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Análise do uso do bambu como elemento estrutural em peças de concreto para casas populares (VERSÃO FINAL)


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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ 
ESCOLA POLITÉCNICA 
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL 
 
 
LUAN CASSÃO MANNES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANÁLISE DO USO DO BAMBU COMO ELEMENTO ESTRUTURAL EM VIGAS DE 
CONCRETO PARA CASAS POPULARES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURITIBA 
2016
 
 
LUAN CASSÃO MANNES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANÁLISE DO USO DO BAMBU COMO ELEMENTO ESTRUTURAL EM VIGAS DE 
CONCRETO PARA CASAS POPULARES 
 
Trabalho de Conclusão de Curso 
apresentado ao Curso de Graduação em 
Engenharia Civil da Pontifícia 
Universidade Católica do Paraná, como 
requisito parcial à obtenção do título em 
Engenharia Civil. 
 
Orientador: Prof. Dr. Roberto Borges 
França 
 
 
 
 
 
 
 
CURITIBA 
2016
 
 
Página reservada para ficha catalográfica que deve ser confeccionada após 
apresentação e alterações sugeridas pela banca exam inadora. 
Deve ser impressa no verso da folha de rosto. 
 
A Biblioteca da PUCPR oferece o serviço gratuitamen te. 
Para solicitar, necessário enviar o trabalho para o email 
biblioteca.processamento@pucpr.br 
Em até 48h a ficha será encaminhada para o email do solicitante. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LUAN CASSÃO MANNES 
 
 
ANÁLISE DO USO DO BAMBU COMO ELEMENTO ESTRUTURAL EM VIGAS DE 
CONCRETO PARA CASAS POPULARES 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso 
apresentado ao Curso de Graduação em 
Engenharia Civil da Pontifícia 
Universidade Católica do Paraná, como 
requisito parcial à obtenção do título em 
Engenharia Civil. 
 
 
COMISSÃO EXAMINADORA 
 
 
_____________________________________ 
Prof. Dr. Roberto Borges França 
PUCPR 
 
 
_____________________________________ 
Prof. Msc. Carlos Gustavo Nastari Marcondes 
PUCPR 
 
 
 
 
 
 
 
 
Cidade, ____ de ________ de 2016. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aos meus pais que me proporcionaram a 
oportunidade de estar completando mais 
esta etapa na minha vida. Também 
dedico a minha namorada, família e 
amigos que tanto me apoiaram para o 
desenvolvimento deste trabalho. 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
Ao Prof. Dr. Roberto Borges França, meu orientador, pela sua paciência, atenção e 
conhecimento dedicado. 
 
Aos outros professores do curso, que de alguma forma auxiliaram na realização deste 
trabalho, contribuindo com suas experiências e sanando dúvidas que existiram. 
 
Aos técnicos do Laboratório de Materiais e Estruturas (LAME) da UFPR e da DAHER 
Tecnologia em Engenharia pelo acompanhamento e disponibilização do espaço e 
equipamentos para a realização da parte experimental deste trabalho. 
 
Ao José e Isaac pela disponibilização das varas de bambu e também de algumas 
importantes informações sobre a planta. 
 
E por fim, a todos que de alguma maneira me ajudaram na realização deste trabalho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Que os vossos esforços desafiem as 
impossibilidades, lembrai-vos de que as 
grandes coisas do homem foram 
conquistadas do que parecia impossível” 
 
(CHAPLIN, Charles) 
 
 
RESUMO 
Este trabalho foi constituído a partir de uma análise experimental na qual foi estudado 
o comportamento estrutural de uma viga de concreto, onde foi usado o bambu como 
elemento resistente a tração na flexão ao invés do aço. As vigas ensaiadas possuíam 
120 cm de comprimento, 12 cm de largura e 30 cm de altura. O método utilizado para 
o ensaio foi o de flexão de três pontos, com o carregamento de uma força concentrada, 
aplicada verticalmente ao meio do vão. Para isso, foram realizadas 3 vigas de 
concreto, duas armadas com bambu da espécie Phyllostachs pubescens com área de 
5,06 cm², e uma armada com aço CA-50 com área de 2,01 cm². Onde foram 
comparadas as resistências e observou-se uma diferença entre as vigas reforçadas 
com o bambu e a viga armada com aço. 
 
Palavras-chave : Bambu. Viga. Concreto. Flexão. Elemento estrutural. 
 
 
 
 
LISTA DE ILUSTRAÇÕES 
 
Figura 1 – Regiões no mundo onde se encontram a maior quantidade de bambu .. 20 
Figura 2 - Ensaio a tração realizado em composto produzido com fibras do bambu 
em Singapura ........................................................................................................... 29 
Figura 3 – Saguão do terminal 4 do aeroporto Barajas, com o interior revestido com 
bambu ...................................................................................................................... 33 
Figura 4 - Variação dimensional do bambu causada pela absorção da água do 
concreto .................................................................................................................... 36 
Figura 5 – Corte das amostras de bambu ................................................................ 44 
Figura 6 – Planta baixa de uma casa popular em Garuva (SC) ............................... 45 
Figura 7 – Estado limíte último de uma viga na linha de domínio 2-3 ...................... 48 
Figura 8 - Processo de corte do bambu ................................................................... 59 
Figura 9 - Processo de montagem das armaduras e das formas ............................. 60 
Figura 10 - Determinação de slump ......................................................................... 61 
Figura 11 - Peças concretadas ................................................................................. 62 
Figura 12 – Máquina de ensaio à flexão do tipo eletro-hidráulica, modelo ZD-100PU 
 .................................................................................................................................. 63 
Figura 13 - Prensa Hidráulica de acionamento elétrico e Módulo Eletrônico de leitura, 
modelo PC100C ....................................................................................................... 64 
Figura 14 – Corpos de provas moldados ................................................................. 65 
Figura 15 – Ensaio de compressão sendo executado na amostra CPB1 . ............... 66 
Figura 16 – Ensaio de flexão sendo executado na amostra VB1 ............................. 67 
Figura 17 – Comportamento resistente de uma viga bi apoiada .............................. 69 
Figura 18 – Ruptura paralela a seção na amostra VB2 ............................................ 69 
Figura 19 – Ruptura da viga de aço após carga última aplicada .............................. 70 
Figura 20 – Aderência do bambu no concreto .......................................................... 71 
 
 
LISTA DE GRÁFICOS 
 
Gráfico 1 – Resistência geral das ripas laminadas de bambu D. giganteus ............. 27 
Gráfico 2 - Comparação das forças máximas de tração de diferentes materiais ..... 28 
Gráfico 3 – Curva granulométrica do agregado graúdo ........................................... 39 
Gráfico 4 – Curva granulométrica do agregado miúdo ............................................. 41 
Gráfico 5 – Determinação da relação a/c em função das resistências do concreto aos 
28 dias ...................................................................................................................... 54 
Gráfico 6 – Relação da carga x deformação transversal (flecha) das vigas armadas 
com bambu e aço . .................................................................................................... 68 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1 – Análise química de Bambusa vulgaris, Eucalyptus saligna e Pinus elliottii 
 .................................................................................................................................. 26 
Tabela 2 – Razão entre tensão de tração e o peso específico de alguns materiais . 28 
Tabela 3 – Valores médios de resistência (fto) e de módulo de elasticidade 
longitudinal (Eto) obtidos em ensaio de tração de ripas laminadas de D. giganteus 29 
Tabela 4 – Valores médios demassa específica aparente em ripas laminadas de 
bambu ...................................................................................................................... 31 
Tabela 5 – Relação entre a idade e a massa específica aparente (g/cm³) de bambus 
das espécies P. pubescens e S. affinis .................................................................... 31 
Tabela 6 – Determinação granulométrica do agregado graúdo . .............................. 38 
Tabela 7 – Determinação granulométrica do agregado miúdo ................................. 40 
Tabela 8 – Classes de agressividade ambiental ...................................................... 46 
Tabela 9 – Correspondência entre a classe de agressividade ambiental e o 
cobrimento nominal para Dc = 10 mm ...................................................................... 47 
Tabela 10 - Correspondência entre a classe de agressividade e a qualidade do 
concreto .................................................................................................................... 53 
Tabela 11 - Estimativa do consumo de água por metro cúbico de concreto em função 
do diâmetro máximo característico e do abatimento da mistura¹ ² ³ ......................... 55 
Tabela 12 - Volume compactado seco de agregado graúdo por metro cúbico de 
concreto ¹ ................................................................................................................. 56 
Tabela 13 – Traço unitário do concreto .................................................................... 57 
Tabela 14 – Resultados dos ensaios à compressão ................................................ 65 
Tabela 15 – Resultados dos ensaios à flexão .......................................................... 67 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
ABCP Associação Brasileira de Cimento Portland 
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas 
CP Cimento Portland 
FUNBAMBÚ Fundação Nacional de Bambu do Chile 
NM Norma Mercosul 
NBR 
RIBA 
Norma Brasileira Regulamentar 
Royal Institute of British Architects 
 
 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 14 
1.1 PROBLEMATIZAÇÃO .................................................................................. 15 
1.2 JUSTIFICATIVA............................................................................................ 15 
1.3 OBJETIVO .................................................................................................... 16 
1.4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ..................................................... 16 
1.5 LIMITAÇÕES DO TRABALHO ..................................................................... 16 
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................. ...................................... 17 
2.1 A IMPORTÂNCIA DA SUSTENTABILIDADE ............................................... 17 
2.2 A ECONOMIA NAS CASAS POPULARES .................................................. 18 
2.3 CARACTERISTICAS GERAIS DO BAMBU ................................................. 18 
2.3.1 Breve histórico do bambu .......................... ............................................... 18 
2.3.2 Principais espécies de bambu e sua distribuição geo gráfica ................ 20 
2.3.3 Características biológicas, morfológicas e anatomia do bambu ........... 22 
2.3.4 Cultivo, colheita e tratamento do bambu ........... ...................................... 24 
2.4 CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS, FÍSICAS E MECÂNICAS DO BAMBU .... 25 
2.4.1 Características químicas .......................... ................................................. 25 
2.4.2 Características físicas e mecânicas ............... ........................................... 26 
2.4.2.1 Flexão estática ............................................................................................. 26 
2.4.2.2 Tração paralela ............................................................................................. 27 
2.4.2.3 Compressão simples .................................................................................... 30 
2.4.2.4 Cisalhamento ................................................................................................ 30 
2.4.2.5 Massa específica aparente ........................................................................... 30 
2.5 APLICAÇÕES DO BAMBU ........................................................................... 32 
2.5.1 Bambu na construção civil ......................... ............................................... 32 
2.5.2 Bambucreto ........................................ ......................................................... 34 
2.6 RELAÇÃO DO BAMBU COM O CONCRETO .............................................. 34 
2.6.1 Umidade ........................................... ........................................................... 34 
2.6.2 Variação dimensional .............................. ................................................... 35 
2.6.3 Durabilidade do bambu no concreto ................. ....................................... 36 
3 MATERIAIS E MÉTODOS ............................... ............................................ 38 
3.1 MATERIAIS UTILIZADOS ............................................................................ 38 
3.1.1 Agregados graúdos ................................. ................................................... 38 
 
 
3.1.2 Agregados míudos .................................. ................................................... 40 
3.1.3 Cimento ........................................... ............................................................ 42 
3.1.4 Barras de Aço ..................................... ........................................................ 42 
3.1.5 Bambu ............................................. ............................................................ 43 
3.2 METODOLOGIA ADOTADA ......................................................................... 45 
3.2.1 Dimensionamento e detalhamento da peça ............ ................................. 45 
3.2.2 Traço do concreto ................................. ..................................................... 52 
3.2.3 Execução das amostras ............................. ................................................ 58 
3.2.4 Ensaios realizados ................................ ..................................................... 62 
3.2.4.1 Ensaio a flexão simples ................................................................................ 62 
3.2.4.2 Ensaio de compressão do corpo de prova ................................................... 63 
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS............................. ....................................... 65 
4.1 ENSAIO DE COMPRESSÃO DOS CORPOS DE PROVA ........................... 65 
4.2 ENSAIO DE FLEXÃO ................................................................................... 66 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................. ........................................... 72 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 73 
 
 
 
14
1 INTRODUÇÃO 
A partir do momento que o setor industrial se tornou um processo desenfreado 
na sociedade, um tema passou a permear a vida da população nos mais diversos 
âmbitos: o meio ambiente. 
Desse modo, a possibilidade de conciliar construção civil e possíveis benefícios 
para o meio ambiente representaria um padrão ideal para a sociedade. Os principais 
materiais utilizados mundialmente se baseiam no aço e cimento (HEBEL, 2015). 
Esses dois materiais no aspecto ambiental encontram-se longe do ideal, visto que são 
esgotáveis, e de certa maneira, poluentes. 
De acordo com Ferreira (2007): 
 
“Há um grande movimento entre os profissionais da área de construção civil 
para utilização de materiais de construção ecologicamentecorretos ou não 
convencionais. A importância e vantagens no uso destes materiais podem ser 
enfatizadas pelo baixo custo, poupadores de energia e não poluentes”. 
 
Assim, busca-se elaborar uma pesquisa para que possa ser efetivamente 
testado um recurso renovável e que, se possível, forneça melhorias ao meio ambiente 
de modo geral, sem que a essência de uma construção civil segura seja afetada. Com 
isso, surgiu a hipótese de utilizar o bambu - elemento natural e renovável - como 
material estrutural em casas populares. Ghavami (1992) afirma que o bambu é um 
recurso renovável, pois tem seu crescimento extremamente rápido, um baixo 
consumo energético e não necessita de transformação industrial. Consequentemente, 
o material torna-se mais econômico. Além disso, apresenta uma boa resistência a 
tração resultando em alta versatilidade, sendo superior na capacidade de resistir 
esforços de tração – relacionando com o peso específico do material - se comparado 
a materiais mais comuns, como o aço e a madeira. Tratando da questão de emissão 
de poluentes, o bambu também é reconhecido pela sua capacidade de capturar 
carbono, podendo desempenhar um papel importante na redução das emissões deste 
poluente no mundo. (HEBEL, 2015) 
A possibilidade de melhoria econômica, boa resistência à tração e benefícios 
ao ecossistema formam um conjunto de características pelos quais o estudo da 
utilização do bambu auxiliaria na construção de casas populares no Brasil. 
 
 
15
1.1 PROBLEMATIZAÇÃO 
O setor de construção civil progrediu concomitantemente à evolução dos 
processos industriais. É considerado um dos grandes agravadores da poluição 
ambiental, pois é responsável pela liberação de mais da metade do CO2 na atmosfera 
e dos resíduos sólidos produzidos em todo o mundo. 
Baseado principalmente em recursos esgotáveis, como o aço e cimento, a 
construção civil contribui diretamente na poluição do meio ambiente, cujo processo de 
extração destes recursos, requerem elevado gasto energético, e alta degradação 
ambiental para sua obtenção. 
 Para Oliveira (2006): 
 
“Há mais de 20 anos, já se fala em melhorar as condições da produção 
mundial de bens e serviços, reduzir padrões de consumo excessivos e 
diminuir o desperdício de recursos naturais. A humanidade tem consciência 
de que necessita dos recursos naturais do planeta para garantir a 
sobrevivência na Terra, mas, contraditoriamente, ainda não se extinguiram 
os padrões de degradação ambiental nocivos, decorrentes da 
industrialização.”. 
 
Contudo, a construção civil atual está inserida em um momento de transição. 
Novos materiais e elementos são inseridos cada vez com maiores níveis de sucesso 
no setor. O aço não perde totalmente seu enfoque e importância, entretanto, outros 
recursos são buscados. 
Recursos estes que não afetem tanto os locais de exploração, emitam menor 
quantidade de gases e que não necessitem de elevada quantidade de energia fóssil, 
como ocorre com o principal material ainda utilizado, o aço. 
1.2 JUSTIFICATIVA 
Dessa forma, materiais substitutos se fazem necessários num setor de alto 
impacto na sociedade como o da construção civil. É importante que uma análise 
coerente seja feita com vantagens e desvantagens de cada tipo de material, para uma 
posterior escolha adequada. 
O bambu surge como uma planta de estudo antigo, com características que 
tornam a construção de uma casa popular mais ecológica, e muitas vezes mais 
econômica em relação a sua construção e manutenção diária. Estudos apresentam 
 
 
16
excelente resistência à tração se comparado com materiais como o ferro fundido, 
alumínio e aço. 
Segundo Hebel (2015): 
 
“Acredita-se que a planta mais comum que cresce nas regiões de 
desenvolvimento do planeta vai despertar um papel importante no futuro da 
sustentabilidade econômica e ambiental, se for efetivamente utilizado na 
construção civil” 
1.3 OBJETIVO 
Analisar o comportamento do uso do bambu como elemento estrutural 
substituindo o aço para a composição das peças de concreto submetidas a flexão. 
 
1.4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 
a) Fundamentação teórica para avaliar propriedades físicas, químicas, 
biológicas e geométricas do bambu. 
b) Dimensionamento da armadura de bambu para as vigas das casas 
populares, usando o mesmo método que é utilizado para o aço. 
c) Execução de vigas de concreto para os ensaios 
d) Ensaio de flexão nas peças citadas acima. 
e) Ensaios de verificação de resistência a compressão corpos de prova de 
concreto. 
1.5 LIMITAÇÕES DO TRABALHO 
O presente trabalho limitou-se a analisar o comportamento das vigas de 
concreto devido a flexão, considerando o bambu como elemento tracionado. Não 
foram abordadas questões relativas quanto a aderência, impearmibilização do bambu, 
intempéries e comportamento em ambientes alcalinos. 
 
 
 
17
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 
2.1 A IMPORTÂNCIA DA SUSTENTABILIDADE 
Com o advento da Revolução Industrial, há um quadro mundial caótico no que 
se relaciona com exploração ambiental. Aspectos relacionados a sustentabilidade e 
preocupação com matérias primas para as futuras gerações são abandonados pela 
maior parte da população em detrimento da importância do lucro monetário. (Lopes, 
2008) 
Segundo Lopes (2008), no período Pós-Guerra, houve o lema de 
“desenvolvimento a qualquer custo” - um ideal que se difundiu pelo mundo inteiro, não 
somente nos envolvidos na Segunda Guerra Mundial. Os problemas ambientais a 
partir desse período, aumentaram significativamente, visto que, com o passar dos 
anos a onda capitalista tomou conta da humanidade. 
Porém, ainda de acordo com Lopes (2008), ideais contrários à essa intensa 
valorização monetária, existiram e ainda existem. Pode ser exemplificado a introdução 
do conceito de Ecodesenvolvimento e a consequente difusão do conceito de 
desenvolvimento sustentável a partir da década de 1980. Mais tarde, conferências 
centradas na preocupação ambiental como a ECO-92 e RIO-92 tornaram essa luta 
contra o “desenvolvimento econômico a qualquer custo” mais forte. 
Apesar da força resistente ainda presente na sociedade capitalista sobre o 
conceito de sustentabilidade, não há dúvidas da relevância da reflexão sobre o 
desenvolvimento sustentável. A partir desse momento reflexivo, novos materiais e 
fontes energéticas são buscados. (Munaro, 2014) 
De maneira simples, sustentabilidade é o caminho do equilíbrio em que o fator 
econômico, ambiental e social se somam para que consigamos conviver em um 
ambiente social melhor para todos. 
O bambu entra nesse contexto não como a solução de todos os problemas, 
mas sim como uma alternativa sustentável para associação com outros tipos de 
materiais, contribuindo para a diminuição da extração desenfreada de recursos não 
renováveis. 
 
 
18
2.2 A ECONOMIA NAS CASAS POPULARES 
Devido as políticas de desenvolvimento sustentável já implantadas no país para 
a construção de casa popular, deve-se cumprir alguns requisitos de sustentabilidade, 
reduzindo impactos ambientais e também diminuindo o custo da construção. 
Instituições de crédito financeiro apresentam função importante nesse 
progresso do desenvolvimento sustentável. Muitas delas, estimulam os usuários que 
necessitam do crédito a um desenvolvimento da moradia com quantidade mínima de 
recursos renováveis. Para ser considerado sustentável três pilares devem estar 
concomitantemente unidos: viabilidade econômica, socialmente justo e adequado em 
questões ambientais. 
Assim, pretende-se reduzir o custo de manutenção das moradias, reduzir 
despesas mensais dos moradores e incentivar - mesmo que de forma indireta - ao uso 
racional dos recursos naturais. A casa própria de um sonho pode, desse modo, tornar-
se realidade. 
Segundo Adamson e Lopes, citado por Lopes (2008), o bambu poderia 
contribuir com estas condições pois apresenta primeiramente, uma diminuição nos 
custos de construção da casa própria.De acordo com a Fundacíon Nacional de 
Bambú (FUNBAMBÚ), casas construídas com materiais tradicionais teriam custo 
maior por metro se comparado com uma casa equivalente utilizando-se bambu. Esse 
fato contribui para uma verdadeira possibilidade de inclusão social. 
 
2.3 CARACTERISTICAS GERAIS DO BAMBU 
2.3.1 Breve histórico do bambu 
Segundo Pereira e Beraldo (2008) acredita-se que o bambu teve origem no 
período cretáceo antes do início da Era terciária - era do surgimento do homem. O 
primeiro material de escrita chinês possuía o desenho de um bambu grafado, 
representado por dois talos com folhas e ramos. 
Após o descobrimento da planta, a sua utilização - também datada a partir de 
documentos chineses - se estima que foi iniciada em meados 1600 a 1100 a.C. A 
partir disso, o bambu apresentou- se útil em diversos âmbitos, como na medicina, 
farmácia, eletricidade e aviação - construção da primeira aeronave. Ou seja, o bambu 
 
 
19
desde seu descobrimento tem acompanhado o homem em diversas atividades e áreas 
de abrangência. (Pereira e Beraldo, 2008) 
Em 1917, os chineses foram a primeira civilização a associar bambu e concreto. 
No lado ocidental também existiu o desenvolvimento da planta, mas, ao contrário do 
Oriente, isso ocorreu apenas a partir da segunda guerra mundial pois temia-se que 
houvesse dificuldade na conquista do aço. (Ferreira, 2002) 
De acordo com Ribeiro, citado por Lopes (2008), essa progressão histórica 
rápida da utilização do bambu pode ser comprovada pelo grande número de pessoas 
que fazem uso da gramínea. Estima-se que 2,5 bilhões de indivíduos em todo mundo 
dependem do bambu em atividades diárias. Segundo Qisheng, citado por Berndsen 
(2008), A taxa de consumo de bambu na Ásia é de 12 kg por ano de produto. Somente 
na China, a produção se aproxima de 8 milhões de toneladas desse material. 
Porém, segundo Beraldo e Azzini, citado também por Berndsen (2008), os 
números são bem menores. Ainda há pouco conhecimento tecnológico e científico 
desenvolvido, mas a tendência é que essa realidade se transforme a partir do aumento 
da demanda de matérias sustentáveis. 
Já o começo do estudo do bambu como elemento estrutural iniciou-se em 1914, 
com o estudante H. K. Chow do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) que 
testou talas de bambu natural como reforço do concreto. Vinte anos depois, outras 
instituições tentaram encontrar aplicações adequadas para as excelentes 
propriedades mecânicas e técnicas do bambu, porém com pouco sucesso. Já em 
meados dos anos 50, Howard E. Glemm iniciou uma pesquisa extensa, utilizando sua 
experiência em trabalhos anteriores e, demonstrou que a aplicação do bambu natural 
no concreto com efeito estrutural era viável, em princípio; no entanto, devido aos 
pontos fracos, relatados ao longo deste trabalho, formaram-se rachaduras e a 
estrutura veio a desabar dias depois. (HEBEL, 2015) 
Atualmente, no Laboratório de Futuras Cidades (FCL) em Singapura, exploram 
o potencial do bambu e seus componentes. É investigado a possibilidade de extração 
da fibra e consequente transformação em um produto industrial mais denso e mais 
resistente à absorção de água, aproveitando as qualidades do bambu e mitigando 
seus efeitos indesejáveis. (HEBEL, 2015). 
 
 
 
20
2.3.2 Principais espécies de bambu e sua distribuiç ão geográfica 
O bambu não está distribuído homogeneamente pelos continentes, o que 
dificulta a utilização do mesmo em alguns países. A Ásia, berço da planta, é o 
continente que domina a concentração de bambu - cerca de 62% da quantidade 
mundial. Logo atrás aparece a América - com 34%, e a África - com apenas 4% da 
quantidade total. (Pereira e Beraldo, 2008) 
Conforme Lopes, citado por Berndsen (2008), alguns fatores geográficos 
estimulam o crescimento e consequente cultivo com sucesso do bambu. Regiões 
próximas a trópicos e de clima temperado são ideais para esse cultivo. Zonas quentes 
e com chuvas abundantes também caracterizam áreas de boa adaptação para o 
bambu. A maior parte das espécies encontra-se em temperaturas de 8ºC a 36 ºc. Em 
relação aos solos, a melhor opção para o bambu são os bem drenados, férteis e soltos 
em que o pH esteja entre 5,0 e 6,0. (Oliveira, 2006) 
 
Figura 1 – Regiões no mundo onde se encontram a maior quantidade de bambu 
 
Fonte: Hebel; Heisel; Javadian, 2013. 
 
Para Oliveira (2006), o Brasil, dessa forma, é um dos países com maior 
potencial para o cultivo adequado, pois apresenta clima tropical úmido e temperaturas 
ideais, facilitando o manejo e cultivo do material. 
 
 
21
O bambu pertence à família Graminae e subfamília Bambu - soidae. Apresenta 
aproximadamente 50 gêneros e 1300 espécies diferentes, distribuídos pelas regiões 
com características adequadas para o seu crescimento. (Pereira e Beraldo, 2008) 
Segundo Marçal (2008), no Brasil, diversas espécies de bambu são 
encontradas, porém, algumas são mais utilizadas e serão objeto de detalhamento a 
seguir: 
 
• Dendrocalamus giganteus: Essa espécie de bambu é de grande porte e 
entouceirante. Altura dos colmos varia de 24-40 m, diâmetro dos colmos 
está entre 10-20 cm, possui espessura de parede entre 1-3 cm. A 
temperatura mínima que sobrevive é de -2ºC, sua distribuição natural 
ocorre no SriLanka, Blangadesh, Nepal, Tailândia, China. É adaptada a 
regiões tropicais úmidas até regiões subtropicais e, usualmente 
preferem solos ricos. Os usos mais comuns dessa espécie baseiam-se 
nas áreas de construção, confecção de laminado colado, fabricação de 
polpa e papel, utensílios domésticos e alimentos (Pereira e Beraldo, 
2008). 
 
• Bambusa vulgares: Essa espécie de bambu é de médio porte e 
entouceirante. Altura dos colmos varia de 15-25 m, diâmetro dos colmos 
está entre 6-15cm, possui espessura de parede entre 7-15 mm, o 
tamanho dos internós varia de 25 a 25 cm. A temperatura mínima que 
sobrevive é de -2 ºC, sua distribuição natural ocorre em locais 
pantropicais. É adaptada a variados climas e solos, que possuam 
altitude máxima de 1500 m. Os usos mais comuns dessa espécie 
baseiam-se nas áreas de construção, polpa e papel, cercas, móveis, 
andaimes e artesanato (Pereira e Beraldo, 2008). 
 
• Guadua angustifólia: Essa espécie de bambu é de grande porte e 
entouceirante. Altura dos colmos varia até 30 cm, diâmetro dos colmos 
até 20 cm, possui espessura da parede entre 1,5 - 2 cm. A temperatura 
mínima que sobrevive é de -2ºC, sua distribuição natural ocorre na 
região norte do Brasil até o Panamá. É adaptada ao clima tropical, a 
solos médios a ricos e cresce ao longo de rios ou colinas. Os usos mais 
 
 
22
comuns dessa espécie baseiam-se na área de construção para casas 
de baixo custo, e usos diversos no meio rural (Pereira e Beraldo, 2008). 
 
• Phyllostachs pubescens: Essa espécie de bambu é de médio porte e 
alastrante. Altura dos colmos varia de 10-20 m, diâmetro dos colmos 
está entre 7-15 cm, possui espessura de parede média (8 a 29 mm), A 
temperatura mínima que sobrevive é de -15ºC, sua distribuição natural 
ocorre na China. É adaptada a clima temperado, solos ricos em matéria 
orgânica, e capaz de suportar baixas temperaturas. Os usos mais 
comuns dessa espécie baseiam-se nas áreas de construção, alimento, 
implemento agrícola e fabricação de utensílios domésticos e por essas 
razões foi esta a espécie escolhida para a realização do trabalho. 
(Pereira e Beraldo, 2008). 
 
2.3.3 Características biológicas, morfológicas e an atomia do bambu 
De acordo com Berndsen (2008), o bambu é caracterizado como uma planta 
monocotiledônea e lenhosa. Não possui câmbio. Os feixes fibovasculares dessa 
planta são representados pelo xilema - movimento ascendente da seiva e floema - 
movimento descendente da seiva. 
É constituído por 2 partes: uma subterrânea - formada por rizoma e raízes - e 
outra aérea - representado pelo caule ou tronco, denominado de colmo. (Pereira e 
Beraldo, 2008) 
SegundoPereira e Beraldo (2008), o rizoma armazena nutrientes para posterior 
distribuição. A nutrição e consequente formação de novos colmos é dependente do 
rizoma, essa formação ocorre de forma assexuada pelas ramificações dos rizomas. 
Se há nascimento e desenvolvimento separados dos colmos, são denominados de 
grupo alastrante. Se o nascimento é acompanhado de desenvolvimento agrupado, 
são denominados de grupo entouceirante. 
Pereira e Beraldo (2008) também afirmam, que, o colmo nasce com o diâmetro 
fixo que terá durante toda a sua vida, apresentam forma cilíndrica, e apresentam uma 
sequência de internos ocos que são separados por diafragmas - estes externamente 
 
 
23
aparecem como nós, local de saída de ramos e folhas. Cada espécie de bambu difere 
do colmo da outra espécie e cessa seu crescimento quando surge o broto. 
Nos internos as células do colmo têm orientação axial e nos nós as 
interconexões são transversais. Externamente, o colmo é constituído por uma camada 
curinizada e com cera e outra interna mais espessa e altamente lignificada. O tecido 
do colmo é constituído por células de parênquima, feixes fibrosos e feixes vasculares 
- a maior parte do colmo é constituída de parênquima - estoca nutrientes e água. O 
xilema e floema são maiores e menos numerosos internamente e, menores e mais 
numerosos na periferia. As fibras têm função de resistência mecânica dos colmos, 
protegendo feixes vasculares. (Pereira e Beraldo, 2008) 
Com o aumento da idade do colmo há diminuição da umidade no parênquima 
do colmo e há diminuição dos espaços intracelulares do colmo. As fibras são mais 
curtas nos nós, o que reflete no comportamento mecânico mais frágil, assim, em 
esforços de tração há rompimentos nessa região. Há ainda, predomínio de fibras na 
camada externa do colmo e maior quantidade de células parenquimatosas na camada 
interna - o que revela que a parte externa é mais resistente. (Pereira e Beraldo, 2008) 
O nó do colmo é constituído por: aresta nodal, diafragma, cicatriza da bainha e 
espaço entre cicatriz da bainha e aresta nodal. 
Conforme Pereira e Beraldo (2008), uma cicatriz é formada quando a bainha 
cai. A criação de células pelo meristema - um tecido ainda não formado - é 
representado pela aresta nodal, resultado da força da camada externa para fora pelos 
feixes vasculares. 
De acordo com a espécie existe diferença na forma dos nós, o diafragma tem 
a possibilidade de ser plano, côncavo ou convexo e o intranó pode variar em 
comprimento. (Pereira e Beraldo, 2008) 
Segundo Carrasco, citado por Pereira e Beraldo (2008), o bambu é um material 
heterogêneo - de natureza desigual e diferença estrutural e de distribuição- e 
ortotrópico- propriedades mecânicas únicas que dependem das direções com que são 
observadas. Devido a isso, coeficientes elásticos variam de acordo com a direção 
anatômica analisada. 
Há dois grupos de bambu, são eles: o grupo leptomorfo/monopodial e 
paquimorfo ou simpodial. (Berndsen, 2008) 
Berdsen (2008) afirma que, o grupo leptomorfo é do tipo alastrante, apresentam 
rizomas longos, numerosos, delgados e de formato cilíndrico. Possui uma gema lateral 
 
 
24
inativa em cada nó do rizoma, que pode ser reativada e produzir novo rizoma ou novo 
colmo. Esse grupo se encontra em zonas resistentes ao frio e temperadas. 
Já o grupo paquimorfo, apresenta rizomas curtos, grossos e sólidos, entrenós 
assimétricos. Novos rizomas e colmos são desenvolvidos a partir das gemas laterais 
ativadas - processo que ocorre anualmente. Sua distribuição ocorre principalmente 
em regiões de clima tropical e quentes. (Berndsen, 2008) 
2.3.4 Cultivo, colheita e tratamento do bambu 
Segundo Munaro (2014), o bambu não é uma gramínea de difícil cultivo. Alguns 
aspectos são ideais para esse cultivo, entretanto, a planta adapta-se à muitas 
variações - são resistentes. Solos arenosos apresentam melhores resultados no 
plantio do bambu, porem não são ideais, enquanto solos argilosos estão longe do 
ideal. Assim, o ideal para o solo, seria dispor de matéria orgânica abundante, uma boa 
drenagem e alta umidade. 
Índices pluviométricos elevados, aproximadamente mais de 1000 
milímetros/ano e práticas como adubação, tratos de cultura, irrigação, calagem são 
medidas que estimulam o crescimento saudável do bambu (Oliveira, 2006). Para 
Lopes (2008), um aspecto importante de ser ressaltado com relação ao cultivo, é de 
que ele pode ser cultivado em terrenos acidentados, pois o tipo entouceirante e 
alastrante apresentam um sistema radicular bastante extenso e superficial, 
viabilizando o cultivo em terrenos que não são utilizados para outros tipos de 
agricultura. 
O fim do crescimento ocorre meses depois do surgimento do broto, o que ocorre 
normalmente em estações chuvosas, podendo alcançar alturas elevadas - em 
espécies pequenas em média ocorre em torno de 30 dias e, em espécies maiores em 
torno de 180 dias. Não é apenas a diferença de tamanho como a diferença de espécie, 
se alastrante ou entouceirante também influencia no crescimento da gramínea 
(Oliveira, 2006) 
Conforme Munaro (2014), para uma colheita adequada, os colmos secos ou 
defeituosos devem ser retirados pois podem prejudicar o desempenho da touceira e 
indiretamente dos colmos maduros - 3 a 10 anos - que são os retirados para a 
exploração. Se houver a retirada de colmos jovens, imaturos - menos de 3 anos - 
também é prejudicial pois são colmos que auxiliam no armazenamento de energia, 
 
 
25
que no caso é representado pelo amido. Além disso, os colmos maduros apresentam 
máxima resistência mecânica, fator essencial na utilização desses para a construção 
civil. 
O corte do bambu deve respeitar a altura de 20 centímetros do solo e acima de 
um nó, evitando aparecimento de larvas de insetos pela retenção hídrica. A época 
ideal de corte é a estação seca pois os colmos apresentam menor quantidade de 
seiva, protegendo-os de insetos e fungos e, também é nessa época que há pouco 
conteúdo de amido, o que aumenta a sua durabilidade. (Munaro, 2014) 
Após o processo de corte, é importante a realização da secagem dos colmos 
pois melhora a resistência mecânica. A secagem deve ocorrer lentamente e deve ser 
realizada em todo o colmo - o que diminui a possibilidade de aparecimento de 
rachaduras. Durante esse processo há mudança na coloração do colmo, de 
esverdeado para amarelado. Quando finalizada a secagem, aplicação de substâncias 
químicas devem ser feitas com a finalidade de preservação da planta, entretanto, são 
métodos mais caros do que os tradicionais. A última etapa, logo após o tratamento 
químico, consiste no repouso do colmo por aproximadamente 10 dias. (Oliveira, 2006) 
2.4 CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS, FÍSICAS E MECÂNICAS DO BAMBU 
2.4.1 Características químicas 
O bambu é constituído por carboidratos, celulose, hemicelulose, lignina e, em 
menores quantidades, resinas, taninos, ceras e sais inorgânicos resultando num 
material semelhante a madeira, pois os componentes são praticamente os mesmos. 
Essa composição química depende da espécie, idade, região do colmo e condições 
de crescimento do colmo do bambu. 
No Tabela 1, é apresentado uma comparação de composição química entres 
espécies de bambu, eucalipto e pinus. Pode-se observar que os teores de celulose 
são semelhantes, e se tratando de lignina o bambu apresenta uma menor quantidade 
se comparado com as duas espécies de madeira. Além disso, nota-se a solubilidade 
alta do bambu em solução de soda 1% ou em água quente, essa característica denota 
alta relevância para o uso do bambu na forma de partículas na composição com o 
cimento. 
 
 
 
26
Tabela 1 – Análise química de Bambusa vulgaris, Eucalyptus saligna e Pinus elliottii 
 
Fonte: Pereira e Beraldo, 2008. 
 
2.4.2 Características físicas e mecânicas 
A análise mecânica consiste no estudo do comportamento de um determinado 
material quando submetido a uma carga, resultando nadeformação desse material. 
O bambu, possui propriedades mecânicas nas três direções: longitudinal, radial e 
tangencial (Berndsen, 2008). Um bom desempenho estrutural do bambu quanto à 
flexão, compressão e tração depende da sua volumetria tubular e pelos arranjos de 
fibras na direção longitudinal, o que formam feixes de micro tubos. Apesar da 
dificuldade de encontrar colmos de bambu homogêneos, deve-se existir uma 
normatização nos ensaios. (Marçal, 2008) 
2.4.2.1 Flexão estática 
Pode parecer simples no caso das madeiras - devido a sua usinabilidade - 
porém no caso do bambu, segundo Pereira e Beraldo (2008), se encontram 
dificuldades, principalmente quando o objetivo é o de ensaiar diretamente um colmo. 
Espécies que possuem maior diâmetro permitem a confecção de corpos de prova 
muito parecidos aos recomendados para ensaio de madeiras. Deve ser adotada uma 
posição que se relacione a disposição da camada externa do colmo. Quanto maior o 
número de feixes de fibras nessa camada, maior será a resistência do corpo de prova. 
Há dificuldades de efetuar um ensaio eficiente de colmos de bambu, visto que 
se assemelham a troncos de cone, tem espessura da parede variável, e a orientação 
das fibras na região dos nós também variam. Uma solução para alguns dos problemas 
detectados em corpos de provas cilíndricos é a utilização de corpos de prova de seção 
retangular (Pereira e Beraldo, 2008) 
Determinações B. vulgaris (%) E. saligna (%) P. elliottii (%)
Celulose 49,2 54,6 55,5
Lignina 14,5 25,5 26,0
Pentosanas 22,3 16,4 7,1
Solubilidade em soda a 1% 33,4 14,8 16,9
Solubilidade em água quente 15,0 1,6 3,8
Solubilidade em álcool-benzeno 5,2 1,4 6,7
Cinzas 1,8 0,3 0,3
 
 
27
Com relação a flexão do bambu, os resultados observados na literatura 
disponível apresentaram a resistência do bambu a flexão entre 30 e 170 MPa, esse 
dado pode ser influenciado pela metodologia adotada e pela dimensão do corpo de 
prova usado no ensaio. (Pereira e Beraldo, 2008) 
A presença de nós diminui a resistência a flexão e tração, o que não ocorre na 
compressão, isso pode ser observado pelo Gráfico 1. 
 
Gráfico 1 – Resistência geral das ripas laminadas de bambu D. giganteus 
 
Fonte: Pereira e Beraldo, 2008. 
 
2.4.2.2 Tração paralela 
Na Ásia, as antigas pontes pênseis eram construídas com tecidos trançados 
provenientes das camadas externas de colmos de bambu. Essas pontes, eram 
exemplos de combinação de leveza e resistência mecânica em tração (Pereira e 
Beraldo, 2008). 
Segundo Pereira e Beraldo (2008), o bambu apresenta resistência a tração 
elevada, podendo atingir até 370 MPa. De acordo com Hebel (2015), há estudos em 
que o bambu chega a ultrapassar uma resistência de 400 MPa, através de um 
composto fibroso da planta, como mostra a comparação do Gráfico 2. 
248
110
170
110
60 55
Resistência Geral do Colmo (MPa)
Tração Flexão Compressão
Sem nó Com nó
 
 
28
Gráfico 2 - Comparação das forças máximas de tração de diferentes materiais 
 
Fonte: Hebel, 2015. 
 
A resistência à tração é considerada como sendo da ordem de 2,5 a 3,5 aquela 
obtida em ensaios de compressão. Esses aspectos contribuem para argumentos 
favoráveis a utilização do bambu substituindo o aço, além disso é possível observar 
na Tabela 2 que a razão R entre a resistência a tração do bambu e seu peso especifico 
é mais do que duas vezes da obtida para o aço CA50. 
 
Tabela 2 – Razão entre tensão de tração e o peso específico de alguns materiais 
Tipo de 
Material
Resistência em 
tração (MPa)
Peso específico 
(g/cm³)
Relação entre resistência 
e peso específico
R em relação 
ao aço
Aço CA 50 500 7,83 0,64 1,00
Alumínio 300 2,79 1,07 1,67
Ferro fundido 280 7,70 0,39 0,61
Bambu 120 0,80 1,50 2,34
 
Fonte: Pereira e Beraldo, 2008. 
 
375 400
700
400+
1600
Fibra de
Sisal
Aço ST400 Fibra de
Linho
Fibra de
Bambu
Fibra de
Carbono
Resistência a tração (MPa)
 
 
29
Figura 2 - Ensaio a tração realizado em composto produzido com fibras do bambu em Singapura 
 
Fonte: Hebel; Heisel; Javadian, 2013. 
 
Ao fazer um ensaio de tração, Pereira e Beraldo (2008) alertam que há uma 
heterogeneidade natural na talisca de bambu, quanto maior a quantidade de camadas 
externas maior será o valor dos resultados. A quantidade de nós também interfere nos 
resultados, como pode ser observado pela Tabela 3, pois é um local onde ocorre o 
desvio das fibras, diminuindo a resistência do bambu, quando submetido a tração. 
 
Tabela 3 – Valores médios de resistência (fto) e de módulo de elasticidade longitudinal (Eto) obtidos 
em ensaio de tração de ripas laminadas de D. giganteus 
 
Fonte: Pereira e Beraldo, 2008. 
 
Região do colmo fto (MPa) Eto (GPa) Umidade (%) fto (MPa) Eto (GPa) Umidade (%)
A (n=16) 240,1 20,1 12,0 103,3 16,9 11,9
B (n=16) 250,0 20,7 12,0 117,5 18,6 11,9
C (n=16) 246,8 20,7 11,9 114,4 19,5 12,0
Colmo 245,4 20,5 12,0 111,9 18,3 11,9
Desvio 22,5 1,7 14,5 2,2
C.V. (%) 9,2 8,3 13,0 12,2
Sem Nó Com Nó
 
 
30
 Já Berndsen (2008) chegou a valores entre 157,9 e 221,1 MPa quando 
submeteu bambu da espécie Phyllostachys pubescens, aos mesmos ensaios de 
tração, obtendo uma média de 198,6 MPa aproximadamente. 
2.4.2.3 Compressão simples 
Assim como nos outros testes citados acima, Pereira e Beraldo (2008) afirma 
que na compressão simples é preferível a utilização de corpos de prova de seção 
retangular, pois, a probabilidade de este deslizar sobre os pratos da máquina de 
ensaio é menor. 
Observou-se nestes ensaios que a camada externa tem menor deformação se 
comparado com a interna pois há diferença na distribuição dos elementos anatômicos. 
Com isso, o módulo de elasticidade obtido nas camadas externas pode ser duas a 
três vezes superior à média da espécie. A curva tensão x deformação neste ensaio foi 
quase linear; o módulo de elasticidade variou entre 2,6 e 20GPa enquanto a 
resistência a compressão esteve entre 20 a 120 MPa (Pereira e Beraldo, 2008). 
2.4.2.4 Cisalhamento 
Segundo Pereira e Beraldo (2008), a resistência aos cisalhamentos 
perpendiculares as fibras do bambu, estão em torno de 30% de sua resistência a 
flexão, e quanto ao cisalhamento longitudinal as suas fibras estão em cerca de 15% 
da sua resistência a compressão. Conforme Pereira e Beraldo (2008), também se 
encontra dificuldades para a utilização dos mesmos ensaios da madeira, no bambu, e 
isso ocorre por uma série de fatores, entre eles, a pequena espessura de parede e 
especificações quanto a curvatura e entalhes necessários descritos na NRB 7190-97. 
2.4.2.5 Massa específica aparente 
A massa especifica é uma propriedade física que depende do local da parede 
do colmo da qual a amostra foi retirada. Quanto maior a proximidade da casca, maior 
será a massa especifica do material, pois há feixes vasculares menores, mais densos 
e uma menor quantidade de células parenquimatos na parede mais externa. O teor 
de umidade também influencia na massa específica do bambu. 
 
 
31
Segundo Liese, citado por Pereira e Beraldo (2008), a densidade da massa dos 
bambus encontrasse entre 500kg/m³ a 800kg/m³. Ao longo do colmo a massa 
especifica aumenta da base em direção ao topo. Além disso regiões nodais 
apresentam maior interligação entre vasos e fibras, o que aumenta sua densidade em 
relação a outras regiões do colmo, entretanto, é uma região com menor resistência a 
flexão, compressão e cisalhamento. 
As diferentes características citadas acima podem ser confirmadas por meio da 
Tabela 4. 
 
Tabela 4 – Valores médios de massa específica aparente em ripas laminadas de bambu 
 
Fonte: Pereira e Beraldo, 2008. 
 
Outro fator que interfere na massa especifica é a idade do colmo, quanto mais 
maduro, maior a densidade, isso estabiliza a partir dos 5 anos de idade do colmo até 
os 8 anos, após esse período há um declínio na massa especifica do colmo. Isso pode 
ser observado pela Tabela 5. 
 
Tabela 5 – Relação entre aidade e a massa específica aparente (g/cm³) de bambus das espécies P. 
pubescens e S. affinis 
 
Fonte: Pereira e Beraldo, 2008 
 
Assim, comparando sua massa específica, com sua resistência e dureza, o 
bambu é superior a muitos outros materiais empregados na construção civil, e chega 
muito perto de um dos materiais mais resistentes do planeta, o aço. 
r (g/cm³) Umidade (%) r (g/cm³) Umidade (%)
A 0,76 11,4 0,82 11,4
B 0,84 11,5 0,91 11,6
C 0,84 11,7 0,90 11,7
Média do Colmo 0,81 11,5 0,88 11,6
Sem nó Com nó
Parte do colmo 
Idade (anos) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
P. pubescens 0,43 0,56 0,61 0,63 0,62 0,63 0,63 0,66 0,61 0,61
S. affinis 0,49 0,49 0,55 0,51 0,61 0,64 0,63 - - -
 
 
32
2.5 APLICAÇÕES DO BAMBU 
2.5.1 Bambu na construção civil 
Nos últimos anos, Beraldo (2010) afirma que materiais alternativos e 
principalmente, materiais eco sustentáveis estão sendo estudados e testados no 
ambiente da construção civil. Assim, o bambu torna-se interessante, pois é um recurso 
renovável, e apresenta características mecânicas, físicas que possibilitam a sua 
utilização na construção de moradias, por exemplo. 
Nas culturas asiáticas, essa utilização do bambu é antiga. Já na América Latina, 
Equador e Colombia são os países que possuem quantidade alta de bambu e, 
portanto, representam os maiores usuários da utilização da planta na construção. 
Pode-se ressaltar que o uso não se restringe apenas ao uso funcional e estrutural, 
mas, arquitetos demonstram que há sim sentido estético na planta pela riqueza de 
características que possui, podendo ser utilizada numa arquitetura totalmente 
diferenciada e criativa (Oliveira, 2006). Na Figura 3, observa-se o terminal 4 do 
aeroporto internacional de Madrid, cujo interior foi revestido inteiramente com bambu, 
o que fez com que os arquitetos responsáveis pelo projeto do aeroporto Barajas 
fossem contemplados com o reputado prêmio Stirling de 2006, concedido pelo Royal 
Institute of British Architects (RIBA), considerado como o “oscar” dos arquitetos, o que 
afirma o fato do bambu também ser um excelente material para o uso estético, além 
do uso estrutural, objetivo deste trabalho. 
 
 
 
33
Figura 3 – Saguão do terminal 4 do aeroporto Barajas, com o interior revestido com bambu 
 
Fonte: o autor, 2016. 
 
Diversas vantagens são atribuídas a utilização do bambu e baseiam-se em: 
crescimento rápido, sequestro de carbono, reflorestamento, conservação dos solos, 
mais econômico se comparado e consome menor quantidade de energia para a sua 
produção. Pode ser utilizado na maioria dos usos da madeira, enquanto o contrário 
não é possível de ocorrer (Munaro, 2014) 
Por outro lado, Pereira e Beraldo (2008) ressaltam que também há desvantagens 
em seu uso estrutural: tem baixa resistência ao fendilhamento, não apresenta forma 
cilíndrica perfeita, dificuldade de ligação entre os colmos. 
O bambu pode compor paredes duplas, por meio de esteiras formadas pelo seu 
colmo associadas a quadros pré-fabricados de madeira. Pode ainda, participar da 
confecção de quiosques e galpões - por meio do preenchimento dos internos com 
madeira, tornando viável aparafusá-lo. Apesar desses exemplos e outros na 
construção civil, o uso central na estrutura civil é associado ao concreto: O 
bambucreto. (Pereira e Beraldo, 2008) 
 
 
34
2.5.2 Bambucreto 
Apesar do título, a substituição total do aço pelo bambu, segundo Pereira e 
Beraldo (2008), dificilmente ocorrerá em pleno sentido da palavra pois há um grande 
empecilho: seu módulo de elasticidade é apenas 10% do metal, porém, se for 
considerada a resistência em relação a densidade - resistência específica - o bambu 
seria duas vezes mais eficiente que o aço. 
O bambucreto é definido como a substituição do aço pelo bambu no concreto. 
A aplicação desse material torna-se viável para obras secundárias nas quais o 
bambucreto não seja submetido a grandes esforços - pequenos vãos de até 3,5 
metros (Pereira e Beraldo, 2008) 
Segundo Ferreira, citado por Munaro (2014), como na maioria das relações do 
bambu funcional, países asiáticos foram os pioneiros no uso do Bambucreto e, houve 
um grande estímulo para o seu uso, devido a Segunda Guerra Mundial e o temor da 
indisponibilidade do aço. 
Para sua fabricação com sucesso, alguns aspectos têm de ser obedecidos: 
emprego de bambus maduros - que já tenham atingido ciclo ideal de no mínimo 3 
anos- para maior aderência dos componentes e melhor desempenho; 
impermeabilização por apresentar higroscopia - propriedade que certos materiais 
possuem de absorver água - e envolvimento em areia grossa, para aumento da 
rugosidade e consequente aderência do mesmo (Munaro, 2014) 
Por outro lado, alguns aspectos negativos têm sido discutidos a respeito dessa 
associação: como absorção de água, comportamento de expansão e retração do 
bambu dentro do concreto, durabilidade limitada, e vulnerabilidade à ataques de 
fungos (HEBEL, 2015). O estudo da utilização do bambu como elemento estrutural do 
concreto, portanto, torna-se de extrema importância para a verificação do real 
coeficiente entre benefício e prejuízo da gramínea. 
2.6 RELAÇÃO DO BAMBU COM O CONCRETO 
2.6.1 Umidade 
A porcentagem entre a massa de água contida no bambu pela massa de bambu 
seco define o conceito de teor de umidade. Esse conceito é importante pois define 
algumas das propriedades mecânicas do bambu. 
 
 
35
Dependendo da idade, época do corte, e posição há variação no teor de 
umidade. Por exemplo, colmos mais novos possuem um maior teor de umidade, além 
disso este teor diminui à medida que sobe da base para o topo e da parte externa para 
interna. Quando há aumento no teor de umidade a resistência a compressão, 
cisalhamento, tração, modulo de elasticidade e flexão paralela diminuem todos. Isso 
pode ser explicado pois pode haver variação no ângulo dos vasos, devido a sua 
direção estar com o ângulo reto. 
No estudo de LEE et al (1994), citado por Berndsen (2008), foi concluído não 
existir uma diferença expressiva entre o peso específico e teor de umidade em 
diferentes posições dos colmos. Já ADB.LATIF et al (1993), citado também por 
Berndsen (2008), apresentou a relação entre menor idade e maior teor de umidade. 
Ou seja, à medida que o bambu vai se tornando mais velho, menor é seu teor de 
umidade. 
Segundo o Pereira e Beraldo (2008) quanto mais próximo da base for retirada 
a amostra, maior será a sua umidade e o tempo necessário para ocorrer a umidade 
de equilíbrio com o meio ambiente. 
Portanto, devido a esse teor de umidade elevado, segundo Munaro (2014) é 
necessário realizar um período de um a quatro meses de secagem em temperatura 
ambiente após o corte, para que seja alcançada a umidade de 12 a 15%, número mais 
próximo do ideal quando se fala em seu uso estrutural. 
2.6.2 Variação dimensional 
Conforme Pereira e Beraldo (2008), quando sujeito a variações de umidade 
menores do que o ponto de saturação das fibras ao ar, que é de 20%, o bambu 
apresenta variações dimensionais. O afastamento ou aproximação entre as cadeias 
de bambu são denominadas de inchamento ou retração respectivamente. Essas 
variações existentes podem ocorrer em 3 eixos lineares: radial, axial e tangencial. 
Desta forma, quando em contato com o concreto fresco, este detalhe prejudica 
a trabalhabilidade e a aderência entre os dois materiais, pois quando imerso, o a 
bambu absorve uma certa quantidade de água contida no concreto, o que faz com 
que suas medidas ampliem, e logo após a secagem do mesmo, suas medidas 
retraem, o que gera espaços vazios entre o bambu e o concreto, possibilitando assim, 
ataque biológicos no bambu, e um enfraquecimento da própria estrutura. 
 
 
36
 
Figura 4 - Variação dimensional do bambu causada pela absorção da água do concreto 
 
Fonte: Hebel; Heisel; Javadian, 2013. 
 
Portanto, para que se tenha um melhor desempenho neste quesito, Ferreira 
(2002) recomenda o uso de impermeabilizantessobre o bambu, e um concreto de 
traço rico e rápida secagem, para evitar essas fissuras na estrutura. 
2.6.3 Durabilidade do bambu no concreto 
Ainda há muita pouca informação na literatura sobre a durabilidade do bambu 
no concreto, sabe-se, entretanto, que condições, como a espécie, o tratamento 
realizado e a conservação são fatores influenciadores da durabilidade da matéria 
prima. Além disso, quanto menor a espessura da parede do bambu, e quanto mais 
próximo da região apical do colmo é o bambu maior será a vida útil da matéria 
(MUNARO, 2014). 
De acordo com Munaro (2014), uma secagem adequada é fundamental para 
que a durabilidade da planta aumente pelo reforço de propriedades físicas e 
mecânicas. Pode-se também utilizar preservativos para que a vida útil aumente, visto 
que, estudos revelam um aumento de 3 anos para até 20 anos pela utilização desse 
material concomitante com processos adequados e cuidadosos com o bambu, como 
a secagem. 
Quando é feita uma comparação entre o concreto armado x bambu, segundo 
Ghavami (1992 apud Ferreira, 2002), citado por Munaro (2014), há resultados 
satisfatórios e semelhantes após um período de análise de 15 anos. Alguns fatores 
positivos foram ressaltados nessa análise, como a necessidade de substituição do aço 
pela presença de processos corrosivos, enquanto a substituição do bambu não seria 
 
 
37
precisa naquele momento. Para Ghavami (2005), porém, haveria a necessidade de 
uma área de seção transversal cerca de seis vezes maior do que a necessária para o 
aço pelo fato do bambu apresentar um baixo valor do módulo de elasticidade quando 
comparado ao aço. 
 
 
38
3 MATERIAIS E MÉTODOS 
3.1 MATERIAIS UTILIZADOS 
3.1.1 Agregados graúdos 
A brita 1, comercialmente assim denominada, foi o agregado graúdo usado no 
trabalho. Apesar de as dimensões da peça concretada requererem um agregado de 
menor dimensão, como por exemplo o pedrisco (brita 0), não foi possível adquiri-lo, 
por isso, foi usada a brita em questão. Segundo a norma NM 248 (2003), a 
composição granulométrica do agregado graúdo é determinada com a utilização das 
peneiras de série normal e intermediaria. Para isso, foram ensaiadas duas amostras 
granulométricas contendo 2000 gramas de massa cada, e os resultados constam na 
Tabela 6. 
 
Tabela 6 – Determinação granulométrica do agregado graúdo 
 
Fonte: o autor, 2016. 
 
A dimensão máxima característica, segundo o item 3.2 da norma NM 248 (2003), 
é uma grandeza associada a granulometria do agregado, correspondente à abertura 
nominal, em milímetros, da malha da peneira da série normal ou intermediária, na qual 
o agregado apresenta uma porcentagem retida acumulada igual ou imediatamente 
inferior a 5 % em massa. Portanto, a dimensão máxima referente a brita estudada é 
de 19,00 mm. Este valor será levado em conta nos cálculos para o traço unitário do 
concreto. O Gráfico 3 mostra a curva granulométrica do agregado graúdo. 
 
Massa 
retida (g) % retida % acumul.
Massa 
retida (g) % retida % acumul. % retida % acumul.
38,00 0,00 0,0% 0,0% 0,00 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
25,00 0,00 0,0% 0,0% 0,00 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
19,00 48,50 2,4% 2,4% 53,20 2,7% 2,7% 2,5% 2,5%
12,50 734,90 36,7% 39,2% 690,90 34,5% 37,2% 35,6% 38,2%
9,50 880,90 44,0% 83,2% 899,90 45,0% 82,2% 44,5% 82,7%
6,30 315,90 15,8% 99,0% 344,50 17,2% 99,4% 16,5% 99,2%
4,80 5,70 0,3% 99,3% 3,20 0,2% 99,6% 0,2% 99,4%
Fundo 14,10 0,7% 100,0% 8,30 0,4% 100,0% 0,6% 100,0%
Total 2000,00 100,0% 2000,00 100,0% 100,0%
Peneiras (mm)
1ª Determinação 2ª Determinação Média
 
 
39
Gráfico 3 – Curva granulométrica do agregado graúdo 
 
Fonte: o autor, 2016 
 
Também para o cálculo do traço unitário do concreto, são necessárias as massas 
unitárias do agregado graúdo solto e compactado, e sua massa específica real. Então, 
foi ensaiada primeiramente a amostra em estado solto, de acordo com a NBR 7251 
(1982), onde um recipiente de 316x316x200 mm, que possuía um volume de 20 dm³, 
foi enchido por meio de uma pá, sendo lançado de uma altura de 10 a 12 cm, conforme 
cita o item 5.2.1 da norma, logo depois disto, a superfície do recipiente foi alisada com 
uma régua, de modo a compensar as diferenças de nível das pedras. Após isto, foi 
realizada a pesagem do recipiente, sendo a massa do agregado solto, a diferença do 
recipiente cheio e dele vazio, que no caso foi de 1,32 g/cm³. Este processo é feito por 
3 vezes, até chegar a uma média que não fuja do desvio padrão requerido. 
Já a massa unitária compactada da brita, segundo a norma NBR 7810 (1983) é 
obtida de forma semelhante à massa do estado solto, porém com a aplicação de 25 
golpes a cada terço do pedrisco colocado no recipiente. Sendo o valor encontrado de 
1,433 g/cm³. 
A massa específica real do agregado graúdo tem de ser obtida a partir da norma 
NM 53 (2003), porém, por ser um método mais complicado, e que exige um bom 
0,0%
20,0%
40,0%
60,0%
80,0%
100,0%
120,0%
0 , 0 0 5 , 0 0 1 0 , 0 0 1 5 , 0 0 2 0 , 0 0 2 5 , 0 0 3 0 , 0 0 3 5 , 0 0 4 0 , 0 0
P
O
R
C
E
N
T
A
G
E
M
 R
E
T
ID
A
 A
C
U
M
U
L
A
D
A
 (
%
)
PENEIRAS (MM)
CURVA GRANULOMÉTRICA DO AGREGADO GRAÚDO
 
 
40
tempo, e também por este não ser o objetivo principal do trabalho, a massa específica 
real do agregado graúdo foi admitida como sendo 2,70 g/cm³. 
3.1.2 Agregados míudos 
Foi utilizado na produção das vigas, a areia média, comunmente usada para a 
execução de concreto no mercado. E sua composição granulométrica foi adquirida 
também de acordo com a NM 248 (2003), determinada com a utilização das peneiras 
de série normal e intermediaria. O diâmetro máximo da areia foi de 2,4 mm, definido 
de acordo com o percentual acumulado médio inferior a 5%. A Tabela 7 e o Gráfico 4 
apresentam os valores encontrados. 
 
Tabela 7 – Determinação granulométrica do agregado miúdo 
 
Fonte: o autor, 2016. 
 
Massa 
retida (g) % retida % acumul.
Massa 
retida (g) % retida % acumul. % retida % acumul.
4,80 1,70 0,6% 0,6% 4,20 1,4% 1,4% 1,0% 1,0%
2,40 11,10 3,7% 4,3% 11,30 3,8% 5,2% 3,7% 4,7%
1,20 32,90 11,0% 15,2% 39,40 13,1% 18,3% 12,1% 16,8%
0,60 158,20 52,7% 68,0% 170,20 56,7% 75,0% 54,7% 71,5%
0,30 94,70 31,6% 99,5% 72,60 24,2% 99,2% 27,9% 99,4%
0,15 0,60 0,2% 99,7% 1,40 0,5% 99,7% 0,3% 99,7%
Fundo 0,8 0,3% 100,0% 0,90 0,3% 100,0% 0,3% 100,0%
Total 300,00 100,0% 387,3% 300,00 100,0% 398,8% 100,0% 393,1%
Peneiras (mm)
1ª Determinação 2ª Determinação Média
 
 
41
Gráfico 4 – Curva granulométrica do agregado miúdo 
 
Fonte: o autor, 2016. 
 
Quando se fala em agregado miúdo, para o cálculo do traço unitário do concreto, 
é necessário também, além daqueles resultados obtidos para o agregado graúdo, o 
modulo de finura (MF). O módulo de finura é obtido somando-se todas as 
porcentagens médias acumuladas nas peneiras de série normal e dividindo o 
somatório por 100, o qual resultou um valor de 2,93. 
A massa específica solta foi obtida a partir das três determinações, também de 
acordo com a NBR 7251 (1982), como a do agregado graúdo, encontrando um valor 
de 1,61 g/cm³. 
E por fim, sua massa específica real é obtida por meio do frasco Chapman, 
segundo a NBR 9775 (2011), onde são adicionados 200 cm³ de água, e em seguida, 
cuidadosamente, 500 g do agregado miúdo. Após, agita-se o frasco com movimentos 
circulares, para a eliminação das bolhas de ar, e é feita a leitura final do nível da água 
(L), que representa o volume de água deslocado pelo agregado. Este processo foi 
repetido mais uma vez, com outras 500 g do agregado. A massa específica real é 
então determinada através da equação (1): 
 
 � = 500(� − 200) 
(1) 
 
0,0%
20,0%
40,0%
60,0%
80,0%
100,0%
120,0%
0 , 0 0 1 , 0 0 2 , 0 0 3 , 0 0 4 , 0 0 5 , 0 0 6 , 0 0
P
O
R
C
E
N
T
A
G
E
M
 R
E
T
ID
A
 A
C
U
M
U
LA
D
A
 (
%
)
PENEIRAS (MM)
CURVA GRANULOMÉTRICA DO AGREGADO MIÚDO
 
 
42
Onde: 
 γ = Massa específica do agregado miúdo (g/cm³)L = Leitura final do frasco (volume ocupado pela água + agregado) 
 
Portanto: 
 
� = 500(394 − 200) 
 
� = 2,577 �/��³ 
 
3.1.3 Cimento 
O cimento escolhido para ser utilizado no experimento, foi o cimento Votoran – 
Todas as Obras – CP-II-Z-32. Resistente e versátil, foi recentemente criado para 
garantir segurança a diversos tipos de obras, como por exemplo, rebocos, 
contrapisos, concretos convencional e lajes. 
Este cimento Portland é fabricado segundo a norma técnica brasileira NBR 
11578 (1991) e tem em sua composição silicato de cálcio, alumínio e ferro, sulfato de 
cálcio e filler carbonático, contém também adição de material pozolânico que varia de 
6% a 14% em massa, o que confere ao cimento menor permeabilidade, sendo ideal 
para obras subterrâneas, principalmente com presença de água, inclusive marítimas. 
De acordo com o rótulo do produto, este cimento possui uma massa específica 
absoluta de 2,8 a 3,2 g/cm³, com isso, nos cálculos do traço, será utilizado uma média 
destes valores - 3,0 g/cm³. 
3.1.4 Barras de Aço 
Produzido rigorosamente de acordo com as especificações da norma NBR 
7480, as barras de aço usadas no trabalho, são fornecidas na categoria CA-50 e CA-
60 com superfície nervurada. Foram utilizadas barras retas de 12 m de comprimento, 
com bitolas de 5,0 e 8,0 mm de diâmetro. 
 
 
43
As barras foram cortadas já no estabelecimento onde adquiriu-se, conforme 
medidas já calculadas anteriormente. Em seguida as barras foram dobradas no local 
onde foi executada a concretagem. 
3.1.5 Bambu 
Para o experimento, foram escolhidos colmos de bambu da espécie 
Phyllostachys pubescens, conhecido popularmente como Bambu-Mossô, que, 
como visto anteriormente, oferecem melhores valores, com relação a resistência, se 
comparado com outras espécies de bambu. 
Estes colmos foram retirados de plantações na cidade de Curitiba, nas 
imediações do bairro Campo Comprido, na qual foram expostas a várias condições 
geográficas. Foram colhidos com 3 anos aproximadamente, idade considerada ideal, 
quando se relaciona idade x resistência da planta. 
O tratamento do bambu, basicamente foi feito aquecendo o bambu em vapor 
com um pouco de óleo diesel, ou em escalas menores com um maçarico, de maneira 
que o calor satura a sacarose presente na seiva do bambu deixando-a dura, de forma 
que as fibras do bambu como um todo acabam por ficarem mais resistentes 
mecanicamente e também o tornando menos atrativo aos insetos e fungos. 
Em banho de água fervente ele fica em torno de 40 minutos a 1 hora e meia. 
Após isso, é passado o maçarico novamente pelo bambu, sem deixar muito tempo 
parado em um mesmo local até ele atingir a coloração amarela e soltar sua resina 
superficialmente, logo que isso acontece um pano embebido em um pouco de óleo 
diesel é passado para limpar e espalhar a resina que também atua como proteção 
impermeabilizante. Para finalizar o bambu é deixado para secar a temperatura 
ambiente de um a quatro meses. 
As talas de bambu, foram fragmentadas em pedaços com cerca de 120 
centímetros de comprimento, e em seguida, foram repartidos em 7 pedaços 
longitudinalmente, resultando em cerca de 3 centímetros de largura cada pedaço 
(Figura 5). Esses colmos apresentavam em média, diâmetros com cerca de 10 a 12 
centímetros, e entre nós de cerca de 35 a 40 centímetros. Suas paredes continham 
cerca de 1 centímetro de espessura. 
 
 
44
Figura 5 – Corte das amostras de bambu 
 
Fonte: o autor, 2016. 
 
 
 
45
3.2 METODOLOGIA ADOTADA 
3.2.1 Dimensionamento e detalhamento da peça 
Primeiramente, foi realizado um pré-dimensionamento de uma viga de uma 
casa popular. Foi adotada então como exemplo, a viga de menor dimensão do 
banheiro da planta exibida na Figura 6, devido ao seu menor comprimento (1,2m) - o 
que facilitou os ensaios - e também por apresentar uma menor dimensão do que os 
3,5m de vão, considerado o valor ideal para o uso do bambu como elemento estrutural, 
como já discutido na fundamentação teórica. 
 
Figura 6 – Planta baixa de uma casa popular em Garuva (SC) 
 
Fonte: o autor, 2016. 
 
Ao dar sequência ao pré-dimensionamento, de acordo com o item 13.2.2 da 
NBR 6118 (ABNT 2014) - Projeto de estruturas de concreto - Procedimentos, referente 
a dimensões limites de vigas e vigas parede, a seção transversal das vigas não deve 
 
 
46
apresentar largura menor que 12 centímetros. Portanto, foi definido que a base da 
viga em questão seria de 12 centímetros, como a norma recomenda. Também de 
acordo com o item 15.10 da norma, referente a instabilidade das vigas, a largura é 
dada como 0,4 do valor da altura. Por isso, a altura escolhida foi de 30 centímetros. 
Em seguida, com a geometria da viga já concluída, deu-se ínicio ao 
detalhamento da peça, na qual são definidas a quantidade de armadura de aço que é 
necessária para que a viga obtenha resistência e se mantenha em inércia, além disso, 
no estudo de caso em questão, será dimensionada a quantidade de bambu usado no 
lugar do aço. 
Para o dimensionamento da armadura é necessário analisar a agressividade 
do ambiente, definindo, assim, o cobrimento necessário para a proteção dessa 
armadura neste local. Desse modo, de acordo com o item 6.4.2 da NBR 6118 (2014), 
referente a agressividade do meio ambiente, em projetos de estruturas correntes, a 
agressividade ambiental deve ser classificada de acordo com o apresentado na 
Tabela 8, e pode ser avaliada, simplificadamente, segundo as condições de exposição 
da estrutura ou de suas partes. 
 
Tabela 8 – Classes de agressividade ambiental 
 
Fonte: NBR 6118, 2014. 
Classificação geral do tipo 
de ambiente para efeito 
de projeto
Risco de 
deterioração da 
estrutura
Classe de 
agressividade 
ambiental
Rural Insignificante I
Submersa
Urbana a, b Pequeno II
Marinha a Grande III
Industrial a, b
Industrial a, c Elevado IV
Respingos de maré 
a
b
c
Agressividade
Fraca 
Moderada
Pode-se admitir um microclima com uma classe de agressiv idade mais branda (uma classe acima) 
para ambientes internos secos (salas, dormitórios, banheiros, cozinhas e áreas de serv iço de 
apartamentos residenciais e conjuntos comerciais ou ambientes com concreto rev estido com 
argamassa e pintura).
Pode-se admitir uma classe de agressiv idade mais branda (uma classe acima) em obras em regiões 
de clima seco, com umidade média relativ a do ar menor ou igual a 65 %, partes da estrutura protegidas 
de chuv a em ambientes predominantemente secos ou regiões onde raramente chov e.
Ambientes quimicamente agressiv os, tanques industriais, galv anoplastia, branqueamento em indústrias 
de celulose e papel, armazéns de fertilizantes, indústrias químicas.
Forte
Muito forte
 
 
47
 
Após análise da tabela acima, é possível inferir que o risco de deterioração é 
insignificante na proposta casa popular em ambiente rural, já em relação a questão 
ambiental, como a agressividade no ambiente é considerada fraca, a classe I é a que 
melhor se enquadra. 
Atendidas as condições estabelecidas acima, para suprir os requisitos mínimos 
desta norma, segundo o item 7.4 da mesma, referente a qualidade de cobrimento da 
armadura, o cobrimento mínimo da armadura deve ser o valor mínimo, que é 
apresentado na Tabela 9, referente a classe de agressividade já observada 
anteriormente. Com isso, foi definido também o cobrimento, que será de 2,5 cm. 
 
Tabela 9 – Correspondência entre a classe de agressividade ambiental e o cobrimento nominal para 
Dc = 10 mm 
 
Fonte: NBR 6118, 2014. 
 
Segundo o item 17.2 da NBR 6118 (2014), que se refere ao estado limite último 
dos elementos lineares, foi analisado que as peças de concreto armado solicitadas 
somente por momento fletor apenas seriam possíveis nos domínios 2, 3 e 4. Com isso 
estipulado, buscou se um domínio no qual o concreto chegasse ao seu encurtamento 
I II III IV c
Laje b 20 25 35 45
Viga/Pilar 25 30 40 50
Elementos estruturaisem 
contato com o solo d
30 30 40 50
Laje b 25 30 40 50
Viga/Pilar 30 35 45 55
a
b
c
d
Para a face superior de lajes e v igas que serão rev estidas com argamassa de contrapiso, com rev estimentos finais secos tipo 
carpete e madeira, com argamassa de rev estimento e acabamento, como pisos de elev ado desempenho, pisos cerâmicos, 
pisos aslfálticos e outros, as ex igências desta Tabela podem ser substituídas pelas de 7.4.7.5, respeitado um cobrimento 
nominal < 15 mm.
Nas superfícies ex postas a ambientes agressiv os, como reserv atórios, estações de tratamento de água e esgoto, condutos de 
esgoto, canaletas de efl uentes e outras obras em ambientes química e intensamente agressiv os, dev em ser atendidos os 
cobrimentos da classe de agressiv idade IV.
No trecho dos pilares em contato com o solo junto aos elementos de fundação, a armadura dev e ter cobrimento nominal > 45 
mm.
Concreto protendido a
Cobrimento nominal da bainha ou dos fios, cabos e cordoalhas. O cobrimento da armadura passiv a dev e respeitar os 
cobrimentos para concreto armado.
Classe de agressividade ambiental
Cobrimento nominal (mm)
Componente ou elementoT ipo de estrutura
Concreto armado
 
 
48
limite (3,5‰), tendo esgotado sua capacidade resistente, e onde também o aço 
chegasse ao seu alongamento máximo (10‰), como representado na Figura 7. 
 
Figura 7 – Estado limíte último de uma viga na linha de domínio 2-3 
 
Fonte: Marino, 2006. 
 
É sabido que uma viga quando submetida a flexão simples ou composta, seus 
elementos trabalharão no máximo de sua resistência, acarretando assim uma ruptura 
convencional por encurtamento limite do concreto, e consequentemente um total 
escoamento do aço. 
Assim, seguiu-se o cálculo do detalhamento da armadura, dando origem ao 
valor de βx, que é medido a partir da posição da fibra de concreto mais comprimida 
ou menos tracionada, definido pela seguinte equação (2): 
 
 �� = Ԑ�Ԑ� � Ԑ� 
(2) 
 
Onde: 
 βx = Valor adimensional que define a posição da linha neutra 
 Ԑc = Deformação específica de encurtamento do concreto na ruptura 
 Ԑs = Deformação específica de alongamento do aço 
 
Portanto: 
 
 
49
 
�� = 3,5‰3,5‰ � 10‰ 
�� = 0,259 
 
Com o valor de βx calculado, acha-se a altura da linha neutra (x) da seguinte 
maneira: 
 
 � = �� ∗ � (3) 
 
 
Onde: 
 βx = Valor adimensional que define a posição da linha neutra 
 x = Altura da linha neutra, distância da borda mais comprimida do concreto até 
o ponto que tem deformação e tensão nula; 
 d = Altura útil, distância entre o eixo da armadura longitudinal tracionada até a 
fibra mais comprimida do concreto. 
 
Portanto: 
 
� = 0,259 ∗ 27,5 
� = 7,129 �� 
 
Com o valor de x encontrado, o próximo passo foi encontrar o momento máximo 
de cálculo através da equação (4): 
 
 � = 0,68 ∗ #�� ∗ $% ∗ � ∗ (� − 0,4�) (4) 
 
 
Onde: 
 Md = Momento fletor de cálculo; 
 fcd = Resistência do concreto a compressão de cálculo; 
 bw = Largura da seção transversal da viga; 
 
 
50
 x = Altura da linha neutra, distância da borda mais comprimida do concreto até 
o ponto que tem deformação e tensão nula; 
 d = Altura útil, distância entre o eixo da armadura longitudinal tracionada até a 
fibra mais comprimida do concreto. 
 
Portanto: 
 
 � = 0,68 ∗ 178,57 ∗ 12 ∗ 7,129 ∗ &27,5 − 0,4 (7,129)' 
 � = 256066,87 (�#. �� 
 
Com o valor de Md, divide-se pelo coeficiente de segurança e o momento 
característico é obtido. 
 
 ( = �1,4 
 ( = 256066,871,4 
 ( = 182904,91 (�#. �� 
 
 Ao assumir o valor do vão teórico com 1 metro, e a distância onde será aplicada 
a carga nos ensaios como metade da viga (50 centímetros), é encontrado o valor para 
a carga máxima atuante na viga, usando a equação (5): 
 
 ( = * ∗ +4 �
, ∗ +²
8 
(5) 
 
Onde: 
 Mk = Momento fletor característico; 
 P = Carga atuante; 
 q = Carga distribuída referente ao peso próprio da viga; 
 l = Vão teórico da viga. 
 
182904,91 = * ∗ 814 �
0,9 ∗ 81.
8 
* = 8995,89 (�# 
 
 
51
 
Em seguida, pode-se dar sequência ao calculo da armadura, usando a seguinte 
equação (6): 
 /0 = ((� − 0,4�) ∗ #1( 
(6) 
 
Onde: 
 As = Área do aço; 
 Mk = Momento fletor característico; 
 x = Altura da linha neutra, distância da borda mais comprimda do concreto até 
o ponto que tem deformação e tensão nula; 
 d = Altura útil, distância entre o eixo da armadura longitudinal tracionada até a 
fibra mais comprimida do concreto; 
 Fyk = Resistência de escoamento do aço a tração característica. 
 
Portanto: 
 
/0 = 182904,91(27,5 − (0,4 ∗ 7,129)) ∗ 5000 
/0 = 1,48 ��² 
 
Com isso, na viga armada com aço - que será feita para efeito de comparação 
com as de bambu - foram utilizados 4 Φ 8,00mm, somando uma área total de 2,012 
cm², um pouco acima do calculado, pois comercialmente só há disponibilidade esses 
diâmetros já usados. Já a armadura comprimida, segundo os cálculos realizados, não 
seria necessária, por isso, estão ausentes no trabalho (apenas para efeito de 
facilidade na montagem da armadura, foi usado 2 Φ 5,00mm). Quanto aos estribos, 
resolveu-se usar uma armadura, de certa forma, exagerada (6 Φ 5,00mm a cada 
25cm), para que a força cortante não seja problema, e não acarrete erros no ensaio a 
flexão. 
 Já para o detalhamento da armadura longitudinal tracionada de bambu, foram 
usados dados coletados pela fundamentação teórica, onde a tensão média a tração 
do bambu da espécie Phyllostachys pubescens foi de 198,6 MPa, com isso, foi 
possível calcular a equivalência da área do aço, com o bambu da seguinte maneira: 
 
 
52
 
 23ç5 = 6/ 
(7) 
 
Onde: 
 σaço = Tensão média a tração do aço; 
 F = Força aplicada perpendicular a seção; 
 A = Área da seção do aço. 
 
Portanto: 
 
5000 = 62,012 
6 = 10060 (�# 
 
Ao aplicar esta força, com a tensão média a tração do bambu obtida, o valor da 
área do bambu é calculado: 
 
273879 = 6/ 
1986 = 10600/ 
/ = 5,06 ��² 
 
 De posse deste valor, foi usada na armadura longitudinal tracionada duas 
taliscas de bambu, com as dimensões médias de 3 cm x 1 cm, acarretando assim, 
uma área de bambu de aproximadamente 6 cm². 
3.2.2 Traço do concreto 
O traço unitário do concreto foi calculado através das análises granulométricas 
dos agregados e características físicas e mecânicas do cimento e bambu, discutidas 
anteriormente. Os passos do dimensionamento da dosagem, foram seguidos de 
acordo com o que cita a Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) para os 
agregados que cumpram a NBR 7211. Este processo é definido com a proporção 
 
 
53
adequada dos materiais, cimento, água e agregados, de maneira que o resultado 
atenda aos requisitos exigidos pela ABCP. 
De início, deve-se obter a relação água/cimento do concreto, e como já visto no 
item anterior, a classe de agressividade definida foi a I, e ao analisar a Tabela 10, se 
define que a relação água/cimento deve ser menor que 0,65. 
 
Tabela 10 - Correspondência entre a classe de agressividade e a qualidade do concreto 
 
Fonte: NBR 6118, 2014. 
 
 Portanto, já com posse deste resultado, o próximo passo foi verificar, o Gráfico 
5, que se chama curva de Abrams, e se refere a determinação da relação 
água/cimento em função das resistências do concreto aos 28 dias. A resistência de 
dosagem deve atender as condições de variabilidade prevalescentes durante a 
construção, sendo esta variabilidade medida pelo desvio-padrão, e como este desvio 
padrão não era conhecido, a condição de preparo A foi a adotada da NBR 12655 
(2006), onde o cimento é medido em massa, a água de amassamento é medida em 
volume mediante dispositivo dosador e os agregados medidos em massa combinada 
com volume, contendo assim um desvio-padrão de 4,0 MPa. E para a determinação 
do fcj adotou-se a equação (8) recomendada na NBR 12655 (2006): 
 
 #�: = #�; � 1,65 ∗ <= (8) 
 
Onde: 
Fcj = resistência média do concreto à compressão a j dias de idade, em MPa;

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