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Desenvolvimento e Sustentável e Sustentabilidade: um rápido pensamento acerca desta balburdia “Todo recurso é escasso”; o princípio da escassez é um dos norteadores básicos da economia. Entretanto, é válido questionar como este princípio está sendo praticado na relação homem x meio ambiente. É fato que nas décadas de 80 e 90 o termo desenvolvimento sustentável ganhou força em decorrência das discussões acerca das perturbações causadas pelas nações industriais no equilíbrio ecológico, com preocupação principalmente sobre as fontes energéticas. Desde então, não só as legislações ambientais e acordos internacionais - que passaram a impulsionar mudanças da política global -, ganharam destaque e volume, mas também a confusão dos termos sustentabilidade e desenvolvimento sustentável, tomou proporções de forma a retardar possíveis avanços na aplicação efetiva da transformação social em prol do meio ambiente. BAÑON GOMIS et al. (2011) evidencia que sustentabilidade não é apenas uma “moda ou tendência” valorizada por condições circunstanciais, mas sua importância vincula-se à ética que orienta a conduta humana; nesse sentido, reflete os valores de coragem, prudência e esperança. É algo de longo prazo. E a sustentabilidade tem sua seara, na qual contempla, de acordo com Barbosa (2008): a sustentabilidade ambiental, a sustentabilidade econômica, a sustentabilidade social, a sustentabilidade ecológica e a sustentabilidade política. Sendo assim, de maneira prática, a sustentabilidade ambiental, em consoante com Meneguzzo (2009), se refere refere- se à sustentação dos ecossistemas e sua capacidade de absorção e recomposição a partir das agressões sofridas pelas ações humanas. E a sustentabilidade ecológica condiz com a existência de condições ecológicas necessárias para dar suporte à vida humana sem que prejudique as gerações futuras, conforme Sartori (2014). Em contrapartida, o desenvolvimento sustentável faz parte do processo de evolução, compreendido como parte do crescimento de algo ou incremento físico ou material da produção. Ou seja, quando um recurso natural for explorado de forma sustentável, este pode ser explorado para sempre, pois sua durabilidade será maior e assim não esgotará nunca (MIKHAILOVA, 2004). A balbúrdia em torno dos termos suprarrelatados se deve a sobrecarregar de ideias potencialmente conflitantes que surgiram da integração de diferentes correntes intelectuais e políticas, e isso prejudica a credibilidade do assunto. Contudo, é fato que a humanidade aceitou ser preciso buscar equilíbrio entre as necessidades do ser humano e o meio ambiente, e em entender suas complexas dinâmicas de interação. Com base nisso, foi instituída a Agenda 2030, na qual a comunidade mundial – considerando os países-membros da ONU -, ratificou com 17 objetivos o compromisso com o desenvolvimento sustentável (cabe analisar como a confusão dos termos é mais uma vez chancelada pelas instituições. Diante da explicação de sustentabilidade e desenvolvimento sustentável exposta acima, seria mais proficiente que os países- membros da ONU reafirmassem seu pacto não só com desenvolvimento sustentável, mas também com a sustentabilidade). O primeiro objetivo da Agenda 2030 é a erradicação da pobreza. O desenvolvimento sustentável é identificado na necessidade de manter um patamar de homogeneidade social, com uma distribuição justa de renda, geração de empregos, como também uma melhor qualidade de vida e igualdade no acesso de recursos e de serviços. Nesse viés, é interessante pensar como o primeiro objetivo da Agenda 2030 é a gênese para alcançar todas as demais metas. Segundo pesquisa publicada pelo IBGE em 2019, o índice de extrema pobreza no Brasil chegou ao maior nível em 7 anos. Em 2018, o país tinha 13,5 milhões pessoas com renda mensal per capita inferior a R$ 145, ou U$S 1,9 por dia, critério adotado pelo Banco Mundial para identificar a condição de extrema pobreza. De posse dessas informações, é possível começar a compreender a cadeia que a pobreza gera ao meio ambiente. A priori é necessário lembrar que a ausência de consenso entre os termos sustentabilidade e desenvolvimento sustentável é presente até mesmo entre os doutrinadores da biologia, acadêmicos e ambientalista. Em seguida, é fundamental recordar que a sustentabilidade é um conceito que deve ser pactuado socialmente, a fim de que esteja implícito na conduta social. Além disso, o desenvolvimento sustentável, como braço da sustentabilidade, deve ser praticado de forma que as implementações de evolução econômico-social observem o meio ambiente como indispensável a vida humana e finito. Entretanto, para que 1 – a consciência sustentável seja acesa e esteja em seu estado funcional e 2 – haja cobrança por parte da população as autoridades governamentais a respeito da efetividade das politicas ambientais, é necessário que a nação tenha educação de qualidade a nível de compreender o que é sustentabilidade e desenvolvimento sustentável e se tornem agente principal na luta para manter o meio ambiente com recursos que sustentem a vida humana. Diante de todo exposto, é possível voltar ao principio da escassez. Sendo este princípio um norte para a economia, faz parte considerar o meio ambiente como recursos finito e insuficiente. Disto isso e com a ciência que a humanidade é majoritariamente regida pelo sistema capitalista, é dever da academia organizar-se de forma a sanar as lacunas que a falta de consenso sobre sustentabilidade e desenvolvimento sustentável transparece ao senso comum, para que o poder que emana do povo seja a mola propulsora na existência real, não apenas por ser um tema atrativo midiaticamente, da ética que orienta a humanidade e conduta que tenha como principal direção manter a casa da humanidade de forma intergeracional. Quezia Pereira – Acadêmica de Direito
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