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MANUAL DO CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE HISTÓRIA 1º Ano Disciplina: EPISTEMOLOGIA DA HISTÓRIA Código: Total Horas/1o Semestre: Créditos (SNATCA): Número de Temas: INSTITUTO SUPER INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - ISCED ISCED CURSO: ENSINO DE HISTÓRIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: EPISTEMOLOGIA DA HISTÓRIA i Direitos de autor (copyright) Este manual é propriedade do Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED), e contém reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução parcial ou total deste manual, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (electrónicos, mecânico, gravação, fotocópia ou outros), sem permissão expressa de entidade editora (Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED). A não observância do acima estipulado o infractor é passível a aplicação de processos judiciais em vigor no País. Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED) Direcção Académica Rua Dr. Almeida Lacerda, No 212 Ponta - Gêa Beira - Moçambique Telefone: +258 23 323501 Cel: +258 82 3055839 Fax: 23323501 E-mail: isced@isced.ac.mz Website: www.isced.ac.mz ISCED CURSO: ENSINO DE HISTÓRIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: EPISTEMOLOGIA DA HISTÓRIA ii Agradecimentos O Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED) e o autor do presente manual agradecem a colaboração dos seguintes indivíduos e instituições na elaboração deste manual: Pela Coordenação Pelo design Direção Académica do ISCED Direção de Qualidade e Avaliação do ISCED Financiamento e Logística Pela Revisão Instituto Africano de Promoção da Educação a Distancia (IAPED) Elaborado Por: Luís Manuel Meno Licenciado em História Mestre em Ciência Política, Governação e Relações Internacionais ISCED CURSO: ENSINO DE HISTÓRIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: EPISTEMOLOGIA DA HISTÓRIA iii Visão geral 1 Benvindo à Disciplina/Epistemologia da História ............................................................ 1 Objectivos do Módulo ...................................................................................................... 1 Quem deveria estudar este módulo ................................................................................... 1 Como está estruturado este módulo .................................................................................. 2 Ícones de actividade .......................................................................................................... 4 Habilidades de estudo ....................................................................................................... 4 Precisa de apoio? .............................................................................................................. 6 Tarefas (avaliação e auto-avaliação) ................................................................................. 7 Avaliação .......................................................................................................................... 8 TEMA – I: História como forma de Conhecimento. 11 UNIDADE Temática 1.1. Introdução ............................................................................. 11 Introdução ....................................................................................................................... 11 1. UNIDADE Temática 1.2. O conhecimento ........................................................... 12 UNIDADE Temática 2.3. DOGMATISMO E CEPTICISMO E CONHECIMENTO .. 12 UNIDADE Temática 1.4. História como Forma e Conhecimento: Elementos da cientificidade da História ................................................................................................ 13 Sumário ........................................................................................................................... 33 Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO .............................................................................. 34 TEMA – II: O Tempo na História 34 UNIDADE Temática 2.1. A HISTÓRIA E O TEMPO .................................................. 34 Introdução ....................................................................................................................... 34 UNIDADE TEMÁTICA 2.2. O TEMPO NA HISTÓRIA ............................................. 35 UNIDADE Temática 2.3. CONTAGEM DO TEMPO EM HISTÓRIA ........................ 37 UNIDADE Temática 2.4.Convençoes para contagem do tempo em História ................ 38 Sumário ........................................................................................................................... 39 Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO .............................................................................. 40 TEMA – III: A teoria da construção do conhecimento em História: Método de Investigação em História 41 UNIDADE Temática 3.1. Método de Investigação em História .................................... 41 Introdução ....................................................................................................................... 41 UNIDADE Temática 3.2. Crítica em História ................................................................ 42 UNIDADE Temática 3.3. Método Comparativo ............................................................ 49 UNIDADE Temática 3.4.A INTERDISCIPLINARIDADE .......................................... 49 SUMÁRIO ...................................................................................................................... 52 Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO .............................................................................. 52 TEMA – IV: FONTES DA HISTORIA 53 UNIDADE Temática 4.1. As Fontes em História e a sua dimensão .............................. 53 Introdução ....................................................................................................................... 53 UNIDADE Temática 4.2. As fontes e os diversos ambientes de conservação e Preservação ..................................................................................................................... 54 ISCED CURSO: ENSINO DE HISTÓRIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: EPISTEMOLOGIA DA HISTÓRIA iv SUMÁRIO ...................................................................................................................... 57 Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO .............................................................................. 57 TEMA – V: SINTESE EM HISTORIA 58 UNIDADE Temática.5.1. Dimensão da síntese em História .......................................... 58 UNIDADE Temática.5.2. Princípios da síntese em História .......................................... 58 UNIDADE Temática.5.3. Teoria da História ................................................................. 59 SUMÁRIO ...................................................................................................................... 60 Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO .............................................................................. 65 ISCED CURSO: ENSINO DE HISTÓRIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: EPISTEMOLOGIA DA HISTÓRIA 1 Visão geral Benvindo à Disciplina/Epistemologia da História Objectivos do Módulo Ao terminar o estudo deste módulo de Epistemologia da História deverá ser capaz de: Compreender a ciência histórica e o seu objecto de estudo; Desenvolver uma postura investigativa no tratamento do conhecimento histórico; . ObjectivosEspecíficos Explicar a cientificidade do conhecimento histórico; Estabelecer a relação entre a História e outras Ciências; Adquirir técnicas, habilidades e competências no tratamento das fontes históricas; Quem deveria estudar este módulo Este Módulo foi concebido para estudantes do 1º ano do curso de licenciatura em História ou Licenciatura em Ensino da História. Poderá ocorrer, contudo, que haja leitores que queiram se actualizar e consolidar seus conhecimentos nessa disciplina, esses serão bem vindos, não sendo necessário para tal se inscrever. Mas poderão adquirir o manual. ISCED CURSO: ENSINO DE HISTÓRIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: EPISTEMOLOGIA DA HISTÓRIA 2 Como está estruturado este módulo Este módulo de Epistemologia da História, para estudantes do 1º ano do curso de licenciatura em Ensino de História, à semelhança dos restantes do ISCED, está estruturado como se segue: Páginas introdutórias Um índice completo. Uma visão geral detalhada dos conteúdos do módulo, resumindo os aspectos-chave que você precisa conhecer para melhor estudar. Recomendamos vivamente que leia esta secção com atenção antes de começar o seu estudo, como componente de habilidades de estudos. Conteúdo desta Disciplina / módulo Este módulo está estruturado em Temas. Cada tema, por sua vez comporta certo número de unidades temáticas ou simplesmente unidades,. Cada unidade temática se caracteriza por conter uma introdução, objectivos, conteúdos. No final de cada unidade temática ou do próprio tema, são incorporados antes o sumário, exercícios de auto-avaliação, só depois é que aparecem os exercícios de avaliação. Os exercícios de avaliação serão em forma de ensaios e ou questões. ISCED CURSO: ENSINO DE HISTÓRIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: EPISTEMOLOGIA DA HISTÓRIA 3 Outros recursos A equipa dos académicoa e pedagogos do ISCED, pensando em si, num cantinho, recóndito deste nosso vasto Moçambique e cheio de dúvidas e limitações no seu processo de aprendizagem, apresenta uma lista de recursos didácticos adicionais ao seu módulo para você explorar. Para tal o ISCED disponibiliza na biblioteca do seu centro de recursos mais material de estudos relacionado com o seu curso como: Livros e/ou módulos, CD, CD-ROOM, DVD. Para elém deste material físico ou electrónico disponível na biblioteca, pode ter acesso a Plataforma digital moodle para alargar mais ainda as possibilidades dos seus estudos. Auto-avaliação e Tarefas de avaliação Tarefas de auto-avaliação para este módulo encontram-se no final de cada unidade temática e de cada tema. As tarefas dos exercícios de auto-avaliação apresentam duas características: primeiro apresentam exercícios resolvidos com detalhes. Segundo, exercícios que mostram apenas respostas. Tarefas de avaliação devem ser semelhantes às de auto-avaliação mas sem mostrar os passos e devem obedecer o grau crescente de dificuldades do processo de aprendizagem, umas a seguir a outras. Parte das tarefas de avaliação será objecto dos trabalhos de campo a serem entregues aos tutores/docentes para efeitos de correcção e subsequentemente nota. Também constará do exame do fim do módulo. Pelo que, caro estudante, fazer todos os exercícios de avaliação é uma grande vantagem. ISCED CURSO: ENSINO DE HISTÓRIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: EPISTEMOLOGIA DA HISTÓRIA 4 Comentários e sugestões Use este espaço para dar sugestões valiosas, sobre determinados aspectos, quer de natureza científica, quer de natureza diadáctico- Pedagógica, etc, sobre como deveriam ser ou estar apresentadas. Pode ser que graças as suas observações que, em goso de confiança, classificamo-las de úteis, o próximo módulo venha a ser melhorado. Ícones de actividade Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens das folhas. Estes icones servem para identificar diferentes partes do processo de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica de texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc. Habilidades de estudo O principal objectivo deste campo é o de ensinar aprender a aprender. Aprender aprende-se. Durante a formação e desenvolvimento de competências, para facilitar a aprendizagem e alcançar melhores resultados, implicará empenho, dedicação e disciplina no estudo. Isto é, os bons resultados apenas se conseguem com estratégias eficientes e eficazes. Por isso é importante saber como, onde e quando estudar. Apresentamos algumas sugestões com as quais esperamos que caro estudante possa rentabilizar o tempo dedicado aos estudos, procedendo como se segue: 1º Praticar a leitura. Aprender a Distância exige alto domínio de leitura. 2º Fazer leitura diagonal aos conteúdos (leitura corrida). ISCED CURSO: ENSINO DE HISTÓRIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: EPISTEMOLOGIA DA HISTÓRIA 5 3º Voltar a fazer leitura, desta vez para a compreensão e assimilação crítica dos conteúdos (ESTUDAR). 4º Fazer seminário (debate em grupos), para comprovar se a sua aprendizagem confere ou não com a dos colegas e com o padrão. 5º Fazer TC (Trabalho de Campo), algumas actividades práticas ou as de estudo de caso se existirem. IMPORTANTE: Em observância ao triângulo modo-espaço-tempo, respectivamente como, onde e quando...estudar, como foi referido no início deste item, antes de organizar os seus momentos de estudo reflicta sobre o ambiente de estudo que seria ideal para si: Estudo melhor em casa/biblioteca/café/outro lugar? Estudo melhor à noite/de manhã/de tarde/fins de semana/ao longo da semana? Estudo melhor com música/num sítio sossegado/num sítio barulhento!? Preciso de intervalo em cada 30 minutos, em cada hora, etc. É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido estudado durante um determinado período de tempo; Deve estudar cada ponto da matéria em profundidade e passar só ao seguinte quando achar que já domina bem o anterior. Privilegia-se saber bem (com profundidade) o pouco que puder ler e estudar, que saber tudo superficialmente! Mas a melhor opção é juntar o útil ao agradável: Saber com profundidade todos conteúdos de cada tema, no módulo. Dica importante: não recomendamos estudar seguidamente por tempo superior a uma hora. Estudar por tempo de uma hora intercalado por 10 (dez) a 15 (quinze) minutos de descanso (chama- se descanso à mudança de actividades). Ou seja que durante o intervalo não se continuar a tratar dos mesmos assuntos das actividades obrigatórias. Uma longa exposição aos estudos ou ao trabalho intelectual obrigatório, pode conduzir ao efeito contrário: baixar o rendimento ISCED CURSO: ENSINO DE HISTÓRIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: EPISTEMOLOGIA DA HISTÓRIA 6 da aprendizagem. Por que o estudante acumula um elevado volume de trabalho, em termos de estudos, em pouco tempo, criando interferência entre os conhecimento, perde sequência lógica, por fim ao perceber que estuda tanto mas não aprende, cai em insegurança, depressão e desespero, por se achar injustamente incapaz! Não estude na última da hora; quando se trate de fazer alguma avaliação. Aprenda a ser estudante de facto (aquele que estuda sistemáticamente), não estudar apenas para responder a questões de alguma avaliação, mas sim estude para a vida, sobre tudo, estude pensando na sua utilidade como futuro profissional, na área em que está a se formar. Organize na sua agenda um horário onde define a que horas e que matérias deve estudar durante a semana; Face ao tempo livreque resta, deve decidir como o utilizar produtivamente, decidindo quanto tempo será dedicado ao estudo e a outras actividades. É importante identificar as ideias principais de um texto, pois será uma necessidade para o estudo das diversas matérias que compõem o curso: A colocação de notas nas margens pode ajudar a estruturar a matéria de modo que seja mais fácil identificar as partes que está a estudar e Pode escrever conclusões, exemplos, vantagens, definições, datas, nomes, pode também utilizar a margem para colocar comentários seus relacionados com o que está a ler; a melhor altura para sublinhar é imediatamente a seguir à compreensão do texto e não depois de uma primeira leitura; Utilizar o dicionário sempre que surja um conceito cujo significado não conhece ou não lhe é familiar; Precisa de apoio? Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra razão, o material de estudos impresso, lhe pode suscitar algumas dúvidas como falta de clareza, alguns erros de concordância, prováveis erros ISCED CURSO: ENSINO DE HISTÓRIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: EPISTEMOLOGIA DA HISTÓRIA 7 ortográficos, falta de clareza, fraca visibilidade, páginas trocadas ou invertidas, etc). Nestes casos, contacte os seriços de atendimento e apoio ao estudante do seu Centro de Recursos (CR), via telefone, sms, E-mail, se tiver tempo, escreva mesmo uma carta participando a preocupação. Uma das atribuições dos Gestores dos CR e seus assistentes (Pedagógico e Administrativo), é a de monitorar e garantir a sua aprendizagem com qualidade e sucesso. Dai a relevância da comunicação no Ensino a Distância (EAD), onde o recurso as TIC se torna incontornável: entre estudantes, estudante – Tutor, estudante – CR, etc. As sessões presenciais são um momento em que você caro estudante, tem a oportunidade de interagir fisicamente com staff do seu CR, com tutores ou com parte da equipa central do ISCED indigetada para acompanhar as sua sessões presenciais. Neste período pode apresentar dúvidas, tratar assuntos de natureza pedagógica e/ou admibistrativa. O estudo em grupo, que está estimado para ocupar cerca de 30% do tempo de estudos a distância, é muita importância, na medida em que permite lhe situar, em termos do grau de aprendizagem com relação aos outros colegas. Desta maneira ficar’a a saber se precisa de apoio ou precisa de apoiar aos colegas. Desenvolver habito de debater assuntos relacionados com os conteúdos programáticos, constantes nos diferentes temas e unidade temática, no módulo. Tarefas (avaliação e auto-avaliação) O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e autoavaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é importante que sejam realizadas. As tarefas devem ser entregues duas semanas antes das sessões presenciais seguintes. ISCED CURSO: ENSINO DE HISTÓRIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: EPISTEMOLOGIA DA HISTÓRIA 8 Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não cumprimento dos prazos de entrega, implica a não classificação do estudante. Tenha sempre presente que a nota dos trabalhos de campo conta e é decisiva para ser admitido ao exame final da disciplina/módulo. Os trabalhos devem ser entregues ao Centro de Recursos (CR) e os mesmos devem ser dirigidos ao tutor/docente. Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa, contudo os mesmos devem ser devidamente referenciados, respeitando os direitos do autor. O plágio1 é uma viloção do direito intelectual do(s) autor(es). Uma transcrição à letra de mais de 8 (oito) palavras do texto de um autor, sem o citar é considerado plágio. A honestidade, humildade científica e o respeito pelos direitos autoriais devem caracterizar a realização dos trabalhos e seu autor (estudante do ISCED). Avaliação Muitos perguntam: Com é possível avaliar estudantes à distância, estando eles fisicamente separados e muito distantes do docente/turor!? Nós dissemos: Sim é muito possível, talvez seja uma avaliação mais fiável e concistente. Você será avaliado durante os estudos à distância que contam com um mínimo de 90% do total de tempo que precisa de estudar os conteúdos do seu módulo. Quando o tempo de contacto presencial conta com um máximo de 10%) do total de tempo do módulo. A avaliação do estudante consta detalhada do regulamentada de avaliação. 1 Plágio - copiar ou assinar parcial ou totalmente uma obra literária, propriedade intelectual de outras pessoas, sem prévia autorização. ISCED CURSO: ENSINO DE HISTÓRIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: EPISTEMOLOGIA DA HISTÓRIA 9 Os trabalhos de campo por si realizaos, durante estudos e aprendizagem no campo, pesam 25% e servem para a nota de frequência para ir aos exames. Os exames são realizados no final da cadeira disciplina ou modulo e decorrem durante as sessões presenciais. Os exames pesam no mínimo 75%, o que adicionado aos 25% da média de frequência, determinam a nota final com a qual o estudante conclui a cadeira. A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da cadeira. Nesta cadeira o estudante deverá realizar pelo menos 2 (dois) trabalhos e 1 (um) (exame). Algumas actividades praticam, relatórios e reflexões serão utilizados como ferramentas de avaliação formativa. Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em consideração a apresentação, a coerência textual, o grau de cientificidade, a forma de conclusão dos assuntos, as recomendações, a identificação das referências bibliográficas utilizadas, o respeito pelos direitos do autor, entre outros. Os objectivos e critérios de avaliação constam do Regulamento de Avaliação. ISCED CURSO: ENSINO DE HISTÓRIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: EPISTEMOLOGIA DA HISTÓRIA 11 TEMA – I: História como forma de Conhecimento. UNIDADE Temática 1.1. Introdução Introdução Bem-vindo ao curso de História e bem-vindo ao módulo de Epistemologia da História. A epistemologia também é conhecida como teoria do conhecimento. A expressão "epistemologia" deriva das palavras gregas "episteme", que significa "ciência", e "Logia" que significa "estudo", podendo ser definida a partir da etimologia grega como sendo "o estudo da ciência". Assim, a epistemologia é uma área da ciência que se interessa na investigação da natureza, fontes e validade do conhecimento. Uma vez que a nossa epistemologia é da História, esta disciplina debruça-se sobre a natureza, as fontes, a validade do conhecimento histórico e outros elementos afins a cientificidade da História Entretanto, antes de mais é importante conceitualizar o conhecimento. Depois explicar-se a origem, essência e possibilidade do conhecimento. Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de: Conhecer a dimensão da história como forma de conhecimento; Objectivo específicos Caracterizar o conhecimento em história enquanto ciência ISCED CURSO: ENSINO DE HISTÓRIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: EPISTEMOLOGIA DA HISTÓRIA 12 Explicar os fundamentos da história enquanto ciência. 1. UNIDADE Temática 1.2. O conhecimento O que é o conhecimento? Há várias concepções quanto ao conhecimento. O filósofo grego Platão, explica que conhecimento é aquilo que é necessariamente verdadeiro (episteme). Entretanto, Grayling, explica que o conhecimento é crença verdadeira justificada. Estas definições parecem plausíveis porque, dão a impressão de que para conhecer algo alguém deve acreditarnisso e o que se acredita deve ser verdadeiro. A dimensão da verdade obrigará a um conjunto de critérios. Por sua vez, Teixeira (2000:12) define o conhecimento como sendo a apropriação da realidade pelo sujeito. Portanto, conhecer, saber e ter conhecimento é apreender os seres e as coisas”. É a partir do conhecimento que o ser humano é capaz de ver o mundo, com reconhecimento do que vê e com atribuição de significado aos seres e as coisas. Neste sentido, o conhecimento é um conjunto de informação armazenada por intermédio da experiência ou da aprendizagem (a posteriori), o através da introspecção (a priori). UNIDADE Temática 2.3. DOGMATISMO E CEPTICISMO E CONHECIMENTO Em torno da possibilidade do conhecimento duas correntes são apresentadas 1. Dogmatismo O Dogmatismo afirma a possibilidade de conhecer com certeza ISCED CURSO: ENSINO DE HISTÓRIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: EPISTEMOLOGIA DA HISTÓRIA 13 absoluta algo, dispensando, por conseguinte qualquer discussão. 2. Cepticismo O Cepticismo tem como princípio a dúvida relativamente ao nosso poder de Conhecer a verdade e a realidade. Contrariamente ao dogmatismo, o Cepticismo afirma que nada podemos conhecer com certeza, pois não existe nenhum critério seguro da verdade. Assim, é importante que se questione todos os juízos, quer afirmativos quer negativos, pois todo o saber depende das verdades gerais que não podemos conhecer com certeza. Assim, ao designarmos de ciência a soma dos conhecimentos científicos disponíveis num dado momento, podemos também afirmar que existe um conteúdo próprio e método para estabelecimento dos factos. Este método é o método científico. É o metodo que vai determinar as maneiras de obter tal conhecimento, e as características desse conhecimento é ser verdadeiro UNIDADE Temática 1.4. História como Forma e Conhecimento: Elementos da cientificidade da História Segundo Marc Bloch (1965) a Historia é uma ciência que estuda o Homem no espaço e no tempo. Apesar da dimensão científica da Historia, houve sempre um debate sobre se de facto ela (a História), é ciência. A razão para isso prende-se ao facto de se pretender encontrar na História o modelo de cientificidade das ciências naturais. ISCED CURSO: ENSINO DE HISTÓRIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: EPISTEMOLOGIA DA HISTÓRIA 14 O pai da Historia No século V a.C. Heródoto de Halicarnaso diferenciou-se da visão de Hesíodo e Homero, pela sua vontade de distinguir o verdadeiro do falso; por isso, realizou a sua “investigação” (etimologicamente “História”). Iniciavam assim, as primeiras referências da História como ciência. Heródoto foi o autor da história da invasão persa da Grécia nos princípios do século V aC., conhecida simplesmente como As histórias de Heródoto. Esta obra foi reconhecida como uma nova forma de literatura pouco depois de ser publicada. Antes de Heródoto, tinham existido crónicas e épicos, e também estes haviam preservado o conhecimento do passado. Mas Heródoto foi o primeiro não só a gravar o passado mas também a considerá-lo um problema filosófico ou um projecto de pesquisa que podia revelar conhecimento do comportamento humano. A sua criação deu-lhe o título de "Pai da História" e a palavra que utilizou para descrever o seu trabalho foi, história, que previamente tinha significado simplesmente "pesquisa". Para Colingwood, Heródoto preenchia os quatro requisitos básicos para fazer uma história positivista, a saber: a) Científica (começa por uma indagação e procura uma resposta); b) Humanista (preocupa-se, basicamente com os feitos realizados pelos homens); c) Racional (busca fundamentar com provas as suas conclusões) e d) Auto-reveladora (mostra aos homens o que os seus semelhantes realizaram no passado). Colingwood afirma que: "Heródoto não limita a sua atenção aos simples acontecimentos, considerando estes acontecimentos, (...) como acções dos seres humanos que tiveram suas razões para actuarem como o fizeram". Mais do que http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_V_a.C. http://pt.wikipedia.org/wiki/Her%C3%B3doto ISCED CURSO: ENSINO DE HISTÓRIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: EPISTEMOLOGIA DA HISTÓRIA 15 isso, para Colingwood é "claro que a história, para Heródoto é humanista, e não mística ou teocrática". Dentro de suas expectativas de narrar o que realmente aconteceu, Heródoto vai encontrar suas preocupações com a História recente, mais facilmente verificáveis. Entretanto, para Carbonell (Historiador francês), Heródoto não limita os seus interesses ao passado imediato, buscando em eras remotas as causas dos acontecimentos que estuda, no caso as guerras greco-pérsicas. Todos esses factores levam Carbonell a afirmar que, com Heródoto, "o tempo do historiador finalmente triunfa. E a história nasce da ‘História’. Para ele, Heródoto é pai da História". Entretanto, a Historia não é, efectivamente, uma ciência como as “ciências exactas” e da natureza (matemática, física, química, biológica, etc.). A História é uma ciência social e humana. É social porque estuda sobretudo, as sociedades. É humana, num duplo sentido, porque estuda sociedades humanas e nalguns casos estuda personalidades e indivíduos, ou seja, estuda o homem individualmente, através de biografias. Deste modo, inicia-se a perceber o objecto de estudo da História: O Homem (homem e ou mulher), enquanto membro de uma sociedade. Na senda da explicação do conceito da História enquanto ciência destaca-se o historiador Jacques Le Goff. Segundo ele, a História é ciência porque tem o objecto de estudo, tem métodos e pode ser ensinada. Portanto, a componente pedagógica apresentada por Le Goff é uma das determinantes para a cientificidade da História. Contudo, a cientificidade da história envolve o historiador cujo papel é extremamente importante bem como o seu objecto de ISCED CURSO: ENSINO DE HISTÓRIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: EPISTEMOLOGIA DA HISTÓRIA 16 pesquisa. Actualmente, a ciência histórica estuda e procura explicar o homem e sua evolução em diversos aspectos designadamente Económicos, Demográficos, Político, Social e Cultural etc. A grande preocupação da História é procurar entender e explicar a historicidade da condição humana. A principal ferramenta do historiador ou seja o objecto de estudo da história, ou seja, o homem no tempo. O método da História é a interpretação desse facto através das análises das mais variadas fontes. (Exemplo: escritas, orais, arqueológicas, etc.). Convém saber que história recebeu o estatuto de ciência quando os pesquisadores passaram a usar a palavra (história) no sentido de investigação e a utilizar como fontes de pesquisas os registos documentais escritos. Sabe quando é que isso aconteceu? Entre o final do século XVIII e início do XIX. O historiador Jorge Grespam afirma que foi no final do século XVIII que começou a ser discutido e desenvolvido os critérios e procedimentos metodológicos fundamentados na críticas e análise das fontes. Assim, a história passou a ser ciência. Como pode perceber, foi o método, portanto, que concedeu à história o carácter científico e ao historiador, a condição de cientista. De um modo geral, citando Meno (2010), as discussões sobre a ciência histórica nos mostram que o objecto da História é o homem no tempo, e que esse objecto é o facto humano acontecido. O facto histórico serve como compreensão de um processo vivido por uma sociedade, e o método da História é a interpretação desse facto através das análises das mais variadas fontes. (Exemplo: escritas,orais, arqueológicas, etc.). Por outro lado, face ao desafio de descrever e explicar as especificidades e as dissonâncias representadas pelas concepções desafiantes como uma resposta plausível surge também um problema epistemológico a ser enfrentado. Deve-se examinar, ISCED CURSO: ENSINO DE HISTÓRIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: EPISTEMOLOGIA DA HISTÓRIA 17 primeiramente, quais são os instrumentos teórico-metodológicos de que se utilizou para a determinação da cientificidade da História. De um modo geral, é fácil relacionar a história com o tempo e concretamente com o passado. Entretanto, o passado é uma realidade extensa, porque assente na dimensão do tempo que também que é igualmente ilimitado, não se estanca. Ademais, o passado é visto como uma escola, uma oportunidade de se tirar proveito, de tal modos que o presente e o futuro não estejam, comprometidos. Deste modo, a história é uma área do saber em que 1. O conhecimento é inerente ao Homem 2. O conhecimento é fruto da dependência do presente em relação ao passado 3. A explicação do passado depende do presente a) O conhecimento histórico é inerente ao Homem Todo o ser humano, é uma construção social. Este facto deve-se a uma série de realidades do passado com o qual eles se identifica, A Sua Identidade depende Bastante do seu passado. Mesmo que não se queira pensar nos passados os factos por si toma conta da mente humana e fazem-nos reflectir. Portanto, o ser humano é um ser ligado à história e dele depende. b) Não se pode compreender o presente sem passado O que somos hoje está bastante relacionado com o que fomos ontem. É neste sentido, esforços com vista a ultrapassar cenários ISCED CURSO: ENSINO DE HISTÓRIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: EPISTEMOLOGIA DA HISTÓRIA 18 menos bons, originados no passado devem ensinar as sociedades actuais a olhar para o passado de modos a garantir o futuro melhor. c) Não se explica o passado sem o presente. A explicação do passado normalmente é feito tendo como referência o presente, pois quem explica a história, encontra-se por inerência distante, quando se olha para o tempo. Neste sentido, a explicação do passado normalmente tem apresentado referência do presente. Isto pode determinar a informação ou verdade histórica. O historiador inglês E. H. Carr, na década de 1960, ao questionar a natureza do conhecimento histórico, chegou à conclusão de que não existe uma resposta absoluta para a definição de história ou para a validade de seu carácter científico. Tendo carácter fortemente reflexivo, a História possibilita a criação de um espírito crítico capaz de elucidar uma relação mais interessante do homem com a realidade que o cerca. Tudo depende da visão que cada um tem de sua própria sociedade e do tempo em que vive; inclusive, porque é o historiador e a interpretação que faz, a partir de seu contexto, que torna ou não um facto histórico. Seguindo esta linha de orientação, Paul Veyne, na década de 1970, concluiu que a história possui grande proximidade com a ficção, se distinguido de um romance somente pelo compromisso de buscar a verdade, constituindo na realidade uma tentativa de narrar a verdade, prejudicada pelo carácter subjectivo da história e da interpretação das fontes, isto para não ISCED CURSO: ENSINO DE HISTÓRIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: EPISTEMOLOGIA DA HISTÓRIA 19 mencionar outros aspectos circunscritos à documentação que sustenta a análise histórica, tal como a inexactidão da narrativa ou as intenções envolvidas na produção das fontes. Em outras palavras, como afirmou Eric Hobsbawm, o passado e a história são ferramentas utilizadas para legitimar as acções do presente, assim como as fontes têm um alcance político e ideológico, tornando a visão do passado distorcida. Como ressaltou Jacques Le Goff, não existe sociedade sem história, o que conduz ao conceito de historicidade, é o pertencer de cada indivíduo ao seu tempo, os aspectos comuns que todos os homens de determinada época compartilham, impossibilitando qualquer ciência de evitar extrair conclusões próprias de sua historicidade. De modo que, se existe um paradigma em história, tal como o conceito formulado por Thomas Kuhn, circunscrito a base referencial sobre a qual um conjunto teórico é construído, este só pode ser considerado como o tempo histórico em que o historiador se circunscreve. A natureza do conhecimento histórico comporta uma pluralidade de teorias contraditórias entre si e que explicam o passado plausivelmente, fornecendo ângulos e visões distintas que não se anulam, fazendo da história uma área do saber com verdades relativas Processo da consolidação da História como ciência. Uma definição contemporânea de senso comum, afirmaria que a história é uma ciência que estuda o passado, analisando as transformações, para entender o presente. Assim, ao resgatar o passado, a história tentaria conferir sentido ao presente, ajudando a transformar a realidade a partir de sua própria compreensão, podendo até mesmo guiar ao futuro. ISCED CURSO: ENSINO DE HISTÓRIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: EPISTEMOLOGIA DA HISTÓRIA 20 Todavia, uma análise mais detalhada demonstra que o conceito de história comporta múltiplas definições, cada qual adequada ao seu conjunto teórico. Não é possível falar de uma história singular, já que, ao invés de uma teoria da história teríamos múltiplas teorias da história. A natureza e a evolução das outras ciências durante o século XVIII, não confere a história menor importância ou menor dignidade. O que deve ser percebido é que a história é naturalmente, diferente. Contudo, quando se busca a afirmação da história como ciência, nota-se que esta apresenta-se com alguma complexidade e dificuldade. Quais as principais fontes dessa complexidade/dificuldade? a) Analogamente a outras ciências humanas e sociais, nuns casos, ou diferentemente, noutros, a história incide sobre o passado, pelo que lhe está vedada a experimentação e o registo/inquérito directo. Por esse, motivo, o conhecimento histórico e mediato, corn Todas as consequências inerentes a tal facto. b) O fascínio do modelo das ciências da natureza, já referido, tem levado, por vezes, a que se apliquem a histórias certas características daquelas, onde se pode evidenciar a objectividade. Entretanto, segundo Piaget, citado por Mendes, a dificuldade da história abrange, inclusive, as restantes ciências humanas. Essa dificuldade é epistemológica e se encontra no centro das ciências do homem caracterizando-se pelo facto do ser humano ser simultaneamente sujeito e objecto Grosso modo, as primeiras linhas de estudo da História se desenvolveram nas cavernas, quando os primeiros grupos humanos se preocupavam em registar o desenrolar de sua própria vida quotidiana. Na Antiguidade, os primeiros historiadores se ISCED CURSO: ENSINO DE HISTÓRIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: EPISTEMOLOGIA DA HISTÓRIA 21 preocupavam em relatar as peripécias dos grandes personagens e o cenário épico das guerras travadas entre os povos. Muitas vezes, comprometidos com algum dos lados dessa história faziam um relato tendencioso e impreciso. Entretanto, tornou-se corrente admitir que a reflexão histórica tem suas raízes na Antiguidade clássica, mais especialmente em Heródoto e em Tucídides. Esses autores de língua grega marcaram o ponto de partida de François Châtelet, que em um texto clássico publicado em 1962 definiua Grécia como o berço do pensamento histórico ocidental. Châtelet, desde a perspectiva filosófica, utiliza em seu título um termo próprio: historienne, cunhado pela língua francesa para designar o sentido do pensamento histórico enquanto produzido por uma reflexão intencionalmente voltada para a organização crítica da memória como fundamento do sentido da sociedade, da política e da cultura respectiva. Esse termo é empregue distintamente do adjectivo habitual, histórico (historique), aplicável para Châtelet a qualquer pensamento racional que lide com a acção humana no tempo. Durante séculos, na tradição dominada pela cultura ocidental de origem greco-romana, a História oscilou sistematicamente entre estilos ou objectos muito diversos, como a banal existência de um indivíduo qualquer, a hagiografia política, a filosofia ou a teologia. Com o advento da crítica racional no Renascimento e, mais particularmente, com o surgimento e a consolidação das Luzes no século XVIII, a História passou por uma espécie de repaginação teórica e metódica que culminou em sua cientificação. Esse processo atravessa o século XIX e culmina na consolidação e no êxito social da historiografia nesse século e no século XX. ISCED CURSO: ENSINO DE HISTÓRIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: EPISTEMOLOGIA DA HISTÓRIA 22 O padrão de cientificidade que se aplica é, por certo, o modelo do racionalismo moderno, cartesiano ou empirista, acentuadamente marcado pelo sucesso – mesmo que visto cada vez mais como relativo – das ciências ditas experimentais. A História cujo renascimento se organiza e estrutura na passagem do Iluminismo para o Romantismo e se consolida ao longo do século XIX nos cenários do positivismo, do historicismo, das escolas metódicas é a História como ciência. História como ciência, cujos resultados historiográficos são expressos em narrativas que encerram argumentos demonstrativos articuladores da base empírica da pesquisa e da interpretação do historiador em seu contexto. A historiografia, assim, encerra em si as características de ser empiricamente pertinente, argumentativamente plausível e demonstrativamente convincente. Como se chega a esse patamar metódico, social e cultural de confiabilidade? No século XIX, as concepções de História e de historiografia passaram por uma mudança notável e decisiva. Esse século tornou-se conhecido como “o século da História”. Sem dúvida foi ainda mais decisivo – embora essa perspectiva nem sempre tenha estado presente – o salto dado no segundo terço do século XX e seus prolongamentos até os anos 1970. Não obstante, a análise dos progressos da historiografia em nosso tempo, deve ser feita mediante o contraste com o século XIX, sem o qual não se pode perceber o alcance das mudanças ocorridas no século XX. A importância marcante do século XIX para os fundamentos da disciplina da historiografia em seu estado actual deve-se a um fenómeno único, de desdobramentos complexos: o abandono das concepções relativas à investigação e à escrita da história que formaram a tradição europeia praticamente desde o Renascimento e talvez mesmo desde a Antiguidade clássica. As diversas escolas e correntes historiográficas do século XIX coincidem pelo menos ISCED CURSO: ENSINO DE HISTÓRIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: EPISTEMOLOGIA DA HISTÓRIA 23 em um ponto: deixam de considerar a história como uma crónica baseada nos testemunhos legados pelas gerações anteriores e entendem-na como uma investigação, pelo que o termo “história” recupera seu sentido originário em grego. A evolução decisiva para a historiografia deu-se com o que se pode chamar de fundamentação metódico-documental, basilar para a disciplina “académica” contemporânea, produzida pelos tratadistas do século XIX e da primeira década do século XX. Tem-se aqui a origem da grande corrente historiográfica que se chamou – de forma algo exagerada, mas não totalmente imprópria – de historiografia “positivista”, intimamente entrelaçada com a forte tradição do historicismo alemão. Foi no século XIX que apareceram os primeiros grandes tratados do que se poderia chamar de normativismo histórico, um tipo de reflexãonovo sobre a História, chamado de Historik por Joha nn Droysen. Essa reflexão definiu os parâmetros metódicos estipulados como obrigatórios para que a História se enquadrasse no que se tinha, então, por padrão de “ciência”. Essa é a razão pela qual esses tratadistas tomaram como referência específica do estudo de História a ciência natural. Tal referência em momento algum foi pensada em termos miméticos (copiar a ciência natural) ou como modelo único (num movimento pré-dogmático). Normalizar os procedimentos, contudo, para obter algum grau de densidade confiável, era percebido como uma missão, que levou à produção de textos metodológicos famosos, sobretudo na França e na Alemanha, de Buchez e Lacombe, de Ranke, de Droysen e de Bernheim, chegando a Langlois-Seignobos e a Lamprecht. Essa mudança profunda e duradoura do horizonte dos estudos historiográficos, cuja influência se estendeu até os anos 1930, é habitualmente creditada às contribuições trazidas por uma corrente chamada, sem esforço maior de precisão, de positivismo. De outro lado, o historicismo alemão é amiúde considerado a maior contribuição do século XIX em ISCED CURSO: ENSINO DE HISTÓRIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: EPISTEMOLOGIA DA HISTÓRIA 24 matéria de concepções da natureza do histórico e da identidade da historiografia. Ambas as etiquetas requerem cuidadosa modulação. Com efeito, o que se chama de “historiografia positivista” não deixa de estar interpretado por um equívoco persistente. Muitas vezes chama-se de positivista, sem mais nem menos, uma concepção da historiografia essencialmente narrativista, episódica (factual), descritiva, fruto de uma erudição bem à moda do século XIX. Na realidade, esse tipo de historiografia é o exemplo mais típico da “História tradicional”, mas não tem por que ser necessariamente confundido com a historiografia “positivista”. A historiografia positivista é a dos “factos” estabelecidos mediante os documentos, indutiva, narrativa, por certo, mas também sujeita a um “método”. A escola que se costumava chamar de “positivista” pode ser também denominada – com mais propriedade – de “escola metódica”, já que sua principal preocupação era a de dispor de um método. Essa escola, que fundamentava o progresso da historiografia no trabalho metódico das fontes, sempre foi avessa a qualquer “teoria” ou “filosofia”. Isso não diminui, todavia, sua dependência imediata para com a concepção “positivista” da ciência, que fica evidente não apenas em obras francamente problemáticas, como o manual de Seignobos, mas também clássicas, como a de François Simiand. Trata-se, antes de mais nada, de uma corrente pragmática e empirista. Por isso pode ser chamada de escola pragmático-documental ou metódico- documental. Algumas percepções fundamentais de abordagem historiografia ISCED CURSO: ENSINO DE HISTÓRIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: EPISTEMOLOGIA DA HISTÓRIA 25 A história é uma área de saber bastante abrangente. De certa maneira torna-se difícil estudar toda a história de uma única vez. Deste modo, com o objectivo metodológico de ensino e compreensão, a História da existência Humana foram elaborados certos recortes ou divisões de abordagem. Dentre várias que possam existir destacam-se: Abordagem Temporal Abordagem Temática Abordagem Espacial ou geográfica Abordagem Temporal Em Relação a esta abordagem,a História ficou dividida em Duas grandes fases: a Pré-História e a História. A Pre-História vai dos tempos mais remotos até a descoberta da escrita. Enquanto isso, a História, ficou dividida em quatro períodos de Tempo saber: História Antiga: dividida em Antiguidade Oriental e Ocidental. Inicia com o aparecimento das primeiras civilizações, em 4500 anos a.C., e vai até ao ano de 476 d.C., período da decadência do Imperio Romano do Ocidente. História da Idade Média: Inicia com a queda do Imperio Romano do Ocidente, em 476 dC e vai até 1453, período da queda do Imperio romano do Oriente. História Moderna: vai de1453, até a Revolução Francesa (1789). História Contemporânea: vai de 1789 até o cotidiano. Abordagem Geográfica Esta abordagem destaca-se a dimensão do espaço e notabiliza-se efectivamente o vínculo entre a História e a ISCED CURSO: ENSINO DE HISTÓRIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: EPISTEMOLOGIA DA HISTÓRIA 26 Geografia. A História usa os conceitos da geografia. E podemos estudar a história dos locais (História Local). O exemplo deste tipo de abordagem é a existência da História de Moçambique, História de África, da Europa, etc. Abordagem temática Esta abordagem trata dos temas ou assuntos dentro da História. Deste modo, existem: História Política, reduzida à história dos eventos até ao século XX. Agora estuda a história das instituições, história dos sistemas políticos e aspectos afins, história dos estados etc História Económica versa-se sobre relações e dinâmicas económicas ao longo da História.; História das Religiões nascida pela necessidade de tornar o seu estudo comparativo no seio das crenças entre os povos; História da Arte que aborda as manifestações artísticas ao longo do tempo Existem outras áreas mais recentes do que as já apresentadas, apesar de as englobar algum modo. São exemplos, a História das ideias, História das doutrinas políticas, etc História e as Ciências Sociais No mundo sobre as ciências sociais, há sempre uma tendência de debate em torno do funcionamento das ciências. Por vezes, certas ciências do homem tern revelado algum pendor imperialista, isto http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Hist%C3%B3ria_Pol%C3%ADtica&action=edit http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Hist%C3%B3ria_dos_eventos&action=edit http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Hist%C3%B3ria_das_institui%C3%A7%C3%B5es&action=edit http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Hist%C3%B3ria_Econ%C3%B3mica&action=edit http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Hist%C3%B3ria_das_ideias&action=edit http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Hist%C3%B3ria_das_doutrinas_pol%C3%ADticas&action=edit ISCED CURSO: ENSINO DE HISTÓRIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: EPISTEMOLOGIA DA HISTÓRIA 27 e, uma tendência para, de modo exclusivo, apreenderem e explicarem toda a realidade. Ferdinand Braudel refere, por exemplo, as seguintes ciências humanas como imperialistas: geografia, economia, politica e sociologia. A esta acrescente-se em certas fases e quando praticada por determinado autores, a própria historia. Tais imperialismos são hoje geralmente condenados, pelas próprias limitações explicativas e de pesquisa de que enfermam. Em qualquer dos casos, há sempre interdependência e interpenetração das ciências humanas; neste caso a sociologia surge apenas como mediadora. Actualmente é impensável a elaboração de uma síntese das ciências do homem, e a perspectiva científica tende para sínteses muito mais vasta, de natureza ecológica, o que põem imediatamente o problema da conciliação de método e tipo de investigação ainda muito dispares a própria terminologia vária de pais para pais reflectindo tradições nacionais e mesmo concepções do tipo política. E esta ambiguidade e indeterminação tem de se ter sempre em conta ao abordar a interdisciplinaridade. A interdisciplinaridade é uma das consequências da renovação científica do pós-guerra e um resultado metodológico da reflexão epistemológica. Isso impediu que estas ciências tentassem definir as suas fronteiras disciplinares Assim, se a interdisciplinaridade se tornou uma via de saber actual, tornou-se igualmente indispensável pelo menos por agora, dada a formação recente das ciências sócias, e do homem, uma certa divisão entre elas garantindo a especificidade dos fenómenos em estudo. A renovação histórica imbrica na contribuição nas outras ciências do homem nomeadamente a partir da sua concepção de história global; ISCED CURSO: ENSINO DE HISTÓRIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: EPISTEMOLOGIA DA HISTÓRIA 28 Neste sentido, segundo Ferdinard Braudel A Historia torna-se o campo de experiencia de muitas hipóteses fornecidas pelas outras disciplinas. Por vezes, essa utilização transforma perigosamente o conteúdo histórico, o caso da antropologia e etimologia que, fornecendo conceitos e explicações culturais arrastam a historia para o tempo lento. Porem desta aproximação que surgem a renovação da noção do histórico, nomeadamente a longa duração por Braudel. A posição assumida pelo a contribuição da linguística e da economia são também importantes, mais impõem uma historia nova excessivamente quantitativa ou, pela influencia da linguística demasiado a tida ao estudo de simbólico. Esta nova histórica sujeita-se as novas condições da produção, os conceitos adquiridos através das ciências humanas e sócias criam o novo “corpus” históricos; os métodos renovam-se, novos campos foram percorridos, interroga-se também sobre as condições da produção histórica e do agente produtor, o historiográfico, recorrendo análise epistemológica. Os novos conceitos são as noções operárias de uma ciência que se faz a história de hoje precisamos. Entretanto, as Ciências Sociais e Humanas, em última analisam, estudam o mesmo objecto: o Homem, individual, colectivo, em estrutura, ou em mudança. Constituem, assim, um universo pluralista, mercê da perspectiva de investigação e do tipo de métodos utilizados: um universo de conteúdo heterogéneo e de fronteiras imprecisas. A HISTÓRIA EA COMPONENTE POLÍTICO-IDEOLÓGICA Segundo Foucault citado por Rocha e Seren (Op.Cit.) são as praticas sociais que determinam o aparecimento de formas de subjectividade que se definem como estruturas epocais do saber; praticas essas que, a certa altura, são assumidas e proporcionadas pelo poder politico que empunha a "verdade do ISCED CURSO: ENSINO DE HISTÓRIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: EPISTEMOLOGIA DA HISTÓRIA 29 saber"oficialmente institucionalizado; ou seja, sendo sabido que é no desenvolvimento da acção das sociedades que se verifica a evolução dos modos de pensar e do próprio aparelho conceptual, tornando-se sensível, pouco a pouco, uma evolução da mentalidade, é neste momento que o Estado intervém, identificando-se com esta mudança e desenvolvendo os novos saberes como modelos institucionais, como e o caso do modelo cientifico. Isto envolve uma apertada articulação entre a prática política e outras práticas de natureza discursiva - teorias, códigos, proibições, ideologias, ciência - que Ihe são exteriores. Assim, o poder político cria condições políticas, económicas e sociais de existência que permitem a formação de sujeitos do conhecimento. Os novos modelos de verdade são definidos e passam a circular pela comunidade, tornando possível que a sua evolução venha influenciar o domínio político e, naturalmente, o cientifico. Uma consequência disto é que pode ser elaborada uma história das ciências através da análisedo discurso da relação poder- saber, nomeadamente através das práticas judiciarias -as formas de julgar os homens, desde uma justiça que é aquilo que se tem o direito de fazer, à própria essência do poder, até as condições político-sociais. Admitindo que o conhecimento surge como uma invenção do homem, e, mais do que uma ruptura, é uma violação do sujeito sobre o mundo, e que a razão se define com constituinte a partir das práticas sociais, o discurso do saber pode ser estudado não como uma teoria mas como um conjunto de práticas sociais. Assim, o discurso epocal das práticas sociais e do conhecimento pelo homem remete ao seu aproveitamento pelo poder político e ISCED CURSO: ENSINO DE HISTÓRIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: EPISTEMOLOGIA DA HISTÓRIA 30 reflecte-se nas práticas judiciárias. Em toda a sociedade a produção do discurso é ao mesmo tempo, controlada, seleccionada, organizada e redistribuída por um certo número de processos que tem por fim conjurar-lhe os poderes e os perigos, dominar-lhe o acontecer aleatório, evita-lhe a pesada, a temível materialidade. Existindo apenas práticas científicas diferenciadas, o conhecimento aparece como uma batalha, uma estratégia. A análise dos modelos de verdade que circulam historicamente é explicada pela sua instrumentalização pelo poder político. É assim que, na Grécia, a caminho de um governo democrático onde se afirma o conceito de cidadão se impõe o "modelo do inquérito e do testemunho", reapresentando as praticas sociais de pesquisa da verdade e sendo igualmente o modelo ordenador das praticas politicas e judiciais. Este modelo ordenador distingue-se igualmente no comportamento e no conhecimento. É a definição das ciências. Segundo Costa (Op.Ct.), a História com H maiúsculo não pode ser exercitada como apoio a um projecto político ou a outra finalidade qualquer. Muitos bons historiadores falharam por esse motivo. Ela é um bem em si, e essa é a melhor forma dela ser buscada por quem a deseja. Como a ginástica é boa para o corpo, a História é boa para a mente. De nada adianta todo o procedimento hermenêutico e arqueológico, de nada serve o amoroso preparo consciente de retorno no tempo se não ISCED CURSO: ENSINO DE HISTÓRIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: EPISTEMOLOGIA DA HISTÓRIA 31 apreendemos a História por seu valor intrínseco. Como bem disse o filósofo Simon Blackburn (1944), comemos pão e a reflexão não coze o pão. Mesmo assim sempre reflectimos, porque desejamos compreender-nos. Isso é um bem em si, e esse bem é um momento em que nos libertamos das questões práticas da vida (BLACKBURN, 2000). E o estudo da História é um momento em que nos libertamos da vida presente para nos projectarmos no tempo. Dados sobre História de Moçambique A historiografia de Moçambique pode ser percebida como a concepção e o modo de fazer história em Moçambique. A mesma pode ser estudada ou analisada sob ponto de vista diacrónico. Assim, pode-se encontrar características peculiares da historiografia em fases distintas. Esta concepção é defendida por José Capela (1991), numa abordagem analítica da história em Moçambique. Assim, distingue-se: -Abordagem da História do período de 1975 a 1990: -Abordagem da História do período pós 1990. É de salientar que estas datas não são estanques e por conseguinte não encerram uma visão absolutamente fechada. Porém, as características comuns da concepção da História transmitem o agrupamento nesse sentido. A abordagem da História desde 1975 a 1990, enquadra-se no contexto político, marcado pela independência nacional, portanto, o nascimento de uma nação. Notabilizou-se, neste contexto, a ligação profunda do governo moçambicano às ideologias marxistas- leninistas. Uma vez que, independência de Moçambique era vista ISCED CURSO: ENSINO DE HISTÓRIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: EPISTEMOLOGIA DA HISTÓRIA 32 como Revolução Socialista de Moçambique, enquadrada na visão ideológica supracitada e ligada aos pressupostos patrióticos, a história teve que ser o veículo de consolidação dos valores da independência e da nação. Deste modo, ela caracterizava-se pela defesa da criação do Homem novo, e estava ao serviço directo do estado Moçambicano e fundamentalmente à nação. Neste sentido pode-se afirmar que a situação foi semelhante ao cenário ocorrido na Europa na época moderna. Entretanto, investigação não é muito profunda, sobretudo no que diz respeito a cultura, religião e a economia de Moçambique. Em todo o caso, surge uma tendência de trazer fundamentalmente a História política, numa abordagem cujos temas aparecem com uma certa superficialidade e naturalmente com espaços para ser enriquecida. Em termos de material escritos, destacam-se os cadernos de história, o lançamento da obra de História da Universidade Eduardo Mondlane, intitulada História de Moçambique Volume I. entre vários ensaios do departamento de História. No que diz respeito a pesquisadores da História de Moçambique destaca-se Carlos Serra, Aquino Bragança, António Rita Ferreira, José Capela, João B. Coelho, entre outros. Contudo, a história de Moçambique também foi estudada por indivíduos não moçambicanos, e que segundo alguns autores apresentaram alguma profundidade nos seus trabalhos relativamente aos pesquisadores moçambicanos, A justificação prende-se ao contexto político-histórico vivido em Moçambique. Neste sentido, destacam-se Malyn Newitte, Rene Pellessier, Gerhard Liesegang, Bertil Egero e dupla Abrhamson E Nilson entre outros. Porém, depois da década 90, com a assinatura dos Acordos de Roma, a entrada em vigor da constituição de 1990, em suma, um novo contexto político, a situação da ISCED CURSO: ENSINO DE HISTÓRIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: EPISTEMOLOGIA DA HISTÓRIA 33 historiografia de Moçambique, sofreu algumas alterações. Surgem mais estudos de pesquisadores moçambicanos. Mas em termos de linha educacional, continuou-se a ensinar mais a história política do que as outras áreas de conhecimentos, nomeadamente económica, social e cultural. Assim, surgiram interessantes pesquisas em História, elaboradas por Arlindo Chilundo, Joel das Neves Tembe, Luís Covane, David Hedges, Amélia Souto, Benigna Zimba, Luís Filipe Pereira, Hipólito Sengulane, Alda Saúte, dentre outros por publicar. Convém realçar que estes estudiosos tiveram e têm uma contribuição extremamente valiosa para a história de Moçambique. No entanto, há ainda muitos aspectos por se estudar em Moçambique, alguns dos quais deixam transparecer ser bastante sensíveis. Neste sentido, temas como a Luta de Libertação, os heróis de Moçambique, os reaccionários e revolucionários, Morte de Eduardo Mondlane e de Samora, a guerra dos 16 anos, são assuntos que aparecem na actualidade cobertos de muitas questões? Todavia é preciso ter em conta que a historiografia de Moçambique assenta-se nos pressupostos epistemológicos da ciência histórica e que apesar de novos dados que aparecem, a investigação deve ser aprofundada e não ser tomada de ânimo leve. Sumário Nesta Unidade temática estudamos e discutimos fundamentalmente três itens em termos de considerações gerais á disciplina de Contabilidade Geral: 1. Conhecimento ; 2. Possibilidade de conhecimento Dogmatismo cepticismo; ISCED CURSO: ENSINO DE HISTÓRIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: EPISTEMOLOGIA DA HISTÓRIA 34 3. História como forma de conhecimento 4. Elementos da cientificidade da História Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO1. Porque é que a História é Ciência? 2. Quando é que a História tornou-se ciência? 3. Que condicionalismos determinaram o alcance do Estatuto de Ciência à História? TEMA – II: O TEMPO NA HISTÓRIA UNIDADE Temática 2.1. A HISTÓRIA E O TEMPO Introdução Bem-vindo a esta unidade bastante importante. Vamos falar sobre o tempo em História. Nesta unidade será ISCED CURSO: ENSINO DE HISTÓRIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: EPISTEMOLOGIA DA HISTÓRIA 35 analisada a dimensão temporal que sustenta a História. Todos nós temos falado do Tempo. Muitas vezes este tempo está associado a componente de medição. Na física o tempo, por exemplo tem esta componente e também está associada ao espaço, e a velocidade, etc. Como é que o tempo é visto na nossa ciência - a Historia? Na verdade, o tempo foi percebido de diversas formas. Neste sentido torna-se pertinente estudá-lo. Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de: Conhecer a natureza da abordagem temporal em história Especificamente Explicar a natureza da abordagem temporal em história; Identificar a relação entre a abordagem histórica e a componente temporal; Dominar contagem dos séculos e milênio UNIDADE TEMÁTICA 2.2. O TEMPO NA HISTÓRIA Não se estuda a História sem falar do Tempo. Quando se fala do tempo a sociedade destaca momentos como o Presente(o período que vivemos actualmente); o Passado (O tempo que já vivemos) e o futuro (o tempo que ainda vem). A História enquanto ciência estuda o passado para compreender o presente e perspectivar o futuro. Portanto, esta ciência demonstra a relação profunda entre estes momentos. Marc Bloch, historiador francês explica no seu livro Introdução a Histórias diz que não se pode compreender o presente sem o passado e o passado sem o presente. Segundo Ferdinand Braudel, a história processa-se no tempo. Contudo, no tempo histórico, existe o tempo social e o tempo ISCED CURSO: ENSINO DE HISTÓRIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: EPISTEMOLOGIA DA HISTÓRIA 36 cronológico. Assim, o tempo social pode não coincidir com o tempo cronológico; a sua duração sequência ou mudanças são verificadas a partir de outros fenómenos da mesma espécie, isto é, históricos; o tempo dura enquanto se mantiverem certas regenciais e significações que lhes dão sentido; o tempo histórico está ligado as acções humanas e a sua característica fundamental é não ocorrer simultaneamente no mesmo grupo em diferentes sociedades. Ademais, Ferdinand Braudel apresentou a história um modelo de tempo dividido em três., utilizando a previsão económica: 1. Tempo curto, micro história do acontecimento, um pouco mais lento “ curta duração” – Trata-se de um tempo de acontecimento de superfície, habitualmente acontecimentos político que é um tempo de relato, no qual não se aprofunda investigação e se mede apenas o tempo de acontecimento; 2. Média duração trata-se do tempo das conjunturas mais estudado no campo de economia surge como recitativo de variação e mudanças; 3. O tempo longo, a “longa Duração. A longa duração é o tempo de estrutura, nomeadamente da estrutura de mentalidades, o tempo que parece invariável em relação as outras histórias, que se escoam e realizam mais rapidamente e que em suma gravitam em torno dela. (Mendes, 1993:154-155) O novo tempo histórico permitiu a nova perspectiva da nova história estrutural nomeadamente a partir da publicação de Braudel. “ A longa duração”, em 1958. A história não é prisioneira do tempo cronológico. Às vezes, o historiador é obrigado a ir e voltar no tempo. Ele volta para compreender as origens de uma determinada situação estudada e segue adiante ao explicar os seus resultados. ISCED CURSO: ENSINO DE HISTÓRIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: EPISTEMOLOGIA DA HISTÓRIA 37 Ainda na abordagem sobre o tempo existem dois conceitos que devem fazer parte do léxico do historiador são eles: A sincronia e a diacronia. A sincronia é a abordagem de um facto histórico relacionando-o com os factos históricos que coexistiram com ele. Enquanto isso, a diacronia é a abordagem de um facto histórico demonstrando uma evolução do mesmo em função do tempo UNIDADE Temática 2.3. CONTAGEM DO TEMPO EM HISTÓRIA O tempo em História tem em conta a crença, a cultura e os costumes de cada povo. Os cristãos, contam a história da humanidade a partir do nascimento de Jesus Cristo. Esse tipo de calendário é utilizado por quase todos os povos do mundo. O ponto de partida de cada povo ao escrever ou contar a sua história é o acontecimento que é considerado o mais importante. O ano de 2016, no nosso calendário, por exemplo, representa a soma dos anos que se passaram desde o nascimento de Jesus Cristo e não todo o tempo que transcorreu desde que o ser humano apareceu na Terra, há cerca de quatro milhões de anos. Assim, o nascimento de Jesus Cristo é o principal marco em nossa forma de registar o tempo. Todos os anos e séculos antes do nascimento de Jesus são escritos com as letras a.C. e, dessa maneira, então 125 a.C., por exemplo, é igual a 125 anos antes do nascimento de Cristo. Os anos e séculos que vieram após o nascimento de Jesus Cristo não são escritos com as letras d.C., bastando apenas escrever, por exemplo, no ano 125. Veja a seguir alguns exemplos de contagem do tempo. ISCED CURSO: ENSINO DE HISTÓRIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: EPISTEMOLOGIA DA HISTÓRIA 38 Milénio: período de 1.000 anos; Século: período de 100 anos; Triénio: período de 3 anos; Década: período de 10 anos; Quinquénio: período de 5 anos;´ Biénio: período de 2 anos (por isso, falamos em bienal). UNIDADE Temática 2.4.Convençoes para contagem do tempo em História Como identificar ou indicar um século de forma rápida e simples? Podemos utilizar operações matemáticas simples. Observe. ISCED CURSO: ENSINO DE HISTÓRIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: EPISTEMOLOGIA DA HISTÓRIA 39 Se o ano terminar em dois zeros, o século corresponderá ao (s) primeiro (s) algarismo (s) à esquerda desses zeros. Veja os exemplos: Se o ano não terminar em dois zeros, desconsidere a unidade e a dezena, se houver, e adicione 1 ao restante do número, Veja: Sumário Nesta Unidade temática estudamos e discutimos fundamentalmente O tempo na História enquanto ciência A contagem do tempo ANO SÉCULO Ano 900 Século IX Ano 1800 Século XVIII Ano 2000 Século XX ANO COMO DETERMINAR SÉCULO Ano 4 0+1= 1 Século I Ano 90 0+1= 1 Século I Ano 325 3+1=4 Século IV Ano 1885 18+1=19 Século XIX Ano 1998 19+1=20 Século XX Ano 2001 20+1=21 Século XXI ISCED CURSO: ENSINO DE HISTÓRIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: EPISTEMOLOGIA DA HISTÓRIA 40 As convenções param a contagem do tempo; Reflectimos sobre as diversas abordagens sobre a temporalidade na História. Aprendemos a trabalhar com as variáveis temporais. Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO 1. Ate que ponto pode considerar que a Historia não é prisioneira do tempo cronológico? 2. Como se explica as abreviaturas aC na contagem do tempo em História?ISCED CURSO: ENSINO DE HISTÓRIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: EPISTEMOLOGIA DA HISTÓRIA 41 TEMA – III: A TEORIA DA CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO EM HISTÓRIA: MÉTODO DE INVESTIGAÇÃO EM HISTÓRIA UNIDADE TEMÁTICA 3.1. MÉTODO DE INVESTIGAÇÃO EM HISTÓRIA Introdução Como já foi demonstrado, o suporte de qualquer ciência enquanto área de produção do conhecimento, assenta-se na dimensão metodológica. Portanto, o método é uma componente basilar. Ao terminar este tem deverá ser capaz de: Conhecer a componente metodológica utilizada para a produção do conhecimento histórico; Explicar a heurística da Hermenêutica. Método O que entende por método? Há relação entre o método e a metodologia? A palavra metodologia vem de método. O Método é o conjunto de procedimentos que nos fazem chegar ao conhecimento histórico. Como se produz o conhecimento Histórico. Atenção, as informações a seguir são os fundamentos de um investigador ou cientista na área de história. Então vamos aprender os passos. Antes de tudo, temos que dominar a nossa inquietação, ou seja, o que é que pretendemos saber, o investigar. De seguida temos que procurar as fontes e trabalhar as fontes. O trabalho com as fontes implica duas fases nomeadamente a Heurística que é a procura e a selecção das fontes e a Hermenêutica também conhecida por ISCED CURSO: ENSINO DE HISTÓRIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: EPISTEMOLOGIA DA HISTÓRIA 42 crítica histórica. A escolha das fontes é o primeiro passo científico – o mais difícil e perigoso. Com as fontes, o historiador constrói uma realidade histórica que pode estar mais ou menos distantes dos traços deixados para o momento que se estuda. A fonte não surge como um dado; é o historiador que constitui o dado, interpretando a fonte, dando-lhe um anexo no universo novo reconhecimento histórico. No século XIX, Na história tradicional, o documento era um dado que permitia descobrir um facto histórico, constituído pelo historiador; o facto histórico era o objecto histórico. No século XX, a história nova alargou a noção do objecto: historia global que se pretende total, história de estrutura e não relativa de acção de certos homens definem objecto histórico como “o conhecimento do passado dos homens tal como ele é aprendido e representado pelo historiador.” O objecto histórico é uma construção, uma representação do sujeito que conhece representação coerente, integrada numa sucessão e no espaço. O objecto da historia existe, mas indeterminado, intocado, quanto ele é apreendido, é – ou como conhecimento, foi reformulado pelo homem que o investiga – a historia não ressuscitou o passado que – refere a Marc Bloch – nada consegue modificar porém, o seu conhecimento é coisa em progresso e nem ininterruptamente se transforma. O Objecto histórico alarga em função em evolução da técnica do conhecimento histórico e do discurso ideológico da época do historiador. Por que o historiador faz a história, define o objecto de investigação de acordo com a sua experiencia, a linguagem, o meio social e politico onde se situa. UNIDADE Temática 3.2. Crítica em História A crítica histórica se desdobra em duas fases. A primeira é a fase da crítica externa e a segunda fase é a da crítica interna. ISCED CURSO: ENSINO DE HISTÓRIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: EPISTEMOLOGIA DA HISTÓRIA 43 A crítica externa tem como objectivos garantir a autenticidade e a proveniência do documento, isto é, reconstituição data, forma do documento, o material, etc); -Enquanto isso, a crítica interna consiste na análise o testemunho, o conteúdo, a sua credibilidade, a sinceridade, exactidão. Este assunto será desenvolvido mais adiante. Contudo deve-se ter em conta que o modelo, provém da concepção do positivismo no século XIX. Assim, a crítica histórica era o centro do método histórico. Aliás foi este facto que oferecia História algum espaço no mundo das ciências. Refira-se igualmente que a metodologia deste período incidia-se sobretudo aos documentos escritos. Actualmente, o método foi alargado a outros campos para além do documento escrito. Recorre-se também aos métodos de datação como carbono catorze e outros métodos de radioactividade. Acrescente-se também o recurso à estatística, a construção de gráfico, ou seja, a metodologia histórica recorre a interdisciplinaridade. De um modo geral, as pré-respostas ou hipóteses relativas ao questionamento que formulamos a priori, para dar inicio a investigação, dá lugar o trabalho heurístico. Deste modo, o historiador recolhe e selecciona as fontes. Na sequência temos a fase da crítica. Esta fase apresenta-se como muito exigente. É necessário que haja testemunhos divergentes. Mais do que a crítica de credibilidade, a partir da sinceridade e da exactidão torna-se relevante mas uma análise ideológica. Para terminar, é necessário que o investigador em História faça um esforço para um posicionamento baseado na Objectividade. Isto significa que deve haver um foco na investigação de modos a que sejam apresentados informações verdadeiras, coerentes e não influenciadas propositadamente pelo investigador. A verdade ISCED CURSO: ENSINO DE HISTÓRIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: EPISTEMOLOGIA DA HISTÓRIA 44 científica deve ser o principal compromisso do Historiador. Crítica Externa na metodologia da História Antes porém, é bom que se refira que a Critica externa é fundamentalmente usada para documentos escritos. Aliás, ao longo da história a preponderância que se deu aos documentos escritos, apesar de ter sido negativo nalguns aspectos, conferiu a existência do rigor na História. Na Critica externa também chamada por crítica de autenticidade, procuram-se respostas para as seguintes questões: . Trata-se de um documento original ou de uma cópia? . E um documento fidedigno ou apresenta falsidades? No entanto é preciso prestar atenção para a complexidade que algumas destas questões envolvem. Por exemplo: um documento original pode conter falsidades ou, inclusivamente, ser falso. Ao invés, uma copia pode reproduzir perfeitamente um original e ter quase o mesmo valor que aquele, em particular se o original já tiver desaparecido. Entretanto, a crítica externa pode ainda subdividir-se em dois tipos: Critica de proveniência e critica de restituição. A) Critica de proveniência A crítica de proveniência ajudar a responder ao seguinte questionário: . Quem redigiu o documento? . Quando e onde? ISCED CURSO: ENSINO DE HISTÓRIA; 10 Ano Disciplina/Módulo: EPISTEMOLOGIA DA HISTÓRIA 45 . Como? . Por que vias o documento nos chegou? Algumas vezes, o investigador, pelo menos aparentemente, tern a tarefa facilitada. Isso sucede quando, no documento, se menciona expressamente: . O autor; . O local e a data de elaboração. Facilitará o trabalho o facto de o documento se encontrar no lugar esperado. Estarão, nas circunstâncias mencionadas, os documentos de certas instituições, caso apresentem os elementos indicados e existam nos respectivos arquivos. Todavia, mesmo nesses casos, há que adoptar a dúvida metódica cartesiana, para averiguar se os dados se adequam a realidade. Como explica Colingwood citado por Mendes (OP. Cit.), o historiador é critico, mas não céptico pois um critico é uma pessoa apta e disposta a reconstruir, para si, os pensamentos de outros para verificar se foram pensados correctamente, ao passo que um céptico e uma pessoa incapaz de fazer isso. Com efeito, mesmo
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