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3 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA CENTRO DE ARTES HUMANIDADES E LETRAS CURSO DE GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA GIDELCIO FERREIRA DOS SANTOS ASPECTOS DAS PRÁTICAS DO POPULISMO: NA CIDADE DE SÃO FÉLIX (1951-1954) Projeto de Pesquisa Cachoeira 2019 GIDELCIO FERREIRA DOS SANTOS ASPECTOS DAS PRÁTICAS DO POPULISMO: NA CIDADE DE SÃO FÉLIX (1951-1954) Projeto de Pesquisa submetido a Coordenação do Curso de Licenciatura em História da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, como requisito parcial para obtenção do título de Licenciado em História. Orientador: Prof. Dr. Antonio Liberac Cardoso Simões Pires Cachoeira 2019 GIDELCIO FERREIRA DOS SANTOS ASPECTOS DAS PRÁTICAS PO POPULISMO: NA CIDADE DE SÃO FÉLIX (1951-1954) Projeto de Pesquisa submetido a Coordenação do Curso de Licenciatura em História como requisito parcial para obtenção do título de Licenciado em História pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia/UFRB. Aprovado em ______de ______________de 2019. COMISSÃO EXAMINADORA ___________________________________________ Prof. Dr. Antonio Liberac Cardoso Simões Pires (UFRB) ___________________________________________ Prof. Drª. Rosy de Oliveira (UFRB) ___________________________________________ Prof. Dr. Gabriel da Costa Ávila (UFRB) Cachoeira 2019 RESUMO Este projeto de pesquisa tem como objetivo realizar uma discussão sucinta sobre as formas de dominação política. Pretende-se estabelecer deste modo uma relação entre as notícias contidas nos jornais e o populismo varguista e sua influência na sociedade analisando os aspectos das práticas do populismo na cidade de São Félix no período compreendido entre 1951-1954, tendo como objetivo principal avaliar o direcionamento político através da abordagem qualitativa das notícias do Jornal Correio de São Félix. Desta forma, avaliando a produção da notícia e as relações entre os grupos de poder e as classes populares na determinação dos conteúdos e realizando um cruzamento entre a bibliografia e as fontes, investigando a influência do discurso varguista sobre os jornais no contexto regional. Assim explorando os debates historiográficos sobre traços autoritários, partindo da análise de como estas notícias eram direcionadas com o objetivo de alcançar um público especifico na “construção da realidade” e a determinação do conteúdo. PALAVRAS – CHAVE: Populismo. Autoritarismo. São Félix. ABSTRACT This research project aims to perform a brief discussion about the forms of political domination. It is intended to establish a relationship between the news contained in the newspapers and the Varguista populism and its influence on society by analyzing the aspects of the practices of populism in the city of São Félix in the period 1951-1954, having as main objective to evaluate the political direction through the qualitative approach of news from the newspaper Correio de São Félix. In this way, evaluating the production of news and relations between the groups of power and the popular classes in the determination of content and performing an intersection between the bibliography and sources, investigating the influence of speech varguista on newspapers in the regional context. So exploring the historiographical debates about authoritarian traits, based on the analysis of how these news were targeted with the aim of reaching a specific audience in “construction of reality” and the determination of the content. KEY – WORDS: Populism. Authoritarianism. São Félix. SUMÁRIO INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 07 OBJETIVOS ............................................................................................................ 09 2.1 Geral ......................................................................................................................... 09 2.2 Específico .................................................................................................................. 09 JUSTIFICATIVA .................................................................................................... 10 METODOLOGIA ................................................................................................... 14 CRONOGRAMA .................................................................................................... 28 ANEXOS .................................................................................................................. 29 BIBLIOGRAFIA ..................................................................................................... 30 FONTES ................................................................................................................... 31 1. INTRODUÇÃO O populismo é um fenômeno com características sociais e políticas, recorrente em diversos contextos históricos na: Europa; Ásia; África e América Latina. Este fenômeno caracteriza-se principalmente pela dominação carismática, ou seja, ideológica pautado nas relações de dominação e subordinação. No contexto nacional Maria Ligia Prado (1981 afirma que. “De modo geral, denomina-se governos populistas de Getúlio Vargas (1930-1945/1951-1954) e o de João Goulart (1961-1964) no Brasil [...]”. (PRADO, 1981, p. 09). Portanto busca-se analisar a influência política sobre a imprensa do município de São Félix, realizando uma abordagem de seus efeitos no âmbito social, refletidos em uma consciência ou cultura de classe. Nessa perspectiva E. P. Thompson afirma. Evidentemente a consciência, seja como cultura não autoconsciente, ou como mito, ou como ciência, ou lei, ou ideologia articulada, atua de volta sobre o ser, por sua vez: assim como o ser é pensado, também o pensamento é vivido - as pessoas podem, dentro de limites, viver as expectativas sociais ou sexuais que lhes são impostas pelas categorias conceptuais dominantes. (THOMPSON, 1981, p. 17). Assim diante da expressividade histórica de Getúlio Vargas na política brasileira do século XX. “Getúlio ascendeu ao governo em fins de 1930, com a vitória da revolução e, até agosto de 1954, quando a morte foi a saída que encontrou para a crise política que envolveu o poder, figurou sempre como personalidade central da vida política brasileira. ”. (SODRÉ, 2002, p. 352). Pretende-se estabelecer uma relação de causalidade entre o agente Getúlio Vargas e a influência política sobre os meios de comunicação (jornais) da cidade de São Felix. Nesse sentido o objetivo deste projeto de pesquisa é analisar os aspectos das práticas do populismo, através do posicionamento político dos editores[footnoteRef:1] do Jornal Correio de São Félix durante o governo populista de Getúlio Vargas (1951-1954). Analisando principalmente a biografia de Luiz Gonzaga Dias (editor chefe), realizando uma abordagem qualitativa das notícias jornalísticas no âmbito local. Ressaltando que J.B. Lima e José Brasil desempenhavam um papel secundário de atuação na publicação das notícias. [1: Editores do Correio de São Félix no período 1951-1954: Luiz Gonzaga Dias; J.B. Lima; José Brasil.] O jornal e o rádio na década de 1950, representavam os meios de comunicação de massa mais eficazes no processo de transmissão das notícias. Este viés representativo dos meios de comunicação (jornal/rádio) faz parte dos processos que são construídos politicamente e socialmente. As notícias dos jornais funcionavam como porta voz de um indivíduo ou de um grupo, as publicações jornalísticas de modo geral representavam os interesses de uma classe hegemônica, influenciadas pelo Estado ou Instituições. A imagem e o nome de Getúlio Vargas tornaram-se indissociáveis das manchetes dos jornais, compondo um cenário de representações simbólicas. Nessa perspectiva, os jornais correspondem a uma importante fonte histórica de pesquisa. Segundo estudos de Carla Bassanezi Pinsk. “O estatuto da imprensa sofreu deslocamento fundamental ainda na década de 1970: ao lado da História da imprensa e por meio da, o próprio jornal tornou-se objeto da pesquisa histórica.”[footnoteRef:2]. (PINSKY, 2006, p.118). [2: Grifo no original.] A pesquisa se dará através da investigação dos conteúdos dos periódicos e da análise do posicionamento político dos editores do Jornal Correio de São Félix. Deste modo analisando os processos da comunicação. Portanto através da análise das fontes, pretendendo estabelecer uma relação entre as formas de dominação e a utilização dos meios de comunicação, principalmente a imprensa escrita no período compreendido entre os anos de 1951-1954, através da produção das notícias, funcionando como meio de comunicação de controle das massas, mecanismo usual utilizado neste tipo de governo populista. O enfoque nas questões sociais e das estruturas políticas e a construção de ideologias políticas, estabelecem elementos fundamentais para compreensão e desenvolvimento deste projeto. Ao realizar uma análise do município de São Félix através de fontes documentais tomando como referência os jornais da época (1951-1954) que encontram-se disponíveis no Arquivo Público Municipal de São Félix (APMSF) pretende-se estabelecer uma relação entre a “Cultura Política” e as relações sociais. Sendo os jornais instrumentos eficazes de manipulação e controle, que aliados à vinculação da notícia, partindo da análise de Como? e Porquê? Estas notícias eram de certa maneira propositalmente direcionadas com o objetivo de alcançar um público especifico, pretende-se analisar seus efeitos no contexto do município de São Félix. Deste modo busca-se analisar o posicionamento político dos editores do Jornal Correio de São Félix, no período do governo populista de Vargas, em um terreno de contradições e afirmativas, dialogadas com o bloco de poder hegemônico e os movimentos sociais. Assim observando de que maneira este posicionamento dos editores, contribuíram ou não para a manutenção da ideologia populista. 2. OBJETIVOS 2.1 Geral 1. Analisar os aspectos das práticas populistas através dos jornais da cidade de São Félix. 2.2 Específicos 1. Realizar uma abordagem sucinta das práticas do populismo em São Félix. 2. Analisar a ideologia dos editores do Jornal Correio de São Félix. 3. Analisar como aparecem as notícias sobre os diversos movimentos sociais. 4. Analisar aspectos do contexto político de São Félix. 5. Analisar as influências do populismo nas relações políticas de São Félix. 3 JUSTIFICATIVA Um dos motivos para a realização deste projeto de pesquisa, foi o interesse pela análise das questões políticas e sociais. O município de São Félix - Ba, preenche as expectativas da realização de uma pesquisa direcionada ao contexto local. Deste modo buscando a compreensão dos aspectos das práticas populistas e seus reflexos sociais no município durante a segunda metade do século XX. Desta forma, tendo como propósito manifestar um sentimento de valorização e resgate da memória de São Félix, buscando contribuir com os estudos da história local de uma cidade pioneira segundo manchete da Revista Panorama. São Félix foi a primeira cidade brasileira a ser emancipada pelo regime republicano. Coube ao Governador Manoel Vitorino Pereira assinar o Ato de número 4, em 20 de dezembro de 1889, desmembrando seu território do de Cachoeira. Não se compreende a natureza de um povo se não se mergulhar atentamente em seu passado, remontando fatos que formam o perfil e sua personalidade física e jurídica. (REVISTA PANORAMA DA BAHIA, Nº 116, 1989, p. 04). Destacar a cidade de São Félix como o “primeiro” município a emancipar-se apôs a proclamação da República, cumpre um papel significativo para o desenvolvimento deste projeto. Os processos de emancipação política relacionam-se diretamente com a formação social. Desta forma questiona-se. Qual a influência das práticas populistas varguista na organização política e social do município de São Félix? Quais as relações que se estabelecem entre o discurso e a performance carismática? Quais fatores influenciaram a produção da notícia nos jornais da cidade de São Félix no período do governo populista de Vargas? Estas questões serão problematizadas durante a investigação e análise de fontes. Tendo como objetivo, oferecer uma análise das práticas do populista varguista no contexto da história local. As abordagens e estudos mais aprofundados sobre o populismo, tiveram início na década de 1950. Este Projeto de Pesquisa utilizar-se-á como suporte bibliográfico concepções sobre o populismo de autores como: (Maria Lígia Coelho Prado, 1981; Nelson Werneck Sodré, 2002: Francisco Corrêa Weffort ,2003). Tomando por base os conceitos de “populismo” para discutir questões relativas a recorrência deste fenômeno político (Maria Lígia Coelho Prado, 1981). A autora ressalta as caraterísticas comuns destes movimentos, situando-os dentro de um contexto histórico, de uma transição ou passagem de uma sociedade tradicionalmente agraria, para uma sociedade urbana e industrial. Segundo Nelson Werneck Sodré. Getúlio Vargas, era quem “atendia” melhor as expectativas governamentais do Brasil em 1950. Ou seja, diante do quadro de contradições da época, que caracterizavam-se por manobras políticas, que apoiavam-se em bases populares. Francisco Corrêa Weffort, complementa estes estudos sobre o populismo, afirmando que. “O populismo brasileiro, em qualquer de suas formas, só pode ser compreendido adequadamente como expressão política de interesses determinados de classe. ”. (WEFFORT,2003, p. 25). Nesse sentido torna-se necessário analisar a relevância dos efeitos sociais, desta forma de dominação política. Ressaltando que estes estudos sobre o populismo, possibilitaram uma análise mais genérica do tema proposto e delineiam as práticas populistas dentro de uma análise global (macro). Neste sentido, objetivando uma análise mais especifica (contexto local) deslocaremos a análise para o cenário da cidade de São Félix, explorando assim suas especificidades. Getúlio Vargas causou grande furor na sociedade são-felista, quando visitou as instalações da Fábrica de charutos Dannemann em 1933. Figura 1– “Desembarque de Getúlio Vargas na cidade de São Félix 1933. ”. Fonte: APMSF. Série: Fotos de Políticos. Est 35. CX. 06. A visita de Getúlio Vargas ao município de São Félix em 1933, foi proposital devido ao desenvolvimento econômico da indústria fumageira e a localização estratégica, colocavam o município de São Feliz em uma posição de destaque no recôncavo baiano. São Félix – O município de São Félix está cravada entre o rio e a serra. Do lado direito tem o Paraguaçu, rio que reflete a imagem da cidade vizinha. O município teve importante função de terminal tropeiro, pois dela partia a Estrada das Minas, que passava por Rio de Contas, na Chapada Diamantina, chegando até Minas Gerais e Goiás, usada para fazer transporte de diversos tipos de cargas, com uma história muito parecida à de Cachoeira foi durante o século XVIII e a primeira metade do século XIX que a povoação de São Félix experimentou seu maior desenvolvimento, resultante da atividade comercial, mais precisamente a produção fumageira. (CRUZ, 2014, p.134). Assim realizando uma análise sucinta do populismo, abordando as especificidades deste fenômeno no município de São Félix durante o governo de Getúlio Vargas (1951-1954). A análise das fontes tem como principal objetivo avaliar as relações instituídas entre os meios de comunicação (jornais) são-felistas e o populismo varguista. A análise do Jornal Correio de São Félix, seguira informações e conceitos referenciados quanto: “A imprensa como objeto”. (Carla Bassanezi Pinsk, 2006). “Os grupos de poder e as determinações de conteúdo”. (Gisela Svetlana Ortriwano, 1985). “A construção da notícia”. (Miquel Rodrigo Alsina, 2009) e “Imprensa e contexto”. (Juvenal Zanchetta, 2004). “A apuração da notícia”. (Luiz Costa Pereira Junior, 2006). A região do recôncavo da Bahia, é conhecida historicamente como um local de grande desenvolvimento econômico e de resistências, palco de grandes transformações sociais. “Rebelião escrava no Brasil”. (João José Reis, 2003). Os levantes e insurgências transformaram as relações políticas escravocratas e sociais. Assim ressaltando a importância econômica do recôncavo e o papel do negro nos movimentos sociais. A província da Bahia era no século XIX uma das mais prósperas regiões canavieiras das Américas. Os engenhos de açúcar, movidos pela mão-de-obra escrava, estavam localizadas sobretudo no Recôncavo, região fértil e úmida que abraça a Baía de Todos os Santos. Salvador, então mais conhecida como Cidade da Bahia, ocupa um dos extremos desse conjunto geográfico que impressionou tantos visitantes estrangeiros por sua beleza. (REIS, 2003, p. 19). Ao resgatar as memórias do recôncavo e sua importância para o contexto nacional brasileiro, necessariamente incluo São Félix neste contexto. (Stuart B. Schwartz, 1988). “Segredos Internos: engenhos e escravos na sociedade colonial, 1555-1835. ”. A abordagem sobre história e memória serão fundamentadas em conceitos relativos a: “memória como propriedade”. (Jacques Le Goff, 2003). Para analisar conceitos sobre “trajetória” e “biografia”. (Marieta de Morais Ferreira e Janaína Amado, 2006). Para avaliar o posicionamento político dos editores do Jornal Correio de São Félix, transcrever-se-á as notícias que se relacionam como a “Cultura Política”, ou seja estudos referenciados quanto ao conjunto de condutas, doutrinas, determinações e concepções políticas participadas pela maioria dos membros de uma determinada sociedade ou nação. Utilizando como fundamentação teórica debates historiográficos sobre: 1. Poder simbólico (Pierre Bourdieu, 2007). 2. Mitos; Emblemas; Sinais (Carlo Ginzburg, 1989). 3. Logica histórica e História como processo (E. P. Thompson, 1981). 4. Política e Estado (Antonio Gramsci, 1980). Desta forma, buscando explorar os debates historiográficos sobre traços autoritários e suas práticas vamos aprofundar estudos sobre: a) Cultura política. b) Conceito de Populismo. c) Controle social. d) Imaginário popular. Estes estudos bibliográficos conduziram a análise dos acontecimentos e fatos, através de uma investigação lógica. Para E. P. Thompson deve-se seguir um método de investigação histórica. O objeto imediato do conhecimento histórico (isto é, o material a partir do qual esse conhecimento é aduzido) compreende “fatos” ou evidencias, certamente dotados de existência real, mas que só se tornam cognoscíveis segundo maneiras que são, e devem ser, a preocupação dos vigilantes métodos históricos. (THOMPSON, 1981 p. 49). Em resumo E. P. Thompson, aponta para a necessidade da realização de uma investigação, que teste as hipóteses, estrutura e causação dos eventos históricos. As práticas políticas só podem ser compreendidas e analisadas, no instante em que são exercidas. A dominação política “Corresponde a uma imposição de interesses de uma classe hegemônica. ”. (Antonio Gramsci,1980). A formação da cultura política para Pierre Bourdieu (2007) corresponde diretamente a “A construção da realidade”. Esta construção se dá através dos logos (discurso). Política e Estado para Antonio Gramsci são “indissociáveis”. Ou seja existe um nexo entre política e controle social. Correspondendo a “interesses” e “decisões”, de classes dominantes. Questões políticas, necessariamente envolvem questões sociais e compõem o imaginário popular. “Mitos, emblemas, sinais”. (Carlo Ginzburg, 1989). Este Projeto de Pesquisa, justifica-se por apresentar viabilidade e facilidade de realização da pesquisa, devido a simplicidade de acesso as fontes que encontram-se no Arquivo Público Municipal de São Félix, dispostos de maneira organizadas com: fotos, documentos e jornais da época que se propôs estudar (1951-1954). 4 METODOLOGIA A metodologia utilizada neste projeto será fundamentada na pesquisa qualitativa das fontes (jornais) através da avaliação das intenções e/ou comportamentos políticos dos editores do Jornal Correio de São Félix[footnoteRef:3]. Buscando avaliar os efeitos das práticas populistas no município de São Félix no período compreendido entre 1951 e 1954. [3: Jornal intitulado como: “Jornal Independente, Noticioso Literário. ”.] São Félix é um município do estado da Bahia, localizado na região geográfica do Recôncavo, fica à margem direita do Rio Paraguaçu, emancipado politicamente em 1890. Sua formação territorial deve-se principalmente a instalação de engenhos de cana-de-açúcar no recôncavo baiano no século XVI. Destacou-se no desenvolvimento da indústria fumageira, com a instalação das fábricas de charutos Suerdieck, Dannemann, Costa Ferreira & Penna[footnoteRef:4]. [4: APMSF. As Efemérides Sanfelixtas,1953. pp. 01-02. Júlio Ramos de Almeida.] Para entender a dinâmica política do município faz-se necessário destacar sua relevância no contexto geral do Recôncavo da Bahia, região onde se intensificaram os movimentos de independência da Bahia (2 de julho 1822) e do Brasil (7 de set de 1822). O Recôncavo da Bahia é local de diversidades étnicas e culturais, esta diversidade é representada pela participação decisiva de pardos e negros nos movimentos de independência. Os debates sobre a história coletiva, possibilitam o estudo de suas dimensões e formas o resgate da memória de uma história própria (São Félix) no período de 1951 a 1954, preenche uma lacuna. Pois não existem estudos, trabalhos acadêmicos sobre o período proposto neste projeto de pesquisa, no âmbito da história local. Existem trabalhos relativos ao recôncavo de forma geral. “Rebeliões escravas”. (João José Reis (2003); “Segredos Internos: engenhos e escravos na sociedade colonial, 1555-1835.”. (Stuart B. Schwartz, 1988) e uma gama de trabalhos de memorialistas[footnoteRef:5]. [5: Jacques Le Goff (2003), é um dos autores deste campo historiográfico.] Quanto a finalidade, este projeto busca apenas aprofundar o conhecimento cientifico sobre o fenômeno do populismo. Desta forma abordando as especificidades do município de São Félix durante o governo populista de Getúlio Vargas. A priori pretende-se contextualizar as práticas do populismo no âmbito local da cidade de São Félix na década de 1950. A década de 1950 apresentou um cenário de mudanças nas classes sociais. Ou seja, iniciou-se uma diminuição do controle de seus mecanismos (liderança; autoridade, privilégios). Desta forma contextualizando estes mecanismos citados quanto a seus efeitos na organização política da sociedade são-felista. Assim ao analisar e interpretar as ideologias políticas (símbolos, códigos) e seus efeitos na sociedade, tomando como referência as ações protagonizadas por Getúlio Vargas, através de suas medidas governamentais, analisar-se-á seu discurso no período, correlacionando estes elementos com a análise das fontes (jornais, fotos) da época que demostrem os efeitos de suas ações no contexto local da cidade de São Félix. Em um segundo momento avaliar-se-á os conteúdos do Jornal Correio de São Félix, utilizando como referência bibliográfica autores como: (Carla Bassanezi Pinsk, 2006; Gisela Svetlana Ortriwano, 1985; Miquel Rodrigo Alsina, 2009; Juvenal Zanchetta, 2004 Luiz Costa Pereira Junior, 2006). Complementado a análise, utilizar-se-á estudos historiográficos de autores como: (Pierre Bourdieu, 2007; Carlo Ginzburg, 1989: E. P. Thompson ,1981; Antonio Gramsci, 1980). Estudos sobre memória (Jacques Le Goff, 2003); biografia. (Marieta de Morais Ferreira e Janaína Amado, 2006) serão importantes para a compreensão das trajetórias individuais. Estes estudos possibilitam uma análise epistemológica dos métodos (padrões) mais utilizados no campo historiográfico. A título de exemplo temos o padrão “Indiciário” abordado amplamente por Carlo Ginzburg. “A análise desse paradigma, amplamente operante de fato, ainda que teorizado explicitamente, talvez possa ajudar a sair do incômodo da contraposição entre “racionalismo” e “irracionalismo”. (GINZBURG, 1989, p. 143). Os métodos e padrões utilizados no campo historiográfico substituem as avaliações meramente empíricas de conhecimento. As formas empíricas de estudo baseiam-se nas experiências e na observação. Portanto incapazes de fornecer por si só uma comprovação cientifica, mas são elementos chaves na produção do conhecimento. O método indiciário preenche os requisitos avaliativos de pesquisa, por basear-se em circunstâncias ou sinais, que possibilitam inferir e conjecturar sobre determinado fato, ou acontecimento histórico. Ao realizar uma análise formal dos periódicos, avaliando o posicionamento político dos editores do Jornal Correio de São Félix, principalmente de Luiz Gonzaga Dias (Gonzaga Dias), necessariamente não estamos isolando estes personagens do contexto geral. Jacques Le Goff, afirma que as percepções (indenitárias) que identificam algo ou alguém, são partes integrantes da memória enquanto domínio intelectual. “A memória, como prioridade de conservar certas informações, remete-nos em primeiro lugar a um conjunto de funções psíquicas, graças às quais o homem pode atualizar impressões ou informações passadas, ou que ele representa como passadas.”. (LE GOFF, 2003, p. 419). Os estudos históricos sobre memória segundo, Marieta de Moraes Ferreira e Janaína Amado cumprem dois papeis fundamentais. “Em uma, a memória é invocada para subverter as afirmações da história ortodoxa, na outra os estudos histéricos ganharam impulso por sua capacidade de subverter as categorias, as suposições e as ideologias das memórias culturais aceitas e dominantes.”. (FERREIRA; AMADO, 2006 p .75). Apresento a seguir o protagonista na produção da principal fonte histórica a ser analisada: Luiz Gonzaga Dias[footnoteRef:6] editor chefe do Jornal Correio de São Félix, entre 1951 e 1954. Gonzaga Dias foi um dos principais representantes políticas do município de São Félix. Vereador da cidade por 29 anos ininterruptos de 1951 a 1980. Presidente da câmara de vereadores por 17 anos (1963/1980), consecutivos e Prefeito substituo em 1971. [6: “Luiz Gonzaga Dias nasceu em 04 de agosto de 1911 nesta cidade de São Félix, casou com a senhora Aristotelina dos Anjos Dias, tendo 12 filhos. Viveu sempre a sua vida nesta cidade com a sua profissão de jornalista fincando, 34 anos na direção do Jornal Correio de São Félix, poeta, escritor, funcionário público, sendo o primeiro diretor da Biblioteca municipal de São Félix e prefeito substituto em 1971. O nosso jornal foi fundado em 29 de abril de 1934 pelo jornalista Antonio Antydio Luiz, com edições semanais, em 22 de agosto de 1944 a direção do jornal é destinada à Luiz Gonzaga Dias, falecendo em 12 de agosto de 1980. ”. (APMSF. Série: Bibliografias. Luiz Gonzaga Dias.).] A biografia de Gonzaga Dias, preenche as expectativas deste projeto de pesquisa quanto a realização de uma análise especifica individual. Ao recorrer a esta análise biográfica de Gonzaga Dias, busca-se relatar um fato histórico. Sobre a importância do uso da biografia temos a afirmativa. Em certos casos, recorre-se a ela para sublimar a irredutibilidade dos indivíduos e de seus comportamentos e sistemas normativos gerais, levando em consideração a experiência vivida; já em outros, ela é vista como o terreno ideal para provar a validade de hipóteses cientificas concernentes às práticas e ao funcionamento efetivo das leis e das regras sociais. (FERREIRA; AMADO, 2006, p. 167). A reprodução do discurso político-social no Jornal Correio de São Félix, correspondem, portanto, a uma importante fonte de análise: (a) política; (b) credibilidade. a) “As renovações no estudo de História política, por sua vez, não poderiam dispensar a imprensa, que contidamente registra cada lance dos embates na área do poder. ”. (PINSKY, 2006, p.128). b) “CREDIBILIDADE é uma das palavras centrais para a imprensa. Para que um veículo de imprensa se consolide, é fundamental que ele seja respeitado pelo público que pretende atingir.”. (ZANCHETTA, 2004, p. 12). Desta forma, pretende-se analisar os padrões constitutivos das notícias, que seguem, portanto, um padrão. “[...] a construção do discurso jornalístico se compõe um pouco de três fases que, por sua vez, estão correlacionados, são elas: a produção, a circulação e o consumo ou reconhecimento.”. (RODRIGO ALSINA, 2009, p. 19). A biografia de Gonzaga Dias demostrou clara influência ideológica ao reproduzir o discurso do presidente (Getúlio Vargas); Gonzaga Dias também o construía estabelecendo assim uma identificação pessoal, selecionados fatos específicos (político-sociais) determinando como a realidade deveria ser apresentada ao público leitor. Para Luiz Costa Pereira Junior significa dizer que. “Se um acontecimento vira imagem-semelhança de quem o narra, se há tantos fatos quanto jornalistas para contá-los, se o real é na verdade discurso, então o próprio significado do termo “acontecimento” muda de figura. ”. (PEREIRA JUNIOR, 2006, p. 24). Ao realizar uma análise biográfica, o historiador deve estar atento ao risco da “ilusão biográfica”. “O sujeito e o objeto da biografia (o investigador e o investigado) têm de certa forma o mesmo interesse em aceitar o postulado do sentido da existência narrada (e, implicitamente, de qualquer existência). (FERREIRA; AMADO, 2006 p. 184). Ou seja, o investigador deve extrair uma lógica, através de suposições e questionamentos fundamentados em métodos científicos e não somente “postular”; acreditando que o fato ou evento a priori seja reconhecidamente verdadeiro. As notícias produzidas por Gonzaga Dias, constroem de certa maneira uma realidade social. “Por uma parte, fica estabelecido que a mídia tende a construir uma realidade aparente, uma ilusão. Para alguns, a mídia manipula e distorce a realidade objetiva.”. (RODRIGO ALSINA, 2009, pp. 45-46). Estas construções segundo Pierre Bourdieu, são subjetividades estruturantes. “Nesta tradição idealista, a objectividade do sentido do mundo define-se pela concordância das subjctividades estruturantes (senso= consenso).”. (BOURDIEU, 2007, p. 08). Ou seja, que reduzem a realidade ao pensamento. Além de posicionar-se no âmbito político, Gonzaga Dia utilizava o jornal para defender seus interesses como funcionário público municipal. “A posição do funcionário como vereador face a constituição. O espírito da Lei vem sendo desvirtuado pela interpretação variada de textos constitucionais. ”. (APMSF. Jornal Correio de São Félix, Nº 811, p, 01, 1951. Est. 38. Luiz Gonzaga Dias). Esta dualidade de Gonzaga Dias (funcionário público / vereador) esclarece em muito no entendimento, do caráter intencional de suas publicações Assim, agindo de forma intencional Gonzaga Dias “transforma” o real em fato. Os acontecimentos são, assim, produtos de estratégias. Aquilo que se considera como o real começa a virar “fato” ao ser “enquadrado” por certas convenções e procedimentos. Para “acontecer”, a “realidade” tem de ser embalada, codificada, alvo de decisões e exclusões, produto de procedimentos e movimentos de todo modo arbitrário. Aprendemos não tudo, mas apenas o que está disponível. (PEREIRA JUNIOR, 2006, p. 25). Resumidamente Gonzaga Dias, apresenta uma “segmentação” dos fatos. Segundo Luiz Costa Pereira Junior. “Sabemos que a notícia segmenta o fenômeno ocorrido e o transforma em fato. Ela primeiro, o padroniza: o fenômeno deve virar uma unidade manufaturável, apta a ser trabalhada como produto.”. (PEREIRA JUNIOR, ibid., p.27). A prática populista ganhara mais força após a posse, Getúlio Vargas utilizava-se de seu carisma pessoal e do oportunismo de suas propostas. O presidente buscava nas alianças o alicerce de seu governo, principalmente com o Partido Social Democrático (PSD) e o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Os ideais patrióticos do populismo varguista, foram engendrados nas campanhas nacionalistas que foram orquestradas a partir de 09 de agosto de 1950. Estas campanhas eleitorais funcionavam como um carro-chefe de seu populismo, ou seja o ponto mais significativo de interesse e atuação de Getúlio Vargas. O pleito eleitoral de 1950 seguiu o roteiro baseado nestas questões sociais, com cunho populista. “O candidato Getúlio Vargas fizera a campanha eleitoral declarando que “o povo brasileiro” ia subir as escadarias do Catete com ele. ”. (TAVARES, 2008, p. 469). Tanto o governador da Bahia Regis Pacheco, quanto o prefeito de São Félix, Oscar Ribeiro Gonçalves: pertenciam a “situação” - Partidos ou grupo de partidos que intitulam-se favoráveis ao governo. Representados principalmente pelo PSD e o PTB, que deram suportes ao governo de Getúlio Vargas. O município de São Félix contava também como o apoio do deputado Federal Joel Presidio.[footnoteRef:7] [7: O deputado Federal Joel Presidio vice-líder da bancada do PTB, representava o município de São Félix na Câmara dos Deputados.] Figura 2–“ Visita de políticos são-felistas ao Presidente Getúlio Vargas (1952) ”. Da esquerda para direita Natanael Rubens Ribeiro; Getúlio Vargas: Oscar Ribeiro; Joel Presidio. Fonte: APMSF. Série: Fotos de Políticos. Est 35. Cx. 06. Uma das caraterísticas marcantes do populismo brasileiro, é a relação histórico-social com as massas. Segundo Francisco Corrêa Weffort. “Em um dos seus aspectos, o populismo brasileiro é, por certo, um fenômeno de massas. “Mas no sentido preciso de que classes sociais determinadas tomam, em dadas circunstancias históricas, a aparência de massa.”. (WEFFORT,2003, p. 26). Esta relação social estabelecida com as massas operarias, também apresentavam um viés político[footnoteRef:8] especifico. Francisco Corrêa Weffort, aponta para a necessidade de analisar a natureza do fenômeno do populismo. Distinguindo as instâncias “político” e “social”, sendo a primeira a mais substancial. “Distinguir a instância política é um pré-requisito importante no caso[...]. (WEFFORT, ibid., p. 27). [8: Neste sentido Francisco Corrêa Weffort afirma que. “Deste modo, ao mesmo tempo em que reconhecemos no populismo um fenômeno de massas, temos de especificar em cada uma de sua natureza política, o que conduzirá, necessariamente, a uma especificação de classe. ”. (WEFFORT,2003, p. 27).] Gramsci, acrescenta que fatores econômicos são determinantes no controle das forças. Favorece de imediato a uma determinada fração do grupo dominante, e, para não errar, esta escolha recai sobre aquela fração que evidentemente tem uma função progressista e de controle sobre o conjunto das forças econômicas. Pode-se estar seguro de não errar, porque necessariamente, se o movimento analisado chegar ao poder, cedo ou tarde a fração progressista do grupo dominante acabará controlando o novo governo e o transformará num instrumento para utilizar o aparelho estatal em seu benefício. (GRAMSCI, 1980, p. 38). Os fatores econômicos segundo Nelson Werneck Sodré, introduziram alterações “estruturais”. Com o aparecimento dos atos de vontade. “A orientação da economia por atos de vontade significa nesta altura dos acontecimentos, a substituição, aqui, de velhas relações de produção, e deriva da presença de novas forças produtivas que ganharam condições para participar politicamente. (SODRÉ, 2002, p. 409). Devemos levar em consideração, as relações das forças econômicas; sociais e políticas, estabelecidas durante o governo Varguista. O nacional desenvolvimentismo proposto por Getúlio Vargas promoveu alterações, estas alterações induziram outras no campo político e social, com exata intenção da “manutenção” do poder. A convicção nesta autêntica política de desenvolvimento nacional, baseava-se em “tese”, nas potencialidades brasileiras: vasto território; recursos naturais; mão de obra. As práticas políticas varguistas, apresentavam elementos mais significativo, que eram refletidos nas ações sociais. O populismo é uma forma de dominação, que busca no senso comum a produção de expectativas entre os interlocutores objetivando a diminuição de incertezas, oferecendo benefícios à população mais pobre, com políticas assistenciais. Exemplificando temos a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), que tinha como objetivo garantir (em tese) os direitos do trabalhador, o projeto da CLT, veio sendo construído por Getúlio Vargas, desde os anos 30, integrando suas práxis política, no que diz respeito às mediadas econômicas, com viés social. A edição Nº 817, corrobora com estes moldes governamentais pautadas no trabalhismo “Perante uma assistência de mais de 100 mil pessoas - Afirmou que tomara providencias que assegurem efetivamente para o trabalhador melhor assistência, alimentação adequada, transporte fácil, habitação barata e trabalho de reconstrução agraria mesma política de revigoramento nacional.”. (APMSF. Jornal Correio de São Félix, Nº 817, p, 01, 1951. Est. 38. Luiz Gonzaga Dias). A política, ou o exercício do poder origina modificações e consequências nos processos históricos. “Na medida em que essas ações e relações deram origem a modificações, que se tornam objeto de investigação racional, podemos definir esta soma como um processo histórico, isto é, praticas ordenadas e estruturadas de maneiras racionais.”. (THOMPSON, 1981 p.50 -51). O propósito de baratear o custo de vida, era uma temática recorrente no Jornal Correio de São Felix. “[...]o presidente Getúlio Vargas reafirmou o propósito de aplicar medidas enérgicas para frear a especulação que agrava o custo da vida, deter o avanço inflacionista, pela revisão de tabelamento e pela extinção do aumento improvisado cuja herança ficou para seu governo.”. (APMSF. Jornal Correio de São Félix, Nº 817, p, 01, 1951. Est. 38. J. B. Lima). A recessão dos anos 50, refletia sobre a parcela mais pobre da população brasileira o que os editores chamavam de “carestia” de vida, ou seja, o alto custo de vida. Tanto Gonzaga Dias, quanto J. B. Lima, direcionavam as notícias para os efeitos e não as causas da recessão. Getúlio Vargas representava o líder carismático “[...] comemorando a data 19 do mês corrente, aniversário do presidente da República Getúlio Vargas, as escolas hastearam a bandeira nacional, sendo celebrada missa em ação de graça realizando-se soberbas manifestações do operariado até a anoite. ”. (APMSF. Jornal Correio de São Félix, Nº 817, p, 01, 1951. Est. 38. Luiz Gonzaga Dias). Para Luiz Costa Pereira Junior as interpretações “pertinentes” aos fatos são formalmente ideológicas. “Os acontecimentos transmitem emoções, modelos de comportamentos, hábitos ao Imaginário coletivo.” (PEREIRA JUNIOR, 2006, p. 32). As relações estabelecidas entre a sociedade e a representatividade simbólica de Getúlio Vargas influenciavam no imaginário popular. O controle social, constituía uma prática comum de atuação varguista. Para Carlo Ginzburg tratava-se de um controle social. “Justamente então vinha surgindo uma tendência cada vez mais nítida de um controle qualitativo e minucioso sobre a sociedade por parte do poder estatal, que utilizava uma noção de indivíduo baseada, também ela, em traços mínimos e involuntários.”. (GINZBURG, 1989, p. 171). Significa dizer que Gonzaga Dias realizava involuntariamente uma “construção” de sistemas simbólicos. “Quando jornalistas falam em realidade, fatos ou acontecimentos, estão na prática falando de “construção”, de reprodução simbólica. ”. (PEREIRA JUNIOR, 2006, p. 33). Para Pierre Bourdieu o sujeito é integrado ao Campo Simbólico. Os sistemas simbólicos são “formas” de conhecimento e comunicação. “O poder simbólico é um poder de construção da realidade que tende a estabelecer uma ordem gnosiológica: o sentido imediato do mundo (e, em particular, do mundo social) [...].”. (BOURDIEU, 2007, p. 09). Este campo simbólico, representa um espaço social que pode ser multidimensional, portanto segue padrões singulares de diferenciação ou seja. Padrões sociais; culturais; educacionais e de classe, que de certa maneira integram as relações subjetivas do campo simbólico. Significa dizer que o sujeito é integrado ao Campo das comunicações. Os elementos simbólicos (imateriais), todavia, são pertinentes segundo E. P. Thompson a objetividade da história “real”. “A investigação da história como processo, com sucessões de acontecimentos ou “desordem racional”, acarreta noções de causação, de contradição, de mediação e de organização (por vezes estruturação) sistemática da vida social, política, econômica e intelectual.”. (THOMPSON, 1981 p. 53). E. P. Thompson, nos direciona para a importância da análise dos processos históricos, enquanto historiadores. “A “história” em si é o único laboratório possível de experimentação, e nosso único equipamento experimental é a lógica histórica.”. (THOMPSON, 1981, p. 58). A importância desta análise dos processos históricos, implica necessariamente na obtenção ou aferição dos resultados. “Qualquer momento histórico é ao mesmo tempo resultado de processos anteriores e um índice de direção de seu fluxo futuro.”. (THOMPSON, 1981, Ibid., p.58). Gonzaga Dias buscava estabelecer uma relação de confiança com seu público. “Ao comprar o periódico de sua preferência, todo leitor tacitamente confia que o repórter seja uma testemunha do fato.”. (PEREIRA JUNIOR, 2006, p. 35). Atreladas as questões sociais, temos as questões sindicais e trabalhistas. “O problema da carestia do País é mais profundo e complexo o aumento do salário é simples panaceia. Nenhum benefício trará ao povo que será onerado sobre o aumento recebido. ”. (APMSF. Jornal Correio de São Félix, Nº 828, p, 01, 1951. Est. 38. Luiz Gonzaga Dias). Getúlio Vargas decretou (ato de poder) o aumento de salário. Este ato político não constitui-se meramente em uma decisão, é precedida de interesses individuais do presidente Vargas. A inter-relação entre o aumento do salário e suas consequências no cenário econômico nacional, iniciaram um processo de desgaste de seu governo. Estabelecendo uma relação estatística, relacionada ao público alvo do aumento salarial temos. “Tomando como base o recenseamento de 1950, conclui-se que, enquanto 12, 6 milhões de trabalhadores no setor primário (assalariados, colonos, meeiros, arrendatários, etc.), constituindo 63 % da população economicamente válida [...].”. (SODRÉ, 2002, p. 409). Gonzaga Dias comunga da ideologia varguista buscando “justificar” o discurso de Vargas. Portanto carecendo de autonomia, como aborda Juvenal Zanchetta. “Entretanto, longe de existir autonomamente, e em lugar de ‘retratar’ ou ‘fazer’ a história, a imprensa participa de um intenso jogo de condicionamentos sociais.”. (ZANCHETTA, 2004, p.14). Sequencialmente temos o próprio discurso de Vargas. Em dois momentos. No momento atual, em que o objetivo máximo do Governo consiste na mobilização total dos recursos dos recursos disponíveis a fim de favorecer a eclosão de novos fatores de progresso, é sobremodo confortador verificar que esse mesmo ideal anima também os responsáveis pela administração local e inspira entendimentos de âmbito regional para a solução dos problemas comuns. (BRASIL, 2009, p. 45) e O Brasil possui, hoje, uma economia em vias de propiciar à população níveis de consumo equiparáveis aos, vigentes nos países desenvolvidos. Carece entretanto, para atingir este objetivo em tempo útil, de vencer certas insuficiências, de remover certos obstáculos, de transformar-se de modo mais acelerado e dirigido, através da ação deliberada do Governo, fundada no assentimento da opinião nacional. (VARGAS, 1953, p.11). Percebe-se que combater as questões “comuns” correspondiam ao foco principal do Governo varguista. “Influindo sobre todos os aspectos precedentes, ou refletindo-os, apresenta-se o combate à inflação como o problema número um de nossa organização. ”. (VARGAS, 1953, p.70). De certa maneira o autor busca isentar Vargas das responsabilidades dos problemas. Porém os problemas são consequência das ações administrativas formuladas desde a década de 30 por Vargas. Segundo Nelson Werneck Sodré. A nossa descapitalização, no período 1939- 1952, é estimada em 6.2 bilhões de dólares, ou seja, 440 milhões anuais, repartidos em 1.000 milhões de saídas liquidas de capitais e 5.206 milhões de perdas de intercambio. O reflexo interno deste processo foi a inflação, com as crescentes emissões de papel-moeda e de créditos, para não reduzir a taxa de investimentos, e as constantes elevações dos preços internos. (SODRÉ, 2002, p. 405). Os posicionamentos políticos de Gonzaga Dias evidenciam uma influência varguista. O editor chefe do Jornal Correio de São Félix, abordando “valores” inerentes ao presidente Getúlio Vargas, como moralidade e transparência. Gonzaga Dias, sempre elogiava as atuações ou decisões varguistas, relacionando o presidente a um personagem benquisto representante da justiça (Herói). “Saneamento moral e administrativo - bastou somente a intenção de Getúlio Vargas, proclamando um aumento de salário. A consequência avultou-se antecipando-se ao benéfico.”. (APMSF. Jornal Correio de São Félix, Nº 838, p, 01, 1951. Est. 38. Luiz Gonzaga Dias). Diversos países da América Latina, contemporâneos a Vargas adotava formas de dominação ideológica. “Falando ao povo o presidente Peron disse, que sabia quem estava por detraz dos maus argentinos. Era o capitalismo e o liberalismo.”. (APMSF. Jornal Correio de São Félix, Nº 848, p, 01, 1951. Est. 38. Luiz Gonzaga Dias). Os discursos políticos latino-americanos contemporâneos a Vargas, rebatiam sempre o imperialismo e o liberalismo. Neste sentido Nelson Werneck Sodré afirma. “Pouco depois de iniciado o ano de 1954, justamente no último dia de janeiro, Vargas fez o seu pronunciamento político mais sério. Esse pronunciamento constituía verdadeiro libelo contra a exploração imperialista.” (SODRÉ, 2002, p. 423). Maria Ligia Prado, afirma que o populismo latino americano, apresentava características comuns. “Temos assim estudos gerais sobre o populismo que procuram identifica-lo como uma situação histórica, típica da américa Latina.” (PRADO, 1981, pp. 9-10). Significa dizer que os sistemas de dominação latino americanas, eram pautadas em questões sociais. Principalmente nas questões que envolviam as classes operárias. O editor do jornal Gonzaga Dias traz a cena questões partidárias e trabalhistas. “O partido trabalhista prossegue na dianteira das eleições no Rio Grande do Sul, sofrendo ligeira desvantagem na capital para a coligação P.L.- U.D.N.”. (APMSF. Jornal Correio de São Félix, Nº 853, p, 01, 1951. Est. 38. Luiz Gonzaga Dias). O Partido União Democrática Nacional (UDN) reuniu diversas correntes de oposição ao Estado Novo desde a sua criação em 1945, estabelecendo uma significativa frente anti-Varguista. Gonzaga Dias aborda as consequências do salário mínimo. “O aumento de ordenados provocou a consequência do desemprego. Ao que se refere, já ascenderam a centenas de milhares, o número de empregados e operários dispensados.”. (APMSF. Jornal Correio de São Félix, Nº 864, p, 01, 1952. Est. 38. Luiz Gonzaga Dias). Getúlio Vargas buscava a estabilização econômica através de uma política monetária restritiva, com a finalidade de acabar com a inflação. Porem os interesses de classe Segundo Nelson Werneck Sodré. A contradição interna apresenta-se clara quando o problema da inflação é discutido. Para um setor, o do atraso, ela deve ser contida pelo emprego de determinadas medidas; para o outro setor, pelo emprego de medidas diametralmente opostas. [...] Os grupos econômicos que controlam o poder - monopólios estrangeiros, intermediários de negócios a eles vinculados e setor latifundiário - apresentam a solução, enquanto a maioria da nação defende solução oposta porque sofre penosamente as consequências da inflação agora em ritmo perigoso. (SODRÉ, 2002, pp. 406-407). Carnaval, Conformismo, Batucada - É o título utilizado por Gonzão Dias, comparando o carnaval brasileiro a um “paliativo” para os problemas gerais da população. A face dos problemas mundiais. “Dentro do mundo cheio de crise incompatibilidade e problemas, o carnaval brasileiro, é um paliativo[...]”. (APMSF. Jornal Correio de São Félix, Nº 867, p, 01, 1952. Est. 38. Luiz Gonzaga Dias). Vargas e as Leis trabalhistas – “A voz do povo é a voz de Deus” Ninguém pode negar que Getúlio Vargas é o maior e mais bem – intencionada mentalidade política do Brasil, pelo menos para a grande maioria que o elegeu particularmente em 3 de outubro de 1950. (APMSF. Jornal Correio de São Félix, Nº 870, p, 01, 1952. Est. 38. Luiz Gonzaga Dias). Os interesses hegemônicos surgem no jornal. “QUE E´ POLITICA - Política não é ideologia é arte de governar [...] é esperteza, é maquiavelismo para os maus intencionados, é um meio para perseguições e uma faculdade aprazível para os pérfidos e ambiciosos, os estrupidos e a amoral.”. (APMSF. Jornal Correio de São Félix, Nº 869, p, 01, 1952. Est. 38. Luiz Gonzaga Dias). Existe uma necessidade dos grupos dirigentes em preencher os interesses das classes dominadas. “O fato da hegemonia pressupõe indubitavelmente que se deve levar em conta os interesses e as tendências dos grupos sobre os quais a hegemonia será exercida [...].”. (GRAMSCI, 1980, p. 33). Gonzaga Dias apresenta o maior “representante” da política nacional. “Vargas e as leis trabalhistas – “A voz do povo é a voz de Deus”.”. (APMSF. Jornal Correio de São Félix, Nº 870, p, 01, 1952. Est. 38. Luiz Gonzaga Dias). Sequencialmente Gonzaga Dias busca proximidade popular, nos moldes do discurso varguista. A política é bom partido - Não há nada mais rendoso do que a política. Raramente se vê um político em apertos financeiros. Pelo contrário quase todos eles são cheios de “prata”. (APMSF. Jornal Correio de São Félix, Nº 883, p, 01, 1952. Est. 38. Luiz Gonzaga Dias). Gonzaga Dias, intercala o discurso varguista com o seu próprio discurso. “Os jornais comentam a posição do presidente Vargas, que teria declarado abandonado o governo, caso não contasse com o apoio político e parlamento dos partidos. ”. (APMSF. Jornal Correio de São Félix, Nº 895, p, 01, 1952. Est. 38. Luiz Gonzaga Dias). A representação simbólica do presidente Vargas extravasa a realidade “O Brasil está sendo descoberto novamente. Descoberto pela vaidade que fere a nossa vaidade patriótica e assanha os sentinelas do sistema. O Estado Novo começou aquilo de que a história apontava Cabral como responsável, e a realidade chocante dos problemas confirma. ”. (APMSF. Jornal Correio de São Félix, Nº 915, p, 01, 1953. Est. 38. Luiz Gonzaga Dias). Na edição, Nº 922 ocorre uma demonstração de influência e simpatia ideológica de governos totalitários. “Na noite de 5 deste mês deixou de pulsar o coração de Josef Stalin. Sua morte encheu de profunda tristeza o povo soviético e de sincero pesar aos povos do mundo inteiro.”. (APMSF. Jornal Correio de São Félix, Nº 922, p, 04, 1953. Est. 38. José Brasil). A instauração de um governo populista, no caso brasileiro é contemporâneo de outros sistemas de governos autoritários. Como o Fascismo; Nazismo; Stalinismo que se utilizavam de métodos similares de controle. Para Antonio Gramsci está simpatia corresponde a uma paixão. “A política é uma paixão. A pátria é uma paixão.”. (GRAMSCI, 1980, p. p. 36). A década de 1930 [footnoteRef:9] marcou o início dos embates entre as classes hegemônicas e Getúlio Vargas. Ressaltado que a década de 1950 caracterizou-se pela continuidade das práticas políticas varguistas e os embates de interesses entre as classes dominantes e as classes populares. [9: O contexto político brasileiro em 1930, apresentava um cenário conturbado, devido a manutenção do poder por um grupo reduzido de pessoas, que concentravam o monopólio do poder (oligarquias). Estas oligarquias de Minas Gerais e São Paulo, garantiam a manutenção e a alternância de governo entre os dois estados, com início em 1898, no governo de Campos Salles (paulista). O governo oligárquico representava os interesses de uma elite social, grandes proprietários de terras, chamados de coronéis, denominada de “Republica do Café com Leite”. Estes dominavam política e economicamente o Pais, preocupados apenas em satisfazer seus interesses, através do monopólio econômico e político. ] Vargas utilizava sua popularidade, para atuar no senso comum, ou seja, como aborda Pierre Bourdieu “os campos de produções simbólicas”, representa uma luta simbólica entre as classes. A classe dominante é o lugar de uma luta pela hierarquia dos princípios de hierarquização: as frações dominantes , cujo poder assenta no poder econômico , têm em vista impor a legitimidade de sua dominação quer por meio da própria produção simbólica, quer por intermédio dos ideólogos conservadores os quais só verdadeiramente servem os interesses dos dominantes por acréscimo, ameaçando sempre desviar em seu proveito o poder de definição do mundo social que detêm por delegação; a facção dominada (letrados ou « intelectuais» e « artistas» , segundo a época ) tendo sempre a colocar o capital especifico a que ela deve a sua posição, no topo da hierarquia dos princípios da hierarquização. (BOURDIEU, 2007, p. 12). Dentre as práticas populista de Getúlio Vargas, temos a evidencia de uma correlação usual com os mitos, emblemas e símbolos “Comemorando o dia 21, dedicado a memória do mártir da inconfidência Mineira, o presidente Getúlio Vargas, conduziu brilhante discurso em Ouro Preto, ao pé do monumento de Tiradentes.”. (APMSF. Jornal Correio de São Félix, Nº 979, p, 01, 1954. Est. 38. Luiz Gonzaga Dias). Neste sentido Carlo Ginzburg afirma. “Cada sociedade observa a necessidade de distinguir os seus componentes; mas os modos de enfrentar essa necessidade variam conforme o tempo e os lugares. (GINZBURG, 1989, p. 171). 24 de agosto de 1954 marca o fim do governo populista de Vargas. O Barril perdia um dos maiores filhos de todos os tempos e o povo sem o seu grande amigo e defensor Getúlio Vargas morria, com uma bala no coração aos 71 anos de idade, vítima da grande crise política e militar provocada por seus adversários com a morte do major da aeronáutica. Rubens Florentino Vaz, quando tocaiaram o Jornalista Carlos Lacerda – sombrio pivô dessa agitação jornalística aproveitada pela política. (APMSF. Jornal Correio de São Félix, Nº 995, p, 01, 1954. Est. 38. Luiz Gonzaga Dias). As relações de poder da cidade de São Félix entre os anos de 1951-1954, constituíram um cenário dominado pela ideologia política, pautada nas relações sociais. As mudanças sociais e de trabalho na década de 1950, apontavam para mudanças estruturarias (industrialização; produção; urbanismo) da sociedade brasileira. As classes dominantes adaptaram-se a estas mudanças estruturais dominando os setores econômico e político. As fontes apontaram para um direcionamento da publicação das notícias do Jornal correio de São Félix. “A publicidade subvenciona os meios de comunicação de massa e, assim, condiciona todos os seus conteúdos, principalmente a informação.”. (ORTRIWANO, 1985, p. 63). As análises das fontes evidenciaram uma reprodução intencional dos conteúdos. Isto significa dizer que as fontes da época “sustentavam” e manipulavam intencionalmente seus conteúdos. Tecendo uma ligação entre a bibliografia e correlacionando-a com as fontes pesquisadas. Conclui-se que a ideologia do populismo, reproduzida por Luiz Gonzaga Dias funcionava como uma forma de dominação e controle social. Deste modo o populismo apresenta-se como uma forma particular de governo fundamentado nas questões sociais. As classes dominantes brasileiras, detentoras de poder econômico e político exerciam forte influência sobre nos meios de comunicação. Esta influência devia-se em grande parte a dependência dos meios de comunicação (jornais) em conseguir incentivos financeiros, para manter as suas publicações. Tomando como exemplo a análise do Jornal Correio de São Félix[footnoteRef:10], foram verificados que 2/4 (50%) das páginas eram destinadas a publicidade (propaganda). [10: Jornal Correio de São Félix (1951-1954). Foram analisadas aproximadamente 250 edições do Jornal neste período.] Neste cenário as fontes evidenciaram a expressividade de Luiz Gonzaga Dias no contexto político da cidade de São Félix. Esta biografia possibilitou análise do perfil ideológico e político do editor chefe do Jornal Correio de São Félix As fontes evidenciaram também uma relação, entre os políticos locais (São Félix) e os governos estadual e federal, principal abordagem deste projeto de pesquisa. 5 CRONOGRAMA 2019 Atividades Março Abril Maio Junho Julho Escolha do tema X Levantamento bibliográfico X Coleta de dados X X Análise dos dados X Organização do roteiro/partes X Redação do trabalho X Revisão e redação final X Entrega do Projeto X Defesa do Projeto X 6 ANEXOS Figura 3 – “Visita de políticos são-felistas ao Presidente Getúlio Vargas (1952) ”. Fonte: Arquivo Pessoal. Gidelcio Ferreira dos Santos Figura 4– “Visita de Getúlio Vargas a Fábrica Dannemann”. Fonte: APMSF. Série: Fotos de Políticos. Est 35. CX. 06. 7 BIBLIOGRAFIA A CIDADE. Edição Especial. “São Félix 100 anos”. Ano VI, 1989. BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico / Pierre Bourdieu; tradução Fernando Thomaz (português de Portugal) – 11º ed. – Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007. BRASIL, Presidente (1931 – 1954: Getúlio Vargas). Discursos selecionados do Presidente Getúlio Vargas. – Brasília: FUNAG, 2009. CRUZ, Gutemberg. Breviário da Bahia / Gutemberg Cruz. – Salvador, Assembleia Legislativa. 2014. FERREIRA, Marieta de M.; AMADO, Janaína. Usos e abusos da história oral/ Janaína Amado e Marieta de Moraes Ferreira, coordenadoras. – 8. ed . - Rio de Janeiro: Editora FGV, 2006. GINZBURG, Carlo. Mitos, emblemas, sinais, morfologia e histórica / Carlo Ginzburg; tradução: Frederico Carotti. – São Paulo: Companhia das Letras, 1989. GRAMSCI, A. Maquiavel, a política e o Estado moderno. Tradução de Luiz Mário Gazzaneo. 4 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1980. LE GOFF, Jacques. 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