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Reocupar - redistribuição habitacional em Praia Grande

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PAMELA DE MENDONÇA CEZAR
SANTOS
2020
Trabalho final de graduação, 
para obtenção de título de 
Bacharel em Arquitetura e 
Urbanismo , pela Universidade 
Católica de Santos
REOCUPAR: nova centralidade em Praia Grande
É importante retirar sabedoria de lugares dife-
rentes, se você retirá-la de apenas um lugar, ela 
se torna rígida e estagnada. Entendendo os ou-
tros, os outros elementos e nações, irá ajudá-lo 
a se tornar mais completo.
Iroh
AVATAR: A lenda de Aang. Direção: Michael Dante 
DiMartino. Produção de Nickelodeon Animation 
Studios. Local. Estados unidos. Nickelodeon, ano 
2005. Netflix 
It is important to draw wisdom from different 
places. If you take it from only one place it be-
come rigid and stale. Understanding others, the 
other elements, the other nations, will help you 
become whole.
Iroh
AVATAR: A lenda de Aang. Direção: Michael Dante 
DiMartino. Produção de Nickelodeon Animation 
Studios. Local. Estados unidos. Nickelodeon, ano 
2005. Netflix
Dedicatória
A todos aqueles que vieram antes de mim, e ladri-
lharam o caminho sobre o qual eu ando.
A todos aqueles que vem depois, e que continuam 
o trabalhando para que a estrada do conheci-
mento seja cada vez maior
RESUMO
O trabalho busca propor uma nova centralidade no mu-
nicípio de Praia Grande, compreendendo uma série de 
complexidades as quais culminaram na atual dinâmica de 
ocupação da cidade, sua distribuição populacional e ha-
bitacional. Identifica os eventos históricos que perpetuam 
o modelo de ocupação baseado no turismo balneário e na 
habitação de segunda residência. Também analisa a his-
tória da produção de habitação no Brasil, para entender a 
distribuição dos conjuntos habitacionais na cidade. Pos-
teriormente é feita uma análise por mapas, indo da escala 
municipal à escala do lote, analisando a distribuição de 
conjuntos habitacionais, imóveis de segunda residência, 
entre outros. Também é apresentado um estudo de proje-
tos referenciais, que dão base à proposta apresentada em 
seguida.
Palavras chave: história de Praia Grande, Habitação so-
cial, imóveis de segunda residência, reurbanização
1. habitação social no Brasil
2. história de Praia grande
3. APROXIMAÇÃO DO LOCAL
4. REFERÊNCIAS
5. PROPOSTA
Introdução
Referências
15
75
82
61
47
32
17
1.1. Início do processo de produção habitacional 
popular.........................................................................18
1.2. Populismo e a estatização da habitação..........22
1.3. Habitação no regime militar.......................26
1.4. Cooperativas como alternativa à crise......28
2.1. Primeiras atividades .........................................34
2.2. Primeiros loteamentos......................................37
2.3. Expansão urbana..........................................42
2.4. Emancipação.................................................45
3.1. Panorama geral..................................................48
3.2. Comparativo entre bairros...............................50 3.3. Local de intervenção....................................56
4.1. Jardim Edite.......................................................62
4.2. Unidade de Habitação de Marselha................66 4.3. Galeria Jardin................................................70
INTRODUÇÃO
Formada por uma ocupação voltada para o turismo e o lu-
cro do setor imobiliário, Praia Grande é muito conhecida 
por seu turismo balneário, sendo a 4ª cidade mais procu-
rada por turistas no Brasil, segundo a Prefeitura municipal 
de Praia Grande. O uso do solo voltado para as moradias 
de veraneio -as quais os donos só usufruem nos períodos 
de férias e feriados- torna a cidade extremamente atrativa 
aos turistas, devido a grande oferta de casas para aluguel de 
temporada. Contudo fora esses períodos, grande parte da 
cidade fica com uso ocioso, milhares de habitações deixam 
de cumprir sua função social e a população de baixa renda, 
incapaz de competir com o feroz mercado imobiliário que 
se estabeleceu na cidade a décadas, é forçada a ocupar as 
porções mais afastadas, muitas vezes em áreas irregulares 
ou de proteção ambiental. Os conjuntos habitacionais, que 
deveriam oferecer uma moradia digna a essas pessoas aju-
da a perpetuar o modelo de segregação social e espacial, 
sendo locados em áreas afastadas dos centros, com distri-
buição de equipamentos públicos insuficiente e infraestru-
tura precária. 
O projeto Reocupar, através da pesquisa, análise e compre-
ensão desse processo histórico municipal tão pouco docu-
mentado busca trazer alternativas para distribuição popu-
lacional mais sustentável, oferta de serviços, espaços, áreas 
de lazer e demais usos para fortalecer as relações entre os 
futuros moradores e o lugar, dando muito mais que um lu-
gar para morar, mas também melhores condições para vi-
ver. 
15
1. habitação social no Brasil
17
Vamos iniciar o trabalhando abordando os aspectos da pro-
dução habitacional no Brasil -desde o início da república- no que 
tange a produção de habitação de interesse social, a fim de com-
preender seu processo histórico e as consequências desse proces-
so atualmente. 
1.1. Início do processo de produção habitacional popular
Durante o final do século XIX e início de século XX, o 
Brasil era marcado por uma economia de base liberal. Esse 
modelo econômico ditava como o governo faria sua gestão 
diante os mais diversos assuntos, e a habitação era um deles. 
De fato, a produção de habitação não era vista como algo de 
papel do Estado: 
As limitadas iniciativas do Estado no 
campo da habitação para os trabalhado-
res surgem no marco das grandes trans-
formações resultantes do advento do tra-
balho livre e da República. Essas ações, 
no entanto, ficaram restritas à legislação 
sanitária e edilícia e a isenções fiscais, 
com uma insignificante ação do Estado 
na produção de unidades habitacionais e 
regulamentação do inquilinato. (BON-
DUKI, 2014, p. 19).
No trecho acima destacado, Bonduki pontua a ação do 
Estado no período como restrita a algumas ações. Essa visão, 
na qual o Estado não interferia nas questões habitacionais 
estava enraizada em um pensamento que, caso o Estado in-
terferisse, ele tornaria a competição contra os produtores de 
unidades habitacionais injusta, por disponibilizar de inúme-
ros recursos e meios que esses produtores não dispunham. 
Vale lembrar que, durante esse período, o Brasil passa-
va por um período de transformação econômica e social, o 
êxodo rural era uma realidade que levava muitas famílias a 
abandonarem seus locais de origem em busca de novas opor-
tunidades nas grandes cidades, que por sua vez foram fican-
do cada vez mais saturadas: 
As características da economia agrá-
rio-exportadora, com o predomínio do 
liberalismo, favoreceram o investimen-
to privado na produção da moradia de 
aluguel, que prevaleceu em todo o país. 
Vários fatores estimularam a produção 
rentista: forte demanda por moradia 
nas principais cidades, alta rentabilida-
de do investimento e baixo risco, pois 
os aluguéis não eram controlados e os 
empreendedores se beneficiavam, ainda, 
da valorização imobiliária. (BONDUKI, 
18
2014, p. 19).
Esse crescente aumento demográfico foi transformando o 
mercado de produção habitacional voltada para o aluguel em um 
mercado extremamente rentável. Nesse modelo de produção, o 
principal objetivo era a maximização dos lucros através da dimi-
nuição dos espaços de cada unidade, dos corredores e banheiros, 
priorizando a quantidade de unidades em detrimento das condi-
ções de habitabilidade e saneamento básico. 
Em contrapartida, temos nesse período a construção de vilas 
operárias: 
As “vilas operárias” definiam-se como 
um padrão de moradia popular oposto à 
favela, ao mocambo e ao cortiço, supon-
do ordem, higiene e decência. O termo 
sugeria casas salubres e dotadas de or-
dem espacial interna, que se distinguia 
da falta de higiene, de espaço e de con-
forto atribuída às casas dos pobres urba-
nos. (CORREIA, 2001, p. 3)
 Essas vilas eramconstruídas a partir da iniciativa de empre-
sários, que as locavam em áreas lindeiras às suas indústrias: 
Várias explicações podem ser procura-
das para entender a emergência dessas 
vilas: filantropia de empresários favorá-
veis à harmonia entre o capital e o tra-
balho; estratégia para atrair operários 
em um mercado de trabalho incipiente; 
forma de disciplinar o tempo livre dos 
operários, submetendo-os à ordem bur-
guesa e mantendo-os sob permanente 
controle; necessidades da própria produ-
ção. (BONDUKI, 2014, p. 20).
Independente dos motivos e circunstâncias que levavam a 
produção dessas vilas, elas são a primeira manifestação de uma 
produção habitacional popular de qualidade, e muitas delas con-
Imagem 1:Típico Cortiço 
no Rio de Janeiro. Fonte: 
Colégio objetivo. Disponível 
em: https://www.objetivo.br/
19
tavam não apenas com unidades habitacionais, mas também 
com escolas, áreas de lazer, igrejas, enfermarias, entre outros 
(Bonduki, 2014, p. 20). Como exemplo, vamos falar a seguir da 
Vila Maria Zélia. 
Inaugurada em 1919 junto à Companhia Nacional de Tecidos 
de Juta, com projeto de responsabilidade do arquiteto Pedarrieux, 
a vila Maria Zélia1 atendia, além das 198 unidades habitacionais 
1 A vila recebeu o nome em homenagem a falecida filha 
do industrial Jorge Luís Gustavo.
-divididas em quatro tipos-, alojamentos individuais para cator-
ze operários solteiros, teatro, escolas separadas para meninos e 
meninas, praça com coreto, igreja, creche, biblioteca, restaurante, 
sapataria salão de festas e áreas para recreação e esporte. 
A vila era, sem dúvidas, uma excelente alternativa aos cor-
tiços e outras modalidades de habitação que existiam na época 
para atender a população operária, mas a vida nesse lugar era 
regrada, os trabalhadores estavam sempre à mercê da sirene da 
Imagem 2: Vila Maria Zélia. Fonte: Bonduki, 2014, p. 23 
Legenda: 
1- Teatro 
2- Área destinada ao comércio 
3- Praça 
4- Igreja 
5- Área destinada à biblioteca 
6- Escola masculina 
7- Escola feminina 
8- Jardim de infância
9- Creche 
20
fábrica, e suas famílias viviam sempre sobre os olhos do patrão. 
Além dos cortiços e das vilas operárias, outra forma de pro-
dução habitacional que surgiu na época foram as vilas particu-
lares. 
Abrangendo desde pequenos conjuntos 
de casas geminadas até grandes núcleos, 
que ocupavam vários quarteirões, sem 
qualquer tipo de equipamento coleti-
vo, esses empreendimentos visavam ex-
clusivamente à renda da locação, sendo 
promovidos tanto por pequenos investi-
dores como por grandes empresas cons-
trutoras e sociedades mutuárias. (BON-
DUKI, 2014, p. 26).
Essas vilas tinham como principal característica o apro-
veitamento máximo dos seus terrenos, gerando unidades sem re-
cuo lateral, a fim de gerar mais lucro, mas tinham melhores con-
dições sanitárias e de habitabilidade que os cortiços já citados. 
Proliferaram-se os bairros operários, 
principalmente ao redor das estações 
ferroviárias, das novas linhas de bondes 
ou próximas das concentrações fabris. 
Empreendimento da Sociedade Mútua 
Economizadora Paulista, a Vila Econo-
mizadora é um exemplar de conjunto re-
sidencial operário originalmente consti-
tuído de 134 unidades, distribuídas entre 
residências e armazéns. (LEMOS Apud 
Condephaat, 2013)
A vila trazia uma alternativa de moradia aos cortiços, 
sendo essas mais salubres, mas sem dispor de áreas de uso co-
mum como as vilas operárias. As vilas particulares geravam lu-
cro através dos aluguéis cobrados, portando uma taxa de ocu-
pação maior do terreno significava uma maior renda mensal ao 
seu proprietário. Mesmo com a busca clara pelo lucro, a questão 
sanitária era preocupante na época -principalmente por crises 
Imagem 3: Vila Maria Zélia. 
Fonte: Sociedades amigos da 
Vila Maria Zélia. Disponível 
em: https://www.vilamaria-
zelia.com.br/
21
como a da Gripe Espanhola, em 1918- e chegou a movimentar 
ações do Estado, que se mantinha eupático em questões relacio-
nadas ao mercado habitacional. 
Para ampliar o mercado solvável de uma 
moradia “saudável”, foram inúmeras 
as iniciativas, tanto do governo federal 
como das municipalidades das principais 
cidades brasileiras, a oferecer isenções 
fiscais para empresários que se dispuses-
sem a alugar uma unidade por um valor 
compatível com a remuneração dos tra-
balhadores de baixa renda. (BONDUKI, 
2014, p. 27).
Como exemplo de vila particular, vamos falar aqui da Vila A 
Economizadora, localizada na cidade de São Paulo, S.P.
A mais conhecida e documentada, cons-
truída entre 1908 e 1910, no Bairro da 
Luz, em São Paulo, foi denominada Vila 
Economizadora. O projeto foi realizado 
pelo arquiteto italiano Giuseppe Sacche-
tti e incluía 147 casas de vários tipos, de 
um a três dormitórios, e vinte armazéns. 
(BONDUKI, 2014, p. 26).
Em seu projeto original, a vila possuía 147 edificações, sendo 
127 habitacionais e 20 comerciais (Condephaat, 2013). E mesmo 
com o aproveitamento máximo do terreno para construção de 
unidades, o preço dos aluguéis não era compatível com a maioria 
dos salários dos operários, que precisavam, muitas vezes, optar 
por locais mais insalubres para conseguir arcar com os custos do 
aluguel e das demais despesas da família. 
1.2. Populismo e a estatização da habitação 
A Revolução constitucionalista foi um momento crucial na 
história política do Brasil. Dentre as várias mudanças políticas 
Imagem 4: Vila A Ecnomizadora. Fonte: Condephaat, 2013.
22
que ocorreram com a ascensão de Getúlio Vargas ao poder, es-
tava o reconhecimento do poder de intervenção e regulamen-
tação Estatal na produção de habitação para as camadas menos 
abastadas da sociedade. Parte significativa desse reconhecimento 
governamental vem da intenção de formar e fortalecer uma so-
ciedade de cunho urbano-industrial (Bonduki, 2014, p. 41). 
Marcos institucionais dessa intervenção 
foram o Decreto-Lei do Inquilinato, de 
1942, que congelou os aluguéis, o Decre-
to-Lei n. 58/1938, que regulamentou a 
venda de lotes a prestação, a criação das 
carteiras prediais dos Institutos de Apo-
sentadorias e Pensões (IAPs). (BON-
DUKI, 2014, p. 41).
 Essas medidas tomadas pelo governo foram parte crucial 
do reconhecimento e do enfrentamento da questão habitacional, 
não apenas em seu déficit, mas também nas relações estabeleci-
das entre locadores e locatários. Contudo, essas ações geraram 
consequências que desencadearam em uma série de fatores que 
ditam até hoje como é produzida habitação no Brasil, como por 
exemplo, a produção de habitação em loteamentos periféricos 
-muitas vezes loteamentos não regulamentados pelos órgãos res-
ponsáveis- e as relações de locação.
Vamos, primeiramente, falar sobre a Lei do Inquilinato. Cria-
da a fim de regulamentar as relações entre locadores e locatários 
-que, quando não possuíam qualquer regulamentação, se basea-
vam puramente na lei da demanda e da oferta- a lei provocou 
um forte impacto no processo de produção de habitação, que até 
então se baseava principalmente na construção com aproveita-
mento máximo de unidades. Com ela, os preços dos aluguéis fo-
ram congelados: 
As consequências para o processo de 
produção da moradia popular e mes-
mo para os setores médios foram muito 
fortes e negativas. Como os investido-
res privados reduziram drasticamente a 
construção de casas de aluguel para a po-
pulação de baixos rendimentos, aumen-
Imagem 5: Casas autocons-
truídas em São Paulo. Fonte 
Carlina Garcia. Disponível 
em: https://paineira.usp.br/
23
tou de forma dramática a carência de ha-
bitações nas grandes cidades brasileiras 
que, ademais, recebiam um intenso fluxo 
migratório provocado pelas novas con-
dições econômicas. (BONDUKI, 2014, 
p. 44).
A carência de unidades habitacionais não se dava apenas pe-
los desabrigados pelos despejos, mas também devido ao grande 
fluxo migratório que o êxodo rural ainda causava. Esse déficit 
fortaleceu um dos mais disseminados meios de produção de ha-
bitação para a população de baixa renda:o auto empreendimento 
da casa própria em loteamentos periféricos 
Assim, tanto os antigos inquilinos des-
pejados como os novos habitantes das 
cidades acabaram por alimentar o cha-
mado padrão periférico de crescimento 
urbano, baseado na formação de assen-
tamentos precários e no autoempreen-
dimento da casa própria, alternativa 
que proliferou no período. (BONDUKI, 
2014, p. 45).
Essa -não nova, mas fortemente disseminada a partir de en-
tão- forma de se produzir habitação era uma solução que, além 
de proporcionar a tão sonhada casa própria sem a necessidade 
de grandes financiamentos ou altos custos iniciais, viabilizava a 
moradia sem que o Estado precisasse investir no setor.
Os IAP’S -Institutos de Aposentadoria e Pensão- foram cria-
dos na década de 1930, e representaram uma verdadeira estati-
zação da previdência social no Brasil (Bonduki, 2014, p. 46) e 
com sua criação, a aplicação de suas verbas, a fim de gerar ren-
dimentos era uma questão de extrema importância para sua ma-
nutenção. O instituto viu na produção de habitação uma forma 
de investir seus fundos: 
Os institutos viam na inversão imobiliá-
ria uma possibilidade de “elevado ren-
dimento, bem acima da taxa mínima 
atuarial prefixada [...], a qual corrige os 
efeitos desastrosos da depreciação da 
Imagem 6: Conjunto resi-
dencial Várzea do Carmo, 
feito pelo IAP. O conjunto 
proporcionava, além de 
habitação, usos como escola, 
creche, restaurantes, entre 
outros. Fonte Arquivo Arq. 
Disponível em: https://www.
arquivo.arq.br/
24
moeda”. (BONDUKI, 2014, p. 46).
Assim como os proprietários de terra em grandes cidades 
durante a República Velha, foi na produção e locação de habi-
tação que os IAPs viram uma forma de evitar a depreciação -e 
perda- do seu dinheiro em caixa, além de oferecerem auxílio aos 
seus associados em tempos de crise habitacional. 
Contudo, como se baseava numa lógica de produção que vi-
sava o aluguel, a produção de unidades pelos IAPs consistia em 
projetos com muito mais qualidade projetual e material, visando 
uma vida útil da edificação em prazo muito mais longo, já que o 
empreendimento era visto como parte do patrimônio do insti-
tuto. 
A relação custo x qualidade que se pre-
tendia era o resultado da aplicação de 
métodos racionalizados de projeto e 
construção, indicando um conhecimen-
to preciso das dificuldades técnicas e 
materiais implícitas nesse projeto. (BRU-
NA, 2015, p. 120).
Esse modelo de produção começou a entrar em crise com o 
congelamento do preço dos aluguéis, que diminuiu significativa-
mente a rentabilidade dos IAPs em relação ao investimento feito 
para a construção de unidades habitacionais.
As aplicações na produção de moradias 
para os associados, no entanto, não al-
cançaram a rentabilidade esperada, so-
bretudo após o congelamento dos alu-
guéis. Por essa razão, ocorreu no interior 
dos IAPs uma forte polarização entre os 
defensores do investimento em habita-
ção social, formados principalmente pe-
los sindicatos e associados, e a burocra-
cia atuarial dos próprios institutos, que 
o consideravam uma queima de reservas 
em um setor que não era o prioritário 
das instituições previdenciárias. (BON-
DUKI, 2014, p. 47).
Além dos projetos feitos pelos IAPs -que atendiam apenas 
seus associados- foi criada a Fundação da Casa Popular -institu-
cionalizada em 1º de maio de 19462, no início do governo Dutra- 
para implementar uma política de habitação de caráter univer-
salista (Bonduki, 2014, p. 48). A fundação tinha planos que iam 
muito além da construção de unidades, buscando fortalecer o 
desenvolvimento urbano, econômico e social.
2 “A escolha de 1° de maio para a promulgação do De-
creto-lei que criou a Fundação da Casa Popular é reveladora do 
alcance político que se pretendeu dar a tal iniciativa” (AZEVE-
DO, ANDRADE, 2011, p. 2)
25
Além da construção de casas populares, 
previa-se financiar obras de infraestrutu-
ra urbana; atuar no serviço social; abrir 
linhas de financiamento para as indús-
trias de material de construção; e apoiar 
pesquisas de processos construtivos e es-
tudos sobre as tendências regionais das 
moradias, incluindo arquitetura, hábitos, 
clima, materiais e mão de obra. (BON-
DUKI, 2014, p. 48).
Contudo, as camadas da sociedade que seriam beneficia-
das pelo programa não eram organizadas o suficiente para man-
ter e/ou justificar as ações da Fundação, ao contrário dos seus 
críticos -que se opunham por motivos econômicos ou políticos- 
e se uniram para o programa.
A tarefa era desproporcional à força, aos 
recursos e à maturidade institucional da 
Fundação da Casa Popular. Não eram 
apenas constrangimentos de ordem 
técnica, financeira e administrativa que 
tornavam inviável a abertura de tantas 
frentes de trabalho. No plano político, 
muitos desses objetivos poderiam ser 
considerados assuntos de “peculiar inte-
resse” do município, faltando-lhe com-
petência constitucional para atuar livre-
mente nessas áreas. Tampouco dispunha 
a Fundação de respaldo político, tradu-
zido em recursos financeiros, apoio dos 
Estados ou legislação que lhe conferisse 
monopólio de algum recurso crítico, que 
lhe desse posição de vantagem para ne-
gociar com os municípios. (AZEVEDO; 
ANDRADE, 2011, p. 3).
Entretanto, mesmo com as oposições e ações que indiquem 
um “fracasso” dessas instituições em relação aos seus planos, é 
valido -e extremamente- importante lembrar que essas foram 
as primeiras medidas governamentais e institucionais em rela-
ção à uma produção de moradia com foco não apenas no lucro 
máximo, mas sim na qualidade de vida de seus moradores e na 
condição social e econômica que essa camada da sociedade se 
encontrava. 
1.3. Habitação no regime militar 
Com a mudança brusca de poder no governo, muitas das po-
líticas adotadas anteriormente passaram por uma série de mu-
danças, e com a habitação não foi diferente. 
No novo governo, que interrompeu a or-
dem institucional, antigas medidas que 
26
Vargas queria implementar ainda em 
1945, como a extinção dos IAPs e a uni-
ficação da previdência, objetivando uni-
versalizar a previdência social e ampliar 
o atendimento habitacional, puderam se 
viabilizar. (BONDUKI, 2014, p. 63).
A nova centralização do Estado permitiu que medidas 
fossem tomadas de forma mais hegemônica em nível nacional, 
não em respeito de quantidade ou distribuição, mas sim de for-
ma de implementação dos projetos e programas. 
As principais mudanças criadas pelo governo, -no que tange 
o assunto aqui tratado- são a criação do Banco Nacional de Ha-
bitação e a transformação da Fundação da Casa Popular no Ser-
viço Federal de Habitação e Urbanismo (Serfhau). A criação de 
programas habitacionais, na época, significava muito mais que 
solucionar o déficit habitacional, mas também criar uma base 
de apoio ao governo, e estruturar em nossa cultura o modelo de 
consumo da casa própria, fixando ainda mais a visão mercantil 
da habitação. Apesar das cicatrizes que esse período deixou -e de 
todos os aspectos negativos desses programas que serão abor-
dados mais a frente- em nossa história, não podemos negar a 
importância da criação da primeira uma política nacional de ha-
bitação no período. 
Esse período foi o único − pelo menos 
até o início do século XXI − em que o 
país teve, de fato, uma Política Nacional 
de Habitação. (BONDUKI, 2014, p. 64).
As mudanças que aconteceram na esfera econômica in-
terferiram drasticamente no modo de se produzir habitação. Sis-
temas como o FGTS3 e o SBPE4 facilitaram o financiamento de 
casas para a classe média 
O SBPE, operado por agentes finan-
ceiros privados, passou a ter um papel 
fundamental no financiamento da casa 
3 Fundo de Garantia do Tempo de Serviço. 
4 Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimos. 
Cojunto Habitacional 
do BNH no bairro 
Aparecida, em Santos, 
no anos 1970. Fonte: 
Acervo FAMS. Dispo-
nível em: http://jornal-
perspectiva.com.br/
27
própria para a classe média, o que gerou 
um boom de incorporações imobiliárias 
que caracterizouo “milagre brasileiro”. 
(BONDUKI, 2014, p. 64).
Essa facilidade no financiamento refletiu de forma positiva na 
construção de unidades, que por mais que não fossem o suficien-
te para sanar a questão habitacional que assolava -e ainda assola- 
o país, teve uma produção considerável. O modelo disseminado 
na época -baseado no financiamento da casa própria- perdura 
vivido até atualmente, e apesar de proporcionar facilidade para 
famílias de média renda, ele não atende as famílias de baixa ren-
da, deixando de lado uma grande parte da população que neces-
sita de atendimento nesta -e em diversas outras- questão.
Além da insuficiência de atender os problemas do acesso a 
moradia, os projetos criados pelo BNH apresentavam uma sé-
rie de outros problemas, a começar pela implantação, que geral-
mente se estabelecia com a força de um colonizador espanhol, 
ignorando todas particularidades e características do terreno, e 
estabelecendo um traçado ortogonal com unidades exatamente 
iguais, quase que carimbadas sobre o terreno. 
Do ponto de vista da arquitetura e do ur-
banismo, os conjuntos habitacionais im-
plantados com financiamento do Banco 
Nacional da Habitação se tornaram uma 
referência tão negativa que se difundiu, 
tanto entre os especialistas como na opi-
nião pública em geral, a ideia de que a 
experiência do BNH foi um absoluto de-
sastre. (BONDUKI, 2014, p. 66).
Além da agressão com o local -e sua completa falta de relação 
com o entorno- os projetos geralmente se localizavam em áreas 
afastadas da cidade, cujos lotes e glebas eram significativamente 
mais baratos, o desenvolvimento da região era embrionário, sem 
oferta de serviços, comércios, empregos e demais atividades em 
quantidade suficiente para atender a demanda populacional que 
iria ocupar o local e a oferta de transporte coletivo era precária -e 
em muitos casos sequer existia- o que dificultava a vida dos mo-
radores, pois não encontravam as atividades que necessitavam 
no entorno, nem conseguiam se deslocar de forma eficiente para 
encontra-las em outras regiões da cidade. 
1.4. Cooperativas como alternativa à crise 
Durante os anos de 1980 e 1990 o Brasil se encontrava 
em meio a uma forte crise econômica, enquanto passava pelo 
processo de redemocratização das instituições após o fim do 
regime militar. Essa crise econômica levou muitas pessoas a 
considerar esse período como “décadas perdidas”, se basean-
do principalmente na estagnação do PIB, mas como aponta-
do por Bonduki, esse período representou um grande avanço 
28
nas questões políticas e sociais nacionais. 
Tornou-se comum qualificar como déca-
das perdidas os anos 1980 e 1990. É uma 
avaliação equivocada, de caráter econo-
micista, baseada exclusivamente em in-
dicadores como o baixo crescimento do 
Produto Interno Bruto (PIB), (...). 
O período esteve longe de ser “perdido”; 
ao contrário, foi fértil, rico, de grande 
vitalidade social e política. (BONDUKI, 
2014, p. 79). 
Mesmo com as implicações que essa crise econômica trouxe 
-como o aumento da violência e o crescimento das favelas nas 
cidades- as lutas políticas deram aos cidadãos uma série de di-
reitos, apoio a leis ambientais, políticas de educação, saúde, entre 
outros. 
Esse período foi marcado por um substancial aumento na 
consciência social da população. Alguns movimentos sociais e 
sindicatos tomaram força nessa época, entre eles estava a Central 
Única dos Trabalhadores (CUT) e a Central dos Movimentos Po-
pulares (CPM), que fortaleciam a luta dos trabalhadores em prol 
de uma determinada luta, seja pela educação, saúde, moradia, 
melhores condições de trabalho etc.
A respeito da produção habitacional, esses movimentos cul-
minaram na criação e realização do Fórum Nacional pela Refor-
ma Urbana (FNRU) que atuou na introdução de uma seção sobre 
desenvolvimento urbano na constituição brasileira, e que ainda 
luta pela democratização da cidade e fim do processo de segrega-
ção social e espacial. 
Alguns projetos que uniam a participação de profissionais da 
área e a sociedade civil atuaram na época, auxiliando, de manei-
ra quase independente, a fornecer moradia digna as pessoas que 
trabalhavam nos mesmos. Como exemplo desse modo de cons-
trução -civil e social- vamos usar o COPROMO, e um de seus 
conjuntos habitacionais, que foi feito em Osasco através da união 
da participação do grupo Usina, a Associação Terra é Nossa e a 
Trabalhadores durante obras do COPROMO. Fonte: USINA 
CTAH. Disponível em: archdaily.com.br
29
população. 
 O projeto começou em 1990, quando a Associação Terra 
é Nossa percebeu a carência de habitações na cidade, e iniciou 
um cadastramento das famílias que se interessavam por novas 
unidades na área, e os cadastros chegaram a cerca de 10mil 
famílias. Assim que se findaram os cadastros, as famílias sele-
cionadas se uniram a associação, e ocuparam uma área ociosa 
no bairro Piratininga, estabelecendo lá um barracão para sediar 
a COPROMO5
 O conjunto foi feito através de mutirões, onde os próprios 
moradores ficariam responsáveis pela execução da unidades. O 
projeto foi pensado a partir da planta da unidade habitacional 
-os moradores foram ouvidos, e a optaram por unidades com 
dois dormitórios- que foi modulada através da medida do bloco, 
criando as áreas da unidade, que ficou com 54m². O conjunto foi 
concebido em 50 blocos, tendo cada um deles 5 andares com 4 
unidades por andar.
O uso do bloco cerâmico estrutural facilitou na construção 
das unidades, que foram edificadas utilizando escadas metálicas 
-de estrutura independente- que foram locadas logo após a exe-
cução das fundações, evitando o uso de andaimes e tornando a 
obra mais segura para os executores. 
5 “COPROMO - Associação Por Moradia de Osasco”. 
Fonte: Grupo Usina
 O financiamento das unidades estava se mostrando um 
grande impeditivo para a realização do projeto, então, um gru-
po de 300 moradores se uniu para financiar a primeira etapa da 
obra, que posteriormente recebeu recursos da CDHU para con-
clusão das unidades. 
Essa parceria entre a população e os técnicos proporcionadas 
pelos mutirões nos mostra como a sociedade pode atuar em con-
junto para ajudar a combater o déficit habitacional e proporcio-
nar moradia de qualidade para todosv.
Quando as unidades foram distribuidas 
aos moradores, um dos critérios estabele-
cidos foi a proximidade entre eles, colo-
cando pessoas próximas em unidades nos 
mesmos andares, respeitando as relações 
sociais da comunidade estabelecidas antes 
de se mudarem para o conjunto.
30
COPROMO. Fonte: USINA CTAH. Disponível em: 
archdaily.com.br
31
2. História de Praia Grande
33
 Para entender melhor a situação atual da cidade, bem como suas 
dinâmicas sociais e espaciais, precisamos compreender seu pro-
cesso histórico, e não apenas a partir da emancipação de Praia 
Grande, mas dede o início da colonização. Vamos abordar sobre 
o período colonial, o início dos loteamentos e ocupação do solo 
da cidade, seu desenvolvimento e os reflexos no modo de ocupa-
ção do local atualmente.
2.1. Primeiras atividades
Com a chegada dos portugueses ao Brasil -e sua posterior di-
visão do território em capitanias hereditárias- as relações de uso 
e ocupação do solo mudaram drasticamente. Segundo Siqueira 
(2002), as atividades na capitania de São Vicente eram voltadas, 
principalmente na produção dos engenhos de açúcar. 
A região que hoje abrange Praia Grande -que pertenceu a São 
Vicente até 1967- era o principal caminho que ligava a antiga 
vila de Conceição6 a São Paulo de Piratininga. Essa rota era feita 
através da faixa de areia, indo até o então Sítio Prainha -atual-
mente no local está a Fortaleza de Itaipu- onde a travessia para a 
ilha de São Vicente era feita principalmente por canoas ou barcos 
de pequeno porte. Outro caminho utilizado era através dos rios, 
principalmente o rio Piaçabuçu:
O principal rio de acesso a esses lugares era o Rio 
Piaçabuçu. Durante muito tempo, Praia Grande 
6 A antiga Vila Conceição é, atualmenteo município de 
Itanhaém
Mapa 1: São Paulo de Piratininga. Fonte: FGV. Disponível em: https://atlas.
fgv.br/
34
era conhecida como Piaçabuçu ou Caminho de 
Conceição de Itanhaém (SIQUEIRA, 2002, p. 
58).
A ligação entre a área continental da capitania e a ilha de 
São Vicente era de extrema importância para a ligação com São 
Paulo, uma vez que era da ilha que partia a rota para a capital, 
levando os habitantes da área continental a enfrentar distâncias 
-curtas ou longas- em canoas. Essa comunicação era essencial 
para o comércio e desenvolvimento tanto das cidades no litoral 
como para a capital, uma vez que o litoral vicentino era passagem 
obrigatória para quem saia da capitania rumo à Europa.
Nos primeiros anos de 1800 foram realizados recensea-
mentos7 na capitania, os quais indicavam que as principais ati-
vidades da região estavam ligadas à agricultura e a criação de 
animais, cuja mão-de-obra era escrava, e seus produtos eram 
destinados ao abastecimento das vilas de São Vicente e Santos 
(SIQUEIRA, 2002. p. 45). Além das fazendas, no local existiam 
comunidades caiçaras, que viviam principalmente da pesca e de 
pequenas culturas. 
Um fator determinante na mudança da ocupação do solo 
do local -e de diversos outros no Brasil- foi a Lei Nº 601 de 18 de 
setembro de 1850, também conhecida como Lei das Terras. Seu 
principal objetivo era regularizar e regulamentar a posse, a ven-
da e a compra de térreas no Império. Porém a lei auxiliou numa 
nova visão de mercado, onde a terra e sua propriedade passam a 
ser vistas como mercadoria a ser comercializada. Essa nova visão 
mercantilista da terra causou a perda de terras de muitos caiçaras 
-que em sua maioria eram analfabetos- e indígenas que viviam 
na cidade. 
Após tomarem as terras dos caiçaras e dos ne-
gros, intermediários acabaram vendendo esses 
bens para loteadores, dando início ao processo 
7 Recenseamento é um estudo estatístico que se refere a 
uma determinada população. 
Imagem 7: Sítio Prainha. 
Fonte: Novo Milênio. Dis-
ponível em: https://www.
novomilenio.inf.br/
35
Fortaleza do Itaipu, que ocorreu em 1902, mu-
dou os destinos de quatro desses sítios, pois 
sua construção levou à aquisição e à mudança 
de propriedade dos mesmos. (VIEIRA, 2008, p. 
210).
 No ano de 1912 foram iniciadas as obras da estrada de 
ferro Santos – Juquiá, -que passou a se chamar como Estrada 
de ferro Sorocabana, em 1927- criando um acesso ao distrito. 
Em 1914 foi inaugurada a Ponte Pênsil, que fazia parte das obras 
do engenheiro sanitarista Saturnino de Brito, para combater as 
doenças que aplacavam a cidade de Santos. Mas não foi apenas 
esgoto que a Ponte Pênsil trouxe para o distrito, com ela o acesso 
ficou ainda mais fácil, agora sem a necessidade de fazer a traves-
sia de canoa, permitindo o trânsito de carros e carroças pelo leito 
carroçável que cobria os dutos de esgoto. 
de criação dos loteamentos (...) Mônica Solange 
Rodrigues. (Praia Grande. A tribuna, Santos, 19 
jan. 2008 apud VIEIRA, 2008, p. 53).
Outro acontecimento que mudou a forma de se ver e ocu-
par o litoral foi a popularização do banho de mar -que aconteceu 
primeiro na Europa- para fins terapêuticos. Aqui no Brasil, um 
dos principais divulgadores do banho de mar foi o rei Dom João 
VI, que os tomava frequentemente, fazendo uso de um caixote 
de madeira -que ficava semimergulhado- por indicação médica, 
para curar uma infecção causada por um carrapato. Quando a 
prática se populariza, e passa a ser feita de forma recreativa, as 
áreas litorâneas se transformam em locais com forte potencial 
turístico e, consequentemente, potencial para exploração imo-
biliária. 
Com a virada do século XX, o distrito de Praia Grande passa por 
uma série de mudanças que transformam sua atividade comple-
tamente. Em 1902, é iniciada a construção da Fortaleza de Itaipu, 
que desapropriou uma série de fazendas, forçando seus morado-
res a ocuparem outros locais: 
Nessa época, já existiam alguns sítios (...) entre 
eles, destacamos os sítios: Momboatuba, Carva-
lho, J. Gonçalo, Pae Felipe, J. de Azevedo Cunha, 
Taperinha, Boguaçu, Guaramá, Itaipu, Prainha, 
Itaquitanduba, Suá e alguns outros.
Nesse contexto, o início da construção da 
Imagem 8: Pintura da Ponte 
Pênsil de Benedito Calixto. 
Fonte: Novo Milênio. Dispo-
nível em: novomilenio.inf.br 
36
Essa facilidade de acesso valorizou significativamente as 
terras do distrito, apesar da falta de infraestrutura no local. No 
início da década de 1920 as terras passaram a ser loteada:
S. Vicente, 23 de março de 1912
Amigo Narciso
(...) consta-me que você pretende ir a Con-
ceição, justamente nestes dias, antes da Páscoa, 
e, portanto, veja se pode chegar aqui em nossa 
casa para conversarmos. Temos muita coisa a fa-
lar sobre esses negócios de Conceição e princi-
palmente sobre essas terras de Praia Grande tão 
procuradas e cobiçadas, agora, pelos homens de 
negócio (...). 
Falaremos, ainda, sobre a sorte desses pobres 
praianos, nossos patrícios, e sobre o procedi-
mento desse italiano que pretende despojá-los 
do único bem que possuem: as suas terras. (...) 
(Calixto apud SIQUEIRA, 2002, p. 70).
Nesse trecho, que pertence a uma carta escrita por Be-
nedito Calixto, podemos ver a situação do distrito na virada do 
século XX. Com a Lei das Terras e a crescente especulação imo-
biliária na região, a população caiçara foi perdendo a proprieda-
de de suas terras -das quais tiravam seu alimento e sustento-, e 
passaram para os loteadores, os quais as dividiram para venda, 
maximizando seus lucros sobre elas.
Praia Grande passou por um intenso processo de mo-
dificação na virada do século XX, saindo de um local que 
servia principalmente de passagem, e abrigava uma pequena 
quantidade de fazendas, comunidades caiçaras e indígenas 
para uma das áreas mais cobiçadas pelo mercado imobiliário, 
indo de uma economia de base agrícola para uma industrial 
focada na construção civil em poucas décadas. 
2.2. Primeiros loteamentos
Mesmo com as novas construções, novos acessos e a cres-
cente especulação imobiliária sobre as terras do distrito de 
Praia Grande, o local ainda não contava com qualquer tipo de 
infraestrutura fornecida por São Vicente. 
No início da década de 1920 foram aprovados os primeiros 
empreendimentos imobiliários, conhecidos como vilas, e que 
tinham foco na venda de lotes para construção de casas vol-
tadas para o turismo balneário, também conhecidas como se-
gunda residência. As vilas aprovadas eram: Parque Paris, Vila 
Mathilde, Jardim Guilhermina, Vila Sarita, Vila Oceânica, Vila 
Tupy, Oceânica Amábile, Vila Bopeva, Vila Balneária I e Vila 
Balneária II (VIEIRA, 2008, p. 101).
Como podemos ver no mapa 2, essas vilas eram implanta-
das de forma descontínua, havendo pouca ou quase nenhuma 
37
Mapa 2: Primeiros loteamentos aprovados na cidade. Fonte: 
Prefeitura de Praia Grande, 2016. Execução: A autora, 2020
0 1 2 5km
Vl. Balneária
O
ceânica Am
abile
Vl. Bopeva
Vl. Tupy
V
l. O
ceânica
V
l. Sarita
Jd. G
uilherm
ina
Pq. Paris
Vl. M
athilde
N
38
as pessoas para o loteamento, seja para se hospedarem ou utilizar 
as cabines de banho. A localização do hotel era estratégica, estava 
dentro de um loteamento cujo principal propósito era a venda de 
terrenos para construção de casas de veraneio, o que facilitava a 
divulgação deles para os hospedes que ali se alojavam. Inclusive, 
já em 1928, existiam 5 casas de veraneios construídas no lotea-
mento prontas para venda.
Não era apenas o hotel que contava com divulgação. Os lo-
teamentos possuiam uma série de propagandas -impressas ou via 
rádio- voltadas para atrair um público que estava interessados 
em ter sua casa de veraneio. Muitas dessas propagandas mos-
travam o arruamento do empreendimento, suas características 
ligação entre elas, mostrando seu caráter completamente voltado 
para o veraneio, já que elas não contavam com praticamente ne-
nhuma infraestrutura básica, o que dificultaria e desestimularia 
a compra de um desses lotespara moradia. 
Um desses empreendimentos que merece destaque foi o Jar-
dim Guilhermina. Aprovado em 1925, o loteamento pertencia a 
Heitor Sanches Toshi e aos irmãos Guilherme e Arnaldo Guinle 
(SIQUEIRA, 2002. p. 87) sendo estes proprietários de parte da 
Cia de Docas de Santos. Alguns anos depois, em 1928, foi inau-
gurado o Hotel dos Alemães, que ficava localizado onde hoje é a 
esquina da Av. Guilhermina com a Av. Presidente Castelo Bran-
co, dentro do referido loteamento. O hotel oferecia quartos com 
infraestrutura completa -como é possível ver no panfleto abaixo- 
além de cabines de banho a serviço dos turistas que vinham à 
região apenas para passar o dia: 
No início do século XX, os banhos de mar ti-
nham caráter diferente de hoje. Eram recomen-
dados com fins terapêuticos, para tratar da saúde, 
por conta da concentração de iodo. As pessoas 
vinham para a Praia Grande se banhar ao raiar 
do dia, ainda de madrugada. (SIQUEIRA, 2002, 
p. 72).
Como podemos ver no texto acima, o banho de mar ainda 
preservava seu caráter terapêutico, apesar de já ser feito de for-
ma recreativa. A infraestrutura proporcionada pelo hotel atraia 
Imagem 9: Visitantes no Hotel dos Alemães - década de 1930. Fonte: Prefei-
tura Municipal de Praia Grande, 2011. Disponível em: http://www.cida-
daopg.sp.gov.br/
39
Em 1936 Praia Grande inaugura outro local que seria ponto 
de encontro e atrativo para novas pessoas conhecerem a cidade: 
O Aero Club de Santos. Ele tinha como função não apenas como 
clube aéreo, mas também tinha uma pequena escola de pilota-
gem. O local atraia ainda mais pessoas para o distrito, auxiliando 
na divulgação da região. O Aero Club também receber diversas 
pessoas ilustres, inclusive o ex-presidente Getúlio Vargas, como 
conta no plano diretor da cidade, de 2006 (BRASIL, São Paulo. 
Lei Complementar nº 473, de 27 de dezembro de 2006). 
Com a divulgação e criação dos loteamentos, o distrito foi 
atraindo cada vez mais pessoas, fomentando o mercado imobi-
e preços. Nessa época, a cidade de São Vicente não fornecia in-
fraestrutura básica para os empreendimentos, então ficava por 
conta do loteador fornece-los para seus compradores. O forne-
cimento dessa infraestrutura era um dos principais atrativos que 
o loteamento possuía, como podemos ver no recorte de jornal 
abaixo, de propriedade do acervo da Sra. Circe Sanchez Toshi.
Imagem 10: Propaganda do Hotel dos Alemães. Fonte: Acervo de Circe 
Sanches Toshi. Apud Imário Vieira
Imagem 11: Propaganda do loteamento Jardim Guilhermina. Fonte: Acervo 
de Circe Sanches Toshi. Apud Imário Vieira
Imagem 12:Recorte de jornal com aviso sobre o serviço de abastecimento de 
água. Fonte: Acervo pessoal Circe Sanchez Toshi. Apud Imário Vieira
40
liário e, posteriormente, atraindo atenção do poder público para 
a construção de novos acessos que fossem compatíveis não ape-
nas com a quantidade de pessoas que por ali circulavam, mas 
também com os novos meios de transporte. 
Nessa época, o setor automobilístico nacional começava a 
passar por transformações, e o transporte estava deixando de ser 
feito através de mulas e carroças, começando a disseminação do 
uso de veículos automotores. Porém, eles ainda eram restritos a 
Imagem 13:PP-RKU, Paulistinha, 
nacional. Da frota do ACS, no 
Aero Club de Santos. Fonte: Mario 
de Aguiar Leitão. Disponível em: 
https://www.novomilenio.inf.br/
pessoas com melhor condição socioeconômica, levando grande 
parte da população que precisava se deslocar para as áreas mais 
afastadas da cidade o fizessem através da ferrovia.
Imagem 14:Propaganda do Loteamento Flórida Fonte: Prefeitura 
Municipal de Praia Grande, 2011. Disponível em: http://www.
cidadaopg.sp.gov.br/
41
Em 1940 a ocupação da cidade começa a se estender por 
áreas mais afastadas de São Vicente, e são criados os loteamentos 
do Balneário Flórida e do Jardim Solemar. Essas áreas contavam 
com ainda menos infraestrutura que as mais próximas a ilha de 
São Vicente, fato que, posteriormente, fomentou o movimento 
emancipacionista praiagrandense.
2.3. Expansão urbana 
Durante a década de 1950, Praia Grande passou por grandes 
transformações urbanas. Até então, sua ocupação era fragmenta-
da e se dava por núcleos ligados à orla da praia, constituídos, em 
maioria, por residências térreas. Em 1944 foram inaugurados os 
primeiros edifícios em altura da cidade.
O primeiro prédio a ser erigido no Jardim Gui-
lhermina foi o Xixová (...) com doze aparta-
mentos e com o lançamento de sua pedra fun-
damental em 16 de janeiro de 1944. Foi seguido 
pelo segundo prédio a ser construído de nome 
Shangri-lá (...) e com 18 apartamentos. (VIEIRA, 
2008, p. 117).
A verticalização passa a se tornar característica comum da 
cidade, principalmente devido ao surgimento da construção por 
incorporação8. O maior fruto desse modo de construir, na época, 
foi a inauguração do Conjunto Habitacional Cidade Ocian. 
8 “A incorporação é o processo através do qual uma pes-
soa física ou jurídica rege uma obra de condomínio em terreno 
pertencente a outro proprietário”. Reis, 2019
Imagem 15:Propaganda do Conjunto Habitacional Ocian. Fonte: Acervo de 
Circe Sanchez Toshi apud Imário Vieira, 2008.
42
A Organização Construtora e Incorporadora 
Andraus Ltda vendia a ideia de que “a CIDADE 
OCIAN era autossuficiente” e que reunia, sozi-
nha, o que muitas cidades levariam anos e anos 
para conseguir, tais como: água, luz, esgoto, sis-
tema próprio de tratamento de esgoto, telefone, 
igreja, escola, mirante, núcleo comercial, agência 
do Banco Brasileiro de Descontos S.A. (BRA-
DESCO), jardins, isenção de imposto territorial, 
estacionamentos, valorização garantida, ônibus 
da Viação Cometa direto de São Paulo à Cida-
de Ocian, bomba de gasolina, táxi, dentre outros 
serviços. (VIEIRA, 2008, p. 124).
 O projeto do bairro buscava sanar todas as necessidades 
que São Vicente não atendia, criando uma pequena cidade com-
pletamente planejada e capaz de atender todas as necessidades 
dos proprietários das unidades habitacionais. 
Imagem 16:Propaganda do Conjunto Habitacional Ocian. Fonte: Acervo de 
Circe Sanchez Toshi apud Imário Vieira, 2008.
Imagem 17: 
Ocian nos anos 
1950 Fonte: Pre-
feitura Municipal 
de Praia Grande, 
2011. Disponí-
vel em: http://
www.cidadaopg.
sp.gov.br/
43
um importante fato para todo esse crescimento 
do incentivo ao turismo litorâneo de segunda re-
sidência foi a melhoria dos meios de circulação. 
(VIEIRA, 2008, p. 125). 
Além da procura por locais ainda não loteados na cidade, 
os que já estavam loteados também sofreram um grande impacto 
da crescente procura pelo local. Edifícios verticalizados ficaram 
cada vez mais comuns na cidade. Em 1961 foi inaugurada a Ro-
dovia Padre Manoel da Nóbrega, diminuindo a distância entre as 
cidades do litoral e a capital. 
Essa ocupação pioneira [da região da Baixada 
Santista] iria ganhar maiores contornos alguns 
anos depois com a construção da Via Anchieta 
e a expansão da indústria automobilística que 
aceleraram o processo de êxodo semanal do Pla-
nalto para a região, provocando a valorização dos 
terrenos localizados na área da orla marítima. Os 
primeiros loteamentos criados [em Praia Gran-
de] foram o Jardim Guilhermina e Cidade Ocian.
(A TRIBUNA, Santos, 19 jan. 2005. Especial Mu-
nicípios. 2 p. apud VIEIRA, 2008, p. 141).
 Nos anos de 1980 foi a vez da inauguração da Rodovia 
dos Imigrantes e a Ponte do Mar Pequeno, que, por sua vez, faci-
litou o acesso da populuação da ilha de São Vicente a área conti-
nental. 
 Outro ponto de importância crucial na expansão urbana 
da cidade foi a inauguração de uma série de obras de estradas e 
rodovias, ligando os pontos mais afastados da cidade com a capi-
tal e demais cidades da região. 
 A primeira a ser inaugurada foi a Rodovia Anchieta, em 
1947, mas que em poucos anos começou a ficar saturada, princi-
palmente depois do crescimento significativo da indústria auto-
mobilística no Brasil. A Rodovia dos Imigrantes tornou o acesso 
ao distritoainda mais fácil, ajudando na popularização da região.
Dentro desse contexto de melhoria dos meios 
de circulação, em 28 de junho de 1976, com a 
conclusão da primeira pista da Rodovia dos Imi-
grantes, a ligação entre a Grande São Paulo e a 
Baixada Santista tornou-se mais fácil. (VIEIRA, 
2008, p. 133).
Essa facilidade de acesso aos locais mais afastados da cida-
de impulsionou a expansão da macha urbana para essas regiões, 
inda pouco exploradas, mas com uma extensa orla de praia. 
Praia Grande preparava-se para um surto de 
crescimento urbano e um boom de novas mo-
radias verticalizadas que, a partir da construção 
da Via Anchieta e com a acumulação de capital 
que a população de nosso estado passava a ter, 
aumentou a busca por tais empreendimentos, 
principalmente, pela população da metrópole 
de São Paulo e adjacências. Cabe-se ressaltar que 
44
Entretanto, a Rodovia Padre Manoel da Nobrega acabou se im-
pondo como uma barreira física que divide a cidade em duas 
áreas: o chamado “lado praia”, que vai da rodovia em direção à 
orla, e o “lado morro” que vai da mesma em direção ao Parque 
Estadual da Serra do Mar. 
2.4. Emancipação 
Com o aumento da procura pelo distrito, a falta de in-
fraestrutura urbana e a negligência de São Vicente estava cada 
vez mais evidente, crescendo no cidadão praiagrandense o dese-
jo de mudança. 
Os moradores desta região vicentina se viram 
insatisfeitos com tantos problemas de infra-es-
trutura, serviços de saneamento básico, abasteci-
mento de água, luz, vias de acesso, problemas na 
área da saúde e muitos outros. (VIEIRA, 2008, 
p. 138).
O processo de emancipação da cidade foi gradual. Em 
1953 houve o primeiro movimento separatista de Praia Grande, 
liderado pelo loteador Júlio Secco de Carvalho, mas sem sucesso.
Anos depois, em 1963, foi feito um plebiscito, 
mas ainda sem conseguir o que a população espe-
rava. A Lei 8.092 de 28/02/1964 é que cria, então, 
o distrito e a cidade com o nome de Praia Gran-
de, com sede no bairro do Boqueirão. (VIEIRA, 
2008, p. 139). 
Em 1963 foi realizado um plebiscito, a respeito da se-
paração do distrito de Praia Grande da cidade de São Vicente. 
Mesmo com a vitória em prol da separação do distrito, a cida-
de só foi emancipada em 09 de janeiro de 1967, quando o então 
presidente Castelo Branco nomeou Nicolau Paal interventor da 
cidade. Praia Grande teve eleição para prefeito em 1968, vencida 
por Dorivaldo Lória Junior, que assumiu o cargo dia 1º de janeiro 
de 1969.
40 anos da Rodovia 
Imigrantes. Fonte: Re-
nato Lobo. Disponível 
em: https://viatrolebus.
com.br/
45
3. aproximação do local
47
Nesse capítulo vamos ver os reflexos do processo histórico de 
Praia Grande em alguns aspectos da municipalidade, na análise 
comparativa dos bairros Boqueirão e Solemar e mais detalhada-
mente na área de atuação do projeto.
3.1. Panorama geral
Primeiramente, vamos analisar alguns aspectos da cidade 
como um todo. No mapa 3, temos os seguintes dados: 
•	 Vazios urbanos;
•	 Participação de domicílios de 2ª residência;
•	 Conjuntos habitacionais na cidade.
Com esse mapa, podemos ver alguns aspectos o processo his-
tórico de ocupação da cidade, como os vazio gerados pela ocu-
pação feita através dos loteamentos. Esse modelo deixou diversas 
“cicatrizes” na cidade, evidenciando sua fragmentação no que diz 
respeito a ocupação e aos usos, e a má distribuição deles ao longo 
do território municipal. 
Outra evidência do processo de ocupação através dos lo-
teamentos é a altíssima concentração de imóveis de veraneio nas 
áreas lindeiras a orla da praia. Essas áreas, que foram as primeiras 
a serem loteadas e ocupadas na cidade, dispõe de melhor infraes-
trutura, mais oferta de serviços públicos e privados, mas fica à 
mercê de um uso escasso ao longo do ano, que aumenta de for-
ma insustentável nos períodos de férias e feriados. Esses locais se 
tornam, em muitos casos, verdadeiros desertos urbanos ao longo 
do ano, enquanto os moradores -principalmente das camadas mais 
sensíveis da sociedade- precisam se deslocar por longas distâncias 
para realizarem suas atividades do dia-a-dia, já que é impossível 
competir com a especulação imobiliária que esses imóveis tão bem 
localizados sofrem. 
Também vemos a distribuição dos conjuntos habitacionais na 
cidade, que se localiza esmagadoramente nas áreas mais afastadas 
dos centros comerciais. Esse modelo de ocupação -tão conhecido 
e difundido após o modelo criado pelo BNH- segrega ainda mais 
a população, amplia a malha urbana, e acaba aumentando os tem-
pos de viagem da população, que nesses locais contam com menos 
disponibilidade de linhas de ônibus -até o termino desse trabalho, 
segundo a Prefeitura de Praia Grande, nos bairros do lado morro9 
contam com 5 linhas, cuja única conexão entre elas é o Terminal 
Rodoviário Tático.
9 A área conhecida como “lado morro” fica na área à direita 
da Rod. Pe. Manoel da Nóbrega, no sentido de quem trafega pela 
mesma sentido São Vicente - Mongaguá
48
Conjuntos 
Habitacionais
Imóveis de 2 residência, 
de 80% - 100%
Vazios Urbanos
1 2 5km0
Mapa 3: Relação entre conjuntos habitacionais, imóveis de segunda residência e vazios urba-
nos. Fonte: Prefeitura de Praia Grande, 2016. Execução: A autora, 2020
N
49
3.2. Comparativo entre bairros
Vamos falar agora sobre as diferenças nas condições de ocu-
pação e na oferta de serviços em dois bairros da cidade: Solemar 
e Boqueirão.
0 1 2 5km
Solemar
Boqueirão Mapa 4: Localização dos bairros. 
Fonte: Prefeitura de Praia Gran-
de, 2016. Execução: A autora, 
2020
O bairro Solemar foi escolhido por ser o bairro objeto 
deste trabalho, e o Boqueirão foi escolhido por ser o primeiro 
bairro a ser ocupado na cidade, e por conter um conhecido cen-
tro comercial.
N
50
Mapa 5: Densidade de-
mográfica no bairro Bo-
queirão. Fonte: Prefeitura 
de Praia Grande, 2016. 
Execução: A autora, 2020
0 100 200 500m
1 a 25
26 a 50
51 a 75
76 a 100
101 a 150
151 a 250
> 250
Densidade hab/ha
51
1 a 25
26 a 50
51 a 75
76 a 100
101 a 150
151 a 250
> 250
Densidade hab/ha
1000 200 500m
Mapa 6: Densidade demográfica no bairro Solemar. Fonte: 
Prefeitura de Praia Grande, 2016. Execução: A autora, 2020
52
 Primeiramente, temos os mapas 5 e 6, mostrando a den-
sidade demográfica numa relação de habitantes por hectare se-
gundo o site da Prefeitura de Praia Grande. Enquanto o bairro 
do Solemar apresenta uma ocupação baixa, tendo entre 1 a 25 
habitantes por hectare, o bairro do Boqueirão apresenta uma 
taxa bem variada, mas mesmo tento quadras com baixa ocupa-
ção, ela ainda é significativamente maior que do bairro Solemar. 
Essa diferença na ocupação mostra a perpetuação de uma cultu-
ra que vem com a cidade desde muito antes de sua emancipação, 
de se manter a sua população em áreas próximas à cidade de São 
Vicente. Esse modelo de ocupação estimula o acúmulo de co-
mércios, serviços em instituivções na mesma área, adensando-a 
de forma insustentável, através principalmente da construção de 
empreendimentos cada vez mais altos.
Os mapas 7 e 8 mostram a localização dos equipamentos pú-
blicos nos referidos bairros. Enquanto o Boqueirão -e demais 
bairros vizinhos- contém uma concentração ocupacional, bair-
ros como o Solemar tem uma oferta desses serviços muito tími-
da, obrigando seus moradores a se deslocarem por longos pe-
ríodos de tempo para receberem atendimento de qualquer tipo 
de serviço. Esses bairros com ocupação baixa tem um potencial 
inexplorado no desenvolvimento da cidade. Eles podem oferecer 
um crescimento mais sustentável para a cidade, pois já contam 
com plena infraestrutura urbana, e podem receber não apenas 
o novo fluxo que iria para esses bairros, mais principalmente 
oferecer uma área mais apta para as populações de baixa renda 
que, impossibilitadas de competir com um mercado imobiliário 
tão agressivo, acabam procurando áreas cada vez mais afastadas 
da cidade, sem a infraestrutura necessária e, muitas vezes, sobre 
áreasde preservação ambiental. 
Os mapas também mostram a porcentagem da participação 
de imóveis de 2ª residência por quadra. Nele podemos ver que, 
apesar de ter uma relação demográfica maior, nem mesmo um 
bairro tão densamente ocupado como o Boqueirão escapa dessa 
relação da cidade com o turismo balneário.
53
Mapa 7: Distribuição de imóveis de segun-
da residência e equipamentos públicos no 
bairro Boqueirão. Fonte: Prefeitura de Praia 
Grande, 2016. Execução: A autora, 2020
Dom. uso ocasional (%)
1 a 20
21 a 40
41 a 60
61 a 80
81 a 100
Administrativo
Assistência Social
Cultura
Educação
Lazer
Saúde
Segurança
Turismo
Esporte
Serviços públicos
1000 200 500m
Mapa 8: Distribuição de imóveis de segun-
da residência e equipamentos públicos no 
bairro Solemar. Fonte: Prefeitura de Praia 
Grande, 2016. Execução: A autora, 2020
Dom. uso ocasional (%)
1 a 20
21 a 40
41 a 60
61 a 80
81 a 100 Administrativo
Assistência Social
Serviços públicos
1000 200 500m
Cultura
Educação
Lazer
Saúde
Segurança
Turismo
Esporte
3.3. Local de intervenção
O local escolhido, indicado no mapa 9 se trata de uma das 
diversas áreas vazias na cidade. Além das quadras vazias, a área 
também abrange a quadra onde está localizada a Escola Estadual 
Júlio Secco de Carvalho e a Praça Carlos Gomes.
O mapa 10 mostra o uso e ocupação dos lotes no entorno do 
referido local, e podemos ver a prevalência de moradias unifami-
liares e a escassa oferta de comércios, serviços e, principalmente, 
instituições. 
No levantamento fotográfico podemos constar a clara situa-
ção de abandono de algumas áreas, e mesmo em um período de 
veraneio -dezembro de 2019- as ruas no entorno estão vazias, e 
a praça, apesar de bem cuidada, não tem movimento. Os terre-
nos vazios estão murados e identificados, porém a vegetação sem 
qualquer cuidado indica o abandono do local.
Na foto x, tirada em 2020 vemos algumas peças do piso do calça-
dão da orla da praia, que está passando por uma reurbanização 
no segundo distrito10, o que indica um investimento -ainda que 
insuficiente- da prefeitura na reurbanização do local, mesmo de-
pois de décadas de falta de manutenção no calçadão, e ainda mais 
tempo com o bairro. 
10 A cidade de Praia Grande é dividida em dois distritos: 
Praia Grande e Solemar, sendo o primeiro a área que vai desde a 
divisa com São Vicente até o bairro Vila Mirim, e o segundo do 
bairro Vila Mirim até a divisa com Mongaguá. Fonte: IBGE
0 100 200 500m
Mapa 9: Local da análise 
de uso do solo e da área do 
projeto. Fonte: Prefeitura de 
Praia Grande. Execução: A 
autora, 2020
Áreas destacadas
Área do projeto
Área de análise
56
0 100 200 500m
Mapa 10: Uso do solo. Fonte: 
A autora, 2020
Habitação Unifamiliar
Habitação Multifamiliar
Lazer
Comércio
Serviços
Vazio
Institucional
Uso do solo
57
1
2
31 - Ponto de ônibus 
na Av. Dr. Roberto Al-
meida Vinhas. Fonte: 
A autora, 2020
2 - Frente da praça 
Carlos Gomes para a 
Av. Dr. Roberto Al-
meida Vinhas. Fonte: 
A autora, 2020
3 - Cobertura de 
pergolado na praça 
Carlos Gomes. Fonte: 
A autora, 2020
4- Frente da praça 
Carlos Gomes para a 
Av. Presidente kenne-
dy. Fonte: A autora, 
2020
5- Frente da E. E. Jú-
lio Secco de Carvalho 
para a Av. Presidente 
Kennedy. Fonte: A 
autora, 2020
6- E. E. Júlio Secco de 
Carvalho. Fonte: A 
autora, 2020 1000
Mapa 11: Identificação das fotografias. 
Fonte:: A autora, 2020
58
4
Mapa 11: Identificação das fotografias. 
Fonte:: A autora, 2020
4
5
6
7
8
9
11
12
7- Muro da E.E. Júlio 
Secco de Carvalho na 
R. Francisco Alves. 
Fonte: A autora, 2020 
8- Quadra em fren-
te à praia. Fonte: A 
autora, 2020 
9- Muro da E.E. Júlio 
Secco de Carvalho na 
R. Afonso Schimidt. 
Fonte: A autora, 2020 
10- Quadra em frente 
à praia. Fonte: A 
autora, 2020 
11- Visão da área a 
partir da Av. Pres. 
Castelo Branco. Fon-
te: A autora, 2020 
12- Visão da área a 
partir do calçadão da 
praia. Fonte: A auto-
ra, 2020 
500m
59
4. Referências
61
As referências escolhidas para serem analisadas nesse capítu-
lo obedecerem ao critério de aproximação com o objeto projetual 
desse trabalho, seja na questão programática, de implantação e/
ou situação do objeto a ser estudado.
Os critérios de análise utilizados nesse trabalho seguem os 
métodos do Dr. Arquiteto Júlio Luiz Vieira, em sua tese de dou-
torado apresentada em 2015 na Faculdade de Arquitetura e Ur-
banismo da Universidade de São Paulo:
•	 Contexto: Relação do objeto com a malha urbana no 
seu entorno;
•	 Ocupação: Relação do objeto com cheios e vazios do 
lote dobre o qual está inserido;
•	 Circulação: permeabilidade ao longo do projeto;
•	 Sociabilidade: Capacidade de um determinado es-
paço estimular o convívio social, seja de moradores/ 
proprietários, seja de transeuntes;
4.1. Jardim Edite
Ficha técnica: 
Arquitetos: H+F Arquitetos, MMBB Arquitetos
Ano:2010 
Área total construída: 25.500 m²
Habitação: 252 unidades de 50 m²
Unidade Básica de Saúde: 1.300m²
Restaurante Escola: 850 m²
Creche: 1.400 m²
62
CONTEXTO: 
Projetado para ocupar o local da antiga favela com o mes-
mo nome, o Conjunto habitacional Jardim Edite está inserido em 
um local de extrema importância para o atual cenário econômico 
paulistano, no cruzamento das avenidas Engenheiro Luís Car-
los Berrini e Jornalista Roberto Marinho, próximo à ponte estia-
da. O edifício estabelece uma relação ortogonal com os eixos da 
quadra e das avenidas que o cercam, aproveitando ao máximo as 
características do lote, e conversando geometricamente com seu 
12 pav.
4 pav.
Térreo
Terreno
Relação de 
alturas
entorno.
Ele é um marco da habitação social não apenas em São 
Paulo, mas no Brasil, pois está inserido em uma zona nobre da 
cidade, aumento a diversidade de usos do local.
OCUPAÇÃO:
O projeto aproveita ao máximo a ocupação do lote, se 
distribuindo ao longo do eixo longitudinal e em áreas próximas à 
linha do lote, paralelas ao entorno.
Vazios
Cheios
Cheios e 
vazios
Imagem 18:Contexto do 
Ed. Jardim Edite Fonte: A 
autora, 2020
Imagem 19: Ocupação do 
Ed. Jardim Edite Fonte: A 
autora, 2020
63
CIRCULAÇÃO:
Os acessos do edifícios (públicos e privados) acontecem 
ao longo da Av. Charles Coulomb, R. Araçaíba e Av. Eng. Luís 
Carlos Berrini, tirando o fluxo da Av. Jorn. Roberto Marinho. Os 
acessos aos mais diversos usos ocorrem de forma independen-
te, segregando-os sem comprometer a unidade do projeto. Em 
alguns casos, como na creche, o espaço público tem acesso pelo 
privado, aumento ainda mais a unidade do projeto e proporcio-
nando rotas mais curtas parar os moradores das unidades.
O fluxo nas áreas destinadas as unidades habitacionais se 
articulam de forma simples, variando de acordo com o gabarito 
do edifício, onde as torres com 4 pavimentos não têm elevador, 
mas as outras sim. As escadas, nas torres mais baixas, atendem 
2 apartamentos cada uma, diminuindo o fluxo de pessoas nesses 
locais e maximizando o espaço para as unidades.
Uso
Público
Privado
Circulação
Elevadores
Escadas
Corredores
Acesso
Público
Privado
Imagem 20: Circulação no 
térreo Fonte: A autora, 2020
Imagem 21: Circulação no pavimento 
tipo Fonte: A autora, 2020
64
SOCIABILIDADE:
O complexo conta com um pavimento intermediário que 
faz a ligação das torres, proporcionando um espaço de convivên-
cia para todos os moradores. Além disso, esse andar funciona 
como uma ligação à creche, por meio de uma escada e uma ram-
pa, facilitando o acesso ao equipamento.
Sociabilidade
Moradores
Creche
Imagem 22: So-
ciabilidade. Fonte: 
A autora, 2020
65
4.2. Unidade de Habitação de Marselha
Ficha técnica: 
Arquiteto: Le Corbusier
Ano:1952
Habitação: 337 unidades com 23 tipologias
Serviços comuns: Ginásio, creche, pista de corrida, piscina infan-
til, enfermaria, solário e bar. 
Centro comercial: Hotel, lavanderia, padaria, loja de verdura, li-
vraria, entre outros. 
CONTEXTO: 
 Com o fim da segunda guerra mundial, a França enfren-tava níveis altíssimos de defict habitacional. Le Corbusier foi 
contratado pelo governo francês para construir um conjunto ha-
bitacional para a população de Marselha, e criou um projeto com 
foco na vida comunitária, um local não apenas para morar, mas 
também para conviver. 
OCUPAÇÃO:
 Implantada sobre um generoso parque, a Unidade de ha-
bitação se estabelece ortogonalmente ao longo do eixo norte e 
sul, oculpando uma parcela do lote e deixando o entorno aberto, 
Imagem 23: Contexto unida-
de de habitação de Marselha. 
Fonte: A autora, 2020
66
criando um parque. Suas janelas são voltadas para leste e oeste, 
permitindo um melhor aproveitamento da luz solar durante todo 
o dia, e fechando sua facha norte completamente, devido ao frio 
que vem nesta direção. 
CIRCULAÇÃO:
 O edifício tem um eixo de circulação central com eleva-
dores, três escadas distribuídas ao longo de seu volume que dão 
acesso aos andares. Os corredores das unidades habitacionais 
estão dispostos a cada 2 pavimentos, o que otimiza a utilização 
do espaço, diminuindo o seu uso na circulação e aumentando 
nos programas. No térreo, existe uma escada externa com acesso 
ao7/8º pavimento, onde fica a rua central com comércios, servi-
ços e o hotel. No 17º pavimento e na cobertura também existem 
rampas que dão acesso à creche e aos demais usos da cobertura. 
SOCIABILIDADE: 
O uso dos pilotis libera o térreo, dando continuidade ao parque 
no seu entorno. O 7º e 8º pavimentos criam uma cidade interna 
Vazios
Cheios
Cheios e 
vazios
Imagem 24: Ocupação unida-
de de habitação de Marselha. 
Fonte: A autora, 2020
Imagem 25: Ocupação unida-
de de habitação de Marselha. 
Fonte: A autora, 2020
0 10 20 50m
67
Imagem 26: Circulação. Fonte: 
Cristhian Solarte
Circulação
Elevadores
Escadas Imagem 27: Circulação seção trans-
versal. Fonte: A autora, 2020.
Circulação
Público
Privado
68
com usos diversos, que incluem hotel, lavanderia, padaria, loja 
de licor, loja de verduras, entre outros. No 17º e cobertura estão 
os equipamentos para os moradores, sendo eles uma creche, en-
fermaria, uma piscina infantil, um ginásio, um solário com bar e 
uma pista de corrida de 300m. 
4.3. Galeria Jardin
Ficha técnica: 
Arquitetos: Mario Roberto Álvarez
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
Legenda:
1- Jardim de infância
2 - rampa de acesso aos serviços do 17 º pavimento
3- Torre de elevadores
4- Chaminé de ventilação
5- Parede corta-vento
6- Ginásio
7- Vestiários no terraço superior
8- Ruas internas
9- Serviços comuns
10- Brises da fachada
11- Escada de segurança
12 -terreo artificial - Máquinas
13 - Pilotis
Imagem 28:Usos e áreas comuns. 
Fonte: Domus.
69
Ano:2010 
Área do terreno: 7.300m²
Área total construída: 25.500 m²
Centro Comercial: 250 lojas
Escritórios: 23 andares
Habitação: 80 aptos 
CONTEXTO: 
O edifício fica em uma das ruas movimentada de Bue-
nos Aires, conhecida pelos passeios tradicionalmente feitos na 
cidade. Situado em uma região com forte incentivo comercial, 
a galeria integra os usos a sua volta e os articula no térreo, per-
mitindo-se criar uma extensão da rua. Suas escadas -rolantes ou 
não- estendem esse passeio pelos andares da galeria, que oferece 
uma boa iluminação natural -graças as suas aberturas zenitais- e 
transformam o caminhar pela galeria numa extensão do passeio 
público
OCUPAÇÃO:
O conjunto ocupa a totalidade do lote, tendo em seu em-
basamento a já mencionada galeria, que, ao olhar no nível do 
Imagem 29: Contexto Galeria Jardin. Fonte: Google Maps. Execução: A 
autora, 2020
70
pedestre, oculta a figura das duas torres, não afetando assim a 
visão do pedestre do cenário do entorno. 
CIRCULAÇÃO:
A circulação nos pavimentos da galeria é livre, como uma 
extensão da área pública. Na rua Tucuman existe uma rampa que 
dá acesso ao estacionamento no subsolo, e este tem acesso às tor-
res de habitação e escritório por escadas e elevadores. As torres 
também podem ser acessadas pelo pavimento térreo, possuindo 
cada uma sua própria área de acesso, separada da circulação da 
galeria. 
SOCIABILIDADE: 
A extensão da rua provada pelo térreo, junto com os espaços 
Torres
Galeria
Aberturas
Relação de 
alturas
Imagem 30: Ocupação Galeria Jardin. Fonte: Google 
Maps. Execução: A autora, 2020
71
Habitação
Escritórios
Galeria
Circulação
Acessos
Legenda
1- Pátio
2- Circulação
3- Lojas
4- Escada rolante 
5- Elevadores
6- Rampa
Imagem 31: Circulação. Fonte: Mario Roberto Álva-
rez & Asoc Execução: A autora, 2020
72
que galeria proporciona, principalmente ao redor das aberturas 
zenitais, que se impõe como verdadeiras praças no meio da gale-
ria, cria pontos de encontro dentro da mesma, além de intensifi-
car a circulação. 
Imagem 32: Croqui da galeria. Fonte: 
Mario Roberto Álvarez & Asoc.
73
5. Proposta
75
Todo mundo 
precisa de um 
lugar legal para 
morar
Para ir à escola
Para trabalhar
Independente 
de qual trabalho 
for
Todo mundo precisa de 
um lugar pra se divetir, se 
exercitar e conviver 
76
 O projeto Reocupar buscar 
criar uma centralidade em Praia 
Grande, desafogando os centros 
comerciais e proporcionando um 
espaço de qualidade para a comuni-
dade, em uma área com infraestru-
tura já estabelecida. 
O programa é composto por: 
Habitação: 500 unidades, sendo 250 com 50m² e 250 com 30m²
Escola técnica: 5.000m²
Galeria: 8.000m²
Escritórios: 10.000m²
Sesc: 6.000m²
Jardim público: 4.000m²
Habitação
Escola técnica
Galeria + sesc 
+ escritórios
Imagem 33: Relação 
de alturas do progra-
ma. Fonte: A autora, 
2020
77
Habitação
Escola técnica
Habitação
Jardim público
Galeria + sesc 
+ escritórios
Imagem 34: Distribuição do pro-
grama. Fonte: A autora, 2020
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