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PAMELA DE MENDONÇA CEZAR SANTOS 2020 Trabalho final de graduação, para obtenção de título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo , pela Universidade Católica de Santos REOCUPAR: nova centralidade em Praia Grande É importante retirar sabedoria de lugares dife- rentes, se você retirá-la de apenas um lugar, ela se torna rígida e estagnada. Entendendo os ou- tros, os outros elementos e nações, irá ajudá-lo a se tornar mais completo. Iroh AVATAR: A lenda de Aang. Direção: Michael Dante DiMartino. Produção de Nickelodeon Animation Studios. Local. Estados unidos. Nickelodeon, ano 2005. Netflix It is important to draw wisdom from different places. If you take it from only one place it be- come rigid and stale. Understanding others, the other elements, the other nations, will help you become whole. Iroh AVATAR: A lenda de Aang. Direção: Michael Dante DiMartino. Produção de Nickelodeon Animation Studios. Local. Estados unidos. Nickelodeon, ano 2005. Netflix Dedicatória A todos aqueles que vieram antes de mim, e ladri- lharam o caminho sobre o qual eu ando. A todos aqueles que vem depois, e que continuam o trabalhando para que a estrada do conheci- mento seja cada vez maior RESUMO O trabalho busca propor uma nova centralidade no mu- nicípio de Praia Grande, compreendendo uma série de complexidades as quais culminaram na atual dinâmica de ocupação da cidade, sua distribuição populacional e ha- bitacional. Identifica os eventos históricos que perpetuam o modelo de ocupação baseado no turismo balneário e na habitação de segunda residência. Também analisa a his- tória da produção de habitação no Brasil, para entender a distribuição dos conjuntos habitacionais na cidade. Pos- teriormente é feita uma análise por mapas, indo da escala municipal à escala do lote, analisando a distribuição de conjuntos habitacionais, imóveis de segunda residência, entre outros. Também é apresentado um estudo de proje- tos referenciais, que dão base à proposta apresentada em seguida. Palavras chave: história de Praia Grande, Habitação so- cial, imóveis de segunda residência, reurbanização 1. habitação social no Brasil 2. história de Praia grande 3. APROXIMAÇÃO DO LOCAL 4. REFERÊNCIAS 5. PROPOSTA Introdução Referências 15 75 82 61 47 32 17 1.1. Início do processo de produção habitacional popular.........................................................................18 1.2. Populismo e a estatização da habitação..........22 1.3. Habitação no regime militar.......................26 1.4. Cooperativas como alternativa à crise......28 2.1. Primeiras atividades .........................................34 2.2. Primeiros loteamentos......................................37 2.3. Expansão urbana..........................................42 2.4. Emancipação.................................................45 3.1. Panorama geral..................................................48 3.2. Comparativo entre bairros...............................50 3.3. Local de intervenção....................................56 4.1. Jardim Edite.......................................................62 4.2. Unidade de Habitação de Marselha................66 4.3. Galeria Jardin................................................70 INTRODUÇÃO Formada por uma ocupação voltada para o turismo e o lu- cro do setor imobiliário, Praia Grande é muito conhecida por seu turismo balneário, sendo a 4ª cidade mais procu- rada por turistas no Brasil, segundo a Prefeitura municipal de Praia Grande. O uso do solo voltado para as moradias de veraneio -as quais os donos só usufruem nos períodos de férias e feriados- torna a cidade extremamente atrativa aos turistas, devido a grande oferta de casas para aluguel de temporada. Contudo fora esses períodos, grande parte da cidade fica com uso ocioso, milhares de habitações deixam de cumprir sua função social e a população de baixa renda, incapaz de competir com o feroz mercado imobiliário que se estabeleceu na cidade a décadas, é forçada a ocupar as porções mais afastadas, muitas vezes em áreas irregulares ou de proteção ambiental. Os conjuntos habitacionais, que deveriam oferecer uma moradia digna a essas pessoas aju- da a perpetuar o modelo de segregação social e espacial, sendo locados em áreas afastadas dos centros, com distri- buição de equipamentos públicos insuficiente e infraestru- tura precária. O projeto Reocupar, através da pesquisa, análise e compre- ensão desse processo histórico municipal tão pouco docu- mentado busca trazer alternativas para distribuição popu- lacional mais sustentável, oferta de serviços, espaços, áreas de lazer e demais usos para fortalecer as relações entre os futuros moradores e o lugar, dando muito mais que um lu- gar para morar, mas também melhores condições para vi- ver. 15 1. habitação social no Brasil 17 Vamos iniciar o trabalhando abordando os aspectos da pro- dução habitacional no Brasil -desde o início da república- no que tange a produção de habitação de interesse social, a fim de com- preender seu processo histórico e as consequências desse proces- so atualmente. 1.1. Início do processo de produção habitacional popular Durante o final do século XIX e início de século XX, o Brasil era marcado por uma economia de base liberal. Esse modelo econômico ditava como o governo faria sua gestão diante os mais diversos assuntos, e a habitação era um deles. De fato, a produção de habitação não era vista como algo de papel do Estado: As limitadas iniciativas do Estado no campo da habitação para os trabalhado- res surgem no marco das grandes trans- formações resultantes do advento do tra- balho livre e da República. Essas ações, no entanto, ficaram restritas à legislação sanitária e edilícia e a isenções fiscais, com uma insignificante ação do Estado na produção de unidades habitacionais e regulamentação do inquilinato. (BON- DUKI, 2014, p. 19). No trecho acima destacado, Bonduki pontua a ação do Estado no período como restrita a algumas ações. Essa visão, na qual o Estado não interferia nas questões habitacionais estava enraizada em um pensamento que, caso o Estado in- terferisse, ele tornaria a competição contra os produtores de unidades habitacionais injusta, por disponibilizar de inúme- ros recursos e meios que esses produtores não dispunham. Vale lembrar que, durante esse período, o Brasil passa- va por um período de transformação econômica e social, o êxodo rural era uma realidade que levava muitas famílias a abandonarem seus locais de origem em busca de novas opor- tunidades nas grandes cidades, que por sua vez foram fican- do cada vez mais saturadas: As características da economia agrá- rio-exportadora, com o predomínio do liberalismo, favoreceram o investimen- to privado na produção da moradia de aluguel, que prevaleceu em todo o país. Vários fatores estimularam a produção rentista: forte demanda por moradia nas principais cidades, alta rentabilida- de do investimento e baixo risco, pois os aluguéis não eram controlados e os empreendedores se beneficiavam, ainda, da valorização imobiliária. (BONDUKI, 18 2014, p. 19). Esse crescente aumento demográfico foi transformando o mercado de produção habitacional voltada para o aluguel em um mercado extremamente rentável. Nesse modelo de produção, o principal objetivo era a maximização dos lucros através da dimi- nuição dos espaços de cada unidade, dos corredores e banheiros, priorizando a quantidade de unidades em detrimento das condi- ções de habitabilidade e saneamento básico. Em contrapartida, temos nesse período a construção de vilas operárias: As “vilas operárias” definiam-se como um padrão de moradia popular oposto à favela, ao mocambo e ao cortiço, supon- do ordem, higiene e decência. O termo sugeria casas salubres e dotadas de or- dem espacial interna, que se distinguia da falta de higiene, de espaço e de con- forto atribuída às casas dos pobres urba- nos. (CORREIA, 2001, p. 3) Essas vilas eramconstruídas a partir da iniciativa de empre- sários, que as locavam em áreas lindeiras às suas indústrias: Várias explicações podem ser procura- das para entender a emergência dessas vilas: filantropia de empresários favorá- veis à harmonia entre o capital e o tra- balho; estratégia para atrair operários em um mercado de trabalho incipiente; forma de disciplinar o tempo livre dos operários, submetendo-os à ordem bur- guesa e mantendo-os sob permanente controle; necessidades da própria produ- ção. (BONDUKI, 2014, p. 20). Independente dos motivos e circunstâncias que levavam a produção dessas vilas, elas são a primeira manifestação de uma produção habitacional popular de qualidade, e muitas delas con- Imagem 1:Típico Cortiço no Rio de Janeiro. Fonte: Colégio objetivo. Disponível em: https://www.objetivo.br/ 19 tavam não apenas com unidades habitacionais, mas também com escolas, áreas de lazer, igrejas, enfermarias, entre outros (Bonduki, 2014, p. 20). Como exemplo, vamos falar a seguir da Vila Maria Zélia. Inaugurada em 1919 junto à Companhia Nacional de Tecidos de Juta, com projeto de responsabilidade do arquiteto Pedarrieux, a vila Maria Zélia1 atendia, além das 198 unidades habitacionais 1 A vila recebeu o nome em homenagem a falecida filha do industrial Jorge Luís Gustavo. -divididas em quatro tipos-, alojamentos individuais para cator- ze operários solteiros, teatro, escolas separadas para meninos e meninas, praça com coreto, igreja, creche, biblioteca, restaurante, sapataria salão de festas e áreas para recreação e esporte. A vila era, sem dúvidas, uma excelente alternativa aos cor- tiços e outras modalidades de habitação que existiam na época para atender a população operária, mas a vida nesse lugar era regrada, os trabalhadores estavam sempre à mercê da sirene da Imagem 2: Vila Maria Zélia. Fonte: Bonduki, 2014, p. 23 Legenda: 1- Teatro 2- Área destinada ao comércio 3- Praça 4- Igreja 5- Área destinada à biblioteca 6- Escola masculina 7- Escola feminina 8- Jardim de infância 9- Creche 20 fábrica, e suas famílias viviam sempre sobre os olhos do patrão. Além dos cortiços e das vilas operárias, outra forma de pro- dução habitacional que surgiu na época foram as vilas particu- lares. Abrangendo desde pequenos conjuntos de casas geminadas até grandes núcleos, que ocupavam vários quarteirões, sem qualquer tipo de equipamento coleti- vo, esses empreendimentos visavam ex- clusivamente à renda da locação, sendo promovidos tanto por pequenos investi- dores como por grandes empresas cons- trutoras e sociedades mutuárias. (BON- DUKI, 2014, p. 26). Essas vilas tinham como principal característica o apro- veitamento máximo dos seus terrenos, gerando unidades sem re- cuo lateral, a fim de gerar mais lucro, mas tinham melhores con- dições sanitárias e de habitabilidade que os cortiços já citados. Proliferaram-se os bairros operários, principalmente ao redor das estações ferroviárias, das novas linhas de bondes ou próximas das concentrações fabris. Empreendimento da Sociedade Mútua Economizadora Paulista, a Vila Econo- mizadora é um exemplar de conjunto re- sidencial operário originalmente consti- tuído de 134 unidades, distribuídas entre residências e armazéns. (LEMOS Apud Condephaat, 2013) A vila trazia uma alternativa de moradia aos cortiços, sendo essas mais salubres, mas sem dispor de áreas de uso co- mum como as vilas operárias. As vilas particulares geravam lu- cro através dos aluguéis cobrados, portando uma taxa de ocu- pação maior do terreno significava uma maior renda mensal ao seu proprietário. Mesmo com a busca clara pelo lucro, a questão sanitária era preocupante na época -principalmente por crises Imagem 3: Vila Maria Zélia. Fonte: Sociedades amigos da Vila Maria Zélia. Disponível em: https://www.vilamaria- zelia.com.br/ 21 como a da Gripe Espanhola, em 1918- e chegou a movimentar ações do Estado, que se mantinha eupático em questões relacio- nadas ao mercado habitacional. Para ampliar o mercado solvável de uma moradia “saudável”, foram inúmeras as iniciativas, tanto do governo federal como das municipalidades das principais cidades brasileiras, a oferecer isenções fiscais para empresários que se dispuses- sem a alugar uma unidade por um valor compatível com a remuneração dos tra- balhadores de baixa renda. (BONDUKI, 2014, p. 27). Como exemplo de vila particular, vamos falar aqui da Vila A Economizadora, localizada na cidade de São Paulo, S.P. A mais conhecida e documentada, cons- truída entre 1908 e 1910, no Bairro da Luz, em São Paulo, foi denominada Vila Economizadora. O projeto foi realizado pelo arquiteto italiano Giuseppe Sacche- tti e incluía 147 casas de vários tipos, de um a três dormitórios, e vinte armazéns. (BONDUKI, 2014, p. 26). Em seu projeto original, a vila possuía 147 edificações, sendo 127 habitacionais e 20 comerciais (Condephaat, 2013). E mesmo com o aproveitamento máximo do terreno para construção de unidades, o preço dos aluguéis não era compatível com a maioria dos salários dos operários, que precisavam, muitas vezes, optar por locais mais insalubres para conseguir arcar com os custos do aluguel e das demais despesas da família. 1.2. Populismo e a estatização da habitação A Revolução constitucionalista foi um momento crucial na história política do Brasil. Dentre as várias mudanças políticas Imagem 4: Vila A Ecnomizadora. Fonte: Condephaat, 2013. 22 que ocorreram com a ascensão de Getúlio Vargas ao poder, es- tava o reconhecimento do poder de intervenção e regulamen- tação Estatal na produção de habitação para as camadas menos abastadas da sociedade. Parte significativa desse reconhecimento governamental vem da intenção de formar e fortalecer uma so- ciedade de cunho urbano-industrial (Bonduki, 2014, p. 41). Marcos institucionais dessa intervenção foram o Decreto-Lei do Inquilinato, de 1942, que congelou os aluguéis, o Decre- to-Lei n. 58/1938, que regulamentou a venda de lotes a prestação, a criação das carteiras prediais dos Institutos de Apo- sentadorias e Pensões (IAPs). (BON- DUKI, 2014, p. 41). Essas medidas tomadas pelo governo foram parte crucial do reconhecimento e do enfrentamento da questão habitacional, não apenas em seu déficit, mas também nas relações estabeleci- das entre locadores e locatários. Contudo, essas ações geraram consequências que desencadearam em uma série de fatores que ditam até hoje como é produzida habitação no Brasil, como por exemplo, a produção de habitação em loteamentos periféricos -muitas vezes loteamentos não regulamentados pelos órgãos res- ponsáveis- e as relações de locação. Vamos, primeiramente, falar sobre a Lei do Inquilinato. Cria- da a fim de regulamentar as relações entre locadores e locatários -que, quando não possuíam qualquer regulamentação, se basea- vam puramente na lei da demanda e da oferta- a lei provocou um forte impacto no processo de produção de habitação, que até então se baseava principalmente na construção com aproveita- mento máximo de unidades. Com ela, os preços dos aluguéis fo- ram congelados: As consequências para o processo de produção da moradia popular e mes- mo para os setores médios foram muito fortes e negativas. Como os investido- res privados reduziram drasticamente a construção de casas de aluguel para a po- pulação de baixos rendimentos, aumen- Imagem 5: Casas autocons- truídas em São Paulo. Fonte Carlina Garcia. Disponível em: https://paineira.usp.br/ 23 tou de forma dramática a carência de ha- bitações nas grandes cidades brasileiras que, ademais, recebiam um intenso fluxo migratório provocado pelas novas con- dições econômicas. (BONDUKI, 2014, p. 44). A carência de unidades habitacionais não se dava apenas pe- los desabrigados pelos despejos, mas também devido ao grande fluxo migratório que o êxodo rural ainda causava. Esse déficit fortaleceu um dos mais disseminados meios de produção de ha- bitação para a população de baixa renda:o auto empreendimento da casa própria em loteamentos periféricos Assim, tanto os antigos inquilinos des- pejados como os novos habitantes das cidades acabaram por alimentar o cha- mado padrão periférico de crescimento urbano, baseado na formação de assen- tamentos precários e no autoempreen- dimento da casa própria, alternativa que proliferou no período. (BONDUKI, 2014, p. 45). Essa -não nova, mas fortemente disseminada a partir de en- tão- forma de se produzir habitação era uma solução que, além de proporcionar a tão sonhada casa própria sem a necessidade de grandes financiamentos ou altos custos iniciais, viabilizava a moradia sem que o Estado precisasse investir no setor. Os IAP’S -Institutos de Aposentadoria e Pensão- foram cria- dos na década de 1930, e representaram uma verdadeira estati- zação da previdência social no Brasil (Bonduki, 2014, p. 46) e com sua criação, a aplicação de suas verbas, a fim de gerar ren- dimentos era uma questão de extrema importância para sua ma- nutenção. O instituto viu na produção de habitação uma forma de investir seus fundos: Os institutos viam na inversão imobiliá- ria uma possibilidade de “elevado ren- dimento, bem acima da taxa mínima atuarial prefixada [...], a qual corrige os efeitos desastrosos da depreciação da Imagem 6: Conjunto resi- dencial Várzea do Carmo, feito pelo IAP. O conjunto proporcionava, além de habitação, usos como escola, creche, restaurantes, entre outros. Fonte Arquivo Arq. Disponível em: https://www. arquivo.arq.br/ 24 moeda”. (BONDUKI, 2014, p. 46). Assim como os proprietários de terra em grandes cidades durante a República Velha, foi na produção e locação de habi- tação que os IAPs viram uma forma de evitar a depreciação -e perda- do seu dinheiro em caixa, além de oferecerem auxílio aos seus associados em tempos de crise habitacional. Contudo, como se baseava numa lógica de produção que vi- sava o aluguel, a produção de unidades pelos IAPs consistia em projetos com muito mais qualidade projetual e material, visando uma vida útil da edificação em prazo muito mais longo, já que o empreendimento era visto como parte do patrimônio do insti- tuto. A relação custo x qualidade que se pre- tendia era o resultado da aplicação de métodos racionalizados de projeto e construção, indicando um conhecimen- to preciso das dificuldades técnicas e materiais implícitas nesse projeto. (BRU- NA, 2015, p. 120). Esse modelo de produção começou a entrar em crise com o congelamento do preço dos aluguéis, que diminuiu significativa- mente a rentabilidade dos IAPs em relação ao investimento feito para a construção de unidades habitacionais. As aplicações na produção de moradias para os associados, no entanto, não al- cançaram a rentabilidade esperada, so- bretudo após o congelamento dos alu- guéis. Por essa razão, ocorreu no interior dos IAPs uma forte polarização entre os defensores do investimento em habita- ção social, formados principalmente pe- los sindicatos e associados, e a burocra- cia atuarial dos próprios institutos, que o consideravam uma queima de reservas em um setor que não era o prioritário das instituições previdenciárias. (BON- DUKI, 2014, p. 47). Além dos projetos feitos pelos IAPs -que atendiam apenas seus associados- foi criada a Fundação da Casa Popular -institu- cionalizada em 1º de maio de 19462, no início do governo Dutra- para implementar uma política de habitação de caráter univer- salista (Bonduki, 2014, p. 48). A fundação tinha planos que iam muito além da construção de unidades, buscando fortalecer o desenvolvimento urbano, econômico e social. 2 “A escolha de 1° de maio para a promulgação do De- creto-lei que criou a Fundação da Casa Popular é reveladora do alcance político que se pretendeu dar a tal iniciativa” (AZEVE- DO, ANDRADE, 2011, p. 2) 25 Além da construção de casas populares, previa-se financiar obras de infraestrutu- ra urbana; atuar no serviço social; abrir linhas de financiamento para as indús- trias de material de construção; e apoiar pesquisas de processos construtivos e es- tudos sobre as tendências regionais das moradias, incluindo arquitetura, hábitos, clima, materiais e mão de obra. (BON- DUKI, 2014, p. 48). Contudo, as camadas da sociedade que seriam beneficia- das pelo programa não eram organizadas o suficiente para man- ter e/ou justificar as ações da Fundação, ao contrário dos seus críticos -que se opunham por motivos econômicos ou políticos- e se uniram para o programa. A tarefa era desproporcional à força, aos recursos e à maturidade institucional da Fundação da Casa Popular. Não eram apenas constrangimentos de ordem técnica, financeira e administrativa que tornavam inviável a abertura de tantas frentes de trabalho. No plano político, muitos desses objetivos poderiam ser considerados assuntos de “peculiar inte- resse” do município, faltando-lhe com- petência constitucional para atuar livre- mente nessas áreas. Tampouco dispunha a Fundação de respaldo político, tradu- zido em recursos financeiros, apoio dos Estados ou legislação que lhe conferisse monopólio de algum recurso crítico, que lhe desse posição de vantagem para ne- gociar com os municípios. (AZEVEDO; ANDRADE, 2011, p. 3). Entretanto, mesmo com as oposições e ações que indiquem um “fracasso” dessas instituições em relação aos seus planos, é valido -e extremamente- importante lembrar que essas foram as primeiras medidas governamentais e institucionais em rela- ção à uma produção de moradia com foco não apenas no lucro máximo, mas sim na qualidade de vida de seus moradores e na condição social e econômica que essa camada da sociedade se encontrava. 1.3. Habitação no regime militar Com a mudança brusca de poder no governo, muitas das po- líticas adotadas anteriormente passaram por uma série de mu- danças, e com a habitação não foi diferente. No novo governo, que interrompeu a or- dem institucional, antigas medidas que 26 Vargas queria implementar ainda em 1945, como a extinção dos IAPs e a uni- ficação da previdência, objetivando uni- versalizar a previdência social e ampliar o atendimento habitacional, puderam se viabilizar. (BONDUKI, 2014, p. 63). A nova centralização do Estado permitiu que medidas fossem tomadas de forma mais hegemônica em nível nacional, não em respeito de quantidade ou distribuição, mas sim de for- ma de implementação dos projetos e programas. As principais mudanças criadas pelo governo, -no que tange o assunto aqui tratado- são a criação do Banco Nacional de Ha- bitação e a transformação da Fundação da Casa Popular no Ser- viço Federal de Habitação e Urbanismo (Serfhau). A criação de programas habitacionais, na época, significava muito mais que solucionar o déficit habitacional, mas também criar uma base de apoio ao governo, e estruturar em nossa cultura o modelo de consumo da casa própria, fixando ainda mais a visão mercantil da habitação. Apesar das cicatrizes que esse período deixou -e de todos os aspectos negativos desses programas que serão abor- dados mais a frente- em nossa história, não podemos negar a importância da criação da primeira uma política nacional de ha- bitação no período. Esse período foi o único − pelo menos até o início do século XXI − em que o país teve, de fato, uma Política Nacional de Habitação. (BONDUKI, 2014, p. 64). As mudanças que aconteceram na esfera econômica in- terferiram drasticamente no modo de se produzir habitação. Sis- temas como o FGTS3 e o SBPE4 facilitaram o financiamento de casas para a classe média O SBPE, operado por agentes finan- ceiros privados, passou a ter um papel fundamental no financiamento da casa 3 Fundo de Garantia do Tempo de Serviço. 4 Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimos. Cojunto Habitacional do BNH no bairro Aparecida, em Santos, no anos 1970. Fonte: Acervo FAMS. Dispo- nível em: http://jornal- perspectiva.com.br/ 27 própria para a classe média, o que gerou um boom de incorporações imobiliárias que caracterizouo “milagre brasileiro”. (BONDUKI, 2014, p. 64). Essa facilidade no financiamento refletiu de forma positiva na construção de unidades, que por mais que não fossem o suficien- te para sanar a questão habitacional que assolava -e ainda assola- o país, teve uma produção considerável. O modelo disseminado na época -baseado no financiamento da casa própria- perdura vivido até atualmente, e apesar de proporcionar facilidade para famílias de média renda, ele não atende as famílias de baixa ren- da, deixando de lado uma grande parte da população que neces- sita de atendimento nesta -e em diversas outras- questão. Além da insuficiência de atender os problemas do acesso a moradia, os projetos criados pelo BNH apresentavam uma sé- rie de outros problemas, a começar pela implantação, que geral- mente se estabelecia com a força de um colonizador espanhol, ignorando todas particularidades e características do terreno, e estabelecendo um traçado ortogonal com unidades exatamente iguais, quase que carimbadas sobre o terreno. Do ponto de vista da arquitetura e do ur- banismo, os conjuntos habitacionais im- plantados com financiamento do Banco Nacional da Habitação se tornaram uma referência tão negativa que se difundiu, tanto entre os especialistas como na opi- nião pública em geral, a ideia de que a experiência do BNH foi um absoluto de- sastre. (BONDUKI, 2014, p. 66). Além da agressão com o local -e sua completa falta de relação com o entorno- os projetos geralmente se localizavam em áreas afastadas da cidade, cujos lotes e glebas eram significativamente mais baratos, o desenvolvimento da região era embrionário, sem oferta de serviços, comércios, empregos e demais atividades em quantidade suficiente para atender a demanda populacional que iria ocupar o local e a oferta de transporte coletivo era precária -e em muitos casos sequer existia- o que dificultava a vida dos mo- radores, pois não encontravam as atividades que necessitavam no entorno, nem conseguiam se deslocar de forma eficiente para encontra-las em outras regiões da cidade. 1.4. Cooperativas como alternativa à crise Durante os anos de 1980 e 1990 o Brasil se encontrava em meio a uma forte crise econômica, enquanto passava pelo processo de redemocratização das instituições após o fim do regime militar. Essa crise econômica levou muitas pessoas a considerar esse período como “décadas perdidas”, se basean- do principalmente na estagnação do PIB, mas como aponta- do por Bonduki, esse período representou um grande avanço 28 nas questões políticas e sociais nacionais. Tornou-se comum qualificar como déca- das perdidas os anos 1980 e 1990. É uma avaliação equivocada, de caráter econo- micista, baseada exclusivamente em in- dicadores como o baixo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), (...). O período esteve longe de ser “perdido”; ao contrário, foi fértil, rico, de grande vitalidade social e política. (BONDUKI, 2014, p. 79). Mesmo com as implicações que essa crise econômica trouxe -como o aumento da violência e o crescimento das favelas nas cidades- as lutas políticas deram aos cidadãos uma série de di- reitos, apoio a leis ambientais, políticas de educação, saúde, entre outros. Esse período foi marcado por um substancial aumento na consciência social da população. Alguns movimentos sociais e sindicatos tomaram força nessa época, entre eles estava a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Central dos Movimentos Po- pulares (CPM), que fortaleciam a luta dos trabalhadores em prol de uma determinada luta, seja pela educação, saúde, moradia, melhores condições de trabalho etc. A respeito da produção habitacional, esses movimentos cul- minaram na criação e realização do Fórum Nacional pela Refor- ma Urbana (FNRU) que atuou na introdução de uma seção sobre desenvolvimento urbano na constituição brasileira, e que ainda luta pela democratização da cidade e fim do processo de segrega- ção social e espacial. Alguns projetos que uniam a participação de profissionais da área e a sociedade civil atuaram na época, auxiliando, de manei- ra quase independente, a fornecer moradia digna as pessoas que trabalhavam nos mesmos. Como exemplo desse modo de cons- trução -civil e social- vamos usar o COPROMO, e um de seus conjuntos habitacionais, que foi feito em Osasco através da união da participação do grupo Usina, a Associação Terra é Nossa e a Trabalhadores durante obras do COPROMO. Fonte: USINA CTAH. Disponível em: archdaily.com.br 29 população. O projeto começou em 1990, quando a Associação Terra é Nossa percebeu a carência de habitações na cidade, e iniciou um cadastramento das famílias que se interessavam por novas unidades na área, e os cadastros chegaram a cerca de 10mil famílias. Assim que se findaram os cadastros, as famílias sele- cionadas se uniram a associação, e ocuparam uma área ociosa no bairro Piratininga, estabelecendo lá um barracão para sediar a COPROMO5 O conjunto foi feito através de mutirões, onde os próprios moradores ficariam responsáveis pela execução da unidades. O projeto foi pensado a partir da planta da unidade habitacional -os moradores foram ouvidos, e a optaram por unidades com dois dormitórios- que foi modulada através da medida do bloco, criando as áreas da unidade, que ficou com 54m². O conjunto foi concebido em 50 blocos, tendo cada um deles 5 andares com 4 unidades por andar. O uso do bloco cerâmico estrutural facilitou na construção das unidades, que foram edificadas utilizando escadas metálicas -de estrutura independente- que foram locadas logo após a exe- cução das fundações, evitando o uso de andaimes e tornando a obra mais segura para os executores. 5 “COPROMO - Associação Por Moradia de Osasco”. Fonte: Grupo Usina O financiamento das unidades estava se mostrando um grande impeditivo para a realização do projeto, então, um gru- po de 300 moradores se uniu para financiar a primeira etapa da obra, que posteriormente recebeu recursos da CDHU para con- clusão das unidades. Essa parceria entre a população e os técnicos proporcionadas pelos mutirões nos mostra como a sociedade pode atuar em con- junto para ajudar a combater o déficit habitacional e proporcio- nar moradia de qualidade para todosv. Quando as unidades foram distribuidas aos moradores, um dos critérios estabele- cidos foi a proximidade entre eles, colo- cando pessoas próximas em unidades nos mesmos andares, respeitando as relações sociais da comunidade estabelecidas antes de se mudarem para o conjunto. 30 COPROMO. Fonte: USINA CTAH. Disponível em: archdaily.com.br 31 2. História de Praia Grande 33 Para entender melhor a situação atual da cidade, bem como suas dinâmicas sociais e espaciais, precisamos compreender seu pro- cesso histórico, e não apenas a partir da emancipação de Praia Grande, mas dede o início da colonização. Vamos abordar sobre o período colonial, o início dos loteamentos e ocupação do solo da cidade, seu desenvolvimento e os reflexos no modo de ocupa- ção do local atualmente. 2.1. Primeiras atividades Com a chegada dos portugueses ao Brasil -e sua posterior di- visão do território em capitanias hereditárias- as relações de uso e ocupação do solo mudaram drasticamente. Segundo Siqueira (2002), as atividades na capitania de São Vicente eram voltadas, principalmente na produção dos engenhos de açúcar. A região que hoje abrange Praia Grande -que pertenceu a São Vicente até 1967- era o principal caminho que ligava a antiga vila de Conceição6 a São Paulo de Piratininga. Essa rota era feita através da faixa de areia, indo até o então Sítio Prainha -atual- mente no local está a Fortaleza de Itaipu- onde a travessia para a ilha de São Vicente era feita principalmente por canoas ou barcos de pequeno porte. Outro caminho utilizado era através dos rios, principalmente o rio Piaçabuçu: O principal rio de acesso a esses lugares era o Rio Piaçabuçu. Durante muito tempo, Praia Grande 6 A antiga Vila Conceição é, atualmenteo município de Itanhaém Mapa 1: São Paulo de Piratininga. Fonte: FGV. Disponível em: https://atlas. fgv.br/ 34 era conhecida como Piaçabuçu ou Caminho de Conceição de Itanhaém (SIQUEIRA, 2002, p. 58). A ligação entre a área continental da capitania e a ilha de São Vicente era de extrema importância para a ligação com São Paulo, uma vez que era da ilha que partia a rota para a capital, levando os habitantes da área continental a enfrentar distâncias -curtas ou longas- em canoas. Essa comunicação era essencial para o comércio e desenvolvimento tanto das cidades no litoral como para a capital, uma vez que o litoral vicentino era passagem obrigatória para quem saia da capitania rumo à Europa. Nos primeiros anos de 1800 foram realizados recensea- mentos7 na capitania, os quais indicavam que as principais ati- vidades da região estavam ligadas à agricultura e a criação de animais, cuja mão-de-obra era escrava, e seus produtos eram destinados ao abastecimento das vilas de São Vicente e Santos (SIQUEIRA, 2002. p. 45). Além das fazendas, no local existiam comunidades caiçaras, que viviam principalmente da pesca e de pequenas culturas. Um fator determinante na mudança da ocupação do solo do local -e de diversos outros no Brasil- foi a Lei Nº 601 de 18 de setembro de 1850, também conhecida como Lei das Terras. Seu principal objetivo era regularizar e regulamentar a posse, a ven- da e a compra de térreas no Império. Porém a lei auxiliou numa nova visão de mercado, onde a terra e sua propriedade passam a ser vistas como mercadoria a ser comercializada. Essa nova visão mercantilista da terra causou a perda de terras de muitos caiçaras -que em sua maioria eram analfabetos- e indígenas que viviam na cidade. Após tomarem as terras dos caiçaras e dos ne- gros, intermediários acabaram vendendo esses bens para loteadores, dando início ao processo 7 Recenseamento é um estudo estatístico que se refere a uma determinada população. Imagem 7: Sítio Prainha. Fonte: Novo Milênio. Dis- ponível em: https://www. novomilenio.inf.br/ 35 Fortaleza do Itaipu, que ocorreu em 1902, mu- dou os destinos de quatro desses sítios, pois sua construção levou à aquisição e à mudança de propriedade dos mesmos. (VIEIRA, 2008, p. 210). No ano de 1912 foram iniciadas as obras da estrada de ferro Santos – Juquiá, -que passou a se chamar como Estrada de ferro Sorocabana, em 1927- criando um acesso ao distrito. Em 1914 foi inaugurada a Ponte Pênsil, que fazia parte das obras do engenheiro sanitarista Saturnino de Brito, para combater as doenças que aplacavam a cidade de Santos. Mas não foi apenas esgoto que a Ponte Pênsil trouxe para o distrito, com ela o acesso ficou ainda mais fácil, agora sem a necessidade de fazer a traves- sia de canoa, permitindo o trânsito de carros e carroças pelo leito carroçável que cobria os dutos de esgoto. de criação dos loteamentos (...) Mônica Solange Rodrigues. (Praia Grande. A tribuna, Santos, 19 jan. 2008 apud VIEIRA, 2008, p. 53). Outro acontecimento que mudou a forma de se ver e ocu- par o litoral foi a popularização do banho de mar -que aconteceu primeiro na Europa- para fins terapêuticos. Aqui no Brasil, um dos principais divulgadores do banho de mar foi o rei Dom João VI, que os tomava frequentemente, fazendo uso de um caixote de madeira -que ficava semimergulhado- por indicação médica, para curar uma infecção causada por um carrapato. Quando a prática se populariza, e passa a ser feita de forma recreativa, as áreas litorâneas se transformam em locais com forte potencial turístico e, consequentemente, potencial para exploração imo- biliária. Com a virada do século XX, o distrito de Praia Grande passa por uma série de mudanças que transformam sua atividade comple- tamente. Em 1902, é iniciada a construção da Fortaleza de Itaipu, que desapropriou uma série de fazendas, forçando seus morado- res a ocuparem outros locais: Nessa época, já existiam alguns sítios (...) entre eles, destacamos os sítios: Momboatuba, Carva- lho, J. Gonçalo, Pae Felipe, J. de Azevedo Cunha, Taperinha, Boguaçu, Guaramá, Itaipu, Prainha, Itaquitanduba, Suá e alguns outros. Nesse contexto, o início da construção da Imagem 8: Pintura da Ponte Pênsil de Benedito Calixto. Fonte: Novo Milênio. Dispo- nível em: novomilenio.inf.br 36 Essa facilidade de acesso valorizou significativamente as terras do distrito, apesar da falta de infraestrutura no local. No início da década de 1920 as terras passaram a ser loteada: S. Vicente, 23 de março de 1912 Amigo Narciso (...) consta-me que você pretende ir a Con- ceição, justamente nestes dias, antes da Páscoa, e, portanto, veja se pode chegar aqui em nossa casa para conversarmos. Temos muita coisa a fa- lar sobre esses negócios de Conceição e princi- palmente sobre essas terras de Praia Grande tão procuradas e cobiçadas, agora, pelos homens de negócio (...). Falaremos, ainda, sobre a sorte desses pobres praianos, nossos patrícios, e sobre o procedi- mento desse italiano que pretende despojá-los do único bem que possuem: as suas terras. (...) (Calixto apud SIQUEIRA, 2002, p. 70). Nesse trecho, que pertence a uma carta escrita por Be- nedito Calixto, podemos ver a situação do distrito na virada do século XX. Com a Lei das Terras e a crescente especulação imo- biliária na região, a população caiçara foi perdendo a proprieda- de de suas terras -das quais tiravam seu alimento e sustento-, e passaram para os loteadores, os quais as dividiram para venda, maximizando seus lucros sobre elas. Praia Grande passou por um intenso processo de mo- dificação na virada do século XX, saindo de um local que servia principalmente de passagem, e abrigava uma pequena quantidade de fazendas, comunidades caiçaras e indígenas para uma das áreas mais cobiçadas pelo mercado imobiliário, indo de uma economia de base agrícola para uma industrial focada na construção civil em poucas décadas. 2.2. Primeiros loteamentos Mesmo com as novas construções, novos acessos e a cres- cente especulação imobiliária sobre as terras do distrito de Praia Grande, o local ainda não contava com qualquer tipo de infraestrutura fornecida por São Vicente. No início da década de 1920 foram aprovados os primeiros empreendimentos imobiliários, conhecidos como vilas, e que tinham foco na venda de lotes para construção de casas vol- tadas para o turismo balneário, também conhecidas como se- gunda residência. As vilas aprovadas eram: Parque Paris, Vila Mathilde, Jardim Guilhermina, Vila Sarita, Vila Oceânica, Vila Tupy, Oceânica Amábile, Vila Bopeva, Vila Balneária I e Vila Balneária II (VIEIRA, 2008, p. 101). Como podemos ver no mapa 2, essas vilas eram implanta- das de forma descontínua, havendo pouca ou quase nenhuma 37 Mapa 2: Primeiros loteamentos aprovados na cidade. Fonte: Prefeitura de Praia Grande, 2016. Execução: A autora, 2020 0 1 2 5km Vl. Balneária O ceânica Am abile Vl. Bopeva Vl. Tupy V l. O ceânica V l. Sarita Jd. G uilherm ina Pq. Paris Vl. M athilde N 38 as pessoas para o loteamento, seja para se hospedarem ou utilizar as cabines de banho. A localização do hotel era estratégica, estava dentro de um loteamento cujo principal propósito era a venda de terrenos para construção de casas de veraneio, o que facilitava a divulgação deles para os hospedes que ali se alojavam. Inclusive, já em 1928, existiam 5 casas de veraneios construídas no lotea- mento prontas para venda. Não era apenas o hotel que contava com divulgação. Os lo- teamentos possuiam uma série de propagandas -impressas ou via rádio- voltadas para atrair um público que estava interessados em ter sua casa de veraneio. Muitas dessas propagandas mos- travam o arruamento do empreendimento, suas características ligação entre elas, mostrando seu caráter completamente voltado para o veraneio, já que elas não contavam com praticamente ne- nhuma infraestrutura básica, o que dificultaria e desestimularia a compra de um desses lotespara moradia. Um desses empreendimentos que merece destaque foi o Jar- dim Guilhermina. Aprovado em 1925, o loteamento pertencia a Heitor Sanches Toshi e aos irmãos Guilherme e Arnaldo Guinle (SIQUEIRA, 2002. p. 87) sendo estes proprietários de parte da Cia de Docas de Santos. Alguns anos depois, em 1928, foi inau- gurado o Hotel dos Alemães, que ficava localizado onde hoje é a esquina da Av. Guilhermina com a Av. Presidente Castelo Bran- co, dentro do referido loteamento. O hotel oferecia quartos com infraestrutura completa -como é possível ver no panfleto abaixo- além de cabines de banho a serviço dos turistas que vinham à região apenas para passar o dia: No início do século XX, os banhos de mar ti- nham caráter diferente de hoje. Eram recomen- dados com fins terapêuticos, para tratar da saúde, por conta da concentração de iodo. As pessoas vinham para a Praia Grande se banhar ao raiar do dia, ainda de madrugada. (SIQUEIRA, 2002, p. 72). Como podemos ver no texto acima, o banho de mar ainda preservava seu caráter terapêutico, apesar de já ser feito de for- ma recreativa. A infraestrutura proporcionada pelo hotel atraia Imagem 9: Visitantes no Hotel dos Alemães - década de 1930. Fonte: Prefei- tura Municipal de Praia Grande, 2011. Disponível em: http://www.cida- daopg.sp.gov.br/ 39 Em 1936 Praia Grande inaugura outro local que seria ponto de encontro e atrativo para novas pessoas conhecerem a cidade: O Aero Club de Santos. Ele tinha como função não apenas como clube aéreo, mas também tinha uma pequena escola de pilota- gem. O local atraia ainda mais pessoas para o distrito, auxiliando na divulgação da região. O Aero Club também receber diversas pessoas ilustres, inclusive o ex-presidente Getúlio Vargas, como conta no plano diretor da cidade, de 2006 (BRASIL, São Paulo. Lei Complementar nº 473, de 27 de dezembro de 2006). Com a divulgação e criação dos loteamentos, o distrito foi atraindo cada vez mais pessoas, fomentando o mercado imobi- e preços. Nessa época, a cidade de São Vicente não fornecia in- fraestrutura básica para os empreendimentos, então ficava por conta do loteador fornece-los para seus compradores. O forne- cimento dessa infraestrutura era um dos principais atrativos que o loteamento possuía, como podemos ver no recorte de jornal abaixo, de propriedade do acervo da Sra. Circe Sanchez Toshi. Imagem 10: Propaganda do Hotel dos Alemães. Fonte: Acervo de Circe Sanches Toshi. Apud Imário Vieira Imagem 11: Propaganda do loteamento Jardim Guilhermina. Fonte: Acervo de Circe Sanches Toshi. Apud Imário Vieira Imagem 12:Recorte de jornal com aviso sobre o serviço de abastecimento de água. Fonte: Acervo pessoal Circe Sanchez Toshi. Apud Imário Vieira 40 liário e, posteriormente, atraindo atenção do poder público para a construção de novos acessos que fossem compatíveis não ape- nas com a quantidade de pessoas que por ali circulavam, mas também com os novos meios de transporte. Nessa época, o setor automobilístico nacional começava a passar por transformações, e o transporte estava deixando de ser feito através de mulas e carroças, começando a disseminação do uso de veículos automotores. Porém, eles ainda eram restritos a Imagem 13:PP-RKU, Paulistinha, nacional. Da frota do ACS, no Aero Club de Santos. Fonte: Mario de Aguiar Leitão. Disponível em: https://www.novomilenio.inf.br/ pessoas com melhor condição socioeconômica, levando grande parte da população que precisava se deslocar para as áreas mais afastadas da cidade o fizessem através da ferrovia. Imagem 14:Propaganda do Loteamento Flórida Fonte: Prefeitura Municipal de Praia Grande, 2011. Disponível em: http://www. cidadaopg.sp.gov.br/ 41 Em 1940 a ocupação da cidade começa a se estender por áreas mais afastadas de São Vicente, e são criados os loteamentos do Balneário Flórida e do Jardim Solemar. Essas áreas contavam com ainda menos infraestrutura que as mais próximas a ilha de São Vicente, fato que, posteriormente, fomentou o movimento emancipacionista praiagrandense. 2.3. Expansão urbana Durante a década de 1950, Praia Grande passou por grandes transformações urbanas. Até então, sua ocupação era fragmenta- da e se dava por núcleos ligados à orla da praia, constituídos, em maioria, por residências térreas. Em 1944 foram inaugurados os primeiros edifícios em altura da cidade. O primeiro prédio a ser erigido no Jardim Gui- lhermina foi o Xixová (...) com doze aparta- mentos e com o lançamento de sua pedra fun- damental em 16 de janeiro de 1944. Foi seguido pelo segundo prédio a ser construído de nome Shangri-lá (...) e com 18 apartamentos. (VIEIRA, 2008, p. 117). A verticalização passa a se tornar característica comum da cidade, principalmente devido ao surgimento da construção por incorporação8. O maior fruto desse modo de construir, na época, foi a inauguração do Conjunto Habitacional Cidade Ocian. 8 “A incorporação é o processo através do qual uma pes- soa física ou jurídica rege uma obra de condomínio em terreno pertencente a outro proprietário”. Reis, 2019 Imagem 15:Propaganda do Conjunto Habitacional Ocian. Fonte: Acervo de Circe Sanchez Toshi apud Imário Vieira, 2008. 42 A Organização Construtora e Incorporadora Andraus Ltda vendia a ideia de que “a CIDADE OCIAN era autossuficiente” e que reunia, sozi- nha, o que muitas cidades levariam anos e anos para conseguir, tais como: água, luz, esgoto, sis- tema próprio de tratamento de esgoto, telefone, igreja, escola, mirante, núcleo comercial, agência do Banco Brasileiro de Descontos S.A. (BRA- DESCO), jardins, isenção de imposto territorial, estacionamentos, valorização garantida, ônibus da Viação Cometa direto de São Paulo à Cida- de Ocian, bomba de gasolina, táxi, dentre outros serviços. (VIEIRA, 2008, p. 124). O projeto do bairro buscava sanar todas as necessidades que São Vicente não atendia, criando uma pequena cidade com- pletamente planejada e capaz de atender todas as necessidades dos proprietários das unidades habitacionais. Imagem 16:Propaganda do Conjunto Habitacional Ocian. Fonte: Acervo de Circe Sanchez Toshi apud Imário Vieira, 2008. Imagem 17: Ocian nos anos 1950 Fonte: Pre- feitura Municipal de Praia Grande, 2011. Disponí- vel em: http:// www.cidadaopg. sp.gov.br/ 43 um importante fato para todo esse crescimento do incentivo ao turismo litorâneo de segunda re- sidência foi a melhoria dos meios de circulação. (VIEIRA, 2008, p. 125). Além da procura por locais ainda não loteados na cidade, os que já estavam loteados também sofreram um grande impacto da crescente procura pelo local. Edifícios verticalizados ficaram cada vez mais comuns na cidade. Em 1961 foi inaugurada a Ro- dovia Padre Manoel da Nóbrega, diminuindo a distância entre as cidades do litoral e a capital. Essa ocupação pioneira [da região da Baixada Santista] iria ganhar maiores contornos alguns anos depois com a construção da Via Anchieta e a expansão da indústria automobilística que aceleraram o processo de êxodo semanal do Pla- nalto para a região, provocando a valorização dos terrenos localizados na área da orla marítima. Os primeiros loteamentos criados [em Praia Gran- de] foram o Jardim Guilhermina e Cidade Ocian. (A TRIBUNA, Santos, 19 jan. 2005. Especial Mu- nicípios. 2 p. apud VIEIRA, 2008, p. 141). Nos anos de 1980 foi a vez da inauguração da Rodovia dos Imigrantes e a Ponte do Mar Pequeno, que, por sua vez, faci- litou o acesso da populuação da ilha de São Vicente a área conti- nental. Outro ponto de importância crucial na expansão urbana da cidade foi a inauguração de uma série de obras de estradas e rodovias, ligando os pontos mais afastados da cidade com a capi- tal e demais cidades da região. A primeira a ser inaugurada foi a Rodovia Anchieta, em 1947, mas que em poucos anos começou a ficar saturada, princi- palmente depois do crescimento significativo da indústria auto- mobilística no Brasil. A Rodovia dos Imigrantes tornou o acesso ao distritoainda mais fácil, ajudando na popularização da região. Dentro desse contexto de melhoria dos meios de circulação, em 28 de junho de 1976, com a conclusão da primeira pista da Rodovia dos Imi- grantes, a ligação entre a Grande São Paulo e a Baixada Santista tornou-se mais fácil. (VIEIRA, 2008, p. 133). Essa facilidade de acesso aos locais mais afastados da cida- de impulsionou a expansão da macha urbana para essas regiões, inda pouco exploradas, mas com uma extensa orla de praia. Praia Grande preparava-se para um surto de crescimento urbano e um boom de novas mo- radias verticalizadas que, a partir da construção da Via Anchieta e com a acumulação de capital que a população de nosso estado passava a ter, aumentou a busca por tais empreendimentos, principalmente, pela população da metrópole de São Paulo e adjacências. Cabe-se ressaltar que 44 Entretanto, a Rodovia Padre Manoel da Nobrega acabou se im- pondo como uma barreira física que divide a cidade em duas áreas: o chamado “lado praia”, que vai da rodovia em direção à orla, e o “lado morro” que vai da mesma em direção ao Parque Estadual da Serra do Mar. 2.4. Emancipação Com o aumento da procura pelo distrito, a falta de in- fraestrutura urbana e a negligência de São Vicente estava cada vez mais evidente, crescendo no cidadão praiagrandense o dese- jo de mudança. Os moradores desta região vicentina se viram insatisfeitos com tantos problemas de infra-es- trutura, serviços de saneamento básico, abasteci- mento de água, luz, vias de acesso, problemas na área da saúde e muitos outros. (VIEIRA, 2008, p. 138). O processo de emancipação da cidade foi gradual. Em 1953 houve o primeiro movimento separatista de Praia Grande, liderado pelo loteador Júlio Secco de Carvalho, mas sem sucesso. Anos depois, em 1963, foi feito um plebiscito, mas ainda sem conseguir o que a população espe- rava. A Lei 8.092 de 28/02/1964 é que cria, então, o distrito e a cidade com o nome de Praia Gran- de, com sede no bairro do Boqueirão. (VIEIRA, 2008, p. 139). Em 1963 foi realizado um plebiscito, a respeito da se- paração do distrito de Praia Grande da cidade de São Vicente. Mesmo com a vitória em prol da separação do distrito, a cida- de só foi emancipada em 09 de janeiro de 1967, quando o então presidente Castelo Branco nomeou Nicolau Paal interventor da cidade. Praia Grande teve eleição para prefeito em 1968, vencida por Dorivaldo Lória Junior, que assumiu o cargo dia 1º de janeiro de 1969. 40 anos da Rodovia Imigrantes. Fonte: Re- nato Lobo. Disponível em: https://viatrolebus. com.br/ 45 3. aproximação do local 47 Nesse capítulo vamos ver os reflexos do processo histórico de Praia Grande em alguns aspectos da municipalidade, na análise comparativa dos bairros Boqueirão e Solemar e mais detalhada- mente na área de atuação do projeto. 3.1. Panorama geral Primeiramente, vamos analisar alguns aspectos da cidade como um todo. No mapa 3, temos os seguintes dados: • Vazios urbanos; • Participação de domicílios de 2ª residência; • Conjuntos habitacionais na cidade. Com esse mapa, podemos ver alguns aspectos o processo his- tórico de ocupação da cidade, como os vazio gerados pela ocu- pação feita através dos loteamentos. Esse modelo deixou diversas “cicatrizes” na cidade, evidenciando sua fragmentação no que diz respeito a ocupação e aos usos, e a má distribuição deles ao longo do território municipal. Outra evidência do processo de ocupação através dos lo- teamentos é a altíssima concentração de imóveis de veraneio nas áreas lindeiras a orla da praia. Essas áreas, que foram as primeiras a serem loteadas e ocupadas na cidade, dispõe de melhor infraes- trutura, mais oferta de serviços públicos e privados, mas fica à mercê de um uso escasso ao longo do ano, que aumenta de for- ma insustentável nos períodos de férias e feriados. Esses locais se tornam, em muitos casos, verdadeiros desertos urbanos ao longo do ano, enquanto os moradores -principalmente das camadas mais sensíveis da sociedade- precisam se deslocar por longas distâncias para realizarem suas atividades do dia-a-dia, já que é impossível competir com a especulação imobiliária que esses imóveis tão bem localizados sofrem. Também vemos a distribuição dos conjuntos habitacionais na cidade, que se localiza esmagadoramente nas áreas mais afastadas dos centros comerciais. Esse modelo de ocupação -tão conhecido e difundido após o modelo criado pelo BNH- segrega ainda mais a população, amplia a malha urbana, e acaba aumentando os tem- pos de viagem da população, que nesses locais contam com menos disponibilidade de linhas de ônibus -até o termino desse trabalho, segundo a Prefeitura de Praia Grande, nos bairros do lado morro9 contam com 5 linhas, cuja única conexão entre elas é o Terminal Rodoviário Tático. 9 A área conhecida como “lado morro” fica na área à direita da Rod. Pe. Manoel da Nóbrega, no sentido de quem trafega pela mesma sentido São Vicente - Mongaguá 48 Conjuntos Habitacionais Imóveis de 2 residência, de 80% - 100% Vazios Urbanos 1 2 5km0 Mapa 3: Relação entre conjuntos habitacionais, imóveis de segunda residência e vazios urba- nos. Fonte: Prefeitura de Praia Grande, 2016. Execução: A autora, 2020 N 49 3.2. Comparativo entre bairros Vamos falar agora sobre as diferenças nas condições de ocu- pação e na oferta de serviços em dois bairros da cidade: Solemar e Boqueirão. 0 1 2 5km Solemar Boqueirão Mapa 4: Localização dos bairros. Fonte: Prefeitura de Praia Gran- de, 2016. Execução: A autora, 2020 O bairro Solemar foi escolhido por ser o bairro objeto deste trabalho, e o Boqueirão foi escolhido por ser o primeiro bairro a ser ocupado na cidade, e por conter um conhecido cen- tro comercial. N 50 Mapa 5: Densidade de- mográfica no bairro Bo- queirão. Fonte: Prefeitura de Praia Grande, 2016. Execução: A autora, 2020 0 100 200 500m 1 a 25 26 a 50 51 a 75 76 a 100 101 a 150 151 a 250 > 250 Densidade hab/ha 51 1 a 25 26 a 50 51 a 75 76 a 100 101 a 150 151 a 250 > 250 Densidade hab/ha 1000 200 500m Mapa 6: Densidade demográfica no bairro Solemar. Fonte: Prefeitura de Praia Grande, 2016. Execução: A autora, 2020 52 Primeiramente, temos os mapas 5 e 6, mostrando a den- sidade demográfica numa relação de habitantes por hectare se- gundo o site da Prefeitura de Praia Grande. Enquanto o bairro do Solemar apresenta uma ocupação baixa, tendo entre 1 a 25 habitantes por hectare, o bairro do Boqueirão apresenta uma taxa bem variada, mas mesmo tento quadras com baixa ocupa- ção, ela ainda é significativamente maior que do bairro Solemar. Essa diferença na ocupação mostra a perpetuação de uma cultu- ra que vem com a cidade desde muito antes de sua emancipação, de se manter a sua população em áreas próximas à cidade de São Vicente. Esse modelo de ocupação estimula o acúmulo de co- mércios, serviços em instituivções na mesma área, adensando-a de forma insustentável, através principalmente da construção de empreendimentos cada vez mais altos. Os mapas 7 e 8 mostram a localização dos equipamentos pú- blicos nos referidos bairros. Enquanto o Boqueirão -e demais bairros vizinhos- contém uma concentração ocupacional, bair- ros como o Solemar tem uma oferta desses serviços muito tími- da, obrigando seus moradores a se deslocarem por longos pe- ríodos de tempo para receberem atendimento de qualquer tipo de serviço. Esses bairros com ocupação baixa tem um potencial inexplorado no desenvolvimento da cidade. Eles podem oferecer um crescimento mais sustentável para a cidade, pois já contam com plena infraestrutura urbana, e podem receber não apenas o novo fluxo que iria para esses bairros, mais principalmente oferecer uma área mais apta para as populações de baixa renda que, impossibilitadas de competir com um mercado imobiliário tão agressivo, acabam procurando áreas cada vez mais afastadas da cidade, sem a infraestrutura necessária e, muitas vezes, sobre áreasde preservação ambiental. Os mapas também mostram a porcentagem da participação de imóveis de 2ª residência por quadra. Nele podemos ver que, apesar de ter uma relação demográfica maior, nem mesmo um bairro tão densamente ocupado como o Boqueirão escapa dessa relação da cidade com o turismo balneário. 53 Mapa 7: Distribuição de imóveis de segun- da residência e equipamentos públicos no bairro Boqueirão. Fonte: Prefeitura de Praia Grande, 2016. Execução: A autora, 2020 Dom. uso ocasional (%) 1 a 20 21 a 40 41 a 60 61 a 80 81 a 100 Administrativo Assistência Social Cultura Educação Lazer Saúde Segurança Turismo Esporte Serviços públicos 1000 200 500m Mapa 8: Distribuição de imóveis de segun- da residência e equipamentos públicos no bairro Solemar. Fonte: Prefeitura de Praia Grande, 2016. Execução: A autora, 2020 Dom. uso ocasional (%) 1 a 20 21 a 40 41 a 60 61 a 80 81 a 100 Administrativo Assistência Social Serviços públicos 1000 200 500m Cultura Educação Lazer Saúde Segurança Turismo Esporte 3.3. Local de intervenção O local escolhido, indicado no mapa 9 se trata de uma das diversas áreas vazias na cidade. Além das quadras vazias, a área também abrange a quadra onde está localizada a Escola Estadual Júlio Secco de Carvalho e a Praça Carlos Gomes. O mapa 10 mostra o uso e ocupação dos lotes no entorno do referido local, e podemos ver a prevalência de moradias unifami- liares e a escassa oferta de comércios, serviços e, principalmente, instituições. No levantamento fotográfico podemos constar a clara situa- ção de abandono de algumas áreas, e mesmo em um período de veraneio -dezembro de 2019- as ruas no entorno estão vazias, e a praça, apesar de bem cuidada, não tem movimento. Os terre- nos vazios estão murados e identificados, porém a vegetação sem qualquer cuidado indica o abandono do local. Na foto x, tirada em 2020 vemos algumas peças do piso do calça- dão da orla da praia, que está passando por uma reurbanização no segundo distrito10, o que indica um investimento -ainda que insuficiente- da prefeitura na reurbanização do local, mesmo de- pois de décadas de falta de manutenção no calçadão, e ainda mais tempo com o bairro. 10 A cidade de Praia Grande é dividida em dois distritos: Praia Grande e Solemar, sendo o primeiro a área que vai desde a divisa com São Vicente até o bairro Vila Mirim, e o segundo do bairro Vila Mirim até a divisa com Mongaguá. Fonte: IBGE 0 100 200 500m Mapa 9: Local da análise de uso do solo e da área do projeto. Fonte: Prefeitura de Praia Grande. Execução: A autora, 2020 Áreas destacadas Área do projeto Área de análise 56 0 100 200 500m Mapa 10: Uso do solo. Fonte: A autora, 2020 Habitação Unifamiliar Habitação Multifamiliar Lazer Comércio Serviços Vazio Institucional Uso do solo 57 1 2 31 - Ponto de ônibus na Av. Dr. Roberto Al- meida Vinhas. Fonte: A autora, 2020 2 - Frente da praça Carlos Gomes para a Av. Dr. Roberto Al- meida Vinhas. Fonte: A autora, 2020 3 - Cobertura de pergolado na praça Carlos Gomes. Fonte: A autora, 2020 4- Frente da praça Carlos Gomes para a Av. Presidente kenne- dy. Fonte: A autora, 2020 5- Frente da E. E. Jú- lio Secco de Carvalho para a Av. Presidente Kennedy. Fonte: A autora, 2020 6- E. E. Júlio Secco de Carvalho. Fonte: A autora, 2020 1000 Mapa 11: Identificação das fotografias. Fonte:: A autora, 2020 58 4 Mapa 11: Identificação das fotografias. Fonte:: A autora, 2020 4 5 6 7 8 9 11 12 7- Muro da E.E. Júlio Secco de Carvalho na R. Francisco Alves. Fonte: A autora, 2020 8- Quadra em fren- te à praia. Fonte: A autora, 2020 9- Muro da E.E. Júlio Secco de Carvalho na R. Afonso Schimidt. Fonte: A autora, 2020 10- Quadra em frente à praia. Fonte: A autora, 2020 11- Visão da área a partir da Av. Pres. Castelo Branco. Fon- te: A autora, 2020 12- Visão da área a partir do calçadão da praia. Fonte: A auto- ra, 2020 500m 59 4. Referências 61 As referências escolhidas para serem analisadas nesse capítu- lo obedecerem ao critério de aproximação com o objeto projetual desse trabalho, seja na questão programática, de implantação e/ ou situação do objeto a ser estudado. Os critérios de análise utilizados nesse trabalho seguem os métodos do Dr. Arquiteto Júlio Luiz Vieira, em sua tese de dou- torado apresentada em 2015 na Faculdade de Arquitetura e Ur- banismo da Universidade de São Paulo: • Contexto: Relação do objeto com a malha urbana no seu entorno; • Ocupação: Relação do objeto com cheios e vazios do lote dobre o qual está inserido; • Circulação: permeabilidade ao longo do projeto; • Sociabilidade: Capacidade de um determinado es- paço estimular o convívio social, seja de moradores/ proprietários, seja de transeuntes; 4.1. Jardim Edite Ficha técnica: Arquitetos: H+F Arquitetos, MMBB Arquitetos Ano:2010 Área total construída: 25.500 m² Habitação: 252 unidades de 50 m² Unidade Básica de Saúde: 1.300m² Restaurante Escola: 850 m² Creche: 1.400 m² 62 CONTEXTO: Projetado para ocupar o local da antiga favela com o mes- mo nome, o Conjunto habitacional Jardim Edite está inserido em um local de extrema importância para o atual cenário econômico paulistano, no cruzamento das avenidas Engenheiro Luís Car- los Berrini e Jornalista Roberto Marinho, próximo à ponte estia- da. O edifício estabelece uma relação ortogonal com os eixos da quadra e das avenidas que o cercam, aproveitando ao máximo as características do lote, e conversando geometricamente com seu 12 pav. 4 pav. Térreo Terreno Relação de alturas entorno. Ele é um marco da habitação social não apenas em São Paulo, mas no Brasil, pois está inserido em uma zona nobre da cidade, aumento a diversidade de usos do local. OCUPAÇÃO: O projeto aproveita ao máximo a ocupação do lote, se distribuindo ao longo do eixo longitudinal e em áreas próximas à linha do lote, paralelas ao entorno. Vazios Cheios Cheios e vazios Imagem 18:Contexto do Ed. Jardim Edite Fonte: A autora, 2020 Imagem 19: Ocupação do Ed. Jardim Edite Fonte: A autora, 2020 63 CIRCULAÇÃO: Os acessos do edifícios (públicos e privados) acontecem ao longo da Av. Charles Coulomb, R. Araçaíba e Av. Eng. Luís Carlos Berrini, tirando o fluxo da Av. Jorn. Roberto Marinho. Os acessos aos mais diversos usos ocorrem de forma independen- te, segregando-os sem comprometer a unidade do projeto. Em alguns casos, como na creche, o espaço público tem acesso pelo privado, aumento ainda mais a unidade do projeto e proporcio- nando rotas mais curtas parar os moradores das unidades. O fluxo nas áreas destinadas as unidades habitacionais se articulam de forma simples, variando de acordo com o gabarito do edifício, onde as torres com 4 pavimentos não têm elevador, mas as outras sim. As escadas, nas torres mais baixas, atendem 2 apartamentos cada uma, diminuindo o fluxo de pessoas nesses locais e maximizando o espaço para as unidades. Uso Público Privado Circulação Elevadores Escadas Corredores Acesso Público Privado Imagem 20: Circulação no térreo Fonte: A autora, 2020 Imagem 21: Circulação no pavimento tipo Fonte: A autora, 2020 64 SOCIABILIDADE: O complexo conta com um pavimento intermediário que faz a ligação das torres, proporcionando um espaço de convivên- cia para todos os moradores. Além disso, esse andar funciona como uma ligação à creche, por meio de uma escada e uma ram- pa, facilitando o acesso ao equipamento. Sociabilidade Moradores Creche Imagem 22: So- ciabilidade. Fonte: A autora, 2020 65 4.2. Unidade de Habitação de Marselha Ficha técnica: Arquiteto: Le Corbusier Ano:1952 Habitação: 337 unidades com 23 tipologias Serviços comuns: Ginásio, creche, pista de corrida, piscina infan- til, enfermaria, solário e bar. Centro comercial: Hotel, lavanderia, padaria, loja de verdura, li- vraria, entre outros. CONTEXTO: Com o fim da segunda guerra mundial, a França enfren-tava níveis altíssimos de defict habitacional. Le Corbusier foi contratado pelo governo francês para construir um conjunto ha- bitacional para a população de Marselha, e criou um projeto com foco na vida comunitária, um local não apenas para morar, mas também para conviver. OCUPAÇÃO: Implantada sobre um generoso parque, a Unidade de ha- bitação se estabelece ortogonalmente ao longo do eixo norte e sul, oculpando uma parcela do lote e deixando o entorno aberto, Imagem 23: Contexto unida- de de habitação de Marselha. Fonte: A autora, 2020 66 criando um parque. Suas janelas são voltadas para leste e oeste, permitindo um melhor aproveitamento da luz solar durante todo o dia, e fechando sua facha norte completamente, devido ao frio que vem nesta direção. CIRCULAÇÃO: O edifício tem um eixo de circulação central com eleva- dores, três escadas distribuídas ao longo de seu volume que dão acesso aos andares. Os corredores das unidades habitacionais estão dispostos a cada 2 pavimentos, o que otimiza a utilização do espaço, diminuindo o seu uso na circulação e aumentando nos programas. No térreo, existe uma escada externa com acesso ao7/8º pavimento, onde fica a rua central com comércios, servi- ços e o hotel. No 17º pavimento e na cobertura também existem rampas que dão acesso à creche e aos demais usos da cobertura. SOCIABILIDADE: O uso dos pilotis libera o térreo, dando continuidade ao parque no seu entorno. O 7º e 8º pavimentos criam uma cidade interna Vazios Cheios Cheios e vazios Imagem 24: Ocupação unida- de de habitação de Marselha. Fonte: A autora, 2020 Imagem 25: Ocupação unida- de de habitação de Marselha. Fonte: A autora, 2020 0 10 20 50m 67 Imagem 26: Circulação. Fonte: Cristhian Solarte Circulação Elevadores Escadas Imagem 27: Circulação seção trans- versal. Fonte: A autora, 2020. Circulação Público Privado 68 com usos diversos, que incluem hotel, lavanderia, padaria, loja de licor, loja de verduras, entre outros. No 17º e cobertura estão os equipamentos para os moradores, sendo eles uma creche, en- fermaria, uma piscina infantil, um ginásio, um solário com bar e uma pista de corrida de 300m. 4.3. Galeria Jardin Ficha técnica: Arquitetos: Mario Roberto Álvarez 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 Legenda: 1- Jardim de infância 2 - rampa de acesso aos serviços do 17 º pavimento 3- Torre de elevadores 4- Chaminé de ventilação 5- Parede corta-vento 6- Ginásio 7- Vestiários no terraço superior 8- Ruas internas 9- Serviços comuns 10- Brises da fachada 11- Escada de segurança 12 -terreo artificial - Máquinas 13 - Pilotis Imagem 28:Usos e áreas comuns. Fonte: Domus. 69 Ano:2010 Área do terreno: 7.300m² Área total construída: 25.500 m² Centro Comercial: 250 lojas Escritórios: 23 andares Habitação: 80 aptos CONTEXTO: O edifício fica em uma das ruas movimentada de Bue- nos Aires, conhecida pelos passeios tradicionalmente feitos na cidade. Situado em uma região com forte incentivo comercial, a galeria integra os usos a sua volta e os articula no térreo, per- mitindo-se criar uma extensão da rua. Suas escadas -rolantes ou não- estendem esse passeio pelos andares da galeria, que oferece uma boa iluminação natural -graças as suas aberturas zenitais- e transformam o caminhar pela galeria numa extensão do passeio público OCUPAÇÃO: O conjunto ocupa a totalidade do lote, tendo em seu em- basamento a já mencionada galeria, que, ao olhar no nível do Imagem 29: Contexto Galeria Jardin. Fonte: Google Maps. Execução: A autora, 2020 70 pedestre, oculta a figura das duas torres, não afetando assim a visão do pedestre do cenário do entorno. CIRCULAÇÃO: A circulação nos pavimentos da galeria é livre, como uma extensão da área pública. Na rua Tucuman existe uma rampa que dá acesso ao estacionamento no subsolo, e este tem acesso às tor- res de habitação e escritório por escadas e elevadores. As torres também podem ser acessadas pelo pavimento térreo, possuindo cada uma sua própria área de acesso, separada da circulação da galeria. SOCIABILIDADE: A extensão da rua provada pelo térreo, junto com os espaços Torres Galeria Aberturas Relação de alturas Imagem 30: Ocupação Galeria Jardin. Fonte: Google Maps. Execução: A autora, 2020 71 Habitação Escritórios Galeria Circulação Acessos Legenda 1- Pátio 2- Circulação 3- Lojas 4- Escada rolante 5- Elevadores 6- Rampa Imagem 31: Circulação. Fonte: Mario Roberto Álva- rez & Asoc Execução: A autora, 2020 72 que galeria proporciona, principalmente ao redor das aberturas zenitais, que se impõe como verdadeiras praças no meio da gale- ria, cria pontos de encontro dentro da mesma, além de intensifi- car a circulação. Imagem 32: Croqui da galeria. Fonte: Mario Roberto Álvarez & Asoc. 73 5. Proposta 75 Todo mundo precisa de um lugar legal para morar Para ir à escola Para trabalhar Independente de qual trabalho for Todo mundo precisa de um lugar pra se divetir, se exercitar e conviver 76 O projeto Reocupar buscar criar uma centralidade em Praia Grande, desafogando os centros comerciais e proporcionando um espaço de qualidade para a comuni- dade, em uma área com infraestru- tura já estabelecida. O programa é composto por: Habitação: 500 unidades, sendo 250 com 50m² e 250 com 30m² Escola técnica: 5.000m² Galeria: 8.000m² Escritórios: 10.000m² Sesc: 6.000m² Jardim público: 4.000m² Habitação Escola técnica Galeria + sesc + escritórios Imagem 33: Relação de alturas do progra- ma. Fonte: A autora, 2020 77 Habitação Escola técnica Habitação Jardim público Galeria + sesc + escritórios Imagem 34: Distribuição do pro- grama. Fonte: A autora, 2020 REFERÊNCIAS EPÍLOGO AVATAR: A lenda de Aang. Direção: Michael Dante DiMar- tino. Produção: Nickelodeon Animation Studios. Intérpre- te: Makoto Iwamatsu. Roteiro: Michael Dante DiMartino, Aaron Ehasz, Bryan Konietzko, John O’Bryan. [S. l.]: Ni- ckelodeon, 2005. Disponível em: https://www.netflix.com/ watch/70136322?trackId=13752289&tctx=0%2C8%2C- 17c397db-b5e9-4940-b38c-9288d4947b0a-4153465%- 2C%2C%2C. Acesso em: 1 jun. 2020. HABITAÇÃO A Tribuna. Números apontam déficit habitacional elevado na Baixada Santista. [S. l.], 10 ago. 2019. Dis- ponível em: https://www.atribuna.com.br/cidades/n%- C3%BAmeros-apontam-d%C3%A9ficit-habitacional-ele- vado-na-baixada-santista-1.62921. Acesso em: 20 abr. 2020. Arquivo Arq. Conjunto Residencial da Várzea do Car- mo. [S. l.]. Disponível em: https://www.arquivo.arq.br/ conjunto-residencial-da-varzea-do-carmo. Acesso em: 10 maio 2020. AZEVEDO, S., and ANDRADE, LAG. Habitação e populis- mo: a Fundação da Casa Popular. In:Habitação e poder: da Fundação da Casa Popular ao Banco Nacional Habi- tação [online]. 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