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É parte fundamental da prática médica. O exame clínico é importante para formular hipóteses diagnósticas, criar uma boa relação médico-paciente e nos ajuda a tomar decisões. Além disso, escolhemos melhor qual o exame complementar mais adequado. Sempre lembrar de avaliar o paciente como um todo, colocando a condição humana acima de tudo! “As doenças podem ser semelhantes, mas os pacientes nunca são exatamente iguais”. Exame clínico: Anamnese + Exame físico O exame físico pode ser geral ou específico de órgãos e sistemas. Devemos nos atentar a posição que estamos e a do paciente, e ao conhecimento das superfícies corporais (anatomia de superfície). - Posições: decúbito dorsal, decúbito lateral, decúbito vental, sentado, em pé. Depende do que queremos examinar e do estado geral do paciente. - Regiões do corpo: regiões da face, da cabeça, cervicais, torácicas, dorsais, perineal e membros (imagem Porto, pg 41/77). O exame físico compreende também a inspeção, palpação, percussão, ausculta e uso de alguns instrumentos. É dividido em duas partes: primeiro uma parte geral, com dados gerais; a segunda é focada a órgãos e sistemas específicos. Iremos focar agora no geral. O exame físico geral inclui: a. Avaliação do estado geral É o que achamos do paciente quando olhamos ele em sua totalidade, se está com um estado geral bom, regular, ruim/péssimo. Como não dá para falar na beira do leito que o paciente está com um ruim estado geral, por exemplo, falamos em siglas: REG. BEG (bom estago geral); REG (regular estado geral); PEG (péssimo estado geral). Avaliar os sinais vitais: pulso (frequência cardíaca), temperatura, frequência respiratória, dor, pressão arterial. b. Avaliação do nível de consciência e estado mental Inclui a avaliação neurológica e psiquiátrica. Desde estado de vigília, obnubilado (confusão mental), coma. Avaliar a perceptividade (perguntas simples, ordens); reatividade (a dor, a luz); deglutição; reflexos. c. Fala e linguagem Disfonia (alteração em alguma estrutura da fala e fica estranha), afonia, dislalia (troca de letras por ex), disartria (incoordenação, arrastada, baixa, sem ritmo), disfasia (não entende, não se expressa direito), dislexia etc. d. Avaliação do estado de hidratação Observa-se se teve alteração abrupta de peso (quantos kg e em quanto tempo, gradual ou não); alterações da pele (umidade, elasticidade, turgor), alterações da mucosa (umidade), fontanelas (se afundada ou não), alterações oculares e estado geral. Devemos avaliar se está consumindo líquido suficiente ou se está perdendo, por diarreia, vômitos, febre, taquipneia, sudorese. As mucosas devem estar úmidas e avermelhadas. Avaliar concentração da urina (4+). Quando o paciente está desidratado ele tem: sede, diminui peso, pele seca, pouca elasticidade e turgor (quando puxa beliscando de leve com a derme a pele demora pra voltar ao normal), mucosas secas, olhos afundados, fontanelas deprimidas, REG, abatimento psíquico, oligúria. e. Altura e medidas antropométricas A principal é a altura. Com a prática vamos conseguir advinhar qual a altura do paciente só de olhar. Os idosos diminuem de tamanho por conta do encurtamento da coluna (reduz corpos vertebrais e disco, aumenta curvatura). f. Peso Pesamos com balança comum ou cama-balança. Devemos sempre relacionar com o sexo e idade. Regra de Broca: o peso ideal é aprox. o quanto em kg do que excede 1m na altura da pessoa. Também podemos fazer o IMC, mas não diz muita coisa (P/A²). Sempre perguntar quanto perdeu em quanto tempo! Aumento repentino geralmente é edema ou retenção de água. As variações de peso são caquexia (extremo, compromete o estado geral, PEG), magreza (peso menor que o mínimo, genética ou patológica), normal, sobrepeso e obesidade. Observar onde que tem mais gordura também, tipo a síndrome de Cushing (tronco grande e pernas finas, estrias). g. Nutrição Avaliar os outros elementos físicos e perguntar da alimentação para o paciente. Hiponutrição, subnutrição, desnutrição. Observar se o paciente não come por que não tem fome, se não quer comer porque vai machucar ou vomitar, se não quer comer porque não gosta da comida, não sente sabor da comida, porque não consegue comer ou, pelo mais comum: porque não tem o que comer. h. Desenvolvimento físico Desenvolvimento normal, hiperdesenvolvimento (“gigantismo”), hipodesenvolvimento (“nanismo”), hábito grácil (frágil), infantilismo. i. Fáscies São aspectos característicos da face do doente. Anatomia, expressão, olhar, movimentos da asa do nariz, posição da boca. Tem doenças com faces características que chamamos de fáscies. - Fáscie Hipocrática: olhos fundos, inexpressivos, nariz e labio fino, batimentos de asa do nariz, suor, palidez, discreta cianose labial. Doenças graves. - Fáscie Renal: edema palpebral e palidez. - Fáscie Leonina: pele espessa com várias lesões caraceterísticas principalmente na fronte, sem sobrancelha, nariz grande e largo, lábios grossos. Hanseníase. - Fáscie Parkinsoniana: cabeça inclinada para frente, olhar fixo, sobrancelhas levantados, fronte enrugada, impassível (“máscara”). Parkinson. - Fáscie Basedowiana: exoftalmia, rosto magro, espanto/ansiedade, bócio. Hipertireoidismo. - Fáscie Mixedematosa: pele seca, rosto arredondado, sobrancelhas escassas, cabelos sem brilho, desânimo/apatia. Hipotireoidismo. - Fáscie Cushingoide: rosto em lua cheia, pode ter acne. Síndrome de Cushing (hipercorticóides). - Fáscie Mongoloide: epicanto, olhos distantes, rosto redondo, boca entreaberta, macroglossia. Síndrome de Down. - Fáscie de paralisia facial periférica: assimetria da face, não fecha as pálpebras, boca para um lado. - Fáscie Miastênica: ptose palpebral bilateral e aí o paciente franze a testa e levanta a face para conseguir olhar. - Cloasma gravídico (melasma): hiperpigmentação acastanhada nas bochecas, centro da testa e buço. j. Atitude e decúbito Qual posição que o paciente se sente mais confortável para ficar deitado ou sentado, qual decúbito lateral. Exemplo, pacientes com hipertensão portal prefere ficar deitado porque sentado aumenta a circulação colateral na base pulmonar e dificulta a respiração. Outro caso seria no doente com dor pleural, ele se deita sobre o lado com dor para que o outro pulmão faça mais o trabalho de expandir e o com dor fique mais quieto para não doer tanto. k. Pele, mucosas e fâneros A coloração da pele, se está normal, pálida (anêmica, descorada), ictérica, cianótica (periférica ou central). Avaliar o grau da coloração em até 4+. Avaliar isso nas mucosas junto. Avaliar os pelos e cabelos, se estão fortes, ralos, coloração, brilho. Avaliar unha também, manchas, se tem micose. l. Musculatura Inspeção e palpação para avaliar a massa muscular e o tônus. Primeiro em repouso e depois pedir para contrair e avaliar isso. Pode estar ormal, hipertrófica, hipotrófica. Quanto ao tônus: normal, hipertônico (espástica, rígida) ou hipotônico (flácida). m. Movimentos involuntários Tremores, coreia, movimentos atetósicos (atetose), hemibalismo, mioclonias, tiques, convulsões, tetania, fasciculações, discinesias, etc. n. Linfonodos o. Veias e circulação Avaliar a circulação colateral, se existe ou não. Ex.: circulação colateral da veia Porta – varizes esofágicas, cabeça de medusa e hemorróidais. As anastomoses normais dão para avaliar bem pelo rubor paradoxal, que é quanto comprimimos as artérias que irrigam uma parte do corpo e aí soltamos uma, analisando o arco anastomósico (vermelhidão). Ex.: a. ulnar e a. radial. p. Edema Avaliar a localização do edema (localizado ou generalizado/anasarca), distribuição, intensidade (comprimir contra um osso e ver o tempo que volta ao normal; em até 4+), consistência (mole ou duro), elasticidade (volta da pele), temperatura/sensibilidade/aspectos da pele ao redor. Avaliar causa:inflamatória, traumática ou linfática. Devemos pesar diariamente os pacientes com edema, sem roupa, manhã ou noite. q. Temperatura e febre r. Postura e marcha Pode ser normal, patológica ou senil (envelhecimento). 1. TÉCNICAS BÁSICAS DO EXAME FÍSICO Sempre explicar para o paciente o que iremos fazer, perguntar se está causando dor ou piorando. O exame físico contém: inspeção, palpação, percussão e ausculta. Num paciente deitado, sempre examinar pelo lado direito dele, ficar do lado direito da maca, pois facilita várias manobras. 1.1 INSPEÇÃO É com a visão, o que vemos, sem tocar no paciente. Inspeção geral quando olhamos o paciente na primeira vez e depois uma inspeção mais direcionada (localizada). Inspeciona boca também. Deve-se ter uma boa iluminação, exposição e instrumentos como lanternas. Devemos expor só a parte a ser examinada. Começa na anamnese e continua até acabar a consulta. 1.2 PALPAÇÃO É com o tato (superficial) e a pressão (profunda). Percebemos textura, temperatura, umidade, espessura, consistência, elasticidade, volume, frêmitos, elasticidade, vibração, pulsação, edema, etc. Aquecer as mãos antes (friccionar elas). Palpar regiões dolorosas por último. - Digitopressão: polpa do polegar ou indicador. Ver se tem dor, se tem edema e como está a circulação. 1.3 PERCUSSÃO É um golpe que fazemos em uma parte do corpo e ouvimos um som da vibração, devendo distinguir intensidade, timbre, tonalidade. Pode ser a percussão direta ou a percussão digitodigital. - Digitodigital: golpeia-se um pouco acima da unha do dedo indicador/médio de uma mão ou o mesmo dedo da outra. Deixar o punho mole, só ele que tem que movimentar. Só o dedo que ta sendo batido tem que relar no paciente, o resto não rela pra não abafar. Dar dois golpes rápidos e retirar o dedo encostado logo em seguida. Reconhecer som maciço (madeira, parede, fígado), claro pulmonar (colchão, pulmão) e timpânico (caixa vazia, tambor, estruturas ocas como intestinos). 1.4 AUSCULTA É a técnica da audição, necessita do estetoscópio. O ambiente tem que estar silencioso, para fazer o paciente ficar quieto podemos dizer para ele respirar normal com a boca aberta, inspirar e expirar pela boca. Durante a ausculta anterior o médico fica do lado direito do paciente, enquanto na ausculta posterior ele fica a esquerda. Devemos colocar o diafragma ou a campânula bem de leve sobre o corpo, selando mas não apertando. Nunca auscultar sobre a roupa, ou retirá-lá ou colocar o estetoscópio por baixo. Umedecer os pelos com algodão e água se a região for peluda.
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