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1 ENSINO E EDUCAÇÃO COM IGUALDADE DE GÊNERO NA INFÂNCIA E NA ADOLESCÊNCIA GUIA PRÁTICO PARA EDUCADORES E EDUCADORAS UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO NEMGE - Núcleo de Estudos da Mulher e Relações Sociais de Gênero CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico 2006 2 ENSINO E EDUCAÇÃO COM IGUALDADE DE GÊNERO NA INFÂNCIA E NA ADOLESCÊNCIA GUIA PRÁTICO PARA EDUCADORES E EDUCADORAS UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO NEMGE - Núcleo de Estudos da Mulher e Relações Sociais de Gênero CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico 2ª Edição revista e ampliada Comemorativa dos 10 anos da 1ª edição 2006 3 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - USP Reitora: Profª. Drª. Suely Vilela Vice-Reitor: Prof. Dr. Franco Maria Lajolo Pró-Reitora de Graduação: Profª. Drª. Selma Garrido Pimenta Pró-Reitor de Pós-Graduação: Prof. Dr. Armando Corbani Ferraz Pró-Reitora de Pesquisa: Profª. Drª. Mayana Zatz Pró-Reitor de Cultura e Extensão Universitária: Prof. Dr. Sedi Hirano Realização: Núcleo de Estudos da Mulher e Relações Sociais de Gênero - NEMGE Coordenadora Científica: Profa. Dra. Eva Altermann Blay Equipe Responsável do NEMGE Profa. Dra. Rosa Ester Rossini Dra. Rochelle G. Saidel Dra. Sonia Alves Calió Isamara Lima de Jesus Consultoras: Profa. Dra. Lia de Freitas Garcia Fukui Profa. Dra. Tânia Suely Antonelli Marcelino Bravo Ilustração: Alexandre Jubran Revisão: Frank Roy Cintra Ferreira Projeto Gráfico: Marcelo Peri Fotolito e Impressão: Tec Art Editora FICHA CATALOGRÁFICA Universidade de São Paulo - NEMGE/CNPq Ensino e educação com igualdade de gênero na infância e na adolescência - Guia prático para educadores e educadoras. São Paulo: NEMGE/CNPq, 2ª edição, revista e ampliada, 2006 ... p. 1. Educação - São Paulo I. Título Primeira edição 1996 4 1ª Edição – 1996 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO - MEC Ministro: Prof. Dr. Paulo Renato Souza Secretaria de Educação Fundamental Secratária: Profª. Drª. Iara Glória Areias Prado Departamento de Políticas Educacionais Diretora: Profª. Drª. Virgínia Zélia de Azevedo Rebeis Farah Coordenação Geral de Programas de Atenção Integral Coordenador Geral: Prof. Dr. José Aluízio Ferreira Lima Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Secretário Executivo: Prof. Dr. Barjas Negri UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - USP Reitor: Prof. Dr. Flávio Fava de Moraes Vice-Reitora: Profa. Dra. Myriam Krasilchik Pró-Reitor de Graduação: Prof. Dr. Carlos Alberto B. Dantas Pró-Reitor de Pós-Graduação: Prof. Dr. Adolpho José Melfi Pró-Reitor de Pesquisa: Prof. Dr. Hugo Aguirre Armelin Pró-Reitor de Cultura e Extensão Universitária: Prof. Dr. Jacques Marcovitch Coordenadoria Executiva de Cooperação Univ. e de Ativ. Especiais - CECAE Coordenador: Prof. Dr. Guilherme Ary Plonski Programa de Cooperação Universidade-Sistema Educacional Coordenadora: Vera Soares Realização: Núcleo de Estudos da Mulher e Relações Sociais de Gênero- NEMGE Coordenadora: Profa. Dra. Dulcília Schroeder Buitoni Equipe Responsável do NEMGE Profa. Dra. Rosa Ester Rossini Dra. Rochelle G. Saidel Dra. Sonia Alves Calió Isamara Lima de Jesus Consultoras: Profa. Dra. Lia de Freitas Garcia Fukui Profa. Dra. Maria Solange Guarino Tavares Ilustração: Alexandre Jubran Revisão: Frank Roy Cintra Ferreira Projeto Gráfico: Marcelo Peri Fotolito e Impressão: Tec Art Editora 5 SUMÁRIO MENSAGENS 2ª EDIÇÃO MENSAGENS 1ª EDIÇÃO APRESENTAÇÃO PARTE I: UMA INTRODUÇÃO AO CONCEITO DE GÊNERO O que é Gênero? O que é Igualdade de Gênero? O que é Preconceito de Gênero? O que é Estereótipo de Gênero? O Preconceito de Gênero na Sala de Aula, ... ... nos Livros e Materiais Didáticos A Importância do Papel da Escola e do/da Professor/a PARTE II: PARE E PENSE - AUTO-AVALIAÇÃO SOBRE A IGUALDADE DE GÊNERO PARTE III: ESTRATÉGIAS PARA PROMOVER A IGUALDADE DE GÊNERO Esportes e Educação Física — Cooperação e não Competição Atividades Lúdicas (Brincadeiras e Brinquedos) A Importância da Auto-Estima O Ensino de Sexualidade e Saúde Educação para o Trabalho - a Profissão no Futuro Proteção Especial à Criança e à Família Evitando os Estereótipos Trabalhando com a Escola, a Família e a Comunidade Atividades para o 8 de Março, Dia Internacional da Mulher PARTE IV: COMO EVITAR O SEXISMO NA LINGUAGEM Sugestões e Possíveis Soluções PARTE V: CONSIDERAÇÕES FINAIS PARTE VI: REFERÊNCIAS Referências Bibliográficas e Sugestões de Leitura Vídeos Recomendados Fontes de Informações e Recursos 6 MENSAGENS - 2ª Edição A pesquisa sobre o tema gênero e as questões que o permeiam, como preconceito e a conquista da igualdade, assume caráter fundamental, sobretudo quando se quer atingir a infância e a adolescência. É a partir das etapas iniciais da vida que se transmitem os valores essenciais para a formação da cidadania e se investe na correção de distorções que possam comprometer a vida em sociedade. O Guia Prático sobre Ensino e Educação com Igualdade de Gênero na Infância e na Adolescência, destinado a educadores e educadoras e elaborado pela equipe do Núcleo de Estudos da Mulher e Relações Sociais de Gênero/USP, discorre sobre os principais aspectos envolvidos no tema. Dedicado aos professores e pesquisadores que desenvolvem estudos na área de gênero, não se furta em incluir a discussão nos planos da escola, da comunidade e da sociedade. Reconheço nessa obra a missão desta Universidade, que trata das grandes questões que preocupam a sociedade com base nas atividades de ensino, pesquisa e extensão que desenvolve e saúdo a iniciativa. Profª. Drª. Suely Vilela Reitora da Universidade de São Paulo - USP O texto apresenta orientações práticas a serem realizadas por educadores preocupados em oferecer às meninas e aos meninos oportunidades iguais na escola de hoje, de maneira que eles possam contribuir igualmente à sociedade brasileira como as mulheres e os homens de amanhã. A motivação deste Guia é a de contribuir para que os futuros homens e mulheres deste país aprendam a viver numa sociedade livre dos preconceitos de gênero. As sugestões práticas nele contidas - idéias básicas e sugestões para educadores e educadoras que atuam com crianças e adolescentes - germinaram da pesquisa científica e deverão ajudar aos mesmos a terem uma convivência mais construtiva e uma vida melhor. O trabalho apresenta estudo sobre a questão do gênero nas propostas, nos conteúdos programáticos e no próprio ensino ministrado nas salas de aula oferecendo sugestões valiosas no que diz respeito a estes temas. Profª. Drª. Selma Garrido Pimenta Pró-Reitora de Graduação da USP A discussão sobre e igualdade de gênero é de fundamental importância para a formação da cidadania. Nesse sentido, um Guia que situa o debate na esfera dos valores humanos e se inspira na contribuição acadêmcia se constituiu num referencial basilar para os educadores que têm diante de si o desafio de promover a eqüidade entre homens e mulheres. Com Ensino e Educação com Igualdade de Gênero na Infância e na Adolescência, temos um instrumento valioso na construção de uma sociedade mais justa. Prof. Dr. Armando Corbani Ferraz 7 Pró-Reitor de Pós-Graduação da USP 8 Quando ganhei o Prêmio Internacional UNESCO/L´Oréal para Mulheres na Ciência, em 2001, a primeira pergunta que me fizeram foi: Como é ser mulher cientista no Brasil? Para surpresa de todos respondi que nunca me senti discriminada no meu país no campo da ciência. Acho que podemos afirmar com orgulho que, diferentemente do que ocorre em muitos países, inclusive em vários do primeiro mundo, noBrasil, os dois gêneros têm a mesma oportunidade de seguir uma carreira científica. Entretanto, apesar da mulher brasileira ocupar, cada vez mais, posições de destaque em todas as profissões, ainda existem diferenças de gênero principlamente nas camadas sociais mais baixas. Nesse sentido ensinar jovens e adolescentes que não somos piores ou melhores, mas que homens e mulheres podem ter aptidões e maneiras de pensar diferentes pode contribuir muito para desenvolver o melhor potencial em cada um de nós. Profª. Drª. Mayana Zatz Pró-Reitora de Pesquisas - USP O livro Ensino e Educação com Igualdade de Gênero na Infância e na Adolescência – Guia Prático para Educadores e Educadoras visa combater todas as formas de preconceito e discriminação existentes na família, na escola, no trabalho e nos vários segmentos da Sociedade Civil. Ele é um instrumento de luta na construção de uma sociedade mais justa com igualdade e eqüidade de gênero. O guia almeja também enfrentar o preconceito de gênero nos livros e nos manuais escolares que apresentam imagens estereotipadas e distorcidas sobre os papéis a serem desempenhados por meninas e mulheres e por meninos e homens nas diversas instituições da Sociedade e do Estado. Tudo isso evidencia que este guia poderá ser útil e instrutivo, desde que seja devidamente aproveitado pelos educadores, como instrumento introdutório ao estudo das relações de gênero nas escolas brasileiras. A educação funciona como um solvente para dissolver qualquer forma de preconceito de gênero. Prof. Dr. Sedi Hirano Pró-Reitor de Cultura e Extensão Universitária - USP O NEMGE, Núcleo de Pesquisa sobre a Mulher e Relações Sociais de Gênero, é uma entidade que, a partir da Universidade de São Paulo, procura atender toda a comunidade. Com este Guia cumpre a importante tarefa de atualizar docentes, psicólogos e psicólogas escolares, e outras pessoas voltadas à educação, em sua inestimável tarefa de enfrentar a discriminação de gênero. Suas páginas contém significativos exemplos de como educar crianças e adolescentes e, talvez, os próprios adultos, para compreender que as diferenças entre homens e mulheres não significam que uns são melhores que os outros, que uns mandam e outros obedecem, mas sim que apesar de diferentes somos todos seres humanos iguais. Profª. Drª. Eva Alterman Blay Coordenadora Científica do NEMGE - USP 9 MENSAGENS - 1ª Edição Apesar das grandes conquistas sociais de nosso tempo, ainda vivemos um momento em que as relações entre homens e mulheres, entre meninos e meninas, não ocorrem de foram igualitária, acarretando prejuízos para ambos os sexos. Estou certo de que a escola é o cenário ideal para a formação do conceito de eqüidade nas relações de gênero, com possibilidade de proporcionar nas crianças e adolescentes uma atitude que venha abolir a discriminação e os estereótipos ligados ao gênero. O tempo de permanência, as múltiplas possibilidades de convívio entre meninos e meninas e, mesmo, o desenvolvimento das atividades curriculares, tornaram a escola o local e o momento privilegiados para a abordagem de tão importante questão que é, em essência, uma questão educacional. Prof. Dr. Paulo Renato Souza Ministro da Educação e do Desporto Ao tratar o tema, vejo-me obrigado a fazer um breve relato histórico de como os governos têm utilizado o esporte como instrumento de política social. Embora a intenção seja a de transmitir uma breve abordagem desta questão sob a ótica meramente histórica e subjetiva, é inevitável que seja interpretada como pensamento crítico. No Brasil Império, devemos entender a abordagem da atividade esportiva fomentada pelo Estado, especialemnte no aspecto da definição dos papéis sociais dos indivíduos, delimitando claramente o comportamento masculino e feminino em nossa sociedade. A preocupação central do Estado na definição dos papéis sociais estava na ênfase dada à estereotipação da postura política do homem e da mulher, uma preocupação mais próxima da dominação do “corpo forte, ativo, flexível” sobre o “corpo frágil”, passivo e dependente”, do que propriamente da educação integrada e libertadora que o esporte potencializa, indepednentemente do sexo ou qualquer outra modalidade discriminatória. Temos trabalhado ativamente na promoção do chamado esporte sócio- educacional. Ou seja, utilizando o esporte fundamentalmente como veículo de promoção da cidadania nos segmentos definidos como prioritários: as crianças e os/as adolescentes de baixa renda. Não quero perder a oportunidade de lembrar que o esporte, ao contrário do que muitos pensam, é algo muito sério e extremamente importante para a formação da cidadania, do caráter, da personalidade, da saúde, bom como para a inserção social e econômica do/da cidadão/dã. Edson Arantes do Nascimento Ministro Extraordinário dos Esportes 10 A Secretária-Geral da IV Conferência Mundial sobre a Mulher, recentemente organizada em Beijin (China) pelas Nações Unidas, mencionou que a questão fundamental para a contribuição efetiva das mulheres ao desenvolvimento nacional no século XXI é “se elas serão suficientemente equipadas para participar de forma completa”. Penso, da mesma forma que a Srª. Gertrude Mogella, que isso será conseguido apenas se elas puderem “receber uma educação de qualidade, que as prepare para entrar em todos os campos, que as exponha à ciência, tecnologia e comunicações, e que estimule a sua criatividade”. Este Guia Prático, preparado pela equipe do NEMGE para o Projeto USP/PRONAICA, coordenado pela CECAE, é parte desse esforço coletivo de oferecer às meninas, assim como aos meninos, oportunidades iguais na escola de hoje - em particular nos CAICs, de maneira que elas e eles possam contribuir igualmente à sociedade brasileira como as mulheres e os homens de amanhã. Estou orgulhoso da participação da Universidade de São Paulo num processo que tem o potencial não apenas de melhorar a condição das mulheres, mas também a dos homens e, em verdade, de aprimorar o nosso país. Prof. Dr. Flávio Fava de Moraes Reitor da USP Na qualidade de docente da Faculdade de Educação da USP e integrante do Conselho Nacional de Educação, tenho interesse especial neste Guia para o ensino e educação visando à igualdade de gênero. Não apenas no Brasil, como também em praticamente todos os países, os currículos e os textos didáticos contêm, de forma geral, preconceitos de gênero. Raramente contemplam considerações específicas para meninas e apresentam posições preconceituosas e discrinadoras, tanto nos textos, como nas ilustrações. Dessa forma, as escolas reforçam os papéis tradicionais femininos e masculinos, que impedem as mulheres de conquistar oportunidades para trabalharem e viverem em condições de igualdade. Este Guia, elaborado pela equipe do NEMGE é uma contribuição significativa para aumentar a consciência do gênero na escola e dar as mesmas oportunidade para homens e mulheres. Profª. Drª. Myriam Krasilchik Vice-Reitora da USP 11 O NEMGE/USP é um dos núcleos de apoio à pesquisa da Universidade de São Paulo. Por vezes, imagina-se que a pesquisa acadêmica permaneça confinada no interior dos muros da Universidade. Este Guia, contudo, mostra um exemplo concreto de pesquisa onde é visível a preocupação com o uso prático e com o impacto de seus resultados. Na verdade, a razão primeira de nossa atividade de pesquisa é a busca de resultados que melhorem a qualidade de vida das pessoas que habitam o Brasil. Mas, nem sempre é possível dar fácil visibilidade aos elos que conectam os resultados da pesquisa e seus efeitos sociais. A motivação deste Guia é contribuir para que os futuros homens e mulheres deste País aprendam a viver numa sociedade livre dos preconceitos de gênero. As sugestões práticas nele contidas - idéias básicas e sugestões para educadores e educadoras que atuam com criançãs eadolescentes - germinaram da pesquisa científica e deverão ajudar meninos e meninas a ter uma convivência mais construtiva e, por conseguinte, uma vida melhor, agora e no futuro. Prof. Dr. Hugo A. Armelin Pró-Reitor de Pesquisa da USP As diretrizes de política cultural da Universidade de São Paulo contemplam os valores humanos como pontos essenciais da vida acadêmica. Eis uma razão, além das mais óbvias, para vermos com entusiasmo esta publicação do NEMGE e da CECAE, visando à orientação do professorado de 1º e 2º graus em torno de um princípio irrnunciável, que é a eqüidade entre homens e mulheres. Infelizmente, apesar dos avanços verificados nas últimas décadas, esta ainda não é uma questão resolvida na sociedade contemporânea. Custa crer que o mundo moderno, tendo evoluído tanto em conquistas tecnológicas, chegue ao final do século XX mantendo traços primitivos de comportamento no plano das relações humanas. Tendo a escola como “locus” principal para a formação da cidadania, este Guia visa o alvo certo para corrigir, no Brasil, uma distorção inaceitável da vida em sociedade. A escola, núcleo formador de mentalidade, deve ser a trincheira preferencial na luta contra todas as formas exludentes, dentre as quais avulta o sexismo ou preconceito de gênero. O NEMGE/USP e a CECAE/USP, divisando este caminho, sublinham criativamente uma das missões mais nobres da Universidade. Prof. Dr. Jacques Marcovitch Pró-Reitor Cultura e Extensão da USP 12 “Nenhum livro para crianças deve ser escrito para crianças”, comentou uma vez Fernando Pessoa. Este é um Guia para crianças e adolescentes escrito para adultos - educadores e educadoras que têm a responsabilidade de preparar as novas gerações para lidar com os desafios do futuro. Constitui a materialização prática dos estudos encomendados à dedicada equipe do NEMGE/USP, no contexto das atividades de nossa Universidade como Pólo de Suporte Técnico, no Estado de São Paulo, ao Programa Nacional de Atenção Integral à Criança e ao Adolescente (PRONAICA). Trata-se de iniciativa do MEC, com o apoio do FNDE, com base na Lei 8.642/93. Cabe destacar duas características do Guia: a inovação e a oportunidade. O aspecto inovador está na busca de formas práticas, culturalmente adequadas, para lidar efetivamente com a questão de gênero nos estágios da formação intelectual e social. A oportunidade está relacionada às mudanças contemporâneas, onde fenômenos tais como o desemprego afetam mais intensamente as mulheres, requerendo uma ação articulada da sociedade. Ainda que tenha sido desenvolvido sob a ótica dos Centros de Atenção Integral à Criança e ao Adolescente (CAICs), ambiente particularmente favorável para se lidar sistemicamente com a questão do gênero, temos a convicção de que o Guia será útil em todas as escolas brasileiras, públicas e privadas. Prof. Dr. Guilherme Ary Plonski Coordenador da CECAE da USP Ao realizar pesquisas que lidam com a sensibilidade de homens e mulheres, propondo novas atitudes e novos olhares ali onde as relações de cidadania se constroem - na escola -, o NEMGE/USP contribui para o desenho de uma sociedade mais justa. Reunindo pesquisadores e pesquisadoras de diferentes áreas, o Núcleo de Estudos da Mulher e Relações Sociais de Gênero da Universidade de São Paulo, existente desde 1985, promove pesquisas, cursos, seminários, realizando o ideal universitário da inter e da multidisciplinaridade. Profª. Drª. Dulcília H. S. Buitoni Coordenadora do NEMGE da USP 13 APRESENTAÇAO Este Guia é o resultado de experiências acumuladas de professoras/es e pesquisadoras/es que trabalham com a questão de gênero. Com o objetivo de apoiar e orientar as pessoas interessadas em promover a igualdade e a eqüidade de gênero na escola, na família, na comunidade e na sociedade em geral, a idéia de sua elaboração foi há muito tempo gestada. Ela pôde ser concretizada quando o NEMGE - no contexto do convênio celebrado entre o MEC e a USP pela sua Coordenadoria Executiva de Cooperação Universitária e Atividades Especiais (CECAE) - foi convidado a participar do Programa Nacional de Atenção Integral à Criança e ao Adolescente (PRONAICA). Nesse Programa, o NEMGE trabalhou a questão de gênero tanto nas propostas e conteúdos programáticos como no próprio ensino nos Centros de Atenção Integral à Criança e ao Adolescente (CAICs) do Estado de São Paulo, oferecendo sugestões às/aos professoras/es. Embora este Guia tenha sido inicialmente idealizado para os CAICs, suas recomendações são muito importantes para todas as escolas. O lançamento da primeira edição deste Guia coincidiu com a assinatura - em 08 de março de 1996, Dia Internacional da Mulher - do Protocolo de Cooperação entre os Ministérios da Justiça e o MEC, com vista à promoção da igualdade de direitos entre homens e mulheres, representando, talvez, a primeira concretização efetiva do espírito do Protocolo. Essa segunda edição - comemorativa dos 10 anos do lançamento do Guia - revista e ampliada, que tem o apoio da Pró-Reitoria de Pesquisa da USP junto ao Programa Pró-Divulga, foi escolhida por ser uma obra inserida nos objetivos deste Programa e por atender aos requisitos: Generalidade: texto acessível ao grande público. Profundidade: linguagem precisa conduzindo à reflexão. Autoridade: equipe especialista na área de Gênero. O NEMGE espera que este Guia seja - nas mãos das e dos profissionais envolvidas/os - um instrumento de orientação e de auto-avaliação que permita o desenvolvimento de atividades didáticas que diminuiam e eliminem os preconceitos de gênero e o sexismo veiculados pelos materiais escolares e, sobretudo, pela sociedade. Seu conteúdo não pretende ser exaustivo, nem portador de receitas mágicas. É, antes de mais nada, interativo. Foi montado como uma combinação de 14 pesquisa, de auto-avaliação e de sugestões práticas acompanhadas da indicação de fontes de informação e de uma bibliografia. As/os professoras/es, é obvio, precisam usar sua criatividade e seu conhecimento para escolher dentre estes meios, os mais apropriados para a idade e o nível de desenvolvimento das/dos estudantes. Cabe também a cada escola colaborar na eliminação de imagens estereotipadas associadas às mulheres e aos homens, nas práticas comuns em sala de aula, nos livros escolares e na literatura infanto-juvenil, introduzindo imagens mais efetivas e concretas a respeito do comportamento humano. Nosso desejo é que o contato com este Guia permita, por um lado, um melhor entendimento sobre a questão de gênero e, por outro, a obtenção de novos recursos para lutar por um ensino com eqüidade e igualdade de gênero. Pretendemos dar algumas respostas para a pergunta: como construir na sala de aula um ambiente mais justo tanto para meninas como para meninos? É nossa intenção que estas palavras e imagens sirvam como uma ponte entre a teoria e a prática e contribuam para fortalecer atitudes de igualdade e eqüidade entre mulheres e homens em favor, não apenas do bem-estar das pessoas, mas também do desenvolvimento econômico e social. Como consta no Relatório da IVa Conferência Mundial sobre a Mulher, China: A criação de um ambiente educacional e social onde homens e mulheres, meninos e meninas sejam tratados/as igualmente e encorajados/as a explorarem completamente seu potencial, respeitando a liberdade de pensamento, de consciência, de religião e de crença, e onde os recursos educacionais promovam imagens não estereotipadas de homens e mulheres pode ter resultado efetivo na eliminação das causas de discriminação contra as mulheres e desigualdades entre as mulheres e os homens (ONU, 1995, p. 29). A escola tem possibilidade de influenciar a sociedade pois forma, juntamente com a família, o conteúdo de valores culturais transmitidos à próxima geração. Reconhecemos, entretanto,que a implatanção de mudanças para promover a igualdade de gênero é um processo. Finalmente, mas não em último lugar, a Equipe responsável por este Guia gostaria de expressar seu agradecimento a todas as pessoas que colaboraram na realização deste trabalho pelo incentivo, apoio e discussões proveitosas. Se as idéias aqui contidas ajudarem as/os professoras/es a se empenhar pelo ensino e pela educação com igualdade e eqüidade de gênero, acreditamos que o futuro será bem melhor para todas as mulheres e todos os homens do país. Equipe do NEMGE/USP Ensino e Educação com Igualdade de Gênero na Infância e na Adolescência 15 PPAARRTTEE II:: UUMMAA IINNTTRROODDUUÇÇÃÃOO AAOO CCOONNCCEEIITTOO DDEE GGÊÊNNEERROO (CAPA DE SEÇÃO E CARTUM) Ensino e Educação com Igualdade de Gênero na Infância e na Adolescência 16 O que é gênero? Gênero é um conceito que identifica o tipo de relação social que se estabelece entre homens e mulheres, determinada pela cultura em que vivemos. As relações de gênero são socialmente construídas e, como tal, específicas de cada formação social que, por sua vez, sofre alterações econômicas e culturais. O termo sexo é diferente de gênero, pois diz respeito às diferenças biológicas entre homens e mulheres. O que é igualdade e eqüidade de gênero? De acordo com o Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, igualdade é a relação entre os indivíduos em virtude da qual todos eles são portadores dos mesmos direitos fundamentais que provêm da humanidade e definem a dignidade da pessoa humana. Quando falamos em igualdade de gênero, estamos aplicando essa definição às relações sociais entre mulheres e homens. Nesse sentido, a igualdade de direitos, de oportunidades e acesso aos recursos, bem como a distribuição eqüitativa das responsabilidades relativas à família são indispensáveis ao bem-estar social. Eqüidade de gênero refere-se à igualdade de oportunidades, ao respeito pelas diferenças existentes entre homens e mulheres e às transformações das relações de poder que se dão na sociedade em nível econômico, social, político e cultural, assim como à mudança das relações de dominação na família, na comunidade e na sociedade em geral. O que é preconceito de gênero? Chamado também de sexismo, o preconceito de gênero é uma atitude social que diminui ou exclui as pessoas, em geral as mulheres, de acordo com o seu sexo. Relacionado ao pensamento e aos hábitos individuais e sociais, envolve atitudes que afetam o comportamento e freqüentemente nem são percebidas. A discriminação de sexo é um pouco diferente do preconceito de gênero, porque se refere a tipos de comportamento e práticas individuais e institucionais que, de modo claro, são discriminatórias com base no sexo e, em conseqüência, são contra a lei. Por exemplo: segundo a Constituição Brasileira, homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações (Art. 5°, §1, 1988). Qualquer instituição e pessoas que não cumpram este artigo, estarão cometendo um ato ilegal. Ambos - discriminação de sexo e preconceito de gênero - podem ser dissimulados, já que muitos aspectos do Ensino e Educação com Igualdade de Gênero na Infância e na Adolescência 17 preconceito de gênero são sutis e inconscientes por estarem embutidos nos comportamentos. O foco deste Guia é o preconceito de gênero porque esta é uma atitude que pode ser mudada por professores/as na sala de aula. É possível que eles/as se perguntem qual a necessidade de tal trabalho, visto que atendem igualmente meninas e meninos e que o sistema escolar não estabelece discriminação quanto ao sexo. Alguns/mas pais/mães e professores/as acrescentarão ainda que meninos e meninas continuarão a manifestar preconceitos e ter gostos e comportamentos diferentes, apesar dos seus esforços em tratar a todas/os do mesmo modo, porque sempre foi assim... e será. Não se deve chegar a esta conclusão, talvez apressada, pois como mostraremos aqui, são múltiplos os fatores que colaboram na educação de uma criança. Sendo difícil controlá-los, será também difícil educar, de fato, uma criança em uma sociedade sexista. O que é estereótipo de gênero? O estereótipo de gênero está ligado ao preconceito de gênero. É uma opinião pré-determinada que afeta as relações interpessoais. O estereótipo aparece como uma forma rígida, anônima, reproduz imagens e comportamentos e separa os indivíduos em categorias. Exemplos: meninas são choronas; meninos não podem chorar (Parte III - Evitando os estereótipos). O preconceito de gênero na sala de aula, ... Embora tenhamos consciência de que a questão de gênero permeia toda a sociedade, com diferentes formas e disfarces, a escola nossa preocupação central. É importante ressaltar que as sugestões aqui apresentadas terão resultado mais efetivo na medida em que forem assumidas pelo sistema de ensino como um todo e não apenas por unidades isoladas. Cada professor/a poderá adaptá-las às condições de suas próprias salas de aula e oferecer um ambiente mais justo. O preconceito de gênero afeta tanto meninas quanto meninos. Se for eliminado, melhorará sensivelmente a vida de todas e todos, pois um ambiente livre do sexismo oferece melhores condições de desenvolvimento físico e psicológico além de possibilitar maior aproveitamento escolar. Ensino e Educação com Igualdade de Gênero na Infância e na Adolescência 18 É responsabilidade da escola a ajudar a todas/os a se libertarem de comportamentos estereotipados e rígidos em relação aos papéis sexuais. Para tanto, deve criar programas educacionais que favoreceram a auto-suficiência econômica, a satisfação profissional e as habilidades. Este Guia pretende colaborar com professoras e professores nesta tarefa difícil, mas fundamentalmente necessária - a luta pela construção de uma sociedade com igualdade e eqüidade de gênero. O problema do preconceito de gênero nas salas de aula tem base em um sistema em que a escola reproduz as estruturas de poder, de privilégios e do patriarcado na sociedade. A sua diminuição exige um esforço colaborativo e multifacetado entre as pessoas envolvidas com a escola. Não só professores e professoras, mas também membros da família, estudantes, administradores/as e profissionais envolvidos/as no processo educacional, além de instituições governamentais, podem investir para criar ambientes educacionais mais justos em relação ao gênero. ... nos livros e materiais didáticos É possível analisar exaustivamente o preconceito de gênero nos livros e nos manuais didáticos. Aqui apresentaremos apenas alguns exemplos e fontes para ilustrar o problema. Andrée MICHEL descreve preconceitos de gênero ou sexismo, e aborda principalmente sua presença nos livros infanto-juvenis e manuais escolares: ...agindo segundo estereótipos sexistas, o espírito humano funciona de maneira binária, atribuindo às mulheres qualidades e fraquezas que são negadas aos homens, ao mesmo tempo em que estes se vêem cumulados de qualidades e defeitos que são negados às mulheres. Inútil acrescentar que, nesta distribuição de estereótipos sexistas entre ambos os sexos, a balança é desigual: os homens recebem muito mais valores positivos (coragem, inteligência, auto-afirmação, competência profissional, gosto pelo perigo e pela aventura, espírito de iniciativa e eficiência); já as mulheres são representadas como seres desprovidos destas qualidades, ditas “viris”, surgindo como pessoas dotadas de qualidades consideradas “femininas” e supostamente ausentes nos homens (MICHEL, 1989; p. 19). Em geral, as imagens de homens e mulheres apresentadas nos manuais escolares não refletem, a realidade em que vivem hoje as crianças e não oferecem às meninas a mesma igualdade de oportunidades dada aos meninos. Neles, deve ser considerado que na sociedade a divisão de papéis e de tarefas de mulheres e de homens está emcontínua evolução. Ensino e Educação com Igualdade de Gênero na Infância e na Adolescência 19 Ao longo dos últimos 30 anos, houve no Brasil notável aumento da participação da mulher no mercado de trabalho. Em todos os níveis sociais, as mulheres buscam ocupações remuneradas. Geralmente, trabalham fora de casa e continuam a arcar com a maior parte ou com toda a responsabilidade das tarefas domésticas. Nesse sentido, é necessário estimular os homens a dividir com as mulheres as obrigações domésticas. Como primeiro passo para enfrentar o preconceito de gênero nos livros e manuais escolares, as/os professores/as precisam atentar para o fato de que muitos destes materiais ainda apresentam imagens injustas em relação ao gênero e precisam introduzir outras atividades didáticas, como as que sugerimos mais adiante. Segundo Zuleika Alambert, nos livros didáticos e nos manuais escolares, ...as discriminações aparecem das formas mais variadas: nas ilustrações, por exemplo, mulheres e meninas são minoria em relação a homens e meninos; os papéis atribuídos ao sexo feminino são mais reduzidos e menos variados; os assuntos escolhidos geralmente favorecem os meninos, as personagens principais são sempre masculinas, sejam elas seres humanos ou animais; os meninos são mais ativos e as meninas mais contemplativas. (1990, p.26). Esmeralda Negrão, estudando a imagem da mulher no livro escolar, verificou: Praticamente, apenas a personagem masculina desempenha atividades como estudar, pensar, refletir, explorar. O trabalho estabelece fronteiras entre os mundos masculino e feminino [...] quanto aos papéis na família, o pai é apresentado nos livros didáticos como sendo o provedor material por excelência, organizador do universo familiar, autoridade, com privilégios. A imagem de mãe aparece predominantemente idealizada como abnegada e mártir, como “um misto de fada, santa e rainha”, arcando sozinha com todas as tarefas domésticas. O lazer infantil também é segregado por sexo. (1990, p.62- 63). Além disso, referindo-se à conexão entre sexismo e racismo, essa autora constatou que, em alguns livros, é negado o direito à existência: A imagem do homem branco adulto é tomada como representante da raça humana; personagens femininas aparecem com menor freqüência; a menina negra quase nunca aparece, e a mulher negra aparece menos que o homem negro; personagens masculinas são majoritárias. A mulher índia aparece padronizada, sem traços distintos captando suas multiplicidades culturais (1990, p. 60-61). A importância do papel da Escola e do/a Educador/a Apesar de que a questão de gênero está contemplada nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) desde 1997, e no Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, desde 1998, muitas/os educadoras/es e escolas insistem em Ensino e Educação com Igualdade de Gênero na Infância e na Adolescência 20 mostrar que às mulheres está destinado o papel familiar e o segundo lugar nos processos de decisão, o que imprime no consciente e inconsciente das meninas limite a seus projetos de vida. As expectativas e ações de cada professor/a podem obter muitos resultados na vida dos e das estudantes. Seguramente, haverá resistências por parte de colegas, supervisores/as, administradores/as, coordenadores/as, pais/mães, alunos/as e da comunidade como um todo. Todavia, é importante que o/a professor/a esteja seguro/a de que está lutando pelo desenvolvimento completo de meninas e meninos e que seu esforço ajudará também no desenvolvimento dos adultos que trabalham com as crianças. É preciso ser realista quanto ao que se pode conseguir. Muitas vezes, pequenas mudanças têm um efeito expansivo que produz transformações em áreas imprevistas. Para efetivar essas mudanças, é fundamental envolver as famílias. Ao ignorar o potencial e as qualidades das meninas, põe-se em situação de desvantagem não só a elas, mas também aos meninos. Tratar as meninas de forma séria não é apenas uma questão de justiça, mas de sobrevivência cultural, sócio- econômica e de cidadania. As escolas devem incentivar tanto as meninas como os meninos, a usar as habilidades necessárias para participar no mercado de trabalho, na família e na comunidade. Desde o início, é essencial adotar uma postura crítica em relação aos materiais pedagógicos utilizados na escola que, com freqüência, reproduzem mensagens e imagens sexistas e preconceituosas. O objetivo deste Guia, portanto, é proporcionar instrumentos que introduzam uma postura crítica ao cotidiano do trabalho de educadores e educadoras, permitindo-lhes enfrentar e erradicar o sexismo dentro e fora da escola. A seguir, apresentamos não só algumas questões importantes como sugestões de atividades que podem ser desenvolvidas na escola. Ensino e Educação com Igualdade de Gênero na Infância e na Adolescência 21 PPAARRTTEE IIII:: PPAARREE EE PPEENNSSEE.. AAUUTTOO--AAVVAALLIIAACCÃÃOO SSOOBBRREE AA IIGGUUAALLDDAADDEE DDEE GGÊÊNNEERROO (CAPA DE SEÇÃO E CARTUM) Ensino e Educação com Igualdade de Gênero na Infância e na Adolescência 22 Introdução Viver é mudar. Estamos permanentemente em movimento e a sociedade onde vivemos é muito dinâmica. Temos enorme capacidade de mudança de hábitos historicamente apreendidos durante nosso processo de formação. A vida é um contínuo processo de aprendizagem. As/os educadoras/es têm enorme responsabilidade na formação integral da criança e do/da adolescente. A lista abaixo é um instrumento de auto-avaliação que objetiva despertar a consciência de professoras/es sobre assuntos pessoais e de interesse social relacionados à questão de gênero principalmente na escola. Constitui-se em uma série de perguntas cujo sentido é o de criar um ambiente com igualdade e eqüidade de gênero. Leia com atenção cada pergunta e anote a resposta que melhor se aplica no seu relacionamento com os e as estudantes. Faça esta auto-avaliação com honestidade e individualmente, pois suas respostas não serão e nem deverão ser revisadas por ninguém. Procure responder com rapidez a cada questão. (CARTUM) Ensino e Educação com Igualdade de Gênero na Infância e na Adolescência 23 AUTO-AVALIAÇÃO1 Lista de Perguntas S i m Às vezes N ã o Encorajo as meninas a não esconder suas capacidades? Tenho a expectativa de que todas e todos os/as estudantes explorem as várias opções de engajamento profissional? Encorajo todos e todas, incluindo meninas grávidas, a não abandonar os estudos? Acho que tanto as meninas como os meninos podem desenvolver habilidades de liderança? Oriento meninas e meninos a desenvolver habilidades tanto para escutar como para falar? Incentivo meninas e meninos a praticar esportes, mas respeito os/as que não gostam de práticas esportivas? Estou atento/a ao fato que muitos e muitas estudantes têm uma imagem negativa do próprio corpo? Compreendo que o preconceito de gênero é um problema da sociedade e não do indivíduo? Tento conscientizar meninos e meninas sobre como acontece o preconceito de gênero? Aceito críticas construtivas a respeito do meu comportamento em relação ao gênero? Quando fazem piadas sexistas ou racistas, explico por que não são corretas? Incentivo meninas e meninos a desenvolver a sociabilidade e aprender a cuidar das outras pessoas? Encorajo meninas e meninos a desenvolver habilidades para falar em público e agir como líderes na escola? Em sala de aula, peço aos e às estudantes para realizar tarefas tais como abrir janelas, decorar as paredes ou operar um equipamento? Intervenho quando as meninas, ao trabalhar em grupo com os meninos, são relegadas a cargos estereotipados (como secretária, por exemplo)? Reforço nos e nas estudantes os sistemas de valorese de justiça? Tento reverter os estereótipos de gênero? Chamo atenção para o fato de que meninas e meninos não formam grupos monolíticos? Incentivo meninas e meninos a obter bolsas de estudo e prêmios? Desencorajo toda e qualquer violência praticada contra O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O 1 Lista baseada em WHEELER, Kathryn A., How Schools Can Stop Shortchanging Girls (and Boys): Gender-Equity Strategies, Wellesley, Center for Research on Women, 1993, p. 17-28. Ensino e Educação com Igualdade de Gênero na Infância e na Adolescência 24 mulheres e homens? Questiono comportamentos de perseguição sexual? Procuro não fazer piadas ou comentários racistas e sexistas? A decoração da minha sala de aula reflete as contribuições de mulheres e homens? Convido mulheres e homens a dar palestras na escola? O trabalho entre as e os estudantes em sala de aula é cooperativo? Quando planejo as aulas penso em exemplos da vida real? Faço as mesmas perguntas às meninas e aos meninos? Uso o mesmo tom de voz com as meninas e com os meninos? Desencorajo a competição, como grupos, entre meninas e meninos? Destaco os sucessos de mulheres e meninas assim como de homens e meninos? Na sala de aula falo sobre gênero, poder e sexualidade? Reflito sobre o fato de que mais da metade da população do mundo é feminina? Uso leituras com textos escritos por mulheres? Uso linguagem não-sexista e incentivo todas as pessoas a fazer o mesmo? Enquanto ensino, circulo, observando a aprendizagem dos e das estudantes? Propicio oportunidades de práticas esportivas em igualdade de condições? Incentivo igualmente o envolvimento das meninas e dos meninos em atividades de ciências e matemática? Tento elevar a consciência de minhas e de meus colegas sobre o preconceito de gênero? Nas reuniões escolares, converso com as famílias recomendando formas de aumentar a eqüidade de gênero na escola e em casa? Convido as famílias a participar de atividades da escola como voluntários/as, palestrantes, pesquisadores/as? Ajudo os e as estudantes a recuperar as histórias de suas famílias, incluindo a das mulheres? O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O Comentários Realizada esta auto-avaliação, sem a necessidade de contar pontos, verifique a possibilidade de mudar algumas posturas. Volte freqüentemente à esta lista de perguntas e constate o quanto está colaborando nas atividades de ensino com igualdade de gênero. A perfeição é difícil de ser conseguida, mas com boa vontade, você poderá construir uma sociedade mais justa, ética, onde mulheres e homens caminhem de Ensino e Educação com Igualdade de Gênero na Infância e na Adolescência 25 mãos dadas com igualdade de direitos. É este um dos grandes passos para a conquista da cidadania. Ensino e Educação com Igualdade de Gênero na Infância e na Adolescência 26 PPAARRTTEE IIIIII:: EESSTTRRAATTÉÉGGIIAASS PPAARRAA PPRROOMMOOVVEERR AA IIGGUUAALLDDAADDEE DDEE GGÊÊNNEERROO (CAPA DE SEÇÃO E CARTUM) Ensino e Educação com Igualdade de Gênero na Infância e na Adolescência 27 Introdução As estratégias aqui sugeridas podem positivamente estimular transformações em nível individual e social que beneficiem a introdução da questão de gênero na sala de aula. Podem servir também para proporcionar e elevar a consciência sobre os preconceitos de gênero, encorajando comportamentos sem estereótipos. Antes de prosseguir no desenvolvimento de tópicos específicos sobre as estratégias de promoção da igualdade de gênero, sugerimos alguns exercícios de aquecimento. Exercícios sobre expectativas e consciência do preconceito de gênero 1. Fale sobre suas expectativas. Por exemplo: peça que descrevam ou façam desenhos de uma mulher perfeita ou de um homem perfeito. Diga como as imagens são moldadas pela sociedade, incluindo meios de comunicação (rádio, TV, jornais, etc.). 2. Peça que desenhem a figura de uma/um cientista ou uma/um astronauta em seu trabalho. A pessoa desenhada é mulher ou homem? Trabalha só ou em grupo? 3. Peça que escrevam a história de trabalho de suas famílias, anotando o trabalho de todas as mulheres e de todos os homens em cada geração. Converse sobre os limites do preconceito de gênero e dos estereótipos no trabalho. Exercícios para conscientizar sobre o preconceito de gênero 1. Procure saber se acham que meninas e meninos recebem tratamentos diferentes na escola e na sociedade. 2. Peça que falem sobre as diferenças que provavelmente teriam em suas vidas se fossem do sexo oposto. 3. Avalie com eles e elas como os livros, as revistas, os jornais, os programas de televisão, as canções, os brinquedos, etc. tratam a questão de gênero. Exercícios para promover atitudes sem preconceitos e estereótipos 1. Reverta as expectativas de papéis sexuais: por exemplo, peça que uma menina carregue uma caixa de livros e um menino sirva um lanche. 2. Varie suas atividades: costurar, brincar com carrinhos, cozinhar, jogar bola, etc. 3. Estimule as meninas para a ciência e a matemática, e os meninos para a arte, a música, a dança e o teatro. Ensino e Educação com Igualdade de Gênero na Infância e na Adolescência 28 EESSPPOORRTTEESS EE EEDDUUCCAAÇÇÃÃOO FFÍÍSSIICCAA -- CCOOOOPPEERRAAÇÇÃÃOO EE NNÃÃOO CCOOMMPPEETTIIÇÇÃÃOO (CARTUM) Ensino e Educação com Igualdade de Gênero na Infância e na Adolescência 29 Introdução2 Mulheres e homens possuem diferentes bagagens biológicas. Não obstante o uso do corpo, suas possibilidades e limitações têm sido e são objeto de condicionamentos de gênero que chegam a confundir o cultural com o natural. Contudo, nos últimos anos, alguns dos mitos sobre a educação física feminina vêm desaparecendo. Hoje, as mulheres estão se destacando em esportes como futebol, voleibol, basquete, ciclismo, alpinismo, corridas de Fórmula 1, caratê, judô, atletismo etc, dos quais, até ontem, só os homens participavam. Em parte isso se deve às trocas sociais produzidas pelo avanço das mulheres na conquista de seus direitos, permitindo-lhes enfocar suas vidas numa perspectiva mais ampla do que os limites da casa e abrir novos caminhos como o acesso ao mundo do trabalho, à cultura, à política, etc. É necessário que desde a mais tenra idade as meninas participem, como os meninos, de todas as atividades de esporte e educação física, deixando de ser simples espectadoras. Objetivos Incentivar a cooperação no sentido de desenvolver potencialidades. Despertar o interesse pelo esporte como atividade criativa e saudável. Estimular o esporte, destacando sua importância para a saúde do corpo e da mente. Sugestões Propomos algumas atividades de esportes e educação física que evidenciam as várias possibilidades de realização conjuntas. Organize atividades esportivas utilizando princípios e estruturas dos jogos cooperativos para desenvolver o espírito de cooperação. A partir da observação de imagens, por exemplo, um homem dançando ou mulher jogando bola, conversesobre o que sentem a respeito dos esportes. Faça uso de imagens e ilustrações para conversar sobre o papel das mulheres nos esportes, antigamente e na atualidade, mostrando aqueles em que elas participam (corridas de automóvel, maratona, futebol, atletismo, etc). 2 O NEMGE agradece ao Prof. Pascoal Luiz Tambucci, do Centro de Práticas Esportivas da USP (CEPEUSP), por seus comentários sobre cooperação. Ensino e Educação com Igualdade de Gênero na Infância e na Adolescência 30 Organize jogos com turmas mistas em diversas modalidades, com o objetivo de promover a integração, a participação e a cooperação. Jogos Cooperativos Defendendo o princípio de que, se o importante é competir, o fundamental é cooperar, Brotto (1995) criou o seguinte esquema, aqui adaptado: QUAIS SÃO AS ALTERNATIVAS PARA JOGAR? Jogos Competitivos (tradicionais) Jogos Cooperativos (alternativos) São divertidos apenas para alguns/mas. São divertidos para todos/as. A maioria tem o sentimento de derrota. Todos/as têm um sentimento de vitória. Alguns/mas são excluídos/as por sua falta de habilidade. Há mistura de grupos que brincam juntos, criando alto nível de aceitação. Aprende-se a ser desconfiado/a. Todos e todas participam. Ninguém é rejeitado/a ou excluído/a. Quem perde fica de fora do jogo, simplesmente observando. Aprende-se a ter senso de coletividade e a compartilhar o sucesso. Os/as jogadores/as não se solidarizam e ficam felizes quando alguma coisa de ruim acontece às outras pessoas. Desenvolvem autoconfiança, porque todos/as são bem aceitos/as. A pouca tolerância à derrota pode desenvolver um sentimento de desistência face às dificuldades. A habilidade de perseverar face às dificuldades é fortalecida. São poucas as pessoas que se tornam bem sucedidas. É um caminho de co-evolução. Para que estas transformações se realizem na prática, tomemos como exemplo, alguns jogos e atividades cooperativas sugeridos por Brotto (1995). Ensino e Educação com Igualdade de Gênero na Infância e na Adolescência 31 Futpar Jogo muito divertido e movimentado. Durante todo o tempo, há envolvimento e busca de ajuste de estilo e habilidade entre as pessoas. Trata-se de um jogo de futebol. Cada equipe é formada por duplas (ou trios) que permanecem de mãos dadas. Jogam sem goleiro/a e ampliam ao máximo as dimensões da quadra. Ao mesmo tempo, dependendo do número de participantes, usa-se mais de uma bola. A cada gol novas parcerias são estimuladas, propiciando constante desafio de boa convivência. Propõe-se a inversão do/a goleador/a: desta forma, a dupla que fez gol marca ponto para sua equipe, mas em seguida, muda de lado. Ao final do jogo, todos/as jogaram com todos/as, ora na equipe “A”, ora na equipe “B”. Todos/as vencem, pois jogam nos dois times. Basquete Amigão Formam-se as equipes, criando oportunidades tanto de estímulo a novos agrupamentos como de inibição das “panelinhas”. Primeiramente, desenvolve-se o jogo convencional e depois sugere-se novas alternativas, como: Jogar: todos/as que querem jogar devem ter o mesmo tempo de jogo; Tocar e passar: a bola deve ser passada por entre todos/as, antes de ser arremessada para a cesta; Fazer cesta: para que o time vença, é preciso que todos/as tenham feito pelo menos uma cesta durante o jogo. Dependendo do grupo, em vez da cesta, considera-se como ponto o arremesso que tocar o aro ou apenas a tabela; Posições: todas as pessoas passam pelas diferentes posições no jogo (armador/a, pivô etc.); Passe misto: a bola deve ser passada alternadamente entre todas as pessoas; Resultado misto: as cestas são convertidas ora por um menino, ora por uma menina. Cadeira Livre Forma-se um círculo com cadeiras, deixando uma a mais que o número de participantes. O jogo começa com todo mundo sentado, deixando a cadeira livre no meio. Disputa-se essa cadeira livre. Quem sentar primeiro fala alto: Eu sentei... As outras pessoas voltam para o lugar original deixando livre o lugar de quem conseguiu Ensino e Educação com Igualdade de Gênero na Infância e na Adolescência 32 sentar na cadeira livre. As duas pessoas mais próximas dela passam, uma de cada vez aos assentos desocupados, como se fossem puxados por ela. Enquanto sentam a primeira pessoa deve falar em voz alta: no jardim... e a segunda: com meu/minha amigo/a (mencionar o nome da pessoa). A pessoa chamada sai de seu lugar e senta ao lado de quem a chamou, deixando vazia a cadeira que ocupava. Essa é a nova cadeira livre. A partir daí, repete-se todo o processo para ocupar a cadeira livre. Comentários O esporte cooperativo é importante na formação da cidadania, do caráter, da personalidade e da saúde, contribuindo também para a igualdade e eqüidade de gênero. (CARTUM: FOOTPAR) Ensino e Educação com Igualdade de Gênero na Infância e na Adolescência 33 AATTIIVVIIDDAADDEESS LLÚÚDDIICCAASS:: BBRRIINNCCAADDEEIIRRAASS EE BBRRIINNQQUUEEDDOOSS (CARTUM) Ensino e Educação com Igualdade de Gênero na Infância e na Adolescência 34 Introdução Na educação das crianças, trabalha-se pouco com atividades lúdicas como as brincadeiras, e os brinquedos. Existe aqui um potencial que deve ser explorado como tarefa consciente e pedagógica, respeitando-se o estágio de desenvolvimento da criança e do/a adolescente. Desde que um bebê nasce, ganha brinquedos e não se pensa seriamente sobre o assunto. Quando vamos comprar um brinquedo, a pergunta é sempre a mesma: É menino ou menina? E, nesse momento, não nos damos conta da engrenagem social que posiciona homens e mulheres. Quantos meninos brincam com bonecas e bonecos? Quantas meninas brincam com bolas e carrinhos? Será que os meninos precisam se preparar apenas para serem pais e não companheiros e as meninas para serem mães e não companheiras? Os educadores e as educadoras devem informar pais e mães tanto da importância e função de cada brinquedo como sobre o papel dos jogos na formação da criança e da/o adolescente (Romão, 1983, p.14). Objetivos Estimular brincadeiras e brinquedos não-sexistas, ampliando o leque de interesses de alunos e alunas, desenvolvendo suas potencialidades. Despertar o gosto pela leitura como atividade prazerosa e gratificante. Sugestões Relacionamos algumas sugestões de atividades lúdicas que permitem alcançar, de forma sadia e sem preconceitos sexistas e racistas, excelentes resultados. Sobre os Brinquedos Preferidos Sugira que indiquem, por ordem de preferência, os brinquedos de que mais gostam e as razões da escolha. Discuta diferenças e semelhanças entre as escolhas feitas independente do sexo, e as escolhas feitas por pessoas do mesmo sexo. Algumas questões podem aparecer durante a discussão: Que brinquedos meninas e meninos preferem? As meninas gostam de brinquedos eletrônicos ? Os meninos gostam de brinquedos menos violentos? É mais importante escolher os brinquedos que interessem mais às crianças ou escolher os tradicionais, considerados ‘próprios para meninas e meninos’? Ensino e Educação com Igualdade de Gênero na Infância e na Adolescência 35 Sobre a Troca de Brinquedos Proponha que tragam de casa seus brinquedos habituais. Sugira a formação de dois grupos mistos: um fica com os brinquedos normalmente considerados das meninas; o outro, com os brinquedos considerados dos meninos. Depois da brincadeira, é importante organizar uma discussão para que cada participante tenha a oportunidade de relatar sua experiência e prazer em brincar com brinquedos diferentes dos habituais. A Leitura como Atividade Lúdica Crianças e adolescentes gostam de ler quando motivadas/os. O hábito da leitura desenvolve a criatividade. Compete ao/à professor/a estimular a leitura e, a partirdestas, a montagem pelas crianças de relatórios criativos na forma de modelos com massinha, desenhos, cantos, poemas, bem como de seus relatórios e de suas histórias. Comentários Brinquedos, brincadeiras e jogos são práticas muito sérias, pois funcionam como ensaios gerais da vida adulta. Estas atividades possibilitam que a criança e o/a adolescente incorporem, com prazer, atitudes positivas quanto às relações de gênero. Ensino e Educação com Igualdade de Gênero na Infância e na Adolescência 36 PPAARRTTEE VVII:: AA IIMMPPOORRTTÂÂNNCCIIAA DDAA AAUUTTOO--EESSTTIIMMAA (CARTUM) Ensino e Educação com Igualdade de Gênero na Infância e na Adolescência 37 Introdução A sociedade cria e propaga modelos de pessoas idealizadas que, geralmente, não correspondem à realidade de crianças e de adolescentes. Socialmente, a pessoa é valorizada pela aparência e não pelo que faz ou por aquilo com que contribui. Desde a infância os indivíduos constroem sua imagem corporal e auto-estima a partir das relações, desde quando eram crianças, com as pessoas que as cercam. Cada pessoa tem seu corpo, seu jeito de ser e de se portar socialmente: mulheres e homens são iguais em muitos aspectos e diferentes em outros. Objetivos Ressaltar a construção da imagem corporal e auto-estima, colocando que todo e qualquer indivíduo tem direito à realização pessoal e social. Sugestões Algumas sugestões para sensibilizar estudantes de sua auto-imagem: Peça que desenhem o próprio corpo. Converse sobre o que fizeram, procurando destacar as diferenças e as igualdades. Oriente-as/os a fazer impressões das plantas dos pés e das palmas das mãos, para ter noção de limite: maior, menor, mais largo, mais curto, mais longo, etc. Sugira que façam o contorno do próprio corpo, recortando-o e vestindo-o como quiserem. Discuta os aspectos pessoais e sociais de homens e mulheres. Peça que trabalhem em grupo a sensibilidade ou a leitura do olhar e pelas dificuldades e reações, discuta a auto-estima, a sexualidade etc. Procure desenvolver a sensibilidade, o autoconhecimento e a auto-estima, reconhecendo o próprio espaço, as dificuldades e facilidades para alcançá-lo. Comentários Como os/as estudantes precisam de constante reforço às suas ações e reações, a responsabilidade do/a educador/a é muito grande. Ao perceber que eles/as não conseguem enfrentar dificuldades encontradas no percurso da vida, o/a educador/a Ensino e Educação com Igualdade de Gênero na Infância e na Adolescência 38 deve buscar auxílio junto ao setor especializado da escola ou da comunidade para o desenvolvimento de uma pessoa sadia. PPAARRTTEE VVIIII:: OO EENNSSIINNOO DDEE SSEEXXUUAALLIIDDAADDEE EE SSAAÚÚDDEE (CARTUM) Ensino e Educação com Igualdade de Gênero na Infância e na Adolescência 39 Introdução É importante favorecer o bem-estar sexual e a saúde dos/das estudantes. Para isso, é necessário analisarmos a questão da sexualidade em seu contexto histórico, social, econômico e cultural, avaliando a inter-relação entre a questão sexual e a social. Segundo Alambert (1990, p.28), ...a educação sexual deve ser considerada como importante instrumento de trabalho para educação formal. [...] Mas a Escola tem que vencer os preconceitos sobre a questão, a partir do entendimento de que o discurso sexual não toca apenas a esfera privada do indivíduo, mas investe na cultura e na vida sexual da sociedade. [...] Educação sexual não significa apenas informação e educação higiênico-sanitária. [...] A educação sexual que prevemos é aquela que leva o indivíduo à aquisição de uma consciência sexual favorecida pelo conhecimento da pessoa humana, pelo respeito às leis que a regem, pela rejeição aos preconceitos e aos erros cotidianos cometidos neste terreno. Portanto, a educação sexual não é uma disciplina isolada; ela faz parte da educação geral do indivíduo. O/a educador/a deve estabelecer a ligação entre a sexualidade, o desenvolvimento pessoal, as relações interpessoais e a estrutura social, além da auto-estima, dando uma visão histórica e cultural da sexualidade, situando-a no contexto político e social. Além disso, diferenciar os valores básicos - igualdade, integridade, liberdade, afetividade, consideração pelo outro - dos valores controvertidos como a legalização do aborto, a gravidez na adolescência, as vulnerabilidades específicas em relação à saúde sexual e reprodutiva como as doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) e a AIDS. A orientação sexual, definida como processo de intervenção sistemática, propõe que o/a educador/a propicie informações sobre a sexualidade organizando espaços de discussão a respeito das posturas, tabus, crenças e valores quanto ao desenvolvimento e ao relacionamento sexuais. É conveniente colocar a discussão sobre a questão da sexualidade e da saúde num contexto mais amplo de relacionamento entre os seres humanos, encarando a sexualidade como um aspecto natural e positivo da humanidade e valorizando a saúde do corpo físico e mental. Objetivos Desenvolver a capacidade de auto-estima dos e das estudantes, ensinando- os/as a conhecer o próprio corpo, a gostar e a cuidar dele. Levar a discussão da diferença entre reprodução e sexualidade. Reconhecer e respeitar as diferentes formas de opção e atração sexual. Ensino e Educação com Igualdade de Gênero na Infância e na Adolescência 40 Rejeitar, nas diferentes manifestações, os estereótipos a respeito da sexualidade. Orientar sobre as possibilidades de gravidez precoce e suas consequências. Esclarecer e orientar sobre prevenção e abuso de violências sexuais. Disponibilizar material que esclareça e previna sobre os riscos das DSTs e AIDS. Sugestões Crie clima de confiança entre estudantes e professores/as. Realize discussões sobre as dificuldades relativas à sexualidade, pois tornam o grupo confiante e o prepara à prevenção de doenças. Enfoque e estimule a discussão de polêmicas surgidas no dia-a-dia sobre sexualidade, saúde sexual e reprodutiva. Use as várias possibilidades de expressão da criatividade como dramatização, marionete, pintura, modelagem, etc, para trabalhar as dificuldades os limites, e as vulnerabilidades de cada pessoa. Comentários As escolas devem ser desenvolvidas tanto na criança como no/na adolescente a noção de que a saúde e bem estar, associados aos aspectos que garantem a qualidade de vida, são o caminho para a promoção individual e social. Quando necessário maiores informações e apoio, procure na sala, na comunidade, pessoas e profissionais capazes de auxiliar nesta questão, como por exemplo, profissionais do Programa de Saúde da Criança e do/a adolescente. No caso de suspeita ou constatação de abusos, de violência sexual ou de outras formas de violência recorrer ao Conselho Tutelar. Sugere-se ainda procurar e denunciar o problema a outras instituições responsáveis pela aplicação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) ou outras autoridades responsáveis existentes na localidade. Ensino e Educação com Igualdade de Gênero na Infância e na Adolescência 41 EEDDUUCCAAÇÇÃÃOO PPAARRAA OO TTRRAABBAALLHHOO -- AA PPRROOFFIISSSSÃÃOO NNOO FFUUTTUURROO (CARTUM) Ensino e Educação com Igualdade de Gênero na Infância e na Adolescência 42 Introdução No mercado de trabalho, ao longo desses anos, a pressão da força de trabalho feminino cria novos espaços. As mulheres ingressam em massa em atividades administrativas — secretárias, telefonistas, recepcionistas — e no comércio. Na indústria, a trabalhadora ingressa em ramos dos quais até então estava ausente, como o elétrico e o eletrônico, e diversifica a sua participação, embora esta ainda seja mais intensa na do vestuário. (...) Nos últimos anos, apesar de trabalharem principalmente no setorinformal da economia, as mulheres também intensificaram sua presença no chamado setor formal do mercado de trabalho, sobretudo na administração pública: metade dos empregos nesse setor são ocupados, atualmente, por elas (UNICEF/FENAPE, 1990, p. 23-24). Desde a Educação Infantil ao Ensino Fundamental devem ser transmitidas as informações iniciais a respeito dos tipos e formas de trabalho identificáveis em sua localidade, seu Estado e em todo o país. A desigual distribuição das pessoas no mercado de trabalho pode conduzir à consagração de profissões femininas e profissões masculinas. Por esta razão, a futura escolha profissional, nem sempre é feita de acordo com seus gostos e suas aptidões, mas em relação ao sexo a que pertencem. Objetivos Levar meninas e meninos a constatar que existe vasto leque de profissões. Ajudá-las/os a refletir sobre opções profissionais futuras sob o ponto de vista da realização pessoal e não em termos do que é ou não adequado para cada sexo. Mostrar que grande parte das profissões podem ser realizadas pelos dois sexos. Despertar consciência que toda função igual deve receber remuneração igual. Sugestões3 Sobre as Profissões que Conhecemos Converse sobre a variedade de profissões que os/as alunos/as vêem como possíveis para cada sexo, debatendo temas que abordem: Em que profissões encontramos, habitualmente, os homens? Por quê? Em que profissões encontramos, habitualmente, as mulheres? Por quê? 3 Sugestões práticas retiradas da obra de Romão (1989, p. 39-41). Ensino e Educação com Igualdade de Gênero na Infância e na Adolescência 43 Quais aptidões e interesses exigidos para diferentes profissões? Por quê? As oportunidades de emprego devem ser iguais para os dois sexos? Que atividades em comum costumam ter as meninas e os meninos? Será interessante realizá-las em grupo? Quais serão as conseqüências do fato de que é cada vez mais freqüente encontrar mulheres e homens trabalhando nas mesmas profissões? Sobre a Profissão Desejada Sugira uma redação com o tema Qual é a profissão que eu desejo e o que eu gostaria de ser, se fosse do sexo oposto? Feitas as redações, discuta: Quantas profissões foram escolhidas pelas meninas? E pelos meninos? Quais as características das profissões escolhidas? Que profissões escolheriam se fossem do sexo oposto? Que status tem as profissões escolhidas? E quando se pensam do sexo oposto? Conseguem imaginar-se do sexo oposto? Se não, qual o motivo? Caso ache conveniente ampliar esta reflexão, apresente novas questões: Até que ponto é justificável haver profissões femininas e profissões masculinas? Terão, meninos e meninas, características diferentes logo que nascem? Será que seguem as profissões do pai e da mãe? As profissões ditas masculinas e femininas devem ter a mesma remuneração? Sempre existirá diferença de papéis profissionais em função do sexo? Com imagens de homens e mulheres realizando trabalhos reservados tradicionalmente ao sexo oposto, proponha discussões sobre a participação mais equilibrada no mercado de trabalho. Deste modo, leve-as/os a pensar nos homens e nas mulheres como seres livres na escolha de profissões e atividades que anteriormente encontravam-se limitadas a um dos sexos. Comentários Ensino e Educação com Igualdade de Gênero na Infância e na Adolescência 44 Ressaltar a necessidade de que tarefas domésticas devem ser equitativamente distribuídas, mostrando que o sobre-trabalho - cumprir as tarefas domésticas, além de exercer uma profissão - não deve recair apenas sobre as mulheres, mas ser igualmente compartilhado com os homens. Para obter subsídios às discussões sugeridas, procurar estabelecer ligação com programas de Educação para o Trabalho propostas tanto por organismos públicos (Ministérios, Secretarias, Universidades etc) quanto por entidades não governamentais. Utilizar bastante a Internet, seus buscadores e sites. Proporcionar aos/as jovens visitas à Centros e Laboratórios de Ensino e Pesquisa, a museus, bibliotecas, centros culturais, unidades fabris e de serviços, para que ajudem nas suas escolhas possíveis. Promover palestras com profissionais sobre as respectivas profissões, destacando o atual período técnico-científico e informacional. Procurar integrar a Escola à Universidade através do Programa Jovem Cientista do CNPq. Ensino e Educação com Igualdade de Gênero na Infância e na Adolescência 45 PPRROOTTEEÇÇÃÃOO EESSPPEECCIIAALL ÀÀ CCRRIIAANNÇÇAA EE ÀÀ FFAAMMÍÍLLIIAA (CARTUM) Ensino e Educação com Igualdade de Gênero na Infância e na Adolescência 46 Introdução É essencial que a escola favoreça a reflexão sobre a violência, sobretudo porque tem a possibilidade de atuar em certos meios - no interior da família, na comunidade e na própria escola - procurando estimular uma rede de solidariedade que permita à criança e ao/à adolescente crescer e viver sem constrangimentos físicos e morais de caráter abusivo. Para prevenir e atuar, a escola precisa conhecer mais sobre a vida dos/as alunos/as e seus problemas, buscando compreender em que situação a violência que sofrem surge, se instala e se reproduz (Assis, 1994, p.14). A estrutura econômica e social desequilibrada e injusta, em que vivem numerosas crianças e famílias, é a primeira experiência fundamental de violência. Vista como fato natural e corriqueiro, esta violência interfere na formação da criança e do/da adolescente e em suas atividades. Na maioria das vezes, a violência na família é considerada normal e integrante do processo de educação. Apresenta-se sob várias formas: o abuso físico, psicológico e sexual, a negligência e o abandono. É um ato de ignorância, desestímulo e isolamento, que imprime uma auto-imagem negativa e induz ao fraco desempenho escolar e a um comportamento destrutivo. Objetivos O/a educador/a deve-se capaciytar sobre a questão da violência e compreender as relações dos/das estudantes com seus familiares. Considerar as deficiências do sistema escolar - infra-estrutura e qualidade digna de ensino - como formas de violência vividas, sem esquecer o/a educador/a como agente e vítima de toda essa engrenagem. Incentivar a co-responsabilidade da escola e dos/das educadores/as como essencial no processo de luta por uma sociedade mais sadia. Sugestões Desenvolva e reconheça o espaço dos/as estudantes na sala de aula. Dialogue, evitando atribuir culpa à família ou estudantes. Reflita sobre seu papel na construção do autoconeito de seus/suas alunos/as. Estimule a consciência e a auto-estima. Ensino e Educação com Igualdade de Gênero na Infância e na Adolescência 47 Em caso de suspeita de abuso, converse tranqüilamente, sem responsabilizar ou culpabilizar quem quer que seja. Tenha cautela e ofereça apoio e conforto. Evite promessas de ações difíceis ou impossíveis de realizar; Busque respaldo com a direção da escola, compartilhando um contato com a família. Esta deve ser bem preparado, evitando-se atitudes preconceituosas ou predispostas a ‘encontrar o culpado’. Como atitudes de reação e negação são freqüentes, a escola deve encaminhar o caso, quando possível, a um serviço especializado no atendimento às vítimas da violência. Procure apoio junto ao Conselho Tutelar na efetiva aplicação do Estatuto da Criança e do/a Adolescente. Comentários Programas de instituições públicas e privadas voltados à Proteção da Criança e da Família devem ser procurados, pois propiciam importante contribuição para o efetivo apoio à vítima de violência e orientam como evitar a violência e os procedimentos para o bom encaminhamento dos problemas. Procure apoio junto ao Conselho Tutelar da localidade. Além disso, a escoladeve trabalhar conceitos de Direitos Humanos, tendo a criança e o/a jovem como sujeitos de direito. Nessa perspectiva, possibilitar o conhecimento aos pais e mães, professores/as e toda comunidade escolar, do Estatuto da Criança e do Adolescente, zelando por sua efetiva aplicação. Ensino e Educação com Igualdade de Gênero na Infância e na Adolescência 48 EEVVIITTAANNDDOO OOSS EESSTTEERREEÓÓTTIIPPOOSS (CARTUM) Ensino e Educação com Igualdade de Gênero na Infância e na Adolescência 49 Introdução Como já dissemos, o estereótipo, surge ligado ao preconceito, afetando as relações interpessoais. Aparece de maneira rígida, anônima, reproduzindo imagens e comportamentos que se refletem no ambiente escolar. A imagem estereotipada é produzida automaticamente, sem considerar a individualidade. Exemplos: Meninas não entendem bem matemática e ciências. Meninas são mais fracas, meninos mais fortes. Meninas são mais sensíveis, meninos mais práticos. Estereótipos como estes podem “justificar” a suposta inferioridade das meninas. Objetivos Mudar atitudes preconceituosas que tratam as meninas secundariamente. Ensinar que cada pessoa é única, tem valor e méritos. Transmitir e despertar hábitos saudáveis que valorizem a eqüidade de gênero. Sugestões Utilize a auto-avaliação (Parte II), verificando se você tem tendências a impor estereótipos na sala de aula. Use-a como veículo para aumentar a consciência quanto à utilização de estereótipos e de preconceitos de gênero. Atenção aos livros didáticos que, sutilmente, transmitem estereótipos, como: alguns livros de história, situando as mulheres de forma estereotipada. Utilize esses materiais como fontes de discussão, adicionando informações que situem mulheres em outras realidades, atuais e passadas (parlamentares, pesquisadoras, esportistas etc) que deverão estar incluídas na história humana. Fique em alerta e mostre, no momento exato, ações estereotipadas de alunas/os. Pense sempre em não cometer injustiças e reforçar preconceitos injustificáveis. Comentários Ensino e Educação com Igualdade de Gênero na Infância e na Adolescência 50 O combate ao estereótipo consiste na eliminação do preconceito de gênero e do preconceito em geral, oferecendo igualdade de oportunidade e respeitando algumas diferenças inerentes ao sexo. TTRRAABBAALLHHAANNDDOO CCOOMM AA EESSCCOOLLAA,, AA FFAAMMÍÍLLIIAA EE AA CCOOMMUUNNIIDDAADDEE (CARTUM) Ensino e Educação com Igualdade de Gênero na Infância e na Adolescência 51 Introdução As mudanças obtidas na sala de aula refletem-se em casa, quando os/as estudantes estão com a família. Na escola, professoras e professores precisam interagir com colegas de profissão, coordenadoras/es e administradores/as. Em geral na sociedade existem forças que lutam contra os seus esforços para promover a igualdade de gênero. É preciso trabalhar junto aos colegas, às famílias de alunos/as e a comunidade em geral, para inserir a igualdade e a eqüidade de gênero. Prepare- se para resistir às pessoas que podem ver nesse Guia um tipo de ameaça pois preferem manter o status quo. Às vezes, as próprias mães têm medo de abrir espaço para a igualdade de suas filhas. Im exemplo, contado por um professor de educação física, que ensinou seus alunos/as a lavar as camisetas sujas, depois dos esportes. Algumas mães inicialmente reclamaram, dizendo que somente as meninas deveriam lavar as roupas e pediam que estas lavassem as camisetas de seus irmãos. Mais tarde, a orientação do professor foi elogiada pelas mães que passaram a valorizar e divulgar o procedimento. Objetivos Divulgar a idéia sobre igualdade de gênero na escola, família e comunidade. É importante que as atividade referentes à essas idéias sejam integradas entre si. Sugestões – Escola Tente encontrar professores e professoras que queiram também trabalhar pela questão de gênero, compartilhando materiais didáticos e idéias. Se encontrar materiais marcadamente sexistas, fale com supervisores/as e explique por que devem ser substituídos por outros. Para apoiar mudanças pessoais: trabalhe com um/uma colega, observando o seu desempenho e o que se poderia fazer para melhorar a igualdade de gênero. Convide uma das entidades listadas no final deste Guia para dar palestra ou fazer um workshop sobre igualdade de gênero em sua escola. A Escola é a continuadora da educação informal que a criança começa a receber no lar e tem, diante do feminino e do masculino, as mesmas perspectivas da educação familiar. É na Escola que a discriminação à mulher Ensino e Educação com Igualdade de Gênero na Infância e na Adolescência 52 se formaliza; seu trabalho de modelagem das identidades feminina e masculina é permanente, contínuo (Alambert, 1990, p. 24). Sugestões - Família Antes da escola, as crianças convivem com pessoas que, nem sempre, têm conceitos claros sobre a questão de gênero. Assim, é comum um aprendizado sexista dificultando para a escola a mudança dessas representações. A conscientização da família sobre os preconceitos sexistas deve ser realizado nas reuniões com pais e mães, pois o exemplo da escola tem enorme importância para a fixação do ensinamento. Esteja atento aos comportamentos dos/as estudantes que sempre refletem o cotidiano vivenciado no lar. Violência física, emocional e sexual, por exemplo, são muito comuns, tendo como vítima a criança. Apoiá-la, nesta situação, é de enorme significado e concorre para evitar catástrofes irreparáveis. Tente conhecer e compreender as dificuldades, os problemas e as coisas boas, não só da/o estudantes como também da sua família. Convide-a a visitar a sala de aula e aproveite para conversar sobre igualdade de gênero. Encoraje as famílias a não estereotipar as crianças dentro de papéis rígidos baseados no masculino e no feminino. Sugestões – Comunidade Utilise recursos da comunidade e solicite palestras sobre a igualdade de gênero. Use os materiais disponíveis nas diversas entidades públicas e privadas. Busque entidades que lutam pela igualdade de gênero, convide-as a vir a escola. Fale com autoridades locais sobre a importância do ensino com igualdade de gênero e convide-as a observar na sua escola atividades ligadas à essa questão. Encoraje, divulgue e apoie leis federais, municipais e estaduais que promovam a igualdade de gênero. Ensino e Educação com Igualdade de Gênero na Infância e na Adolescência 53 AATTIIVVIIDDAADDEESS PPAARRAA OO 88 DDEE MMAARRÇÇOO,, DDIIAA IINNTTEERRNNAACCIIOONNAALL DDAA MMUULLHHEERR (CARTUM) Ensino e Educação com Igualdade de Gênero na Infância e na Adolescência 54 Introdução O Dia Internacional da Mulher foi proposto por Clara Zetkin (1857-1933), membro do Partido Comunista Alemão que militava junto ao movimento operário e se dedicava à conscientização feminina [...]. Ao participar do II Congresso Internacional de Mulheres Socialistas, em Copenhagem, em 1910, Clara Zetkin propôs a criação de um Dia Internacional da Mulher sem definir uma data precisa (em alguns países o Dia foi comemorado em 28 de fevereiro ou em 15 de março). A ONU instituiu, em 1975, o 8 de Março como Dia Internacional da Mulher (BLAY, 2001, p. 601-608). É também um dia para refletir no progresso, pedir mudanças e celebrar a coragem de mulheres comuns e seu papel na História (www.un.org/ecasocdev/geninfo/women). No Brasil, este dia é celebrado por grupos de mulheres e também escolas, universidades, entidades públicas e privadas, o que oferece oportunidades de envolver famílias e comunidades nas atividades que encorajam a igualdade de gênero. Objetivos Destacar este dia como um dia especial do calendário, reservado às mulheres. Utilizar a ocasião para abordar o papel da mulher, sua luta
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