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CURSO DE FILOSOFIACURSO DE FILOSOFIA AULAS 07 e 08 CURSO DE SOCIOLOGIACURSO DE SOCIOLOGIA AULAS 07 e 08 CURSO DE FILOSOFIA Aulas no. s 07 e 08 FILOSOFIA E POLÍTICA A. O que define a Política? Para a filósofa Hannah Arendt, a liberdade é o sentido da política. Mas essa liberdade não significa fazer o que se deseja, não significa soberania, pois só se é livre perante outros que também o sejam. E o lugar da liberdade e, portanto, da Política, é a existência de um espaço público organizado que permitiria a todos os homens livres “aparecer”, isto é, agir. A liberdade existe onde a condição plural do homem não seja desconsiderada, sendo nada mais que ação, em outras palavras, o indivíduo só é livre enquanto está agindo, nem antes, nem depois. A Política, para Hannah Arendt, implica não só a possibilidade, latente em todos os seres humanos, de “começar”, de criar algo novo, fazendo surgir o inesperado, o imprevisível, mas também, e não de maneira secundária, que a ação política nunca se realiza no isolamento, sempre é uma ação em conjunto, configurando um acordo entre iguais. Por isso, o que é mais assustador nas formas do Estado Totalitário, é a “concepção segundo a qual a liberdade dos homens precisa ser sacrificada para o desenvolvimento histórico, cujo processo só pode ser impedido pelo homem quando este age e se move em liberdade.” É também no espaço de liberdade que se dá a condição de igualdade, pois é o espaço político comum a todos nós. Conforme o pensamento da autora, a liberdade do falar um com o outro “só é possível no trato com os outros” e “só na liberdade de falar um com o outro nasce o mundo sobre o qual se fala, em sua objetividade visível de todos os lados. Alguns testes: 01. (Fundação Carlos Chagas) – Durante o século XX, a filósofa Hannah Arendt afirmou que existe uma antiga resposta para a pergunta sobre o sentido da política tão simples e concludente, que poderia dispensar outras respostas por completo. De acordo com o que explana Hannah Arendt em O que é política?, esse sentido da política é: a) o poder. b) a administração. c) a liberdade. d) a igualdade. e) o bem. 02. (UEG) – As histórias, resultado da ação e do dis- curso, revelam um agente, mas este agente não é autor nem produtor. Alguém a iniciou e dela é o su- jeito, na dupla acepção da palavra, mas ninguém é seu autor. ARENDT, Hannah. A condição humana. Apud SÁTIRO, A.; WUENSCH, A. M. Pensando melhor – iniciação ao filosofar. São Paulo: Saraiva, 2001. p. 24. A filósofa alemã Hannah Arendt foi uma das mais refinadas pensadoras contemporâneas, refletindo sobre eventos como a ascensão do nazismo, o Holocausto, o papel histórico das massas etc. No trecho citado, ela reflete sobre a importância da ação e do discurso como fomentadores do que chama de “negócios humanos”. Nesse sentido, Arendt defende o seguinte ponto de vista: a) a condição humana atual não está condicionada por ações anteriores, já que cada um é autor de sua existência. b) a necessidade do ser humano de ser autor e pro- dutor de ações históricas lhe tira a responsabili- dade sobre elas. c) o agente de uma nova ação sempre age sob a influência de teias preexistentes de ações ante- riores. d) o produtor de novos discursos sempre precisa le- var em conta discursos anteriores para criar o seu. CURSO DE FILOSOFIA 2 03. (UNESP) – Hannah Arendt reflete a respeito de três atividades humanas que são vinculadas a três for- mas de vida humana. Tal relação esquemática é central na filosofia daquela pensadora e em sua crí- tica da sociedade contemporânea. Assinale a alter- nativa que relaciona, corretamente, aqueles modos de vida e atividades humanas. a) Ser político - trabalho; homo faber - fabricação; animal laborans - ação. b) Ser político - ação; homo faber - trabalho; animal laborans - fabricação. c) Ser racional - ação; homo economicus - trabalho; homo ludens - diversão. d) Ser político - ação; homo faber - fabricação ; ani- mal laborans - trabalho. e) Ser racional - contemplação; homo economicus - ação; homo laborans - trabalho. 04. (UEL – PR) – Leia o texto abaixo, que trata do con- ceito ético de responsabilidade: “[...] devo ser considerado responsável por algo que não fiz, e a razão para a minha responsabilidade deve ser o fato de que eu pertenço a um grupo (um coletivo), o que nenhum ato voluntário meu pode dissolver [...] somos sempre considerados responsáveis pelos pecados de nossos pais, assim como colhemos as recompensas de seus méritos”. (ARENDT, Hannah. Responsabilidade e julgamento. São Paulo: Companhia das Letras, 2004, p. 216-217). Assinale a alternativa que pode ser considerada INCORRETA enquanto interpretação do excerto acima: a) Hannah Arendt adere à perspectiva moderna de uma ética da responsabilidade individual e ina- lienável. b) A experiência totalitária do nazismo deve ser encarada como responsabilidade de todos, não cabendo às gerações posteriores se eximirem da responsabilidade pelo mundo, cabendo a todos o papel de salvaguardar o mundo dos terrores tota- litários, mesmo que não tenham nenhuma culpa (afinal nem eram nascidos) por tais crimes contra a humanidade. c) No momento em que o candidato que responde a esta prova assinala uma alternativa, há na mes- ma cidade uma criança sofrendo maus-tratos de um pai violento. O candidato não tem nenhuma culpa da dor dessa criança, mas deve assumir sua corresponsabilidade por esse acontecimento. d) A responsabilidade é coletiva, enquanto a culpa é individual. e) A liberdade não pode estar à margem da respon- sabilidade, pois se nenhum ato voluntário pode dissolver o pertencimento de um indivíduo ao grupo, a responsabilidade passa a ser condição da ação livre. 05. (UECE) – Isonomia não significa que todos sejam iguais perante a lei nem que a lei seja igual para todos, mas sim que todos têm o mesmo direito à atividade política; e essa atividade na polis era de preferência uma atividade de conversa mútua. Por isso, isonomia é, antes de tudo, liberdade de falar e como tal é o mesmo que isegoria; mais tarde, em Polibios, ambas significam apenas isologia. Porém, o falar na forma de ordenar e o ouvir na forma de obedecer não eram avaliados como falar e ouvir ori- ginais; não era uma conversa livre porquanto com- prometida com um fenômeno determinado não pela conversa, mas sim pelo fazer ou trabalhar. As pala- vras eram aqui como que o substituto do fazer e, na verdade, de um fazer que pressupunha o forçar e o ser forçado. Quando os gregos diziam que os escra- vos e bárbaros eram aneu logou, não dominavam a palavra, queriam dizer que eles se encontravam numa situação na qual era impossível a conversa livre. Na mesma situação, encontra-se o déspota, que só conhece o ordenar; para poder conversar, ele precisava de outros de categoria igual à dele. Portanto, para a liberdade, não se precisava de uma democracia igualitária no sentido moderno, mas sim de uma esfera limitada de maneira estreitamente oligárquica ou aristocrática, na qual pelo menos os poucos ou os melhores se relacionassem entre si como iguais entre iguais. Hanna Arendt. O que é política? Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998, p. 49 (com adaptações). Considerando as informações do texto acima, assinale a opção correta. a) Da democracia grega fazia parte a isonomia, que é entendida, fundamentalmente, como a igualda- de de todos perante a lei ou a igualdade da lei para todos os cidadãos. b) Para os gregos, os escravos e bárbaros eram se- res sem o domínio da palavra porque não eram seres humanos, mas meros animais. c) Na vida política dos gregos, isonomia é entendida como isegoria, ou seja, liberdade de falar. O exer- cício político originário da linguagem consiste na conversa livre entre homens livres e iguais, em que se discutee se decide sobre os rumos da vida comum na pólis. d) Para os gregos, a palavra ou o discurso (logos) não tem importância, visto que o que importa na vida da comunidade política é agir. e) Mesmo em uma relação despótica, dá-se o exer- cício político da linguagem, pois o déspota usa a palavra para dar ordens aos que lhe estão sujei- tos e estes se utilizam da linguagem para obede- cer às ordens. CURSO DE FILOSOFIA 3 B. A Política para os Antigos: Os gregos inventaram a política, o fato de a política ser central na vida do ser humano era algo tão claro para eles, que é isso o que os faz distinguir o homem dos deuses e dos animais. O homem é um animal político, está, portanto destinado a viver em sociedade segundo a célebre expressão de Aristóteles. Quando os gregos pensam em política, eles pensam primeiro nos cidadãos, seus debates, instituições e lutas. A mobilização política não é um fim em si, age-se em certas condições, na medida das possibilidades do momento. Aristóteles entendia que o homem nascia para viver em sociedade e por isso não poderia dela se isentar. Aristóteles procurou demonstrar que somente na cidade-estado o homem seria capaz de desenvolver todas as suas capacidades. A pólis seria aquela cidade que torna possível a felicidade obtida pela vida criativa da razão. À felicidade individual deve corresponder o bem comum e, portanto, uma cidade feliz (polis eudaimon). A Política entre os gregos estava intimamente ligada à retórica. É o que se chamava de isegoria: a liberdade de falar, quando ela é igual para todos. Em outras palavras, existe isegoria onde todos têm a mesma liberdade para pronunciar-se. Alguns testes: 06. (UEPA) – Leia o texto para responder à questão. Platão: A massa popular é assimilável por natureza a um animal escravo de suas paixões e de seus interesses passageiros, sensível à lisonja, inconstante em seus amores e seus ódios; confiar-lhe o poder é aceitar a tirania de um ser incapaz da menor reflexão e do menor rigor. Quanto às pretensas discussões na Assembleia, são apenas disputas contrapondo opiniões subjetivas, inconsistentes, cujas contradições e lacunas traduzem bastante bem o seu caráter insuficiente. (Citado por: CHATELET, F. História das Ideias Políticas. Rio de Janeiro: Zahar, 1997, p. 17) Os argumentos de Platão, filósofo grego da antiguidade, evidenciam uma forte crítica à: a) oligarquia b) república c) democracia d) monarquia e) plutocracia 07. (FATEC) – Em 2015, o noticiário internacional deu grande destaque à Grécia, país europeu que vivia uma grave crise econômica e convocou a popula- ção para decidir, via referendo, as medidas que de- veriam ser adotadas pelo governo para gerir a crise. Parte da imprensa destacou o caráter democrático de tal medida e, em muitos textos, lembrou que os gregos foram os criadores da democracia. Assinale a alternativa que indica corretamente quais são as principais diferenças entre as concepções de democracia na Antiguidade grega e no mundo contemporâneo. a) Na Antiguidade grega, a democracia surgiu da necessidade de administrar países cada vez maiores; nas democracias contemporâneas, a política ajuda a administrar unidades menores, como as cidades. b) Na Antiguidade grega, o espaço reservado à ati- vidade política eram os templos religiosos ou as residências das pessoas mais importantes; nas democracias contemporâneas, a atividade políti- ca se realiza no espaço público. c) Na Antiguidade grega, política e religião eram esferas sociais separadas; nas democracias con- temporâneas, a noção de cidadania vincula-se estreitamente às concepções religiosas. d) Nas democracias contemporâneas, a participa- ção política é vinculada à renda, com o voto cen- sitário; na Grécia Antiga, apenas os proprietários de terras, homens e mulheres, tinham direito à participação política. e) Nas democracias contemporâneas, o direito à participação política se estende a todos os gru- pos sociais; na Grécia antiga, apenas os homens livres nascidos na polis eram considerados cida- dãos. 08. (PUC – SP) – “Em termos constitucionais mais convencionais, [na Atenas antiga] o povo não só era elegível para cargos públicos e possuía o direito de eleger administradores, mas também era seu o direito de decidir quanto a todos os assuntos políticos e o direito de julgar, constituindo- se como tribunal, todos os casos importantes civis e criminais, públicos e privados. A concentração da autoridade na Assembleia, a fragmentação e o rodízio dos cargos administrativos, a escolha por sorteio, a ausência de uma burocracia remunerada, as cortes com júri popular, tudo isso servia para evitar a criação da máquina partidária e, portanto, de uma elite política institucionalizada.” M. I. Finley. Democracia antiga e moderna. Rio de Janeiro: Graal, 1988, p. 37. CURSO DE FILOSOFIA 4 A partir do texto, pode-se afirmar que a democracia, na Atenas Antiga, a) limitava a atuação do conjunto da sociedade nas decisões e nos assuntos políticos, que ficavam restritos à elite intelectual e econômica. b) reconhecia a necessidade da tripartição do poder, com a separação e a isonomia entre o executivo, o legislativo e o judiciário. c) dependia do bom funcionamento do aparato ad- ministrativo, composto por funcionários estáveis e por ampla hierarquia burocrática. d) permitia a ampla manifestação dos cidadãos e tinha mecanismos que impediam a perpetuação das mesmas pessoas em cargos administrativos. 09. (FUVEST) – “Num processo em que era acusado e a multidã o ateniense atuava como juiz, Demó s- tenes [orador político, 384-322 a.C.] jogou na cara do adversá rio [també m um orador polí tico] as se- guintes crí ticas: ‘Sou melhor que E squines e mais bem nascido; nã o gostaria de dar a impressã o de insultar a pobreza, mas devo dizer que meu qui- nhã o foi, quando crianç a, frequentar boas escolas e ter bastante fortuna para que a necessidade nã o me obrigasse a trabalhos vergonhosos. Tu, E squi- nes, foi teu destino, quando crianç a, varrer como um escravo a sala de aula onde teu pai lecionava’. Demóstenes ganhou triunfalmente o processo.” Paul Veyne, História da Vida Privada, I, 1992. A fala de Demó stenes expressa a a) transformação política que fez Atenas retornar ao regime aristocrá tico depois de derrotar Esparta na Guerra do Peloponeso. b) continuidade dos mesmos valores sociais iguali- tá rios que marcaram Atenas a partir do momento em que se tornou uma democracia. c) valorizaç ão da independê ncia econô mica e do ó cio, imperante não só em Atenas, mas em todo o mundo grego antigo. d) decadência moral de Atenas, depois que o poder polí tico na cidade passou a ser exercido pelo par- tido conservador. e) crítica ao princí pio da igualdade entre os cida- dã os, mesmo quando a democracia era a forma de governo dominante em Atenas. 10. (VUNESP) – É preciso dizer que, com a superioridade excessiva que proporcionam a forç a, a riqueza, [...] [os muito ricos] nã o sabem e nem mesmo querem obedecer aos magistrados [...] Ao contrá rio, aqueles que vivem em extrema penú ria desses benefí cios tornam-se demasiados humildes e rasteiros. Disso resulta que uns, incapazes de mandar, só sabem mostrar uma obediê ncia servil e que outros, incapazes de se submeter a qualquer poder legí timo, só sabem exercer uma autoridade despó tica. (Aristóteles, A Política.) Segundo Aristó teles (384-322 a.C.), que viveu em Atenas e em outras cidades gregas, o bom exercí cio do poder polí tico pressupõ e a) o confronto social entre ricos e pobres. b) a coragem e a bondade dos cidadã os. c) uma eficiente organizaç ão militar do Estado. d) a atenuaç ão das desigualdades entre cidadã os. e) um pequeno nú mero de habitantes na cidade. 11. (VUNESP) – Platão, na sociedade idealizada em sua obra Repú blica, reconheceu que a divisão do trabalho traz maiores benefí cios à sociedade e pro- picia um harmonioso intercâ mbio de serviços. Para o filó sofo grego, sendo os homens diferentes por natureza, cabe a cada um estar no lugar em que melhor expresse sua habilidade. (...) O també m gre- go e filó sofo Aristóteles apregoava que, nos Estados mais bem-governados, a nenhum cidadã o poderia ser permitido o exercí cio de atividades ligadas à s artes manuais, pois isso o impedia de dedicar mais tempo à sua obrigaç ão para com o Estado. (Paulo Sé rgio do Carmo, A ideologia do trabalho. Adaptado.) A partir das ideias de Platã o e Aristó teles, pode-se concluir que há a defesa a) do trabalho compulsó rio para todos os homens. b) da interdiç ão do trabalho manual à s mulheres. c) de que alguns homens devem ser escravos. d) de que as atividades produtivas devem ficar res- tritas aos homens. e) de que a atividade econô mica só pode ser feita pelo cidadã o. CURSO DE FILOSOFIA 5 12. (MACKENZIE) – Mãe, ama, pai e professor compe- tem entre si para o aperfeiç oamento da crianç a, logo que esta é capaz de entender o que lhe dizem... se obedece, tudo está bem. Do contrá rio, é corrigida à força de ameaç as e pancadas, com um pedaç o de madeira curvo ou torcido. Protá goras O fragmento de texto acima retrata a educaç ão em Atenas, que tinha entre os seus objetivos: a) desenvolver nos cidadã os um conjunto, harmo- nioso e refinado, de qualidades da mente e do corpo, visando a vida pú blica. b) incentivar os cidadã os a servir a diarquia como bons soldados, com uma cultura sumá ria, que nutria grande desprezo pela riqueza. c) a formaç ão de boas mã es e pais, leais e obedien- tes, privilegiando a formaç ão física e militar dos jovens de ambos os sexos. d) perpetuar a estrutura social e polí tica existente, por meio do laconismo e da rí gida obediência à autoridade, resultantes da disciplina militar. e) desenvolver a cidadania, preparando todos os habitantes da cidade para o exercí cio do poder nas instituiç ões públicas. C. Os índios no século XVI eram politicamente organizados? Para o filósofo Francis Wolf os indígenas viviam um experiência política de autogoverno e bem estar da comunidade muito além da visão de poder coercitivo que havia na Europa no período das chamadas “descobertas”. Para o antropólogo Pierre Clastres, na obra A Sociedade contra o Estado, a carência que os europeus afirmavam existir entre os indígenas – falta de Estado e falta de escrita, além de limitação tecnológica – era fruto da visão etnocêntrica dos europeus. Para Clastres, é preciso ver as sociedades indígenas através de sua positividade. Elas não chegaram até nossa forma de poder, não porque foram incompetentes; simplesmente negaram-se a ela, negaram-se a constituir um Estado como o modelo ocidental, que tem como base as categorias comando-obediência. O poder, como questão, foi resolvido de diferentes formas por diversas sociedades. São sociedades que não permitem uma divisibilidade, isto é, não criam divisões por idade, sexo, ou trabalho. Isto é algo que jamais será compreendido pelo Ocidente, que insiste em vê-las como “bárbaras”. Para Wolf, são bárbaros aqueles que acreditam na barbárie, mas não no sentido de acreditarem que haja culturas inferiores e sim no sentido de acreditarem que sua própria cultura é a única forma de humanidade possível. Alguns testes: 13. (UEM – PR) – “(...) o ataque de 11 de setembro [de 2001] é de fato um ataque bárbaro, e por ser bárbaro é que exige uma resposta civilizada. É bárbaro tanto na forma como no fundo, não por ser organizado por uma religião ou cultura bárbara, mas por ser organi- zado em nome da ideia do Bem absoluto. E ele exige uma resposta civilizada, ou seja, uma luta sem hipo- crisia, não em nome da ideia do Bem ou da civiliza- ção, mas em nome da luta pela diversidade da huma- nidade, da qual todas as civilizações são garantia.” (WOLFF, Francis. In: ARANHA, M. L. A.; MARTINS, M. H. P. Temas de Filosofia. 3ª ed. São Paulo: Moderna, 2005, p. 292). A partir do trecho citado, assinale o que for correto. 01) Todas as civilizações têm a obrigação de garan- tir a existência da humanidade; nesse sentido, elas não podem defender o extermínio de seres humanos, sejam eles de qualquer raça ou etnia. 02) Uma resposta bárbara a um ataque bárbaro implica, pelo raciocínio do autor, uma vitória da barbárie sobre a civilização. 04) Não é sinal de justiça tratar terroristas por re- gras que eles mesmos não reconhecem, como o respeito aos direitos humanos. 08) As populações consideradas civilizadas têm como Bem absoluto a defesa de seu próprio modelo de civilização. 16) Uma resposta civilizada está calcada nos prin- cípios que fundam a civilização moderna oci- dental, particularmente, no respeito aos direitos humanos. 14. (UFU) – […] a tribo não possui um rei, mas um che- fe que não é chefe de Estado. O que significa isso? Simplesmente que o chefe não dispõe de nenhuma autoridade, de nenhum poder de coerção, de ne- nhum meio de dar uma ordem. O chefe não é um comandante, as pessoas da tribo não têm nenhum dever de obediência. O espaço da chefia não é o lugar do poder [...]. A propriedade mais notável do chefe indígena consiste na ausência quase comple- ta de autoridade. [...] O chefe é um fazedor de paz; ele é a instância moderadora do grupo [...]. Ele deve apaziguar as disputas, regular as divergências, não usando de uma força que não possui e que não seria reconhecida. [...] Os meios que o chefe detém para realizar sua tarefa de pacificador limitam-se ao uso exclusivo da palavra: não para arbitrar entre as par- tes opostas, pois o chefe não é um juiz e não pode se permitir tomar partido por um ou por outro, mas para, armado apenas de sua eloquência, tentar persuadir as pessoas da necessidade de se apaziguar [...]. CLASTRES, Pierre. A sociedade contra o estado. São Paulo: COSAC NAIFY, 2012 (adaptado). CURSO DE FILOSOFIA 6 O texto enfatiza uma característica dos povos nativos da América que, em geral, era interpretada pelos colonizadores como: a) uma alternativa ao modelo de estado absolutista despótico. b) um modelo de organização social avançado que prescindia a existência do estado. c) uma fraqueza, pois denotava a falta de organiza- ção política nos moldes europeus. d) uma forma de organização social mais útil aos in- teresses colonialistas do que o modelo africano. e) um modelo perigoso e que deveria ser submetido aos interesses e padrões do colonialismo euro- peu. D. A Política Moderna em Maquiavel: Maquiavel – dramaturgo, poeta, diplomata e filósofo, um homem de formação humanista e típico da Renascença – tem como traço principal do seu pensamento o rompimento com a visão cristã de moral conduzindo os negócios do Estado. O Príncipe, como homem de virtú, é aquele que garante a estabilidade, buscando evitar o ódio dos súditos mas sem procurar ser amado ou ser generoso. Nesse sentido, a moral não poderia ser um limitador da prática política. Defensor da História como mestre da vida, Maquiavel era um realista, criticando os que fundamentavam suas ações em princípios abstratos e sem consistência. No entanto, a virtú e a observação das circunstâncias não era suficiente para o sucesso. Ninguém está à salvo da fortuna, ou seja, do acaso. A fortuna são todas as alterações no rumo dos acontecimentos. A fortuna dispõe sobre tudo, e é preciso deixá-la fazer, estar tranquilo e não a confrontar, pois do contrário ela submeterá um homem em sua própria vontade. Para Maquiavel, há dois meios de governar: pela lei e pela força. O primeiro é próprio do homem; o segundo, dos animais. Mas, como o primeiro muitas vezes não basta, convém recorrer ao segundo. Portanto, a um príncipe é necessário saber usar o animal e o homem. Mas é necessáriosaber dosar muito bem essa natureza, pois qualquer desvio, mesmo o mais sutil, pode ser fatal. Por isso um príncipe deve possuir a capacidade de ser um grande dissimulador. “É necessário a um príncipe possuir as virtudes, mas é bem necessário parecer tê-las.” Testes sobre o pensador fl orentino: 15. (UEL – PR) – Leia o texto a seguir. A República de Veneza e o Ducado de Milão ao norte, o reino de Nápoles ao sul, os Estados papais e a república de Florença no centro formavam ao final do século XV o que se pode chamar de mosaico da Itália sujeita a constantes invasões estrangeiras e conflitos internos. Nesse cenário, o florentino Maquiavel desenvolveu reflexões sobre como aplacar o caos e instaurar a ordem necessária para a unificação e a regeneração da Itália. (Adaptado de: SADEK, M. T. “Nicolau Maquiavel: o cidadão sem fortuna, o intelectual de virtú”. In: WEFORT, F. C. (Org.). Clássicos da política. v.2. São Paulo: Ática, 2003. p.11-24.) Com base no texto e nos conhecimentos sobre a filosofia política de Maquiavel, assinale a alternativa correta. a) A anarquia e a desordem no Estado são aplaca- das com a existência de um Príncipe que age se- gundo a moralidade convencional e cristã. b) A estabilidade do Estado resulta de ações huma- nas concretas que pretendem evitar a barbárie, mesmo que a realidade seja móvel e a ordem possa ser desfeita. c) A história é compreendida como retilínea, portan- to a ordem é resultado necessário do desenvolvi- mento e aprimoramento humano, sendo impossí- vel que o caos se repita. d) A ordem na política é inevitável, uma vez que o âmbito dos assuntos humanos é resultante da materialização de uma vontade superior e divina. e) Há uma ordem natural e eterna em todas as questões humanas e em todo o fazer político, de modo que a estabilidade e a certeza são constan- tes nessa dimensão. 16. (ENEM) – Nasce daqui uma questão: se vale mais ser amado que temido ou temido que amado. Res- ponde-se que ambas as coisas seriam de desejar; mas porque é difícil juntá-las, é muito mais seguro ser temido que amado, quando haja de faltar uma das duas. Porque dos homens se pode dizer, duma maneira geral, que são ingratos, volúveis, simula- dores, covardes e ávidos de lucro, e enquanto lhes fazes bem são inteiramente teus, oferecem-te o sangue, os bens, a vida e os filhos, quando, como acima disse, o perigo está longe; mas quando ele chega, revoltam-se. MAQUIAVEL, N. O príncipe. Rio de Janeiro: Bertrand, 1991. CURSO DE FILOSOFIA 7 A partir da análise histórica do comportamento humano em suas relações sociais e políticas, Maquiavel define o homem como um ser a) munido de virtude, com disposição nata a praticar o bem a si e aos outros. b) possuidor de fortuna, valendo-se de riquezas para alcançar êxito na política. c) guiado por interesses, de modo que suas ações são imprevisíveis e inconstantes. d) naturalmente racional, vivendo em um estado pré-social e portando seus direitos naturais. e) sociável por natureza, mantendo relações pacífi- cas com seus pares. 17. (UFPA) – Ao pensar como deve comportar-se um príncipe com seus súditos, Maquiavel questiona as concepções vigentes em sua época, segundo as quais consideravam o bom governo depende das boas qualidades morais dos homens que dirigem as instituições. Para o autor, “um homem que quiser fazer profissão de bondade é natural que se arruíne entre tantos que são maus. Assim, é necessário a um príncipe, para se manter, que aprenda a poder ser mau e que se valha ou deixe de valer-se disso segundo a necessidade”. Maquiavel, O Príncipe, São Paulo: Abril cultural, Os Pensadores, 1973, p.69. Sobre o pensamento de Maquiavel, a respeito do comportamento de um príncipe, é correto afirmar que a) a atitude do governante para com os governados deve estar pautada em sólidos valores éticos, devendo o príncipe punir aqueles que não agem eticamente. b) o Bem comum e a justiça não são os princípios fundadores da política; esta, em função da fina- lidade que lhe é própria e das dificuldades con- cretas de realizá-la, não está relacionada com a ética. c) o governante deve ser um modelo de virtude, e é precisamente por saber como governar a si pró- prio e não se deixar influenciar pelos maus que ele está qualificado a governar os outros, isto é, a conduzi-los à virtude. d) o Bem supremo é o que norteia as ações do go- vernante, mesmo nas situações em que seus atos pareçam maus. e) a ética e a política são inseparáveis, pois o bem dos indivíduos só é possível no âmbito de uma comunidade política onde o governante age con- forme a virtude. 18. (UFU) – Em seus estudos sobre o Estado, Maquia- vel busca decifrar o que diz ser uma verità effettuale, a “verdade efetiva” das coisas que permeiam os mo- vimentos da multifacetada história humana/política através dos tempos. Segundo ele, há certos traços humanos comuns e imutáveis no decorrer daquela história. Afirma, por exemplo, que os homens são “ingratos, volúveis, simuladores, covardes ante os perigos, ávidos de lucro”. (O Príncipe, cap. XVII) Para Maquiavel: a) A “verdade efetiva” das coisas encontra-se em plano especulativo e, portanto, no “dever-ser”. b) Fazer política só é possível por meio de um mo- ralismo piedoso, que redime o homem em âmbito estatal. c) Fortuna é poder cego, inabalável, fechado a qual- quer influência, que distribui bens de forma indis- criminada. d) A Virtù possibilita o domínio sobre a Fortuna. Esta é atraída pela coragem do homem que possui Virtù. 19. (UNIOESTE) – “Creio que a sorte seja árbitro da me- tade dos nossos atos, mas que nos permite o controle sobre a outra metade, aproximadamente. Comparo a sorte a um rio impetuoso que, quando enfurecido, inunda a planície, derruba casas e edifícios, remove terra de um lugar para depositá-la em outro. Todos fogem diante de sua fúria, tudo cede sem que se possa detê-la. Contudo, apesar de ter essa nature- za, quando as águas correm quietamente é possível construir defesas contra elas, diques e barragens, de modo que, quando voltam a crescer, sejam desvia- das para um canal, para que seu ímpeto seja menos selvagem e devastador. O mesmo se dá com a sorte, que mostra todo o seu poder quando não foi posto nenhum empenho para lhe resistir, dirigindo sua fúria contra os pontos que não há dique ou barragem para detê-la. [...] O príncipe que baseia seu poder inteira- mente na sorte se arruína quando esta muda. Acredi- to também que é prudente quem age de acordo com as circunstâncias, e da mesma forma é infeliz quem age opondo-se ao que o seu tempo exige”. (Maquiavel) Considerando o pensamento político de Maquiavel e o texto acima, é INCORRETO afirmar que a) o êxito da ação política do príncipe depende do modo como ele age de acordo com as circuns- tâncias. b) a manutenção do poder e a estabilidade política são proporcionadas pelo príncipe de virtù, inde- pendentemente dos meios por ele utilizados. CURSO DE FILOSOFIA 8 c) o sucesso ou o fracasso da ação política para a manutenção do poder depende exclusivamente da sorte e do uso da força bruta e violenta. d) na manutenção do poder, a ação política do prín- cipe se fundamenta, não no uso da força bruta e da violência, mas na utilização da força com virtù. e) o êxito da ação política, com vistas à manutenção do poder, resulta do saber aproveitar a ocasião dada pelas circunstâncias e da capacidade de entender o que o seu tempo exige. 20. (UFU) – A Itália do tempo de Nicolau Maquiavel (1469 – 1527) não era um Estado unificado como hoje, mas fragmentada em reinos e repúblicas. Na obra O Príncipe, declara seu sonho de ver a penín- sula unificada. Para tanto, entre outros conceitos, forjou as concepções de virtú e de fortuna. A primei- ra representa a capacidade degovernar, agir para conquistar e manter o poder; a segunda é relativa aos “acasos da sorte” aos quais todos estão subme- tidos, inclusive os governantes. Afinal, como regis- trado na famosa ópera de Carl Orff: Fortuna impera- trix mundi (A Fortuna governa o mundo). Por isso, um príncipe prudente não pode nem deve guardar a palavra dada quando isso se lhe torne prejudicial e quando as causas que o determinaram cessem de existir. MAQUIAVEL, N. “O príncipe”. Coleção os Pensadores. São Paulo: Abril Cultura, 1973, p. 79 - 80. Com base nas informações acima, assinale a alternativa que melhor interpreta o pensamento de Maquiavel. a) Trata-se da fortuna, quando Maquiavel diz que “as causas que o determinaram cessem de exis- tir”; e de virtú, quando Maquiavel diz que o prínci- pe deve ser “prudente”. b) Trata-se da virtú, quando Maquiavel diz que as “causas mudaram”; e de fortuna quando se refe- re ao príncipe prudente, pois um príncipe com tal qualidade saberia acumular grande quantidade de riquezas. c) Apesar de ser uma frase de Maquiavel, conforme o texto introdutório, ela não guarda qualquer rela- ção com as noções de virtú e fortuna. d) O fragmento de Maquiavel expressa bem a no- ção de virtú, ao dizer que o príncipe deve ser prudente, mas não se relaciona com a noção de fortuna, pois em nenhum momento afirma que as “circunstâncias” podem mudar. 21. (UEL – PR) – Leia o texto a seguir. Certamente, a brusca mudança de direção que encontramos nas reflexões de Maquiavel, em comparação com os humanistas anteriores, explica- se em larga medida pela nova realidade política que se criara em Florença e na Itália, mas também pressupõe uma grande crise de valores morais que começava a grassar. Ela não apenas constatava a divisão entre “ser” e “dever ser”, mas também elevava essa divisão a princípio e a colocava como base da nova visão dos fatos políticos. (REALE, G.; ANTISERI, D. História da Filosofia. São Paulo: Paulinas, 1990. V. II, p. 127.) Dentre as contribuições de Maquiavel à Filosofia Política, é correto afirmar: a) Inaugurou a reflexão sobre a constituição do Estado ideal. b) Estabeleceu critérios para a consolidação de um governo tirânico e despótico. c) Consolidou a tábua de virtudes necessárias a um bom homem. d) Fundou os procedimentos de verificação da cor- reção das normas. e) Rompeu o vínculo de dependência entre o poder civil e a autoridade religiosa. 22. (IFSP) – Reconhecido por muitos como fundador do pensamento político moderno, Maquiavel chocou a sociedade de seu tempo ao propor, em O Príncipe, que a) a soberania do Estado é ilimitada e que o monar- ca, embora submetido às leis divinas, pode inter- pretá-las de forma autônoma, sem a necessidade de recorrer ao Papa. b) a autoridade do monarca é sagrada, ilimitada e incontestável, pois o príncipe recebe seu poder diretamente de Deus. c) o Estado é personificado pelo monarca, que encarna a soberania e cujo poder não conhece outros limites que não aqueles ditados pela moral. d) a autoridade do príncipe deriva do consentimento dos governados, pois a função do Estado é pro- mover e assegurar a felicidade dos seus súditos. e) a política é autonormativa, justificando seus meios em prol de um bem maior, que é a estabili- dade do Estado. CURSO DE FILOSOFIA 9 23. (UNESP) – Analise o texto político, que apresenta uma visão muito próxima de importantes reflexões do filósofo italiano Maquiavel, um dos primeiros a apontar que os domínios da ética e da política são práticas distintas. “A política arruína o caráter”, disse Otto von Bismarck (1815-1898), o “chanceler de ferro” da Alemanha, para quem mentir era dever do estadista. Os ditadores que agora enojam o mundo ao reprimir ferozmente seus próprios povos nas praças árabes foram colocados e mantidos no poder por nações que se enxergam como faróis da democracia e dos direitos humanos: Estados Unidos, Inglaterra e França. Isso é condenável? Os ditadores eram a única esperança do Ocidente de continuar tendo acesso ao petróleo árabe e de manter um mínimo de informação sobre as organizações terroristas islâmicas. Antes de condenar, reflita sobre a frase do mais extraordinário diplomata americano do século passado, George Kennan, morto aos 101 anos em 2005: “As sociedades não vivem para conduzir sua política externa: seria mais exato dizer que elas conduzem sua política externa para viver”. (Veja, 02.03.2011. Adaptado.) A associação entre o texto e as ideias de Maquiavel pode ser feita, pois o filósofo a) considerava a ditadura o modelo mais apropriado de governo, sendo simpático à repressão militar sobre populações civis. b) foi um dos teóricos da democracia liberal, de- monstrando-se avesso a qualquer tipo de mani- festação de autoritarismo por parte dos gover- nantes. c) foi um dos teóricos do socialismo científico, res- paldando as ideias de Marx e Engels. d) foi um pensador escolástico que preconizou a moralidade cristã como base da vida política. e) refletiu sobre a política através de aspectos prio- ritariamente pragmáticos. 24. (UFU) – Leia com atenção o texto a seguir. A finalidade da política não é, como diziam os pensadores gregos, romanos e cristãos, a justiça e o bem comum, mas, como sempre souberam os políticos, a tomada e manutenção do poder. O verdadeiro príncipe é aquele que sabe tomar e conservar o poder [...]. (CHAUÍ, M. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 2000, p. 396.) A respeito das qualidades necessárias ao príncipe maquiaveliano, é correto afirmar: a) O príncipe precisa ter fé, ser solidário e caridoso, almejando a realização da virtude cristã. b) O príncipe deve ser flexível às circunstâncias, mudando com elas para buscar dominar a sorte ou fortuna. c) O príncipe precisa unificar, em todas as suas ações, as virtudes clássicas, como a moderação, a temperança e a justiça. d) O príncipe deve ser bondoso e gentil, angariando exclusivamente o amor e, jamais, o temor do seu povo. E. A Política Moderna em Hobbes: Para Hobbes, já que os homens encontram- -se num estado de guerra de “todos contra todos”, a construção da sociedade somente pode ocorrer quanto todos os membros rendem sua liberdade natural para uma única figura capaz de garantir a paz e a segurança a todos. Esta figura – o Leviatã – deve possuir poder inquestionável, não estando rendido a qualquer atrelamento, seja ele partidário ou republicano. Embora Hobbes não fosse exatamente um defensor do absolutismo, suas teses serviram de base para justificar a monarquia como forma mais viável de garantir a todos um estado de paz. Testes sobre Hobbes 25. (UEL – PR) – Leia o texto a seguir. “Dado que todo súdito é por instituição autor de todos os atos e decisões do soberano instituído, segue- -se que nada do que este faça pode ser considerado injúria para com qualquer de seus súditos, e que nenhum deles pode acusá-lo de injustiça”. Fonte: HOBBES, T. Leviatã, ou, Matéria, forma e poder de um estado eclesiástico e civil. Tradução de João Paulo Monteiro e Maria Beatriz Nizza da Silva. São Paulo: Nova Cultural, 1988, p. 109. Com base no texto e nos conhecimentos sobre o contratualismo de Hobbes, é correto afirmar: a) O soberano tem deveres contratuais com os seus súditos. b) O poder político tem como objetivo principal ga- rantir a liberdade dos indivíduos. c) Antes da instituição do poder soberano, os ho- mens viviam em paz. d) O poder soberano não deve obediência às lei da natureza. e) Acusar o soberano de injustiça seria como acusar a si mesmo de injustiça. CURSO DE FILOSOFIA 10 26. (UEL – PR) – Para Hobbes, [...] o poder soberano, quer resida num homem, como numa monarquia, quer numa assembleia, como nos estados populares e aristocráticos, é o maior que é possível imaginarque os homens possam criar. E, embora seja possível imaginar muitas más consequências de um poder tão ilimitado, apesar disso as consequências da falta dele, isto é, a guerra perpétua de todos homens com os seus vizinhos, são muito piores. (HOBBES, T. Leviatã. Tradução de João Paulo Monteiro e Maria Beatriz Nizza da Silva. São Paulo: Nova Cultural, 1988. capítulo XX, p. 127.) Com base na citação e nos conhecimentos sobre a filosofia política de Hobbes, assinale a alternativa correta. a) Os Estados populares se equiparam ao estado natural, pois neles reinam as confusões das as- sembleias. b) Nos Estados aristocráticos, o poder é limitado de- vido à ausência de um monarca. c) O poder soberano traz más consequências, justi- ficando-se assim a resistência dos súditos. d) As vantagens do estado civil são expressivamen- te superiores às imagináveis vantagens de um estado de natureza. e) As consequências do poder soberano são indese- jáveis, pois é possível a sociabilidade sem Estado. 27. (UFSJ) – Leia. “É certo que há algumas criaturas vivas, como as abelhas e as formigas, que vivem socialmente umas com as outras, (...), sem outra direção senão seus juízos e apetites particulares, nem linguagem através da qual possam indicar umas às outras o que consideram adequado para o benefício comum”. (HOBBES, Thomas. Do Estado. ln: Leviatã. Segunda parte. São Paulo: Abril Cultural, 1979, p. 104, Coleção Pensadores.) Analise as afirmativas apresentadas abaixo que justificariam a ideia de que a humanidade difere das abelhas e formigas. I. Os homens estão constantemente envolvidos numa competição pela honra e pela dignidade. Devido a isso, surgem entre eles a inveja e o ódio. II. Entre abelhas e formigas não há diferença entre o bem comum e o bem individual. Por natureza, elas tendem para o bem individual e acabam por promover o bem comum. III. O homem só encontra felicidade na comparação com os outros homens e só pode tirar prazer do que é eminente. IV. Abelhas e formigas, quanto mais satisfeitas se sentem, mais são, por natureza, impelidas a ofender os seus semelhantes. V. O acordo vigente entre os homens é natural, en- quanto o acordo vigente entre as abelhas e for- migas é artificial. De acordo com o pensamento de Hobbes, são CORRETAS apenas as afirmativas a) l, III e lV b) l, II e III c) II, IV e V d) I, II e V 28. (UEL – PR) – A maior parte daqueles que escre- veram alguma coisa a propósito das repúblicas o supõe, ou nos pede ou requer que acreditemos que o homem é uma criatura que nasce apta para a so- ciedade. Os gregos chamam-no zoon politikon: e sobre este alicerce eles erigem a doutrina da so- ciedade civil [...] aqueles que perscrutarem com maior precisão as causas pelas quais os homens se reúnem, e se deleitam uns na companhia dos outros, facilmente hão de notar que isto não acon- tece porque naturalmente não poderia suceder de outro modo, mas por acidente. [...] Toda associação [...] ou é para o ganho ou para a glória – isto é, não tanto para o amor de nossos próximos quanto pelo amor de nós mesmos. [...] se fosse removido todo o medo, a natureza humana tenderia com muito mais avidez à dominação do que construir uma sociedade. Devemos, portanto, concluir que a origem de todas as grandes e duradouras sociedades não provém da boa vontade recíproca que os homens tivessem uns para com os outros, mas do medo recíproco que uns tinham dos outros. (HOBBES, T. Do Cidadão. São Paulo: Martins Fontes, 1992. p 28-29; 31-32.) Com base no texto e nos conhecimentos sobre o pensamento político hobbesiano, é correto afirmar. a) Hobbes reafirma o postulado aristotélico de que os homens tendem naturalmente à vida em so- ciedade, mas que, obcecados pelas paixões, decaíram num estado generalizado de guerra de todos contra todos. b) O estado de guerra generalizada entre os ho- mens emerge, segundo Hobbes, da desigualda- de promovida pela lei civil e pelo desejo de poder de uns sobre os outros. CURSO DE FILOSOFIA 11 c) A ideia de que o estado de guerra generalizada ocorre com o desaparecimento do estado de na- tureza, onde todos os homens vivem em harmo- nia, constitui o fundamento da teoria política de Hobbes. d) Segundo Hobbes, para restaurar a paz que exis- tia no estado de natureza, os homens sujeitam- se, pelo pacto, a um único soberano para sub- trair-se ao medo da morte e, por sua vez, garantir a autopreservação. e) Segundo Hobbes, à propensão natural dos ho- mens a se ferirem uns aos outros se soma o di- reito de todos a tudo, resultando, pela igualdade natural, em uma guerra perpétua de todos contra todos. F. Política e Liberdade: Locke e Adam Smith O pensamento iluminista caracteriza a passagem da modernidade para a época contemporânea. Adam Smith e John Locke são nomes fundamentais para a compreensão de um dos pensamentos mais importantes dos séculos XVII e XVIII: o liberalismo. A Riqueza das Nações, principal obra de Adam Smith, é um dos textos fundadores do liberalismo econômico. O Liberalismo defende a ideia de que o Estado deve intervir o mínimo possível, tanto na vida pessoal como nas relações econômicas. Para Adam Smith, o Estado possui apenas três deveres: a defesa da sociedade contra os inimigos externos, a proteção dos indivíduos contra as ofensas mútuas e a realização de obras públicas que não possam ser realizadas pela iniciativa privada. Atribui-se a origem do liberalismo político ao filósofo inglês John Locke e o liberalismo econômico ao filósofo escocês Adam Smith. Como contratualista Locke defende em sua obra Segundo Tratado sobre o Governo Civil que o Estado existe a partir de um contrato social e este contrato tem como objetivo proteger as liberdades fundamentais que são: a vida, a propriedade e a própria liberdade. Ao Estado cabe a intervenção nas liberdades fundamentais apenas para garantir aos indivíduos tais liberdades. Alguns testes: 29. (UNESP) – Os filósofos Thomas Hobbes e John Lo- cke, ambos ingleses, pertencem à mesma escola de pensamento, o jusnaturalismo ou teoria do direito natural. É correto afirmar que esses autores defen- diam em comum: a) a transmissão do poder dos indivíduos a um so- berano ou governo, ao qual deveriam se subme- ter incondicionalmente. b) a noção de que o poder político legítimo deriva de um contrato firmado entre indivíduos livres e iguais por natureza. c) a indivisibilidade do poder político ou a soberania absoluta, condição indispensável para a manu- tenção da paz e da ordem. d) a ideia do “estado de natureza” como um estado contínuo de guerra, no qual reinam a competição, a desconfiança e o medo. e) a concepção de que os homens são portadores de direitos naturais imprescritíveis e inalienáveis, e que cabe ao Estado salvaguardá-los. 30. (FUVEST) “Um comerciante está acostumado a empregar o seu dinheiro principalmente em projetos lucrativos, ao passo que um simples cavalheiro rural costuma empregar o seu em despesas. Um frequentemente vê seu dinheiro afastar-se e voltar às suas mãos com lucro; o outro, quando se separa do dinheiro, raramente espera vê-lo de novo. Esses hábitos diferentes afetam naturalmente os seus temperamentos e disposições em toda espécie de atividade. O comerciante é, em geral, um empreendedor audacioso; o cavalheiro rural, um tímido em seus empreendimentos...”. (Adam Smith, A RIQUEZA DAS NAÇÕES, Livro III, capítulo 4) Neste pequeno trecho, Adam Smith a) contrapõe lucro a renda, pois geram racionalida- des e modos de vida distintos. b) mostra as vantagens do capitalismo comercial em face da estagnação medieval. c) defende a lucratividade do comércio contra os baixos rendimentos do campo. d) critica a preocupação dos comerciantes com seus lucros e dos cavalheiros com a ostentação de riquezas. e) expõe as causas da estagnação daagricultura no final do século XVIII. CURSO DE FILOSOFIA 12 31. (UFMG) – Todas as alternativas contê m afirmaç ões corretas sobre o pensamento de Adam Smith, expresso em A RIQUEZA DAS NAÇ ÕES, EXCETO: a) A eficá cia do trabalho nas sociedades civilizadas repousa nas divisã o social do trabalho. b) A produç ão, enfatizada em seu aspecto social, é o que distingue Adam Smith dos mercantilistas e fisiocratas. c) As corporaç ões devem colocar obstá culos às ne- cessidades do liberalismo e à apropriação priva- da do capital. d) O Estado se exime de intervir nos negó cios indi- viduais e no comé rcio internacional. e) O trabalho, na concepç ão de Adam Smith, é inse- parável de sua noç ão da liberdade natural. 32. (VUNESP) – Sendo os homens, conforme (...) dis- semos, por natureza, todos livres, iguais e inde- pendentes, ningué m pode ser expulso de sua pro- priedade e submetido ao poder de outrem sem dar consentimento. (John Locke, Segundo tratado sobre o governo.) O patrimô nio do pobre reside na forç a e destreza de suas mã os, sendo que impedi-lo de utilizar essa forç a e essa destreza da maneira que ele considerar adequada, desde que nã o lese o pró ximo, constitui uma violaç ão pura e simples dessa propriedade sagrada. (Adam Smith, A riqueza das naç ões.) A partir da leitura dos textos, é correto afirmar que a) John Locke defende a democracia, isto é , a igual- dade polí tica entre os homens, ao passo que Adam Smith privilegia o trabalho, portanto a de- sigualdade. b) John Locke funda sua teoria polí tica liberal na de- fesa da propriedade privada, em sintonia com a defesa da livre iniciativa proposta por Adam Smith. c) o consentimento para evitar o poder centralizado do rei, em John Locke, choca-se com a necessi- dade de intervenç ão econô mica, segundo Adam Smith. d) a monarquia absolutista é a base da teoria política de John Locke, enquanto o Estado nã o intervencionista é o suporte da teoria econô mica de Adam Smith. e) para John Locke, o consentimento é garantido pela divisã o dos poderes harmonizando-se com a defesa da propriedade coletiva de Adam Smith. 33. (VUNESP) – “Com plena seguranç a achamos que a liberdade de comé rcio, sem que seja necessá ria nenhuma atenç ão especial por parte do Governo, sempre nos garantirá o vinho de que temos necessi- dade; com a mesma seguranç a podemos estar cer- tos de que o livre comé rcio sempre nos assegurará o ouro e prata que tivermos condiç ões de comprar ou empregar, seja para fazer circular as nossas mer- cadorias, seja para outras finalidades”. (Adam Smith -A RIQUEZA DAS NAÇ ÕES). No texto, os argumentos a favor da liberdade de comé rcio são, também, de crí ticas ao: a) Laissez-faire. d) Corporativismo. b) Socialismo. e) Mercantilismo. c) Colonialismo. G. Benjamin Constant e a Liberdade para os Antigos e para os Modernos Em 1794, Benjamin Constant preparou uma conferência que o tornou célebre, intitulada “Liberdade entre os Antigos e entre os Modernos”. O objetivo era criticar o governo dos jacobinos, afirmando que estes buscaram usar como referência a ideia de liberdade entre os Antigos – gregos, romanos, celtas , gauleses – e que esta referência não é adequada aos tempos modernos. Para Benjamin Constant, a liberdade moderna tem as seguintes características: I. o direito de estar submetido somente às leis, de não poder ser preso, nem detido ou morto, nem mal-tratado de nenhuma maneira em razão da vontade arbitrária de um ou de vários indivíduos; II. o direito de cada um expressar sua opinião, de es- colher um trabalho ou profissão e fazê-lo, de dis- por da sua propriedade e, inclusive abusar dela; III. de ir e vir sem que seja preciso pedir permissão seja lá a quem for, e sem ter que prestar contas dos seus passos; IV. o direito de reunir-se com outras pessoas, para o seu próprio interesse ou para professar o culto que prefere; V. de passar os dias e as horas a sua maneira con- forme suas inclinações; VI. o direito de cada um influir na administração do gover- no, seja pela nomeação de todos, de determinados funcionários ou ainda por intermédio de representan- tes, de encaminhar petições e demandas outras que as autoridades devem levar em consideração. Enquanto o objetivo dos antigos era a crescente participação nas coisas coletivas e nos assuntos públicos em geral, atuando diretamente nas instancias das repúblicas de então (na ágora, no foro, nas assembléias, nos comícios, etc.), o objetivo dos modernos é bem outro. Não que não ambicionem serem cidadãos ativos nos estados atuais, mas a ênfase deles é ter a segurança para desfrutar o que é privado. Isso é que para eles representa melhor a liberdade. CURSO DE FILOSOFIA 13 F. O pensamento do inglês Stuart Mill: Utilitarista e pragmático, John Stuart Mill foi o primeiro parlamentar britânico a propor que as mulheres deveriam ter direito ao voto. Além disso, foi um forte opositor da escravidão. Para o autor, todas as pessoas deveriam ter voz. Participar dos debates políticos, em um ambiente de liberdade, tolerância e empatia, incentivaria a evolução intelectual dos indivíduos, e, ao permitir que os indivíduos atinjam seu maior potencial, fortaleceria a sociedade como um todo. Para Mill, devemos ter ”liberdade na busca pelo nosso próprio bem da forma que melhor nos apetece, desde que não interfira na possibilidade de os outros fazerem o mesmo”. O indivíduo deve, inclusive, ser livre para causar dano a si mesmo. Mas a liberdade pode ter limitações. A única ocasião em que o poder estatal poderia ser exercido contra o indivíduo seria para evitar o dano a outros indivíduos [princípio do dano] Mill era cético quanto à ideia de democracia absoluta. Para ele, a ideia de que a maioria da população era soberana poderia gerar regimes capazes de cometer inúmeras atrocidades. Somente com um governo com poder limitado – que respeite os indivíduos e a liberdade de buscar-se a felicidade – a democracia seria possível. Testes, pra terminar: 34. (UECE) – É hábito de nosso tempo nada desejar intensamente. O ideal de caráter é não ter nenhum caráter marcante; aleijar por compressão, como fazem os chineses com os pés das mulheres, toda parte da natureza humana que projete uma saliência, e tenda a tornar uma pessoa notadamente dissimilar em relação ao perfil comum da humanidade. (Stuart Mill) No excerto acima Stuart Mill expressa uma crítica: a) aos movimentos sindicais e socialistas, muito atuantes em meados do século XIX na Inglaterra. b) à imprensa vitoriana, que não respeitava a individualidade dos cidadãos, expondo-a à opinião pública. c) à doutrina positivista, e sua proposta de uma sociedade hierarquizada. d) aos governantes dos grandes impérios, que esmagam o potencial de desenvolvimento dos mais pobres. e) aos que afirmam ser possível conhecer as verdadeiras finalidades da vida e reprimir os que se opõem a elas, disseminando falsidades perniciosas. 35. (UNESP) – Tradição de pensamento ético fundada pelos ingleses Jeremy Bhentam e John Stuart Mill, o utilita- rismo almeja muito simplesmente o bem comum, procurando eficiência: servirá aos propósitos morais a decisão que diminuir o sofrimento ou aumentar a felicidade geral da sociedade. No caso da situação dos povos nativos brasileiros, já se destinou às reservas indígenas uma extensão de terra equivalente a 13% do território nacional, quase o dobro do espaço destinado à agricultura, de 7%. Mas a mortalidade infantil entre a população indígena é o dobro da média nacional e, em algumas etnias, 90% dos integrantes dependem de cestas básicas para so- breviver. Este é um ponto em que o cômputo utilitarista de prejuízos e benefícios viria a calhar: a felicidade dos índios não é proporcional à extensão de terra que lhes é dado ocupar. (Veja, 25.10.2013. Adaptado.) A aplicação sugerida da ética utilitarista para a populaçãoindígena brasileira é baseada em a) uma ética de fundamentos universalistas que deprecia fatores conjunturais e históricos. b) critérios pragmáticos fundamentados em uma relação entre custos e benefícios. c) princípios de natureza teológica que reconhecem o direito inalienável do respeito à vida humana. d) uma análise dialética das condições econômicas geradoras de desigualdades sociais. e) critérios antropológicos que enfatizam o respeito absoluto às diferenças de natureza étnica. CURSO DE FILOSOFIA 14 01. c 02. c 03. d 04. a 05. c 06. c 07. e 08. d 09. c 10. d 11. c 12. a 13. 11 (01, 02, 08) 14. c 15. b 16. c 17. b 18. c 19. c 20. a 21. e 22. e 23. e 24. b 25. e 26. d 27. b 28. e 29. b 30. a 31. c 32. b 33. e 34. e 35. b Gabarito CURSO DE SOCIOLOGIA Aula nº 07 ESTRUTURA E ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL CONCEITO Não existem sociedades igualitárias puras. Indivíduos e grupos diferenciam-se entre si em função de vários fatores formando uma hierarquia de posições. Segundo Eva Maria Lakatos a diferenciação de indivíduos e grupos em camadas hierarquicamente sobrepostas é que denominamos estratificação. Para Karl Marx a estratificação social está correlacionada com o conceito de classe social. Para esse autor as classes sociais devem ser definidas com base nas relações de produção. Para Max Weber a estratificação social deve ser definida com base numa combinação de critérios. Para Weber a estrutura social está organizada tanto em nível econômico como em nível de poder. Poder que não é determinado apenas pela riqueza, mas também por meio da honra e do prestígio social. “A forma pela qual as honras sociais são distribuídas numa comunidade, entre grupos típicos que participam nessa distribuição pode ser chamada de “ordem social”. Ela e a ordem econômica estão, decerto, relacionadas da mesma forma com a “ordem jurídica”. Não são, porém, idênticas. A ordem social é, para nós, simplesmente a forma pela qual os bens e serviços econômicos são distribuídos e usados. A ordem social é, decerto condicionada em alto grau pela ordem econômica, e por sua vez influi nela.”(Max Weber). Para Pitirim Sorokin a estratificação é a desigual distribuição dos direitos e privilégios, deveres e responsabilidades, gratificações e privações poder social e influência entre os membros de uma sociedade. Já o sociólogo Melvin M. Tumin considera os termos desigualdade social e estratificação social como sinônimos. Para esse autor a estratificação compreende a disposição de qualquer grupo ou sociedade numa hierarquia de posições desiguais com relação a poder, propriedade, valorização social e satisfação psicológica. O estudo da estratificação não pode ser separado das implicações ideológicas ligadas à desigualdade social. Isto foi realçado a respeito sobretudo da teoria funcionalista de estratificação formulada, pela primeira vez , num ensaio de Kinsley Davis e Wilbert Moore. “Estes autores defendem que a estratificação não só é universal como também inevitável e necessária, porquanto não seria possível motivar os indivíduos a ocuparem posições elevadas de grande responsabilidade se a elas não fosse atribuída uma cota excessivamente elevada de recompensa em tempos de riqueza, poder e prestígio. Contra esta tese, observou Trumin e outros que a necessidade de recompensas diferentemente depende de valores culturalmente dominantes na nossa civilização e não de características atribuíveis à natureza humana, e que, por conseguinte, é admissível, em princípio, uma sociedade onde os estímulos, ao preenchimento dos vários papéis sociais não dêem lugar à desigualdade de posições.” (Norberto Bobbio, Nicolas Matteucci e Giafranco Pasquino. Dicionário de política. UnB\Imprensa Oficial, 2004, p. 445). CASTAS Foi na Índia que o sistema de castas alcançou o seu maior desenvolvimento. Em 1949 foi promulgada uma Constituição que estabeleceu a igualdade de todos os cidadãos, contudo a discriminação persiste. Kingsley Davis destaca as seguintes características do sistema de castas indianas: • Hereditariedade na casta; • Participação atribuída por toda a vida; • Casamento endogâmico; • Contato com outras castas é limitado; • Identificação do indivíduo com as castas ; • Profissão ou ocupação caracterizam a casta.; • Cada casta possui um grau de prestígio próprio; • Desigualdade social. CURSO DE SOCIOLOGIA 2 [...] a palavra casta parece despertar, de início, a ideia de especialização hereditária. Ninguém, a não ser o filho, pode continuar a profissão do pai; e o filho não pode escolher outra profissão a não ser a do pai. [...] [É] um dever de nascimento. [...] A palavra casta não faz pensar apenas nos trabalhos hereditariamente divididos, e sim também nos direitos desigualmente repartidos. Quem diz casta não diz apenas monopólio, diz também privilégio. [...] O “estatuto” pessoal de uns e de outros é determinado, por toda a vida, pela categoria do grupo ao qual pertencem. [...] Quando declaramos que o espírito de casta reina em dada sociedade, queremos dizer que os vários grupos dos quais essa sociedade é composta se repelem, em vez de atrair-se, que cada um desses grupos se dobra sobre si mesmo, se isola, faz quanto pode para impedir seus membros de contrair aliança ou, até, de entrar em relação com os membros dos grupos vizinhos. [...] Repulsão, hierarquia, especialização hereditária, o espírito de casta reúne essas três tendências. Cumpre retê-las a todas se se quiser chegar a uma definição completa do regime de castas. Bouglé, C. O sistema de castas, In: Ianni, Octávio (org.). Teorias da estratificação social. São Paulo: Nacional, 1973. p. 90 e 91. ESTAMENTO As sociedades estamentais são mais fechadas do que as sociedades de classes e mais abertas do que as sociedades de castas. A mobilidade social pode ocorrer, porém é muito difícil disso acontecer. Como exemplo de sociedade estamental podemos citar a sociedade medieval. A divisão em ordens: oratores, bellaores e laboratores. Os que oram (clero); os que guerreiam (nobreza) e os que trabalham (servos). Pitirim Sorokin conceituou estamento como um grupo que, em relação aos estamentos que lhe são superiores, é mais ou menos organizados, e, no que diz respeito aos estamentos inferiores, consittui uma sociedade semi-organizada ou inorganizada. Seus membros esta ligados por lços de direitos e deveres; por privilégios e isenções de impostos e por ocuprem funções econômicas semelhantes. CLASSES SOCIAIS Na concepção marxista chama-se “classes” vastos grupos de homens que se disinguem pelo lugar que ocupam num sistema historicamente definido de produção social, pela sua relação com os meios de produção, pelo seu papel na organização social do trabalho e, portanto, pelos meios de que dispõem para obter riquezas sociais e ainda pelas grandezas destas. As classes são grupos de homens em que uns podem apropriar-se do trabalho de outros devido à diferença de sua posição em determinado regime da economia social. Para Marx os que controlam os meios de produção formam a classe dominante enquanto os que vendem a força de trabalho formam a classe dominada. A dominação econômica está ligada à dominação política. A classe dominante forja uma ideologia para justificar a sua dominação política e econômica, criando mecanismos para que as classes dominadas vejam tais diferenças como naturais. Max Weber diverge de Marx na concepção de classe. Weber faz uma distinção entre “situação de classe” e “classe”. “A situação de classe consiste na possibilidade típica de exercer um monopólio (positivo ou negativo em relação à distribuição dos bens, posições e destino geral dos componentes. Em relação à situação de classe, poder-se-á falar de classe quando: Classes e situação de classe Podemos falar de uma “classe” quando: 1) certo número de pessoas tem em comum um com- ponente causal específico em suas oportunidades de vida, e na medida em que 2) essecomponente é representado exclusivamente pelos interesses econômicos da posse de bens e oportunidades de renda, e 3) é representado sob as condições de mercado de produtos ou mercado de trabalho. [Esses pontos referem-se à “situação de classe”, que podemos expressar mais sucintamente como a oportunida- de típica de uma oferta de bens, de condições de vida exteriores e experiências pessoais de vida, e na medida em que essa oportunidade é determina- da pelo volume e tipo de poder, ou falta deles, de dispor de bens ou habilidades em benefício de ren- da de uma determinada ordem econômica. A pala- vra “classe” refere-se a qualquer grupo de pessoas que se encontrem na mesma situação de classe.] WEBER, Max. Classe, estamento, partido. In: Ensaios de Sociologia. Rio de Janeiro: Zahar, 1982. In: TOMAZI, Nelson Dacio. Sociologia para o Ensino Médio. São Paulo, Atual, 2007. CURSO DE SOCIOLOGIA 3 DESIGUALDADES SOCIAIS O crescimento da riqueza mundial, proporcionado pela modernização e pelo aumento dos volumes de produção dos mais variados gêneros de consumo, foi, ao longo do século XX, proporcional à expansão da pobreza nas regiões mais carentes do globo. As implicações desse processo se encontram nas novas relações de exploração de matérias-primas e mão de obra. Embora essas relações envolvam diversas regiões mais carentes do globo na produção dos mais variados gêneros, elas não o fazem quando se trata da distribuição do lucro adquirido. Pesquisas apontam que entre as décadas de 1940 e 1990, ao mesmo tempo em que a riqueza mundial cresceu cerca de sete vezes, o número de pessoas em situação de pobreza ao redor do mundo triplicou. A pobreza também pode ser consequência da discriminação étnica, sexual e etária, na medida em que atinge sobremaneira os grupos minoritários, como mulheres, crianças, idosos e populações das áreas mais pobres do globo. Organizações não governamentais e outras procuram minimizar a gravidade da situação apelando para a solidariedade, o que não é garantia de solução, já que essas medidas são apenas paliativas. “Logo, é difícil erradicar a pobreza sem alterar as estruturas econômicas e sociais. Na busca pela solução efetiva, é preciso fomentar a distribuição de renda e o investimento em educação, considerando, é claro, os fatores culturais de cada sociedade. No entanto, ainda há muitas questões a discutir e ações a implementar para que sejam atendidas as necessidades humanas básicas – alimentação, vestimenta, moradia, educação, saúde, trabalho, segurança e serviços públicos, como água, saneamento – e todos tenham garantido o pleno exercício de seus direitos. Em todo o mundo, e já há bastante tempo, são inúmeras as discussões sobre a miséria e as tentativas de implementar leis e diretrizes para erradicá-la. Entretanto, concretizá-las tem se tornado um grande desafio para os governos ao redor do globo.” (MOCELLIN, Renato; CAMARGO, Rosiane. História em debate. São Paulo: Editora do Brasil, 2016, vol. 2, p. 243). Segundo o pesquisador Thomas Piketty a desigualdade tem aumentado significativamente nos últimos 40 anos, inclusive em países ricos. Dados de 2016 revelam que Nos Estados Unidos parte da riqueza nacional de 10% dos contribuintes passou de 34% a 47%, na Rússia e de 21% a 46%, na China de 27% a 41% e na Europa de 33% a 37%. Já os países e regiões menos igualitárias formadas pelo Brasil (55% da renda nacional nas mãos dos 10% mais ricos), Índia (55%) e Oriente Médio (61%). Na América Latina a desigualdade de renda é preocupante. O Brasil depois de ter diminuído o número de mais pobres, a partir de 2015 a situação voltou a piorar. As desigualdades sociais e de gênero se acentuaram no Brasil. No último ranking de desenvolvimento humano publicado pela ONU o Brasil estacionou em 79º lugar em um total de 188 países. O 1% mais rico do Brasil concentra entre 22% e 23% do total da renda do país, nível bem acima da média internacional. “Já o Coeficiente de Gini, que mede a concentração de renda, aponta o país como o 10º mais desigual do mundo e o quarto da América Latina, à frente apenas de Haiti, Colômbia e Paraguai. Segundo o levantamento da ONU, o percentual de desigualdade de renda no Brasil (37%) é superior à média da América Latina, incluindo os países do Caribe (34,9%). A desigualdade brasileira também cresce nas comparações de gênero. Embora as mulheres tenham maior expectativa de vida e mais escolaridade, elas ainda recebem bem menos que os homens no Brasil. A renda per capita da mulher é 66,2% inferior à de pessoas do sexo masculino. No índice de desigualdade de gênero, o país aparece na 92ª posição entre 159 países analisados, atrás de nações de maioria religiosa conservadora, a exemplo da Líbia (38ª), Malásia (59ª) e Líbano (83ª). Também é baixa a representatividade da mulher no Congresso Nacional. O comparativo entre número de cadeiras em parlamentos indica que as mulheres brasileiras ocupam somente 10,8% dos assentos. O número é inferior à média mundial (22,5%) e até mesmo ao de países com IDH baixo, como a República Centro Africana, última colocada do ranking, que tem 12,5% de seu parlamento ocupado por representantes do sexo feminino.” (https://brasil.elpais.com/brasil/2017/03/21/ politica/1490112229_963711.html) Estudo recente dos economistas Marcelo Medeiros e Pedro Souza, publicado pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, é uma fundação pública federal vinculada ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG) aponta que o governo é um dos responsáveis pela desigualdade de renda no país. Nas palavras dos dois economistas do IPEA: “O Estado não é uma instituição completamente autônoma, e suas ações, em parte, refletem conflitos distributivos preexistentes; consequentemente, em vez de reduzir desigualdades, o Estado pode, na verdade, aumentá- las”. A seguir, algumas das conclusões do estudo, todas elas já bastante conhecidas do meio liberal, sobre os fatores que levam o estado a ser um agente da desigualdade de renda: CURSO DE SOCIOLOGIA 4 1. Remuneração do funcionalismo público Os funcionários públicos em média ganham mais dos que os empregados da iniciativa privada. A conclusão do estudo é que é de 24% a participação dos salários públicos na desigualdade de renda do país — a qual, vale lembrar, é a oitava mais desigual do mundo. 2. Previdência Pública O pouco conhecido, porém não menos perverso, viés corporativista da previdência pública brasileira é responsável – segundo o estudo – por 21% da desigualdade de renda no país, número expressivo dado o caráter restrito da aposentadoria pública. Respondendo por cerca de 4% dos beneficiários, os funcionários públicos aposentados e pensionistas são responsáveis por cerca de 20% dos gastos com previdência no país. 3. Sistema tributário O Brasil é um dos países com maior gasto público em relação ao PIB no mundo: cerca de 40% do PIB, bastante acima de países em igual situação de Desenvolvimento Humano. Para sustentar todo esse gasto é necessário haver um sistema tributário agressivo. E o sistema tributário brasileiro é um dos principais responsáveis pela má distribuição de renda no país. Segundo um estudo apresentado pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário, 53,8% da arrecadação tributária brasileira é paga por trabalhadores que recebem até 3 salários mínimos. Outro estudo, desta vez realizado pela Firjan, aponta que 1 em cada 4 brasileiros desconhecem o fato de que pagam impostos. A intenção sempre é aumentar a arrecadação, e nunca desonerar os mais pobres. 4. Educação superior pública, gratuita e restrita Segundo um estudo apresentado pelo IBGE, 59,9% dos estudantes de universidades federais estão entre os 20% mais ricos da população brasileira. E mais de 2/3 deles são oriundos de escolas particulares. Considerando-se que o setor público gera 1/3 das vagas no ensino superior, isso significa que, para os 9,5% da populaçãobrasileira que estudam em escolas particulares, as chances são, em média, de 15% de entrarem em uma universidade pública. Para o restante que estuda em escola pública, as chances são de 1%. E, quando observamos a situação em cursos distintos, vemos que os percentuais maiores de alunos com renda familiar de até 3 salários mínimos que frequentam o ensino superior público situam-se no curso de letras; e os menores, no curso de engenharia. 5. Subsídios A histórica dificuldade do Brasil em formar poupança e investimentos, decorrente em boa parte da instabilidade política e econômica do país que trocou de moeda inúmeras vezes ao longo do século XX, além de um confisco na poupança e 10 moratórias na dívida externa ao longo do mesmo século, é base de uma crença na necessidade do estado como indutor do crescimento econômico nacional, crença que em maior ou menor intensidade sobrevive no país desde o getulismo dos anos 30. ((https://www.epochtimes.com.br/estudo-ipea-aponta- causas-desigualdade-renda-brasil/) CURSO DE SOCIOLOGIA 5 ASSIMILAÇÃO 01. (UNIOESTE – PR) – “Burgueses e proletários. A his- tória de todas as sociedades até hoje existente é a história das lutas de classes. Homem livre e escra- vo, patrício e plebeu, senhor feudal e servo, mestre de corporação e companheiro, em resumo, opres- sores e oprimidos, em constante oposição, têm vivi- do numa guerra ininterrupta, ora franca, ora disfar- çada; uma guerra que terminou sempre ou por uma transformação revolucionária da sociedade inteira, ou pela destruição das classes em conflito” (MARX, Karl. ENGELS, Friedrich. Manifesto Comunista. São Paulo: Boitempo, 2010, p. 40). Assinale a alternativa CORRETA: para Karl Marx (1818 – 1883) como se originam as classes sociais? a) As classes sociais se originam da divisão entre governantes e governados. b) As classes sociais se originam da divisão entre os sexos. c) As classes sociais se originam da divisão entre as gerações. d) As classes sociais se originam da divisão do tra- balho. e) As classes sociais se originam da divisão das ri- quezas. 02. “A primeira condição para que um indivíduo seja pertencente à classe trabalhadora é o fato de ter como seu apenas sua força de trabalho para vendê- -la no mercado de trabalho em troca de um salário, em outras palavras, ele irá vender o seu trabalho, seja ele físico ou intelectual. A força de trabalho é o elemento humano (homem) que se torna mercado- ria sob o capitalismo.” De acordo com a teoria de Marx, a desigualdade social se explica: a) Pela distribuição da riqueza de acordo com o es- forço de cada um no desempenho de seu traba- lho. b) Pela divisão da sociedade em classes sociais, decorrente da separação entre proprietários e não-proprietários dos meios de produção. c) Pelas diferenças de inteligência e habilidade ina- tas dos indivíduos, determinadas biologicamente. d) Pela apropriação das condições de trabalho pe- los homens mais capazes em contextos históri- cos, marcados pela igualdade de oportunidades. e) Pelo processo de aquisição é assimilação dos va- lores, das normas, regras, leis, costumes e as tra- dições do grupo humano do qual fazemos parte. 03. (ENEM) – Existe uma cultura política que domina o sistema e é fundamental para entender o conserva- dorismo brasileiro. Há um argumento, partilhado pela direita e pela esquerda, de que a sociedade brasilei- ra é conservadora. Isso legitimou o conservadorismo do sistema político: existiriam limites para transfor- mar o país, porque a sociedade é conservadora, não aceita mudanças bruscas. Isso justifica o caráter va- garoso da redemocratização e da redistribuição da renda. Mas não é assim. A sociedade é muito mais avançada que o sistema político. Ele se mantém porque consegue convencer a sociedade de que é a expressão dela, de seu conservadorismo. NOBRE, M. Dois ismos que não rimam. Disponível em: www.unicamp.br. Acesso em: 28 mar. 2014 (adaptado). A característica do sistema político brasileiro, ressaltada no texto, obtém sua legitimidade da a) dispersão regional do poder econômico, b) polarização acentuada da disputa partidária. c) orientação radical dos movimentos populares. d) condução eficiente das ações administrativas. e) sustentação ideológica das desigualdades exis- tentes. 04. (UFGD – MS) – A sociedade moderna burguesa, surgida das ruínas da sociedade feudal, não abo- liu os antagonismos de classe, apenas estabeleceu novas classes, novas formas de opressão, novas formas de luta, em lugar das velhas. No entanto, a nossa época, a da burguesia, possui uma caracte- rística: simplificou os antagonismos de classes. A sociedade global divide-se cada vez mais em dois campos hostis, em duas grandes classes que se defrontam: a burguesia e o proletariado. (MARX, K.; ENGELS, F. O Manifesto do Partido Comunista – Jorge Zahar, 2006.) A passagem clássica do pensamento sociológico aponta o surgimento das classes sociais: burguesia e operariado. A partir da análise desse trecho, é possível considerar que a) houve um avanço histórico em relação às épocas passadas, pois a simplificação dos antagonismos de classe reduziu os conflitos entre diferentes classes sociais na época moderna. b) os antagonismos de classe seguem sendo os mesmos das épocas antigas, porém na época moderna há uma afinidade maior de interesses entre as classes sociais. c) o trecho enfatiza a importância da luta de classes na análise das dinâmicas sociais da sociedade moderna. TESTES CURSO DE SOCIOLOGIA 6 d) a passagem mostra que a luta de classes se tor- naria um aspecto residual nas análises das dinâ- micas sociais. e) a existência do antagonismo de classes indica que se deve adotar uma perspectiva funcionalista e compreensiva para se interpretar os posiciona- mentos das diferentes classes sociais. APERFEIÇOAMENTO 05. A expressão estratificação deriva de estrato, que quer dizer camada. Por estratificação social enten- demos, exceto: a) A distribuição de indivíduos em grupos e grupos em camadas hierarquicamente superpostas den- tro de uma sociedade. b) O processo de aquisição é assimilação dos valo- res, das normas, regras, leis, costumes e as tra- dições do grupo humano do qual fazemos parte. c) Que essa distribuição dos indivíduos se dá pela posição social, a partir das atividades que eles exercem e dos papéis que desempenham na es- trutura social. d) Que em determinadas sociedades podemos dizer que as pessoas estão distribuídas pelas cama- das alta (classe A), média (classe B) ou inferior (classe C), que correspondem a graus diferentes de poder, riqueza e prestígio. e) Por exemplo, que na sociedade capitalista con- temporânea, as posições sociais são determina- das basicamente pela situação dos indivíduos no desempenho de suas atividades produtivas. 06. (UEL – PR) – Contardo Calligaris publicou um arti- go em que aborda a prática social brasileira de de- nominar como doutores os indivíduos pertencentes a algumas profissões, dentre eles médicos, enge- nheiros e advogados, mesmo na ausência da titu- lação acadêmica. Segundo o autor, estes mesmos profissionais não se apresentam como doutores no encontro com seus pares, mas apenas diante de indivíduos de segmentos sociais considerados su- balternos, o que indica uma tentativa de intimidação social, servindo para estabelecer uma distância so- cial, lembrando a sociedade de castas. A questão levantada por Contardo Calligaris aborda aspectos relacionados à estratificação social, estudada, entre outros, pelo sociólogo alemão Max Weber. De acordo com as ideias weberianas sobre o tema, é correto afirmar: a) As sociedades ocidentais modernas produzem uma estratificação social multidimensional, arti- culando critérios de renda, status e poder. b) Médicos, engenheiros e advogados são designa- dos de doutores porque suas profissões benefi- ciam mais a sociedade que as demais. c) A titulação acadêmica objetiva a intimidação so- cial e a demarcação de hierarquias que culminem
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