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A OCORRÊNCIA DA CRASE

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LUIZ FERNANDO NETO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A OCORRÊNCIA DA CRASE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FACULDADE DE EDUCAÇÃO SÃO LUÍS 
NÚCLEO DE APOIO ZONA LESTE-SP 
JABOTICABAL – SP 
2009
LUIZ FERNANDO NETO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A OCORRÊNCIA DA CRASE 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à 
Faculdade de Educação São Luís, como exigência 
parcial para a conclusão do curso de Pós-
Graduação Lato Sensu em Língua Portuguesa, 
Compreensão e Interpretação de Texto. 
Orientadora: Profª Drª Maria Carolina de Godoy 
 
 
 
 
FACULDADE DE EDUCAÇÃO SÃO LUÍS 
NÚCLEO DE APOIO ZONA LESTE-SP 
JABOTICABAL – SP 
2009
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Dedicamos 
 
a Deus, que nos dá sabedoria; 
à nossa família que 
muitas vezes se sentiu 
 privada da nossa presença, 
mas sempre nos apoiando 
e incentivando e 
aos professores que sempre 
estiveram dispostos a ajudar. 
AGRADECIMENTOS 
 
 
A Deus que nos dá sabedoria. 
Aos professores e demais funcionários da Faculdade São Luís, 
especialmente à Profª Drª Maria Carolina de Godoy, dedicada e cordial orientadora, 
pelo incentivo e apoio que recebemos em todo o decorrer do curso. 
A Desembargadora Federal Drª Eva Regina Turano Duarte da Conceição e 
demais funcionários de seu gabinete pelo apoio, compreensão e incentivo, 
especialmente a Ana Maria Viégas Pires, que gentilmente aceitou o convite para 
examinar este trabalho. 
À minha mãe Naida Babolin a quem Deus usou abençoadamente em minha 
formação e carreira e ao meu pai Fernando Neto. 
Este curso e trabalho só puderam ser feitos porque minha dedicada esposa 
Sandra Fernandes Babolin, mãe de nossos filhos Camila, Lucas e Matheus, esteve 
ao nosso lado com sua virtude, paciência e amor. 
.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
E tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, 
como ao Senhor, e não aos homens, sabendo que 
recebereis do Senhor o galardão da herança, 
porque a Cristo, o Senhor, servis. Mas quem fizer 
agravo receberá o agravo que fizer; pois não há 
acepção de pessoas. (Colossensses 3:23-25)
RESUMO 
 
Este opúsculo tem como objetivo principal facilitar a compreensão da 
ocorrência da crase na língua portuguesa quer seja na sala de aula, quanto no 
cotidiano em geral, apresentando um estudo sobre os casos gerais de sua 
ocorrência, assim como, os casos inadmissíveis de sua utilização de acordo com a 
norma culta. Com o intuito de satisfazer os objetivos da pesquisa, foram analisados 
na literatura, aspectos gramaticais, artigos, trabalhos, livros, sites da internet e 
material exemplificativo que abordam o tema escolhido os quais trouxeram diretrizes 
que tornaram possível a prática do uso correto da crase, de maneira segura e 
simples. Esta monografia é composta de quatro capítulos iniciais que versam sobre 
a origem fonética e definição sobre o que é a crase, quando ocorre e quando não 
devemos empregá-la, assim como, os casos facultativos de seu uso, com 
exemplificação dos erros mais comuns encontrados quando de seu emprego nas 
frases e apresentar um estudo específico para que possa dirimir eventuais dúvidas, 
auxiliando na sua colocação correta. Em Considerações Finais, a partir da análise 
realizada sobre as regras gramaticais e, exemplificando enfaticamente onde há mais 
dúvidas, teremos contribuído positivamente no sentido de desenvolver um método 
prático e simples de sua utilização, em consonância à norma culta, contribuindo, 
deste modo, para que se compreenda melhor a ocorrência desse processo.
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO....................................................................................................... 8 
1 CRASE............................................................................................................... 9 
1.1 Definição e Observações.............................................................................. 9 
1.2 Aspectos gerais da ocorrência de crase: O termo regente e o termo 
regido....................................................................................................................10 
2 CASOS DE OCORRÊNCIA DA CRASE............................................................11 
2.1 Casos gerais e regras gramaticais...............................................................11 
3 CASOS DE NÃO OCORRÊNCIA DA CRASE: .................................................15 
3.1 Casos gerais e regras gramaticais...............................................................15 
4 CASOS FACULTATIVOS DE OCORRÊNCIA DA CRASE................................20 
4.1 Casos gerais e regras gramaticais...............................................................20 
5 REGRAS PRÁTICAS E ERROS MAIS COMUNS ............................................22 
5.1 Regras práticas...............................................................................................22 
5.2 Erros mais comuns........................................................................................24 
CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................26 
REFERÊNCIAS......................................................................................................28 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Esta pesquisa bibliográfica tem como objetivo primordial demonstrar nossa 
preocupação com os novos rumos da língua portuguesa em todos os seus aspectos, 
discorrendo inclusive, sobre a importância de suas regras que servem de material 
direcionador para o uso de uma linguagem padrão, em respeito à nossa cultura e à 
nossa língua nacional. 
O advento da nova reforma ortográfica nos estimula a rever pontos da 
gramática onde ocorrem mais dificuldades e certamente os aspectos gramaticais 
que ensejam seu correto emprego são um dos assuntos que merecem estudo e 
avaliação. Portanto, para um bom entendimento do tema temos que focalizar nosso 
conhecimento em várias partes da gramática sem as quais seria ineficaz a 
compreensão geral do tema abordado. 
Os problemas que envolvem a aprendizagem gramatical da língua 
portuguesa são bastante complexos, uma vez que é muito diversificada e rica em 
detalhes característicos. A simples evolução da linguagem oral nos compele a 
atualizar nossa maneira de escrever de acordo com as modificações ocorridas por 
usos e costumes de diferentes regiões onde nossa língua é utilizada. 
Deve-se ter por assente que a partir de uma análise de toda a parte 
gramatical que envolve o assunto “crase”, dúvidas poderão ser dirimidas, 
exemplificadas e esclarecidas. E é esse objetivo que esta pesquisa busca. O que é 
crase? Como empregá-la corretamente? Quais os processos de sua utilização? 
Quando ocorre a crase? Quando não ocorre? E os casos facultativos de seu uso? 
Verificação da parte gramatical dos respectivos empregos... Pretendendo entender 
todo o processo gramatical da ocorrência da crase, objetivamos conseguir meios 
seguros e práticos para sua correta colocação, inclusive, verificando erros comuns 
encontrados no cotidiano, para melhor assimilação. 
1 CRASE 
 
1.1 Definição e Observações. 
Do grego krásis, significa mistura, fusão. 
Em gramática, é a contração de dois fonemas vocais: a preposição a, com o 
artigo definido feminino a(s) ou com os pronomes demonstrativos a(s), aquele(s), 
aquela(s), aquilo: (a + a = à; a + as = às; a + aquele = aquele(s); a + aquela = 
àquela(s); a+ aquilo = àquilo). 
Trata-se de um metaplasmo por subtração. 
O termo “metaplasmo” vem do grego e significa “mudança de forma”. 
É que cada geração altera inconscientemente, segundo as suas tendências, 
as palavras da língua, alterações essas que se tornam perfeitamente sensíveis, só 
depois de decorrido muito tempo.Exemplos: 
Dolore > door >= dor 
Legere > leer > = ler 
Noutra acepção, expressa a reunião de dois sons fracos em um forte. 
Mattoso Câmara Jr. (MATTOSO JÚNIOR, 1979, p.33) define a acentuação 
fonológica isto é, dos sons, no português como ”uma relativa força expiratória, 
acompanhada de uma elevação da voz, que é dela conseqüente”. 
A crase é indicada pelo acento grave (`). 
Também não se deve ler a ocorrência da crase com o som de a duplo. 
Segundo o Professor Luiz Roberto Wagner (WAGNER, 2008, p.22) “Em vez 
de usarmos as expressões” a craseado “e” a com crase”, devemos empregar mais 
propriamente ocorre a crase; o a recebe, pois, acento grave. Ao dizer “já assisti 
àquele filme“, ocorre a crase e, conseqüentemente, o pronome demonstrativo 
recebe acento grave.” 
1.2 Aspectos gerais da ocorrência de crase: O termo regente e o termo regido 
O fenômeno da crase está associado à regência (nominal e verbal) e, 
portanto, atrelado à estrutura sintática da frase. Dentro da oração, os termos que 
admitem crase são: 
a) Objeto indireto. 
b) Complemento nominal. 
c) Adjunto adverbial. 
Regência é a relação de dependência entre dois termos. 
O termo regente (subordinante) deve exigir a preposição a. 
O termo regido (subordinado) admitir o artigo definido a(s), ou for um 
pronome demonstrativo iniciado por a (aquele(s), aquela(s), aquilo). 
Exemplos: 
Encontrei a menina. 
 Gostei da menina. 
 Conversei com a menina. 
 Agradei à menina. 
 Veja que a crase só ocorreu na última frase. 
No primeiro caso (Encontrei a menina), o verbo encontrar não exige a 
preposição a, já que é transitivo direto; por isso, o substantivo menina é precedido 
apenas de artigo. 
 Nos dois casos seguintes (Gostei da menina e Conversei com a menina), os 
verbos gostar e conversar, transitivos indiretos, exigem preposição que se contrai 
(da) ou não (com a) com aquele artigo. 
 No último caso (Agradei à menina), o verbo agradar, na acepção de "ser 
gentil", "ser agradável", é transitivo indireto e exige a preposição a, que se contrai 
com o artigo a e disso resulta a crase. 
 
 
 
 
 
 
2 CASOS DE OCORRÊNCIA DA CRASE 
 
2.1 Casos gerais e regras gramaticais: 
Ocorrerá obrigatoriamente crase diante das seguintes situações: 
 
-Em locuções adverbiais femininas: 
 Locuções adverbiais são duas ou mais palavras que, juntas, têm o mesmo 
valor de um advérbio. 
Exemplos: 
O rapaz saiu à tarde e chegou à noite. (locução adverbial de tempo) 
Ele foi à feira e depois à lavanderia. (locução adverbial de lugar) 
O governador viajou às pressas. (locução adverbial de modo) 
Observações: 
Nas locuções adverbiais femininas de instrumento a crase é facultativa. 
Exemplo: 
O pai saiu sem fechar a porta à chave. 
O pai saiu sem fechar a porta a chave. 
 
-Em locuções prepositivas: 
 Locuções prepositivas são duas ou mais palavras que, juntas, têm o mesmo 
valor de uma preposição. 
Exemplos: 
Meu amigo conseguiu ser aprovado à custa de muito esforço. 
Ele saiu à procura de ajuda. 
 
-Em locuções conjuntivas proporcionais: 
 Locuções conjuntivas são duas ou mais palavras que, juntas, têm o mesmo 
valor de uma conjunção. 
Exemplos: 
A cidade se acalma, à medida que escurece. 
À proporção que chovia, aumentavam os buracos na rua. 
 
-Nas locuções à moda de, à maneira de, à semelhança de (subentendidas): 
 Como no exemplo: 
Usava cabelos à Luís XV. (à moda de Luís XV) 
Adoro bife à milanesa. (à maneira dos milaneses) 
 
-Diante dos pronomes demonstrativos aquele(s), aquela(s) e aquilo: 
 Haverá crase com os pronomes demonstrativos aquele (s), aquela (s), 
aquilo, sempre que o termo regente exigir a preposição a, sendo estes 
demonstrativos substituídos, respectivamente, por a este(s), a esta(s), a isto. 
Exemplos: 
Fazia referência àquele cidadão ( Fazia referência a este cidadão). 
Daremos trabalho àqueles homens ( Daremos trabalho a estes homens). 
Dirigiu-se com voz alta àquela aluna ( Dirigiu-se com voz alta a esta aluna). 
Dedicou-se àquilo com afinco ( Dedicou-se a isto com afinco). 
 
-Diante de pronomes relativos a qual, as quais: 
 Ocorrerá crase com os pronomes relativos a qual, as quais quando esses 
pronomes vierem precedidos de uma preposição a, exigida por um termo da oração 
que tais pronomes introduzem. É fácil constatar a ocorrência da crase nesses casos, 
utilizando-se o artifício de trocar os termos femininos por masculinos correlatos. 
Observe: 
A cidade à qual iremos possui praias às quais chegaremos. 
O país ao qual iremos possui recantos aos quais chegaremos. 
Observe que nesse exemplo, os termos iremos e chegaremos exigem a 
preposição a, que migra para antes dos pronomes relativos e com eles deve se 
fundir. 
 
-Em locuções conjuntivas proporcionais: 
 Locuções conjuntivas são duas ou mais palavras que, juntas, têm o mesmo 
valor de uma conjunção. 
Exemplos: 
A cidade se acalma, à medida que escurece. 
À proporção que chovia, aumentavam os buracos na rua. 
 
-Diante dos pronomes demonstrativos aquele(s), aquela(s) e aquilo: 
 Haverá crase com os pronomes demonstrativos aquele (s), aquela (s), 
aquilo sempre que o termo regente exigir a preposição a, sendo estes 
demonstrativos substituídos, respectivamente, por a este(s), a esta(s), a isto. 
Exemplos: 
Fazia referência àquele cidadão ( Fazia referência a este cidadão). 
Daremos trabalho àqueles homens ( Daremos trabalho a estes homens). 
Dirigiu-se com voz alta àquela aluna ( Dirigiu-se com voz alta a esta aluna). 
Dedicou-se àquilo com afinco ( Dedicou-se a isto com afinco). 
 
-Diante de pronomes relativos a qual, as quais: 
 Ocorrerá crase com os pronomes relativos a qual, as quais quando esses 
pronomes vierem precedidos de uma preposição a, exigida por um termo da oração 
que tais pronomes introduzem. É fácil constatar a ocorrência da crase nesses casos, 
utilizando-se o artifício de trocar os termos femininos por masculinos correlatos. 
Observe: 
A cidade à qual iremos possui praias às quais chegaremos. 
O país ao qual iremos possui recantos aos quais chegaremos. 
Nesse exemplo, os termos iremos e chegaremos exigem a preposição a, 
que migra para antes dos pronomes relativos e com eles deve se fundir. 
 
-Na indicação de horas, desde que determinadas: 
 Lembrando que zero e meia hora incluem-se na regra: 
 Devemos atrasar o relógio à zero hora. 
 Eles chegaram à meia-noite. 
 Atenção:Na indeterminação não ocorre crase: 
Irá a uma hora qualquer. 
-Diante de nomes de lugar: 
 Alguns nomes de lugar admitem a anteposição do artigo, outros não. 
Haverá crase diante de nomes de lugar se o termo regente exigir a preposição a e o 
termo regido (o nome do lugar) admitir a anteposição do artigo a. 
Para verificar se um nome de lugar admite ou não o artigo, podemos utilizar o 
seguinte artifício: se, ao formularmos uma frase com um nome de lugar precedido do 
verbo vir, obtivermos a contração da, fica claro que diante daquele nome de lugar 
cabe o artigo a, uma vez que da é a contração da preposição de com o artigo a. 
Se, por outro lado, obtivermos simplesmente a preposição de, claro está que aquele 
nome de lugar não admite a anteposição do artigo. 
Viajamos à Argentina no mês passado. (Viemos da Argentina: o topônimo 
Argentina admite o artigo) 
Vou à Itália. (Venho da Itália: o topônimo Itália admite o artigo) 
Retornou a Roma. (Venho de Roma: o topônimo Roma não admite o artigo) 
Vou a Curitiba. (Venho de Curitiba: o topônimo Curitiba não admite o artigo) 
 Se o nome de lugar que não admite o artigo vier determinado, passará a 
admiti-lo e, conseqüentemente, ocorrerá crase. 
Vou à Roma antiga. (Venho da Roma antiga.) 
Retornamos à agradável Curitiba. (Venhoda agradável Curitiba.) 
É evidente que em: 
Conheço a Bahia. 
Visitamos a Itália. 
 Não ocorre a crase, uma vez que os termos regentes (conheço e visitamos) 
não exigem a preposição a, pois são verbos transitivos diretos. 
 Nesses exemplos, os a são artigos. 
3 CASOS DE NÃO OCORRÊNCIA DA CRASE 
 
3.1 Casos gerais e regras gramaticais: 
 Dois elementos são necessários para que apareça a crase. Um deles é a 
palavra com sentido incompleto (palavra relativa) que venha seguida da preposição 
a; e o outro é o artigo feminino singular ou plural. 
A seguir, listamos alguns casos em que, obviamente, não poderá haver 
crase, já que se exclui a hipótese de aparecer o artigo "a" exigido: 
 
-Antes de Palavra Masculina: 
Por exemplo: 
Andar a pé. 
Pagamento a prazo. 
Caminhadas a esmo. 
Cheirar a suor. 
 
-Diante de verbo: 
 O fenômeno da crase existe quando há uma fusão (ou contração) entre a 
preposição "a" e o artigo definido feminino "a". Logo, se a palavra seguinte à 
preposição "a" for um verbo, o acento grave indicativo de crase não é admitido. 
Os verbos são palavras que não admitem determinantes (artigo, por exemplo). 
Como a condição básica da existência da crase é a referência (mesmo que implícita) 
do artigo definido feminino, diante de verbos a crase se torna absurda. 
Exemplos: 
O prefeito se propôs a estudar melhor o assunto. 
 Começou a chorar. 
 Disponho-me a colaborar. 
-Diante de expressões formadas por palavras repetidas: 
Nas orações em que aparecem palavras repetidas ligadas pelo "a", não se 
verifica a contração da preposição e o artigo, portanto o acento grave indicativo da 
crase não é admitido. Isso se dá porque esse "a" presente entre as palavras 
repetidas é uma preposição somente, e não uma fusão de preposição e artigo 
(crase). 
Exemplos: 
 O manual explica passo a passo os procedimentos com a ferramenta. 
Ficamos frente a frente na hora do julgamento. 
 
-Diante de pronomes: 
-Pronomes pessoais: 
 Exemplos: 
Ele se dirigiu a ela com rudeza. 
Falei a ela sobre o problema. 
 
-Pronomes demonstrativos: 
 Exemplos: 
A esta altura, já deve ter chegado o pacote. 
Onde você pensa que vai a esta hora da noite? 
 
-Pronomes Indefinidos: 
Os pronomes indefinidos funcionam como determinantes, ou seja, 
apresentam, mesmo que indeterminadamente, um nome. Desta forma, eles não 
admitem um artigo antecedendo a palavra a qual acompanham. 
Exemplos: 
 Preocupado com as crianças, dirigia-se agora a toda escola que conhecia. 
(termo regente: dirigir-se a) 
(toda: pronome indefinido) 
Sempre perguntava a outra enfermeira sobre qual o leito que lhe pertencia. 
(termo regente: perguntar a) 
 (outra: pronome indefinido) 
 
-Pronomes relativos que, quem e cujo(a): 
A crase não deve ser empregada junto aos pronomes relativos que, quem e 
cujo(a). Nas orações em que aparece um termo regido pela preposição "a" 
acompanhado dos pronomes relativos acima apontados, não se verifica a contração 
da preposição e o artigo, portanto o acento grave indicativo da crase não é admitido. 
Exemplos: 
 Era geniosa a funcionária a quem se reportava. 
(termo regente: reportar-se a) 
(termo regido: (a) funcionária) 
 Havia qualquer problema com a tomada a que ligaram o aparelho. 
(termo regente: ligar a) 
(termo regido: (a) tomada) 
A mulher, a cuja filiação se unira, esgotava-se em lágrimas. 
(termo regente: unir-se a) 
(termo regido: (a) filiação) 
 
-Pronomes de tratamento: 
 Nas orações em que aparece um termo regido pela preposição a 
acompanhado de pronomes de tratamento, o acento grave indicativo da crase não é 
admitido, exceto em senhora(s), senhorita(s), dona(s), madame(s). 
Exemplos: 
 Eu só empresto meu livro a você se for realmente necessário. 
(termo regente: emprestar (o livro) a) 
(termo regido: você) 
Essas homenagens são afetuosamente dedicadas a Vossa Excelência. 
(termo regente: dedicar a) 
(termo regido: Vossa Excelência) 
A correspondência é endereçada à madame. 
(termo regente: endereçar a) 
(termo regido: (a) madame) 
 Alguém explicou à senhora o funcionamento do programa? 
(termo regente: explicar (o funcionamento a) 
(termo regido: (a) senhora) 
-Diante do artigo indefinido uma: 
Exemplos: 
Não me dirijo a uma pessoa tão agressiva. 
Foi a uma festa. 
 Exceções: Na locução à uma (ao mesmo tempo) e no caso em que uma 
designa hora (Sairá à uma hora). 
 
-Palavra feminina tomada em sentido genérico: 
Exemplo: 
Em respeito a morte em família, faltou ao serviço. 
Repare: 
Em respeito a falecimento, e não ao falecimento. 
Não me refiro a mulheres, mas a meninas. 
 Alguns casos são fáceis de identificar: se couber o indefinido uma antes da 
palavra feminina, não existirá crase. 
Exemplos: 
A pena pode ir de (uma) advertência a (uma) multa. 
Igreja reage a (uma) ofensa de candidato em Guarulhos. 
Fraude leva a (uma) sonegação recorde. 
Partido se rende a (uma) política de alianças. 
 Havendo determinação, porém, a crase é indispensável: 
Exemplos: 
Morte de bebês leva à punição (ao castigo) de médico. 
Superintendente admite ter cedido à pressão (ao desejo) dos superiores. 
 
-Diante de palavra no plural, se o a estiver no singular. 
Exemplos: 
Não nos apresentamos a grupos de mais de 20 pessoas. 
A carta foi enviada a órgãos diferentes 
 
-Nomes de mulheres célebres e nomes de santas: 
Exemplos: 
Ele a comparou a Ana Néri. 
Ela fez uma promessa a Santa Cecília. 
-Numerais considerados de forma indeterminada: 
 Não haverá crase antes de numerais cardinais referentes a substantivos não 
determinados pelo artigo. 
 Exemplos: 
O número de mortos chegou a dez. 
Nasceu a 8 de janeiro. 
 Mas lembre-se: como vimos anteriormente, usa-se a crase nas locuções 
adverbiais que exprimem hora determinada. Ainda, usa-se a crase nos casos em 
que o numeral estiver precedido de artigo. 
Exemplos: 
Chegamos às nove horas da manhã. 
Assisti às duas sessões de ontem. 
Entregaram-se os prêmios às quatro alunas. 
 
-Diante da palavra distância, desde que não determinada: 
Exemplos: 
A polícia ficou a distância. 
O navio estava a distância. 
 Quando se define a distância, existe crase: 
Exemplos: 
O navio estava à distância de 500 metros do cais. 
A polícia ficou à distância de seis metros dos manifestantes. 
 
-Diante da palavra terra: 
 Quando esta designar chão firme e não estiver especificada. 
Exemplos: 
Chegamos a terra ontem depois de dias no navio. 
Chegamos à terra de nossa família. 
 
-Diante da palavra casa: 
 Quando não vier especificada. 
Exemplos: 
Chegamos a casa ontem de manhã. 
Chegamos à terra de nossa família. 
4 CASOS FACULTATIVOS DE OCORRÊNCIA DA CRASE 
 
4.1 Casos gerais e regras gramaticais: 
A ocorrência da crase é facultativa diante dos nomes próprios femininos, 
antes de pronome possessivo feminino e depois da preposição até que antecede 
substantivos femininos, desde que o termo antecedente reja a preposição a, 
conforme abaixo: 
 
-Antes de nome próprio feminino: 
 Em geral, se a pessoa for íntima de quem se fala, ocorre a crase; caso 
contrário, não. 
Exemplos: 
 Refiro-me à (a) Sandra. 
Declarou-se à (a) Camila. 
 
-Antes de Pronome Possessivo Feminino: minha(s), tuas(s), sua(s), nossa(s), 
vossa(s): 
 Exemplos: 
 Quero retornar à (a) minha terra. (...ao meu país ou a meu país). 
Prestou atenção à (a) tua oração. (...ao (a) teu discurso.) 
Levou a encomenda à (a) sua tia. (...ao (a) seu tio.) 
Não fez menção à (a) nossa empresa. (...ao (a) nosso comércio.) 
Observação: 
Conforme Luiz Antonio Sacconi (SACCONI, 2007,p.81), “quando o 
possessivo funciona como pronome substantivo, o acento é obrigatório”. 
Exemplo: 
Não me refiro às respostas de Luís, mas às tuas. 
-Depois da locução até a, antes de palavra feminina: 
Exemplos: 
 Dirija-se até à (a) porta do elevador. 
Vou caminhar até à (a) praia. 
 Eles trabalharam até às (as) três horas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 REGRAS PRÁTICAS E ERROS MAIS COMUNS 
 
5.1 Regras práticas: 
Um estudo mais aprimorado da ocorrência da crase requer um 
aprofundamento dentro da gramática, principalmente das locuções, pronomes e 
sobretudo das regências verbais e nominais que é servem de base na maioria dos 
casos. 
Nosso objetivo é simplificar e facilitar a compreensão, com isso 
complementaremos com regras práticas e rápidas para melhor aproveitamento e 
assimilação das regras da norma culta anteriormente apresentada. 
 
A primeira regra prática para descobrir se ocorreu ou não a crase é também 
a mais simples e mais utilizada consiste em substituir a palavra feminina por uma 
masculina, de mesma natureza. Se aparecer a combinação ao, é certo que ocorrerá 
crase antes do termo feminino. 
Exemplos que ocorre a crase: 
Amanhã iremos ao colégio / à escola. 
Prefiro o Corinthians ao Palmeiras / à Portuguesa. 
Resolvi o problema / à questão. 
Vou ao campo / à praia. 
As crianças foram ao largo / à praça. 
Exemplos que não ocorre a crase: 
Convoquei as alunas / os alunos para a reunião. 
Fazer bem feito vale a pena / o esforço. 
É preciso respeitar a sinalização / o regulamento. 
Este molho cheira a cebola / a alho. 
 
A segunda regra a ser verificada consiste em substituir o termo regente da 
preposição a por um que reja outra preposição (de, em, por). Se essas preposições 
não se contraírem com o artigo, ou seja, se não surgirem as formas da(s), na(s) ou 
pela(s), não haverá crase: 
Exemplos: 
Refiro-me a você. 
Gosto de você / Penso em você / Apaixonei-me por você. 
Começou a gritar 
Gosta de gritar / Insiste em gritar / Optou por gritar. 
 
A terceira regra que deve ser verificada é a de substituir verbos que 
transmitem a idéia de movimento (ir, voltar, vir, chegar etc.) pelo verbo voltar. 
Ocorrendo a preposição de, não haverá crase. E se ocorrer a preposição da (de+a), 
haverá crase: 
Exemplos: 
Vou a Roma. / Voltei de Roma. 
Vou à Roma dos Césares. / Voltei da Roma dos Césares. 
Voltarei a Curitiba e à Bahia. / Voltarei de Curitiba e da Bahia. 
 
A quarta regra deve ser usada no caso de locuções, ou seja, reunião de 
palavras que equivalem a uma só idéia. Se a locução começar por preposição e se o 
núcleo da locução for palavra feminina, então haverá crase: 
Exemplos: 
Gente à toa. 
Vire à direita. 
Hoje à noite. 
Tudo às avessas. 
Ele estava à procura de trabalho. 
Ana estava à espera de um prêmio. 
O problema foi resolvido à maneira de Paulo. 
 
 
 
 
5.2 Os erros mais comuns: 
Os erros mais comuns na ocorrência da crase são sobretudo grosseiros e 
indicam a falta de conhecimento da regras gramaticais estudadas anteriormente. 
Peca-se pelo hábito de grafarmos há várias gerações de forma equivocada e não 
corrigirmos tais vícios. 
Em nosso cotidiano comumente vemos os erros nas frases abaixo: 
 
Entregamos à domicílio. (errado: palavra masculina e verbo pedem a preposição 
em) 
Correto: Entregamos em domicílio. 
 
Vendas à prazo com planos especiais. (errado: palavra masculina) 
Correto: Vendas a prazo com planos especiais. 
 
Trajes à rigor. (errado: palavra masculina) 
Correto: Trajes a rigor. 
 
Prestações à perder de vista. (errado: antes de verbo) 
Correto: Prestações a perder de vista. 
 
Conjuntos infantis à partir de R$ 15,00. (errado: antes de verbo) 
Correto: Conjuntos infantis a partir de R$ 15,00. 
 
Sorvetes com 15 sabores à escolher. (errado: antes de verbo) 
Correto: Sorvetes com 15 sabores a escolher. 
 
Atendemos de segunda à sexta. (errado: sexta não exige o artigo a) 
Correto: Atendemos de segunda a sexta. 
 
Diariamente até às 18:00. (errado: até é preposição, portanto não pode ocorrer a 
preposição a) 
Correto: Diariamente até as 18:00. 
 
 
Ótima localização, à 10 minutos. (errado: 10 minutos não exige o artigo a) 
Correto: Ótima localização, a 10 minutos. 
 
Lindos bordados à mão. (errado: mão não exige o artigo a) 
Correto: Lindos bordados a mão. 
 
Nasceu à dez anos. (errado: não há preposição e muito menos artigo, trata-se do 
verbo haver no sentido de tempo decorrido) 
Correto: Nasceu há dez anos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
O objeto de estudo deste trabalho, a ocorrência da crase, serviu para ilustrar 
a importância do conhecimento da gramática e como esse fator interfere no nível de 
sua compreensão mais ampla. 
Nossos livros didáticos passam para o leitor uma gramática geralmente 
desprovida de fatos científicos. Com o aprofundamento das pesquisas realizadas 
sobre o tema, ficou nítida a dificuldade de uma padronização das regras pelos 
diversos autores consultados. Quanto ao processo de aprendizagem, é difícil ouvir 
relatos que demonstrem o interesse em estudar a gramática de nossa língua 
portuguesa. Ao contrário, muitos declaram o repúdio que possuem em relação a 
este tipo de aprendizagem. 
O interesse por este trabalho se deu com o intuito de buscar na literatura 
uma forma de sintetizar os aspectos gramaticais que envolvem a correta aplicação 
da crase. A pesquisa procurou abranger uniformemente todas as questões que 
envolvem este assunto, de maneira estimulante e que pudesse auxiliar nas 
eventuais dúvidas, detalhando todo o ordenamento gramatical, todas as regras, de 
modo resumido e direcionado. 
Sabe-se que a forma de falar do indivíduo é o seu cartão de visitas e torna-
se imprescindível saber falar corretamente, usar de uma linguagem culta ou padrão, 
para causarmos boa impressão e demonstrarmos também o nosso respeito à nossa 
língua oficial. 
Neste trabalho pudemos conhecer a origem e a forma de usar a crase. 
Pudemos também pesquisar sobre alguns casos especiais, dicas e regras, pois ela é 
a responsável por grande parte dos erros de português cometidos na escrita. A 
maioria das pessoas tem, mais do que tudo, medo desse sinal indicativo cuja única 
função é facilitar a compreensão do que se quer dizer.
Com isso, tivemos a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre essas 
regras da nossa língua portuguesa, a qual devemos nos atentar a cada dia, pois 
como futuros administradores, teremos como principal ferramenta de trabalho, a 
comunicação, tanto na forma verbal como escrita. 
Enfim, esse trabalho visa o estímulo, a reflexão e o despertar de novas 
pesquisas que contribuam para a continuidade dos estudos em relação ao tema em 
questão, pois permitirá aos pesquisadores da área uma reflexão acerca dos 
conteúdos hoje ministrados em nossas escolas e a necessidade de se criar manuais 
que possibilitem uma melhor metodologia de ensino, objetivando um melhor 
aproveitamento do tema exposto. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
 
BECHARA, E. Moderna gramática portuguesa. Edição revista e ampliada. Rio de 
Janeiro : Lucerna, 1999. 
 
CÂMARA JÚNIOR, Joaquim Mattoso. História e estrutura da língua portuguesa. 
3. ed. Rio de Janeiro: Padrão, 1979. 
 
CEGALLA, D. P. Novíssima gramática da língua portuguesa. São Paulo: 
Companhia Editora Nacional, 1989. 
 
MARTINS FILHO, E.L. Manual de redação e estilo de o Estado de São Paulo. 3. 
ed. revista e ampliada.São Paulo: O Estado de S. Paulo, 1997. 
 
SACCONI, L. A. Nossa gramática contemporânea: teoria e prática. 1. ed. São 
Paulo: Escala Educacional, 2007. 
 
WAGNER, L. R. Use o português adequado: aspectos gramaticais e análise de 
textos. 3.ed Taquaritinga: All Print, 2008.

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