Prévia do material em texto
DO RECURSO EM SENTIDO ESTRITO ART. 581 A 592, CPP CONCEITO O recurso em sentido estrito (RESE) é meio de impugnação de decisões interlocutórias, desde que haja expressa previsão legal. Possui grande semelhança com o Agravo de Instrumento do Processo civil. Neste recurso procede-se ao reexame da decisão do juiz (juízo de retratação), nas matérias especificadas em lei, permitindo-se-lhe novo pronunciamento antes do julgamento pela instância superior. Decisões interlocutórias integram uma classificação intermediária entre os despachos de mero expediente e as sentenças propriamente ditas. Possuem carga decisória, podendo acarretar ou não a extinção do processo conforme o caso Decisões interlocutórias simples constituem a maioria das decisões judiciais e destinam-se a solucionar incidentes que venham a surgir antes da sentença, sem, porém, acarretar qualquer extinção, seja do processo, seja de uma fase do respectivo procedimento. (art. 581, V) Decretar prisão preventiva. Concessão de liberdade provisória, Relaxamento da prisão em flagrante, Deferimento ou indeferimento da habilitação do assistente de acusação, São ainda decisões interlocutórias simples: •Recebimento da denúncia e da queixa •Conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar inidônea a fiança. •Conceder liberdade provisória ou relaxar a prisão em flagrante. •Julgar quebrada a fiança ou perdido seu valor. •Indeferir pedido de reconhecimento da prescrição ou outra causa extintiva de punibilidade. •Incluir jurado na lista geral ou desta o excluir. •Denegar a apelação ou a julgar deserta. •Ordenar a suspensão do processo em virtude de questão prejudicial. •Decretar a medida de segurança, depois de transitar a sentença em julgado. •Impuser medida de segurança por transgressão de outra. Decisões interlocutórias mistas são pronunciamentos do juiz que ocorrem antes da sentença final, possuindo, carga decisória, diferem das decisões interlocutórias simples porque acarretam a extinção do processo provocando o respectivo arquivamento ou a extinção de uma fase do procedimento criminal. Produzindo sucumbência, e serão sempre impugnáveis. Decisões interlocutórias mistas terminativas ou decisões definitivas encerram o processo sem o julgamento do mérito da ação penal. Também são denominadas decisões interlocutórias mistas terminativas as decisões que encerra o processo ou procedimento incidental. •Rejeita a denúncia •Não recebe a queixa. •Acolhe exceções de ilegitimidade de parte, coisa julgada e litispendência. •Indeferir requerimento de prisão preventiva ou revogá-la. •Decretar a prescrição ou julgar por outro modo extinta a punibilidade. São ainda Decisões interlocutórias mistas terminativas ou decisões definitivas •Conceder ou negar ordem de habeas corpus. •Conceder, negar ou revogar livramento condicional. •Decidir sobre a unificação de penas. •Decidir incidente de falsidade. •Revogar a medida de segurança. •Deixar de revogar a medida de segurança, nos casos em que a lei admita a revogação. •Impronúncia. •Julgar procedente as exceções de litispendência, de coisa julgada, de incompetência. O ideal seria considerar o recurso em sentido estrito como agravo, valendo para todas as decisões interlocutórias – e não somente as enumeradas em lei – aplicando-se, ainda, a apelação para as decisões definitivas, especialmente as que envolvem o mérito.(Nucci, p.970) CABIMENTO O rol é taxativo. Considerar, ainda, que estão incluídas nesse rol decisões que não podem ser chamadas rigorosamente de decisões interlocutória, mas que apresentam efeitos semelhantes (Pacelli, p.928), a exemplo daquela que conceder ou negar a ordem de habeas corpus (581, X); que decretar a prescrição ou julgar, por outro modo, extinta a punibilidade. Antes da vigência da lei 11.689/2008 incluía-se nessa hipótese a decisão que absolvesse o réu nos casos do art. 411 do CPP; porém esse dispositivo foi revogado pela citada lei. Atenção ao rol previsto no artigo 581 do CPP. Todas as decisões sobre pena e medida de segurança previstas no dispositivo serão da competência do juiz da vara de execução penal e, por isso serão impugnadas pelo agravo em execução previsto no artigo 197 da Lei 7210/84, tais como, as decisões que concederem, negarem ou revogarem livramento condicional, resolverem sobre unificação das penas, medida de segurança etc, respectivamente os incisos: XII, XVII, XIX, XX, XXI, XXII, XXIII e o inciso XXIV ( conversão de pena de multa em detenção ou prisão simples que perdeu completamente o sentido desde a revogação do artigo 51 do Código Penal). Peculiaridades acerca do cabimento do RESE. – recurso cabível somente quando se tratar de ser negado ou concedido o habeas corpus em primeira instância. Caso o remédio seja denegado pelos tribunais (TJ, TRF ou Tribunais Superiores), o recurso cabível é o recurso ordinário constitucional. Decisão que julgar extinta a punibilidade a rigor essa decisão é chamada sentença, o que ensejaria recurso de apelação, contudo, por previsão legal, o recurso a ser intentado é o RESE. DESCLASSIFICAÇÃO TRIBUNAL DO JÚRI No rito especial do júri, da decisão que desclassifica a infração penal para outro crime, não doloso contra a vida (art. 419, do CPP), cabe recurso em sentido estrito com fundamento nesse dispositivo DESPACHO Despacho que denegar a apelação por considerar ausente o requisito de admissibilidade – no RESE não se irá discutir o mérito da sentença apelada, mas, tão somente o despacho denegatório. NÃO HÁ PREVISÃO DE RECURSO PARA A DECISÃO QUE: Recebe a denúncia ou queixa - pode, contudo, ser impetrado habeas corpus; Conclui pela competência do juízo – pode, contudo, ser impetrado habeas corpus. Rejeita qualquer das exceções (suspeição, incompetência, ilegitimidade, litispendência, coisa julgada. Acolhe a exceção de suspeição. Indefere pedido de suspensão do processo, em virtude de questão prejudicial – poderá, contudo, ser impetrado habeas corpus. Indefere o pedido de suspensão do processo em virtude de questão prejudicial – caberia habeas corpus. RESE que interessa apenas à acusação: Decisão que conceder ou arbitrar fiança. Decisão que indeferir pedido de prisão preventiva. Decisão que conceder liberdade provisória sem arbitramento de fiança. Decisão que relaxa a prisão em flagrante. Decisão que ordenar a suspensão do processo, em virtude de questão prejudicial RESE que interessa apenas à defesa Decisão que negar fiança ou julgá-la inidônea, quebrada ou perdida. Decisão que defere prisão preventiva. Lei nº 9.099/95 Da decisão que rejeita a denúncia ou queixa na Lei 9.099/95 não caberá RESE e sim APELAÇÃO com fundamento no art.82 da referida Lei. Competência para o Julgamento Quanto a modificação da competência relatada no Art. 582, a mesma só perdura quanto ao inciso XIV, ao inciso V e X não ( conforme julgados e doutrina). Prazo O prazo para este recurso é de 5 dias para as partes (art. 586 CPP). Exceções: 20 dias no caso do inciso XIV, jurados (art. 586, parágrafo único CPP) e 15 dias para o assistente não habilitado art. 31 do CPP. (Art. 598, par. único). PROCESSAMENTO A interposição será, por via de regra, endereçada ao juiz que proferiu a decisão recorrida no prazo de cinco dias (art. 586, do CPP). Após, devem recorrente e recorrido, no prazo de dois dias cada qual, apresentar respectivamente as razões e as contrarrazões ao juiz que, à vista destas, poderá, no prazo de dois dias reformar a sua decisão anterior. (súmula 707 do STF – constitui nulidade a falta de intimação do denunciado para oferecer contrarrazoes ao recurso em sentido estrito interposto da rejeição da denúncia, não a suprindo a nomeação de defensor dativo). As razões não são obrigatórias e deve sobre elas se manifestar o recorrido (art.588, CPP) Se assim decidir, caberá ao recorrido, no prazo de cinco dias, por meio de simplespetição, requerer a subida dos autos. Se por outro lado, resolver sustentar a decisão atacada, deverá o juiz remeter o recurso à superior instância. Quando se tratar de recurso de ofício, não recebimento da denúncia ou queixa, acolhida das exceções, pronúncia, extinção de punibilidade, conforme art. 583, CPP o RESE sobe nos próprios autos. Em regra o RESE é processado em autos apartados Subida por instrumento: significa que os autos principais não seguirão ao Tribunal ad quem, pois isso prejudicaria o andamento da instrução e o julgamento do mérito da causa. Tratando-se de decisão interlocutória, objeto da impugnação, é natural que sejam formados autos à parte – instrumento –, remetidos à Instância Superior. Para tanto, a parte interessada precisa indicar as peças que pretende ver encartadas nos autos do recurso em sentido estrito. O mesmo procedimento pode ser adotado pelo recorrido que, ao se manifestar (art. 588), também pode indicar peças para compor o instrumento. Há exceções, conforme foi visto no art. 583 retro, não havendo necessidade de formação de autos à parte. Subida dos próprios autos ou por instrumento? (vide art. 587) o recurso em sentido estrito, tendo por objeto decisão interlocutória, que não coloca fim ao processo, deve ser decidido à parte, isto é, sem a paralisação do processo principal, o que ocorreria se os autos deste último subissem ao Tribunal. Para garantir o prosseguimento do feito, deve-se formar um instrumento SUBIDA DOS PRÓPRIOS AUTOS? Art. 583. Subirão nos próprios autos os recursos: I – quando interpostos de ofício; II – nos casos do art. 581, I, III, IV, VI, VIII e X; III – quando o recurso não prejudicar o andamento do processo. Parágrafo único. O recurso da pronúncia subirá em traslado, quando, havendo dois ou mais réus, qualquer deles se conformar com a decisão ou todos não tiverem sido ainda intimados da pronúncia ASSIM O RESE SUBIRÁ NOS PRÓPRIOS AUTOS NAS SEGUINTES HIPÓTESES Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: I – que não receber a denúncia ou a queixa; III – que julgar procedentes as exceções, salvo a de suspeição; IV – que pronunciar o réu; VI – (Revogado pela Lei 11.689/2008.) VIII – que decretar a prescrição ou julgar, por outro modo, extinta a punibilidade; X – que conceder ou negar a ordem de habeas corpus; JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE NO RESE Note-se que, ao contrário do que acontece com a apelação, tratando-se de recurso em sentido estrito, não caberá ao juiz a quo qualquer juízo de admissibilidade. Portanto, caso entenda que deva manter sua decisão, está obrigado a remeter o recurso ao Tribunal competente. Se não o fizer, caberá à parte requerer ao escrivão a extração de carta testemunhável, visando o julgamento do recurso pelo tribunal competente. (Escobar e outra, p.189) PRAZO Interposição no prazo de cinco dias, a contar da publicação da sentença ou decisão. Razões – 2 dias (art. 588 do CPP) No tribunal, após, vistas da procuradoria (5 dias) os autos vão conclusos ao relator que em cinco dias designará data de julgamento. (art. 610, CPP) EFEITOS Devolutivo Regressivo ou interativo ou deferido (permite juízo de retratação) Suspensivo (excepcional) (art. 584 do CPP – perda de fiança, decisão que denegar a apelação ou julgá-la deserta) EFEITO DEVOLUTIVO – permite que o tribunal superior reveja integralmente a matéria controversa, sobre a qual houve o inconformismo. Naturalmente, cabe à instância superior avaliar, ainda, matéria que lhe permite conhecimento de ofício, sem a impugnação expressa de qualquer das partes (ex.: nulidade absoluta, mormente quando há prejuízo para o réu). EFEITO SUSPENSIVO – Como bem lembram Ada, Magalhães e Scarance, não é o recurso que possui efeito suspensivo, pois a decisão sujeita a recurso não tem eficácia, até que a instância superior se manifeste. Ele é o instrumento para prorrogar a condição de ineficácia da decisão (Recursos no processo penal, p. 51) EFEITO REGRESSIVO, ITERATIVO OU DIFERIDO O efeito regressivo, que significa devolver ao mesmo órgão prolator da decisão a possibilidade de seu reexame POSSIBILIDADE DO PROLATOR SE RETRATAR Art. 589. Com a resposta do recorrido ou sem ela, será o recurso concluso ao juiz, que, dentro de dois dias, reformará ou sustentará o seu despacho, mandando instruir o recurso com os traslados que Ihe parecerem necessários. Parágrafo único. Se o juiz reformar o despacho recorrido, a parte contrária, por simples petição, poderá recorrer da nova decisão, se couber recurso, não sendo mais lícito ao juiz modificá-la. Neste caso, independentemente de novos arrazoados, subirá o recurso nos próprios autos ou em traslado.