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Resumo: SEPARAÇÃO SÓLIDO/LÍQUIDO OTÁVIA MARTINS SILVA RODRIGUES 2 Sumário 1 Introdução.............................................................................................................. 3 2 Desaguamento Mecânico ...................................................................................... 4 3 Sedimentação ...................................................................................................... 12 4 Coagulação e Floculação .................................................................................... 16 5 Espessamento ..................................................................................................... 18 5.1 Tipos de espessadores ................................................................................. 19 6 Filtragem.............................................................................................................. 26 7 Secagem ............................................................................................................. 35 8 Bibliografia ........................................................................................................... 37 3 1 Introdução A grande maioria das usinas de beneficiamento de minérios realiza o processamento total ou parcial dos minérios em meio úmido. Sendo assim, no final do processo é necessário retirar a água que foi adicionada ao minério, de maneira a adequar sua unidade à especificada nos contratos de compra e venda. Processos de separação sólido-líquido produzem concentrados relativamente secos para serem transportados via terrestre (correias transportadoras, trens e caminhões) ou marítima (navios). Em alguns casos, também se deseja reduzir a quantidade de água no minério em determinado(s) ponto(s) dentro do processo para adequá-la às condições exigidas na próxima operação unitária à qual o minério será submetido. Acrescenta-se também a preocupação ambiental com a recuperação de água no processo e preparação de rejeitos para descarte e/ou aproveitamento posterior. A remoção de água no minério se dá pelas operações agrupadas como separação sólido-líquido, que podem ser dividas em: desaguamento mecânico, espessamento, filtragem e secagem. O desaguamento mecânico é realizado em hidrociclones, peneiras e classificadores espiral. O espessamento é baseado na sedimentação de partículas sendo utilizados espessadores convencionais, high rate, de lamelas e de pasta. Filtragem é o método de desaguamento obtido pela passagem forçada de uma suspensão aquosa através de um elemento filtrante que retém as partículas sólidas na sua superfície. O processo pode ser conduzido de forma contínua ou intermitente, sob a ação de vácuo ou pressão induzida. Os equipamentos tradicionalmente utilizados são os filtros a vácuo (tambor, disco, correia etc...) o os filtros prensa. A secagem consiste na retirada da água contida num produto sólido particulado através da evaporação da mesma por ação do calor. É utilizada quando se requer um nível de umidade bem baixo. Trata-se de um processo relativamente caro, uma vez que não só os sólidos devem ser aquecidos, como também a água deve ser vaporizada para poder ser retirada do material. Os equipamentos mais usados são os secadores rotativos. 4 2 Desaguamento Mecânico O desaguamento mecânico, uma das operações de separação sólido-líquido empregadas na indústria mineral, é uma importante técnica utilizada nas usinas de processamento de minerais para reduzir a umidade de produtos intermediários ou finais. Dentro do processo as operações de desaguamento mecânico, geralmente, preparam materiais para posterior espessamento, filtragem e concentração por separação magnética. Os mesmos equipamentos utilizados para classificação de partículas (por exemplo, peneiras, hidrociclones e classificadores espiral) também são utilizados nas operações de desaguamento mecânico. O peneiramento é o principal método de classificação de partículas minerais na faixa de tamanho superior a 1 mm. A classificação de partículas entre 1 mm e 0,15 mm geralmente é realizada por peneiras, classificadores mecânicos (classificador espiral) ou hidrociclones. Na separação granulométrica de partículas menores que 0,15 mm os hidrociclones são os equipamentos mais utilizados. Peneiras e classificadores espiral geram undersize/underflow com pouca quantidade de água retida. Os hidrociclones conseguem produzir “produtos desaguados”, underflow, com até 75% de sólidos em massa. Os classificadores mecânicos são indicados para classificação por tamanho e desaguamento de polpas. São equipamentos empregados, mais frequentemente, em usinas de pequeno e médio porte. Devido à ótima performance dos hidrociclones em operações de classificação e separação sólido-líquido, o emprego dos classificadores mecânicos tem diminuído na indústria mineral. O desaguamento no classificador mecânico é realizado pelo arraste do underflow ao longo do fundo do equipamento (parte inclinada). A partir de determinada altura o underflow sai do banho e a água escorre ao longo da calha gerando um produto desaguado com % de sólidos entre 65% e 75% (54% e 33% de umidade) (Chaves et al., 1996). A figura 2.1 mostra o desenho esquemático do classificador espiral. Os classificadores de arraste ou de rastelo diferenciam-se pela maneira na qual o underflow é arrastado. 5 Figura 2.1: Representação esquemática do classificador espiral (Adaptado de Galery et al., 2007). Para melhor desaguamento pode-se optar por modelos cujo fundo do equipamento é mais longo e mais inclinado, o permite o arraste do underflow fora do banho por mais tempo. Quando operam como desaguadores os classificadores não desempenham bem a separação por tamanho. O mesmo é verdade em relação ao desaguamento por peneiramento ou ciclonagem. Em alguns portos de areia, quando se deseja desaguar o material no classificador espiral jogam-se jatos de água para lavar o underflow e reduzir a quantidade de lamas no desaguado e, por sua vez, de água, já que as partículas finas são as maiores carreadoras da água (Chaves e al., 2006). As peneiras (figura 2.2) são equipamentos amplamente utilizados para separação granulométrica na indústria mineral, seja em usinas de pequeno, grande ou médio porte. Esses equipamentos também são utilizados no desaguamento de minérios, especialmente de produtos intermediários. Cada modelo de peneira apresenta uma faixa granulométrica ideal para um bom funcionamento, fora desta faixa, elas não conseguem realizar a separação por tamanho deixando passar apenas água pela tela, motivo pelo qual podem ser empregadas como equipamentos desaguadores. Peneiras horizontais vibratórias, peneiras estacionárias (DSM) e peneiras vibratórias inclinadas (Derrick) são exemplos de equipamentos que funcionam bem como desaguadores. Alguns modelos de peneiras vibratórias apresentam inclinação negativa. Peneiras Derrick são utilizadas para desaguamento de sínter feed na usina de Brucutu. 6 Figura 2.2: Esquema de peneira vibratória de dois decks. Desaguamento de areia em peneira vibratória: http://www.youtube.com/watch?v=4ElkY6Re0b8 http://www.youtube.com/watch?v=0VpEtevw40Y Ciclones são equipamentos compactos constituídos fisicamente sem partes móveis com aplicações variadas: limpeza de gás, separação por tamanho e desaguamento. Quando utilizados na indústria mineral são designados hidrociclones (ou ciclones hidráulicos) por operarem com sólidos diluídos em água. O custo operacional do desaguamento em hidrociclones é superior ao realizado em tanques de sedimentação. A figura 2.3 esquematiza o equipamento. VORTEX Saída de overfow (fração fina) ou gases limpos. Alimentação APEXSaída de underflow (fração grosseira) ou particulados Parte cilíndrica Parte cônica Figura 2.3: Esquema típico de um hidrociclones. Dependendo da abertura do apex os ciclones operam com descarga em regime de corda (A), cone (B) ou spray (C) (figura 2.4). A situação A é utilizada quando se deseja espessar a polpa. O apex estrangulado minimiza a quantidade de água que sai por ele, uma vez que as partículas tem “prioridade” para sair por este orifício. A situação B configura uma boa operação de classificação. A situação C pode ser utilizada quando 7 se deseja um overflow mais clarificado, com menores % de sólidos; seu uso na indústria mineral não é difundido. Descarga em cordão Descarga em cone Descarga em spray A B C Figura 2.4: Tipos de descarga do hidrociclone em função do tamanho da abertura do apex. Hidrociclones desaguadores e hidrociclones classificadores são os mesmos equipamentos que diferem entre si em dois aspectos: a pressão de operação dos hidrociclones desaguadores é menor e o diâmetro de apex é mais estreito quando comparado aos hidrociclones classificadores. A concentração da fase particulada está relacionada ao comportamento dinâmico das partículas em movimento dentro do equipamento (França e Massarani, 2004). O foco deste texto é no desaguamento mecânico, sendo assim, não se aprofundará no funcionamento dos hidrociclones, assunto considerado de domínio prévio do leitor. A pressão de operação dos hidrociclones para desaguamento mecânico é diminuída para compensar o estreitamento do apex no sentido de manter o diâmetro de corte inalterado. Três mecanismos para operacionalizar o estreitamento do apex são resumidos por Chaves, 1996: (i) inserções dentro do orifício que diminuem a área livre interna do apex. Esse procedimento é realizado com equipamentos fornecidos pela AKW como mostrado na figura 2.5. Figura 2.5: Inserções no apex do hidrociclone (Chaves et al., 2004). (ii) dispositivos de regulagem do diâmetro do apex mediante ar comprimido. Esse procedimento, realizado pelos ciclones Krebs, é apresentado na figura 2.6. 8 Figura 2.6: Apex com regulagem pneumática (Chaves et al., 2004). (iii) apex de borracha, reguláveis por braçadeiras, uma solução improvisada muito realizada na prática industrial. Os hidrociclones de desaguamento Cavex®, figura 2.8, prometem fornecer underflow com densidade de sólidos desejada pelo operador e mantê-la constante ao longo da operação, mesmo havendo oscilações na alimentação. Observe no final do equipamento a peça estranguladora do apex. Figura 2.7: Hidrociclone de desaguamento (Weirminerals). Ressalta-se que o estrangulamento do apex aumenta seu desgaste por atrição, o que traz a necessidade de uma boa prática de supervisão e manutenção desses equipamentos. As geometrias dos hidrociclones podem se diferenciar pelo formato da parte cônica (figura 2.7). O design dos equipamentos utilizados para espessar polpas, assim como clarificar e classificar materiais finos, é o que apresenta ângulo do cone mais estreito (esquerda), até 25°. 9 Figura 2.8: Duas configurações geométricas típicas de ciclone (Svarovsky, 2000). Algumas vezes a operação de desaguamento por hidrociclones e a operação de espessamento, são utilizadas em conjunto, como ocorre na Valefertil (antiga Fosfértil em Tapira, MG). O concentrado fosfático, obtido por flotação, é remoído em circuito fechado com hidrociclones. Objetivando atender às condições de transporte por mineroduto, o overflow do circuito de moagem é adensado em hidrociclones. O underflow do adensamento segue diretamente para os tanques de homogeneização que alimentam os minerodutos. O overflow da operação de adensamento é espessado e posteriormente misturado ao underflow nos tanques de homogeneização que alimentam os minerodutos (Chaves et al., 2004). É importante salientar que, em qualquer operação de desaguamento em hidrociclones, haverá perdas de partículas no overflow. Diante disso sua aplicação fica restrita às situações como o exemplo de Tapira, no qual essas partículas tem chance de serem recuperadas (no espessamento), ou quando a perda de partículas no OF não for prejudicial ao processo (Chaves et al., 1996). Em relação ao arranjo dos hidrociclones dentro das usinas para realizar espessamento ou adensamento de polpa, tem-se algumas opções de configuração: - Uma bateria de ciclones; - Duas ou mais baterias de ciclones em série, neste caso o underflow do ciclone anterior alimenta o próximo ciclone. A figura 2.9 mostra duas baterias em série. Dois ou três estágios podem ser utilizados para realizar espessamento e clarificação ao mesmo tempo. 10 - A figura 2.10 mostra dois ciclones montados em série. O overflow gerado no primeiro estágio pode ser seguido de um (ou mais) estágio(s) de clarificação. Além disso, nota- se que o underflow do último estágio retorna para o primeiro ciclone junto com a alimentação nova. - A figura 2.11 mostra um arranjo de três ciclones para clarificar e espessar polpas muito diluídas. Os ciclones que operam com regime de corda têm a função de espessar e os ciclones que operam com regime de spray tem a função de clarificar. O primeiro ciclone realiza clarificação, sendo seu underflow espessado no terceiro ciclone. O ciclone de número 2 tem a função de auxiliar na perfeição do corte. Figura 2.9: Arranjo de dois ciclones em série para espessamento (Svarovsky, 2000). Figura 2.10: Arranjo de dois ciclones em série para espessamento e clarificação (Svarovsky,2000). 11 Figura 2.11: Arranjo de três ciclones para espessamento e clarificação de alimentações diluídas (Svarovsky, 2000). 12 3 Sedimentação Sedimentação pode ser definida como a movimentação espontânea de uma fase, de maior densidade, através de outra fase, de menor densidade, como resultado da aceleração da gravidade. Por exemplo, a movimentação descendente de partículas minerais em água. O entendimento de aspectos relativos à sedimentação é essencial para compreensão de operações de separação sólido-líquido, especialmente do espessamento. Considerando uma polpa em repouso em um compartimento, a acomodação das partículas no líquido resulta em duas fases: na porção superior um líquido clarificado e uma polpa espessa no fundo. A sedimentação de partículas em um fluido é governada por duas leis baseando-se no seu diâmetro: Lei de Stocks ou Lei de Newton. Partículas muito finas (poucos micrômetros de diâmetro) sedimentam muito lentamente quando se considera apenas o efeito da aceleração da gravidade sobre elas. Para acelerar a sedimentação podem-se utilizar reagentes, floculantes e dispersantes, ou força centrífuga. Uma partícula em sedimentação em meio fluido está submetida a três forças: empuxo, resistência e aceleração da gravidade como mostra a figura 3.1. Figura 3.1: Esquema de vetores das forças atuantes sobre uma partícula em sedimentação livre em um fluido. Inicialmente, quando se inicia a sedimentação, a velocidade de queda aumenta até o momento em que a soma das forças de atrito e empuxo se igual à força peso sobre a partícula. Nesse momento tem-se a força resultante igual a zero, como mostra a equação abaixo, ou seja, a velocidade de sedimentação para a ser constante. ΣF = 0 = P - E - R (1) Considerando-se: 13 m: massa da partícula m`: massa de fluido deslocada g: aceleração da gravidade (m/s2) v: volume da partícula dp: densidade da partícula df: densidade do fluido Tem-se: ΣF = 0 = mg - m`g - R (2) ΣF = 0 = vdpg – vdfg - R (3) R = vdpg – vdfg (4) R = g(vdp – vdf) (5) Ou seja,a resistência para sedimentação da partícula é função da aceleração da gravidade, do volume da partícula e das densidades do fluido e da partícula. Segundo Stocks a resistência para escoamento de partículas esféricas em regime laminar é: R = 3πdVη (6) Onde: d: diâmetro da partícula V: velocidade de sedimentação η: viscosidade do meio/fluido Igualando (5) e (6) e considerando-se o volume da partícula igual o volume da esfera (4/3πr3) deriva-se a velocidade de sedimentação da partícula (7) segundo a Lei de Stocks. g(vdp – vdf) = 3πdVη V = d2 g (dp – df) / 18η (7) É importante salientar que, apesar de fornecer bom resultado para partículas irregulares, a Lei de Stocks considera a partícula tendo a forma esférica, o que não ocorre na prática. Além disso, aplica-se a sistemas diluídos (escoamento laminar), partículas de tamanho entre 1 µm a 50 µm e número de Reynolds menor que 0,2 (Re = Vdp/η). 14 A teoria de Newton é aplicada a partículas maiores que 500 µm em regime turbulento. De acordo com a Teoria de Newton a resistência aplicada ao movimento de sedimentação de uma partícula em meio fluido é: R = Q (π/2) df r2 V2 (8) Onde: Q: coeficiente de resistência R: raio da partícula Igualando (5) a (8), tem-se: g(vdp – vdf) = Q (π/2) df r2 V2 V2 = 8 g r / 3 Q [(dp – df)/df] (9) Observe que há uma lacuna quando se trata de partículas entre 50 µm e 500 µm. Natureza das partículas, % de sólidos na suspensão, uso de reagentes e formado/dimensões do tanque de sedimentação são alguns fatores que interferem na velocidade de sedimentação das partículas. Partículas de formato esférico e maiores diâmetros têm maior facilidade na sedimentação. Polpas com maiores concentrações de sólidos apresentam partículas com velocidades de sedimentação diminuídas quando comparadas às partículas constituintes de polpas diluídas. Isso ocorre porque uma partícula interfere na sedimentação da outra devido a choques/colisões dentro do tanque de sedimentação. O uso de coagulantes e floculantes aceleram a sedimentação das partículas. O formato do tanque infere na sedimentação no sentido em que a existência de paredes e obstáculos no trajeto da partícula promove redução na taxa de sedimentação. Se a % de sólidos for alta é importante que o tanque tenha altura suficiente para que o processo de sedimentação ocorra livremente, evitando desaceleração das partículas no fundo do tanque (França e Massarani, 2004). Neste texto consideraremos a seguinte classificação para partículas finas, lamas e coloides: finos (100 µm a 10 µm), lamas (10 µm a 1 µm) e coloides (1 µm a 0,01 µm). 15 A teoria DLVO afirma que a influência de características elétricas é maior quanto menor o tamanho da partícula e considerando partículas coloidais as forças elétricas se sobressaem sobre a aceleração da gravidade. Isso significa que a sedimentação das partículas de uma suspensão coloidal em repouso pode não acontecer. A estabilidade dos sistemas coloidais é tratada pela teoria DLVO, desenvolvida na década de 40 por cientistas russos e holandeses, e baseia-se nas variações de energia que são observadas quando partículas sólidas em suspensão aproximam-se umas das outras. Apenas interações de Van de Waals (atrativa) e eletrostáticas (repulsiva) são consideradas. Após 50 anos de existência, a teoria DLVO “clássica” foi revista com a incorporação de forças estruturais (hidratação e hidrofóbica), sugeridas anteriormente por um de seus precursores Churaev e Derjaguim em 1985, resultando na teria DLVO estendida (extended DLVO theory ou X-DLVO). 16 4 Coagulação e Floculação Na indústria mineral coagulação e floculação são processos de aglomeração de partículas. Por terem o mesmo fim, formar agregados, muitas vezes essas palavras são utilizadas erroneamente como sinônimos ou confundidas entre si. Coagulação causa aderência entre partículas extremamente finas. Todas as partículas exercem forças de atração mútua conhecida como Forças de London-Van de Waals, a qual é significativa apenas em distância muito pequena. Se as partículas estão carregadas com mesma polaridade, ambas positivas ou ambas negativas, ocorre repulsão quando elas estão próximas entre si. As forças de repulsão não só previnem a coagulação como também a acomodação de partículas em um sistema passível de ocorrer sedimentação. Dependendo do tamanho das partículas, essa força por estabilizar uma suspensão por tempo indeterminado. Coagulantes são eletrólitos de carga oposta à das partículas, que atuam de maneira a neutralizar a carga superficial das mesmas. Sais inorgânicos têm sido amplamente utilizados nesta função, principalmente sais de Fe3+, Al3+ e Ca2+. Ácidos clorídricos ou sulfúricos também são utilizados como coagulantes, no caso das partículas estarem com carga superficial positiva. A coagulação ocorre quando o potencial zeta da suspensão é zero, ou seja, a natureza das partículas e espécies adsorvidas a elas é nula. Para entender potencial zeta é necessário o conhecimento prévio de dupla camada elétrica. Dupla camada elétrica pode ser definida como a distribuição de íons desde a superfície carregada até uma distância X na solução. Observe a figura 4.1. A superfície do sólido é negativa, desde modo cátions são atraídos eletrostaticamente pela superfície se adsorvendo especificamente no plano interno de Helmoltz (PIH) e não especificamente no plano externo de Helmoltz (PEH). Próximo ao plano externo de Helmoltz está o plano de cisalhamento, a partir desse ponto os íons não mais se adsorvem na superfície do sólido. A partir do plano de cisalhamento os íons se distribuem na solução de maneira a equilibrar o potencial chegando a valores próximos de zero (nulo). 17 Figura 4.1: Esquema da dupla camada elétrica. Coágulos são formados pela aproximação das partículas, diante disso, ele retém baixa quantidade de água e são agregados pequenos. Devido ao seu mecanismo de formação pode-se dizer que possuem maior estabilidade quando comparados aos flóculos. Flóculos são agregados formados através do processo de floculação. Nesse caso utilizam-se floculantes, polímeros orgânicos que agem como “pontes” entre as partículas, conforme mostra a figura 4.2. O flóculo é formado por um emaranhado de várias moléculas de polímeros adsorvidas em partículas minerais. Por consequencia, envolve a formação de agregados maiores com maior quantidade de água retida quando comparados aos coágulos. Além disso, os flóculos são menos estáveis que os coágulos. Os floculantes podem ser polímeros catiônicos, aniônicos ou não iônicos. Figura 4.2: Esquema de interação entre um floculante catiônico e partículas minerais iniciando a formação de um flóculo. 18 5 Espessamento O espessamento ocorre por sedimentação de partículas através da polpa. Alguns autores se referem ao espessador como um sedimentador utilizado em operações cujo interesse está no sólido. Os sedimentadores cujo interesse está no líquido clarificado são denominados clarificadores, esses equipamentos geram underflow com baixas % de sólidos. Os espessadores podem ser suspensos ou aterrados. De um modo geral os espessadores maiores que 50m de diâmetro (geralmente espessadores de lama) são aterrados, pois se utilizam do solo para sua sustentação, reduzindo seu custo. Uma desvantagem é o acesso às bombas e tubulações que ficam embaixo do equipamento. De um modo geral os espessadores são dimensionados a partir de experimentos denominados testes de sedimentação em proveta. A polpa é agitada para sua homogeneização dentro da proveta. A partir desse instante inicia-se o teste. No tempo zero a suspensão encontra-se homogênea e a concentração de sólidos é constante em todos os pontos da proveta. No tempot1 (figura 5.1) as partículas maiores começam a sedimentar e formar uma fina camada de sólidos no fundo da proveta configurando o início da zona ou região de compactação ou compressão. As partículas mais finas sedimentam mais lentamente dando origem a uma região intermediária denominada região de sedimentação por zona ou fase. Com a sedimentação das partículas inicia-se a formação da região de líquido clarificado ou região de clarificação. Região de compactação ou compressão Região de sedimentação por zona ou fase Região de líquido clarificado ou clarificação Figura 5.1: Fase do teste de proveta mostrando as regiões formadas durante a sedimentação (adaptado de França e Massarani, 2004). 19 As condições sugeridas por Finch em que cada regime predomina estão apresentadas na figura 5.2. Na região de líquido clarificado ou apenas clarificação predomina a maior diluição da polpa, as partículas sedimentam-se mais livremente. Se houver colisão de partículas e elas formarem agregados tem-se clarificação de agregados. Se as partículas sedimentam-se livremente tem-se clarificação de partículas. A região de sedimentação por zona aparece como consequência do aumento na concentração de partículas na polpa e do aumento na tendência à formação de agregados. Nesse regime ocorre a formação de uma interface nítida entre a fase sólida em sedimentação e o sobrenadante. A região de compressão aparece em condições de % de sólidos ainda maiores. As estruturas formadas neste regime são rígidas o suficiente para suportar, mecanicamente, as camadas de sólidos superiores. Figura 5.2: Regimes de sedimentação (Valadão, 2009). 5.1 Tipos de espessadores Espessadores são equipamentos largamente utilizados na indústria mineral para adensar polpas (seja para posterior utilização na usina ou transporte), recuperar água para reciclo industrial e recuperar sólidos ou solução em operações de lixiviação (processos hidrometalúrgicos). Existem diversos tipos de espessadores usados na indústria mineral. Eles diferem entre si pela geometria e forma de alimentação. Eles são equipamentos de alto custo de implantação, de grande volume que geralmente estão localizados fora da usina. 20 Geralmente a alimentação dos espessadores está entre 5% a 10% de sólidos e são desaguadas até 65% a 75% de sólidos. Esses valores dependem da capacidade de adensamento do equipamento e das bombas para manusear o underflow, material adensado. As bombas de diafragma ou centrífugas são usadas pelo engenheiro para controlar a vazão de underflow, uma das variáveis mais importantes na prática industrial. O espessador convencional contínuo é constituído de um tanque cilíndrico-cônico de concreto armado ou aço, sendo seu diâmetro muito maior que a altura. A alimentação é realizada no centro do equipamento. As partículas se sedimentam e são retiradas no fundo constituindo uma polpa com % de sólido superior à da alimentação (underflow). O líquido sobrenadante (overflow) transborda na calha que circunda a borda superior do tanque. A figura 5.3 esquematiza o espessador convencional. Esses equipamentos são equipados com mecanismos de raspagem (sistema de pás ou rake) para conduzir o underflow até o ponto de saída. O movimento do rake ocorre no fundo do espessador. Ele atua na zona de compressão, sua agitação é lenta para promover melhor acomodação das partículas favorecendo a estabilização da suspensão e a eliminação de bolsas de água e bolhas de ar. O espessador convencional apresenta as zonas de sedimentação da mesma maneira que ocorre no teste de proveta, com a diferença de que o underflow e o overflow são descarregados continuamente. O movimento do rake pode ser “travado” por algum objeto estranho que tenha caído dentro do espessador, por depósitos localizados de partículas ou por operação com altas % de sólidos. Nesses casos o torquímetro, que mede o torque de rotação, indica que os braços devem ser levantados até que o torque atinja valores seguros, em seguida o rake, sem parar o movimento, é abaixado lentamente até retornar à posição inicial. O torque excessivo deve ser evitado, pois pode danificar o eixo de rotação. 21 Figura 5.3: Esquema operacional de um espessador contínuo convencional (França e Massarani, 2004). O espessador possui um passadiço para permitir acesso ao mecanismo central de acionamento do rake e ajudar no suporte da tubulação de alimentação e do dispositivo de elevação do rake. Existem dois modelos, o tipo ponte (figura 5.4) e o tipo coluna (figura 5.5). No espessador tipo ponte o passadiço ocupa todo o diâmetro do espessador é aplicável a espessadores com diâmetro maiores que 25 m. No tipo coluna o passadiço ocupa apenas o raio do equipamento, aplicável a espessadores com diâmetro de até 30 m. Quando o espessador é muito grande ou há inconvenientes na construção do túnel sob o equipamento (para abrigar bombas e tubulação) a configuração caisson é uma boa alternativa. Nesse caso constrói-se uma estrutura de concreto armado, circular ou quadrada, no centro do espessador começando no fundo e indo até a superfície. Na parte inferior desta construção são instaladas bombas de underflow e no seu topo os mecanismos do espessador (Chaves et al., 2004) Figura 5.4: Espessador convencional tipo ponte. 22 Figura 5.5: Espessador convencional tipo coluna. O espessador de alta capacidade ou High Rate (figura 5.6) tem configuração e funcionamento semelhante ao espessador convencional. Eles se diferem pelo modo de alimentação realizado através do sistema feedwell (figura 5.7). Esse sistema permite melhor contato entre a solução de floculante e a polpa através de movimento contra corrente o que proporciona melhor mistura dos dois, ou seja, maior eficiência na ação do floculante. Por isso, considerando um mesmo tamanho o espessador High Rate tem maior taxa se comparado ao convencional. Alguns modelos deste tipo de espessador possuem placas inclinadas no interior do tanque que também favorecem o aumento da capacidade. 23 Figura 5.6: Esquema do espessador High Rate (Wills, 1992). Figura 5.7: Esquema do Feedwell (Chaves et al., 2004). O espessador High Density é similar ao High Rate, porém possui a parte cilíndrica mais alta, o que favorece a produção de underflow com % de sólidos maiores. O espessador de lamelas (figuras 5.8 a 5.10) também é considerado como espessador de alta capacidade. Eles se caracterizam por várias placas inclinadas, dispostas em paralelo formando canais. A partícula sedimenta até encontrar a superfície de uma placa e, a partir deste momento passa a se deslocar sobre a superfície da placa. A altura de sedimentação é reduzida drasticamente e a área de sedimentação aumentada. Esses dois fatores resultam na principal vantagem desse equipamento, a 24 economia de espaço. Outra vantagem dessa configuração é o controle sobre o tempo de sedimentação que é proporcional à altura, ou seja, ao espaço entre as placas. A polpa pode ser introduzida diretamente no compartimento de alimentação ou em câmara de mistura e floculação (França e Massarani, 2004). Figura 5.8: Espessador de lamelas. Figura 5.9: Esquema operacional do espessador de lamelas (França e Massarani, 2004). Figura 5.10: Espessador de lamela de capacidade equivalente a um espessador convencional de 10 m. 25 França e Massarani (2004) discorrem sobre o modelo de alimentação submersa. Ele também é considerado um espessador de alta capacidade, sendo sua capacidade aumentada em até 10 vezes quando opera com suspensões floculadas e 30% quando opera com suspensões não floculadas. Nesse tipo de equipamento a alimentação é inserida dentro da região de compactação (na parte de baixo do espessador). Isso elimina a necessidade de sedimentaçãodas partículas e o líquido percola o leito ascencionalmente em direção à região de clarificação. Esse modelo de espessador é fabricado pela EIMCO. Entre as novas tecnologias desenvolvidas na área de separação sólido-líquido destaca-se o espessador de pasta. Dentro da parte cilíndrica do espessador de pasta existem alguns “cones” através dos quais o overflow atinge o ponto de saída, e de uma coluna central onde há recirculação de líquido (figura 5.11) (Valadão, 2009). Pasta pode ser definida como sistema coloidal que se apresenta como fluido homogêneo não apresentando drenagem significativa de água. As pastas podem ser bombeadas e utilizadas, de forma alternativa à barragem, como back fill (enchimento de aberturas de minas subterrâneas), misturadas a material estéril da mina para recomposição topográfica ou dispostas, ocupando menor volume, em áreas para disposição de estéril (Valadão, 2009). A desvantagem para esta opção é o bombeamento que deve ser realizado por bombas de deslocamento positivo, o que eleva muito o custo do projeto e sua entrega é demorada (caminho crítico do projeto). Figura 5.11: Espessador E-CAT (Valadão, 2009). 26 6 Filtragem Na indústria mineral a operação de filtragem, geralmente, ocorre depois do espessamento. Filtragem pode ser definida como a passagem de uma suspensão por um meio poroso de maneira que o líquido passa (filtrado) e os sólidos ficam retidos na superfície do meio poroso formando uma camada de material espessa denominada torta. A filtragem pode ocorrer pela ação da gravidade, vácuo, pressão externa, força centrífuga, vácuo e pressão em conjunto (hiperbárica). Existem vários tipos de filtro e cada um deles dispõe de um desses mecanismos para realizar a operação. Alguns modelos de filtros realizam filtragem por batelada, outros de modo contínuo (mais comum na indústria mineral). Para realizar a separação sólido líquido os filtros devem realizar as seguintes tarefas: suportar o meio poroso e a torta, transportar a torta do ponto de alimentação ao ponto de descarga, permitir a passagem do filtrado e conduzi-lo ao seu ponto de descarga, manter a pressão diferencial entre os dois lados do meio filtrante. Muitos modelos usados nas indústrias química e metalúrgica dispõem da função de lavagem da torta sobre o filtro. A lavagem da torta não é comum na indústria mineral, pois o alvo são os sólidos, diferentemente das operações onde o interesse está no filtrado que pode ser, por exemplo, um licor de metais lixiviados (Chaves et al., 2004). Os equipamentos utilizados na indústria mineral realizam o processo de filtragem em ciclos constituídos, de modo geral, por três etapas: 1) Formação da torta: consiste na acumulação do meio na superfície do meio filtrante 2) Secagem da torta: a água contida na torta é removida através do meio filtrante. 3) Descarga: a torta desaguada é descarregada. Estas etapas constituem o ciclo de filtragem. Quando ocorre lavagem da torta ela também configura parte do ciclo de filtragem. Quanto menor o tempo do ciclo maior a produção, em contrapeso, menor a espessura da torta e maior sua umidade final. 27 Geralmente a polpa a ser filtrada possui % de sólidos superior a 60% e gera produtos com até 90% de sólidos. Os principais equipamentos utilizados na indústria mineral são filtros de discos, filtro horizontal de correia, filtro plano ou de mesa, filtro prensa e filtro de tambor. A seguir será dada uma breve descrição dos mesmos destacando suas diferenças. O filtro de disco (figura 6.11) é amplamente utilizado para filtragem de pellet feed. Também são utilizados para filtragem de alumina e carvão fino. Devido ao seu custo inferior em relação a outros modelos e a alta área de filtragem em relação à área de instalação é a primeira opção quando se projeta uma instalação de filtragem. Ele é constituído por uma sequência de discos unidos entre si por um eixo central que funciona de apoio e como condutor de vácuo e ar comprimido para cada disco (figura 6.2). Os discos ficam parcialmente mergulhados em uma bacia que contém a polpa. Quanto maior a área de imersão, maior a eficiência do disco, por isso, geralmente, esses equipamentos trabalham com a bacia cheia ocorrendo rotineiramente transbordo da polpa que é recolhida e levada de volta à alimentação do filtro. Cada disco é composto por várias seções ou setores independentes, cobertos com a tela de filtragem, que se comunicam com as tubulações de vácuo e ar comprimido. Devido à sua configuração geométrica os filtros de discos possuem enorme área de filtragem por m2 de instalação. Figura 6.1: Filtro de disco BOKELA®. 28 Seção do disco instalada Pontos de instalação das seções de cada disco Região de descarga do sólido Região de movimentação do disco para entrar e sair da bacia de polpa Tubo central Figura 6.2: Filtro de disco. O funcionamento do filtro de disco ocorre através do giro vertical dos discos que proporciona sua imersão e emersão cíclica. A formação da torta ocorre nas seções imersas dentro da bacia pela aspiração da polpa (vácuo). A polpa é formada, nas duas faces do disco. O filtrado passa através da tela para dentro do setor, posteriormente segue através de tubos secundários para o tubo central e finalmente para o sistema de descarga do filtrado. Após a formação da torta o disco emerge da bacia e inicia-se a desaguamento da mesma, ainda pela ação do vácuo. Após secagem ocorre a liberação da torta, simplesmente pela interrupção do vácuo que causa o desprendimento da torta da superfície da tela de filtragem ou, em alguns casos, pela aplicação de sopro. A torta cai nas calhas e é conduzida para o sistema de descarga do sólido. A figura 6.3 ilustra o processo de secagem no disco de filtro. Os filtros de disco são aplicados para filtragem de material fino ou que se mantem homogêneo, sem sedimentar, como pouca necessidade de energia mecânica. Por isso, o entupimento da tela de filtragem é mais crítico do que em outros modelos. Além disso, o filtro de disco não dispõe de etapa para lavagem da tela. O entupimento reduz a área de trabalho do filtro. 29 Nível da polpa na bacia Figura 6.3: Etapas de desaguamento no filtro de disco (Valadão, 2010). No caso do minério de ferro, a presença de limonita e argilas é bastante prejudicial. Na prática dispõe-se de algumas possibilidades para minimizar o entupimento das telas, por exemplo: (i) “sopro submerso”, sopro a baixa pressão no início do ciclo de filtragem, quando o filtro está entrando na bacia de polpa; (ii) uso de telas finlandesas, de material flexível, que estufam no tempo de sopragem para liberação da torta, abrindo as malhas do tecido e liberando as partículas ali incrustadas (Chaves, 2004). Filtro de disco: http://www.youtube.com/watch?v=ta0vRzEHMJ4 O filtro horizontal de correia ou simplesmente filtro de correia (figura 6.4) é bastante utilizado no desaguamento sinter feed. O investimento de instalação é intermediário quando comparado a outros filtros, mas o custo operacional é elevado devido ao desgaste excessivo da tela. Esse filtro constitui-se de uma mesa coberta por um transportador de correia. A alimentação ocorre sobre uma das extremidades e na outra extremidade o material desaguado é descarregado. A tela de filtragem fica sobre a correia e o vácuo é aplicado abaixo da correia seccionando o filtrado. Esse modelo oferece opção de lavagem da torta por uma ou mais vezes. Como é aplicado a material heterogêneo (que se sedimenta rapidamente) ou grosseiro não apresenta como problema crítico a questão de entupimento da tela de filtragem, além disso permite a lavagem da tela quando ela passa por baixo da mesa, após o ponto de descarga do sólido e antes do ponto de alimentação.30 Esse modelo tem capacidade para processar maiores vazões quando comparado a outros modelos. Figura 6.4: Filtro de correia. Descarga do filtro horizontal de correia: http://www.youtube.com/watch?v=PPibxolIaCA. Filtro horizontal na indústria de cana de açúcar (objetivo no filtrado): http://www.youtube.com/watch?v=n1BuHHNmT50. O filtro plano ou de mesa (figura 6.5 e 6.6) é constituído de uma mesa circular, que gira horizontalmente, onde a tela de filtragem é apoiada. Essa mesa é dividida em setores, como o disco do filtro de disco. O vácuo e o sopro de ar são aplicados por baixo da mesa. A alimentação por gravidade ocorre sobe a mesa, através de um distribuidor, e à medida que ela gira completa-se o ciclo de filtragem. A descarga do sólido ocorre através do movimento de um parafuso sem fim que o direciona para uma correia transportadora. O filtrado passa pela tela e é descarregado por baixo do equipamento. Esse modelo não permite lavagem da tela de filtragem e é indicado para material mais grosseiro e para polpas que não necessitam de tempo de secagem muito grande. Alguns modelos, por exemplo, do fabricante Bokela, permite lavagem da torta. O custo de implantação do filtro de mesa é superior aos demais modelos, porém o custo operacional é baixo. 31 Figura 6.5: Filtro de mesa (Chaves et al., 2004). Figura 6.6: filtro de mesa. Entre os modelos de filtro à vácuo empregados na indústria mineral, o filtro de tambor (Figura 6.7 e 6.8) é o mais antigo. Sua aplicação é semelhante à do filtro de disco de disco, porém o filtro de tambor é maior e mais caro. Sua vantagem é versatilidade. Por ser um equipamento versátil, em termos de carregamento de polpa (por cima - Top Feed Filters ou por baixo - bacia de polpa), descarga da torta e lavagem da tela, encontra aplicação em diversos seguimentos, por exemplo, Engenharia Sanitária. É indicado para filtragem de polpas “problemáticas” e/ou polpas que necessitam de lavagem da tela de filtragem. 32 Figura 6.7: Filtro de tambor. Figura 6.8: Filtro de tambor. Sua configuração é composta por um cilindro rotativo sobre o qual é apoiada a tela de filtragem. Durante o ciclo de filtragem o cilindro mergulha em um tanque de polpa e forma a torta por sucção (de modo semelhante ao filtro de disco). Posteriormente, a seção na qual a torta se formou emerge da bacia de polpa e outra seção imerge para dar continuidade à formação da torta. Após o momento de emersão inicia-se a secagem da torta. Em seguida o ciclo de filtragem é finalizado com a descarga da torta por sopro e/ou raspagem. Esse modelo permite lavagem do tecido filtrante. Filtro de tambor: https://www.youtube.com/watch?v=dTq39WcOv8Y O uso do filtro prensa não é tão difundido a indústria mineral. A maior utilização é no processamento de caulins, no qual também se utilizam filtros de tambor. A unidade da Votorantim Metais em Vazante que produz concentrado de zinco, calamina e willemita, também utiliza filtro prensa na operação de filtragem (figura 6.9). 33 Figura 6.9: Filtro prensa da Unidade Vazante / Votorantim Metais. Durante a operação as placas são aproximadas e fixadas nesta posição. A polpa é bombeada para dentro do filtro até completar o enchimento. Uma bomba (de pistão) exerce a pressurização do sistema. A pressão obriga o filtrado a atravessar as telas do filtro e escorrer pelos espaços existentes entre as placas. Finalizado o tempo de secagem da torta interrompe-se a pressurização do sistema e as placas são descarregadas individualmente, com auxílio de uma espátula de madeira. Sobre um transportador de correia. Após término, tampa-se o transportador, lavam-se as placas, individualmente, e reinicia-se o ciclo. Filtro prensa: http://www.youtube.com/watch?v=FDHnW7LZcIM http://www.youtube.com/watch?v=7Uf8gkcLv2c O filtro de pensa da Laroux® (figura 6.10) traz algumas vantagens no controle operacional. Com as placas fechadas, bombeia-se a alimentação para os espaços entre elas até enchê-los completamente. Um pouco da água já será filtrada como resultado da pressão. Ainda com a placa pressurizada, um diafragma entre a placa superior e a tela é cheio com fluido hidráulico, comprimindo a torta. O filtrado é descarregado pela pressão aplicada, como no modelo tradicional de filtro prensa. O diafragma é recolhido e um fluxo de ar é soprado através da torta para desaguamento adicional. As placas são desunidas e a tela move para frente descarregando a torta. Metade das bandejas descarrega a torta para um lado e a outra metade para o outro lado do filtro. É possível realizar a lavagem da polpa para proporcionar maior recuperação do filtrado, quando ele é a substância de valor. 34 Figura 6.10: Filtro prensa Larox®. Filtro prensa: http://www.youtube.com/watch?v=OcCgUYezMeg 35 7 Secagem A secagem é a última etapa do conjunto de operações da fase denominada acabamento, que engloba as operações de separação sólido líquido. É comum para alguns bens minerais como cimento e bauxito. Geralmente, a secagem ocorre antes do embarque para transporte do produto de modo a diminuir sua umidade e, consequentemente, o preço de transporte. Pode-se definir secagem como um processo de transferência de massa que resulta na remoção de água ou umidade de um material ou um fluxo de processo. Aplicações de secagem industrial usam processos de transferência de calor condutivo e/ou convectivo para reduzir a quantidade de compostos voláteis, sendo a matriz uma substância não volátil, como do caso de minério (não volátil) e água (volátil). Secador térmico rotativo é o tipo de equipamento mais utilizado para secagem na indústria mineral. Ele consiste de um cilindro rotativo relativamente longo que gira com velocidade até 25 rpm. Um cilindro possui uma leve inclinação para que os sólidos possam se deslocar até a extremidade de descarga por gravidade. Gases quentes são injetados e entram em contato contracorrente com o fluxo de minério. O aquecimento pode ser direto, pela passagem do gás em contato com o minério, ou indireto, por aquecimento no exterior do cilindro onde o minério está passando. O primeiro caso é mais comum, sendo o segundo usado quando o minério não pode entrar em contato com os gases que geram o aquecimento do sistema. A passagem do gás pode ser em contracorrente em relação ao sentido de deslocamento minério ou paralela ao deslocamento, mais comum devido ao menor custo energético. A passagem contracorrente pode chegar gerar produtos totalmente secos e a passagem paralela pode gerar produtos com até 1% de umidade. 2% de umidade é o valor típico atingido na maioria das operações de secagem na indústria mineral. Polpas secas são estocadas em locais fechados para evitar reabsorção de umidade. A figura 7.1 mostra o esquema do secador rotativo com fluxo de gás quente paralelo ao fluxo de minério. 36 Figura 7.1: Esquema do secador rotativo com fluxo de gás quente paralelo ao fluxo de minério (Wills, 1992). Secador rotativo: https://www.youtube.com/watch?v=lO4YTcoyU5o De um modo geral, todos os secadores dispõem de uma fonte de energia, mecanismos para alimentar o sistema de secagem, mecanismo de transferência de calor, mecanismo para que a alimentação e o produto final fluam livremente no secador, dispositivo para separar o produto de vapor. A empresa GEA Barr-Rosin produz algumas opções de secadores: secadores flash, leito fluidizado e rotativo. O secador flash é um sistema pneumático usado principalmente para secar produtos que requerem a remoção da umidade livre. A secagem ocorre em questão de segundos. O material úmido é disperso em um fluxo de ar (ou gás) aquecido que o transmite através de um duto de secagem. Osleitos fluidizados podem secar e resfriar minerais com o mínimo de abrasão do produto. Sua elevada eficiência térmica em estado fluidizado resulta em tempos mais curtos de secagem e resfriamento. Capacidades superiores a 120 toneladas/ hora são alcançadas. Os secadores rotativos são usados para a secagem, resfriamento, granulagem, revestimento e condicionamento de minerais. Seu design flexível e construção robusta mais simples resultam em uma operação confiável sob as mais árduas condições de instalações químicas. Capacidades acima de 300 toneladas/hora não são incomuns. A GEA Barr-Rosin projetou e fabricou diversos sistemas rotativos para fertilizantes. 37 8 Bibliografia França, S. C. A.; Massarani, G. Separação Sólido-Líquido. In: LUZ, A. B.; SAMPAIO, J. A.; ALMEIDA, S. L. M. Tratamento de Minérios. 4ª edição revisada. Rio de Janeiro: CETEM-MCT, 2004. Cap. 14 , p.571-609. Chaves et al., 2004: Teoria e Prática no Tratamento de Minérios. Volume 2. Galery et al., 2007: capítulo 4: Separação por Tamanho. Introdução ao Tratamento de minérios. Valadão, G. E. S. Separação Sólido Líquido: Apostila de aula. Disciplina Separação Sólido Líquido. Programa de Pós Graduação em Engenharia Metalúrgica e de Minas. UFMG. 2010. <http://www.barr-rosin.com/pt/aplicacoes/mineracao_minerais_industriais.asp> acesso em 22/02/2013. <http://pt.weirminerals.com> acesso em 24/08/12.
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