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1 Metabolismo Microbiano Importância, formação e decomposição da matéria orgânica do solo UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE MICROBIOLOGIA MBI 150 – Microbiologia do Solo Transformações de Carbono Polímeros Complexos (celulose, hemicelulose, proteína) Unidades monoméricas (açúcares, fenóis, aminoácidos) Processo de decomposição pelos microrganismos Enzimas extracelulares CO2 + H2O + mais energia + mais biomassa CO2 + CH4 + álcool + ác.orgânicos+NH3 + H2 + menos energia – biomassa Processo anaeróbicoProcesso aeróbico N2 fixado 6 7 8 9 10 0 10 20 30 40 50 Tempo (horas) Lo g nú m er o de b ac té ri as /m l -1 0 1 2 Contagem de células Lo g ug d e ni tr og ên io /m l Crescimento bacteriano x atividade bioquímica Espécie baceriana g Bacillus cereus 20 minutos Pseudomonas fluorescens 35 minutos Rhizobium leguminosarum 2 horas Nitrosomonas europaea 11 horas Espécie bacteriana x Tempo de geração 2 Requerimentos Microbianos 1. Condições ambientais favoráveis, incluindo pH, temperatura, etc. 2. Água 3. Fonte de energia Compostos orgânicos, compostos inorgânicos, luz 4. Aceptor de elétrons O2, compostos orgânicos, NO2, NO3, N2O, SO4, CO2 5. Fonte de Carbono CO2, HCO3, Compostos orgânicos 6. Minerais N, P, K, Ca, Mg, S, Fe, Mn, Cu, Co, Mo 7. Fatores de crescimento a. aminoácidos Alanina, Ácido aspártico, glutâmico, etc. b. vitaminas Tiamina, biotina, piridoxina, riboflavina, ácido nicotínico, ácido pantotênico, ácido fólico, lipóico, ácido p-aminobenzóico, B12, etc. 8. Outros Bases púricas e pirimídicas, colina, inositol, peptídeos, etc. Composição da célula microbiana: - 70 a 85% de água - 15-30% de matéria seca: •50% de proteína •10-20% de material de parede •10% de lipídeos •10-20% RNA •3-4% DNA • 50% de C • 20% de O • 14% de N • 8% de H • 3% de P • 1% de S • 1% de K • 0,5% de Ca • O,5% de Mg (Stolp, 1988) Elementos minerais (com base na matéria seca): • 0,2% de Fe • Zn • Cu • Co • Mo • Ni • Se • B • Va • etc Macro Micro METABOLISMO: REAÇÕES CATABÓLICAS E ANABÓLICAS Metabolismo:soma de todas as reações químicas de um organismo vivo. Catabolismo:reações de quebra de moléculas complexas em compostos mais simples, com geração de energia. Anabolismo:conjunto de reações de síntese de moléculas orgânicas complexas a partir de moléculas mais simples. Há consumo de energia. 3 Reações catabólicas fornecem energia para as reações anabólicas ou biossintéticas Acoplamento das reações anabólicas e catabólicas é obtido por intermédio do ATP: GERAÇÃO DE ATP 1) Fosforilação em nível de substrato: ATP é gerado quando um P de alta energia é transferido diretamente de um composto orgânico fosforilado (um substrato) ao ADP. 2) Fosforilação oxidativa: elétrons provindos de coenzimas reduzidas durante o catabolismo fluem por uma cadeia transportadora de elétrons, gerando a energia necessária à síntese de ATP. 3) Fotofosforilação: energia luminosa é convertida em energia química na forma de ATP e NAPH. O fluxo de elétrons durante a fotossíntese gera as condições necessárias para a síntese de ATP. + ADP ATP + C—C—CC—C —C P METABOLISMO DE CARBOIDRATOS: Glicólise: oxidação da glicose a ácido pirúvico com produção de ATP e energia contida em NADH. Ciclo de Krebs: oxidação de um derivado do ácido pirúvico (acetil coenzima A) a dióxido de carbono, com produção de ATP, energia contida em NADH e FADH2. Cadeia de transporte de elétrons: NADH e FADH2 são oxidados. Cascata de reações de oxirredução envolvendo uma série de transportadores de elétrons. A energia dessas reações é utilizada para gerar grande quantidade de ATP. VIAS METABÓLICAS DE PRODUÇÃO DE ENERGIA (Vias anabólicas) Glc Glc-6P Fru-6P Fru-1,6 diP Triose 3P 1,3 diP- Glicerato 3P- Glicerato 2P- Glicerato PEP ATP ATP NADH 2 ATP Piruvato ATP NADH 2 CO2 Glicólise ou Via Embdem-Meyerhoff-Parma Ou via EM Ciclo de Kreks 4 Glc Glc-6P Fru-6P Fru-1,6 diP Triose 3P 1,3 diP- Glicerato 3P- Glicerato 2P- Glicerato PEP ATP ATP NADH 2 ATP 6P-glucono- lactona 6P-Gluconato Ribulose 5P Piruvato ATP Ribose 5P Sedo heptulose 7P Eritrose 4P NADPH2 + CO2 VIA DAS PENTOSES FOSFATO Ocorre simultaneamente à via glicolítica Permite a oxidação de açúcares de 5 carbonos (pentoses) Produz intermediários da síntese de ácidos nucléicos Bacillus subtilis, E. coli, Leuconostoc mesenteroidis, Enterococcus faecalis Glc Glc-6P Fru-6P Fru-1,6 diP Triose 3P 1,3 diP- Glicerato 3P- Glicerato 2P- Glicerato PEP ATP ATP NADH 2 ATP 6P-glucono- lactona 6P-gluconato 2ceto-3deoxi gluconato 6P Piruvato ATP NADH 2 CO2 Via Entner- Doudoroff Glicólise ou Via Embdem-Meyerhoff-Parma Ou via EM Ciclo de Kreks Bactérias Gram-negativas: Rhizobium, Pseudomonas, Agrobacterium Oxidação da glicose sem a via glicolítica ou a via das fosfopentoses Menor rendimento energético: Líquido: 1 ATP Ciclo de Calvin: suas reações e seus produtos Compostos de 5C Compostos de 3C 3 Ribulose 1-5P 3 Ribulose 5P ATP 6 3-fosfoglicerato Gliceraldeído 3P 6 ATP 6 NADHP Vias anabólicas CO2 PEP Piruvato ATP NADH 2 CO2 Ciclo de Kreks Acetil-CoA Oxaloacetato Citrato Isocitrato -ceto-glutarato Succinil-CoASuccinato Fumarato Malato NADH 2 CO2 CO2GTPFADH2 NADH2 5 PEP Piruvato ATP NADH 2 CO2 Ciclo do Glioxilato Acetil-CoA Oxaloacetato Citrato Isocitrato -ceto-glutarato Succinil-CoASuccinato Fumarato Malato NADH 2 CO2 CO2GTPFADH2 NADH2 Glioxilato Isocitrato liaseMalato sintase Permite crescimento a partir de piruvato Atua durante crescimento a partir de acetato PEP Piruvato ATP NADH 2 CO2 Fixação heterotrófica do CO2 Acetil-CoA Oxaloacetato Citrato Isocitrato -ceto-glutarato Succinil-CoASuccinato Fumarato Malato NADH 2 CO2 CO2GTPFADH2 NADH2 Glioxilato CO2 ATP Piruvato carboxilase PEP carboxilase Piruvato FERMENTAÇÃO Acetil CoA Acetoacético Ác. -hidroxibutirato Lactato Acetato + Formiato H2 + CO2 Acetaldeído Etanol Acetato Succinato Ác. Propiônico Acetilmetilcarbinol 2,3-butileno glicol Acetona Isopropanol Ác. Butírico Butanol RECUPERAÇÃO DE COENZIMAS OXIDADAS 6 Hexose Etanol + 2, 3-Butanediol + Succinato2–+ Lactato– + Acetato– + Formato– + H2 + CO2 Hexose 2 Etanol + 2 CO2 Hexose 2 Lactato– + 2 H+ Hexose Lactato– + Etanol + CO2 + H+ Lactato– Propionato– + Acetato– + CO2 Hexose Butirato– + Acetato– + H2 + CO2 Etanol + Acetato– + CO2 Caproato– + Butirato– + H2 RECUPERAÇÃO DE COENZIMAS OXIDADAS Hexose Butanol + Acetato– + Acetona + Etanol + H2 + CO2 Hexose Butanol + Acetato– + Acetona + Etanol + H2 + CO2 Etanol + Acetato– + CO2 Caproato– + Butirato– + H2 CADEIA DE TRANSPORTE DE ELÉTRONS Energia Medida de ATP nos solos Os processos de ciclagem de nutrientes podem ser avaliados pela biomassa da população microbiana residente no solo. Assim, várias técnicas de medição da biomassa tem sido proposta considerando alguns componentes da biomassa comum à comunidade microbiana. Como o ATP está relacionado aos processos metabólicos presentes somente em células vivas, ele vem sendo considerado como um dos índices para a avaliação da biomassa microbiana. O processo consiste na ruptura das células dos microrganismos e a medição da quantidade de ATP pela reação com a enzima luciferina-luciferase. Luciferinareduzida + ATP + O2 → luciferina oxidada CO2 + ADP + Pi + Luz Medição da produção de luz → fotômetro ou contador de cintilação A proporção de luz estará diretamente relacionada a quantidade de ATP. POTENCIAL DE OXIRREDUÇÃO Par Redox E’0 (volts) O2/H2O 0,82 Fe3+/Fe2+ 0,77 NO3-/NO2- 0,42 Citocromo c oxidado/reduzido 0,25 Acetaldeído/Etanol 0,20 SO42-/S2- -0,22 NAD+/NADH -0,32 CO2/CH4 -0,35 H+/H2 -0,42 > E’0 = tendência a receber elétrons (ser reduzido) < E’0 = tendência a perder elétrons (ser oxidado) >E’0 > energia liberada na reação de oxirredução 7 REQUERIMENTO POR OXIGÊNIO 1 -Aeróbios obrigatórios O2 absolutamente requerido como aceptor final de elétrons 2 - Anaeróbios obrigatórios O2 considerado tóxico 3 - Microaerófilos O2 requerido, mas tóxico a altas concentrações 4 - Anaeróbios facultativos O2 requerido como aceptor final de elétrons, podendo usar aceptores alternativos RESPIRAÇÃO ANERÓBICA Respiração Anaeróbica: o aceptor final de elétrons é uma substância diferente do oxigênio (O2) Aceptor de elétrons pode ser: NO3-, SO4-, CO32-, Fe2+ Tem rendimento energético menor do que a respiração aeróbica. Desnitrificação: NO3- NO2- NO N2O N2 Formação de radicais livre de oxigênio durante a respiração Aerobiose: O2- = superóxido H2O2 = peróxido de hidrogênio Destoxificação : Superóxido dismutase = O2- H2O2 + O2 Catalase = H2O2 2H2O + O2 Anaeróbios no solo: • Microssítios anaeróbios • Ausência de ou baixo crescimento devido à escassez de carbono Metabolismo quimiorganotrófico Composto orgânico CO2 Biossíntese Sº NO-3 SO4-2 Aceptores orgânicos de elétrons Força proton motiva ATP Fluxo de elétrons Respiração anaeróbia O2 Respiração aeróbia Brock, 2004 8 Metabolismo quimilitotrófico Composto inorgânico CO2 Biossíntese Sº NO-3 SO4-2 Força proton motiva ATP Fluxo de elétrons O2 Brock, 2004 Doador de Tipo de E0’ do ΔG0’(kJ/ Nº de ΔG0’ elétrons Reação quimiolitotrófico par (V) reação) elétrons (kJ/2 e–) Fosfitob 4 HPO3 2– + SO4 2– + H+ ➝ Bactérias do 4 HPO4 2– + HS– fosfito –0,69 –91 2 –91 Hidrogênio H2 +1 2O2 H2O Bactérias do hidrogênio –0,42 –237,2 2 –237,2 Sulfeto HS– + H+ + ½ O2 ➝ Bactérias do S0 + H2O enxofre –0,27 –209,4 2 –209,4 Enxofre S0 + 1O2 + H2O ➝ Bactérias do SO42– + 2H+ enxofre –0,20 –587,1 6 –195,7 Amônio NH4+ + 11/2O2 ➝ Bactérias NO2– + 2H+ + H2O nitrificantes +0,34 –274,7 6 –91,6 Nitrito NO2– + O2 ➝ NO3– Bactérias nitrificantes +0,43 –74,1 2 –74,1 Ferro Fe2+ + H+ + 1/4 O2 ➝ Bactérias do ferroso Fe3+ + 1/2H2O ferro +0,77 –32,9 1 –65,8 aDados calculados a partir dos valores do Apêndice 1; os valores do Fe2+ são aqueles considerando-se pH 2, enquanto os demais consideram o pH 7. Em pH 7, o valor para o par Fe3+/Fe2+ é de aproximadamente +0,2 V. b Exceto no caso do fosfito, todas as reações são apresentadas acopladas ao O2 como aceptor de elétrons. O único oxidante conhecido de fosfito forma um par com o SO4 2 como aceptor de elétrons Produção de energia a partir da oxidação de doadores inorgânicos de elétronsa Composto Energia livre de hidrólise, ΔG0’ (kJ/mol)b Acetil-CoA –35,7 Propionil-CoA –35,6 Butiril-CoA –35,6 Succinil-CoA –35,1 Acetilfosfato –44,8 Butirilfosfato –44,8 1,3-Bifosfoglicerato –51,9 Carbamil fosfato –39,3 Fosfoenolpiruvato –51,6 Adenosina fosfosulfato (AFS) –88 N10-formil tetraidrofolato –23,4 Energia da hidrólise de ATP(ATP → ADP + Pi) –31,8 Compostos ricos em energia envolvidos na fosforilação em nível de substrato Drenado de mina ácida: confluência de um rio normal e de um drenado de córrego (rico em ferro ferroso) oriundo de uma área de mineração de carvão. Em baixos valores de pH, o ferro ferroso não é espontaneamente oxidado em contato com o ar; este é oxidado por Acidithiobacillus ferrooxidans. O hidróxido férrico insolúvel e sais complexos de ferro precipitam-se originando um precipitado denominado “menino amarelo” pelos mineiros de carvão. Bactérias oxidantes de ferro 9 Fluxo de elétrons durante a oxidação de Fe2+ pelo acidófilo Dithiobacillus ferrooxidans. A proteína periplasmática contendo cobre, rusticianina, é o aceptor imediato de elétrons do Fe2+. Desse ponto, os elétrons são transferidos ao longo de uma pequena cadeia transportadora, levando à redução do O2 a H2O. O poder redutor que dirige o ciclo de Calvin é oriundo das reações do fluxo reverso de elétrons. Observe o marcante gradiente de pH (4 a 5 unidades) através da membrana. Exemplo Metabolismo fototrófico Brock, 2004 Força proton motiva ATP Fluxo de elétrons LUZ CO2 Biossíntese FotoautotrofiaFotoheterotrofia Composto orgânico Biossíntese Síntese de energia e poder redutor em fototróficos ANOXIGÊNICOS H2S Poder redutor Carbono Energia SO4 CO2 ADP (CH2O)n ATP luzSº OXIGÊNICOS H2O Poder redutor Carbono Energia 1/2 O2 CO2 ADP (CH2O)n ATP luzluz Fotossíntese oxigênica NADPH Fotossíntese anoxigênica NADH Bactérias fototróficas doadores de elétrons H2S, Sº, S2O3-2 Cianobactérias, algas e plantas H2O CARACT. EUCARIOTOS PROCARIOTOS Algas, plantas Cianobactérias Bactérias verdes do enxofre Bactérias púrpuras do enxofre Doador de e- (Redução do CO2) H2O H2O Enxofre, compostos de enxofre, gás H2 Enxofre, compostos de enxofre, gás H2 Produção de oxigênio Oxigênica Oxigênica (e anoxigênica) Anoxigênica Anoxigênica Pigmentos que captam a luz Clorofila a Clorofila a Bacterioclorofila a Bacterioclorofila a e b Sítios da fotossíntese Cloroplastos com tilacóides Tilacóides Clorossomos Membrana intra- citoplasmática Ambiente Aeróbico Aeróbico Anaeróbico Anaeróbico COMPARAÇÃO DA FOTOSSÍNTESE ENTRE EUCARIOTOS E PROCARIOTOS 10 Transformações de Carbono II Importância, formação e decomposição da matéria orgânica do solo UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE MICROBIOLOGIA MBI 150 – Microbiologia do Solo (CH2O)n (CH2O)n CO2 Aeróbico Anaeróbico FOTOSSÍNTESE FOTOSSÍNTESE CH4 RESPIRAÇÃO RESPIRAÇÃO FERMENTAÇÃO CH4 Metanotrofia Ciclo do Carbono Metanogênese Metanogênese Matéria orgânica do solo Células microbianas Resíduos em decomposição Planta Animal Fotossíntese Resp. plantas Resp. animal Fixação de CO2 por microrg. autotróficos CO2 Resp. microbiana Decomposição Ciclo do Carbono – interação entre os vários organismos Reserva de Carbono 560 630 760 20 x 106 600 3.000 500 1.500 10.000 260 290 360 Atmosfera 1850 1890 1986 Oceano Carbonatos Orgânicos dissolvidos Partículas e sedimentos orgânicos Terra Biota Húmus Combustível fóssil 109 ton CppmReserva de Carbono 11 Reservas de carbono no solo em relação concentração de Carbono atmosférico e fluxo anual Carbono (1015 g)* Reserva - Matéria orgânica do solo - Biomassa viva - CO2-C na atmosfera Fluxo anual - Produção primária líquida (fotossíntese – respiração) - Respiração do solo (ambiente terrestre) ( + CO2-C liberado para a atmosfera) 1.200 a 1.600 420 a 830 740 30 a 80 50 a 70 * Valores estimados são de 1980, adaptados de Post et al (1990) . Fonte: Sylvia et al. (2005) Concentração e Reserva de C nos ambientes terrestres 15 10 5 5 0 10 15 20 C on ce nt ra çã o de C (k g/ m 2 ) Acima do solo Abaixo do solo Floresta tropical Savana Campos temperados Floresta Temperada descíduas Floresta coníferas Tundra (Anderson, 1991) Valores nas caixas indicam a reserva de C terrestre em cada ecossistema em Pg=pentagramas ; Pg= 1015 g 228 185 26 130 27 149 109 104 182 84 8 192 12 Seqüestro de Carbono do Solo • Revolução industrial (há ±150 anos) [C-CO2] atmosférico ↑ 30% impacto na mudança climática mundial. • A mudança climática tem sido atribuído a: a. Queima de combustível fóssil; b. Atividade agrícolas (derrubadas de matas associada a queima da biomassa associada; conversão de ecossistemas naturais para agrícolas com a subseqüente cultivo contínuo do solo); c. Crescimento das indústrias (de cimento, fertilizantes amoniacais e calcáreos). • Solos agrícolas estimativa de perda de 30 a 50 % M.O. original. • Solos erodidos estimativa de perda de 50 a 70 % M.O. original. Seqüestro de Carbono do Solo • Como reduzir a concentração do C-CO2 atmosférico? – Pelo seqüestro desse C-CO2. • Como? – Fotossíntese C estocado como M.O. – Dissolução C estocado como carbonatos. • Seqüestro do C-orgânico é primariamente a conversão da planta em carbono microbiano. assim, as práticas de cultivo mínimo ou plantio direto tem resultado no aumento do nível da M.O. do solo; • Restauraçãoe proteção de solos alagados podem também reduzir a taxa de decomposição da M.O. do solo. • O potencial para seqüestro de C para formas inorgânicas é limitado e está baseada na formação secundária de carbonatos e lixiviação para lençóis freáticos. Solos acomodam quantidades expressivas de C A FOTOSSÍNTESE pode remover o C-CO2, mas o nível de M.O. do solo (agriculturas, pastagens ou florestas) podem ser manejados de acordo com a tecnologia adotada controle da atividade microbiana Gases estufas Atividade das bactérias metanotróficas ppbv= partes por bilhão por volume pptv= partes por trilhão por volume Atividades agrícolas geradoras de metano (CH4) 13 Natureza da matéria orgânica adicionada ao solo Produção anual (g m-2) de biomassa de resíduos em três culturas agronômicas Milho Soja Trigo Caule e folhas 1.262 400 590 Sabugo ou restos de palha 158 136 - Raízes 1.304 478 521 Total 2.724 1.014 1.111 Buyanowysky & Wagner (1986) Biomassa microbiana 150 g/m2 = 1.500 kg ha -1 Conteúdo da M.O. cerca de 2% a 2,5% Composição de resíduos de milho, soja e trigo (g kg-1 da matéria seca) Componentes Milho Soja trigo Compostos Solúveis Hemicelulose Celulose Lignina Cinzas Nitrogênio 293 268 284 56 93 10 557 90 222 119 64 22 288 184 361 141 84 9 Broder e Wagner (1988) Constituintes orgânicos das plantas Componentes Percentagem da massa seca a. Celulose b. Hemicelulose c. Lignina d. Fração solúvel em água (açúcares simples, aminoácidos, ácidos alifáticos) e. Constituintes solúveis em álcool e éter (gorduras, óleos, ceras, resinas, pigmentos) f. Proteínas (possuem N e s em sua estrutura) g. Minerais 15 a 60% 10 a 30% 5 a 30% 5 a 30% Até 10% 1 a 13% 14 Polímeros Complexos (celulose, hemicelulose, proteína) Unidades monoméricas (açúcares, fenóis, aminoácidos) Processo de decomposição pelos microrganismos Enzimas extracelulares CO2 + H2O + mais energia + mais biomassa CO2 + CH4 + álcool + ác.orgânicos+NH3 + H2 + menos energia – biomassa Processo anaeróbicoProcesso aeróbico proteínas Proteínas no solo Aminoácidos peptidases Transportado para dentro da célula Aminoácidos CAT Desaminação e fermentação glicólise Celulose Tipo: estrutural Ligação: -(1 4) Unidade: glicose Localização: parede celular Enzima responsável: complexo celulases, composta por “celulase” C1;-(1 4) glucanase ou Cx; e-glucosidade Organismos responsáveis: Pseudomonas, Achromobacteriaceae, Bacillaceae, Actinomycetos; Mucoraceae, Basidiomycetes, Rhizobiaceae, Clostridium, Cytophaga, Cellulomonas. Ligações -1-4-glicosídeos Glicose Hemicelulose Glicose Galactose Manose Ác. glucurônico Ác. galacturônico Hexoses Ácidos urônicos Pentoses Xilose Manose 15 Hemicelulose Galactans podem ser do tipo -(1 4) ou -(1 3) Tipo - Estrutural Ligação - -(1 4) e -(1 3) Unidade - pentose, hexose, ácidos urônicos Localização - parede celular Enzima responsável - “hemicelulase” Organismos responsáveis: Bactérias: Bacillus, Cytophaga, Erwinia, Pseudomonas; Actinomicetos: Streptomyces; Fungos: Alternaria, Aspergillus, Chaetomium, Fusarium, Glomerella, Penicillium, Trichoderma Amido -amilase - atua sobre as duas frações clivando cada segunda ligação glucose-glucose, Exo. -amilase - é uma endo enzima e atua ao acaso sobre ligações 14 através das moléculas (2)(a) amilose (-1,4)(b) amilopectina (-1,6) -(16) glucosidase - atua sobre as ramificações 16. (a) amilose (-1,4) (b) amilopectina (-1,6) Quitina Quitina Quitinase QuitobiaseN-diacetiylchitobiose Glicosamina (2-amino-D-glicose) N-acetiylglicosamina Ác. acético Lignina Tipo - Estrutural Ligação - (1 3) e -(1 4) Unidade básica - fenilpropano Localização - camada secundária da células de parede celular e lamela média Enzima responsável - “lignase” Organismos responsáveis:Basidiomicetos: Poria, Coprinus, Armillaria Bacillariaceae e actinomicetos. 16 Degradação microbiana de lignina no solo – possível rota Álcool coniferol Álcool coumaril CH30 Álcool sinapil Exemplos de fenilpropanos Martin & Focht (1977) Componentes solúveis x insolúveis + resistentes Pr op or çã o re la tiv a (% ) Tempo Celulose Hemicelulose Lignina Açúcares, aa Proteínas Ácidos graxos, lipídeos Carboidrato (50-60%) Proteínas (1-3%) Lignina (10-30%) Degradação Produtos clivados C, N, P, S Adsorção coloidal Mineralização Biomassa microbiana Proteínas Parede celular Compostos aromáticos Síntese Síntese Condensação Polímeros Húmus Mineralização Produtos clivados Sí nt es e Aminoácidos Compostos aromáticos Formação de matéria orgânica e húmus do solo 17 Esquema de fracionamento de húmus Húmus Huminas Ácido Húmico Ácido Fúlvico insolúvel solúvel Tratamento com ácido Tratamento com álcali precipitado não precipitado Estádios de decomposição de resíduos no solo Estádios I II III IV Progresso da utilização de resíduos Tempo Dias Meses Vários meses Segundo ano Resíduos de culturas Resíduos com substâncias mais complexas BM CO2 decomposição Resíduo muito resistentes CO2BM decomposição decomposição Resíduo muito mais resistentes CO2BM Húmus do solo CO2BM decomposição CO2 ou N mineral oriundo de substratos adicionados CO2 ou N mineral oriundo do solo CO2 ou N mineral oriundo de substratos adicionados Efeito priming negativo de C ou N (b) induzido pela adição de substrato Efeito priming positivo de C ou N (a) induzido pela adição de substrato a b Solo sem adição de substrato Efeito Priming Efeito na alteração da taxa de decomposição da matéria orgânica do solo Propriedades Benéficas do Húmus Propriedades biológicas: 1- disponibilização lenta de carbono e energia para suportar uma população alta, diversa e metabolicamente ativa; 2- fonte de compostos que podem exercer efeitos como promotores de crescimento 18 Propriedades químicas: 1- Aumenta CTC (20 a 80% da CTC do solo é devido a M.O). 2- Efeito tampão de pH 3- Suprimento lento de nutrientes orgânicos, tais como N, P e S ( taxa de decomposição da M.O. do solo é de 2 a 5%) 4- aumenta a quelação e a biodisponibilidade de elementos traços 5- acelera a intemperização e solubilização de nutrientes 6- capacidade orgânica de adsorção diminui a biodisponibilização de compostos xenobióticos Propriedades Benéficas do Húmus Propriedades físicas 1-contribui no aumento agregação das partículas do solo e sua estrutura 2-diminui a densidade aparente e aumenta a percentagem de espaços porosos 3-aumenta a capacidade de retenção de água, mas também a força que a água está presa às partículas 4-aumenta a absorção de calor devido a coloração. Mas solo contendo mais água requer maior quantidade de energia para aquecimento. Propriedades Benéficas do Húmus Frações da matéria orgânica do solo • Matéria orgânica do solo: frações mortas do solo, incluindo tecidos animais e resíduos vegetais. Consiste de substâncias húmicas e não húmicas; • Decomposição: quebra química de um composto a um composto mais simples, frequentemente acompanhado pelo metabolismo microbiano. • Mineralização: conversão da forma orgânica de um elemento para uma forma inorgânica, como resultado de uma decomposição microbiana. • Respiração: Reações catabólicas produzindo ATP no qual tanto os compostos orgânicos como inorgânicos podem ser doadores primários de elétrons e compostos exógenos são os últimos receptores de elétrons. Frações da matéria orgânica do solo • Substâncias húmicas: séries de substâncias marrons de peso molecular relativamente alto formado a partir de reações secundárias; • Substâncias não húmicas: resíduos animais, vegetais e microbianos inalterados. Contém compostos com fração bioquímica conhecida (Aminoácidos, Carboidratos, ác. Graxos, Resinas, Ceras, Ác. Orgânicos, etc.); • Ácido Húmico: substância marrom-escuro a preta que podem ser extraídos dos solos por vários reagentes (NaOH 0,5M) e que precipita pela acidificaçãoa pH 1 a 2; • Ácido Fúlvico: material amarelado que permanece em solução após remoção do ácid húmico por acidificação; • Humina: fração da M.O. que não pode ser extraída do solo por dulição em alcali. 19 Atividade decompositora dos microrganismos • Dinâmica da comunidade de microrganismos heterotróficos f( aeração, umidade, temperatura, pH, concentração de nutrientes, etc.) • As condições que favorecem a rápida decomposição dos resíduos de plantas e multiplicação microbiana incluem: - resíduos vegetais com baixo teor de lignina e tamanho de partículas pequenas - adequada disponibilidade de N ou resíduo com baixa relação C/N - solo com pH próximo do neutro permite uma população mais diversificada de microrganismos ativos - temperatura do solo próximo de 30 a 40 ºC - adição de resíduos vegetais frescos, etc Atividade decompositora dos microrganismos • Biomassa Microbiana do solo: 10 g/m-2 (ou 1.500 kg ha-1) mas depende do método utilizado ex. fumigação incubação ou fumigação extração • A atividade microbiana envolvida na decomposição tem sido monitorada pela evolução de C-CO2 • Componentes de fácil degradação decomposição pelos estrategistas-R ou copiotróficos (oportunistas, apresentam baixo tempo de geração, alta taxa de crescimento) • Componentes complexos decomposição pelos estrategistas-K ou oligotróficos (apresentam longo tempo de geração e baixa taxa de crescimento) Como calcular as quantidades de nutrientes necessárias para uma boa decomposição? Imobilização temporária x Disponibilização de nutrientes Relação C/N e eficiência de assimilação de carbono pelos microrganismos Microrganismos relação C/N Eficiência de Assimilação Bactérias Actinomicetos Fungos 10:1 (5:1 a 15:1) 10:1 (5:1 a 15:1) 10:1 (5:1 a 15:1) aeróbia: 5-10% anaeróbia: 2 a 5 % 20 a 30% 30 a 40 % 20 Composição básica dos microrganismos Componentes % Água Proteína Parede celular Lipídeos RNA DNA 70 a 85 50 10 a 20 10 10 a 20 3 a 4 Requerimentos básicos o crescimento dos microrganismos 1. Ambiente favorável (temperatura, oxigenação, pH, etc) 2. Água (70 a 85 % da massa) C O N H P S K Ca Mg Fe 3. Nutrientes minerais 50,0% 20,0% 14,0% 8,0% 3,0% 1,0% 1,0% 0,5% 0,5% 0,2% Percentagem de nitrogênio e relação C/N de material em decomposição 40 10 30 20 C/N Tempo C/N% N 2,0 0,5 1,0 1,5 % N Calcular a quantidade de N que se deve adicionar junto a 1000 Kg de serragem de madeira (86,5% de C, C/N 865:1) para que não haja imobilização, sabendo-se que a decomposição será efetuada por uma população mista de microrganismos. Quantos quilogramas de NH4NO3 (35%N) seriam necessários para os para suprir esse nitrogênio? Quantos quilogramas de Uréia (45%N) seriam necessários para suprir essa necessidade? Quantos quilogramas de esterco de galinha (45% de C e 3,35% de N) seriam necessários para suprir essa necessidade de N? Qual a relação C/N final desta mistura? 21 Em uma propriedade rural dispõe-se dos seguintes resíduos: ComposiçãoResíduo Quantidade % C % N Palha de milho 1.000 40 0,5 Palha de soja 40.000 40 3,0 Capim 15.000 40 0,8 Farinha de sangue 5.000 35 6,0 Quitina 5.000 40 6,9 Qual o resíduo que vai apresentar a maior velocidade de decomposição no solo, considerando as condições do ambiente idênticas para todos os materiais? Por quê? EXERCÍCIOS: 1. Ao adicionarmos 500 Kg de casca de semente de algodão (relação C/N 78/1; 0,68% N) quantos Kg de (NH4)2SO4 (21%N) seriam necessários para que não houvesse imobilização. Considere que a decomposição fosse por actinomicetos (relação C/N = 5/1; eficiência de utilização de C = 20%). 2. Calcular a quantidade de esterco de galinha que deve ser misturada com o capim seco para a produção do composto, considerando os seguintes dados: a) Quantidade de capim seco = 500 Kg b) Composição do capim seco = 45% C assimilável, 0,5% N c) Composição do esterco de galinha = 50% C assimilável, 4% N d) Decomposição por fungos(eficiência de utilização de C=30-40%, C/N=10:1) 3. Em uma propriedade rural dispõe-se dos seguintes resíduos: Um determinado resíduo apresenta aproximadamente 40% C assimilável e 0,78% N. Considerando a decomposição de 2,0 toneladas desse resíduo, calcular a quantidade de N necessário para que ocorra uma decomposição equilibrada. Considere a decomposição por microbiota mista de relação C/N = 7/1. 4. Considerando a mistura de 100 Kg de esterco de galinha (C/N=10/1, C= 54%) com 1.000 Kg de palha de milho (C/N = 112/1; C=96,54%) pede-se: a) Relação C/N final da mistura desses resíduos. b) A quantidade mínima de esterco a ser adicionada para uma decomposição equilibrada dessa palha.
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