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NATUREZA, MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE: revisão histórica dos conceitos e suas correlações na ciência geográfica

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NATUREZA, MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE: revisão histórica dos
conceitos e suas correlações na ciência geográfica
Article · June 2019
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Informações Geográficas e Dados Espaciais aplicados à Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) View project
Jefferson Cantelli
São Paulo State University
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https://www.researchgate.net/profile/Jefferson_Cantelli?enrichId=rgreq-08ba8c4848179139fe96cbf9031fe3ba-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMzMzgxNTU2NztBUzo3NzA2MTgxNjUyOTcxNTNAMTU2MDc0MTA5NjQxMw%3D%3D&el=1_x_4&_esc=publicationCoverPdf
https://www.researchgate.net/profile/Jefferson_Cantelli?enrichId=rgreq-08ba8c4848179139fe96cbf9031fe3ba-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMzMzgxNTU2NztBUzo3NzA2MTgxNjUyOTcxNTNAMTU2MDc0MTA5NjQxMw%3D%3D&el=1_x_5&_esc=publicationCoverPdf
https://www.researchgate.net/institution/Sao_Paulo_State_University?enrichId=rgreq-08ba8c4848179139fe96cbf9031fe3ba-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMzMzgxNTU2NztBUzo3NzA2MTgxNjUyOTcxNTNAMTU2MDc0MTA5NjQxMw%3D%3D&el=1_x_6&_esc=publicationCoverPdf
https://www.researchgate.net/profile/Jefferson_Cantelli?enrichId=rgreq-08ba8c4848179139fe96cbf9031fe3ba-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMzMzgxNTU2NztBUzo3NzA2MTgxNjUyOTcxNTNAMTU2MDc0MTA5NjQxMw%3D%3D&el=1_x_7&_esc=publicationCoverPdf
https://www.researchgate.net/profile/Jefferson_Cantelli?enrichId=rgreq-08ba8c4848179139fe96cbf9031fe3ba-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMzMzgxNTU2NztBUzo3NzA2MTgxNjUyOTcxNTNAMTU2MDc0MTA5NjQxMw%3D%3D&el=1_x_10&_esc=publicationCoverPdf
 
ISBN: 978-85-87197-36-8 
https://cboe2019.wixsite.com/cboe 
185 
NATUREZA, MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE: revisão 
histórica dos conceitos e suas correlações na ciência geográfica 
 
 
CANTELLI, Jefferson Rodrigo 
Programa de Pós-Graduação em Geografia, IGCE/UNESP Campus Rio Claro 
jeffersoncantelli@hotmail.com 
 
FORNAZIEIRO, Marcos Paulo Almeida 
Programa de Pós-Graduação em Geografia, IGCE/UNESP Campus Rio Claro 
marcos.fornazieiro@gmail.com 
 
MARCUCCI, Jessica Corgosinho 
Programa de Pós-Graduação em Geografia, IGCE/UNESP Campus Rio Claro 
jessica_marcucci_@hotmail.com 
 
 
Resumo:O presente trabalho realizou uma revisão bibliográfica sobre os conceitos de Natureza, Meio 
Ambiente e Sustentabilidade, tendo em vista a relevância destas categorias para o debate ambiental e para a 
Geografia. Buscou-se uma reflexão teórica sobre estes conceitos, correlacionando-os e conectando-os a seus 
respectivos contextos históricos. Natureza, concebida inicialmente numa visão cosmológica, converteu-se em 
recurso e separada do homem. A noção de Meio Ambiente surgiu num contexto marcado pela fragmentação 
entre sociedade e natureza, tornando-se um conceito ambíguo e impreciso. Sustentabilidade esteve, desde 
sempre, ligado ao processo de desenvolvimento econômico. Por fim, procurou-se demonstrar de que forma a 
Geografia se apropriou destas categorias em seus esforços de interpretação sobre a relação entre Sociedade e 
Natureza. 
Palavras-chave:natureza; meio ambiente; sustentabilidade; conceito; geografia. 
 
 
Resumen:El presente trabajo pretendió realizar un rescate conceptual de Naturaleza, Medio Ambiente y 
Sostenibilidad, teniendo en vista la relevancia de estas categorías para el debate ambiental y para la propia 
Geografía. Se buscó una reflexión teórica sobre estos conceptos, correlacionándolos y conectándolos a sus 
respectivos contextos históricos. La naturaleza, concebida inicialmente en una visión cosmológica, se convirtió 
en recurso y separada del hombre. La noción de Medio Ambiente surgió en un contexto marcado por la 
fragmentación entre sociedad y naturaleza, convirtiéndose en un concepto ambiguo e impreciso. La 
sostenibilidad ha estado, desde siempre, vinculada al proceso de desarrollo económico. Por último, se buscó 
demostrar de qué forma la Geografía se apropió de estas categorías en sus esfuerzos de interpretación sobre la 
relación entre Sociedad y Naturaleza. 
Palabras Claves:naturaleza; medio ambiente; sostenibilidad; concepto; geografía. 
 
 
Introdução 
O texto, apresentado em forma de revisão bibliográfica,aborda o processo de 
construção dos conceitos de Natureza, Meio Ambiente e Sustentabilidade, entendidos ora 
como sinônimos, ora como dotados de certa especificidade, de acordo com o contexto 
histórico e as matrizes teóricas e metodológicas de cada fonte consultada. Salientamos que 
não foi nossa intenção esgotar a revisão bibliográfica sobre o assunto, obviamente, dado o 
volume e abrangência de estudos sobre o tema e sua complexidade. O propósito do artigo foi 
 
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https://cboe2019.wixsite.com/cboe 
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contribuir com o debate sobre a construção do conhecimento com base nestas categorias tão 
caras à questão ambiental e à ciência geográfica. 
 
Metodologia 
O método, envolvendo pesquisa e revisão bibliográfica, iniciou-se com a etimologia 
das palavras natureza, meio ambiente e sustentabilidade. Posteriormente, procedemos ao 
resgate da construção destes conceitos historicamente, consultando autores de matrizes 
teóricas e/ou metodológicas distintas. Num terceiro momento, voltamos nossa atenção para a 
história do pensamento geográfico e procuramos explicitar, em algumas notas, de que forma a 
Geografia se apropriou destas categorias em seus esforços de interpretação sobre a relação 
entre Sociedade e Natureza. 
 
Resgate aos conceitos de Natureza, Meio Ambiente e Sustentabilidade 
Quando se discute os termos natureza, meio ambiente e sustentabilidade é preciso 
enfatizar que o trabalho de pesquisa histórica destes enquanto conceitos, muitas vezes, esbarra 
em contradições e problemas de delimitação e definição dos conteúdos. Aqui, assume-se o 
conceito de Natureza como norteador para as discussões sobre Meio Ambiente e 
Sustentabilidade que ocorreram já no âmbito da ciência moderna. 
A etimologia da palavra natureza provém do latim natura, que é a soma do 
verbo nasci (nascer) com o sufixo urus (força que gera). 
O uso do conceito de Natureza está relacionado ao estágio dedesenvolvimento 
científico-tecnológico da sociedade (MORAIS, 1999). De acordo com Springer (2010, p. 
168), a noção de Natureza é subjetiva e não há verdade absoluta sobre ela, tendo em vista que 
a mesma é produto do homem dentro de um contexto histórico, filosófico e geográfico 
específico. ―A natureza é o que os homens denominam que ela seja [...]. E a partir desta 
construção humana estabelecemos formas de concebê-la e de nos relacionarmos com ela‖. 
No Quadro 1 sintetizamos as principais concepções de Natureza diante do contexto 
histórico preponderante. Não houve pretensão, porém, de dar linearidade ao entendimento do 
conceito, visto que eles são atemporais e transitam entre os diferentes períodos históricos, 
redimindo-se ao novo ou contrapondo-se a ele. 
 
 
 
 
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Quadro 1 – Princípios e concepções de Natureza em diferentes períodos históricos 
Período Princípios Concepção Referências 
Pré-história 
 Superdeterminismo mágico. 
 Comportamentos humanos e fenômenos do mundo possuem 
a mesma essência natural. 
 Não há uma separação clara entre o mundo natural e o 
mundo social. 
 Natureza como algo misterioso e obstáculo. 
Natureza 
mágica 
 
Grécia 
Antiga 
• Rompimento com o sobrenatural e reconhecimento da 
especificidade da consciência humana. 
• Physis como o princípio único que ligava e organizava todas 
as coisas. 
• Tentativa de explicar a natureza das coisas a partir do 
conhecimento de seus elementos constituintes, livre do 
misticismo e da religião. 
• Não havia distinção entre a Natureza e o Homem, este é parte 
integrante da primeira. 
Natureza 
cosmológica 
(Physis) 
Escola 
Jônica 
Escola de 
Mileto 
Platão 
Sócrates 
Aristóteles 
Greco-
Romano 
• Síntese entre o pensamento grego e a verdade cristã. 
• Natureza como obra de Deus e as máquinas como obras do 
homem. 
• O homem não tem mais seu lugar como as coisas, ele 
transcende e não pertence mais a natureza. 
Natureza 
divinizada 
Santo 
Agostinho 
São Tomaz 
de Aquino 
Idade 
Moderna 
• Visão matemática e geométrica do mundo. 
• Separação total entre homem e natureza. 
• Visão dicotômica de Natureza – recurso a ser explorado 
versus impossibilidades de agente sobre os eventos naturais. 
Natureza 
Mecanizada 
Copérnico 
Descartes 
Isaac 
Newton 
Francis 
Bacon 
Revolução 
Industrial 
• Conceito de natureza técnica com valor prático de uso 
industrial. 
• Natureza concebida como algo a ser possuído e dominado. 
• Separação no campo do pensamento e na realidade objetiva 
entre homem e natureza. 
• Ciências Naturais x Ciências Sociais. 
Iluminismo 
• Teoria Quântica e da Relatividade dão novo entendimento à 
natureza. 
• Teoria da Evolução afasta a ideia antropocêntrica e o homem 
passa a ser visto como produto da natureza. 
• Soerguimento de barreiras nos campos do conhecimento levou 
aos equívocos do darwinismo social, reduzindo o social ao 
natural, biológico. 
Natureza 
orgânica 
Albert 
Einstein 
Charles 
Darwin 
C
o
n
te
m
p
o
râ
n
eo
 
• Positivismo, neopostivismo. 
• Sobreposição da técnica ao pensamento e a coisificação do 
mundo uniformizaram a ciência natural e social. 
• Consagrou a Ciência Natural como o estudo da natureza e a 
Ciência Social, da sociedade. 
• Materialismo Histórico. 
• Historicidade da natureza e naturalidade da história. 
• História da natureza e da sociedade é um processo único. 
• Entende-se que é por meio do trabalho humano que ocorre a 
produção da natureza. 
Natureza 
histórica 
AugustoCo
mte 
Karl Marx 
Friedrich 
Engels 
Fonte: Morais (1999), Kesselring (2000), Oliveira (2002) e Springer (2010). 
 
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188 
Percebe-se que a visão dicotômica entre Natureza e Sociedade marca o 
desenvolvimento da ciência ocidental moderna, mas nem sempre esta foi a tônica do debate. 
Na ideia contemporânea de Natureza, ora ela é vista como externa ao homem, ora é concebida 
inseparável dele. Para Morais (1999), a natureza torna-se um objeto que deve ser dominado 
pelo homem por meio de sua força produtiva, embora nem todos eles sejam proprietários dela. 
Ainda segundo a autora (op. cit.), a natureza externalizada é dada ora como hostil, ora como 
harmoniosa e virtuosa. 
Na perspectiva de separação entre a natureza das coisas e a natureza dos homens, 
alguns autores tentam marcar esta inter-relação. Para Shiva (2000), o termo recursos naturais 
sofreu uma ruptura conceitual com o advento da industrialização e do colonialismo. 
Originalmente o conceito remetia a uma ideia de reciprocidade e zelo dos homens para com a 
natureza, para o próprio bem do ser humano. Com o colonialismo e a industrialização, a 
natureza passou a ser considerada ―um repositório de matérias-primas que aguardam sua 
transformação em insumos para a produção de mercadorias‖ (SHIVA, 2000, p. 300). 
Na inter-relação entre Natureza e Sociedade, Rehbein (2010) destaca que o termo 
ambiente ora remete ao entorno físico e, por isso, natureza, e outras vezes deixa de ser 
natureza frente às concepções sociais. 
Sanchez (2006, p. 18), por sua vez, apresenta que o conceito de Meio Ambiente é 
amplo, multifacetado e maleável, podendo ―ser reduzido ou ampliado de acordo com 
necessidades do analista ou interesses envolvidos‖. 
Pensando na definição de Meio Ambiente, Geraldino (2014) ressalta a necessidade de 
se afirmar as características dos seres de que se fala para encontrar as propriedades do seu 
ambiente. Dessa forma, apresenta três tipos fundamentais de seres: (a) inanimados ou não-
vivos; (b) vivos ou orgânicos, (c) conscientes ou humanos. Assim, o autor considera: 
• O ambiente das coisas: "O ambiente relativo aos seres inanimados, não-vivos ou 
inorgânicos, age sobre eles deteriorando-os. A relação ser/meio, nesse caso, é constituída 
por uma via de mão única" (GERALDINO, 2014, p. 404). Por exemplo, uma pedra que se 
deteriora e transforma-se em areia, a forma se dilui e muda-se a outra. 
• O ambiente dos viventes: "[...] ao mesmo tempo em que é negado pelo meio, o ser 
depende igualmente do meio para continuar a ser; em outras palavras, o meio nega e 
afirma o ser concomitantemente" (GERALDINO, 2014, p.406). Ou seja, o ser vivo está 
 
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sujeito as influências do meio em que vive, lutando para sobreviver ao mesmo tempo que 
depende das condições em que está, uma mescla de adversidades e possibilidades. 
• O ambiente dos humanos: destaca-se a capacidade simbólica do ser humano. "A 
instauração do módulo simbólico não só modificou nossa relação com o entorno, mas 
também implicou mudanças radicais no próprio processo da evolução natural" 
(GERALDINO, 2014, p. 408). 
Portanto, ―O conceito de ambiente é flexível. [...]. Todavia, tais observações remetem 
à possibilidade de múltiplas articulações teórico-metodológicas que podem nos aproximar da 
complexidade organizacional do espaço geográfico‖ (REHBEIN, 2010, p. 172). 
 Bertrand e Bertrand (2007) destacam que o conceito de Meio Ambiente, 
historicamente, evoluiu de uma concepção naturalista da flora e da fauna para uma visão de 
comunidade (biocenose) e, posteriormente, para uma concepção ecologicamente mais 
elaborada, em parte inspirada pelo conceito de Ecossistema. 
Na atualidade, o conceito de Meio Ambiente encontra-se mais robusto e temsituado o 
homem não mais como agente externo, mas como elemento integrante e ativo no meio. A 
conceituação trazida por Troppmair (1992, p. 1) já demonstrava a ruptura com a concepção 
puramente naturalista ao incorporar os aspectos nóoticos, sendo, portanto, o meio ambiente 
―um complexo de elementos abióticos, bióticos e noóticos que interagem entre si com 
reflexos recíprocos afetando de forma direta todos os seres vivos, inclusive o homem‖. 
A noção de Meio Ambiente viu-se ampliada também na doutrina jurídica brasileira. 
Conforme destacou Sirvinskas (2018), embora a Política Nacional de Meio Ambiente tenha 
definido Meio Ambiente como ―o conjunto de condições, leis, influências e interações de 
ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas‖ 
(BRASIL, 1981), a doutrina, ciente das limitações desse conceito, ampliou-o para abranger 
também as esferas cultural, artificial e do trabalho. Diante disso, a interpretação de meio 
ambiente ecologicamente equilibrado, dada pela Constituição Federal de 1988, concilia 
desenvolvimento e meio ambiente, compatibilizando-os de forma a considerar as suas inter-
relações particulares a cada contexto sociocultural, político, econômico e ecológico, dentro de 
uma dimensão tempo/espaço no processo contínuo de planejamento (BRASIL, 1988). 
Mesmo diante de sua evolução conceitual, a concepção naturalista de Meio Ambiente 
ainda persiste, o que faz parecer um desafio para a nova geração de cientistas e ambientalistas 
incorporarem na abordagem ambiental a perspectiva humana (social, econômica, política e 
 
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cultural), enxergando o homem não como um fator, mas como elemento constituinte do 
ambiente (MENDONÇA, 2001). 
Neste sentido, o termo sustentabilidade tem ganhado, há algumas décadas, notoriedade 
no discurso ambientalista e econômico, apostando numa relação harmoniosa entre Sociedade 
e Natureza. 
Boff (2017, n.p), em consulta aos dicionários atuais e clássicos
1
, esclarece que na "raiz 
de sustentabilidade e de sustentar está a palavra latina sustentare com o mesmo sentido que 
possui em português". O autor argumenta que há dois significados para o conceito de 
Sustentabilidade: um ativo e outro passivo. 
A acepção ativa de sustentar "enfatiza a ação feita de fora para conservar, manter, 
proteger, nutrir, alimentar, fazer prosperar, substituir, viver"(BOFF, 2017, n.p). Desta forma, 
"sustentabilidade representa os procedimentos que tomamos para permitir que a Terra e seus 
biomas se mantenham vivos, protegidos, alimentados de nutrientes a ponto de estarem sempre 
bem conservados e à altura dos riscos que possam advir‖ (BOFF, 2017, n.p). 
Já o significado passivo de sustentar remete à ideia de "equilibrar-se, manter-se, 
conservar-se sempre à mesma altura, conservar-se sempre bem" (BOFF, 2017, n.p). Nesta 
perspectiva, sustentabilidade é definido por "tudo o que a Terra faz para que um ecossistema 
não decaia e se arruíne"(BOFF, 2017, n.p). Assim, a Terra é responsável por manter 
condições para que ela e seus biomas se conservem como são, mas também coevoluam, 
fortaleçam-se e prosperem. 
Contudo, Boff (2017) adverte que o conceito de Sustentabilidade tem uma história 
bastante antiga, com mais de 400 anos. 
Na época do mercantilismo,o uso intensivo de madeira pela sociedade europeia, como 
matéria prima para suas atividades - por exemplo a construção de barcos e edificações, e 
sendo a principal fonte de combustível –fez surgir uma preocupação com o uso racional das 
florestas. Boff (2017) assinala que foi na Alemanha, em 1560, na Província da Saxônia, 
através dos escritos sobre silvicultura (produção e manejo de florestas), que surgiu a palavra 
Nachhaltigkeit, que significa Sustentabilidade. Porém, já naquela época, a preocupação com 
a manutenção da exploração econômica de recursos naturais motivava o emprego do conceito 
de sustentabilidade: "devemos tratar a madeira com cuidado (...), caso contrário, acabar-se-á o 
negócio e cessará o lucro" (BOFF, 2017, n.p). Estas foram as palavras do capitão Hans Carl 
 
1
Novo Dicionário Aurélio e Dicionário de Verbos e Regimes, de Francisco Fernandez (1942). 
 
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191 
von Carlowitz que, em 1713, na Saxônia (Alemanha), "escreveu um verdadeiro tratado na 
língua científica da época, o latim, sobre a sustentabilidade (...) das florestas com o título de 
Sylviculturaoeconomica." (BOFF, 2017, n.p). 
Foi então, no contexto da silvicultura, que o conceito de Sustentabilidade nasceu e se 
manteve vivo até o início do século passado. 
Um bom número de autores concordam que o termo sustentabilidade ganhou 
notoriedade mundial enquanto adjetivo ao conceito de Desenvolvimento, na década de 1970, a 
partir das reuniões organizadas pela Organização das Nações Unidas (ONU), "quando surgiu 
forte a consciência dos limites do crescimento que punha em crise o modelo (de 
desenvolvimento) vigente praticado em quase todas as sociedades mundiais"(BOFF, 2017, 
n.p). 
A definição clássica do conceito de Desenvolvimento Sustentável provém do relatório 
da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento
2
 (CMMAD), publicado em 
1987, denominado Our Common Future: ―Desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento 
que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras 
em satisfazer suas próprias necessidades‖ (NASCIMENTO, 2012, p.54). 
Para Nascimento (2012, p. 51), a partir da publicação do citado relatório, abriu-se "um 
imenso debate na academia sobre o significado de desenvolvimento sustentável". Para este 
autor, o conceito de desenvolvimento sustentável "se tornou um campo de disputa, no sentido 
utilizado por Bordieu, com múltiplos discursos que ora se opõem, ora se complementam". 
Dessa forma, a polissemia do conceito é a maior representação de um campo de forças que 
envolve desde governos, empresariado, representantes políticos, até os movimentos sociais e 
organismo multilaterais. 
Não obstante, Boff (2017) registra que a definição clássica do Desenvolvimento 
Sustentável carrega consigo a busca pela satisfação das necessidades humanas em três 
dimensões: a econômica, a ambiental e a social. O modelo-padrão de desenvolvimento 
sustentável que aparece nos discursos oficiais de governos e conceitualmente adotado por 
empresas se resume na frase: "Para ser sustentável o desenvolvimento deve ser 
economicamente viável, socialmente justo e ambientalmente correto"
3
 (BOFF, 2017, n.p). 
 
2
Comissão dirigida pela ex-primeira ministra da Noruega, Gro Harlen Brundtland. O relatório publicado pela 
comissão também é conhecido como Relatório Brundtland. 
3
É o famoso tripé chamado de Triple Botton Line (a linha das três pilastras) que deveriam garantir a 
sustentabilidade. O conceito foi criado em 1990 pelo britânico John Elkington, fundador da ONG SustainAbility, 
 
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192 
Nascimento (2012) ressalta que, apesar de haver um consenso de que o 
desenvolvimento sustentável se concentra nas três dimensões citadas, há alguns autores, 
inclusive o próprio, que consideram a relevância de outras dimensões da sustentabilidade, 
como o poder e a cultura. Segundo o mesmo,não dar o devido destaque à dimensão política 
do desenvolvimento sustentável é escamotear a "assimetria de poder no âmbito da sociedade" 
(NASCIMENTO, 2012, p.56) 
Boff (2017) argumenta que o discurso de sustentabilidade de empresas e governos, em 
geral, é retórico e vazio, pois 
Tudo é realizado desde que não se afetem os lucros, não se enfraqueça a 
competição e não se prejudiquem as inovações tecnológicas. Aqui, a 
utilização da expressão "desenvolvimento sustentável" possui uma 
significação política importante: representa uma maneira hábil de desviar a 
atenção para os reais problemas, que são a injustiça social nacional e 
mundial, o aquecimento global crescente e as ameaças que pairam sobre a 
sobrevivência de nossa civilização e da espécie humana (BOFF, 2017, n.p). 
Sachs (2000), ao desvelar os fatos históricos que abriram caminho para o casamento 
entre desenvolvimento e meio ambiente, mostra como a ideologia desenvolvimentista evocou 
a erradicação da pobreza, em nível de discurso, como meta principal para a manutenção dos 
programas desenvolvimento pelo mundo. 
Citando o Relatório Brundtland: "Pobreza reduz a capacidade das pessoas de 
usar recursos de uma maneira sustentável; ela intensifica a pressão sobre o 
meio ambiente... Uma condição necessária, mas não suficiente, para a 
erradicação da pobreza absoluta é um crescimento relativamente rápido nas 
rendas per capita no Terceiro Mundo". O caminho assim estava livre para o 
casamento entre "meio ambiente" e "desenvolvimento"(SACHS, 2000, 
p.121). 
 
A relação entre Sociedade e Natureza no contexto da ciência geográfica 
A Geografia se desenvolve enquanto ciência no decorrer do século XIX, centrada em 
duas vertentes, isto é, no estudo da diferenciação espacial da superfície terrestre e na relação 
homem-meio (CAPEL, 1981). 
Sob influência do positivismo formal e do raciocínio indutivo, a ciência geográfica é 
caracterizada inicialmente como uma ciência de síntese, descritiva e empírica, conferindo o 
caráter idiográfico da chamada Geografia Tradicional ou Clássica. Nessa época, ganharam 
visibilidade a escola alemã de Geografia, expressa nas obras clássicas de Alexander von 
 
que se propõe exatamente a divulgar estes três momentos como necessários a todo desenvolvimento 
sustentável. (BOFF, 2017) 
 
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Humboldt (1769-1859), Carl Ritter (1779-1859) e Friedrich Ratzel (1844-1904), e a escola 
francesa de Geografia, que teve como principal expoente Paul Vidal de La Blache (1845-
1918). 
As escolas alemã e francesa de Geografia pautaram-se no princípio baconiano de 
conhecimento da natureza e no seu domínio pelo ser humano, predominando uma definição 
de Natureza e Meio Ambiente ainda bastante naturalista e utilitarista, que ainda se sobressai 
nos dias atuais (BISPO, 2012). 
O surgimento da Geografia Quantitativa (ou Teorética), caracterizada pela vinculação 
à filosofia neopositivista, pela adoção do raciocínio hipotético-dedutivo, pelo embasamento 
em leis e teorias emprestadas das ciências naturais e por uma renovação em termos de 
linguagem (matemática), trouxe certo vigor a Geografia Física, nos quesitos planejamento e 
organização do espaço, bem como na exploração de recursos naturais. Essa renovação no 
processo de investigação e análise da Geografia se deu através do uso de técnicas estatísticas, 
da análise fatorial, dos modelos preditivos e diagramas, entre outros (ANDRADE, 2004; 
MENDES, 2010 apud GAMA, MELO, MORAIS, 2015). 
 Dessa forma, observamos que, "[...] Este paradigma procura leis ou regularidades 
empíricas sob a forma de padrões espaciais" (SOUZA, MARIANO, 2008, p.83), notando-se a 
consideração da natureza como recurso, o que, por sua vez, influiu no uso da Teoria Geral dos 
Sistemas, com a relação ao organismo-meio (GAMA, MELO, MORAIS, 2015). Na Geografia 
Física, temos a proposição de Viktor Sotchava com o ―geossistema‖ como abordagem 
metodológica marcante. Utilizando-se de análise integrada, ou seja, uma conexão natureza-
sociedade, tem-se que ―Os Geossistemas são fenômenos naturais, porém seu estudo engloba 
os fatores econômicos e sociais das paisagens modificadas pelo homem‖ (SOUZA, 
MARIANO, 2008, p.87). 
Nas décadas de 1970 e 1980, a corrente de pensamento geográfico com abordagem 
crítica deixa de ver o homem com um ser passivo em relação à natureza e entende-o ―como 
principal atuante sobre o meio, produzindo seu espaço‖ (SOUZA, MARIANO, 2008, p.83). 
Assim, o materialismo histórico e a dialética, enquanto método, passam a ser incorporados 
pelos geógrafos desta corrente. 
Conforme destaca Casseti (1991) apud Bispo (2012), a concepção de Natureza para a 
corrente crítica do pensamento geográfico diferencia-se em dois momentos. No primeiro, a 
natureza é incorporada ao homem e este a utiliza como valor de uso, ao passo que no segundo 
 
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momento a natureza é caracterizada pelo valor de troca. Desse modo, Karl Marx concebe a 
natureza como produto social, em que a relação homem-meio é mediada pelo trabalho. 
Conforme apresentam Moraes e Costa (1984, p.54), Engels ―[...] foi o único autor 
clássico do marxismo a tentar desenvolver uma reflexão sistemática no domínio das ciências 
naturais.‖ Esse autor escreveu a obra intitulada Dialética da Natureza, porém foram tecidas 
críticas severas a mesma, como concessões ao positivismo e darwinismo. Dessa forma, ―A 
natureza apresenta formas de causalidade distintas dos processos sociais. A dialética deve ser 
concebida, então, como o modo específico de captar o movimento do ser social‖ (MORAES; 
COSTA, 1984, p.55). 
Na Geografia Humanista, temos que o indivíduo vincula-se ao lugar, ao ambiente em 
que vive. Tuan (1980) expõe que as pessoas podem desenvolver uma capacidade excepcional 
de adaptação frente um meio ambiente hostil. 
No Ártico, por exemplo, há épocas em que nenhum horizonte separa o céu 
da terra, quando a cena é visualmente indiferenciada. No entanto, o esquimó 
é capaz de viajar cento e cinquenta quilômetros, ou mais, através dessas 
terras desoladas(TUAN, 1980, p. 89). 
Tuan (1980) destaca ainda a integração entre o meio ambiente e a visão de mundo dos 
povos: ―Como meio de vida, a visão do mundo reflete os ritmos e as limitações do meio 
ambiente natural‖ (TUAN, 1980, p. 91). 
No final do século XX entram em discussão metodologias que tentam reaproximar a 
Geografia e a Ecologia, como a Ecogeografia, apresentada por Jean Tricart e Jean Killian, 
cujo objetivo é estudar como o homem se integra aos ecossistemas, ou melhor, 
[...] como esta integração é diversificada em função do espaço terrestre, 
envolvendo dois aspectos principais: a dependência natural dos homens ao 
ecossistema e as modificações voluntárias ou não que o homem provoca nos 
ecossistemas (SOUZA, MARIANO, 2008, p.87). 
Na atualidade, ganha espaço na Geografia uma abordagem socioambiental, em que 
prevalece a visão holística dos fenômenos, apoiando-se, segundo Bispo (2012), no princípio 
da ética e na concepção de sociedade enquanto sujeito, ou seja, não apenas como agente, mas 
tendo sua dimensão social incorporada aos problemas ambientais. 
Nos estudos sobre as cidades sustentáveis ou o desenvolvimento urbano sustentável 
destacam-se trabalhos de autores que não necessariamente adotam uma abordagem geográfica 
para explicação dos fenômenos socioambientais.Exemplos são os trabalhos de 
 
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195 
Haughton&Hunter (2004)
4
, Acselrad (1999) e Jacobi (1997)
5
. Já em relação a pesquisas sobre 
qualidade de vida em ambientes urbanos e planejamento urbano, com uma visão geográfica 
do fenômeno, sobretudo por um viés crítico, é notável a contribuição de geógrafos, por 
exemplo os trabalhos de Silva, De Souza & Leal (2012) e Souza (2001)
6
. 
Já autores da Geografia Agrária nacional tem pensado a questão do desenvolvimento 
rural sustentável também por um viés crítico e de desconstrução. Montenegro Gómez (2012) é 
radical ao evocar o conceito de decolonialidade para exaltar povos e comunidades tradicionais 
na América Latina que realmente praticam uma racionalidade e relação com a natureza que se 
sustentam ao longo de sua existência. Júnior (2010) denuncia as condições nada sustentáveis 
de trabalho que se submetem um número cada vez maior de trabalhadores do chamado 
complexo do agrohidronegócio que, em nome da sustentabilidade da atividade primária 
nacional, promovem grandes obras estruturais para escoamento da produção e acumulação de 
capital. 
 
Considerações Finais 
 Pode-se observar que as questões e os conceitos relativos a Natureza, Meio Ambiente 
e Sustentabilidade estão dentro de um contexto multidisciplinar. Ao longo da trajetória 
histórica, diferentes métodos de interpretação foram utilizados nos estudos científicos, o que 
igualmente influenciou a Geografia. 
As relações Sociedade x Natureza e Homem x Ambiente foram tratadas ao longo da 
história sob diversas abordagens e campos de estudo, inclusive na Geografia, a qual teve, e 
continua tendo, contribuições essenciais para o debate sobre a natureza. Conforme 
demonstrou Bertrand e Bertrand (2007), a natureza é primeiramente espaço dentro da 
concepção geográfica, espaço este cada vez menos natural e cada vez mais antropizado. 
Por fim, importa ressaltar que determinados conceitos, como Natureza, Meio 
Ambiente e Sustentabilidade, são utilizados conforme a visão de mundo de quem os emprega 
e atendem a objetivos específicos, dotados de intencionalidade, o que obriga o pesquisador a 
observar cuidadosamente o discurso construído, o método adotado e os verdadeiros interesses. 
 
 
4
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5
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6
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