e areias, porém além da granulometria podemos citar algumas diferenças desses solos quanto a seu comportamento, a seguir decorrerei com as principais características comportamentais desses solos. 10.1- Argilas e suas particularidades Por conta da sua composição, com partículas extremamente pequenas, com partículas tendo incríveis 10 angstron (0,000001 mm) quase 15 mil vezes menor que um fio de cabelo tem um tipo de ligação conhecida como ligação atômica com as partículas ao redor, as ligações podem se dar por hidrogênio ou oxigênio, sendo, por conta dessa ligação molecular, denominadas como solos coesivos, ou seja um solo com relativa atração entre as partículas. Por ser um solo bem característico pode ir desde o estado líquido, ou seja muito úmido, como uma sopa, assim como o estado plástico, semissólido e sólido, tudo isso variando a umidade presente no solo. 10.2- Areia e suas particularidades Diferente das argilas, as areias não sofrem nenhum tipo de ligação atômica, sendo um solo não coeso, ou com coesão zero, tudo isso pelo tamanho das suas partículas, é considerado um solo granular. Para as areias é importante conhecer o grau de compacidade, ou seja o quão compacta é essa areia, com uma alta taxa de deformação é necessário alguns cuidados na hora de se dimensionar uma elemento de fundação para esses solos. Usa-se nesses casos a capacidade relativa, nada mais é que a relação o índice de vazios máximo (solo mais fofo possível) menos o índice real dividido pelo índice máximo menos o índice de vazios mínimo (solo muito compacto). 𝐷𝑅 = 𝑒𝑚𝑎𝑥 − 𝑒 𝑒𝑚𝑎𝑥 − 𝑒𝑚𝑖𝑛 10.3- Água no solo A água é um fator extremamente importante quando tratamos de solo, pois ela está presente na grande maioria dos solos tropicais, que é o nosso caso, tendo variados Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________ 35 comportamentos e encontrada de diversas maneiras, deve ser estudada caso a caso para as considerações de deformação e comportamento dos elementos de fundação, falaremos mais a frente desse assunto com mais detalhes com isso vamos entender como são encontradas comumente nos solos: 11- Tensões no solo As tensões atuantes no solo são de fundamental importância para o estudo do comportamento dentro da geotecnia, nos solo atuam-se basicamente 3 tipos de tensões, decorrente ao seu peso próprio (Tensões geostáticas), de escavação (Alivio de tensão) e de cargas externas (Acréscimo de tensão) O comportamento do solo é melhor compreendido quando visto da forma disposta anteriormente, nas 3 fases físicas (Solida, líquida e gasosa). 11.1- Tensões efetivas Como comentado acima, a água presente no solo dita grande parte do seu comportamento, dentro do princípio das tensões efetivas talvez seja a maior prova deste poder exercido pela água presente no solo. O princípio das tensões efetivas postulada por Terzaghi nada mais é que a consideração da água em contato com as Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________ 36 partículas do solo, que apesar de ser responsável por absorver parte das tensões aplicadas no solo não exerce nenhuma tensão a ser somada ao peso próprio do solo, denominada como pressão neutra (u). A pressão que atua nos contatos interarticulares e que responde a todas as características de resistência e de deformabilidade do solo é chamada de tensão efetiva (σ’). Com isso, Terzaghi notou que a tensão normal total num plano deve ser somado da parcela de pressão neutra e da tensão efetiva. 𝜎 = 𝜎′ + 𝑢 Por consequência 𝜎′ = 𝜎 − 𝑢 Para entendermos melhor esse conceito, imagine que temos um perfil de solo, assim como descrito abaixo: 𝑢𝑤 = 𝑇𝑒𝑛𝑠ã𝑜 𝑛𝑒𝑢𝑡𝑟𝑎 𝜎𝑣 = 𝑇𝑒𝑛𝑠ã𝑜 𝑣𝑒𝑟𝑡𝑖𝑐𝑎𝑙 𝜎’ = 𝑇𝑒𝑛𝑠ã𝑜 𝑒𝑓𝑒𝑡𝑖𝑣𝑎 𝛾 = 𝑃𝑒𝑠𝑜 𝑒𝑠𝑝𝑒𝑐𝑖𝑓𝑖𝑜 𝑠𝑜𝑙𝑜 𝛾𝑤 = 𝑃𝑒𝑠𝑜 𝑒𝑠𝑝𝑒𝑐𝑖𝑓𝑖𝑜 á𝑔𝑢𝑎 Areia γ=17 kN/m³ Areia fina γ= 18,5 kN/m³ Silte argiloso γ= 20,8 kN/m³ Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________ 37 Profundidade de -1m 𝑢𝑤 = 𝛾𝑤. 𝑍𝑤 → 0 . 1 = 0 𝑘𝑃𝑎 𝜎𝑣 = 𝛾. 𝑍 → 17 . 1 = 17 𝑘𝑃𝑎 𝜎’ = 𝜎𝑣 − 𝑢𝑤 → 17 − 0 = 17 𝑘𝑃𝑎 Profundidade de -1,50m 𝑢𝑤 = 𝛾𝑤. 𝑍𝑤 → 0 . 0,5 = 0 𝑘𝑃𝑎 𝜎𝑣 = 𝛾. 𝑍 → 18,5 . 0,5 = 9,25 𝑘𝑃𝑎 𝜎’ = 𝜎𝑣 − 𝑢𝑤 + 𝜎𝑣′ → 9,25 − 0 + 17 = 26,25 𝑘𝑃𝑎 Profundidade de -4m 𝑢𝑤 = 𝛾𝑤. 𝑍𝑤 → 10 . 2,5 = 25 𝑘𝑃𝑎 𝜎𝑣 = 𝛾. 𝑍 → 18,5 . 2,5 = 46,25 𝑘𝑃𝑎 𝜎’ = 𝜎𝑣 − 𝑢𝑤 + 𝜎𝑣′ → 46,25 − 25 + 26,25 = 47,5 𝑘𝑃𝑎 Profundidade de -6m 𝑢𝑤 = 𝛾𝑤. 𝑍𝑤 → 10 . 2,0 = 20 𝑘𝑃𝑎 𝜎𝑣 = 𝛾. 𝑍 → 20,8 . 2,0 = 41,60 𝑘𝑃𝑎 𝜎’ = 𝜎𝑣 − 𝑢𝑤 + 𝜎𝑣′ → 41,60 − 20 + 47,5 = 69,1 𝑘𝑃𝑎 Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________ 38 12- Propagação das tensões no solo 12.1- Acréscimo de tensões no solo O Acréscimo de tensão dentro maciço de solo ocorrem quando estes recebem cargas externas, ou seja, carregamentos em sua superfície. A teoria da elasticidade é empregada para a estimativa de tensões. O emprego dessa teoria é questionável uma vez que comportamento dos solos não satisfaz aos requisitos do comportamento elástico, mas ainda é a melhor alternativa pois apresenta resultados satisfatórios em relação as tensões atuantes no solo, ficando próximos dos valores reais. Com o acréscimo das tensões, a propagação pelo maciço de solo ocorrem através das isóbaras, que em conjunto formam os conhecidos como bulbos de tensão. Dentro da propagação de tensões podemos segregar em 3 tipos de aplicação de carga, todas com distinções quanto ao comportamento, sendo: • Carregamento Pontual • Carregamentos em áreas retangulares • Carregamentos em áreas circulares p 0,8p 0,6p 0,4p 0,2p Figura 22-bulbos de tensão Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________ 39 12.2- Carga concentrada na superfície do terreno As hipóteses assumidas por Boussinesq (1885) (Solução de Boussinesq)para a obtenção da solução das tensões provocadas por uma carga concentrada são as seguintes: Superfície horizontal de um espaço semi-infinito, homogêneo, isotrópico e elástico linear. Tendo a carga P atuando no ponto O (origem do sistema cartesiano) e o ponto A em que se deseja calcular as tensões, sendo: “r” a distância radial AO “R” Vetor posição de A “θ” o Ângulo entre R e z A tensão no dado ponto calcula-se 𝜎𝑧 = 3 . 𝑃 . 𝑧³ 2 . 𝜋 . 𝑅5 Ou x P A' A R r y z Figura 23-Carregamento pontual (BUENO & VILAR, 1984) θ σr Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________ 40 𝜎𝑧 = 3 . 𝑃 2 . 𝜋 . 𝑧2 [1 + ( 𝑟 𝑧 ) 2 ]− 5 2 Na vertical a aplicação da carga z/r=0, as pressões serão: 𝜎𝑧 = 0,48 . 𝑃 𝑧² Exemplo: Para aplicarmos os aprendizados adquiridos acima, podemos fazer a analogia com um poste de linha de energia, aplicando uma carga de 13 kN, pontualmente distribuída na superfície de um terreno ao lado de uma estrada, onde será construída uma estrutura de contenção para a ampliação de uma faixa de serviço, sendo assim é necessário a avaliação das tensões em um dado ponto previamente conhecido, conforme indica a figura abaixo! 20 𝜎𝑧 = 3 . 13 .2,01³ 2 . 𝜋 . 2,535 == 0,486kPa 𝜎𝑧 = 3 . 13 2 . 𝜋 . 2,012 [1 + ( 1,53 2,01 ) 2 ]− 5 2 == 0,49kPa 𝜎𝑧 = 0,48 . 13 2,01² = 1,545𝑘𝑃𝑎 12.3- Carregamento para áreas retangulares Para esta condição, Newmark desenvolveu uma integração de equação, tomando como referência o trabalho de Boussinesq. Determinou as tensões num ponto abaixo da vertical passando pela aresta da área retangular, ou seja, esse método encontra as tensões tomando como referência sempre o vértice (Canto) de uma superfície com carga distribuída em uma área, no caso de estudos em pontos distintos do vértice real de uma dada estrutura de carga distribuída em uma área é possível subdividir essa área A R=2,53m 37° 2.01 P=13 kN 1.53 Figura 24- Exemplo carregamento pontual Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________ 41 real em várias outras áreas, onde todos os vértices se encontram no ponto onde se deseja calcular as tensões, desta forma, o fator de influência (lσ) final será obtido com a soma algébrica dos fatores de influência parciais de cada subparte da estrutura anteriormente dividida. O cálculo do fator de influência é uma relação entre as dimensões dos lados do painel de distribuição de carga (m e n) com a profundidade do ponto onde se pretende obter as tensões atuantes 𝑚 = 𝐿 𝑧 𝑒 𝑛 = 𝐵 𝑧 𝜎𝑣 = 𝜎0 . 1 4 . 𝜋 [ (2𝑚𝑛(𝑚2 + 𝑛2 + 1) 1 2)(𝑚2 + 𝑛2 + 2) (𝑚2 + 𝑛2 + 1 +𝑚2𝑛2)(𝑚2 + 𝑛2 + 1) + 𝑎𝑟𝑐𝑠𝑒𝑛 2𝑚𝑛(𝑚2 + 𝑛2 + 1) 1 2 𝑚2 + 𝑛2 + 1 +𝑚2𝑛2 ] Sendo: ▪ O ângulo da segunda parte deve ser em radianos ▪ Caso o denominador da segunda parte da equação for ≤zero, deve-se somar 𝜋 ao ângulo T A M B N C SD P L B y z x carga P Figura 25-Carregamento distribuído em uma área (PINTO 2000) Δσv Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________ 42 Figura 26- Ábaco fator de influência acréscimo de tensão vertical sob o canto do retângulo Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________ 43 Tabela 6- Valores de I em função de m e n para equação Newmark (PINTO 2000) – PARTE 1 Tabela 7-Valores de I em função de m e n para equação Newmark (PINTO 2000) – PARTE 2 n ou m 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 0,1 0,005 0,009 0,013 0,017 0,02 0,022 0,024 0,026 0,027 0,2 0,009 0,018 0,026 0,033 0,039 0,043 0,047 0,05 0,053 0,3 0,013 0,026 0,037 0,047 0,056 0,063 0,069 0,073 0,077 0,4 0,017 0,033 0,047 0,06 0,071 0,08 0,087 0,093 0,098 0,5 0,02 0,039 0,056 0,071 0,084 0,095 0,103 0,11 0,116 0,6 0,022 0,043 0,063 0,08 0,095 0,107 0,117 0,125 0,131 0,7 0,024 0,047 0,069 0,087 0,103 0,117 0,128 0,137 0,144 0,8 0,026 0,05 0,073 0,093 0,11 0,125 0,137 0,146 0,154 0,9 0,027 0,053 0,077 0,098 0,116 0,131 0,144 0,154 0,162 1 0,028 0,055 0,079 0,101 0,12 0,136 0,149 0,16 0,168 1,2 0,029 0,057 0,083 0,106 0,126 0,143 0,157 0,168 0,178 1,5 0,03 0,059 0,086 0,11 0,131 0,149 0,164 0,176 0,186 2 0,031 0,061 0,089 0,113 0,135 0,153 0,169 0,181 0,192 2,5 0,031 0,062 0,09 0,115 0,137 0,155 0,17 0,183 0,194 3 0,032 0,062 0,09 0,115 0,137 0,156 0,171 0,184 0,195 5 0,032 0,062 0,09 0,115 0,137 0,156 0,172 0,185 0,196 10 0,032 0,062 0,09 0,115 0,137 0,156 0,172 0,185 0,196 ꝏ 0,032 0,062 0,09 0,115 0,137 0,156 0,172 0,185 0,196 m= L/Z e n=B/Z n ou m 1 1,2 1,5 2 2,5 3 5 10 ꝏ 0,1 0,028 0,029 0,03 0,031 0,031 0,032 0,032 0,032 0,032 0,2 0,055 0,057 0,059 0,061 0,062 0,062 0,062 0,062 0,062 0,3 0,079 0,083 0,086 0,089 0,09 0,09 0,09 0,09 0,09 0,4 0,101 0,106 0,11 0,113 0,115 0,115 0,115 0,115 0,115 0,5 0,12 0,126 0,131 0,135 0,137 0,137 0,137 0,137 0,137 0,6 0,136 0,143 0,149 0,153 0,155 0,156 0,156 0,156 0,156 0,7 0,149 0,157 0,164 0,169 0,17 0,171 0,172 0,172 0,172 0,8 0,16 0,168 0,176 0,181 0,183 0,184 0,185 0,185 0,185 0,9 0,168 0,178 0,186 0,192 0,194 0,195 0,196 0,196 0,196 1 0,175 0,185 0,193 0,2 0,202 0,203 0,204 0,205 0,205 1,2 0,185 0,196 0,205 0,212 0,215 0,216 0,217 0,218 0,218 1,5 0,193 0,205 0,215 0,223 0,226 0,228 0,229 0,23 0,23 2 0,2 0,212 0,223 0,232 0,236 0,238 0,239 0,24 0,24 2,5 0,202 0,215 0,226 0,236 0,24 0,242 0,244 0,244 0,244 3 0,203 0,216 0,228 0,238 0,242 0,244 0,246 0,247 0,247 5 0,204 0,217 0,229 0,39 0,244 0,246 0,249 0,249 0,249 10 0,205 0,218 0,23 0,24 0,244 0,247 0,249 0,25 0,25 ꝏ 0,205 0,218 0,23 0,24 0,244 0,247 0,249 0,25 0,25 m= L/Z e n=B/Z Curso de Fundações – O Canal da Engenharia________________________________________ 44 L/ B z/ B 0, 1 0, 24 98 0, 24 99 0, 24 99 0, 24 99 0, 24 99 0, 24 99 0, 24 99 0, 24 99 0, 24 99 0, 24 99 0, 24 99 0, 2 0, 24 86 0, 24 89 0, 24 91 0, 24 91 0, 24 91 0, 24 91 0, 24 92 0, 24 92 0, 24 92 0, 24 92 0, 24 92 0, 3 0, 24 55 0, 24 64 0, 24 68 0, 24 7 0, 24 72 0, 24 72 0, 24 74 0, 24 74 0, 24 74 0, 24 74 0, 24 74 0, 4 0, 24 01 0, 24 2 0, 24 29 0, 24 34 0, 24 37 0, 24 39 0, 24 42 0, 24 43 0, 24 43 0, 24 43 0, 24 43 0, 5 0, 23 25 0, 23 56 0, 23 73 0, 23 82 0, 23 88 0, 23 91 0, 23 97 0, 23 98 0, 23 98 0, 23 99 0, 23 99 0, 6 0, 22 29 0, 22 75 0, 23 01 0, 23 15 0, 23 24 0, 23 3 0, 23 39 0, 23 41 0, 23 42 0, 23 42 0, 23 42 0, 7 0, 21 19 0, 21 8 0, 22 15 0, 22 36 0, 22 49 0, 22 57 0, 27 71 0, 22 74 0, 22 75 0, 22 76 0, 22 76 0, 8 0, 19 99 0, 20 75 0, 21 2 0, 21 47 0, 21 62 0, 21 76 0, 21 96 0, 22 0, 22 02 0, 22 02 0, 22 02 0, 9 0, 18 76 0, 19 64 0, 20 18 0, 20 53 0, 20 75 0, 20 89 0, 21 16 0, 21 22 0, 21 24 0, 21 25 0, 21 25 1 0, 17 52 0, 18 51 0, 19 14 0, 19 55 0, 19 81 0, 19 99 0, 20 34 0, 20 42 0, 20 44 0, 20 46 0, 20 46 1, 2 0, 15 16 0, 16 28 0, 17 05 0, 17 57 0, 17 93 0, 18 18 0, 18 7 0, 18 82 0, 18 85 0, 18 88 0, 18 88 1, 4 0, 13 05 0, 14 23 0, 15 08 0, 15 69 0, 16 13 0, 16 44 0, 17 12 0, 17 3 0, 17 35 0, 17 4 0, 17 4 1, 6 0, 11 23 0, 12 41 0, 13 29 0, 13 96 0, 14 45 0, 14 82 0, 15 66 0, 15 9 0, 15 98 0, 16 04 0, 16 04 1, 8 0, 09 69 0, 10 83 0, 11 72 0, 12 4 0, 12 94 0, 13 34 0, 14 34 0, 14 63 0, 14 74 0, 14 82 0, 14 83 2 0, 08 4 0, 09 47 0, 10 34 0, 11 03 0, 11 58 0, 12 02 0, 13 14 0, 13 5 0, 13 63 0, 13 74 0, 13 75 2, 5 0, 06 02 0, 06 91 0, 07 67 0, 08 32 0, 08 86 0, 09 31 0, 10 63 0, 11 14 0, 11 34 0, 11 53 0, 11 54 3 0, 04 47 0, 05 19 0, 05 83 0, 06 4 0, 06 89 0, 07 32 0, 08 7 0, 09 31 0, 09 59 0, 09 87 0, 09 9 3, 5 0, 03 43 0, 04
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