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Influencia_de_batidas_binaurais_do_tipo_em_atividade_de_memorizacao_n-back

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INFLUÊNCIA DE BATIDAS BINAURAIS DO TIPO Β EM ATIVIDADE DE 
MEMORIZAÇÃO N-BACK 
Autores 
Anna L. Toselli¹, Arthur S. Umeda¹, Diogo S. Oshiro¹, Gustavo P. Augusto¹, Maria F. 
Pistori¹, Plinio van Deursen¹, Vinicius Montagner¹ 
¹ Alunos de graduação do curso de Ciências Biológicas do Instituto de Biociências da 
Universidade de São Paulo. 
 
Resumo 
Batidas binaurais são duas notas que divergem entre si por possuírem uma 
variação de frequência de até 30 Hz em cada orelha. Existem estudos que 
demonstram que tais sons são capazes de induzir diversos estados a quem os 
escuta. 
Foi realizado este trabalho a fim de testar as influências das batidas binaurais 
tipo β, batidas com diferença de frequências de 13 a 30hz aplicada a cada 
orelha do voluntario do experimento, na realização de atividades que envolvam 
memoria de curta duração. 
Foram separados 3 grupos, os quais realizaram um teste de n-back duas 
vezes. Dois desses grupos realizaram a atividade ouvindo as batidas binaurais 
tipo β, enquanto o terceiro grupo, que foi o controle, não escutou as batidas. 
Foram avaliados a porcentagem de acertos e o tempo de reação médio de 
cada indivíduo dos grupos em ambas às vezes em que realizaram o teste. 
Palavras chave: batidas binaurais, n-back, memorização, onda β. 
Introdução 
Hoje já existem diversos estudos que mostram a influência da batida 
binaural em diversas situações, em tratamentos de doenças, para um sono 
melhor, concentração, memória, entre outros. (Fitzpatrick, 2009) 
 As batidas binaurais foram de fato descobertas por volta de 1839 por 
Heinrich Wilhelm Dobe, Professor associado na Universidade de Berlim. Ele 
descobriu acidentalmente que, quando duas notas semelhantes, que são 
apenas ligeiramente deslocadas em frequência, são dadas separadamente, 
através de um fone de ouvido estéreo, para a orelha direita e esquerda, 
causam um efeito de tipo de pulsação ou batida dentro do cérebro. Descobriu 
também que muitas espécies evoluíram e podem detectar a batida binaural por 
causa da estrutura cerebral e as frequências podem mudar dependendo do 
tamanho do crânio da espécie. 
Batidas Binaurais ocorrem quando a diferença de frequência em cada 
orelha difere de 1 a 30 Hz (Oster, 1973). O efeito subjetivo de ouvir batidas 
binaurais pode ser relaxante ou estimulante dependendo da frequência de 
estimulação da batida binaural. (Owens & Atwater, 1995). 
 
Existem 4 tipos de ondas: 
- Ondas Beta (β): São as ondas mais rápidas, 13 a 30 Hz. Estado onde o 
cérebro está mais ativo. 
- Ondas Alfa (α): Mais lentas que as Beta, 7 a 13 Hz. Estão normalmente 
associadas a um estado de maior tranquilidade e relaxamento. 
 - Ondas Theta (θ): 3 a 7 Hz. Estado de profunda meditação, um estado 
de quase sono. 
 - Ondas Delta (Δ): São as mais lentas dos 4 padrões principais, 1 a 3 
Hz. Estão associadas ao sono profundo, sem sonho. 
 
Há ondas elétricas geradas pelas células cerebrais com características 
semelhantes, quanto à frequência, às apresentadas neste artigo. Elas mudam 
de frequência devido à atividade elétrica dos neurônios e estão relacionadas a 
alterações no estado do indivíduo tal como na concentração, atenção, etc. (Hall 
& Guyton, 2011) Não se sabe ao certo o mecanismo de ação das batidas 
binaurais, mas acredita-se que ocorre uma espécie de interação entre as 
ondas, induzindo o indivíduo ao estado designado por cada tipo de batida 
binaural. 
 Em nosso trabalho utilizamos um teste chamado n-back em que os 
grupos testados são submetidos às ondas Beta (β); um enquanto realiza o 
teste e outro antes de realiza-lo. O teste n-back é uma tarefa contínua de 
desempenho que é comumente usada como uma avaliação em neurociência 
cognitiva para medir uma parte da memória de trabalho (Gazzaniga, 2009). O 
tema é apresentado com uma sequência de estímulos, e a tarefa consiste em 
indicar quando o estímulo atual coincide com o de n etapas anteriores na 
sequência. O n pode ser ajustado para tornar a tarefa mais ou menos difícil. 
O teste utiliza a memória de curta duração, e esta pode reter informação 
durante 15/30 segundos (Dividino & Faigle, 2004). A Memória de Curto Prazo 
possui outra importante característica: contém um número limitável de 
elementos possíveis de se reter. Um estudo de George Miller (1956) sobre as 
limitações mostra que uma pessoa pode reter até sete itens, mas o tamanho 
deste item depende do nível de familiaridade da pessoa com o material 
informacional. 
O objetivo do trabalho foi avaliar a influência das batidas binaurais β em 
um teste de memorização (Working memory test, n-back) em homens e 
mulheres. 
 
Materiais e Métodos 
http://translate.googleusercontent.com/translate_c?depth=1&hl=pt-BR&prev=/search%3Fq%3Dn-back&rurl=translate.google.com.br&sl=en&u=http://en.wikipedia.org/wiki/Cognitive_neuroscience&usg=ALkJrhiGQKuq6VXIA9DaGLuz7YIijIlipQ
http://translate.googleusercontent.com/translate_c?depth=1&hl=pt-BR&prev=/search%3Fq%3Dn-back&rurl=translate.google.com.br&sl=en&u=http://en.wikipedia.org/wiki/Cognitive_neuroscience&usg=ALkJrhiGQKuq6VXIA9DaGLuz7YIijIlipQ
Para avaliar a influência das batidas binaurais em um teste de memória, 
foram recrutados 36 indivíduos (18~30 anos), sendo 18 do sexo masculino e 18 
do feminino divididos igualmente em três grupos, subdivididos por gênero. 
As batidas binaurais do tipo β que foram expostas são do tipo pura, 
possuem diferencial de frequência de 20 Hz e frequência base de 200 Hz, e 
foram ouvidas pelos indivíduos através de fones de ouvidos do tipo headphone 
em um arquivo .mp3. 
O teste Working memory test (n-back) permite que se defina o valor de 
n, e, de forma arbitrária, foi decidido que o valor de n é três. Todos os grupos 
realizaram o teste duas vezes, com intervalo de 1 minuto entre a primeira e 
segunda realização. 
Foram coletados, de cada realização do teste, a porcentagem de acerto, 
o tempo de resposta médio e o tempo de resposta total parar clicar na imagem. 
 
Os grupos experimentais foram divididos da seguinte forma: 
● CTRL_H: (n=6) – Homens que realizaram a tarefa sem ouvir as batidas 
● CTRL_M: (n=6) – Mulheres que realizaram a tarefa sem ouvir as batidas 
● ANTES_H: (n=6) – Homens que ouviram as batidas X minutos antes de 
realizar a tarefa 
● ANTES_M: (n=6) – Mulheres que ouviram as batidas X minutos antes de 
realizar a tarefa 
● DURANTE_H: (n=6) – Homens que ouviram as batidas durante a 
realização da tarefa 
● DURANTE_M: (n=6) – Mulheres que ouviram as batidas durante a 
realização da tarefa 
 
Para avaliar o desempenho da tarefa, foi mensurada a porcentagem de 
acertos da tarefa e o tempo de resposta de cada indivíduo. Os dados foram 
analisados através de análise de variância (ANOVA) multifatorial com p=0,05, 
no programa Statistica versão 10, tomando como variáveis dependentes, em 
uma primeira análise, a porcentagem de acertos de cada indivíduo e, 
independentes (ou fatores) os Grupos, os Gêneros e as Seções, mas em uma 
segunda análise, a variável dependente selecionada foi o Tempo de Reação de 
cada indivíduo. Também para determinação de um padrão na análise, foi feito 
teste t de Student dentro do grupo Controle entre as diferentes seções, da 
porcentagem de acerto e do tempo de resposta, utilizando o mesmo programa. 
 
Resultados 
 Ao analisar a tabela dos efeitos de cada fator, dentro da análise de 
porcentagem de acerto e os gráficos fornecidos por elas, verifica-se que não há 
evidência de diferença, considerando os três fatores (Figura 1), mas 
desconsiderando as diferenças de Grupo entre os indivíduos, possivelmente há 
evidência de diferença entre os gêneros (Figura 2). 
 Assim como esperado, ao realizar a tarefa duas vezes, houve uma 
melhora na porcentagem de acerto na segunda seção em relação à primeira 
(Figura 3), mas o tempo de reação foi diferente, os indivíduos mostraram 
decaimento deste na segunda seção (Figura 4). 
 
Fig.1-Gráfico de comparaçãodas duas seções entre os gêneros nos diferentes 
grupos. 
 
 
Fig.2-Gráfico de comparação entre os gêneros nas seções 1 e 2 (ignorando as 
diferenças de Grupo). 
 
Fig.3-Gráfico de comparação entre as seções 1 e 2 do grupo Controle. 
 
 
 
 Fig.4-Gráfico de comparação de tempo médio de reação entre as seções 1 e 2 
do grupo Controle. 
Conclusão 
Ao se observar os resultados obtidos, é possível concluir que as batidas 
binaurais tipo beta não influenciam na atividade de memorização (se não for 
levado em conta as diferenças de gênero). 
Em relação ao gênero, não é possível tirar conclusões claras com esses 
resultados, mas nota-se que as mulheres tem uma tendência a terem um índice 
maior de acerto na segunda tentativa, em relação a primeira, quando sofrem a 
ação das batidas binaurais, diferente dos homens, que pioram o seu 
desempenho na segunda tentativa, em relação a primeira, quando em contato 
com as batidas. Pode ser que as batidas binaurais influenciem de formas 
diversas os diferentes gêneros avaliados, porém, o campo amostral utilizado foi 
pequeno demais para tirar uma conclusão definitiva sobre isso. 
Uma possível hipótese para que o tempo médio de reação da segunda 
seção tenha sido menor que o da primeira e a porcentagem média de acertos 
maior na segunda é que os indivíduos, conscientes da natureza do exercício, 
tenham executado-o com maior aptidão, uma vez que já estavam mais 
familiarizados com o exercício, resultando no padrão observado nas figuras 3 e 
4. 
Vale ressaltar que alguns indivíduos afirmaram se sentir incomodados 
com as ondas, podendo ter ocasionado a queda de seu desempenho no 
resultado do teste, como se verifica na Figura 1, nos grupos “Antes” e “Durante” 
do gênero Feminino. 
Referências bibliográficas 
Oster, G. Auditory beats in the brain. Scientific American, vol. 299, pp. 94-
102; 1973 
Gazzaniga, Michael S.; Ivry Richard B.; Mangun, George R. (2009). 
Neurociência Cognitiva: A Biologia da Mente (2ª ed) 
Owens, J. E. & Atwater, F. H. (1995). EEG correleates of an induced altered 
state of consciousness: "mind awake/body asleep". Submitted for 
publication. 
 
KANDEL, E. R. et al. Principles of Neural Science. 4th edition. New York: 
McGraw-Hill Companies; 2000. 
 
BEAR, M. F. et al. Neurociências: desvendando o sistema nervosa. 2ª ed. 
Porto Alegre: Artmed; 2002. 
 
PURVES, D. et al. Neuroscience. 3th edition. Sunderland: Sinauer Associates; 
2004. 
 
Dividino, R. Q. & Faigle, A. Distinções entre a memória de curto prazo e 
Memória de longo prazo, 2004. 
 
 Fitzpatrick D, et al . Processamento modulações temporais na Binaural e 
mono estímulos auditivos pelos neurônios no colículo inferior e córtex 
auditivo, 2009 
 
Hall, J.E. & Guyton, A.C. Tratado de Fisiologia Médica. 12 ed., Elsevier Brasil 
Ed., 2011.

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