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AVALIAÇÃO DAS ZONAS SUSCETÍVEIS E DAS ZONAS DE RISCO À DESASTRES NATURAIS NA CIDADE DE POÇOS DE CALDAS

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Universidade Federal de Alfenas - UNIFAL- MG 
Instituto de Ciência e Tecnologia 
Campus Poços de Caldas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MAURÍCIO MARCUZ BUFFO 
ISAAC PEREIRA DE FARIA NETO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AVALIAÇÃO DAS ZONAS SUSCETÍVEIS E DAS ZONAS DE RISCO À 
DESASTRES NATURAIS NA CIDADE DE POÇOS DE CALDAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Poços de Caldas/MG 
2019
 
 
MAURÍCIO MARCUZ BUFFO 
ISAAC PEREIRA DE FARIA NETO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AVALIAÇÃO DAS ZONAS SUSCETÍVEIS E DAS ZONAS DE RISCO À 
DESASTRES NATURAIS NA CIDADE DE POÇOS DE CALDAS 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado 
como parte dos requisitos para obtenção do 
título de Bacharel em Engenharia Ambiental 
pela Universidade Federal de Alfenas. 
Área de concentração: Geoprocessamento. 
 
Orientador: Prof. Dr. Paulo Henrique Bretanha 
Junker Menezes 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Poços de Caldas/MG 
 2019 
 
 
 
MAURÍCIO MARCUZ BUFFO 
ISAAC PEREIRA DE FARIA NETO 
 
 
 
 
 
 
AVALIAÇÃO DAS ZONAS SUSCETÍVEIS E DAS ZONAS DE RISCO À 
DESASTRES NATURAIS NA CIDADE DE POÇOS DE CALDAS 
 
 
 
 
 
 
A Banca examinadora abaixo-assinada, 
aprova o Trabalho de Conclusão de Curso 
apresentado como parte dos requisitos para 
obtenção do título de Bacharel em Engenharia 
Ambiental pela Universidade Federal de 
Alfenas. 
Área de concentração: Geoprocessamento. 
 
 
 
 
Aprovada em: 
 
 
Prof. Dr. Paulo Henrique B. J. Menezes Assinatura: 
Universidade Federal de Alfenas 
 
 
Prof. Dr. Rafael de Oliveira Tiezzi Assinatura: 
Universidade Federal de Alfenas 
 
 
Prof. Dr. Francisco José Cardoso Assinatura: 
Universidade Federal de Alfenas 
 
 
 
 
 
RESUMO 
A quantidade de registros de desastres naturais vem aumentando 
consideravelmente nas últimas décadas, uma vez que são resultantes de processos 
que ocorrem naturalmente e podem causar graves impactos no âmbito 
socioeconômico e ambiental em consequência do mau gerenciamento e planejamento 
urbano. Torna-se então essencial estudos nestas áreas para entender melhor a 
ocorrência destes fenômenos. Um deles é o mapeamento das áreas de risco, que visa 
identificar locais com maior probabilidade da incidência destes eventos que possam 
atingir as regiões urbanas e desta forma possibilitar o desenvolvimento de medidas 
preventivas e ações emergenciais para mitigar seus potenciais impactos. O presente 
trabalho apresenta um estudo da expansão urbana em zonas de risco na região 
central de Poços de Caldas (MG). Através de técnicas de geoprocessamento visou-
se elaborar um banco de dados o qual possibilitasse a análise multitemporal dos 
desastres naturais na área de estudo, mediante ao cruzamento de mapas temáticos 
e das características fisiográficas do local. Notou-se que no decorrer do período de 
estudo houve um amento das áreas de risco no município em detrimento da expansão 
urbana o que associado às características fisiográficas do local resultam em 
condições favoráveis para ocorrência de desastres naturais. 
Palavras-chave: Desastres naturais, Geoprocessamento, Suscetibilidade, Áreas de 
risco. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
The number of natural disaster registrations has increased considerably in the 
last decades, as they are the result of naturally occurring processes and can cause 
severe impacts on the socio-economic and environmental environment as a result of 
poor urban management and planning. Studies in these areas are therefore essential 
to better understand the occurrence of these phenomena. One of them is the mapping 
of risk areas, which aims to identify places with the highest probability of the incidence 
of these events that may affect urban regions and thus enable the development of 
preventive measures and emergency actions to mitigate their potential impacts. This 
paper presents a study of urban sprawl in risk zones in the central region of Poços de 
Caldas (MG). Through geoprocessing techniques, the aim was to elaborate a database 
which would allow the multitemporal analysis of natural disasters in the study area, by 
crossing thematic maps and the physiographic characteristics of the site. It was noted 
that during the study period there was an increase of risk areas in the city at the 
expense of urban sprawl which associated with the physiographic characteristics of 
the site result in favorable conditions for the occurrence of natural disasters. 
Keywords: Natural disasters, Geoprocessing, Susceptibility, Risk areas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
Figura 1 - Representação dos processos de enchente e inundação. ........................ 14 
Figura 2 - Representação de corrida. ........................................................................ 15 
Figura 3 - Representação de escorregamento. ......................................................... 15 
Figura 4 - Representação de rastejo. ........................................................................ 16 
Figura 5 - Representação de queda de blocos.......................................................... 17 
Figura 6 - Elementos associados ao risco. ................................................................ 19 
Figura 7 - Área de estudo. ......................................................................................... 27 
Figura 8 – Mapa das Unidades Geológicas............................................................... 31 
Figura 9 – Mapa do Modelo Digital de Terreno (MDT) .............................................. 32 
Figura 10 - Mapa de Declividade ............................................................................... 33 
Figura 11 - Mapa de Áreas Suscetíveis. ................................................................... 35 
Figura 12 - Mapa de Uso e Ocupação do Solo para o ano de 2001. ........................ 37 
Figura 13 - Mapa de Uso e Ocupação do Solo para o ano de 2008. ........................ 38 
Figura 14 - Mapa de Uso e Ocupação do Solo para o ano de 2019. ........................ 39 
Figura 15 – Área em porcentagem das classes de usos e ocupação do solo em seus 
anos base. ................................................................................................................. 40 
Figura 16 - Mapa de Risco para o ano de 2001. ....................................................... 42 
Figura 17 - Mapa de Risco para o ano de 2008. ....................................................... 43 
Figura 18 - Mapa de Risco para o ano de 2019. ....................................................... 44 
Figura 19 - Área em porcentagem dos riscos em seus anos base. ........................... 45 
Figura 20 - Levantamento histórico dos desastres naturais em Poços de Caldas. ... 46 
Figura 21 - Desastres naturais registrados até 2001. ................................................ 48 
Figura 22 - Desastres naturais registrados até 2008. ................................................ 49 
Figura 23 - Desastres naturais registrados até 2019. ................................................ 50 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
Tabela 1 - Fatores de suscetibilidade e vulnerabilidade. ........................................... 18 
Tabela 2 - Mapas de suscetibilidade e vulnerabilidade e seus elementos. ............... 21 
Tabela 3 - Fatores utilizados na elaboração dos mapas de suscetibilidade. ............. 24 
Tabela 4 - Classificação por intervalo de tempo da Densidade de drenagem. ......... 25 
Tabela 5 - Classificação por intervalo de tempo do fator forma da bacia. ................. 26 
Tabela 6 - Classificação por intervalo de tempo do índice de compacidade da bacia.
 .................................................................................................................................. 26 
Tabela 7 - Índices de caracterização de forma das bacias. ......................................29 
Tabela 8 - Tipos de eventos e a quantidade de área sob sua influência. .................. 34 
Tabela 9 - Área em quilômetros quadrados (km²) das classes de uso e ocupação do 
solo ao longo do período de estudo. ......................................................................... 36 
Tabela 10 - Área em porcentagem (%) das classes de uso e ocupação do solo ao 
longo do período de estudo. ...................................................................................... 36 
Tabela 11 - Áreas de risco em quilômetros quadrados (km²) ao longo do período de 
estudo. ...................................................................................................................... 41 
Tabela 12 - Áreas de risco em porcentagem (%) ao longo do período de estudo. .... 41 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 9 
2 JUSTIFICATIVA ................................................................................................................... 11 
3 OBJETIVOS .......................................................................................................................... 11 
3.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................................................... 11 
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................................... 11 
4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................................. 12 
4.1 DESASTRES NATURAIS E IMPACTOS .......................................................................... 12 
4.1.1 Processos Geohidrossedimentológios .............................................................................. 13 
4.1.1.1 Enchentes e Inundação ....................................................................................................... 13 
4.1.1.2 Corridas .................................................................................................................................. 14 
4.1.1.3 Escorregamentos .................................................................................................................. 15 
4.1.1.4 Rastejos ................................................................................................................................. 16 
4.1.1.5 Queda de Blocos .................................................................................................................. 16 
4.2 VULNERABILIDADE E SUSCETIBILIDADE .................................................................... 17 
4.3 PERIGO E RISCO ................................................................................................................ 19 
4.4 MAPEAMENTO DE ÁREAS DE RISCO E SUSCETÍVEIS ............................................ 20 
4.5 GEOPROCESSAMENTO COMO FERRAMENTA DE ANÁLISE ................................. 22 
5 METODOLOGIA ................................................................................................................... 23 
5.1 ELABORAÇÃO DO BANCO DE DADOS ......................................................................... 23 
5.2 CARACTERIZAÇÃO DO MEIO FÍSICO ........................................................................... 24 
5.3 IDENTIFICAÇÃO DAS ZONAS SUSCETÍVEIS ............................................................... 28 
5.4 ANÁLISE MULTITEMPORAL DO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO ............................. 28 
5.5 IDENTIFICAÇÃO DE ZONAS DE RISCO ........................................................................ 28 
6 RESULTADOS E DISCUSSÕES ...................................................................................... 29 
6.1 MEIO FÍSICO ........................................................................................................................ 29 
6.2 MAPAS DE SUSCETIBILIDADE ........................................................................................ 34 
6.3 MAPAS DE USO E OCUPAÇÃO DO SOLO .................................................................... 36 
6.4 MAPAS DE RISCO ............................................................................................................... 41 
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................................ 51 
 REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 53 
 
9 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Os desastres naturais são eventos adversos resultantes de processos que 
ocorrem naturalmente, os quais causam impacto em uma sociedade e são 
distinguidos principalmente em função de sua origem, isto é, da natureza do fenômeno 
que o desencadeia (TOBIN & MONTZ, 1997). Segundo UNISDR (2013) um desastre 
é considerado uma grave perturbação do funcionamento de uma comunidade ou de 
uma sociedade, em qualquer escala, levando a impactos ou perdas humanas, 
materiais, econômicas ou ambientais. 
A quantidade de registros de desastres naturais nas últimas décadas vem 
crescendo em várias partes do mundo consideravelmente, em decorrência do grande 
aumento da população e ocupação desordenada, associados aos processos de 
urbanização e industrialização, uma vez que resultam de processos naturais e são 
considerados como desastres naturais quando atingem áreas habitadas (KOBIYAMA 
et al., 2006). 
Nas últimas décadas os desastres naturais foram responsáveis pela morte de 
milhões de pessoas, com uma média anual mundial de 150 mil pessoas. Além da 
enorme quantidade de vítimas, existe também os danos financeiros, estes os quais já 
ultrapassam 50 bilhões de dólares ao ano, sem contar os impactos sociais da perda 
de emprego, angústia mental e redução de produtividade (KELLER, 2012). 
Segundo Kobiyama et al. (2006), estes desastres muitas vezes são causados 
em virtude do mau gerenciamento das bacias hidrográficas, o que atrelado a falta de 
planejamento urbano intensificam os danos causados pela ausência de medidas de 
prevenção. Desta forma, para que sejam adotadas medidas de prevenção adequadas 
com o intuito de reduzir os riscos associados aos desastres naturais são necessários 
estudos prévios e através deles é possível desenvolver mapas de perigo e de riscos 
(TOMINAGA et al., 2009). 
O mapeamento de áreas de risco é um dos instrumentos mais importantes na 
análise de risco. De modo que através dele, pode-se desenvolver medidas 
preventivas, planejar as ações a serem tomadas pelo poder público e também pela 
comunidade em casos de emergência. As áreas identificadas com maior potencial de 
sofrerem algum impacto são categorizadas em relação ao grau de risco e assim 
10 
 
 
 
definidas as medidas preventivas a serem tomadas como por exemplo, obras de 
engenharia, regulamentação e controle do uso e ocupacao do solo, entre outros. Nas 
ações a serem desenvolvidas pelo poder público juntamente com a comunidade, 
através da identificação das áreas mais vulneráveis e suscetíveis aos desastres 
naturais, pode-se realizar trabalhos de conscientização e instrução das pessoas de 
modo a minimizar os potenciais danos a serem causados. Outro aspecto a ser 
explorado é também a questão logística, onde em uma possível situação de 
emergência o modo como deverá ser executada a evacuação, o resgate e 
posteriormente a restauração das áreas afetadas (KOBIYAMA, 2004). 
No Brasil a maioria dos desastres naturais estão relacionados com fenômenos 
derivados da dinâmica externa da Terra, como inundações, enchentes, movimentos 
de massa, queda de blocos, entre outros, em sua grande maioria estes estão 
associados a eventos atmosféricos, no caso, eventos de precipitação prolongados e 
intensos. (TOMINAGA et al., 2009). 
Segundo o banco de dados Emergency Database - EM-DAT (OFDA/CRED, 
2009), o Brasil é um dos países maisatingidos por inundações e enchentes, onde 
registram-se cerca de 15 milhões de afetados e 5.720 mortes em 94 casos entre os 
anos de 1960 a 2008. A quantidade de ocorrências de desastres naturais no Brasil 
vem crescendo expressivamente, onde no período entre 1991 e 2010 houve um 
aumento de cerca de 73%, passando de 8.671 casos para 23.238 nos últimos 10 anos 
(CEPED, 2012). 
O município de Poços de Caldas (MG), situa-se em um maciço alcalino na 
ordem de 800 quilómetros quadrados, nos limites da bacia sedimentares do Paraná e 
Serra da Mantiqueira, se assemelhando a caldeira de um vulcão, causado por eventos 
tectônicos, intemperismos, erosões (Schorscher & Shea, 1992). A região também se 
encontra em uma área de elevado índices pluviométricos, apresentando média de 
1700 mm ao longo do ano, com mais de um terço do ano chovendo. (CHAPMAN et 
al., 1991). 
Por possuir uma geomorfologia e geologia muito diversificada, apresenta 
relevos e declividades contrastantes e desníveis marcantes, estas características 
associadas aos elevados índices pluviométricos, tornam a cidade um local ideal para 
ocorrência de desastres naturais, como deslizamentos, movimentos de massa, 
11 
 
 
 
escorregamentos, queda de blocos, enchentes e inundações. Nesse sentido, o 
presente trabalho busca realizar o mapeamento da evolução da ocupação urbana em 
zonas de risco à movimentos de massa, inundações e outros desastres naturais na 
região central de Poços de Caldas (MG). 
 
2 JUSTIFICATIVA 
 
Os desastres naturais são eventos que causam grande impacto nas sociedades 
de modo a afetar seu funcionamento e gerar danos econômicos e sociais. No Brasil, 
nos últimos anos a quantidade desses eventos vem crescendo expressivamente o que 
torna cada vez mais importante seu estudo para compreender em quais situações e 
locais podem estar suscetíveis e vulneráveis aos seus efeitos. Desta forma o 
mapeamento das áreas de risco é importante para desenvolver o planejamento e 
determinar as ações destinadas a evitar e minimizar os possíveis danos causados 
pelos desastres naturais. 
 
3 OBJETIVOS 
 
3.1 OBJETIVO GERAL 
 
O presente trabalho tem como objetivo analisar a expansão urbana em zonas 
de risco à movimentos de massa e inundações na região central de Poços de Caldas 
(MG). 
 
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 
 
 Elaborar um banco de dados geográfico sobre a área de estudo; 
 Caracterizar o meio físico a área de estudo; 
 Elaborar mapeamento de uso e ocupação do solo; 
 Identificar as zonas de susceptíveis; 
 Identificar as zonas de risco; 
12 
 
 
 
 Elaborar análise multitemporal do uso e ocupação do solo nas zonas de risco 
entre os períodos de 2001 a 2019; 
 
4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 
 
4.1 DESASTRES NATURAIS E IMPACTOS 
 
Desastres naturais são considerados fenômenos naturais (eventos) súbitos e 
inesperados, os quais atingem uma região habitada pelo homem, ocasionando perdas 
socioeconômicas e ambientais (SOUZA, 2009). Segundo Kobiyama et al. (2006), 
estes eventos variam em gravidade e magnitude, de forma que os danos causados 
excedem a capacidade da população afetada em lidar com o desastre. O impacto 
destes fenômenos geralmente é grave, devido ao fato de muitas áreas serem 
vulneráveis em detrimento da falta de conhecimento da comunidade a respeito do uso 
e ocupação adequados do solo para cada região. Desta forma um desastre natural 
sempre será constituído pela interação conflituosa entre homem e natureza 
(WEICHSELGARTNER, 2001). 
Segundo Alexander (1997), as implicações destes eventos estão relacionadas 
diretamente com o desenvolvimento da região. A maior parte das mortes em 
detrimento de desastres naturais, entre os anos de 1977 e 1996, deram-se em países 
com menor índice de desenvolvimento, afetando principalmente a população de baixa 
renda a qual na maioria das vezes ocupava áreas de risco, em virtude do menor valor 
de mercado. 
Uma das principais causas do aumento considerável do número de desastres 
naturais registrados nas últimas décadas dá-se especialmente pelo crescimento 
populacional acentuado (ABBOTT, 2012). Segundo Kobiyama et al. (2006) o aumento 
significativo da população em conjunto com a ocupação desordenada de areas 
irregulares, associados aos processos de urbanização (impermeabilização do solo, 
adensamento das construções, entre outros) e industrialização foram imprescindíveis 
para ocorrência destes fenômenos. 
No Brasil a quantidade de registros de desastres naturais aumentou 
consideravelmente de 1991 a 2010, onde constataram cerca de quinze mil novos 
casos neste período (CEPED, 2012). Segundo Tominaga et al. (2009) a maioria 
13 
 
 
 
destes eventos são ocasionados por influências da dinâmica externa da Terra, sendo 
assim, são resultados das ações atmosféricas, onde em sua grande maioria estão 
ligados a precipitações prolongadas e intensas, derivando em enchentes, inundações, 
movimentos de massa, queda de blocos, entre outros. 
A cidade de Poços de Caldas, localizada no Estado de Minas Gerais, situa-se 
em uma região de elevados índices pluviométricos, isto em conjunto com suas 
características geomorfológicas e geológicas, as quais apresentam declividades e 
relevos contrastantes e grandes desníveis, culminam em aspectos ideias para 
ocorrência de desastres naturais, como enchentes e movimentos de massa 
(CHAPMAN et al., 1991). 
 
4.1.1 Processos Geohidrossedimentológios 
 
São processos que estão ligados diretamente com dinâmica da superfície 
terrestre, desta forma são responsáveis pela modelagem da superfície terrestre 
(OLIVEIRA & DE BRITO, 1998). A gravidade é o principal fenômeno responsável por 
estes eventos, onde de acordo com Wicander & Monroe (2009), são resultados de 
fatores que se relacionam como declividade, intemperismo, conteúdo de água, 
cobertura de solo, clima, sobrecarga, entre outros. 
De acordo com Augusto Filho (1994), os tipos de processos 
geohidrossedimentológicos podem ser classificados de acordo com a velocidade do 
movimento, teor de água presente no solo, tipo de solo e geometria da seção 
deslizante. 
 
4.1.1.1 Enchentes e Inundação 
 
As enchentes e inundações são uns dos principais tipos de desastres naturais 
que impactam frequentemente a sociedade. Esses fenômenos fazem parte da 
dinâmica natural e ocorrem normalmente após precipitações rápidas ou prolongadas 
e intensas ou prolongadas, de modo a serem intensificadas por intervenções urbanas 
e alterações ambientais, como a impermeabilização do solo, retificação ou 
assoreamento dos cursos d’água. As regiões metropolitanas são as que apresentam 
maiores riscos da ocorrência desses eventos em consequência do elevado número 
14 
 
 
 
de habitações de baixa renda localizadas nas áreas marginais de cursos d’água. (IPT, 
2007). 
Segundo Souza (1998), as enchentes são elevações temporárias do nível 
d’água em um canal de drenagem em detrimento do aumento da vazão ou descarga, 
sem ocorrer o transbordamento, enquanto as inundações são processos naturais de 
extravasamento que ocorrem nos cursos da água de forma a atingir a planície de 
inundação ou a área de várzea. 
 
 
Figura 1 - Representação dos processos de enchente e inundação. 
Fonte: (IPT, 2007) 
 
4.1.1.2 Corridas 
 
As corridas, ou fluxos, são caracterizados como um movimento gravitacional 
em que o solo se comporta como um fluido viscoso, onde a elevada presença de água 
no solo faz com que ele se mobilize e adquira grandes velocidades. Geralmente 
ocorrem em regiões com altos índices pluviométricos, de modo a percorrer grandes 
distancias em um curto período de tempo e resultar em grandes impactos para os 
locais afetados (GUIDICINI & NEIBLE, 1984). 
15 
 
 
 
 
Figura 2 - Representação de corrida. 
Fonte: The Landslide Handbook (2008). 
 
4.1.1.3 Escorregamentos 
 
São processos de movimento de massa rápidos envolvendo o solo, rochas e 
vegetação, de curta duração apresentandoplano de ruptura definido e alongado 
(FERNANDES & AMARAL, 2003). Segundo Oliveira & de Brito (1998), 
escorregamentos, ou deslizamentos, são movimentos gravitacionais importantes na 
formação das paisagens, e geralmente ocorrem em regiões montanhosas e com 
climas úmidos (TOMINAGA et al., 2009). 
 
 
Figura 3 - Representação de escorregamento. 
Fonte: The Landslide Handbook (2008). 
16 
 
 
 
4.1.1.4 Rastejos 
 
Os rastejos possuem a característica de grande quantidade de massa 
movimentada em baixa velocidade, desta forma podem atingir níveis imperceptíveis, 
onde seus efeitos são observados através de seus impactos, como pavimentos 
rompidos, muros trincados e arvores e postes distorcidos. São de difícil controle, e 
desta forma recomenda-se que sejam evitadas as áreas sob influência de tais 
fenômenos (WICANDER & MONROE, 2009). 
 
Figura 4 - Representação de rastejo. 
Fonte: The Landslide Handbook (2008). 
 
4.1.1.5 Queda de Blocos 
 
Segundo Guidicini & Neible (1984), queda de blocos são caracterizados como 
movimentos rápidos de rochas desagregadas de tamanhos variáveis em 
consequência da ação da gravidade. Ocorrem geralmente em locais que apresentam 
relevos íngremes e paredões (FERNANDES & AMARAL, 2003). 
17 
 
 
 
 
Figura 5 - Representação de queda de blocos. 
Fonte: The Landslide Handbook (2008). 
 
4.2 VULNERABILIDADE E SUSCETIBILIDADE 
 
Tratando-se de desastre naturais seus danos estão diretamente ligados a 
vulnerabilidade e suscetibilidade da região afetada, onde segundo Kohler et al. (2004), 
a severidade do evento será proporcional a estas características. 
A vulnerabilidade define-se pela predisposição de um sistema a ser afetado por 
um desastre, desta forma ela está relacionada à exposição ao risco e incapacidade 
de evitar ou mitigar quaisquer danos. Sendo assim, é uma condição ou processo, que 
tem como base fatores físicos, econômicos, sociais e ambientais, os quais 
determinam a probabilidade de ocorrência e a escala dos danos em consequência do 
impacto do evento (PELLING, 2003; UNDP, 2004). 
Segundo Alheiros et al (2004), a suscetibilidade pode ser entendida como uma 
característica inerente do meio, de forma a ser representada pela fragilidade do 
ambiente, estando predisposta a ser afetada por eventos com potenciais danosos. A 
Tabela 1 apresenta os principais fatores correlacionados a vulnerabilidade e 
suscetibilidade. 
18 
 
 
 
Tabela 1 - Fatores de suscetibilidade e vulnerabilidade. 
 
 Fonte: (Saito, 2004). 
 
Segundo Julião et al. (2009) vulnerabilidade pode ser definida como o grau de 
perda de um sistema exposto em decorrência de um processo ou ação, este podendo 
ser natural ou não. Enquanto suscetibilidade está relacionada com a incidência 
espacial do perigo, onde representa a propensão de uma determinada área ser 
afetada por um evento. Assim, é de suma importância que sejam identificadas as 
áreas vulneráveis e suscetíveis, de modo a desenvolver corretamente os mapas de 
perigo e risco e posteriormente adotar as ações para minimizar os possíveis danos da 
forma mais eficaz possível. 
19 
 
 
 
4.3 PERIGO E RISCO 
 
Por definição a palavra perigo está associada à ameaça, de modo que na 
contextualização do referido trabalho, o perigo está relacionado com o fenômeno 
natural de desastre natural, onde Varnes (1984) conceitua como um evento físico, 
podendo ser natural ou induzido por atividades humanas, com potencial de causar 
danos (econômicos, ambientais, sociais). 
O risco, tem relação direta com o meio em que se está sendo referido, de forma 
que ele é proporcional às chances de ocorrência de eventos (desastres) que possam 
ocasionar impactos negativos em determinada área. Desta forma o risco pode ser 
considerado como a probabilidade de haver consequências negativas 
(socioeconômico e ambientais) estas, relacionadas com interações entre perigo e 
sistemas humanos (UNDP, 2004). 
Sendo assim, ao se tratar de risco, as variáveis de perigo, vulnerabilidade 
(densidade demográfica, infraestrutura, pobreza, etc.), suscetibilidade e grau de 
exposição do ambiente a ser impactado devem ser levadas em conta (KOBIYAMA et 
al; 2006). 
 
Figura 6 - Elementos associados ao risco. 
Fonte: (Alheiros et al., 2003). 
 
20 
 
 
 
4.4 MAPEAMENTO DE ÁREAS DE RISCO E SUSCETÍVEIS 
 
Um dos métodos que vem sendo empregado como forma de prevenção e 
redução dos possíveis danos a serem causados por desastres naturais é a elaboração 
de estudos prévios resultando em mapas temáticos, estes contribuem para o 
planejamento urbano e para situações de emergência. 
O mapeamento ambiental, através da espacialização do meio ambiente é 
capaz de gerar dados de fácil entendimento e acessíveis para as mais diversas 
aplicabilidades, sendo possível correlacionar as características do meio e gerar mapas 
de suscetibilidade e risco. Desta forma, o zoneamento ambiental, é um poderoso 
instrumento para defesa ambiental, o qual associado com o plano diretor e o 
planejamento urbano, pode gerar resultados positivos na qualidade de vida urbana 
(SILVA & AGUIAR FILHO, 2013). 
Têm-se então quatro tipos de mapas mais comumente elaborados e utilizados 
para estas situações, os mapas de vulnerabilidade, suscetibilidade, perigo e risco. Os 
mapas de vulnerabilidade representam o grau de perdas dos diversos elementos em 
risco juntamente com o período de tempo de ocorrência, já os mapas de 
suscetibilidade indicam o potencial de ocorrência correlacionado com a situação do 
local, porém sem levar em conta a temporalidade do evento (PARISE, 2001). A Tabela 
2 apresenta para os mapas de suscetibilidade e vulnerabilidade, os matérias 
necessários para desenvolve-los, métodos de análise, as informações apresentadas 
por esses mapas e sua empregabilidade. 
 
 
 
 
 
 
 
21 
 
 
 
Tabela 2 - Mapas de suscetibilidade e vulnerabilidade e seus elementos. 
Tipo 
de 
Mapa 
Material 
Necessário 
Métodos de 
Análise 
Informações 
Apresentadas 
Utilidade 
V
u
ln
e
ra
b
ili
d
a
d
e
 
Mapas 
topográficos, 
geológicos, 
fotos aéreas, 
registros 
hidrológicos, 
dados 
históricos, 
distribuição 
dos 
elementos 
em risco e 
sua evolução 
socioeconômi
ca 
Fotointerpretaçã
o, trabalhos de 
campo, 
levantamento 
geológico, 
testes de campo 
e laboratório, 
analise das 
relações entre 
os elementos 
desencadeador
es dos eventos 
(chuva, 
terremotos, 
ação 
antropogênica) 
Distribuição dos 
eventos, tipologia 
e estado do 
evento, orientação 
evolutiva, geologia 
e geomorfologia, 
propriedades de 
geologia de 
engenharia, 
distribuição e 
avaliação 
socioeconômica, 
relação com 
elementos 
desencadeadores 
Zoneament
o de áreas 
para 
planejament
o urbano 
com melhor 
grau de 
detalhament
o, e 
potencial de 
impacto 
para os 
elementos 
em risco 
S
u
s
c
e
ti
b
ili
d
a
d
e
 Mapas 
topográficos, 
geológicos, 
fotos aéreas, 
registros 
hidrológicos e 
dados 
históricos 
Fotointerpretaçã
o, trabalhos de 
campo, 
levantamento 
geológico, 
testes de campo 
e laboratório 
Distribuição dos 
eventos, tipologia 
e estado do 
evento, orientação 
evolutiva, geologia 
e geomorfologia, 
propriedades de 
geologia de 
engenharia 
Zoneament
o de áreas 
para 
planejament
o urbano 
Fonte: (Adaptado de Saito, 2004). 
 
Os mapas de perigo expressam a probabilidade espacial e temporal de ocorrer 
um processo ou um fenômeno com potencial de causar danos, já os mapas de risco, 
estes com maior empregabilidade e importância por seu elevado grau de informações, 
uma vez que podem ser considerados uma junção dos demais anteriores, são 
resultados de avaliações, as quais consideram os elementos expostos, sendo eles 
naturais ou humanos, a vulnerabilidade, a suscetibilidade, o perigo, além do potencialde dano e a espaçotemporalização do evento (TOMINAGA et al., 2009). 
O mapeamento das áreas de risco, é uma ferramenta muito importante no 
auxílio do controle e prevenção de desastres naturais (ENOMOTO, 2004). Para 
Marcelino et al. (2006), o mapeamento das áreas de risco é um dos instrumentos mais 
importantes na análise de risco, de modo a ser possível através deles elaborar 
22 
 
 
 
medidas preventivas, planejar e estabelecer as ações a serem tomadas pelo poder 
público em conjunto com a comunidade para situações de emergência tratando-se de 
desastres naturais. 
Segundo Friesecke (2004), todos os programas de redução de danos deveriam 
ter como base o mapeamento de áreas de risco, uma vez que podem ser utilizados 
no zoneamento e para definição de medidas estruturais e não estruturais. No Brasil 
um dos principais problemas relacionados com os desastres naturais são a falta de 
planejamento, medidas de prevenção e ações de emergência, desta forma os mapas 
de risco visam suprir estas deficiências, uma delas através de sistemas de alertas, os 
quais são empregados especialmente para os desastres que ocorrem de forma súbita 
(KOBIYAMA et al. 2006). 
 
4.5 GEOPROCESSAMENTO COMO FERRAMENTA DE ANÁLISE 
 
Para realização do mapeamento de uma região existem diversas metodologias, 
porém a mais aplicada atualmente em virtude de suas vantagens é o uso do SIG 
(Sistema de Informações Geográficas), a qual possibilita a livre manipulação de dados 
armazenados através de técnicas e assim tornando possível a realização de analises 
e modelagens espaçogeorreferenciadas (OLIVEIRA, 2014). 
Segundo Higashi (2002), o Sistema de Informações Geográficas, pode ser 
considerado um sistema que auxilia na tomada de decisões além de gerenciar 
informações, é possível emprega-lo na elaboração de mapas temáticos, cartografia 
geotécnica, modelagem numérica de terrenos para análise de risco, avaliação 
geotécnica e gerenciamento ambiental. 
Os SIGs podem ser empregados no planejamento urbano, socioeconômico e 
ambiental, como por exemplo no correto uso e ocupação de solo de determinada 
região, atividades industriais, identificação de riscos ambientais, gerenciamento de 
recursos naturais e também no controle de obras públicas e de medidas estruturais e 
não estruturais para prevenção de acidentes e desastres (CÂMARA et al., 1996). 
Diversos autores comprovaram a eficácia da utilização do geoprocessamento 
como ferramenta para elaboração confiável de dados e no auxílio na tomada de 
decisões. Valente (1999) desenvolveu mapas geotécnicos e analisou a interação da 
zona urbana com a geotecnia do local e definiu as áreas passíveis de inundação, 
23 
 
 
 
suscetíveis à erosão, e de grandes declividades, as quais possuem maior 
probabilidade da ocorrência de desastres. Yalcin & Bulut (2006) destacaram a grande 
aplicabilidade na utilização da definição de zonas suscetíveis a deslizamentos. Santos 
et al. (2008) utilizaram para desenvolvimento de mapas temáticos de topografia, 
litologia, uso e ocupação do solo, dos quais derivaram para mapas de declividade e 
posteriormente para zoneamento de áreas suscetíveis à ocorrência de movimentos 
de massa. Faria et al. (2009) compararam as metodologias computacionais com a de 
mapeamento direto em campo e constataram grandes semelhanças nos dados 
obtidos, porém salientaram da importância da utilização de dados validados na 
elaboração das análises para uso do geoprocessamento, pois o mesmo caso não 
sejam precisos podem gerar divergências da real situação da área de estudo. Moraes 
et al. (2010) empregaram o geoprocessamento na definição de locais com potencial 
de implementação de aterros sanitários os quais geraram dados muito eficazes para 
auxiliar na tomada de decisão. 
Segundo Guerra (1999) o geoprocessamento tem um papel importante na 
geração de subsídios para o planejamento ambiental, de forma a poder evitar ou 
minimizar os impactos decorrentes de desastres naturais. Neste sentido, as técnicas 
de SIG são fundamentais para o estudo e monitoramento dos desastres naturais a fim 
de orientar sobre riscos e auxiliar na tomada das decisões. 
 
5 METODOLOGIA 
 
5.1 ELABORAÇÃO DO BANCO DE DADOS 
 
Para elaboração do banco de dados foram levantadas informações 
bibliográficas e cartográficas existentes sobre a área de estudo, sendo consultados 
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE); Prefeitura Municipal de Poços 
de Caldas (PMPC); Estudo de Caracterização Geológico-Geotécnica aplicado ao 
planejamento rural e urbano do Município de Poços de Caldas, MG (Desenvolvido 
pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) – Campus de Rio Claro, SP); Base de 
dados de desastres naturais no município de Poços de Caldas, MG (Sardinha et al., 
2016). Desta forma foram obtidos os dados referentes aos cursos d’água, curvas de 
nível, cotas topográficas, geologia local, imagens aéreas e o histórico de eventos de 
24 
 
 
 
desastres naturais, de modo que todos foram adequados para um mesmo sistema de 
projeção, no caso WGS84. 
Desenvolveu-se inicialmente um MDT (Modelo Digital de Terreno) com o intuito 
de representar a real superfície do terreno, que consiste em uma técnica de 
interpolação de elementos finitos, através dos dados de altimetria e cursos d’água do 
local. Através da ferramenta Slope do software ArcGIS, aplicando-a ao MDT, 
desenvolveu-se o mapa de declividade, este então foi reclassificado quanto aos 
intervalos de relevo em graus. 
Para determinação das declividades a serem adotadas como críticas e os tipos 
de unidades geológicas os quais estão sujeitos aos desastres naturais foi utilizado o 
Estudo de Caracterização Geológico-Geotécnica aplicado ao planejamento rural e 
urbano do Município de Poços de Caldas, MG, este desenvolvido pela Universidade 
Estadual Paulista (Unesp) – Campus de Rio Claro, SP, de forma a serem adotadas 
como fatores na elaboração dos mapas de suscetibilidade e de risco. A Tabela 3 
apresenta os fatores utilizados na elaboração dos mapas. 
 
Tabela 3 - Fatores utilizados na elaboração dos mapas de suscetibilidade. 
Declividade Geologia Eventos 
0-5% Planícies Aluviais 
Inundações e 
Enchentes 
5-15% e 15-30% Foiaitos 
Rastejo, 
Escorregamento e 
Erosão 
15-30% e 30-60% Tinguaito 
Queda de blocos e 
Escorregamento 
 
 
5.2 CARACTERIZAÇÃO DO MEIO FÍSICO 
 
A região de estudo se localiza no município de Poços de Caldas, MG, com 
enfoque na área central da cidade, foram escolhidas quatro bacias hidrográficas, 
sendo elas: Córrego do Vai-e-Volta, Ribeirão da Serra, Ribeirão de Caldas e Ribeirão 
de Poços. A parte urbanizada da cidade está contemplada em quase sua totalidade 
nestas bacias e, portanto, foram escolhidas para este estudo. A Figura 7 apresenta a 
região da área de estudo. 
25 
 
 
 
Os dados referentes ao meio físico foram obtidos por meio de estudos 
realizados anteriormente da região e de mapas temáticos. Também aplicaram-se 
técnicas de geoprocessamento à base de dados geradas para extrair as informações 
pertinentes ao estudo, como os mapas geológicos, os cursos d’água existentes, as 
curvas de níveis, as cotas topográficas e os limites das bacias de estudo. 
A fim de entender melhor as características das bacias, estudou-se seus 
índices de caracterização de forma, como fator forma (Kf), índice de compacidade (Kc) 
e o indicie de conformação (Fc), bem como a densidade e seus padrões de drenagem. 
Estes foram determinados através das equações a seguir para cada um dos 
parâmetros: 
𝐷𝑑 =
𝑅𝑑
𝐴
 (1) 
Onde: Dd é a densidade de drenagem (km/km²); Rd a rede de drenagem 
(comprimento dos cursos d’água da bacia (km); A é a área da bacia (km²). Apresenta 
as seguintes classificações para os intervalos: 
 
Tabela 4 - Classificação por intervalo de tempo da Densidade de drenagem. 
Classificação Intervalo 
Bacias com drenagem pobre Dd <0,5 km/km2 
Bacias com drenagem regular 
0,5 ≤ Dd < 1,5 
km/km2 
Bacias com drenagem boa 
1,5 ≤ Dd < 2,5 
km/km2 
Bacias com drenagem muito boa 2,5 ≤ Dd < 3,5 km/km2 
Bacias excepcionalmente bem 
drenadas Dd ≥ 3,5 km/km2 
 
𝐾𝑓 =
𝐿𝑀
𝐶
 (2) 
Onde: Kf é o índice de fator forma; LM é a largura média da bacia (km); C é o 
comprimento da bacia (km). O índice apresenta a seguinte classificação por intervalo: 
 
26 
 
 
 
Tabela 5 - Classificação por intervalo de tempo do fator forma da bacia. 
Classificação Intervalo 
Bacias com menor tendência a 
enchentes < 0,50 
Bacias com tendências medianas a 
enchente 
0,75 – 
0,50 
Bacias sujeitas a enchentes 
1,00 – 
0,75 
 
 𝐾𝑐 = 0,28 ×
𝑃
√𝐴
 (3) 
Onde: Kc é o índice de compacidade; P é o perímetro da bacia (km); A é a área 
da bacia (km²). Apresentando a seguinte classificação por intervalo: 
 
Tabela 6 - Classificação por intervalo de tempo do índice de compacidade da bacia. 
Classificação Intervalo 
Bacias com menor tendência a 
enchentes < 1,50 
Bacias com tendências medianas a 
enchentes 
1,25 – 
1,50 
Bacias com alta propensão a enchentes 
1,00 – 
1,25 
 
𝐹𝑐 =
𝐴
𝐿2
 (4) 
Onde: Fc é o índice de conformação; A é a área da bacia (km²); L é o 
comprimento do curso d’água mais longo da bacia (km). Como critério de análise tem-
se que bacias as quais apresentam valores próximos de 1, maior será a probabilidade 
de ocorrência de produção de picos de cheia, assim podendo resultar em eventos de 
enchentes em determinadas regiões.
27 
 
 
 
 
Figura 7 - Área de estudo.
28 
 
 
 
5.3 IDENTIFICAÇÃO DAS ZONAS SUSCETÍVEIS 
 
A identificação das zonas suscetíveis à desastres naturais se deu através da 
integração dos mapas geológicos com os graus de declividades adotados no software 
ArcGIS, desta forma de acordo com o tipo de geologia do local e a declividade a qual 
apresentava, este podia ou não estar sujeito a algum tipo de evento adverso, assim 
os locais onde existiam tal possibilidade foram destacados e classificados como zonas 
suscetíveis. 
 
5.4 ANÁLISE MULTITEMPORAL DO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO 
 
A análise multitemporal do uso e ocupação do solo se deu nos períodos de 
2001 a 2019, mais especificamente nos anos de 2001, 2008 e 2019. Foram utilizados 
estes anos para desenvolver uma base com relação a evolução da cidade e assim 
mapear a expansão da área urbana ao longo dos anos e assim avaliar se estas estão 
tendo um crescimento em sentido das zonas suscetíveis a desastres naturais e 
tornando-se por fim zonas de risco. Desta forma foram classificados os seguintes tipos 
de uso e ocupação: agricultura, área urbana, área verde, campo de altitude, mata 
nativa, pastagem, reflorestamento e solo exposto. Foram utilizadas ortofotos da região 
de Poços de Caldas com resolução de 20cm, imagens cedidas pela Prefeitura 
Municipal, para o ano de 2001, imagens do satélite Quickbird com resolução de 60cm 
para o ano de 2008 e imagens do software Google Earth para o ano de 2019. 
Para classificação utilizou-se do processo de fotointerpretação o qual consiste 
na busca e identificação dos elementos presentes na imagem e em seguida delimitou-
se os compartimentos de cada um dos tipos de classes. Essa delimitação foi realizada 
através de vetorização manual em SIG que consiste em elaborados polígonos 
referentes às áreas dos diversos tipos de classe de uso e ocupação do local, esta 
etapa foi desenvolvida com auxílio do software ArcGIS. 
 
5.5 IDENTIFICAÇÃO DE ZONAS DE RISCO 
 
Para identificação das zonas de risco, utilizou-se a álgebra de mapas do ArcGIS 
a qual pode-se cruzar informações distintas à respeito de uma mesma área, com 
29 
 
 
 
auxílio dos mapas de suscetibilidade e uso e ocupação do solo, nos locais onde 
estavam previamente identificados como zonas suscetíveis e apresentavam regiões 
urbanas (ocupação por parte da população local), foram classificados como zonas de 
risco. 
Através da base de dados de desastres naturais no município de Poços de 
Caldas, MG (Sardinha et al., 2016), pode-se identificar os locais que apresentavam 
ocorrências de desastres naturais e cruzar estas informações com os mapas de risco, 
com intenção de validar se as áreas classificadas como áreas de risco realmente 
estavam apresentando eventos no decorrer dos anos. 
 
6 RESULTADOS E DISCUSSÕES 
 
6.1 MEIO FÍSICO 
 
Para o meio físico foram desenvolvidos os mapas de tipo de unidades 
geológicas, MDT e declividade representados pelas Figuras 8, 9, 10, respectivamente. 
Pela análise dos mapas gerados, pode-se identificar o padrão das bacias 
hidrográficas da área de estudo, onde estas apresentam em suas cabeceiras elevadas 
altitudes e convergindo para o sentido do transporte do escoamento superficial têm-
se regiões planas. 
Os índices de caracterização de forma das bacias estudadas estão 
apresentados na Tabela 7 a seguir. 
 
Tabela 7 - Índices de caracterização de forma das bacias. 
Bacia 
Área 
(km²) 
Dd Kf Kc Fc 
Córrego do Vai-e-
Volta 
4,94 1,78 0,28 1,36 0,28 
Ribeirão da Serra 29,33 1,84 0,26 1,46 0,20 
Ribeirão de Caldas 8,47 2,25 0,42 1,61 0,12 
Ribeirão de Poços 11,74 1,82 0,74 1,25 0,65 
 
30 
 
 
 
Observa-se claramente que as quatros bacias apresentam uma boa densidade 
de drenagem uma vez que apresentam valores de Dd entre 1,5 e 2,5, implicando 
assim em uma boa eficiência e grau de desenvolvimento do seu sistema de drenagem. 
Para os valores de Kf apenas a bacia do Ribeirão de Poços apresenta tendência à 
ocorrência de enchentes segundo este índice, porém apesar das demais estarem 
classificadas como bacias com menor tenência a enchentes outros fatores podem 
implicar na ocorrência delas, como uso e ocupação do solo, declividade e intensidade 
dos eventos de precipitação. 
Para o índice de compacidade têm-se que as bacias do Córrego do Vai-e-Volta 
e Ribeirão da Serra apresentam propensão moderada à ocorrência de enchentes, 
enquanto a bacia do Ribeirão de Caldas e Ribeirão de Poços, possuem baixa e alta 
tendência a enchentes, respectivamente. Já para o fator de conformação têm-se que 
a bacia do Ribeirão de Poços é a que apresentam maior potencial de produção de 
picos de cheia, pois apresenta valor mais próximo de 1. 
31 
 
 
 
 
Figura 8 – Mapa das Unidades Geológicas.
32 
 
 
 
 
Figura 9 – Mapa do Modelo Digital de Terreno (MDT)
33 
 
 
 
 
Figura 10 - Mapa de Declividade 
34 
 
 
 
6.2 MAPAS DE SUSCETIBILIDADE 
 
O mapa de suscetibilidade está representado pela Figura 11, nele podemos 
perceber que de acordo com a classificação utilizada de declividade e tipo de unidade 
geológica, considerou-se as áreas em vermelho como áreas suscetíveis a desastres 
naturais, de modo que 65,25% da área total das 4 bacias estudadas está enquadrada 
nesta classificação, as demais áreas não foram classificadas como áreas suscetíveis 
por não apresentarem unidades geológicas ou declividades enquadradas nas classes 
com probabilidades de ocorrência de desastres naturais. A Tabela 8 apresenta os 
tipos de eventos que as áreas estão suscetíveis e a quantidade de área em 
quilômetros quadrados e em porcentagem que elas representam. 
 
Tabela 8 - Tipos de eventos e a quantidade de área sob sua influência. 
Tipos de Eventos Área (km²) Área (%) 
Não classificadas 18,46 34,75 
Inundações e enchentes 2,07 3,75 
Rastejo, escorregamento e 
erosão 
11,91 21,57 
Queda de blocos e 
escorregamento 
22,05 39,93 
TOTAL 54,49 100% 
 
Analisando a fisiografia do local nota-se que a probabilidade de ocorrência dos 
eventos de enchentes e inundações estão localizadas nas áreas mais planas das 
bacias, enquanto queda de blocos, escorregamentos, rastejo e erosão são mais 
comuns em locais com declividades mais acentuadas, característicaque é compatível 
com as áreas de cabeceira e entornos das bacias hidrográficas. 
Para as áreas não classificadas, não se exclui a probabilidade de ocorrência 
desses eventos, apenas que elas não estavam no escopo inicial da metodologia 
aplicada no trabalho, uma vez que não foram apontadas influências da declividade 
nos demais tipos de solo presentes na bacia.
35 
 
 
 
 
Figura 11 - Mapa de Áreas Suscetíveis.
36 
 
 
 
6.3 MAPAS DE USO E OCUPAÇÃO DO SOLO 
 
Para análise multitemporal do uso e ocupação do solo, foram desenvolvidos os 
mapas para os respectivos anos de 2001, 2008 e 2019, estes com a chave de 
classificação apresentada anteriormente, estes estão representados pelas Figuras 12, 
13 e 14. 
As Tabelas 9 e 10 apresentam para cada classe de uso, a área em quilômetros 
quadrados e em porcentagem, respectivamente, de modo que seus dados foram 
obtidos através da análise quantitativa dos mapas de uso e ocupação do solo gerados. 
 
Tabela 9 - Área em quilômetros quadrados (km²) das classes de uso e ocupação do 
solo ao longo do período de estudo. 
Classes 2001 2008 2019 
Agricultura 1,37 2,17 1,35 
Área Urbana 18,46 19,02 22,12 
Área Verde 0,17 0,17 0,17 
Campo de 
Altitude 
11,40 10,57 9,24 
Mata Nativa 20,32 17,76 17,42 
Pastagem 0,48 0,69 0,20 
Reflorestamento 0,15 1,91 2,90 
Solo Exposto 2,14 2,20 1,10 
 
Tabela 10 - Área em porcentagem (%) das classes de uso e ocupação do solo ao 
longo do período de estudo. 
Classes 2001 2008 2019 
Agricultura 2,51% 3,98% 2,47% 
Área Urbana 33,90% 34,91% 40,59% 
Área Verde 0,29% 0,31% 0,32% 
Campo de 
Altitude 
20,92% 19,39% 16,95% 
Mata Nativa 37,29% 32,60% 31,97% 
Pastagem 0,88% 1,27% 0,36% 
Reflorestamento 0,28% 3,51% 5,32% 
Solo Exposto 3,93% 4,03% 2,02% 
37 
 
 
 
 
Figura 12 - Mapa de Uso e Ocupação do Solo para o ano de 2001.
38 
 
 
 
 
Figura 13 - Mapa de Uso e Ocupação do Solo para o ano de 2008. 
39 
 
 
 
 
Figura 14 - Mapa de Uso e Ocupação do Solo para o ano de 2019.
40 
 
 
 
Na Figura 15 estão expressas as porcentagens de cada tipo de classe para 
os anos base em ordem cronológica respectivamente. 
 
Figura 15 – Área em porcentagem das classes de usos e ocupação do solo em seus 
anos base. 
 
Pode-se observar claramente a evolução do uso e ocupação do solo na cidade 
teve um aumento bem significativo da área urbana no período de 2008 a 2019, o 
aumento da urbanização foi concentrado nos limites das bacias, uma vez que a maior 
parte central já estava consolidada antes mesmo de 2001. Em resultado desta 
expansão urbana teve-se a redução das áreas de campos de altitude, um tipo de 
formação vegetal natural da região de Poços de Caldas, por se tratar de um local 
elevado e suas características climáticas únicas e de precipitação. 
Uma das consequências desta ocupação é a maior impermeabilização do solo 
nas áreas de cabeceira resulta em menor tempo de resposta do escoamento aos 
eventos de precipitação, de forma a adquirir maiores velocidades de escoamento e 
consequentemente os impactos causados pela chuva são maiores, elevando também 
os risco de ocorrência de enchentes e inundações e virtude do sistema de drenagem 
ser sobrecarregado, assim tendo um maior acumulo de água nas regiões planas e de 
41 
 
 
 
baixada, que pelo processo de desenvolvimento da cidade são ocupadas pela área 
urbana da cidade. 
 
6.4 MAPAS DE RISCO 
 
Após todos os cruzamentos de mapas temáticos desenvolvidos, obteve-se os 
mapas de risco para os anos de estudo e estes estão apresentados a seguir sendo, 
2001, 2008 e 2019, representados pelas Figuras 16, 17 e 18, respectivamente. 
Analisando a geomorfologia do local, a região apresenta feições em forma de 
vale, assim possuindo elevadas declividades no entorno e regiões planas no centro, 
em consequência disso, tem-se um maior risco da ocorrência de escorregamentos, 
quedas de blocos, rastejos e erosões (desastres associais em sua maioria com a 
declividade do terreno), e inundações e enchentes na região central, pela fisiografia 
do local e também pelo trajetória do escoamento superficial gerado pelos eventos de 
precipitação terem como sentido do exutório esta área. 
Avaliando quantitativamente os mapas, têm-se representado na Tabela 11 e 
12, a área em quilômetros quadrados e em porcentagem das áreas de risco em 
relação ao tipo de risco e ao ano de referência. 
 
Tabela 11 - Áreas de risco em quilômetros quadrados (km²) ao longo do período de 
estudo. 
Riscos 2001 2008 2019 
Inundações e enchentes 1,32 1,46 1,60 
Rastejo, escorregamento e 
erosão 
6,08 6,20 6,89 
Queda de blocos e 
escorregamento 
3,23 3,44 4,70 
Total Áreas de Risco 10,63 11,10 13,18 
 
Tabela 12 - Áreas de risco em porcentagem (%) ao longo do período de estudo. 
Riscos 2001 2008 2019 
Inundações e enchentes 2,42 2,67 2,93 
Rastejo, escorregamento e 
erosão 
11,2 11,38 12,64 
Queda de blocos e 
escorregamento 
5,93 6,31 8,62 
Total Áreas de Risco 19,51 20,37 24,19 
42 
 
 
 
 
Figura 16 - Mapa de Risco para o ano de 2001. 
43 
 
 
 
 
Figura 17 - Mapa de Risco para o ano de 2008. 
44 
 
 
 
 
Figura 18 - Mapa de Risco para o ano de 2019.
45 
 
 
 
Figura 19 apresenta um comparativo das áreas de risco para cada um dos tipos 
de eventos com probabilidade de ocorrência em cada um dos anos base de estudo. 
 
 
Figura 19 - Área em porcentagem dos riscos em seus anos base. 
 
Nota-se que com o passar dos anos a quantidade das áreas consideradas 
como áreas de risco cresceram, tendo no período de 2008 a 2019 um aumento 
considerável, isso deve-se principalmente pela urbanização desordenada do 
município de modo a ocuparam regiões que naturalmente não deveriam ser regiões 
urbanas devido aos riscos associados à ocorrência de desastres naturais, observada 
claramente na análise multitemporal do uso e ocupação do solo, a qual se justifica 
segundo Alexander (1997), que estas ocupações ocorrem devido a um menor valor 
de mercado das áreas e geralmente pela população de baixa renda. 
A Figura 20, apresenta o levantamento histórico da ocorrência de desastres 
naturais para o município de Poços de Caldas. 
46 
 
 
 
 
Figura 20 - Levantamento histórico dos desastres naturais em Poços de Caldas.
47 
 
 
 
Analisando o local de ocorrência dos eventos históricos de desastres naturais, 
observa-se que estes seguem o padrão de inundações e enchentes nas áreas centrais 
em detrimento da fisiografia da região, como apresentado anteriormente, e também 
pelas características de cada uma das bacias estudadas, que apesarem de possuir 
uma boa capacidade de drenagem estão sujeitas à ocorrência destes fenômenos. Já 
para os eventos relacionados com a movimentação do solo, estes apresentaram uma 
distribuição espacial no entorno das bacias, locais que possuem declividades mais 
acentuadas. Desta forma vemos que os padrões da probabilidade de ocorrência 
destes eventos, seguem o que foi previsto no mapa de suscetibilidade. 
Com intuito de avaliar melhor a distribuição espaçotemporal dos eventos 
cruzou-se o mapa de ocorrência de eventos históricos para desastres naturais com os 
mapas de risco, de modo a separar os eventos com seu respectivo ano base, onde 
eventos que ocorreram até 2001 foram cruzados com o mapa de risco do ano de 2001, 
os eventos de 2001 até 2008 foram utilizados com o mapa de risco do ano de 2008 e 
os eventos de 2008 até 2019 foram utilizados com o mapa de risco do ano de 2019. 
As três interações estão apresentadas a seguir pelas Figuras 21, 22 e 23, 
respectivamente. 
Pode-se notar, através das Figuras 21, 22 e 23, que em sua grande maioria os 
eventos classificados dentro da área de estudo estão correspondendo em sua 
descrição com a classificação da área de risco, onde temos diversos eventos 
registrados dentro de áreas que correspondem exatamente ao risco em questão em 
seus respectivos anos base. Os outros eventos ocorreram próximos às suasrespectivas áreas de probabilidade ou dentro de áreas com probabilidade de 
desastres naturais distintos. A falta de eventos para os períodos de 2001 e 2008, se 
dá pela dificuldade na obtenção dos dados, uma vez que os meios de registros das 
épocas eram mais precários, tendo em sua grande maioria divulgações em jornais 
locais apenas na versão impressa, já para 2019 com a evolução tecnológica e uma 
maior acessibilidade da internet, expandiram-se os meios de divulgação assim 
facilitando o acesso à informação.
48 
 
 
 
 
Figura 21 - Desastres naturais registrados até 2001. 
49 
 
 
 
 
Figura 22 - Desastres naturais registrados até 2008. 
50 
 
 
 
 
Figura 23 - Desastres naturais registrados até 2019.
51 
 
 
 
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Os desastres naturais são significativos eventos de origem natural que podem 
impactar o meio, a sociedade e economia. O trabalho em questão conseguiu atingir 
seu objetivo geral, em gerar e mapear uma base de dados para avaliação de zonas 
suscetíveis e das zonas de risco à desastres naturais no município de Poços de 
Caldas, onde foram feitas análises de geoprocessamento através do software ArcGIS, 
para geração de mapas e expor as áreas que se enquadravam no escopo do projeto. 
Avaliando os dados levantados foi perceptível a elevada presença de eventos 
de enchentes, inundações e escorregamentos que são causas de grandes 
preocupações, visto que suas ocorrências vêm atreladas a impactos que, por sua vez, 
são capazes de desestabilizar estruturas, meios físicos, economia, sociedade. 
Quanto à resposta desses dados, observa-se a concentração de eventos nos 
meses de maior concentração de precipitação, com chuvas acima dos valores médios, 
apesar de não serem exclusivo destes períodos, uma vez que chuvas com elevada 
precipitação e um pequeno intervalo de tempo possuem a mesma força na questão 
de impacto, logo os eventos de precipitação, são em sua grande maioria, potenciais 
agentes deflagradores de desastres naturais. 
Conclui-se então que Poços de Caldas, MG, através das técnicas de 
geoprocessamento e da criação da base de dados, possui áreas de risco apontadas 
pela vulnerabilidade, ocasionados pela falta de gestão de recursos naturais, e pelo 
histórico de desenvolvimento urbano que contempla a canalização e aterramento de 
cursos d’água e também conta com ocupações em locais os quais deveriam ser 
evitados pela probabilidade de ocorrência de eventos adversos. Porém fatores 
geomorfológicos e climáticos também impactam severamente na ocorrência de 
desastres naturais no município. 
As análises multitemporais são de suma importância em estudos desta 
natureza, pois possibilitam avaliar a evolução de eventos e também a resposta da 
comunidade em seu entorno. Viabilizam também o planejamento com intuído de evitar 
ou minimizar quaisquer possíveis ocorrências de impactos negativos para sociedade 
e a identificação de oportunidades as quais podem gerar benefícios e são possíveis 
de serem alcançadas. 
52 
 
 
 
Com intuito de gerar uma melhor análise a respeito do tema, sugere-se o 
prosseguimento do estudo com a ampliação da série histórica do uso e ocupação do 
solo e também o aprimoramento do banco de dados das ocorrências dos eventos de 
forma a se obter um maior número de eventos catalogados, validando os dados 
previamente apontados neste estudo, e desta forma possibilitar a identificação de 
maneira mais precisa das regiões com maiores impactos e ocorrências de desastres 
naturais e assim fornecer informações para o planejamento de resposta de 
emergência e ações para mitigar e minimizar os impactos destes eventos. Também 
seria interessante, a fim de aperfeiçoar os métodos, a realização de estudos de 
campo, os quais poderiam contribuir significativamente com as análises de 
suscetibilidade e consequentemente no mapeamento das áreas de risco. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
53 
 
 
 
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