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FISIOLOGIA HUMANA _ SEXTA EDICAO FISIOLOGI HUMANA' Arthur C. Guyton, M.D. Chairman and Professor Department of Physiology and Biophysics University of Mississippi School of Medicine Traduclo: CHARLES ALFRED ESBERARD Professor Titular do Departamento de Fisiologia da Universidade Federal Fluminense — UFF e do Departamento de Morfo-Fisiologia da Faculdade de Medicina de Petropolis Professor Adjunto do Departamento de Ciencias FisiolOgicas da Universidade do Rio de Janeiro, UNIRIO EDITORA GUANABARA Prefacio Meu propOsito, ao escrever este livro, foi o de apre- sentar a filosofia basica do funcionamento humano, na esperanca de poder transmitir a outras pessoas o meu amor pela beleza funcional intrinseca que 6 a ba- se da prOpria vida. Tentei apresentar o ser humano co- mo uma criatura pensante, sensIvel e ativa, podendo viver de modo quase automatic°, mas, mesmo assim, apaz de grande diversidade de funcionamento, o que caracteriza as formas mais complexas de vida. Nao existe mdquina, ja projetada, ou que venha a ser pro- jetada, que possua a emog-go ou a majestade do corpo humano. Portanto, espero que o leitor aprenda corn prazer e com entusiasmo como o seu corpo funciona. Visto que o campo da fisiologia humana é muito extenso, o miter de urn livro sobre esse assunto e, necessariamente, determinado pela escolha do mate- rial que a apresentado. Neste texto, foi feita uma ten- tativa especial de escolher os aspectos da fisiologia hu- mana que possam levar o leitor a desenvolver uma compreensao dos princIpios e dos conceitos basicos. Contudo, como varios tOpicos da fisiologia humana ainda sao apenas parcialmente conhecidos, foi feito urn grande esforco nao somente para separar o fato da )eoria como tambem para nal) sobrecarregar o leitor corn detalhes insignificantes que, corn maior proprie- dade, pertencem a urn texto de referdncia. Este livro de texto ja foi publicado em cinco edi- cOes anteriores, as quatro primeiras sob o titulo Fi- siologia Humana (no original: Function of the Human Body), e a quinta tambem sob o tftulo Fisiologia Hu- mana (no original: Physiology of the Human Body). A mudanga do tftulo foi feita simplesmente para indi- car que o texto e utilizado amplamente, como se pre- tendia, .em cursos de fisiologia de muitas escolas em todo o mundo. Nesta sexta edicao, o texto foi revisto em sua maior parte, principalmente porque a fisiologia conti- nua em estagio muito dinamico de descobertas, corn novos conhecimentos sobre os seus conceitos basicos sendo gerados a cada dia. Dentre as areas de maior desenvolvimento na fisiologia, nos tiltimos anos, me- recem destaque, primeiro, a base molecular dos meca- nismos celulares — em especial, a relacao entre os ge- nes e a funcao celular — e, segundo, as inter-relagOes entre o funcionamento da celula e o funcionamento global do complexo de &gabs do corpo. Al6m da revisal) do texto, todas as figuras foram redimensionadas, muitas em duas cores, de modo a destacar os conceitos fisiolOgicos basicos que buscam ilustrar. Una texto deste tipo exige a colaboracao de muitas pessoas diferentes, corn destaque para todos os pro- fessores que enviam sugestbes para o autor. Isto tern lido de uma ajuda incalculdvel para tornar as edicoes anteriores cada vez melhores, o que espero que tam- be aconteca corn esta sexta edicao, tornando-a ain- da muito melhor. Tambem desejo expressar os meus agradecimentos a Sra. Laveda Morgan, a Sra. Gwen- dolyn Robbins e a Sra. Elaine. Steed-Davis, pelo mara- vilhoso trabalho de secretariado que desenvolveram no preparo desta edicao; a Sra. Tomika Mita, por seus desenhos, a partir dos esbocos originais, e a equipe da Saunders College Publishing, por sua exceldncia conti- nuada na producao deste livro, destacando-se o Sr. Michael Brown e o Sr. Lloyd Black, por sua contribui- go editorial, eaJ&R Technical Services, por seu grande traba.lho na confeccao dos fotolitos originais. Arthur C. Guyton. Sumario I. INTRODUCAO, 1 1. Introducao a Fisiologia Humana, 3 II. FISIOLOGIA CELULAR, 13 2. A Celula e sua Composicao, 15 3. Sistemas Funcionais da Celula, 28 4. Controle Genetic° da. Funcao Celular — Sinte- se de Protefnas e a Reproducao Celular, 37 5. Ambiente Liquid° da Celula e Transporte atraves da Membrana Celular, 48 III. UNIDADE NEUROMUSCULAR, 63 6. Nervos, Potenciais de Membrana e Transmis. do Nervosa, 64 • 7. Anatomia Funcional e Contracao do Mfiscu- lo, 78 IV. SISTEMA NERVOSO CENTRAL, 97 8. Plano Geral do Sistema Nervoso Central, a Si- napse e os Circuitos Neuronais Basicos, 98 9. Sensacao Somestesica e Interpretacao dos Si- nais Sensoriais pelo Encêfalo, 115 10. Func6es Motoras da Medula Espinhal e do Tronco Cerebral, 131 11. Controle da Atividade Muscular pelo Cortex Cerebral, pelos Ganglios e pelo Cerebe- lo, 143 12. 0 Sistema Nervoso AutonOmico e o Hipotala- mo, 155 13. Os Processos Intelectuais; Sono e Vigflia; Pa- dr6es Comportamentais; e Efeitos Psicos- somaticos, 164 V. OS SISTEMAS SENSORIAIS ESPECIAIS, 179 14. 0 Olho, 181 15. Audicao, Paladar e Olfato, 194 VI. 0 SISTEMA CIRCULATORIO, 205 16. Ago Bombeadora do Coracao e sua R%rula- cao, 207 17. Fluxo Sangiiineo pela Circulacao Sistdmica e sua Regulacao, 222 18. TerritOrios Especiais do Sistema CirculatOrio, 232 19. Pressa° Arterial Sistdmica e Hipertensao, 243 20. Debit° Cardiac°, Retorno Venoso, Insuficidn- cia Cardiaca e Choque, 257 VII. OS LIQUIDOS CORPORAIS E OS RINS, 269 21. Dindmica da Membrana Capilar, os Lfquidos Corporais e o Sistema Linfatico, 271 22. A Funcao Renal e a Excrecao de Urina, 287 23. Regulago da Composigo e do Volume dos Lfquidos Corporais; a Bexiga Urindria e a Miccao, 299 VIII. aLULAS SANGDI-NEAS, IMUNIDADE E COAGULACAO DO SANGUE, 313 24. Calulas Sangiiineas, Hemoglobina e Resist -en- cia a Infeccao, 315 25. Imunidade e Alergia, 328 26. Coagulacao do Sangue, Transfiisao e Trans- plante de Orgaos, 338 IX. 0 SISTEMA RESPIRATORIO, 349 27. Mecânica da Respiracffo, Fluxo Sangiiineo Pulmonar, e Transporte de Oxigenio e de Gas CarbOnico, 351 28. Regulago da Respiracffo e a Fisiologia dos Distarbios Respirat6rios, 370 29. Fisiologia da Aviacao, do Espaco e do Mergu- lho Submarino, 382 vii viii 4 SUMÁR 10 X. OS SISTEMAS DIGESTIVO E METABOLICO, 395 30. Movimentos e Secrecties Gastrintestinais e sua RegulacEo, 397 31. Digestao e AssilnilacEo de Carboidratos, Gor- duras e Proteinas, 413 32. A Energetica dos Alimentos e a Nutricao, 429 X!. TEMPERATURA CORPORAL, 441 33. Temperatura Corporal e Regulacao Termica, 443' dOcrinas, os flormOnios Hipofisarios e a Ti- roxina, 457 35. HormOnios do Cortex Supra-Renal, Insulina e Glucagon, 472 36. Metabolismo do Ca Osso, HormOnio Para- tireoidiano e a Fisiologia do Osso, 484 37. Sistemas Reprodutivos Masculino e Feminino e seus HormOnios, 498 38. Gravidez e Fisiologia Fetal, 513 XIII. FISIOLOGIA DO ESPORTE, 527 39. Fisiologia do Esporte, 529 XII. ENDOCRINOLOGIA E REPRODUCAO, 455 IntrodUcd° a Endocrinologia: as Gländulas En- INDICE, 545 Introducäo Fisiologia Humana Resumo A palavra fisiologia define a ciencia que estuda o funcionamento dos organismos vivos, e seu estudo é de grande importancia para a explicacao da prOpria vida. A unidade funcional basica do corpo é a celula, existindo cerca de 75 triihOes delas em cada ser human°. A major parte das celulas esta viva e, em sua finensa maioria, tambem se reproduz e, com isso, garante a continuidade da vida. 0 liquido extracelular preenche os espacos entre as celulas. Esse liquid° é chamado de meio interno do organismo — é nesse meio que as celulas vivem. 0 liquid° extracelular contdm os nutrientes e outros constituintes necessarios a manutencffo da vida celular. 0 funcionamento da maior parte dos Orgos que formam o corpo a dirigido no sentido de manter constantes as condic25es fisicas e as concentracOes das substancias dissolvidas nesse meio interno. Essa condicao de constancia do meio interno é chamada de homeostasia. 0 liquid° que forma o meio interno 6 continuamente misturado em todo o corpopor efeito (1) do bombeamento de sangue pelo sistema circulatOrio, causado pelo coracab, e (2) pela difusao de liquid°, atravds da membrana capilar, que ocorre nos dois sentidos, permitindo as trocas entre a parte do liquid° extracelular do sangue, que é chamada de plasma, e a parte desse mesmo liquid° extracelular, que ocupa os espacos entre as celulas dos tecidos, e que é chamada de liquido interstitial. Cada sistema de orgaos do corpo desempenha urn papel especifico na homeostasia.'Por exemplo, o sistema respirat6rio controla as concentracoes de oxigenio e de gas carbOnico • no meio interno.; Os rins removem os produtos do metabolismo dos liquidos organicos en- quanto que, ao mesmo tempo, controlam as concentracCies dos diferentes ions. 0 sistema digestivo processa os alimentos a fim de prover os nutrientes adequados para o meio inter- no. Os mfisculos e o esqueleto dab apoio e locomocdo para o corpo, de modo que este po- de buscar a compensacaO para suas prOprias necessidades, especialmente aquelas relaciona- das corn a obtencdo de alimento e de agua para o meio interno. 0 sistema nervoso inerva os rmisculos e tambem controla o funcionamento de muitos dos Orgos internos, funcio- nando em associacaO com o sistema respiratOrio, a fim de controlar as concentracOes de oxigénio e de gas carbOnico. 0 sistema endOcrino controla a maior parte das funcOes me- tabOiicas do corpo, bem como a velocidade (e a intensidade) das reaches quimicas celula- res, as concentracOes de glicose, gorduras e aminoacidos nos liquidos corporais, bem co- mo a sintese de novas substancias necessitadas pelas celulas. Ate mesmo o sistema repro- dutor tern papel na homeostasia, dado que leva a formacao de novos seres humanos e, portanto, novos meios internos para substituir os mais antigos, que envelhecem e morrem. 0 Que E a Fisiologia? Poderiarnos passar o res- tante de nossas vidas tentando definir o termo "fisio- logia", dado que a fisiologia é o estudo da prOpria vi- da. E o estudo do funcionamento de todas as partes de urn organismo vivo, bem como do funcionamento do organismo como urn todo. A fisiologia tenta en- contrar respostas para perguntas do tipo "Como e por que as plantas crescem?", "0 que faz com que as bac- terias se repliquem?", "Como os peixes retiram OXi- genio da agua do mar e como o utilizam?", "Como ocorre a digestdO dos alimentos?", "Qual é a natureza do processo do pensamento no cerebro?". Mesmo os menores virus, corn peso. de urn milio- nesimo do de uma bacteria, vossui as caracteristicas 4 INTRODUQAO da vida, pois se alimentam de constituintes de seu am- biente, crescem e se reproduzem e excretam seus pro- dutos nao aproveitaveis. Essas estruturas vivas de di- mensbes extremamente reduzidas sao o assunto do ti- po mais simples de fisiologia, a fisiologia virOtica. En- tretanto, a fisiologia torna-se cada vez mais complica- da a medida que passa a se ocupar de formas mais e mais complexas de vida, coma as celulas, as plantas, os animais inferiores e, finalmente, dos seres huma- nos. t Obvio, entao, que o assunto deste livro, a "fi- siologia humana", é apenas uma parte bem pequena do vasto campo da disciplina fisiolOgica. Enquanto criancas, comecamos a questionar o que permite que as pessoas se movam, como é possivel que falem, como podem apreciar os vastos limites do mundo e sentir os objetos que as cercam, o que acon- tece corn o alimento que ingerem, como extraem des- se alimento 'a energia necessaria para o exercicio e pa- rk. \irtros tipos de atividades corporais e por qual pro- cesso reproduzem outras pessoas semelhantes a elas, de modo que a vida continue, geracao apOs geracao. Todas essas e muitas outras atividades humanas sao parte integrante da vicla. A fisiologia tenta explica-las e, por conseguinte, tenta explicar a prOpria vida. PAPEL DA CELULA NO CORPO HUMANO A unidade funcional basica do corpo é a celula, e cer- ca de 75 trilhOes de celulas formam o corpo humano. Cada uma delas é, de per si, urn organismo vivo, capaz de existir, de realizar reacties quimicas e de contribuir, corn sua parte, para o funcionamento global do orga- nismo — tambem capaz, na maioria dos casos, de se re—rpduzir para substituir as celulas que morrerem. -As celulas sao as unidades que formam os Orgaos, e cada Orgao desempenha sua funcao especializada prOpria. Pode-se avaliar a importanciada celula quan- do se compreende que a evolucao da celula levou mui- tos mais milhOes de anos do que a evolucao da celula ate o ser human°. Portanto, antes que se possa enten- der como cada urn dos organs funciona ou como to- dos os Orgaos funcionam em conjunto para manter a vida, é necessaria a compreensao dos mecanismos pt.& prios da celula. Os capitulos seguintes sera° dedica- dos a discussao das funcOes celulares basicas e, pelo restante deste livro, estaremos nos referindo, muitas vezes, as funcOes celulares, como base do funciona- mento de Orgaos e de sistemas organicos. O Melo Intern° e a Homeostasia Todas as celulas do corpo vivem imersas em urn liqui- do, liquid° esse que permeia todos os espacos dimi- nutos entre as celulas, que passa para dentro e para fora dos vasos sangiiineos e que d transportado pelo sangue a todas as partes do corpo. Essa massa de li- quid° que constantemente banha o exterior das celu- las é chamada de liquid° extracelular. Para que as celulas do corpo continuem a viver, existe um requisito basico: a composicao do liquid° extracelular tem de ser controlada, corn muita preci- sao, de momento a momento, de dia a dia, sem que qualquer constituinte importante varie, alguma vez, de mais de uns poucos por cento. Na verdade, a maior parte das celulas pode sobreviver apOs sua retirada do corpo humano, desde que seja imersa em liquid° que tenha a mesma composicao quimica e as mesmas ca- racteristicas fisicas do liquid° extracelular. Claude Bernard, o grande fisiologista do sdculo XIX, que ori- ginou grande parte do nosso pensamento fisiolOgico moderno, deu ao liquid° extracelular que banha as celulas o nome de millieu interieur, o "meio interno" e Walter Cannon, outro grande fisiologista, que traba-, thou durante a primeira metade deste sdculo, definiu o processo de manutencao das condic6es constantes desse liquid° como homeostasia. Assim, desde o inicio de nossa discussao sobre a fisiologia do corpo humano, enfrentamos urn proble- ma fundamental: como é que o corpo mantem essa constäncia necessaria do meio interno, isto é, a cons- tancia do liquid° extracelular? A resposta a essa per- gunta é que pmticamente todos os organs desempe- tham algum papel no controle de um ou mais de urn dos componentes desse liquid°. Por exemplo, o siste- ma circulatOrio, formado pelo coracao e pelos vasos sangiiineos, transporta o sangue por todo o corpo: agua e sub stancias dissolvidas difundern-se permanen- temente entre o sangue e os liquidos que banham a celula. Dessa forma, a circulago mantem o liquid° extracelular de uma das partes do corpo constante- mente misturado corn o de todas as outras partes. Es- sa funcao do sistema circulatOrio é tao eficaz que, di- ficilmente, qualquer fracao do liquid° extracelular de uma parte do corpo permanece sem ser misturada corn outras fracöes por mais alguns poucos minutos, de cada vez. O sistema respiratOrio transfere o oxigdnio do ar para o sangue e, por sua vez, o sangue o transporta pa- ra todos os liquidos que cercam as celulas, mantendo assim o teor de oxigênio que é indispensavel a vida de todas as celulas. 0 gas carbOnico, excretado pelas mesmas celulas, passa para esse rnesmo liquid° e, em seguida, é misturado corn o sangue, de onde é, final- mente, removido pelos pulmo-es. O sistema digestivo realiza funcao semelhante para outros nutrientes que nao 0 oxigénio; ele processa es- ses nutrientes, apOs o que sao absorvidos pelo sangue e rapidarnente distribuidos pelos liquidos organicos, de onde poderao ser utilizados pelas celulas. 0 figado, as glandulas endOcrinas e alguns outros Orgaos parti- cipam daquilo que, em seu conjunto, d chamado de metabolism° intermediario,que converte muitos dos nutrientes absorvidos do tubo gastrintestinal em subs- tancias que podem ser diretamente utilizadas pelas ce- INTRODUQÃO A FISIOLOGIA HUMANA 5 lulas. Os tins removem os residuos dos nutrientes apes sua energia ter sido extraida pelas caulas e ou- tros Orgaos atuam no ouvir, no sentir, no provar, no cheirar e no ver, que ajudam o animal e o ser humano na busca e na selego do aliment°, bem como aumen- tam sua capacidade de protecao dos diversos e dife- rentes perigos, de modo que pode perpetuar urn meio interno quase que ut6pico, onde suas cálulas conti- nuum seus processos vitals. Dessa forma, podemos enfatizar, mais uma vez, que as funcOes dos Orgabs do corpo dependem do funcionamento das caulas- individuals, e que a conti- nuacao da vida depende da manutencao de urn meio ambiente adequado nos liquidos extracelulares. Por sua vez, os Orgaos e as celulas, cada um de urn modo pr6prio, desempenham pap6is individuals na manu- tencao da constancia desse meio interno liquid°, pro- cesso esse que chamamos de homeostasia. ORGAOS E SISTEMAS DO CORP.O HUMANO Devido aqueles estudantes que ainda nao conhecem a estrutura basica do corpo humane, devemos retroce- der urn pouco e rever seus principals componentes. O Esqueleto e os Masculos nele Fixados A Fig. 1-1 mostra o esqueleto corn alguns dos mascu- los que sac) fixados a ele. Cada articulacao do esquele- to 6 revestida por uma capsula, mais ou menos frou- xa, e o espaco compreendido pelo interior da capsula e entre as duas extremidades Osseas é chamado de )vidade articular. Nas cavidades articulares, existe- , .um liquid° espesso e viscoso, contendo acid° hialurO- nico, substancia semelhante ao muco, que lubrifica as articulacOes facilitando o movimento. Ao lado de ca- da articulacao existem fortes ligamentos fibrosos, que impedem que as .articulacOes se rompam. Muitas ve- zes, esses ligamentos existem apenas em dois lados da articulacao, o que permite o livre e amplo movimento articular em uma direcao, mas o dificulta em outras. Outras articulacOes, principalmente as dos quadris e as dos ombros, nao possuindo ligamentos muito res- tritivos, podem se mover em, praticamente, qualquer direcao, isto e, podem mover-se (e curvar-se) para a frente, para tras, ou para qualquer dos lados e, ate mesmo, podem ter movimentos de rotacao. Nesses ca- ses, os ligamentos frouxos meramente limitam o grau do movimento, a fim de impedir o movimento exces- sivo em uma direcao qualquer. Os masculos movem os membros e outras partes do corpo nas direcOes permitidas pelas articulac5es. No caso dos movimentos da articulacao do joelho, por exemplo, urn masculo principal, na frente, e rios eras Sao os responsaveis. Existe disposicao seme- 1-1. Sistemas muscular e esqueletico do corpo huma- lhante dos masculos anterior e posteriores no torno- zelo, exceto que os ligamentos dessa articulacao tam- bem que o tornozelo possa ser movido late- ralmente, existindo masculos adicionais, de posicao lateral, para esse tipo de movimento. Os rnasculos da coluna vertebral sao especiahnente interessantes, visto que, contrariamente ao que seria esperado, os mitscu- los do dorso nab sac) apenas alguns poucos masculos gran/des, mas sa) formados por cerca de 100 masculos diferentes, cada urn dos quais realizando fling° eve- cffica: urn faz a rotacao de vertebra adjacente, um se- gundo faz a flexao lateral dessa vertebra, urn terceiro a estende para tras e assim por diante. Isso é analog° a disposicao da centopeia, visto que cada segmento po- de-se mover independentemente dos outros. As arti- culaccies que unem o cranio a coluna vertebral pos- suem muitos outros masculos, dispostos em todos os lados, de modo que a cabeca pode ser girada em qual- quer direcao ou curvada para qualquer lado. Em resumo, entao, o esqueleto é um arcabouco Osseo que pode ser encurvado em qualquer direcao. Cada osso possui sua prOpria firma° e as limitacEies da Figura no. CEREBRO COLUNA VERTEBRAL NERVOS PERIFERICOS 6 INTRODUQA0 angulago de cada articulago sao definidas pelos li- gamentos. 0 joelho curva, principalmente, em uma di- rego, o tornozelo em duas, e o qualiril tambêm em duas e mais a rotago; e em geral, pelo menos dois musculos opostos (antagonistas) existem em cada arti- culago para cada dirego do movimento que 6 per- mitida pelos ligamentos de cada articulago. Os musculos sao tornados por longas fibras mus- culares. Usualmente, muitos milhares dessas fibras sao orientadas paralelamente, como os fios em novelo de Em cada extremidade do musculo, as fibras mus- culares fundem-se corn fortes fibras tendinosas que formam um feixe, chamado de tendao muscular. Os tendOes musculares, por sua vez, penetram nos ossos e se fundem com eles nas duas extremidades de uma de- terminada articulago, de modo que qualquer trago produzird o movimento apropriado. Todos os musculos nffo sao iguais em tamanho e na apa. Jcia; por exemplo, o menor musculo esqueletico do corpo, o estapedio, a urn musculo diminuto no ou- vido medics, corn comprimento de apenas alguns mill- metros, enquanto que, o mais longo, o sartOrio, tern Dxtensffo de cerca de dois tercos de metro, ao longo de toda a coxa, ligando a pelve ossea a tibia, abaixo Jo joelho. Alguns musculos, como os da parede abdo- minal, formam laminas delgadas, outros sao grossos, pom forma semelhante a de urn charuto, como, por exemplo, o biceps, que eleva o antebraco, e o gastroc- iemio, que flete o pe para baixo, quando se deseja na ponta dos pes. 0 mecanismo preciso da contrago das fibras mus- mlares ainda nab é conhecido em todos os seus deta- hes, mas sabemos que os sinais que chegam aos min- 111os pelos nervos fazem corn que cada fibra se encur- por Urn breve period() de tempo, permitindo que toda a massa muscular se contraia e, por conseguinte, reap_ sua fungo. Essa fungi) sera discutida em de- alhe Cap. 7. D Sistema Nervoso O sistema nervoso, mostrado na Fig. 1-2, é formado pelo cerebro, pela medula espinhal e pelos nervos pe- rifericos que se estendem todo o corpo. Uma im- portante furicao do sistema nervoso é a de controlar nuitas atividades corporais, especialmente a dos mils- mas, para que esse controle seja exercido de nodo inteligente, o cerebro deve ser continuamente nformado sobre tudo o que cerca o corpo. Portanto, ›ara realizar essas diferentes atividades, o sistema ner- roso é dividido em dois componentes distintos, o omponente sensorial, que registra e analisa a nature- das condicOes em tomb e no interior do corpo, e o omponente motor, que controla os musculos e as se- ecOes glandulares. 0 componente sensorial atua por meio dos senti- los da visa(), da audicao, do olfato, do paladar e do dto. 0 sentido do tato 6, na realidade, formado por Figura 1-2. Sistema nervoso. varios sentidos diferentes, uma vez que podem ser re- gistrados o contato leve, as pontadas de alfinetes, a pressao, a. dor, a vibrago, a posigo das articulagOes, o grau de tensao dos musculos e a tensab exercida so- bre os tendOes. Uma vez que a. informago tenha sido transmitida ao cerebro por todos os sentidos, o cerebro determi- na, • entao, que movimento, caso algum deva ser exe- cutado, é o mais adequado; em seguida, os musculos ski chamados a atividade para o desempenho da deci- sac) tomada. Uma das mais importantes funcOes do sistema ner- voso é o do controle da marcha. Ao andar, o corpo deve ser sustentado contra a ago da gravidade, en- quanto as pernas devem se mover de forma ritmica, no movimento da marcha, e o equilibrio deve ser mantido e a dirego do movimento da marcha das pernas deve ser dirigido. Portanto,.o inicio e o contro- le da marcha sao funcöes muito complexas do sistema nervoso, exigindo a participago das partes principais do cerebro. 0 Sistema Nervoso Autontimico. 0 sistema ner- voso autonOmico, que é, na realidade. narte do corn- SISTEMA VENOSO PORTAL SANGUE VENOSO cORAcA0 SANGUE ARTERIAL I NTRODUQA0 A FISIOLOGIA HUMANA ponente motor do sistema nervoso, controla muitas das funcOes internas do corpo. Atua, principalmente,por contracts ou por relaxamento de urn tipo de mfisculo, chamado de mfisculo liso, que forma partes importantes de muitos &gabs internos. As fibras mus- culares lisas sao muito menores que as fibras muscula- res fixadas aos ossos, chamadas de fibras esqueleticas, e, geralmente, formam grandes capas musculares.'Por exemplo, o tubo gastrintestinal, a bexiga urinaria, o frtero, as vias biliares e os vasos sangiifneos saO com- postos, em sua maior parte, por capas de mfaculo so, curvadas em estruturas- tubulares ou esfericas. Al- guns nervos autonOmicos fazem corn que essas capas musculares se contraiam, outros fazem corn que se relaxem. Os nervos autontimicos tambem controlam a se- crego de muitas das glandulas do tubo gastrintesti- nal e em outras regiOes do corpo, e, na maior parte )do corpo, as terminacties nervosas autontimicas che- gam ate a secretar hormOnios que podem aumentar ou diminuir a velocidade das reagOes quimicas nos te- cidos corporais. Finalmente, o sistema nervoso autonennico ajuda a controlar o coracao, que é formado por mitsculo car- diaco, urn outro tipo de musculo, intermediario entre o mfiseulo liso e o mfrsculo esqueletico. A estimula- cab das chamadas fibras nervosas simpaticas do sistema autonelmico produzem aumento da freqiidncia e da forca de contracao do coracao, enquanto que a esti- mulacffo das fibras parassimpaticas do sistema auto- nennico produzem os efeitos opostos. Em resumo, o sistema nervoso autonOmico ajuda a controlar a maior parte das func6es internas do cor- po. 7 Figura 1-3. Sistema circulatOrio: coracffo e vasos sangilineos. 0. Sistema CirculatOrio O sistema circulatOrio, mostrado na Fig. 1-3, é forma- do, em sua maim' parte, pelo coracao e pelos vasos sangUineos. 0 coracao é formado por duas bombas, dispostas urea ao lado da outra. A primeira bombeia o sangue para os pulmaes. Dal, o sangue retorna para a segunda bomba, de onde é bombeado para as arterias sistdmicas, que o transport= para todo o resto do corpo. Das arterias, o sangue flui pelos capilares, a se- guir, pelas veias e, finalmente, de volta ao coracao, o que completa o circuito. Circulando repetitivamente pelo corpo, o sangue atua como um sistema de trans- porte para a conducao de varias substâncias de urn ponto para outro do organismo. E o sistema circula- tOrio que carreia nutrientes para os tecidos e deles re- tira os produtos de excrecaO. Os capilares sac) porosos, permitindo a difusao de liquid° e de nutrientes do sangue para os tecidos a os excreta em sentido oposto. 0 Sistema Linfatico. Grandes particulas que aparegam, por qualquer motivo, nos espacos teci- duais, como, por exemplo, residuos de celulas mortas, moleculas de proteinas, bactêrias mortas, nab podem sair dos tecidos pelos pequenos poros capilares. Urn sistema circulatOrio adicional e especial, chamado de sistema linfatico, faz o transporte desse tipo de mate- rial. Os vasos linfaticos tdm origem em pequenos capi- lares linfaticos, situados ao lado dos capilares sangiif- neos. E a linfa, que e o liquid() recolhido dos espacos entre as celulas, flui ao longo dos vasos linfaticos ate o nivel do pescoco, onde esses vasos desaguam nas veias cervicais. Os capilares linfaticos sac) muito poro- sos, de modo que particulas relativamente grandes po- dem atingir os vasos linfaticos e serem transportadas pela linfa. Em varios pontos, situados ao longo do curso dos vasos linfaticos, a linfa passa através de gin- glios linfaticos, onde a extraida a maior parte dessas grandes particulas, por processo analog° ao da filtra- e onde as bacterias sao engolfadas e digeridas por urn tipo especial de celulas chamadas de celulas reti- culoendoteliais. Alvisolo I \V COn 0 CORNETO 02 CO 2 -a> CO 2 j Capilar pulmonar EPIGLOTE GLOTE LARINGE, CORDAS VOC.AIS TRAQUEIA ARTERIAS _1 PULMONARES VEIAS PULMONARES ALVEOLOS FARINGE ESOFAGO Figura 1-4. Sistema respiratOrio. 8 I NTRODUQAO 0 Sistema RespiratOrio A Fig. 1-4 mostra o sistema respiratOrio, corn os dois componentes fundamentais do sistema: (1) as vias a6reas e (2) os vasos sangaineos dos pulmdes. 0 ar é movido para dentro e para fora dos pulmoes, pela contracao e relaxamento dos rmisculos respiratOrios, e o sangue flui continuamente pelos vasos. Apenas uma membrana muito, delgada separa o ar do sangue e, vis- to que essa membrana porosa aos gases, ela permite a livre passagem do oxigénio para o sangue, e do gas carbOnico, do sangue para o ar. •0 oxig8nio 6 urn dos nutrientes necessarios pelos tecidos corporais E transportado pelo sangue e pelos liquidos teciduais ate as celulas, onde combina-se qui- micamente corn outros nutrientes, oriundos dos all- mentos, a fim de liberar energia. Essa energia, por sua vez, a usada para promover a contrapo muscular, a )secrecab dos sucos digestivos, a condugo de sinais pe- las fibras nervosas e a sintese de muitas substancias necessarias para o crescimento e funcab celulares. Quando o oxigenio se combina corn os nutrientes alimentares para liberar energia, a formado o gas car- bemico. Ele difunde-se pelos liquidos teciduais ate o sangue sendo entaO carreado pelo sangue ate os pul- mdes. Nesse ponto, o gas carbOnico difunde-se do san- gue para o pulmffo, de onde a expirado, misturado ao ar, para a atmosfera. 0 Sistema Digestivo 0 sistema digestivo é mostrado na Fig. 1-5. 0 alimen- to, apOs ser deglutido, chega ao estOmago, de onde passa para o duodeno e, sucessivamente, para o jeju- no, o fleo e o intestino grosso, para, finalmente, ser defecado pelo anus. Contudo, durante essa passagem ao longo do tubo digestivo, o alimento é digerido e aquelas fracdes do alimento corn valor para o corpo sao absorvidas pelo sangue. Ao longo de toda a exten- sao do tubo digestivo, substancias especiais sao secre- tadas para o interior dessa viscera, em particular, quando ai existe alimento. Essas secrecdes cont8m enzimas digestivas que fracionam o alimento em corn- ponentes corn dimensdes adequadas a sua passagem pelos poros da membrana intestinal, para o sangue e os capilares linfaticos subjacentes. Dal, os produtos da digestab passam para o sangue circulante, pelo qual sao transportados e usados, onde quer que sejam ne- cessarios no corpo. Sistemas MetabOlicos Metabolismo e Crescimento. 0 termo metabolis- m° significa, simplesmente, a totalidade das rendes quimicas que ocorrenr no organismo animal. Essas rendes ocorrem no interior das celulas individuals que compdem os tecidos, e suas funcdes sao as de GLANDULA PAROTIDABOCA GLANDULAS SALIVARES .ESTOMAGO PANCREAS JEJUNO ILE() FIGADO VES1CULA BILIAR DUODENO COLON ASCENDENTE ANUS ESOFAGO Figura 1-5. Sistema gastrintestinal. I NTRODUQAO A FISIOLOGIA HUMANA r, prover energia para a realizacao das atividades corpo- )rais e para formar novas estruturas. E devido aos pro-_ cessos metabOlicos o aumento de tamanho e de flime- ro das celulas. 0 metabolismo de celulas especializa- das lhes permite formar estruturas tais como os ossos e o tecido fibroso, o que causa aumento de todo o animal. Dessa forma, o metabolismo é a base nab ape- nas para a energia necessdria ao corpo, mas, tambem, para o prOprio crescimento. Metabolismo Intermediario. Muitos dos alimen- tos que chegam ao sangue, vindos do tubo digestivo, podem ser usados pelas celulas teciduais sem qualquer outra alterapo adicional, mas alguns tecidos tern ne- cessidade de substancias quimicas determinadas que, normalmente, nao sdo encontradas nos alimentos. Pa- ra que essas substAncias sejam produzidas, uma grande parte do alimento absorvido passa por determinadas Orgffos, onde é transformada nessas substAncias neces- sdrias as celulas. Esse processo é chamado de metabo- lismo intermedidrio. 0 Ftgado. 0 figado é urn dos organs internos es- pecialmente adaptados para o metabolismo interme- diario e para o armazenamento. Pode desdobrar as gorduras e as proteinas em molêculas menores, de mo- do Tie as celulas de outros tecidos as podem uti- lizar para energia ou para a sintese de substâncias es- pecificas necessarias as celulas. 0 figadotambem for ma os produtos necessarios a coagulacao do sangue, ao• transporte das gorduras, a imunidade contra a in- feccao e a muitos outros fins. E o figado é capaz de armazenar grandes quantidades de gorduras, de car- boidratos e, ate mesmo, de proteinas, liberando-as mais tarde, quando os tecidos necessitam delas. Uma pessoa pode viver apenas por algumas horas sem urn figado funcionante. Controle do Metabolismo pelos Hormilnios. 0 metabolismo é uma funcdo inerente a cada uma das celulas do corpo. Entretanto, a intensidade (e a velo- cidade) do metabolismo em cada celula a aumentada ou diminuida pela ago controladora de hormOnios, secretados pelas glándulas endOcrinas, localizadas em varias partes do corpo. A tireOide, situada no pescoco, secreta a tiroxina, que atua sobre as celulas para acele- rar a maior parte das reagOes rnetabOlicas. A epinefri- na e a norepinefrina, dois hormOnios secretados pela medula supra-renal, glAndula dupla, situada nos pOlos dos rins, tambem aceleram o metabolismo de todas as celulas. Os ovarios secretam o ectrughlin P a nrnapeto. VEIA RENA PELVE ARTERIA CORTEX., RENAL MEDULA URETERES BEXIGA URINARIA Direcäo do fltixo da urina 10 RIM DIREITO RIM ESQUERDO (Corte transversal) Figura 1-6. Os rins e o sistema urinario. rona, enquanto os testiculos secretam a testosterona, clue participa do controle do metabolismo nos Orgaos sexuais nos sexos feminino e masculino, respectiva- mente. A insulina, secretada pelo pancreas, uma glan- dula situada por tras e por baixo do estOmago, au- menta a utilizacao de carboidratos e diminui a utiliza- gaa de gordura em todos os tecidos. Os horrnbnios sOpra7renocorticais, secretados pelos cortices supra- re. localizados nos pOlos superiores dos rins, fa- vorecem a transformagao de protefnas em carboidra- tos e controlam a passagem de protefnas, de sal e tal- vez de outras substancias, atraves das membranas ce- lulares. ,0 ..hormOnio paratireoidiano, secretado pelas quatro diminutas glandulas paratireoidianas, situadas por, tras da tireOide, no pescogo, participa no controle da concentragaa de calcio no sangue e no liquid° ex- tracelular, pela remogao de calcio dos ossos quando sua presenga a necessaria nos liquidos organicos. Fi- nalmente, pelo menos alto hormOnios diferentes, se- cretados pela glándula pituitaria, localizada na base do cerebra, controlam grande parte das fungOes cor- porais, como o crescimento, as secregOes de muitos outros hormOnios, as fungOes sexuais e a excrecao de agua e de eletrOlitos pelos rins. D. Sistema Excretor )s rins, mostrados na Fig. 1-6, constituem urn sistema xcretor para livrar o sangue de substancias indeseja- I NTRODUQA0 produtos finais das reagOes metabOlicas, incluindo os principais — ureia, acid° Uric°, creatinina, fenOis, sul- fatos e fosfatos. Se essas substancias viessem a se acumular no sangue em grandes • quantidades, essas "cinzas" das fogueiras metabOlicas "apagariam as cha- mas" muito rapidamente, de modo que nenhuma ou- tra renal) metabOlica de qualquer tipo ocorreria. Por esta razao, é importante que os rins removam essas substancias indesejaveis. Os rins tambem exercem outra fungao muito im- portante alem da de excregao de produtos de elimina- gao: eles regulam a concentracao da maioria dos ions, presentes nos liquidos organicos. Uma proporgao muito grande desses ions é formada por ions sOdio e cloreto, os constituintes do sal comum de cozinha. Os rins, continuamente, regulam a concentragao tanto do sOdio como do cloro no sangue e nos liquidos corpo- rals; tambem regulam, corn muita precisao, as concen- tragOes de potassio, de magnesia, dos fosfatos e de muitas outras substancias. Os rins funcionam principalmente por permitir que as substancias indesejaveis — como, por exempla, a uróia pa.ssem facilmente para a urina, enquanto retem as que sac) necessärias, como a glicose. Igual- mente, se o sOdio esta presente no sangue em concen- tragao demasiadamente alta, torna-se substancia inde- sejavel, e variagOes especiais dos hormOnios que con- trolam os rins fazem corn que uma grande parte do sOdio seja excretada pelos rins. Entretanto, se a con- centragao de sOdio esta muito baixa, passa a ser subs- tancia necessaria, e os hormOnios controladores, que serao descritos em capitulo ulterior, evitarao a perda de s6dio do sangue. 0 Sistema Reprodutor Todos os sistemas e fungOes do corpo que mantêm a vida seri= imiteis se nab fossem aquelas responsaveis pela producao da vida. Os sistemas reprodutivos do homem e da mulher sat, mostrados na Fig. 1-7. 0 or- ganismo feminino produz o Ovulo (ovo) de onde se desenvolvera um novo ser human, mas esse desenvol- vimento nao pode ocorrer ate que seja fertilizado por. urn espermatozOide, produzido no organismo masculi- no. 0 Ovulo fertilizado tern metade das caracteristicas de seu desenvolvimento derivadas da mae e metade do pai, que modo que a crianca tem suas caracterfsticas igualmente divididas entre seus pais. ApOs o Ovulo ter sido fertilizado, ainda permanece como celula Unica, mas logo se divide em duas caulas, em seguida em quatro, e finalmente, em muitas celu- las, tornando-se, primeiro, urn embriffo e, depois, urn feto. Gradualmente, as cêlulas recem-desenvolvidas se diferenciam nas celulas especiais que form= os or- gaos do corpo. A mae fornece a nutricab para o feto em cresci- mento por meio da placenta, uma estniturn g OvdrioOtero Vagina A Ovario Trompa de Fal6pio Otero Vagina Vaso deferents Tecido er6tif Gland Prep6cio Tunica vagin Bexiga urinaria Ampola Vesfcula seminal Gländula prostatica/ Canal ejaculat6rio • Glándula bulbouretral Bulbo da uretra Testfculo Epidfdimo Escroto Tabulos seminfferos B INTRODUQAO A FISIOLOGIA HUMANA 11 Figura 1-7. Sistemas reprodutores: (A) feminino, (B) masculino. fetal, vindo do feto. Os nutrientes difundem-se desde 4. o sangue materno para o sangue fetal, atraves da membrana placentaria, que é muito semelhante membrana do sistema respiratOrio. Por sua vez, pro- dutos de excrecd° do feto passam, por mecanismo 6. idOntico, para o sangue materno. Assim, o feto é nu- trido por period° de nove meses no corpo da mae, ate que se tome capaz de manter-se vivo no mundo exte- rior. A esse tempo, o titer° materno expele o feto. 9. A ORGANIZACAO GLOBAL DO CORPO Quais sao os papeis dos componentes sensorial e motor do sistema nervoso? Qual e a funcao do sistema nervoso autonOmico e por que e o mtisculo liso do organismo intimamente as- sociado a esse sistema? Descreva a Dingo do sistema circulatOrio na mistura dos liquidos organicos. Descreva o transporte do oxigenio do ar para as celulas perifericas e do gas carbanico dessas celulas para o ar. Que tipo de substancia é secretada no sistema digestivo, e de que modo essas substancias sffo relacionadas a di- gestao? Que papeis salo desempenhados pelo figado e pelos hor- mOnios no funcionamento global do organismo? Alem da excregao de produtos de eliminagffo pelos rins, que outra fling -do importante a desempenhada por esses organs? 5. 7. 8. 10. Deveria ser Obvio, ate este ponto, que nenhuma parte isolada do corpo pode sobreviver separadamente, mas que cada parte do corpo é necessaria para o funciona- )mento continuado das outras. 0 animal humano é um organismo que sente, que pensa e que se move e que, em virtude de sistemas hormonal e neural de controle, pode se adaptar a maior parte dos ambientes ofereci- dos pelo planeta Terra. Suas atividades sffo iniciadas e controladas, em parte, de modo involuntario, em par- te, por intuiga° e, em parte, por raciocinio. No con- junto global de Orgos e de outros tecidos, existem cerca de 35 —trilhöes de celulas individuais, cada uma das quais é uma estrutura viva. E a magica dessas ce- lulas que torna possivel o corpo humano. Nos prOxi- mos capitulos descreveremos a funcab prOpria da ce- lula. TEMAS PARA ESTUDO 1. 0 que e meio interno e qual e a relacao que ele tern corn o liquid° extracelular? 2. 0 que e homeostasia e qual e sua importancia para o funcionamento do corpo? 3. Quais ski asinter-relacties entre o esqueleto, os ligamen- tos e os mtisculos? Por que sff.o necessarios dois mtiscu- los para cada dirego de movimento de uma articulagffo? REFERENCIAS GERAIS NO CAMPO DA FISIOLOGIA: American Journal of:Physiology. Este jornal, publicado men- salmente, contem artigos escritos por autores de todo o mundo acerca de projetos atuais de pesquisa. Annual Review of Physiology. Palo Alto, Calif., Annual Reviews, Inc. (urn livro por ano). Cada livro contem artigos de revisTo que abordam a literatura do ano pre- cedente em quase todo o campo da fisiologia animal. Brobeck, J.R.: Best and Taylor's Physiological Basis of Me- dical Practice, 104 Ed. Baltimore, Williams & Wilkins, 1979. Este texto a escrito principalmente para o estu- dante de medicina e o estudante de pOs-graduagNo. Guyton, A.C.: Textbook of Medical Physiology, 64 Ed. Phi- ladelphia, W. B. Saunders, 1981. Este texto apresenta a fisiologia ao nivel do estudante de medicina. Em ge- ral abrange o mesmo material existente no presente texto, porem corn muito mais detalhes e corn maior enfase acerca dos aspectos medicos da fisiologia hu- mana. International Review of Physiology. (Publicada a cada dois anos em oito volumes.) Esta revisffo abrange todo o campo da fisiologia. Em geral os artigos se destinam as pessoas corn antecedentes apenas moderados em fisio- logia Mountcastle, V.B.: Medical Physiology, 144 Ed. St. Louis, C.V. Mosby, 1979. Este texto e extremamente para os estudantes de pOs-graduaedb. Bexiga urinkla Uretra 12 Physiological Reviews. Este jornal, publicado . quatro vezes num ano, contem revises da Inaioria dos assuntos no campo da fisiologia, a cada poucos anos. REFERNCIAS ESPECIFICAS PARA 0 CAPITULO 1: Adolph, E.F.: Origins of Physiological Regulations. New York, Academic Press, 1968. Bernard, C.: Lectures on the Phenomena of Life Com- I NTRODUC,40 mon to Animals and Plants. Springfield, Ill., Charles C Thomas, 1974. , Cannon, W.B.: The Wisdom of the Body. New York, W.W. Norton, 1932. Frisancho, A.R.: Human Adaptation. St, Louis, C.V. Mosby, 1979. Sweetser, W.: Human Life (Aging and Old Age). New York, Arno Press, 1979. Weston, L.: Body Rhythm: The Circadian Rhythms Within You, New York, Harcourt Brace Jovanovich, 1979. II FISIOLOGIA CELULAR A Celula e sua Composiceio Resumo As celulas sao formadas, em sua maior parte, por cinco substancias basicas: (1)dgua, que esta presente em concentracdes de 70 a 85%; (2) proteinas que normalmente constituem de 10 a 20% da massa celular; (3) lipidios, formando cerca de 2% das celulas em geral, mas ate 95% das "celulas de gordura adiposas"; (4) carboidratos, com cerca de 1% da mas- sa celular total; e (5) varios Ions, incluindo especialmente o potassio, o magnesia o fosfa- to, o sulfato, o bicarbonato, e pequenas quantidades de sOdio, de cloro e de ado. Cada celula contem muitas estruturas fisicas altamente organizadas, chamadas de orga- nelas. As caracteristicas e funcoes de algumas das principais organelas sao descritas a se- guir. Membrana Celular. E uma estrutura elastica muito delgada, corn cerca de 7,5 a 10 nm (nanOmetros) de espessura. Sua estrutura basica a uma delgada camada de lipidios, com espessura de duas moleculas (folheto bimolecular) que funciona como barreira a pas- sagem de agua e de solutos hidrossoliweis entre o liquido extrizcelular, que banha as celu- las, e o liquido no interior dessas mesmas celulas, chamado de liquido intracelular. Boian- do nessa delgada camada lipfdica bimolecular, existe grande mimero de moleculas de protein, muitas das quaffs atravessam toda a espessura da membrana celular, representan- do passagens, chamadas de poros, por onde podem fluir agua e substancias hidrossoltiveis. Membrana Nuclear. E semelhante a membrana celular, exceto por separar o nucleo- plasma do citoplasma circundante. Na verdade, é uma dupla membrana, formada por dois folhetos bimoleculares, cada um semelhante ao que forma a membrana celular. Mesmo as- sim, a membrana nuclear é bem mais porosa que a membrana celular.. Reticulo Endoplasmatico. E um sistema de tdbulos e de cámaras achatadas interco- nectados, semelhantes a prateleiras, que se estende por quase todo o citoplasma. As mem- branas do reticulo endoplasmatico sao semelhantes a membrana celular e 6, na superficie dessas membranas, que é realizada a maior parte das reacOes quimicas da celula. Presos a muitas areas do reticulo endoplasmatico estao os ribossomas, presentes em grande mime- ro, que sintetizam as proteinas, muitas passando diretamente dos ribossomas para o inte- rior do reticulo endoplasmatico, por onde sao transportadas para outras regioes da celula. Complexo de Golgi. E semelhante ao reticulo endoplasmatico e funciona em associacao corn ele. Geralmente, as proteinas e as outras substancias sintetizadas pelo re- ticulo endoplasmatico passam para o complexo de Golgi, onde sofrem as Illtimas etapas de seu processamento, formando, assim, componentes intracelulares adicionais como as vesiculas secretOrias, os lisossomas etc. MitocOndrias. Sao cámaras alongadas e fechadas que, em geral, tern comprimento de cerca de 1 micron (p). Muitas delas sab distribuidas por todo o citoplasma, chegando, al-' gumas vezes, a urn niimero de varias centenas em uma Unica celula. Essas estruturas sao chamadas de "usinas" celulares, por converterem a energia do alimento ern energia que é armazenada sob a forma de trifosfato de adenosina (ATP). 0 ATP, por sua vez, é utiliza- do por toda a celula para energizar as diferentes reacOes celulares. Por exemplo, o ATP energiza (a) o transporte de substancias atraves da membrana celular, como o transporte de potassio para dentro das celulas e do sOdio para o exterior, (b) a sintese de proteinas e de outras substancias intracelulares, como os fosfolipidios, o colesterol e muitas outras, e (c) a contracffo muscular, promotora de todos os movimentos corporais. ucleoplasma itoplasma Miele° Membrana celular Membrana nuclear 16 FISIOLOGIA CELULAR Lisossomas. Sao pequenos pacotes esfericos de enzimas digestivas, envolvidos por membrana de dupla camada de lipidios. Quando essa membrana é rompida, as enzimas di- _ gestivas sao liberadas no interior celular, onde digerem as estruturas of localizadas. Ou, tambem podem digerir substancias estranhas, como as bacterias que invadem as celulas. Nikko. 0 micleo é o centro de controle da celula. Contem os cromossomas que, por sua vez, sao os locais onde ficam situadas centenas de milhares de moleculas de dcido de- soxirribonucleico, que formam os genes. Os genes controlam as funcOes qufinicas especi- ficas das celulas, bem como controlam, tambem, a reprodugab celular; o que sera discuti- do no Cap. 4. O corpo humano contem cerca de 75 trilhaes de celu- las, cada uma das quais 6 uma estrutura viva. No cor- po, existem cerca de algumas centenas de tipos celu- lares basicos, e cada tipo desempenha papel especial no funcionamento do corpo. Entretanto, apesar das diferencas entre esses diversos tipos celulares, todos possuem em comum algumas funcOes, como, por ,, exemplo, a capacidade de viver, de crescer e, na maio- ria dos casos, de se reproduzir. 0 propOsito dente ca- pitulo é principalmente o de enfatizar essas semelhan- cas entre as celulas e como essas celulas funcionam. Contudo, vamos, inicialmente, descrever a estrutura basica da celula e, em seguida, alguns dos diferentes tipos celulares e de suas estruturas correlatas. ESTRUTURA CELULAR muito apropriado comecar esta discussffo sobre a celula ao ser focalizada a celula original, da qual se *de: senvolve todo o corpo; o Ovulo humano. A Fig. 2-1 mostra urn Ovulo, visto por meio de urn microscOpio Optico. 1J bem maior do que as outras celulas, corn diametro cerca de 10 a 15 vezes maior, mas o Ovulo undado o ancestral de todas as outras celulas. Amda mais, mesmo sendo de dimensOes bem meno- res, as outras celulas ainda conservarn os mesmos componentes basicos, mostrados nessa figura. Para formar o corpo humano, o ovo se divide, por muitas gerace5essucessivas, para formar os 75 trilhöes de ce- lulas que formam o corpo. Entretanto, para ilustrar guff° inthnamente relacionado é o corpo, quando pronto, ao ovo original, se todas as celulas, em cada geracäb, se dividissem, apenas 47 geracaes a partir do ovo seriam necesthrias para formar o corpo. Mas, com o decorrer das geracries sucessivas de divisffo celular, muitas caracteristicas dessas celulas ficam drastica- mente modificadas, urn processo chamado de diferen- ciacdro celular. Apenas algumas das caracteristicas fundamentais da celula podem ser visualizadas corn facilidade pelo microscOpio Optic°. Essas caracteristicas, identifica- das nessa figura, sao (1) a membrana celular, (2) o ci- toplasma, (3) o aide°, (4) a membrana nuclear, (5) o nucleoplasma e (6) o nucleolo, no interior do ai- de°. Discutiremos essas estruturas corn mais detalhes, logo apis considerarmos a organizacab intracelular que é revelada pela microscopia eletrOnica. Estruturas Intracelulares Ate quatro ddcadas atras, nosso conhecimento das es- truturas intracelulares era limitada, em sua maior par- te, ao que podia ser identificado pela microscopia Optica. Mas, corn o advento da microscopia eletremi- ca, foi revelado o mundo maravilhoso da arquitetura e da organizacao intracelular. A Fig. 2-2 mostra a re- construcao de uma celula tipica, ilustrando mtiltiplas estruturas especializadas. Algumas delas determinam as caracteristicas fisicas das celulas, outras, chamadas de organelas celulares, realizam funcaes celulares bem d efinid as . 1. Membrana Celular. E um envelope extrema- mente delgaclo que circunda toda a celula. E for- mada, principalmente, por substancias lipidicas (gordurosas), mas tambem contem grande Mime- ro de moleculas de proteina que bOiam na matriz da membrana. Essa membrana separa o intracelular, no interior da celula, do liquido ex- tracelular, que circunda as celulas. 2. Citoplasma. E a substancia que preenche o es- paco limitado pela membrana celular e que cerca Nuclëolo Figura 2-1. A celula viva basica: esta e uma imagem de um Ovulo, extraido de ovario humano, a partir do qual vai-se desenvolver o corpo humano. Microthbutos Membrana celular • Cromossomas e ADN Granulo secretor Centr folos Aparetho de Golgi MitocOndria Membrana nuclear Nucleolo Microfilamentos A LULA E SUA COMPOSICAO 17 Retfculo endoplasmatico granular Reticulo endoplasmatico liso (agranular) Figura 2-2. ReconstrugEo de celula tfpica, mostrando as organelas internas no citoplasma e do micleo. o ndcleo celular. Basicamente, é uma solucao de nutrientes, de ions e de muitas outras substancias que sao importantes para a vida da celula. Tam- 1)6m contem muitas particulas em suspen go e es- truturas funcionais especiais. As mais importan- tes delas go descritas nos paragrafos seguintes. 3 Reticulo Endoplasmdtico. uma extensa es- trutura membranosa que existe em grandes areas do citoplasma, na maioria das celulas. As mem- branas do reticulo . endoplasmatico formam urn sistema fechado de tubos e de cisternas (rede de canals). Substancias podem ser transportadas ao longo de toda a celula no interior desses tubos e cisternas. Tambem, as paredes membranosas do reticulo endoplasmatico contem enzimas para a sintese de diversas substancias. 0 reticulo endo- plasmatico liso sintetiza carboidratos e substan- cias gordurosas. 0 reticulo endoplasmatico rugo- so (granular) sintetiza principalmente protelnas e alguns carboidratos. 4. Ribossomas. Sao muitas, pequenas e sOlidas es- rvrn rurt-d- cart o rIcal e nu n &it-. sintetizadas as moldculas de proteina da celula. A major parte dos ribossomas esta fixada ao reticu- lo endoplasmatico, e é sua apardncia granular que da o nome de "granular" (ou "rugoso") a parte do reticulo endoplasmatico onde estab fixados. 5. Aparelho de Golgi. Tambem é uma estrutura membranosa semelhante ao reticulo endoplasma- tico. As substancias sintetizadas pelo reticulo en- doplasmatico passam, usualmente, logo apOs para o aparelho de . Golgi, onde sofrem uma nova eta- pa de seu processamento. Em seguida, o aparelho de Golgi, por sua vez, libera pequenas vesiculas, chamadas de grdnulos secretOrios ou vesiculas se- cretOrias, para o citoplasma. Essas estruturas con- tern as indmeras substancias que foram sintetiza- das pelo reticulo endoplasmatico e pelo aparelho de Golgi. Os gránulos secrethrios, por sua vez, po- dem ser utilizados para outras finalidades no inte- rior da celula, ou podem ser extrudados para o exterior, atraves da membrana celular, fornecen- do, desse modo, componentes especiais, ffsicos ou qulmicos, para o espaco extracelular, ou se- rrpniigse rise divpreaq aial1l11i1As (in corno_ comb por exemplo, as glandulas salivares e as glandulas gastricas. FISIOLOGIA CELULAR entre o nixie° e as diferentes partes do compar- timento citoplasmatico. 6. Mitocemdthis. Cada celula contem uma centena ou mais de mitocOndrias. A mitocOndria e uma estrutura membranosa em forma de saco, que ex- trai energia dos alimentos, conforme sao metabo- lizados corn oxigénio e, em seguida, torna essa energia disponlvel para as outras partes da celu- la, sob a forma de urn composto de alta energia, o trifosfato de adenosina. Por sua vez, é essa substancia que energiza as diferentes reacOes qui- micas da celula. 0 trifosfato de adenosina é tab importante que sera discutido, em detalhe, nos Caps.31 e 32. 7. Lisossomas. Sao inirmeras vesiculas pequenas que flutuam no citoplasma, contendo grandes quantidades de enzimas digestivas. Os lisossomas podem liberar essas enzimas para digerir as partes mortas das celulas ou para destruir as substancias anormais, como as bacterias que penetram nas ce- lulas. 8. Microtabulos. Presentes em muitas celulas e para servir a diversos fins, um dos quais e o de conduzir liquidos especiais de uma parte da celu- la para outra, sao, tambem, razoavelmente rigi- dos e, portanto, funcionam em muitas celulas co- mo urn arcabouco estrutural intracelular. 9. Centriolos. Cada celula possui dois centriolos, que sat, estruturas sOlidas, formadas por microta- bulos. Antes da divisao celular, os centriolos se reduplicam, originando o arquiteto estrutural in- tracelular, chamado de aparelho mitOtico, meca- nismo de orientacao para a celula, durante o pro- cesso da divisao celular. 10. Microfilamentos. Sao elementos alongados ou eldsticos. Em, algumas celulas, reforcam a membrana celular e, em celulas especiais, como as celulas musculares, representam a base para a contracdo muscular. 11. Membrana Nuclear e Nacleo. Geralmente, o !Video é uma estrutura grande, redonda ou ovOi- de, limitada por sua prOpria membrana celular. Cada celula, na maioria dos casos, possui apenas um nircleo. Entretanto, algumas celulas nao pos- suem como as hemacias, e alguns tipos de celulas possuem nircleos mdltiplos, como as celu- las dos mirsculos esqueleticos. A membrana nu- clear é semelhante, em sua estrutura, a membra- na celular, exceto que é uma membrana dupla. 0 espaco entre as duas camadas esta em comunica- cao corn o reticulo endoplasmatico, o que repre- sents um canal para o transporte de substancias 12. Os Cromossomas e o ADN. As principais estru- turas do ndcleo sao os cromossomas. 0. ndcleo da celula humana contem 46 cromossomas e eles, por sua vez, sao formados, principalmente, por moleculas de acid° desoxirribonucleico (ADN). 0 ADN forma os genes da celula, existindo cerca de 100.000 genes em cada celula. Os genes deter- minant as caracteristicas hereditarias de celula bem como a funcao celular. Este tOpico sera o imico assunto de todo o Cap. 4. 13. Nucleolo. E uma estrutura situada no interior do nircleo que contem mistura de protein e de dcido ribonucMico (ARN). 0 material que forma o nucleolo, eventualmente, forma os ribossomas que saem do nucleo e se distribuem por todo o citoplasma. Em resumo, a arquitetura intracelular da celula é muito complexa. E capaz de utilizar os alimentos para extrair energia e de sintetizar miriades de compostos quimicos especiais, dos quais os mais importantes sao os diferentestipos de protelnas. As substancias sinte- tizadas; em seguida, sao usadas para o crescimento de novas estruturas intracelulares, ou para a formacao de celulas, inteiramente novas, pelo processo da celular, ou essas substancias podem ser extrudadas pa- ra o exterior da celula para formar os elementos estru- turais nos espacos entre as celulas. ALGUNS TIPOS REPRESENTATIVOS DE CELULAS E DE TECIDOS A Fig. 2-3 mostra diferentes tipos de celulas e de teci- dos que servem a diferentes funcOes no corpo. 0 exemplo A mostra o tecido conjuntivo frouxo, que mantem unidas as diferentes estruturas do corpo. Es- se tecido contem celulas, chamadas de fibroblastos, que ficam retidas nas malhas das fibras coMgenas e eldsticas. Os fibroblastos secretam substancias que, polimerizadas, formam as fibras, e as fibras, por sua vez, fornecem a energia tensil para os tecidos, o que os mantém unidos. 0 exemplo B mostra diversas celulas sangiiineas, brancas e vermelhas (hemacias).. As celulas verme- lhas transportam o oxigenio no sangue que circula dos pulmOes para os tecidos e gas carbOnico no sangue que circula em sentido inverso, isto 6, dos tecidos para os pulmoes. As celulas brancas (leucOcitos) lirn- pam o sangue e os tecidos de materiais indesejaveis, como as bacterias, os detritos de tecidos em degene- racao e assim por diante. 0 exemplo C mostra uma celula nervosa do ce- rebro. 0 prolongamento longo e descendente dessa celula é o axOnio que, ocasionalmente, node atin2ir C A ce LULA E SUA COMPOSIQAO 19 A B Figura 2-3. Exemplos de diferentes tipos de celulas: (A) tecido conjuntivo, (B) glObulos sanghlneos vermelhos e brancos, (C) ce- lula nervosa, (D) celulas musculares, (E) tecido renal. ate 1 metro de comprimento. Impulsos eletroquimi- ,os passam ao longo da superficie da celula nervosa ,J ao longo da membrana do axOnio para transmitir informagffo de uma parte do corpo para outra. 0 exemplo D mostra celulas musculares, que tarn- bern transmitir impulsos eletroquimicos ao longo de suas membranas, mas que so diferentes das celulas nervosas por possuirem longas miofibrilas que se estendem por todo o comprimento do miisculo e que se contraem quando urn impulso eletroquimico passa pela membrana da celula muscular. 0 exemplo E mostra diversos tipos e estruturas do rim, Sao mostrados varios tubulos renais, revestidos por celulas epiteliais; essas estruturas participam da formacab da urina, como sera explicado em capitulo adiante. Tambem so mostrados dois pequenos vasos sangiiineos, ambos em cortes transversais nessa figu- ra; esses vasos estao cheios corn hemacias e o tecido conjuntivo esta presente em todos os espacos para manter unidas todas as diferentes estruturas. As celulas e tecidos representatives mostrados na Fig. 2-3 sao apenas alguns dos muitos tipos presentes no corpo, mas apresentam grande variabilidade entre os diferentes tipos de celulas. Essas dessemelhancas nermitem aue as celulas desemnenhem funenes dife- rentes. 0 restante do presente capItulo, contudo, apresenta as semelhancas entre as celulas e nab suas dessemelhancas. Em capitulos fututos, muitos tipos diferentes de celulas especializadas serao descritos em detalhes, bem como sera discutido seu funcionamento. A composicAo QUIMICA DA CE LULA As diferentes substancias que compOem a celula sao coletivamente chamadas de protoplasma. 0 protoplas- ma é formado, principalmente, de cinco substancias bdsicas: agua, Ions, protelnas, lipidios e carboidratos. Agua. E o principal meio liquid° da celula, pre- sente em concentracao entre 70 e 85%. Muitas substancias quimicas da celula estao dissolvidas na agua; outras existem em suspensao, sob a forma de particulas dirninutas. As reacOes quftnicas se realizam entre as substancias quimicas dissolvidas ou.nas.super ficies limites entre as particulas tm suspensao e a agua. Ions. Os mais irnportantes Ions da celula sao o potcissio, o magnesio , o fosfato, o sulfato, o bicarbo- nato e nennp naR nuantitia'apR cridin elnrptn P efil- Membrana nuclear Reticulo endoplasmatico (granular) Membrana celular MitocOndria Evaginagetes membranosas Glicogenio Invaginagries membranosas: Endoplasma Cortex (ectoplasma) Figura 2-4. Organizagffo do compartimento citoplasmatico da celula. Lisossorno Gordura neutr Reticulo.endoplasmatico agranular 20 FISIOLOGIA CELULAR do. Esses ions sera° discutidos no Cap. 5, onde serao consideradas as inter-relacOes entre os liquidos intra e extracelular. Os ions estao dissolvidos na agua celular e forne- cem os compostos quimicos inorganicos para as rea- cOes celulares. Tambem sao necessarios para o funcio- namento de alguns dos mecanismos celulares de con- trole. Por exemplo, os ions que atuam a nivel da membrana celular permitem a transmissao de impul- ses eletroquimicos em fibras nervosas e musculares, enquanto que os Ions intracelulares determinam a atividade de diferentes reacOes que sao catalisadas por enzimas, e que sao necessarias para o metabolismo celular. proteinas. Exceto pela agua, as proteinas repre- sent= a substancia mais abundante na maioria das celulas, formando, em condicOes normais, cerca de 10 a 20% da massa celular. Essas proteinas podem ser livididas em dois tipos, as proteinas estruturais e as proteinas globulares que sao, em sua maior parte, enzimas. Para se dar urns ideia do que se quer dizer corn proteinas estruturais, deve-se apenas chamar atencao para o fato de que o couro a formado quase que exclusivamente por proteinas estruturais e que o ca- belo, de igual modo, a formado em sua quase totali- dade por proteinas estruturais. As proteinas desse tipo estao presentes na celula sob a forma de longos e finos filamentos que sao polimeros de muitas mole- culas proteicas. A utilizacao mais proerninente des- ses filamentos intracelulares é o de atuar como o me- canismo contratil para todos os mlisculos, como sera discutido no Cap. 7. Entretanto, os filamentos tam- bêm ocorrem organizados em microtithulos, que sao a base estrutural dos cilios e dos fusos mitoticos das ce- lulas em reprodugao. De igual modo, as proteinas fi- yilares extracelulares sao encontradas principalmente nas fibras colagenas e elasticas do tecido conjuntivo, dos vasos sanguineos, dos tendOes, dos ligamentos etc. As proteinas globulares, por outro lado, represen- tam tipo inteiramente diverso de proteina, formadas, usualmente, por moleculas individuais de proteins ou por agregados de, no maxim°, algumas moleculas, sob forma globular e nab em forma fibrilar. Essas protei- nas sao principalmente as enzimas das celulas e, em contraste corn as proteinas fibrilares, sao muitas vezes solfiveis nos liquidos celulares ou estao absorvidos ou aderentes as superficies membranosas de estruturas no interior da celula. As enzimas entram em contato direto com as .outras substancias no interior celular, catalisando as reacOes quimicas. Por exemplo, as rea- cOes quimicas que quebram a molecula da glicose em suas fracOes componentes e, em seguida, as combi- nam corn o oxigenio para formar gas carbOnico e agua, liberando, dessa forma energia para a funcao ce- lular, sao catalisadas por serie de enzimas proteicas. Tipos especiais de proteinas .sao encontrados em diferentes partes das celulas. De importancia parti- cular sao as nucleoprotanas do nUcleo que contem o dcido desoxirribonucleico (ADN) que forma os genes; ester controlam a funcao global da celula bem como a transmissao das caracteristicas hereditarias de celula a celula. Essas substancias sao ta° importantes que sera° consideradas em maiores detalhes, no Cap. 4. Lipidios. Os lipidios sao formados por tipos di- ferentes de substancias que possuem em comum a propriedade de serem soliweis em solventes de gordu- ras. Os mais importantes lipidios, na maioria das celu- las, sao os fosfolipidios e o colesterol, que formam cerca de 2% da massa total da celula. Esses dois tipos de compostos sao os constituintes principais de diver- sas membranas, como, por exemplo, a membrana celular, a membrana nuclear e as membranas das orga- nelascitoplasmaticas, como as do reticulo endoplas- matico e das mitocOndrias, entre outras. A importan- cia especial dos fosfolipidios e do colesterol na celu la a por serem pouco soluveis ou totalmente insohl- veis em agua. Mem dos fosfolipidios e do colesterol, algumas ce- lulas ainda contém grandes quantidades de trigliceri: dios, tambem chamados de gordura neutra. Nas cha- madas "celulas adiposas", os trigliceridios podem re- presentar ate 95% da massa celular. E a gordura ar- mazenada nessas celulas forma o principal depOsito de que disp6e o organismo de urn nudiente rico em energia, que pode ser degradado e usado por seu teor de energia, sempre que a ingestao de alimento no mo- mento for suficiente para suprir a energia necessaria. Carboidratos. Em geral, os carboidratos exer, cem muito poucas funcOes estruturais nas exceto como parte das moleculas de glicoproteinas, PROTEINA I NTEGRAL CARBOIDRATO 1 ' DUPLA CAMADA LIPIDICA PROTEINA_ INTEGRAL PROTEINA PERIFERICA GITOPLASMA A CELULA E SUA COMPOSICAO mas desempenham papel fundamental na nutrigo das cehilas. 0 carboidrato, sob a forma de glicose, esta sempre presente no meio extracelular circundante, de modo que é facilmente disponivel para a celula. Alen disso, uma pequena quantidade de carboidrato é, em geral, armazenada nas ceulas, sob a forma de glico- genio — cerca de 1% da massa celular total — que é urn polimero insoluvel da glicose, que pode ser mobi- lizado rapidamente por ate 12 horas, para suprir as necessidades energeticas das celulas, mas que é insu- ficiente para esse fim se o jejum é prolongado por dias. A ORGANIZAQÃO FISICA DA CELULA As Estruturas Membranosas Cklula A Fig. 2-4 mostra, de forma esquematica, as es- truturas fisicas da Praticamente todas sao re- . vestidas por membranas, formadas, em sua maior par- te, por lipidios e por proteinas. Os lipidios atuam como uma barreira que impede o livre movimento da agua .e de substancias hidrossoliweis de uma celula para outra. As moleculas de protein, por outro lado, interrompem a continuidade da barreira lipidica e, portanto, produzem pertuitos — atraves das prOprias moleculas proteicas — para a passagem de diversas substancias atraves da membrana. As diversas mem- branas celulares incluem a prOpria membrana celular, 21 a membrana nuclear, a membrana do reticulo endo- plasmatico e as membranas, das mitocendrias, dos li- sossomas, do complexo de Golgi etc. A Membrana Celular. A membrana celular, que envolve completamente a celula, é uma estrutura elas- tica muito delgada, corn espessura de 7,5 a 10 nano- metros (nm). 1 formada quase que totalmente por proteinas e por lipidios; sua composicao aproximada é 55% de proteinas, 25% de fosfolipidios, 13% de colesterol, 4%de outroslipidios e 3% de carboidratos. A Barreira Lipidica da Membrana Celular. A Fig. 2-5 mostra que a estrutura basica da membrana celu- lar é a dupla camada que é uma delgada ca- mada de lipidios, corn a espessura de apenas duas mo- leculas, e que é continua por toda a superficie celular. Dispersas nessa camada lipidica existem grandes mo- leculas globulares de proteina. A dupla camada lipidica é formada quase que exclusivamente por fosfolipidios e por colesterol, o que faz corn que essa dupla camada seja quase que completamente impermeavel a agua e as substancias hidrossohiveis comuns, como os ions, a glicose, a urea e outras. Por outro lado, substancias lipossoliz- veis como o codgenio, o gas carbOnico e os alcoois podem atravessar essa regiffo da membrana. Caracteristica especial da dupla camada lipidica é o fato de ser urn fluido e nffo um sOlido. Como conse- partes da membrana podem, literalmente, fluir de urn ponto a outro dessa membrana. As protei- nas ou outras substancias, dissolvidas ou flutuando na dupla camada lipidica, tendem a se difundir para todas as areas da membrana celular. Figura 2-5. Estrutura da membrana celular, mostrando que 6 composta principalmente por uma dupla camada lipidica, mas que apresenta grande nimero de moleculas proteicas atravessando esta camada e projetando-se para ambos os lados da mesma. Tambem fracdes de carboidratos estEo aderidas as moleculas proteicas na parte externa da membrana e moleculas proteicas adicionais sao encontradas na parte interna. (De Lodish e Rothman: Sci. Am., 240: 18, 1979. © 1979 by Scientific American, Inc.) FISIOLOGIA CELULAR22 As Proteinas da Membrana Celular. A Fig. 2-5 tambern mostra diversas massas globulares, flutuando na dupla camada lipidica. Essas massas sac) as protei- •41;6, Matriz nas celulares, a maioria delas sendo glicoproteinas (proteinas a que estao fixados radicais carboidratos). Existem dois tipos de proteinas: as proteinas integrals, cujas moleculas atravessam toda a espessura da mem- brana, e as proteinas perifericas, apenas fixadas a Reticulo vessa-la. As proteinas integrals formam pertuitos endoplasmatico Reticulo parte externa da superficie da membrana, sem atra- estruturais por onde a agua e os compostos hidros- granular endoplasmatico agranular soliveis — em especial, os ions — podem-se difundir •entre os liquidos intra e extracelular, formando, as- sirn, os chamados "poros" da membrana celular. Figura 2-6. Estrutura do reticulo endoplasmatico. (Modifica- Entretanto, essas proteinas possuem caracteristicas do .de De Robertis, Saez e De Robertis: Cell Biology, e ed., rencial, mais intensa, de alguns compostos, dificul- W. B. Saunders Co., 1975.)de seletividade que promovem uma difusao prefe- >do a de outros. Algumas dessas proteinas podem, tamb6m, atuar como enzirnas. As proteinas perif6ricas ocorrem ou inteiramente mostrada na Fig. 2-6. 0 espago no interior dos tii- ou quase que inteiramente dentro da espessura da bulos e das vesiculas esta cheio de matriz endoplas- mdtica; um meio liquido que diferente do liquid°membrana e, na maioria dos casos, estao fixadas a uma proteina integral. Essas proteinas perifericas. que banha o exterior do reticulo endoplasmatico. As atuam quase que exclusivamente como enzimas, que microfotogr afias eletrOnicas mostram que o espaco no controlam muitas das rendes quimicas no interior da interior do reticulo endoplasmatico esta ligado ao espago entre as duas membranas da dupla membrana Os Carboidratos da Membrana. Os carboidratos nuclear. saoda membrana, quase que invariavehnente, estao locali- diferentesAs substfincias que formadas em zados na face externa da membrana celular; sao as partes da celula penetram nos espagos do reticulo poryies "glico" das moleculas de glicoproteinas que endoplasmatico e sao por ele conduzidas a outras par- protraem da membrana. Esses radicais carboidratos tes da celula. Ao mesmo tempo, a imensa area da su- sao as partes da membrana que participam das reagdes perficie desse reticulo, bent como sews multiplos sis- imunes, que discutiremos no Cap. 25, e, muitas vezes, temas enzirnaticos, formam a maquinaria para uma parte bastante significativa das fungdes metabOlicasatuam como moleculas receptoras para liormOnios nue al vao-se fixar — como ocorre corn a insulina — da celula. r ye estimulam tipos especificos de atividades celu- - lares. Os Ribossomas e o Reticulo Endoplasmatico Gra Existe urn grande rainier° de pequenas parti- . nular. A Membrana Nuclear. A membrana nuclear, culas granulare s fixadas as superficies externas de mostrada na Fig. 2-11, 6 formada, na verdade, por muitas partes do reticulo endoplasmatico. Essas parti duas membranas, uma eat . redor da outra, Tim man- culas sao os ribossomas. Quando existem, o reticulo e tondo um amplo espago entre elas. Cada uma dessas chamado de reticulo endoplasmatico granular, ou membranas a quase igual a membrana celular, pos- rugoso. Os ribossomas sao formados, principalmente, suindo uma estrutura basica de dupla camada lipidica por acido ribonucleico, que participa na sintese de corn proteins globulares flutuando nessa matriz lipidi- proteina pela celula. ca. Em muitos pontos, as duas membranas sao fundidas 0 Reticulo Endoplasmatico Agranular. Parte do e, nesses pontos, a membrananuclear 6 extremamente reticulo endoplasmatico nao possui ribossomas. Essa permeavel, de modo que quase todas as substancias parte 6 chamada de reticulo endoplasmatico agranular, em solucao ou em suspensao, incluindo os ribossomas ou liso. 0 reticulo endoplasmatico agranular atua, es- recem-formados, corn grandes dimensdes, podem pas- pecialrnente, na sintese de substancias lipidicas, bem sar, corn facilidade, do allele° para o citoplasma. como em muitas outras atividades enzimaticas das 0 Reticulo Endoplasmatico. A Fig. 2-4 mostra celulas. de Golgi,Golgi. 0 complexo de Golgique. existe no citoplasma uma rede continua de estru- 0 Cornplexo turas tubulares e vesiculares achatadas, formadas por mostrado na Fig. 2-7, é intimamente relacionado ao membranas de dupla camada lipidica-proteina, cha- reticulo endoplasmatico. Possui membranas seme- mada de reticulo endoplasmatico. A area total da su- lhantes as do reticulo endoplasmatico agranular. perficie dessa estrutura, em algumas celulas — como Usuahnente, e formado por quatro ou mais camadas as do figado, por exemplo — pode chegar a ser de 30 de vesiculas delgadas e achatadas, ernpilhadas umas a 40 vezes major do que a area da superficie da pro- sobre as outras, e localizadas prOximas ao Em 1_,. ‘,,,•rptnraS_ else comnleyn onto• Vesfculas de Complexo de Golgi Vesiculas do RE Ret fcti I o endoplasmatico IRE) Enzimas de fostorilagao oxidativa Camaraexterna Membrana interna • Matriz Cristas A CELULA E SUA comPosicAo 23 sao responsaveis pela maim parte de seu metabolismo energetico. A estrutura basica da mitoceindria é mostrada na Fig. 2-8, que a. mostra ser composta, principalmente, por duas membranas de dupla camada lipidica-pro- teina: uma membrana externa e outra membrana in- terna. Muitas dobras da membrana interna formam as cristas, onde ficam fixadas as enzimas oxidativas da celula. Alem disso, a cavidade interna da mitocOndria é cheia por uma matriz de gel, contendo grandes quantidades de enzimas dissolvidas, necessärias para a extracao da energia dos nutrientes. Essas enzimas atuam em associacao corn as enzimas oxidativas das cristas, causando a oxidacao dos nutrientes, corn for- mago de gas carbemico e de agua. A energia que assim liberada é usada para sintetizar urn composto rico em energia, chamado de trifosfato de adenosina (ATP). 0 ATP 6, em seguida, transportado para fora da mitocOndria e se difunde por toda a celula para li- berar sua energia onde quer que seja necessaria para a realizacao das funcOes celulares. A funcao do ATP 6 tat, importante para a celula que sera discutida em de- talhe, mais adiante. As mitocOndrias sao auto-replicativas, o que signi- flea que uma mitocOndria pode dar origem a uma se- gunda, ou uma terceira e assim por diante, sempre que houver na celula aumento da necessidade de ATP. Os Lisossomas. Os lisossomas representam urn sistema digestivo intracelular que permite a digestao pela celula, corn a conseqiiente remocao de todas as substancias e estruturas indesejaveis, especialmente aquelas que estiverem lesadas ou que forem estranhas a celula, Como é o caso das bacterias. 0 lisossoma, mostrado na Fig. 2-4, tem diametro entre 250 e 750 nm e é cercado por membrana de dupla camada lipidica tipica. E cheio corn grande namero de peque- nos granulos, que sao agregados proteicos de enzimas hidroliticas (digestivas). Uma enzima hidrolitica capaz de dividir uma molecula organica em duas ou Figura 2-7. Complexo de Golgi tipico, mostrando suarelagffo corn o reticulo endoplasmatico e com o niicleo. nesse tipo celular, fica localizado na parte da celula onde vai ocorrer a extrusao das substancias secretadas. 0 complexo de Golgi funciona, principalmente, em associacao corn o reticulo endoplasmatico. Como é mostrado na Fig. 2-7, pequenas "vesiculas transpor- tadoras" sao continuamente formadas a partir do reti- culo endoplasmatico e, logo em seguida, fundem-se com o complexo de Golgi. Por esse mecanismo, as substancias sao transportadas do reticulo endoplas- matico para o complexo de Golgi. Ai, as substancias que foram transportadas sofrem uma nova etapa de processamento, corn a formacab de vesiculas secreto- ras, lisossomas e outros componentes citoplasmaticos. ,0 Citoplasma e suas Organelas 0 citoplasma esta cheio de organelas e de particulas cujas dimensOes variam de pequenas (alguns poucos nanOmetros) a grandes (corn cerca de 3 micra) de dia.- metro. A parte liquida clara onde ficam dispersas essas particulas é chamada de hialoplasma e contem, principalmente, proteinas, ions, glicose e pequenas quantidades de fosfolipidios, de colesterol e de acidos graxos esterificados, tudo em solugo. Entre as grandes particulas dispersas no citoplasma devem ser mencionados os glObulos de gorduras neu- tras, os granulos de glicogenio, os ribossomas, os gra- nulos secretOrios e duas organelas especialmente im- portantes — as mitocOndrias e os lisossomas. As Mitoctindrias. As mitocOndrias sao chamadas de "usinas" celulares, visto que extraem a energia dos nutrientes e do oxigenio e, em seguida, fornecem energia em forma mais utilizavel, para energizar, prati- camente, todas as funcOes celulares. 0 nirmero de mi- tocOndrias por celula varia desde menos de uma cen- tena a muitos milhares, dependendo da quantidade de energia necessitada pela celula. Ainda mais, as mito- atindrias ficam concentradas nas re gieSes da (Aida nth. Membrana externa Figura 2-8. Estrutura de uma mitocOndria. (Modificado de De Robertis, Saez e De Robertis: Cell Biology, 6 a. ed., W. B. Canrirli.re n 1 07 C Granulos de secrecao Figura 2-9. Granulos de secrecab em celulas acinares do pancreas. FISIOLOGIACELULAR24 mais fracOes ao fazer reagir o hidrogenio de uma mo- lecula de igua corn uma fracab do composto e a oxi- drila restante corn outra fracao. Por exemplo, a pro- teina é hidrolisada a aminoacidos e o glicogênio e hi- drolisado em glicose. Mais de 40 diferentes hidrolases acidas já foram identificadas nos lisossomas e as prin- cipais substincias que sao digeridas por essas enzimas incluem proteinas, acidos nucleicos, mucopolissacari- dies, lipidios e glicogdnio. Comumente, a membrana que envolve o lisossoma impede que as enzimas hidroliticas al contidas entrem em contato corn outras substincias da celula. Contu- do, .existem muitas condic5es que causam a ruptura de, pelo menos, alguns lisossomas, permitindo a libe- racao de enzimas. Como resultado, essas enzimas pas- sam a fracionar .todas as moleculas orgänicas corn que entrain em contato, ate transforms-las em substancias de pequenas dimensOes, muito difusiveis, como os aminoicidos e a glicose. OUTRAS ESTRUTURAS E ORGANELAS CITOPLASMATICAS Veslculas Secretenias. Uma das importantes fun- ccies de muitas celulas é a secrecao de substancias de- terminadas. Quase todas as substâncias secretadas sao sintetizadas no sistema reticulo endoplasmatico-com- plexo de Golgi, sendo liberadas do complexo de Golgi sob a forma de vesiculas de armazenamento, chama- das de vesiculas secretoras, ou, algumas vezes, los secretores.. A Fig. 2-9 mostra vesiculas secretoras tipicas, no interior de celulas acinares pancreaticas, no interior das quais existem enzimas de estrutura protOica; que al ficam armazenadas. Essas enzimas itrab secretadas mais tarde, atraves da membrana ce- lular, para o conduto excretor pancreatico. Os Microfilamentos e os Microtfibulos. As pro- teinas fibrilares do citoplasma celular sao, geralmen- te, organizadas em microfilamentos ou em microtfi- bulos. Essas estruturas sao originadas a partir de mo- lecular precursoras de proteinas, sintetizadas pelos ri- bossomas. Inicialmente, aparecem em solucao no cito- plasma. Em segtrida, polimerizam para formar os mi- crofilamentos. Um grande ndmem desses microfila- mentos ocorre, frequentemente, na zona mais externa do citoplasma, chamada de ectoplasma, onde forma uma sustentacao elastica para a membrana celular. De igual modo, em celulas musculares, os microfilamen- tos_mostram-se organizados em um mecanismo con- tratil especial, que
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