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_'A INTERAÇÃO SIMBÓLICA'

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A INTERAÇÃO SIMBÓLICA 
Designação cunhada por Herbert Blumer ao chamar de “interacionistas simbólicos” os autores 
pragmatistas que compartilhavam uma posição teórica similar em relação ao fenômeno da 
evolução da vida humana, da conduta dos indivíduos e da evolução da sociedade, 
compreendendo-os enquanto processos de interação simbólica. 
 
- A ESCOLA DO INTERACIONISMO SIMBÓLICO: Escola sociológica do fim do século XIX: Charles 
Horton Cooley (1864-1929), W. I. Thomas (1863-1947) e George Herbert Mead (1863-1931). 
Pontos em comum: 
1. Concepção da sociedade como um processo; 
2. Concepção de indivíduo e sociedade como estritamente inter-relacionados; 
3. Aspecto subjetivo do comportamento humano como uma parte necessária no processo de 
formação e manutenção dinâmica do self constituído no social e do grupo social. 
 
FUNDAMENTOS DO INTERACIONISMO SIMBÓLICO 
1. Os seres humanos são seres com capacidade de pensar; 
2. A capacidade para pensar é constituída pela interação social; 
3. Na interação social, as pessoas aprendem os sentidos e os símbolos que lhe permitem 
pensar; 
4. Estes sentidos e símbolos permitem às pessoas desenvolver ações e interações 
distintivamente humanas; 
5. As pessoas são capazes de modificar ou alterar os sentidos e os símbolos que usam pela 
interpretação que fazem da situação; 
6. As pessoas são capazes de fazer essas modificações porque, em parte, são capazes de 
interagir consigo próprias, verificar as vantagens e desvantagens de diversas opções de 
ação e interação e selecionar a que considera como melhor. 
 
GEORGE HERBERT MEAD 
Mead escreveu, no período de 1894 a 1931, mais de sessenta artigos nas mais diversificadas 
áreas, da Física à Filosofia. Deixou valiosas contribuições para a Psicologia e a Sociologia. Já seus 
livros foram publicados apenas após sua morte, fruto de anotações de seus ex-alunos, 
principalmente Charles Morris, que editou e prefaciou Mind, Self and Society, considerada sua 
obra principal. 
 
PRINCIPAL PUBLICAÇÃO: Mind, Self and Society (coleção de aulas ministradas no curso de 
Psicologia Social na Universidade de Chicago) 
Explora a complexa relação entre a sociedade e o indivíduo, expõe a gênese do “self”, o 
desenvolvimento de símbolos significantes e o processo de comportamento da mente. 
Mead referia-se à sua teoria em termos de “behaviorismo social”, entendendo por isto a 
descrição do comportamento do nível humano cujo dado principal é o ATO SOCIAL concebido 
não só como comportamento “externo” observável, como também atividade “encoberta” do 
ato. 
Não reconhece a dimensão social como uma mera influência externa sobre o indivíduo. 
Mead permite uma instintiva investigação compreensiva de aspectos do comportamento. 
 
A SOCIEDADE 
Toda atividade grupal se baseia no comportamento cooperativo. 
A cooperação humana, com sua diversidade de padrões, atesta que os fatores fisiológicos não 
podem explica-la. A associação humana surge somente quando: 
1. Cada ator individual PERCEBE a INTENÇÃO DOS ATOS DOS OUTROS E, ENTÃO 
2. CONSTRÓI SUA própria resposta baseado naquela intenção. 
 
Cada ator precisa entender as linhas de ação dos outros para poder direcionar seu próprio 
comportamento a fim de acomodar-se àquelas linhas de ação. 
 
O COMPORTAMENTO HUMANO NÃO É UMA QUESTÃO DE RESPOSTA DIRETA ÀS ATIVIDADES 
DOS OUTROS, MAS ENVOLVE UMA RESPOSTA ÀS INTENÇÕES DOS OUTROS, OU SEJA, AO 
FUTURO E INTENCIONAL COMPORTAMENTO DOS OUTROS, NÃO SOMENTE ÀS SUAS AÇÕES 
PRESENTES. 
Estas intenções são transmitidas através de gestos que se tornam SIMBÓLICOS, isto é, passíveis 
de serem interpretados. Quando os gestos assumem um sentido comum, ou seja, quando eles 
adquirem um elemento linguístico, podem ser designados de “símbolos significantes”. 
A importância dada à função da linguagem foi descrita por George Mead (1903), ao considerá-
la como o médium fundamental que possibilita a formação do self no processo de interação 
entre o indivíduo e a sociedade. 
ROLE TAKING: O indivíduo deve colocar-se na posição de outra pessoa, deve identificar-se com 
ela. Blumer discute a necessidade das partes interagentes “assumirem o papel do outro”, a fim 
de que as indicações dirigidas à(s) outra(s) parte(s) sejam feitas a partir do ponto de vista desta 
outra parte, de modo que sua intenção seja percebida. A mútua assunção de papeis é uma 
condição sine qua non da comunicação e da interação efetiva de símbolos. 
O ser humano responde a si mesmo da mesma forma que outras pessoas lhe respondem e, ao 
fazê-lo, imaginativamente compartilha a conduta dos outros. 
A individuação, em Mead, não é representada como a auto-realização de um sujeito auto-ativo 
na liberdade e na solidão, mas como um processo linguisticamente mediado da socialização e, 
ao mesmo tempo, da constituição de uma história de vida consciente de si mesma. A identidade 
de indivíduos socializados forma-se simultaneamente no meio do entendimento linguístico com 
outros e no meio do entendimento intra-subjetivo-histórico-vital consigo mesmo. A 
individualidade forma-se em condições de reconhecimento intersubjetivo e de auto-
entendimento mediado intersubjetivamente (Habermas, 1988, pp. 186-187). 
A linguagem, base e instrumento do acervo cultural e simbólico de uma sociedade é o mais 
importante sistema de sinais humano, pois se torna repositório de vários tipos de acumulações 
de significados e experiências que se perpetuam sendo transmitidas para diferentes gerações. 
Para Berger e Luckmann, essa transmissão seria mediatizada pelos “outros significativos”. 
 
O SELF 
Para esse autor, a mente, a consciência e o self são constituídos na convivência social e 
estruturam-se simbolicamente, numa matriz intersubjetiva, o que aproxima o processo de 
individuação ao de socialização. Ele parte da oposição entre as teorias individualistas e sociais 
da pessoa humana, posicionando-se em favor de uma concepção social da emergência do self, 
sem relegar a um segundo plano a dimensão subjetiva. Supera, desse modo, a concepção de 
indivíduo e de sociedade enquanto entes fechados e mutuamente excludentes. 
A sociedade representa, pois, o contexto dentro do qual o self surge e se desenvolve. 
Este desenvolvimento tem início em um estágio de IMITAÇÃO por parte da criança, sem 
qualquer componente significativo. 
Em seguida, ela passa a “assumir o papel de outros” em relação a si própria (a mãe, a 
professora...). 
Quando a criança é capaz de fazer o jogo de diferentes papeis, ela já constrói o que Mead chama 
de “outro generalizado” ou papel coletivo, o que ela adquiriu no curso de sua associação com 
os outros e cujas expectativas ela internalizou. 
A formação na consciência do outro generalizado marca uma fase decisiva na socialização. 
Implica a interiorização da sociedade enquanto tal e da realidade objetiva nela estabelecida e, 
ao mesmo tempo, o estabelecimento subjetivo de uma identidade coerente e contínua. A 
sociedade, a identidade e a realidade cristalizam subjetivamente no mesmo processo de 
interiorização. (Berger & Luckmann, 1966/2004, p. 179). 
O conceito de Mead de outro generalizado se constitui em um elemento de mediação entre o 
indivíduo e a sociedade, ou seja, é a forma concreta com que esta opera sobre aquele. “No 
pensamento abstrato o indivíduo adota a atitude do outro generalizado” (Mead, 1972, p. 155). 
Mead, pesquisando sobre a formação social do self, ressalta a importância constitutiva de 
sermos capazes de nos colocar no lugar do outro pela assimilação ampla de papéis sociais; 
advém daí sua análise sobre o caráter funcional das brincadeiras e dos jogos infantis, 
subdivididos, por ele, didaticamente, em dois estágios (play e game). No primeiro estágio, a 
criança se relaciona com sua sociedade à medida que toma para si papéis sociais; é capaz, em 
brincadeira, de tornar-se, descompromissadamente, médica, mãe, motorista, jogador, 
professora, etc. Já no segundo estágio,a criança começaria a participar do jogo com regras, 
como no esporte, por exemplo, que determinaria os padrões de comportamento de todos 
integrantes da interação, possibilitando-a controlar sua conduta nos processos sociais, tendo 
por referência, o ponto de vista do todo integrado de sua comunidade, do outro generalizado. 
Berger e Luckmann (1995) debatem essa “adequação” aos papéis sociais, destacando a 
importância social das instituições, construídas historicamente pelas tradições e hábitos, por 
dotarem as pessoas de significado e sentido para a vida, configurando valores que serão 
aplicados para regularem a vida social e individual. 
Os autores compartilham a ideia meadiana de que o sujeito, para pertencer a um grupo social, 
de certo modo, precisa reproduzir valores e símbolos compartilhados pela coletividade na qual 
se insere, adaptando-se a ela, mas afirmando-se como indivíduo autônomo lutando contra a 
coletivização massificada. Para Mead, o self capaz de promover essa integração grupal, mas 
resistindo às atitudes coletivas e afirmando sua singularidade é constituído por dois 
componentes indissociáveis: o “me” e o “eu”. 
O “me” consiste na reprodução de reações socialmente construídas e organizadas, na 
internalização do outro generalizado, na identificação do sujeito com sua comunidade cultural. 
O “eu” é a reação inusitada, criativa e original do sujeito diante das ações da sociedade, 
transformando-a; representa as atitudes novas assumidas e criadas pelo indivíduo diante das 
reações sociais formalizadas. 
Nem o self, nem o ato social são estáticos. Eles evoluem ou se modificam de acordo com as 
mudanças nos padrões e nos conteúdos das interações que o indivíduo experencia, não só com 
os outros, como consigo mesmo. 
 
A MENTE 
A mente emerge da sociedade-interação social que, usando os cérebros (aparatos biológicos), 
forma a mente. Ela surge do processo social de comunicação. 
É a interação simbólica, interposta como uma parte integral do ato, que constitui a mente. 
A mente é concebida por Mead como um processo que se manifesta sempre que o indivíduo 
interage consigo próprio usando símbolos significantes. 
O organismo seleciona aqueles estímulos que são relevantes para suas necessidades, rejeitando 
outros que considera irrelevantes. Todo comportamento implica em uma percepção seletiva de 
situações. 
 
A NATUREZA DA INTERAÇÃO SIMBÓLICA 
Segundo Blumer: 
1. O ser humano age com relação às coisas na base dos sentidos que elas têm para ele. 
Estas coisas incluem todos os objetos físicos, outros seres humanos, categorias de seres 
humanos (amigos ou inimigos), instituições, ideias valorizadas (honestidade), atividades 
dos outros e outras situações que o indivíduo encontra na sua vida cotidiana. 
2. O sentido destas coisas é derivado, ou surge, da interação social que alguém estabelece 
com seus companheiros. 
3. Estes sentidos são manipulados e modificados através de um processo interpretativo 
usado pela pessoa ao tratar as coisas que ela encontra. 
 
A utilização de sentidos, entretanto, envolve um processo interpretativo que acontece 
em duas etapas. 
1. O ator indica a si mesmo as coisas em direção das quais ele está agindo, ele aponta 
a si mesmo as coisas que têm sentido. 
2. Em virtude desse processo, a interpretação passa a significar a forma de 
manipulação de sentidos, ou seja, o ator seleciona, checa, suspende, reagrupa e 
transforma os sentidos à luz da situação na qual ele está colocado e da direção de 
sua ação. 
O sentido dos objetos para uma pessoa surge fundamentalmente da maneira como eles lhe são 
definidos por outras pessoas que com ela interagem, consistindo o meio circundante de 
qualquer pessoa, unicamente dos objetos que esta pessoa reconhece. Assim, para que se 
compreenda a ação das pessoas, é necessário que se identifique seu mundo de objetos. 
A vida de um grupo humano dentro da perspectiva interacionista representa um vasto processo 
de formação, sustentação e transformação de objetos, na medida em que seus sentidos se 
modificam, modificando o mundo das pessoas. 
Nas ações coletivas, é permitido ao indivíduo partilhar sentidos comuns e preestabelecidos 
sobre as expectativas de ação dos participantes e, consequentemente, cada participante é capaz 
de guiar seu próprio comportamento à luz destes sentidos. 
 
PARA LER MAIS: 
http://www.scielo.br/pdf/psoc/v23n2/a18v23n2.pdf 
 
http://www.scielo.br/pdf/psoc/v23n2/a18v23n2.pdf

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