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Dimensionamento de Fundação Profunda - Trabalho


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1. Introdução 
Fatores como a intensidade da carga e a profundidade da camada 
resistente do solo são essenciais para a escolha do tipo de fundação. É 
possível separar os tipos de fundações em dois grandes grupos: as fundações 
superficiais (ou rasas) e as profundas. 
As fundações superficiais são aquelas em que a carga da estrutura é 
transmitida diretamente para o solo através da fundação. A carga 
aproximadamente pontual que provém dos pilares é transformada em carga 
distribuída na base, que é apoiada com profundidade máxima de três metros. 
Esse tipo de fundação é caracterizado por blocos, sapatas, alicerces e radiers. 
As fundações profundas são aquelas que transferem a carga por efeito 
de atrito lateral do elemento com o solo e por meio de um fuste. Podem ser 
divididas entre estacas e tubulões e são executadas a mais de três metros de 
profundidade. Normalmente são utilizadas em projetos maiores (com cargas 
 Nesse 
trabalho, aprofundaremos nossos estudos sobre este tipo de fundação. 
Na primeira parte do trabalho, para um perfil geotécnico descrito pela 
sondagem SPT do bairro Santa Felícia, da cidade de São Carlos, avaliou-se o 
uso de sapatas para o edifício de três pavimentos. 
Na segunda parte, os tipos de fundações profundas que seriam 
adequados ou inadequados para uma casa térrea, uma casa de dois 
pavimentos, uma de quatro pavimentos e um edifício de quinze pavimentos 
foram determinados e justificados. Para os cálculos foi utilizada a Tabela 1, 
disponibilizada para o projeto. 
Tabela 1 Cargas Atuantes em Edificações Correntes 
3 
 
Já na terceira parte do trabalho, executou-se o pré-dimensionamento 
das fundações (em estacas) de um edifício de três pavimentos com as 
características dos pilares já definidas. 
Sobre as estacas, foram realizados os cálculos para estacas pré-
moldadas e moldadas no local. Dentre as pré-moldadas pode-se citar as de 
madeira, as metálicas, de concreto vibrado e de concreto centrifugado. Quanto 
às moldadas no local, pode-se citar as estacas broca, apiloada e rotativa, 
Strauss, Franki, hélice contínua, com diâmetro grande e fluido estabilizante, 
barrete e parede diafragma e raiz. 
 
2. Análise da Fundação Superficial 
2.1 Cálculo da Tensão Admissível 
Por meio da sondagem utilizada neste trabalho, aplicou-se o Método 
Urbano-Alonso para avaliação da possibilidade do uso de cada tipo de sapata 
neste solo. O cálculo das cargas admissíveis está apresentado na Tabela 2.
 
Tabela 2 Cálculo das Cargas Admissíveis pelo Método Urbano Alonso 
 
Ao comparar-se os valores de tensão admissível para cada tipo de 
sapata e o valor do pilar mais carregado, foi possível determinar quais 
edificações podem ser feitas com cada sapata. Os resultados obtidos nessa 
comparação estão apresentados na Tabela 3. 
 
4 
 
Tabela 3 Avaliação das Edificações para cada Sapata 
 
2.2 Cálculo do Recalque 
Com uso da sondagem SPT em anexo, foi possível verificar que existem 
duas camadas de solo no terreno, sendo a primeira um solo argiloso mole e a 
segunda uma argila rija. Entretanto, para efeitos de segurança, considerou-se 
que todo o solo da sondagem é argiloso mole. 
Ainda, mesmo que alguns tipos de edificação já tenham sido 
descartados devido aos valores de tensão admissível, o cálculo do recalque de 
todos os casos foi feito para efeitos comparativo e de conhecimento. 
O recalque que acontece em cada pilar pode ser obtido por meio da 
equação 
 
Nesta equação, representa o recalque imediato, que ocorre no ato de 
aplicação da carga, representa o recalque por adensamento, que resulta da 
dissipação do excesso de poropressão ao longo do tempo e representa o 
recalque secundário, que resulta da fluência dos solos. Devido ao seu uso 
comum apenas em solos orgânicos, o recalque secundário foi desconsiderado 
para essa situação. 
a) Recalque Imediato 
Segundo Janbu, o recalque imediato em solos argilosos é expresso pela 
equação , na qual 0 e 1 são coeficientes encontrados 
por meio de gráficos, q é a tensão na base da sapata, B é uma das dimensões 
5 
 
da base e E é o módulo de deformabilidade do solo, encontrado por meio do 
tipo do solo. 
Os coeficientes 0 e 1 tomam como base as relações entre as 
dimensões da sapata, cota de apoio e a distância entre a base da sapata e o 
final da camada. Com uso dos gráficos de Siemens & Menzies, essas 
correlações, que constam na Tabela 4, são plotadas nos gráficos e geram 
valores para 0 e 1. 
Tabela 4 Coeficientes 0 1 para cada Sapata 
 
Considerando as cargas dos pilares mais carregados para cada tipo de 
edificação cedidas na literatura, a tensão na base das sapatas foi calculada 
pelo quociente entre a carga do pilar e a área da sapata. 
Em se tratando de solos argilosos moles, o módulo de deformabilidade 
(E) varia de 5000 a 25000 kPa, de acordo com Bowles. Optou-se por usar E = 
5000 kPa a favor da segurança. 
Por fim, o recalque imediato para as sapatas em cada tipo de edificação 
foi calculado e estes valores estão apresentados na Tabela 5. 
 
Tabela 5 Cálculo de q, E e 
6 
 
b) Recalque por Adensamento 
Este tipo de recalque, que ocorre ao longo do tempo, pode ser calculado 
pela expressão 
 
Nessa expressão, Hi representa a espessura da camada do solo dentro 
do bulbo de tensões gerado pela sapata (o bulbo tem como comprimento o 
dobro da dimensão B da sapata), ei representa o índice de vazios inicial do 
solo, Cc é o índice de compressão e f e i são as tensões efetivas final e 
inicial, respectivamente. 
O índice de vazios do solo não foi fornecido e, assim como o índice de 
compressão, seu valor representaria melhor a realidade se fossem realizados 
ensaios que medissem esse índice físico. Considerando o pior caso para o 
solo, com saturação total (Sr = 100%), um peso específico dos sólidos s = 26 
kN/m³, e sat = 18 kN/m³ (correlação entre o NSPTmédio da camada na tabela de 
Bowles), relacionou-se índices físicos e chegou-se no valor ei = 1. 
Para o cálculo do índice de compressão, a equação Cc = 0,009.(LL 10) 
foi utilizada e adotou-se LL = 100. Com esses dados, Cc resultou em 0,81. 
O cálculo da tensão efetiva inicial foi feito por meio do produto entre o 
peso específico do solo e a cota da metade da altura do bulbo de tensões no 
solo. O peso específico dos solos foi correlacionado com o NSPT da camada 
até o final do bulbo de tensões na tabela de Bowles. Por exemplo, utilizando o 
caso 3 (sapata 1m x 1m na cota de apoio de 3m), o NSPT até o final do bulbo 
de tensões é igual a 2,4, que se correlaciona com um peso específico de 14 
kN/m³ na tabela. A metade do bulbo de tensões gerado pela sapata se 
encontra na cota de 4m, então a tensão efetiva inicial do solo calculada foi 56 
kPa. É importante ressaltar que no caso do solo trabalhado, a tensão efetiva 
possui o mesmo valor que a tensão total, pois a sondagem não alcançou o 
 
7 
 
 
Tabela 6 Parâmetros para Cálculo do Recalque por Adensamento 
 
O cálculo da tensão efetiva final é feito pela soma entre a tensão efetiva 
inicial e o acréscimo de tensão no solo. O acréscimo de tensão é calculado por 
meio da propagação de tensões provocada pela sapata na cota da metade do 
bulbo na camada de solo. Em expressão, esse acréscimo corresponde ao 
produto entre a área real da sapata e a tensão na base da sapata divido pela 
área da sapata fictícia, sendo seu resultado em kPa. 
Com esses dados, o recalque por adensamento foi calculado para cada 
caso e os valores obtidos estão apresentados na Tabela 7. 
 
Tabela 7 Cálculos do Acréscimo de Tensão, da Tensão Final e do Recalque por 
Adensamento 
 
c) Recalque Total 
Desconsiderando o recalque secundário, o recalque total para cada caso 
de sapata foi calculado por meio da soma entre o recalque imediato e o 
recalque por adensamento. Os valores finais estão apresentados na Tabela 8.
8 
 
 
Tabela 8 Recalque Total das Sapatas 
Como pode-se perceber,o pior caso é a construção de um edifício de 15 
pavimentos com sapatas 1m x 1m na cota de apoio 1m, que gera um recalque 
de aproximadamente 1,65m. O caso menos crítico é a construção de uma casa 
térrea com sapatas 3m x 3m na cota de apoio 3m, que gera um recalque de 
aproximadamente 8cm. 
Tendo em vista que comumente adota-se 6cm como o recalque máximo 
para solos argilosos, nenhum dos casos seria aceito na construção, porque 
todos podem comprometer a estrutura. 
 
3. Análise da Fundação Profunda 
3.1 Estacas pré-moldadas 
a) Estacas de Madeira 
- Capacidade de carga do elemento estrutural: 
Tabela 9 Comparação entre a Capacidade de Carga da Estaca de Madeira e as Cargas 
da Superestrutura 
9 
 
- Condições do subsolo: Este tipo de estaca deve ser utilizado apenas em 
quando afogada. 
- Características da vizinhança: Estacas de madeira não possuem grandes 
problemas com relação à vibração do solo e à emissão de ruídos. 
- Custo e disponibilidade: Em função da baixa disponibilidade de madeiras 
para estacas na cidade de São Carlos, o custo para implantação deste tipo de 
estaca é alto e isso inviabiliza sua execução. 
- Peculiaridades executivas da obra: O uso de estacas de madeira pode 
acarretar grandes excentricidades nas divisas. A maioria dos pilares da obra 
em questão se encontra nos limites do terreno e, por isso, este é um fator 
limitante para a execução dessa estaca. 
b) Estacas Metálicas 
- Capacidade de carga do elemento estrutural: 
 
Tabela 10 Comparação entre a Capacidade de Carga da Estaca Metálica e as Cargas 
da Superestrutura 
- Condições do subsolo: A presença de matacão não é um problema quando 
se trata de estacas metálicas, mas a presença de água deve ser evitada pela 
possibilidade de corrosão. 
- Características da vizinhança: A cravação de estacas metálicas provoca 
menos ruído e vibração do que estacas de madeira. Portanto, estes problemas 
não limitam o uso deste tipo de estaca. 
- Custo e disponibilidade: O custo de estacas metálicas é elevado e sua 
disponibilidade é alta para grandes construções. 
10 
 
- Peculiaridades executivas da obra: As estacas metálicas possuem facilidade 
de transporte e de realização de cortes e emendas. 
c) Estacas de Concreto Vibrado 
- Capacidade de carga do elemento estrutural: 
 
Tabela 11 Comparação entre a Capacidade de Carga da Estaca de Concreto Vibrado 
e as Cargas da Superestrutura 
- Condições do subsolo: Na estaca de concreto vibrado há problemas com 
matacões e linhas de seixos. Em contrapartida, não há problemas com nível 
 
- Características da vizinhança: Os problemas com a vizinhança podem 
ocorrer devido à vibração e ruído durante a execução das estacas. 
- Custo e disponibilidade: Esse tipo de estaca apresenta um custo médio e 
alta disponibilidade. 
- Peculiaridades executivas da obra: Sem grandes peculiaridades, esse tipo 
de estaca é indicado para obras médias e grandes. 
d) Estacas de Concreto Centrifugado 
- Capacidade de carga do elemento estrutural: 
 
Tabela 12 Comparação entre a Capacidade de Carga da Estaca de Concreto 
Centrifugado e as Cargas da Superestrutura 
Obra Mínimo Máximo Mínimo Máximo
Casa térrea 33 53 Ok, sobrando
Sobrado 67 107 Ok, sobrando
4 pavimentos 133 213 Ok, sobrando
15 pavimentos 500 800 Ok
Necessidade [kN]
Concreto Centrifugado
Capacidade do elemento Comparação
500 5000
11 
 
- Condições do subsolo: Na estaca de concreto vibrado tem-se problemas 
com matacões e linhas de seixos. Entretanto, não há problemas com nível 
 
- Características da vizinhança: Os problemas com a vizinhança podem 
ocorrer devido à vibração e ruído durante a execução das estacas. 
- Custo e disponibilidade: Esse tipo de estaca apresenta um custo alto e uma 
disponibilidade também alta. 
- Peculiaridades executivas da obra: Sem grandes peculiaridades, indicada 
para grandes obras. 
 
3.2 Estacas moldadas no local 
a) Estacas broca, apiloada, rotativa (trado helicoidal) 
- Capacidade de carga do elemento estrutural: 
Tabela 13 Comparação entre a Capacidade de Carga das Estacas Broca, Apiloada e 
Rotativa e as Cargas da Superestrutura 
- Condições do subsolo: Não podem ser utilizadas 
nem em subsolos que contenham matacões, linhas de seixos e em terrenos 
com possibilidade de desmoronamento do furo. 
- Características da vizinhança: Possivelmente apresentam problemas com 
ruídos. 
- Custo e disponibilidade: O custo é relativamente baixo e apresentam alta 
disponibilidade. 
- Peculiaridades executivas da obra: Nas estacas apiloadas e rotativas o 
comprimento das estacas é limitado pela capacidade de avanço do pilão e do 
trado helicoidal. 
12 
 
b) Estacas Strauss 
- Capacidade de carga do elemento estrutural: 
 
Tabela 14 Comparação entre a Capacidade de Carga da Estaca Strauss e as Cargas 
da Superestrutura 
- Condições do subsolo: A estaca apresenta problemas em solos com a 
presença de argila mole saturada e areia fofa. Apresenta também problemas 
em relação a solos com matacões e não recomenda-se executá-la abaixo do 
 
- Características da vizinhança: Apresenta problemas com ruídos. 
- Custo e disponibilidade: Apresenta baixo custo e alta disponibilidade. 
- Peculiaridades executivas da obra: É preciso evitar descontinuidade do 
fuste devido à possibilidade de entrada de solo no interior do tubo. 
c) Estacas Franki 
- Capacidade de carga do elemento estrutural: 
 
Tabela 15 Comparação entre a Capacidade de Carga da Estaca Franki e as Cargas da 
Superestrutura 
- Condições do subsolo: 
cravação é feita com ponta fechada (bucha), que isola o tubo de revestimento 
da água do subsolo. Não é recomendada no caso de terrenos argilosos. 
13 
 
- Características da vizinhança: Apresenta problemas de vibrações 
excessivas. 
- Custo e disponibilidade: Apresenta custo alto e média disponibilidade. 
- Peculiaridades executivas da obra: Utilizada em grandes obras. 
d) Estacas Hélice Contínua 
- Capacidade de carga do elemento estrutural: 
 
Tabela 16 Comparação entre a Capacidade de Carga da Estaca Hélice Contínua e as 
Cargas da Superestrutura 
- Condições do subsolo: , 
porém não pode ser utilizada em terrenos com matacões. 
- Características da vizinhança: Apresenta pequenas vibrações. 
- Custo e disponibilidade: Apresenta custo alto para mobilização de 
equipamentos e alta disponibilidade. 
- Peculiaridades executivas da obra: Os equipamentos são de médio a 
grande porte, o que favorece o uso dessa estaca em grandes obras. 
e) Estacas Escavadas com Grande Diâmetro e Fluido Estabilizante 
- Capacidade de carga do elemento estrutural: 
 
Tabela 17 Comparação entre a Capacidade de Carga da Estaca com Diâmetro Grande 
e as Cargas da Superestrutura 
Obra Mínimo Máximo Mínimo Máximo
Casa térrea 33 53 Ok, sobrando
Sobrado 67 107 Ok, sobrando
4 pavimentos 133 213 Ok, sobrando
15 pavimentos 500 800 Ok, sobrando
Necessidade [kN]
1000 30000
Capacidade do elemento Comparação
Estaca c/ 
14 
 
- Condições do subsolo: 
ser usada em solos com presença de argila mole saturada, areia fofa saturada 
e matacões. 
- Características da vizinhança: Apresenta vibrações minimizadas. 
- Custo e disponibilidade: Custo alto e baixa disponibilidade. 
- Peculiaridades executivas da obra: Execução rápida, atinge grandes 
profundidades e é indicada para grandes obras. 
f) Estacas Barretes e Parede Diafragma 
- Capacidade de carga do elemento estrutural: 
Tabela 18 Comparação entre a Capacidade de Carga da Estaca Barrete e Parede 
Diafragma e as Cargas da Superestrutura 
- Condições do subsolo: Esse tipo de estaca alcança grandes profundidades 
 solos com matacões. 
- Características da vizinhança: Apresenta pequenas vibrações durante a 
execução. 
- Custo e disponibilidade: Custo alto e baixa disponibilidade. 
- Peculiaridades executivas da obra: Esse tipo de estaca absorve cargas 
verticais, empuxos horizontais e momentos fletores, tem facilidade em adaptar-
se à geometriado projeto e é utilizada em grandes obras. 
g) Estacas Raiz 
- Capacidade de carga do elemento estrutural: 
15 
 
 
Tabela 19 Comparação entre a Capacidade de Carga da Estaca Raiz e as Cargas da 
Superestrutura 
- Condições do subsolo: Atravessa terrenos de qualquer natureza e pode ser 
 
- Características da vizinhança: É indicada para obras com áreas vizinhas 
sensíveis a vibrações. 
- Custo e disponibilidade: Custo elevado e alta disponibilidade para grandes 
obras. 
- Peculiaridades executivas da obra: Essa estaca é executada em qualquer 
direção e é indicada nos casos de reforço de fundações e obras de contenção 
de taludes. 
 
3.3 Conclusões 
O solo no qual a sondagem foi realizada não possui matacão e a 
subsolo não são limitantes para a execução de qualquer tipo de estaca. 
O relatório de SPT cedido não possui a localização exata da sondagem, 
apresentando apenas o bairro no qual ela foi feita. De acordo com pesquisas 
realizadas sobre o tipo de edificação que predomina no bairro, a maioria é do 
tipo residencial térrea. Portanto, os problemas de ruído e vibração não limitam 
o uso das estacas. 
Visando um custo acessível e levando em consideração que o projeto 
está sendo realizado em São Carlos, excluiu-se a possibilidade de uso das 
estacas de madeira, metálicas, de concreto centrifugado, Franki, hélice 
contínua, escavadas com grande diâmetro e fluido estabilizante, barrete e 
parede diafragma e raiz. 
16 
 
Considerando que a obra é de médio porte e observando as 
peculiaridades executivas de cada uma das estacas restantes, descartou-se a 
possibilidade de uso das estacas de madeira, de concreto centrifugado, Franki, 
hélice contínua, escavadas com grande diâmetro e fluido estabilizante e raiz.
Por fim, a partir dos valores de capacidade de carga das estacas e tendo 
em vista que a construção deve ter 3 pavimentos com vão máximo de 3 
metros, excluiu-se as estacas broca, apiloada e rotativa (trado helicoidal). 
Analisando as características excludentes das estacas, concluiu-se que 
as estacas de concreto vibrado ou Strauss podem ser utilizadas. Dentre as 
duas, escolheu-se a estaca de concreto vibrado devido ao baixo custo quando 
comparada à estaca Strauss. 
4. Dimensionamento da Fundação Profunda 
Após a escolha do tipo de estaca, adotou-se um diâmetro inicial para os 
cálculos da carga de trabalho necessária para cada estaca. Tais cálculos foram 
realizados por meio dos métodos de Aoki-Veloso e Decourt-Quaresma. 
O diâmetro inicial adotado foi de , que tornou possível o 
cálculo da área e do perímetro da estaca: 
 
 
 
4.1 Método Aoki-Velloso 
Para o cálculo da carga de ponta, foi necessário obter os valores do 
coeficiente k (tabelado de acordo com o tipo de solo), de F1 (de acordo com o 
tipo de estaca utilizada) e do NSPT da cota de apoio da estaca. Os valores 
resultantes estão apresentados a seguir. 
 
 
 
17 
 
 
Para o cálculo da carga lateral de cada camada, foi necessário obter os 
valores dos coeficientes k e (tabelados de acordo com o tipo de solo), de F2 
(de acordo com o tipo de estaca utilizada), do NSPT médio da camada, além de 
sua espessura. 
Para a primeira camada: 
 
 
 
 
 
Para a segunda camada: 
 
 
 
 
Sendo a carga lateral total igual à soma das cargas laterais de cada 
camada, 
 
A carga de ruptura foi calculada somando-se as cargas de ponta e a 
carga lateral total: 
 
A carga de trabalho necessária foi obtida a partir das seguintes 
considerações: 
18 
 
 
Com o peso da estaca, também foi possível obter a carga de trabalho da 
estaca de tração: 
 
 
 
 
4.2 Método Decourt-Quaresma 
Para o cálculo da carga de ponta, foi necessário obter os valores do 
coeficiente k (tabelado de acordo com o tipo de solo) e do NSPT médio da cota 
de apoio da estaca. Os valores resultantes estão apresentados a seguir. 
 
 
 
Para o cálculo da carga lateral, foi necessário obter os valores do NSPT 
médio do fuste, além do comprimento da estaca. 
 
 
 
 
A carga de ruptura foi calculada somando-se as cargas de ponta e a 
carga lateral: 
 
A carga de trabalho necessária foi obtida a partir das seguintes 
considerações: 
19 
 
 
Com o peso da estaca, também foi possível obter a carga de trabalho da 
estaca de tração: 
 
 
 
 
4.3 Carga de Trabalho 
A carga de trabalho adotada foi obtida através da média aritmética entre 
o método de Aoki-Velloso e de Decourt-Quaresma, sendo igual a 
. Assim, com este valor, foi possível calcular a quantidade de estacas 
necessárias por bloco para aguentar o peso de cada um dos pilares. 
Entretanto, os pilares centrais (que são os mais carregados da obra) 
apresentaram uma quantidade muito grande de estacas por bloco, sendo 
necessário aumentar o diâmetro adotado nesses casos. Adotou-se um 
diâmetro de e foram realizados os cálculos da carga de trabalho 
através dos dois métodos já mencionados, resultando em . 
Os diâmetros adotados para as estacas de cada um dos pilares estão 
apresentados na Tabela 20. 
 
 
20 
 
 
Tabela 20 Diâmetros Adotados para as Estacas 
 
4.4 Dimensionamento dos Blocos 
Com os valores das cargas de trabalho adotados, calculou-se a 
quantidade de estacas por bloco, o que possibilitou dimensionar cada um dos 
21 
 
blocos das sapatas. Foram adotadas as medidas de cm entre os eixos 
das estacas e uma distância mínima de 15 cm entre o centro da estaca externa 
até a face do bloco, sendo que o tamanho mínimo do bloco, por norma, é de 60 
cm x 60 cm. 
A maior parte dos pilares de divisa apresenta vigas de travamento, 
sendo que em alguns deles foram utilizadas estacas de tração. Nestes casos, 
calculou-se o alívio causado no bloco, da mesma forma já calculada no 
Trabalho Prático 2. 
Após a definição de todos os blocos de estacas, verificou-se as 
excentricidades obtidas, calculou-se as reações e, com isso, foi possível 
analisar a quantidade real de estacas por bloco em cada um dos pilares. A 
Tabela 21 apresenta essa quantidade. 
 
Pilar Tipo Carga N estacas verificado
1 Divisa 51,36 1
2 Divisa 47,00 1
3 Divisa 126,00 2
4 Divisa 47,00 1
5 Divisa 48,00 1
6 Divisa 114,00 2
7 Divisa 48,00 1
8 Divisa 61,00 1
9 Divisa 47,00 1
10 Divisa 123,00 2
11 Divisa 48,00 1
12 Divisa 47,00 1
13 Divisa 119,00 2
14 Divisa 49,00 1
15 Divisa 48,00 1
16 Divisa 224,18 3
17 Divisa 171,00 3
18 Central 1103,00 5
19 Central 995,00 4
20 Central 1003,00 4
21 Central 848,00 4
22 Divisa 266,00 4
23 Divisa 189,00 3
24 Divisa 183,00 3
25 Divisa 154,00 2
22 
 
Tabela 21 Quantidade de Estacas por Bloco 
 
Com todos esses dados, realizou-se o desenho de cada um dos blocos.
5. Conclusão 
Após a escolha da sondagem que seria utilizada (foi escolhida a de um 
Primeiramente, considerou-se o uso de sapatas com dimensões 1m x 
1m, 2m x 2m e 3m x 3m nas cotas de apoio 1m, 2m e 3m. Cada um dos casos 
foi avaliado com relação ao possível recalque que seu uso geraria no solo. O 
caso em que houve menor recalque teve um valor de aproximadamente 8cm, 
que é maior que o limite para solos argilosos (6cm). Sendo assim, o uso de 
qualquer sapata como fundação para a edificação no solo estudado foi 
descartado. 
Em seguida, após o descarte da possibilidade de uso de sapatas, deu-se 
início à análise dos tipos de estaca que poderiam ser utilizadas, sendo que a 
fundação deveria aguentar o carregamento de um edifício de 3 pavimentos. 
23 
 
Além disso, fatores como disponibilidade, custo, especificidades da execução, 
características da vizinhança, foram também decisivos. Dessa forma, foi 
escolhida a estaca de concreto vibrado cravada para o projeto. 
Após a escolha da estaca, começou-se o pré-dimensionamento. Foram 
utilizados os métodos semi-empíricos Aoki-Velloso e Decourt-Quaresma para o 
cálculo das capacidades de carga. A capacidade de carga de ponta e 
capacidade de carga lateral foram calculadas, que somadas resultam na 
capacidade de carga total. Essa capacidade decarga foi utilizada para o 
cálculo da quantidade de estacas para cada um dos pilares, de acordo com o 
tipo de estaca utilizado. Além da capacidade de carga total, utilizou-se os 
valores de cargas provenientes dos pilares e as características do solo do local 
para o cálculo da quantidade de estacas. É importante salientar que foi levada 
em conta a questão do edifício estar encostado em 3 divisas. 
O pré-dimensionamento foi iniciado pelos blocos de divisa, depois os 
blocos que recebem viga alavanca e, por fim, os demais blocos. 
Após a realização dos cálculos, os desenhos referentes à quantidade e 
localização das estacas e blocos de concreto no terreno de execução foram 
feitos, ilustrando o resultado de todo o dimensionamento do trabalho. 
Assim, conclui-se que utilizando as técnicas, ferramentas e raciocínios 
apresentados no curso, foi possível fazer uma boa escolha do tipo de 
fundação, bem como um bom pré-dimensionamento do projeto.