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2 1. Introdução As fundações superficiais são elementos de fundação em que a carga é transmitida ao terreno, predominantemente pelas pressões distribuídas no solo pela base do elemento. São projetadas para serem embutidas a pequenas profundidades do solo, sendo que a resistência de atrito do solo é descartada no cálculo dessas estruturas. Este trabalho consiste no pré-dimensionamento das sapatas de um edifício de 3 pavimentos, sendo que já foram estabelecidos o posicionamento, dimensões e valores das cargas (permanentes) em cada pilar, como mostra a Figura 1. Figura 1 Locação e dimensões dos pilares O edifício está encostado em 3 divisas e será construído no terreno do solo de Sorocaba, cuja sondagem SPT já foi analisada no Trabalho Prático 1. Os valores das cargas em cada pilar estão apresentados na Tabela 1. 3 Tabela 1 Cargas nos pilares 2. Dimensionamento da Fundação Superficial 2.1 Cálculo da Tensão Admissível A partir da Tabela 1, verifica-se que o pilar mais carregado no projeto é o pilar n°18 com carga igual a 1103KN. Os resultados dos cálculos de carga admissível realizados no Trabalho Prático 1, pelo Método Urbano Alonso, estão apresentados na Tabela 2. 4 Tabela 2 Cálculo das cargas admissíveis pelo Método Urbano Alonso Observa-se que, para a sapata 2x2m na cota 1m, tem-se uma tensão admissível de 285kPa, o que já seria suficiente para suportar o edifício de 3 pavimentos. Porém, a NBR 6122 recomenda que, no caso da edificação possuir sapatas de divisa, a cota mínima de apoio das sapatas deve ser 1,5m. Dessa forma, definiu-se a cota de apoio como sendo 2m e, por consequência, a tensão admissível ou taxa de trabalho para o projeto sendo de 384kPa. 2.2 Dimensionamento dos Elementos O dimensionamento dos elementos estruturais se iniciou pelos pilares de divisa, para calcular os respectivos alívios nos pilares de centro procedendo assim o cálculo destes. A excentricidade dos pilares de divisa foi solucionada por vigas alavancas, blocos de contrapeso ou vigas alavancas ligadas as vigas baldrames. a) Sapatas isoladas Nestas situações não existem fatores que limitam o tamanho e o formato da sapata, sendo a mesma colocada centralizada com o pilar, evitando assim o aparecimento de excentricidades. Como exemplo de cálculo, serão demonstrados os procedimentos aplicados ao pilar n°28, submetido a uma carga de 971kN. A área da base da sapata pode ser calculada por: 5 Como a sapata será homotética, aplicou-se o método dos balanços iguais para determinar as dimensões da sapata. Temos então o seguinte sistema de equações: Resolvendo o sistema acima, tem-se a=1,9m e b=1,5m. b) Vigas alavancas ligadas a vigas baldrames Como exemplo de cálculo, serão demonstrados os procedimentos aplicados ao pilar n°2, submetido a uma carga de 47kN. A área da base da sapata pode ser calculada por: A multiplicação da carga pelo primeiro valor de 1,1 refere-se ao peso do elemento estrutural enquanto a segunda multiplicação por 1,1 é adotada como ponto de partida da influência causada pela excentricidade. Nos casos de pilares com excentricidade, a relação entre as dimensões da base (b) e largura (a) da sapata deve se encontrar na faixa: Neste trabalho, foi adotado o seguinte valor: Temos então o seguinte sistema de equações: Resolvendo o sistema acima, obtemos b=0,272m. Segundo a NBR 6122, a dimensão mínima da sapata deve ser de 0,60m. Portanto, adotou-se b=0,60m. A excentricidade é definida por: 6 A partir das informações obtidas, foi possível desenhar o esquema estático abaixo: Figura 2 Esquema estático de viga alavanca ligada a uma viga baldrame Solucionando o esquema estático e substituindo os resultados nas equações de equilíbrio básicas, encontrou-se o valor da reação da sapata igual a R =48,942kN. O valor da reação da sapata é aceito quando a diferença entre este e o valor adotado inicialmente para a carga do pilar já com a excentricidade for menor ou igual a 10%. Neste caso, os valores respeitaram esta restrição, possibilitando a definição das demais dimensões da sapata Segue então que: Como a dimensão mínima da sapata é de 0,60m, adotou-se a=0,60m. Logo, a sapata do pilar n°2 terá dimensões 0,60m x 0,60m. c) Sapatas de divisa dupla (canto) Como exemplo de cálculo, será usado o conjunto que envolve os pilares P1, P8 e P16 e um bloco, de acordo com as ilustrações abaixo. 7 Figura 3 Pilar de canto Figura 4 Esquema estático do perfil no eixo x estudado Figura 5 Esquema estático do perfil no eixo y estudado Excentricidade no eixo X 8 A partir do pilar P1, adotando , obtemos a área da sapata, de modo que: Assim como no caso de viga alavanca ligada a viga baldrame, tem-se o seguinte sistema de equações: Resolvendo o sistema, obteve-se b=0,310m, sendo adotado b=0,60m. Com uso desse valor, foi possível calcular um valor estimado para a excentricidade: Com este valor de excentricidade, foi possível calcular, a partir das equações de equilíbrio, um novo valor para a reação da sapata igual a =66,27kN. -se um erro de 1,25%, que é dentro do estabelecido. Neste caso, os valores respeitaram esta restrição, possibilitando a definição das demais dimensões da sapata: Segue então que: Como a dimensão mínima da sapata é de 0,60m, adotou-se a=0,60m. Excentricidade no eixo Y A partir do pilar P1, adotando , obtemos a área da sapata, de modo que: 9 Assim como no caso de viga alavanca ligada a viga baldrame, tem-se o seguinte sistema de equações: Resolvendo o sistema, obteve-se b=0,310m, sendo adotado b=0,60m. Com uso desse valor, foi possível calcular um valor estimado para a excentricidade: Com este valor de excentricidade, foi possível calcular, a partir das equações de equilíbrio, um novo valor para a reação da sapata igual a =62,65kN. -se um erro de 7,20%, que é dentro do estabelecido. Neste caso, os valores respeitaram esta restrição, possibilitando a definição das demais dimensões da sapata: Segue então que: Como a dimensão mínima da sapata é de 0,60m, adotou-se a=0,60m. Compatibilização dos casos Considerando os valores encontrados de R8 , as diferenças entre R8 e P8 foram 5,27kN e 1,65kN nos eixos x e y, respectivamente. Estes valores representam o acréscimo de carga no pilar P8 devido às excentricidades nas duas direções. Somando-se esses valores com a carga de P8, obteve-se R8 =67,92kN, que foi utilizado para dimensionar a sapata. Com este valor, encontrou-se: Segue então que: 10 Resolvendo o sistema, obteve-se b=0,312m, sendo adotado b=0,60m. Dessa forma, obtem-se a=0,60m para a área mínima de A=0,36m². Com novos valores para as dimensões da sapata, calculou-se a excentricidade em cada um dos eixos e a partir dela, com uso do equilíbrio de momentos, obteve-se o alívio no pilar de apoio. Para o eixo x, a excentricidade calculada foi de e=0,175m com alívio1 de 5,27kN, enquanto no eixo y a excentricidade foi de e=0,075m com alívio16 de 1,65kN. d) Vigas alavancas ligadas a bloco de concreto Como exemplo de cálculo, será usado o conjunto que envolve os pilares P1, P8 e P16 e um bloco. Esse item dá continuidade ao item b. Para o dimensionamento das sapatas dos pilares P1 e P16, foram adotados respectivamente e . As dimensões e as excentricidades das sapatas P1 e P16 foram encontradas pelo mesmo método já utilizado, sendo elas e para a sapata P1 e , e para a sapata P16. A partir desses valores de excentricidade, foram calculadas as reações R1=54,60kN e R16=243,55kN, que possuem um erro relativo menor que 10%. Com isso, foi possível calcular as forças F1 e F16, correspondentes ao peso do bloco de concreto, necessárias para o equilíbrio dos esquemas estáticos abaixo: 11 Figura 6 Esquema estático do perfil noeixo y estudado Figura 7 Esquema estático do perfil no eixo x estudado Obteve-se então F1=3,24kN e F16=19,37kN. Logo, o peso do bloco deve ser . Considerando o peso específico do concreto igual a 24kN/m³, deve-se ter um bloco de volume . Supondo um bloco cúbico, as dimensões devem ser de 0,98m. Arredondando as dimensões para 1,0m, obtem-se um bloco de 1,0m³.
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