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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS ESCOLA DE DIREITO CURSO DE DIREITO ESTUDO COMPARATIVO: O FEDERALISMO BRASILEIRO E NORTE- AMERICANO TURNO: Noturno ORIENTAÇÃO: Prof. Dr. Bianor Saraiva Jr. ACADÊMICA: Vitória Souza Rocha MATRÍCULA INSTITUCIONAL: 2013020077 MANAUS/AM 2020 O ESTADO FEDERALISTA: O termo “federação” se origina de foediis, do latim, que signfica aliança, pacto, união. Em concordância a etimologia da palavra, o Federalismo é um sistema de organização do Estado, que pode ser entendido como união de entes federados providos de autonomia, porém subordinados a um poder central dotado de soberania. Exemplificando com a realidade brasileira, o Estado do Amazonas é um ente federado, enquanto a República federativa do Brasil é a União. Segundo Márcia Miranda Soares, o pacto federalista se assemelha também a um acordo, tendo a intenção de gerar uma comunidade política mais ampla. De tal forma que, os Estados federados são dependentes dos três poderes existentes na esfera federal bem como da Carta Magna do país que homogeneíza a aplicação das leis na União. Outrossim, são as características basilares do sistema de federação: a) Autonomia política, administrativa e financeira dos entes federados e soberania do todo; b) Indissolubilidade, isto é, diferente do sistema confederativo, não há o direito de secessão; c) Possibilidade de intervenção, se caso for necessário, o governo federal pode intervir nos Estados que se configuram dentro do território; d) Repartição de competência entre as unidades descentralizadas. e) A autonomia do membros federados só se faz presente no Direito interno, aquilo que se classifica como Direito internacional é de competência das esferas federais. O FEDERALISMO NORTE-AMERICANO: No dia 4 de julho de 1776, as Treze colônias libertaram-se da tutela da metrópole e tornaram-se Estados independentes. No entanto, ainda que independentes entre si, as antigas Treze colônias já eram uma nação antes mesmo de ser uma Estado, uma vez que dispunham de interesses, linguagem e objetivos congruentes. Essas semelhanças permitiram em 1777 a formação de uma confederação entre estas sociedades, o que culminaria na progressão para um Estado federalista. Ademais, instituir o sistema confederativo não sanou o problema da falta de estabilidade, já que todos os Estados-membros eram dotados de soberania e isso dificultava a tomada de decisões em consenso, principalmente no que dizia respeito a questões econômicas e militares. O direito de secessão, isto é, a possibilidade de deixar a união confederativa é uma característica desse sistema, que nesse contexto, caminhava para ideias separatistas dentro do território. A experiência com a confederação se demonstrava muito frágil ao passo que as 13 colônias precisavam de um elo mais eficaz. Em meio a falha dessa associação, surgem os artigos federalistas de Madison, Jay e Alexander Hamilton buscando alternativas para resolver os impasses entre os membros confederados. Os federalistas teciam inúmeras críticas a confederação e acreditavam que tudo seria melhor negociado entre os Estados, se houvesse a figura de governo central. Para Tanto, Madison propôs que a soberania total dos Estados-membros fosse substituída por uma soberania “residual” nas áreas que não se fizesse necessário a intervenção estatal, o que hoje entende-se como autonomia das partes. É de suma importância salientar que nesses Artigos federalistas do século 18, já se discorria sobre como frear os abusos dos governos e normas legislativas. Diante dessa situação, Alexander Hamilton defendeu a existência de uma Suprema Corte que seria guardiã da Constituição federal e teria poder de ratificar legislações estaduais e federais, bem como a separação dos poderes como já havia proposto o Barão de Montesquieu em “O espirito das leis”. Baseado no ideal descrito no texto, O Federalista, reuniu-se uma Convenção na Filadélfia em 1787 para tratar da Constituição dos Estados Unidos da América como um Federação. Concretizou-se que o Governo seria dotado de sistema representativo bicameralista, republicano, com poderes separados e com plena supremacia do texto constitucional federal. De indubitável importância, o texto dos federalistas tornou possível o que hoje conhecemos como Federalismo moderno. O federalismo norte-americano se forja num sistema de federação dualista, na qual, divide-se competências entre o governo geral e local, de modo que cada governo age dentro de sua esfera sem precisar da interferência do outro. Por exemplo, há Estados membros que possuem pena de morte enquanto outros não, isto é, não interferência do Governo geral sem que haja a necessidade, desde que respeite a Constituição. De modo geral, confere a competência dos membros as suas próprias leis penais, civis, processuais etc. O sistema político nos Estados Unidos da América, se compreende no Presidente como chefe do executivo, no sistema bicameral com dois senadores que figuram o legislativo federal e os deputados que representam seus distritos, sendo então, responsáveis pelo poder legislativo local. Em síntese, é possível afirmar que a autonomia dos Estados federados norte-americanos é proveniente de sua independência política, administrativa e legislativa, independente entre si e apenas subordina sua autonomia aos princípios constitucionais. FEDERALISMO NO BRASIL No Brasil, o federalismo foi implantado, um século mais tarde em relação ao federalismo norte-americano, na proclamação da República em 1889. No entanto, ao longo da história do país, o federalismo tomou noções e características diferentes. Com a promulgação da primeira Constituição em 24 de fevereiro de 1891, o Brasil passara a reger pelo federalismo dualista, assim como no território dos Estados Unidos da América. Já durante a República velha e o auge da política de oligarquia, os Estados gozavam da máxima autonomia diante do Governo Central. No período que concerne ao governo de Getúlio Vargas de 1937, que corresponde ao Estado Novo, até a ditadura de 1964, a autonomia dos Estados passara a ser quase que inexistente. Por exemplo, com o ato institucional 5, o Governo federal concentrava em si a maior parte do poder de todo o Estado. Com a redemocratização do País e a promulgação da Constituição cidadã em 1988, as noções de federalismo brasileiro atuais entraram em vigor. Para tanto, a Constituição federal desse ano elucida as competências e áreas de atuação de ambas as partes do pacto federativo. No território brasileiro se faz valer o Federalismo orgânico que de acordo com Sahid Malluf, tem objetiva que os Estados membros se aparentem cada vez mais com a União, onde as Constituições estaduais devem se basear e se assemelhar a Constituição federal afim de lograr a homogeneidade do Território como um todo. Ainda, Sahid Malluf faz uma diferenciação entre o federalismo empregado em 1891 e o atual. Segundo o autor, a primeira constituição configurava uma obrigação aos princípios constitucionais, enquanto a ideia hodierna se prende genuinamente ao texto constitucional. Em consonância com essa adequação ao texto constitucional, o artigo 25 do mesmo demonstra que é característica do federalismo brasileiro a plena supremacia da CF de 1988: Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios desta Constituição. § 1º São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição. Já ao referente os deveres da União, podemos utilizar um extrato do artigo 21 como exemplificação: Art. 21. Compete à União: I – manter relações com Estados estrangeiros e participar de organizações internacionais; II – declarar a guerra e celebrar a paz; III – assegurar a defesa nacional; 33 Art. 21,XVI IV – permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente; V – decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a intervenção federal; VI – autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de material bélico; VII – emitir moeda; VIII – administrar as reservas cambiais do País e fiscalizar as operações de natureza financeira, especialmente as de crédito, câmbio e capitalização, bem como as de seguros e de previdência privada; IX – elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do território e de desenvolvimento econômico e social; X – manter o serviço postal e o correio aéreo nacional; COMPARAÇÃO ENTRE O FEDERALISMO BRASILEIRO E NORTE AMERICANO: A noção do federalismo norte americano criado pelos federalista Madison, Jay e Hamilton foi de grande importância para a formação do Instituto da União na maioria dos Estados ocidentais, entre os quais pode se citar o Brasil. A Constituição promulgada no Brasil em 1891 conferia muitas semelhanças ao federalismo basilar, no entanto, no que concerce aos dias atuais as disparidades sem sobrepõem. Se olharmos por um panorâma histórico já vemos as diferenças, uma vez que o Império brasileiro se tornara uma federação para evitar a dispersão de territórios enquanto o norte-americano, com Estados indepentes, fazia o caminho inverso. Em suma, o primeiro federalismo se considera centrípeto, isto é de agregação, ao passo que o Estado brasileiro é centrífugo, de desagregação. Indubitavelmente, o federalismo norte-americano dá aos federados uma maior liberdade, sentimento esse que os acompanhou na libertação do domínio inglês. Como já dito anteriormente, há Estados que aplicam a pena capital no território estadunidense, ao passo que no brasileiro as regras são homegeneas. Nesse sentido, considera-se que sistema brasileiro é cooperativo por possuir competências comuns, a medida que o norte-americano é dual por deter uma estrutra rígida, não cabendo a cooperação entre federados. Dessa forma, ainda que tenha nascido e se conservado semelhante ao inicial no território norte-americano, o federalismo ampliou os seus conceitos e auxiliou de diferentes formas na repartição de competências em inúmeros países que o adotaram.
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