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Pós-graduação Formação em Educação a Distância EVOLUÇÃO, PERSPECTIVAS E TENDÊNCIAS DA EAD Profa. Dra. Heloisa Helena Ribeiro de Castro Profa. Me. Edna Barberato Genghini CASTRO, Heloisa Helena Ribeiro de. GENGHINI, Edna Barberato Evolução, Perspectivas e Tendências da EaD (livros-texto I e II) /, Heloisa Helena Ribeiro de Castro; Edna Barberato Genghini. – São Paulo: Pós-Graduação Lato Sensu UNIP, 2019. 55 p. : il. 1. Educação a distância. 2. EaD. 3. Formação e gestão. Pós- Graduação Lato Sensu UNIP. III. Título. Professora conteudista: Profa. Dra. Heloisa Helena Ribeiro de Castro, doutora e mestre em Comunicação, tem como foco de pesquisa o idoso e o apagamento deste indivíduo no contexto da mídia eletrônica, com ênfase na internet. Doutora em Comunicação e Estudos da Mídia, sob a orientação da Profa. Dra. Malena Segura Contrera com a tese O Imaginário acerca do velho em um mundo que está envelhecendo: estereótipos da velhice no Portal UOL. Membro do grupo de pesquisa Mídia e Estudos do Imaginário. Mestre em Comunicação pela Universidade Paulista sob a orientação da Profa. Dra. Carla Reis Longhi. Pós-graduada em Comunicação Organizacional e Relações Públicas pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade São Paulo (ECA/USP), sob a orientação da Profa. Dra. Sidnéia Gomes Freitas; graduou-se em Comunicação Social com ênfase em publicidade e propaganda pela ESPM; é também graduada em Marketing pela ESPM. É autora do livro “Realidade quilombola: entre as tramas do global e do local” (2017), onde discute a supressão das experiências vividas pelos mais velhos e a não aceitação das tradições, trazendo um desconhecimento das próprias raízes e um apagamento da história que envolve os quilombos e os quilombolas. Tem vasta experiência corporativa em empresas como Pão de Açúcar, Empresa Brasileira de Cosméticos (Ikesaki), Maia Farina Assessoria Empresarial entre outras. Trabalhou em grandes agências de publicidade, como Norton Publicidade, Salles Interamericana de Publicidade e Cash Comunicações. Autora de livros instrucionais como Especializações de Marketing, Pesquisa de Mercado e Marketing Pessoal. Professora Titular da Universidade Paulista desde 2008, ministra aulas para graduação, gestão e EAD (ensino à distância) de Planejamento Estratégico, Planejamento de Comunicação, Distribuição e Logística, Metodologia Científica, Marketing Social, Político, Cultural e Esportivo, Psicologia do Consumidor, CRM (Customer Relationship Management) – Gestão de Relacionamento com o Cliente, UEN (Unidades Estratégicas de Negócios), entre outras. Além das aulas, atua como consultora de marketing e comunicação corporativa em diversas organizações. É mentora do projeto de comércio justo e autossustentável Oficina da Terra, que auxilia 69 artesãos em todo o país. Professora colaboradora/coordenadora: Profa. Me. Edna Barberato Genghini, professora universitária desde 2002. Atualmente no exercício da função de Coordenadora para todo o Brasil de três cursos ao nível de Pós- Graduação lato sensu: em Psicopedagogia Institucional, Docência para o Ensino Superior e em Formação em Educação a Distância, pela Universidade Paulista – UNIP EaD, onde também atua como Professora Adjunta, nas modalidades SEI e SEPI. É Diretora e Psicopedagoga da Mentor Orientação Psicopedagógica Ltda. Me. desde 1991. Possui graduação em Economia Doméstica – Faculdades Integradas Teresa D'Ávila de Santo André (1980), graduação em Pedagogia pela Universidade Guarulhos (1985), pós-graduação em Psicopedagogia pela Universidade São Judas (1987), Mestrado em Ciências Humanas pela Universidade Guarulhos (2002) e pós- graduação lato sensu em Formação em Educação a Distância pela Universidade Paulista – UNIP (2011). É autora e coautora de livros-texto para os cursos de pós-graduação lato sensu em Psicopedagogia Institucional, Docência para o Ensino Superior e Formação em Educação a Distância da UNIP EaD. Áreas de Interesse: Neurociências – Educação Inclusiva – Psicopedagogia Clínica e Institucional – Formação e Gestão em Educação a Distância – Formação de Docentes para o Ensino Superior. SUMÁRIO APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................... 5 1. CONCEITUAÇÃO DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA ......................................................... 7 1.1 Conceitos de EaD ........................................................................................................... 14 1.2 Gerações da EaD. .......................................................................................................... 16 1.3 Diferenças entre Ensino a Distância e Educação a Distância ....................................... 22 2. FALANDO DE EAD E DO SEU DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO ............................ 26 2.1 Onde se dá o início dos processos de Educação a Distância? ..................................... 27 2.2 Vamos dar um giro pelo mundo? ................................................................................... 32 2.2.1 Começando pelo continente americano ......................................................................... 32 2.2.2 EaD na Oceania ............................................................................................................. 37 2.2.3 Continente europeu ........................................................................................................ 40 2.2.4 Continente asiático ......................................................................................................... 42 2.2.5 Continente africano ........................................................................................................ 45 2.3 Evolução da EaD no Brasil ............................................................................................. 47 APRESENTAÇÃO Olá! Estamos muito felizes de ter você conosco em nosso curso de Pós-Graduação em Formação e Gestão em Educação à Distância. Pretendemos fazer com que esse estudo seja leve e, principalmente, prazeroso. Temos como objetivo maior muni-lo com informações interessantes, relevantes e sobretudo atuais, no que diz respeito aos conceitos, as tendências e aos processos existentes, no Brasil e no mundo, sobre educação à distância. Pretendemos mostrar que, embora as tecnologias educacionais existentes hoje sejam revolucionárias e tragam uma maneira diferente de atuação entre corpo discente e docente, o processo de ensino e aprendizagem à distância não é tão novo quanto possamos, em um primeiro momento, pensar. Ele se encontra nas nossas vidas desde o século XIX! Mais do que nunca, no mundo globalizado e interconectado em que vivemos, repleto de redes sociais, consumidores, internautas, produtores de informação e conhecimento, é preciso que sejamos capazes de nos comunicar, nos conectar e principalmente, de repensar nosso papel de professores, de alunos, de instrutores, de tutores e de produtores do conhecimento. Hoje a tecnologia está presente em todos os âmbitos de nossas vidas, mas até alguns anos atrás ela era vista com certa desconfiança e até desdém. Utilizada no mundo todo, ela nos traz facilidades até há pouco impensadas, mas também nos cobra um preço: a atualização constante. Foi preciso que nós nos acostumássemos a lidar com ferramentas didáticas síncronas e assíncronas, que contribuíram e contribuem para a expansão e a divulgação do conhecimento. Hoje, universidades dos quatro cantos do planeta disponibilizam tanto seus conteúdos como suas aulas para que o acesso ao saber possa ser ilimitado. O papel do professor também mudou: de professor, palavra que vem do latim profiteri, formada por fateri (confessar)com o prefixo pro (diante de todos), ou seja, aquele que detém o saber e o “confessa” diante de todos, passamos para o de direcionador, motivador, mediador, ou aquele que introduz alguém no mundo do saber, que “acompanha” a construção individual do conhecimento. A tecnologia nos propiciou isso, as mudanças de paradigmas na sociedade rápida e fluida do século XXI permitiram isso e introduziram novas ferramentas, novos contextos, novas maneiras de ensinar e aprender, num eterno ir e vir de dados, informações, e finalmente de novos conhecimentos. Por conta de toda essa parafernália de eletricidade, fios, cabos, dados, é fundamental entendermos os novos processos de conhecimento, a nova maneira de “aprender”. Dividimos então essa disciplina em quatro unidades: na primeira estaremos trazendo a conceituação de Educação à Distância, suas características, sua evolução aqui no Brasil e no mundo. Mostraremos quais são as ferramentas básicas para a EaD, o que é, bem como as implicações da pós-graduação em EaD. Na unidade 2 iremos abordar a situação atual da EaD e como ela está inserida na Universidade Paulista particularmente; abordaremos os termos de saneamento e as principais ferramentas utilizadas para favorecer e auxiliar os alunos a adquirirem e construírem o conhecimento, como as DPs on-line, os jogos de empresas, e os cursos de pós-graduação a distância da universidade. Já na unidade 3 falaremos sobre as tendências da EaD, sua vasta utilização nas organizações e quanto essa ferramenta a distância tem contribuído para a disseminação de informações corporativas, resultando em lucratividade, objetividade, comprometimento e resultados efetivos. Traremos também nessa unidade, informações sobre quem são os alunos de EaD e como, no momento atual, eles “sincronizam” cada vez mais as diversas fontes do saber, a fim de criarem possibilidades para novas frentes de trabalho através da quebra de paradigmas, da inovação e do aprendizado constante. Pontos como mudanças de conceito, tendências da EaD com relação aos egressos, inclusão social, o Open Course Ware Consortium (OCWC), a importância pedagógica e pesquisas com alunos também serão abordados nessa unidade. Na última unidade desse livro texto abordaremos dados específicos sobre a EaD: o que é, quem é o aluno EaD, qual é o perfil das instituições que oferecem EaD, o que é um Termo de Saneamento, entre outros. Acreditamos que, com o conteúdo que disponibilizamos aqui, você terá total condição de entender a Educação a Distância e como ela pode moldar processos de ensino e aprendizagem inovadores e estruturantes, base para toda e qualquer construção de conhecimento no mundo do século XXI. Vamos lá? Bons estudos, aproveite a leitura de seu livro-texto e não deixe de buscar as indicações nos diversos recursos que trazemos aqui como por exemplo Saiba Mais, Lembrete, Leitura Obrigatória e Observação. Eles foram idealizados para aprimorar seus conhecimentos. Esperamos, de coração, que você goste e se envolva, cada vez mais, nessa nova jornada de ensino a distância. 7 UNIDADE 1 1. CONCEITUAÇÃO DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA Todo novo campo de estudo traz consigo diferentes conceituações, compreensões e entendimentos, sendo necessário, portanto, fazermos clarificações conceituais para que possamos, juntos, compreender sobre o que de fato estamos falando. É mais que sabido que vivemos em um mundo interligado e mediado por inúmeras possibilidades de comunicação e conexão, mas quando estamos falando de um mundo virtual que permite, pela primeira vez na história, que usuários sejam, não só consumidores, mas também produtores de conteúdo, é a grande novidade do nosso tempo e por isso precisamos, cada vez mais, compreender quais são as possibilidades e limitações da tecnologia. Sim, porque embora aparentemente ela pareça nos traz só soluções, temos visto que isso não é bem verdade. Figura 1 – O mundo conectado Fonte: https://pixabay.com/pt/rede-terra-cadeia-de-bloco-globo-3537401/ Que a tecnologia hoje em dia é estruturante e necessária nós já sabemos, mas não podemos e não devemos nos privar de compreender os problemas que muitas vezes ela gera e também pode vir a gerar. Mas falaremos disso um pouco mais adiante. https://pixabay.com/pt/rede-terra-cadeia-de-bloco-globo-3537401/ 8 Agora temos inicialmente que compreender alguns termos comuns à EaD, necessários para que possamos, cada vez mais, conhecer a fundo o que de fato significa Educação à Distância. Vamos lá então? Figura 2 – Homem máquina ou máquina humana? Fonte: https://pixabay.com/pt/homem-face-express%C3%A3o-facial-corpo-845847/ Termos como e-learning, on-line learning, distance learning, internet-based learning, web education, web-based learning, educação a distância estão cada vez mais presentes em contextos educativos, nas diversas possibilidades que esses ambientes proporcionam, e muitas vezes são utilizados indistintamente, quando, na verdade, existem diferenças ora profundas, ora sutis entre cada um deles. Vamos entender a tradução efetiva do termo learning? Segundo o Cambridge Dictionary1, learning significa “the activity of obtaining knowledge” ou seja, a atividade de obter conhecimento; “knowledge obtained by study”, os conhecimentos obtidos pelos estudos, através dos estudos. 1 Disponível em < https://dictionary.cambridge.org/pt/dicionario/ingles/learning>, último acesso em 19/11/2018 https://pixabay.com/pt/homem-face-express%C3%A3o-facial-corpo-845847/ https://dictionary.cambridge.org/pt/dicionario/ingles/learning 9 A Cambridge é a mais antiga editora do mundo, tendo publicado seu primeiro livro em 1584. A Cambridge University Press publica dicionários desde 1995. Para o dicionário Michaelis Inglês Português online2, a palavra learning significa erudição, saber, ciência, aprendizagem, podendo também significar aprendizado ou o processo de aprendizado. No dicionário Collins Dictionary o termo learning nos traz como sinônimos knowledge, study, education, schooling que podem ser traduzidos como conhecimento, entendimento, estudo, educação, instrução. Ao utilizarmos a expressão E-learning, poderíamos traduzi-la ao “pé da letra” como “educação eletrônica” ou “e-educação”, um processo de educação mediado por ferramentas eletrônicas. Gonçalves (2007, p. 3) traz que “O e-learning é uma forma de EaD, mas EaD não é necessariamente e-learning, uma vez que e-learning tem uma abrangência um pouco mais restrita que o EaD”. Esse modelo não contempla cursos com utilização de ferramentas mais convencionais, como por correspondência ou pela televisão. Podemos, então, definir e-learning como um ambiente de aprendizagem que utiliza a internet para distribuir conteúdos multimídia, estruturar a interação social e a cooperação nos processos de edificação do conhecimento. Para Dailton Felipini, especialista em e-commerce e autor de vários artigos sobre learning, e-learning, e-commerce, “Tecnicamente, o e-learning é o ensino realizado através de meios eletrônicos” (FELIPINI, 2015). Disponível em <http://www.e-commerce.org.br/artigos/e-learning_ensino.php>) Último acesso em 17/11/2018). Para o autor, o “e” caracteriza a utilização de ferramentas tecnológicas eletrônicas, e não as demais. Então e-learning e educação a distância não são sinônimos. 2 Disponível em <https://michaelis.uol.com.br/moderno-ingles/busca/ingles-portugues- moderno/learning/>, último acesso em 19/11/2018 http://www.e-commerce.org.br/artigos/e-learning_ensino.php https://michaelis.uol.com.br/moderno-ingles/busca/ingles-portugues-moderno/learning/ https://michaelis.uol.com.br/moderno-ingles/busca/ingles-portugues-moderno/learning/10 Existem muitos cenários de educação a distância que não cabem dentro do conceito de e-learning, nem pelas tecnologias adaptadas, nem pelos modelos de interação e comunicação que integram” (GOMES, 2005, p. 233). Para intensificar o conhecimento do e-learning, leia o artigo de Felipini na íntegra, intitulado “E-Learning: o ensino do próximo milênio”, disponível em <http://www.e-commerce.org.br/artigos/e-learning_ensino.php> O e-Learning tem propiciado formas diferentes de construção de conhecimento e também de possibilidades no processo ensino/aprendizagem, tornando necessária uma atualização constante, tanto pessoal quanto profissionalmente. A sociedade digital, caracterizada por uma evolução tecnológica acentuada e por alterações frequentes na economia e no mercado de trabalho, tem imposto novos paradigmas na área da educação e da formação. Hoje reconhece-se, inequivocadamente, a importância da formação ao longo da vida como fator principal na estabilidade profissional do indivíduo inserido no mercado de trabalho. É neste contexto que surge a necessidade de compreender melhor o e- Learning explorando dois aspectos indissociáveis: o Aprender e o Ensinar (CAPITÃO e LIMA, 2003). O ensinamento já não perpassa somente a figura do professor, daquele que “detém o conhecimento”3. 3 Grifo da autora http://www.e-commerce.org.br/artigos/e-learning_ensino.php 11 Figura 3 – Professor Fonte: https://pixabay.com/pt/empres%C3%A1rio-desenhos-animados-607831/ Hoje temos um compartilhamento de saberes; o conhecimento é construído a várias mãos e cada vez mais, mercado e academia, buscam intensamente a multidisciplinaridade, a complexidade de pensamentos voltados para diversas áreas, com formas de raciocinar que vão interagindo, se mesclando, amalgamando olhares diversos que constroem novas reflexões, novas considerações. A construção do conhecimento passou a ser necessária para podermos transformar o mundo em que vivemos, porque a complexidade está em toda parte como nos traz antropólogo, filósofo e sociólogo francês Edgard Morin, e não podemos, de maneira alguma, nos permitirmos reducionismos, sob pena de decompormos conceitos complexos em processos simplistas. As tecnologias de informação e também de comunicação que, a partir de agora, iremos designar como TICs, têm sido ao longo do tempo utilizadas nos processos educacionais de maneiras, e em contextos, muito diferentes. E embora quando falemos em tecnologia, imediatamente nos vem à cabeça ferramentas virtuais e tecnológicas de ponta, internet, conexão, elas não se restringem a isso. É fundamental compreendermos que as TICs, tanto podem dar suporte para professores e facilitadores nas aulas presenciais, nos processos de treinamento in ou out company, como podem auxiliar em momentos de auto- estudo, sendo que por ferramentas tecnológicas entendemos desde as virtuais, como a internet, até as mais tradicionais, como o quadro‑negro. https://pixabay.com/pt/empres%C3%A1rio-desenhos-animados-607831/ 12 Figura 4 – Professora e lousa ou quadro negro Fonte: https://pixabay.com/pt/palestrante-mulher-professora-2678020/ Cada ferramenta tecnológica, dentro do seu tempo e espaço, efetivamente auxiliou os processos de ensino e aprendizagem. [...] com a progressiva expansão da Internet e do www., com a melhoria das condições gerais de acessibilidade à internet, como o surgimento de software de fácil utilização capaz de criar e editar páginas para a web , bem como com a expansão de serviços de comunicação em rede como o correio eletrônico, os fóruns de discussão ou os instant messengers , um novo domínio de utilização das TIC na educação, têm vindo a se afirmar. Trata‑se daquilo que designaremos por “extensão virtual da sala de aula presencial”. Incluímos aqui o recurso à internet para disponibilizar on‑line os programas das disciplinas, os sumários das aulas, as apresentações eletrônicas utilizadas nas aulas presenciais, a indicação de sites de relevo para a disciplina ou a disponibilização de textos de apoio às aulas (GOMES, 2005, p. 230‑231). Hoje temos ferramentas que possibilitam estarmos mais próximos uns dos outros, dos alunos, dos treinandos, dos professores e tutores, facilitando nossos processos de aprendizagem e de construção de conhecimento. Sim, porque cada pessoa tem um grau de interesse, um sentido específico para adquirir mais ou menos informação sobre determinado assunto. Cada https://pixabay.com/pt/palestrante-mulher-professora-2678020/ 13 pessoa é única e não podemos ficar alheios a esse fato. Cada um tem um tempo e uma dinâmica de aprendizagem que deve, necessariamente, ser respeitada. Essa é a grande novidade! Facilitamos, direcionamos, auxiliamos pessoas a adquirirem informação, mas depende de cada uma delas transformar essas informações em conhecimento ou não. Nos conceitos existentes de e‑learning, alguns valorizam mais o “e” da ferramenta tecnológica, outros o aprendizado, o estudo, o saber é que fazem parte da discussão central e têm sua importância aumentada. Para Gomes (2005), da Universidade do Minho, Portugal, o e‑learning está profundamente associado à internet, ou seja, as demais tecnologias de apoio à aprendizagem não poderiam ser consideradas e‑learning. [...] a utilização de tecnologias e serviços associados à internet não constitui forçosamente situações de e‑learning, apesar de sua utilização poder, de facto, desencadear ou servir de suporte a aprendizagens de diversa natureza. Excluímos assim do nosso conceito de e‑learning os cenários informais de acesso a sites por interesse pessoal de natureza mais ou menos lúdica (por exemplo, acesso ao website do nosso grupo de música ou desporto favorito ou a consulta on‑line de um jornal diário (GOMES, 2005, p. 232). Para o autor não haveria e-learning sem a ferramenta propiciada pela conexão, embora ele faça uma clara distinção entre o processo que desencadeia efetivamente uma aprendizagem, e as estruturas de lazer ou divertimento que são efetivadas com a visitação a sites de interesse. E-learning para esse autor portanto, acontece quando estamos construindo conhecimento através do acesso a sites que efetivem esse processo como bibliotecas, universidades, escolas, sendo que essa conexão pode ser feita através de um desktop, ou computador de mesa, de um laptop, de um tablet, smartphone ou qualquer outro aparelho que possa efetivar essa ligação, essa conexão entre dois pontos de interesse que estruturem um processo de informação e consequente conhecimento. 14 Figura 5 – Laptop e Smatphone Fonte: https://pixabay.com/pt/neg%C3%B3cios-computador-m%C3%B3veis-2846221/ 1.1 Conceitos de EaD Embora existam inúmeras definições e conceitos para a EaD uma característica em especial, é comum a todos eles: o fato de professores e alunos estarem em espaço físicos distintos, ficando interligados e conectados através de algum aparato tecnológico que podem conter ou não som e imagem. No Brasil, o conceito de Educação a Distância no Brasil está definido no Decreto nº 5.622, em seu Artigo 1º, de 19 de dezembro de 2005 (BRASIL, 2005): Art. 1o Para os fins deste Decreto, caracteriza- -se a Educação a Distância como modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos. Para Maia e Mattar https://pixabay.com/pt/neg%C3%B3cios-computador-m%C3%B3veis-2846221/ 15 A EAD é uma modalidade de educação em que professores e alunos estão separados, planejada por instituições e que utiliza diversas tecnologias de comunicação”(MAIA e MATTAR, 2006). Alves, Zambalde e Figueiredo a entendem como uma atividade de ensino e aprendizado sem que haja proximidade entre professor e alunos, em que a comunicação bidirecional entre os vários sujeitos do processo (professor, alunos, monitores, administração seja realizada por meio de algum recurso tecnológico intermediário, como cartas, textos impressos, televisão, radiodifusão ou ambientes computacionais” (ALVES; ZAMBALDE & FIGUEIREDO, 2004,p.6). Moran já a define como É ensino/aprendizagem onde professores e alunos não estão normalmente juntos, fisicamente, mas podem estar conectados, interligados por tecnologias, principalmente as telemáticas, como a Internet. Mas também podem ser utilizados o correio, o rádio, a televisão, o vídeo, o CD-ROM, o telefone, o fax e tecnologias semelhantes. (MORAN, 2002). Vimos que as definições são diferentes, porém elas nos trazem pontos em comum, como por exemplo aluno e professor estarem em espaços distintos. Mas não podemos esquecer que existem diferenças cruciais entre os aparatos tecnológicos: uns não permitem interação, fazendo com que o receptor, no caso o aluno, somente absorva as informações transmitidas, caso do rádio e da televisão e outros como a internet, permitem e até estimulam a participação do aluno como produtor de conteúdo e conhecimento. Embora os processos de ensino aprendizagem na EaD tenham sempre sido intermediados por aparatos tecnológicos, nem sempre esses aparatos foram eletrônicos, ao contrário do que podemos imaginar. Por isso é tão importante conhecermos quais foram as gerações existentes no ensino a distância, para que possamos entender a importância da estrutura tecnológica e o que ela proporcionou e proporciona para a Educação a Distância Vamos a elas? 16 1.2 Gerações da EaD Chamamos de geração cada uma das evoluções tecnológicas ocorridas em um determinado período, para que o homem conseguisse se comunicar, mesmo não estando no mesmo tempo e no mesmo espaço. O que ocasionou uma grande revolução na Europa foi, sem dúvida nenhuma, a criação da prensa móvel por Johannes Gutenberg em 1450. Embora não sendo uma criação totalmente original porque os chineses já utilizavam, desde o século 7, ideogramas talhados em madeira para imprimir calendários e livros sagrados, essa “invenção” foi um grande marco. Existem autores que efetivam a existência de quatro gerações de ensino a distância, outros que nos falam em cinco e até seis gerações. Para este livro texto, Mas vamos entender a visão e a argumentação de cada um desses autores através da análise dessas gerações de Ensino a Distância. 1ª geração tem como características principais [...] a utilização do sistema de correspondência, que faz a mediação na comunicação pedagógica. É, portanto basicamente a troca entre o aluno e o professor, de documentos de papel, que compunham o material pedagógico, enviado através do correio tradicional (CAMPOS e SILVA, 2016). Esse processo se dá porque, a partir da Revolução Francesa, em 1789, e também da Revolução Industrial, as pessoas passam a querer se instruir, a conhecer o mundo em que vivem, a ter uma condição de vida melhor, mais informada através do conhecimento. Até então, todo o conhecimento estava encerrado nos monastérios, conventos e abadias, onde os monges transmitiam, de geração em geração, tudo o que sabiam através de livros que eram copiados a mão. Daí serem denominados Monges Copistas. 17 Um filme bem interessante para se conhecer essa parte da história e os monges copistas chama-se O Nome da Rosa, estrelado por Sean Connery. Para saber mais sobre a prensa móvel de Gutenberg leia o artigo de Fred Linardi em https://super.abril.com.br/mundo-estranho/como-funcionava-a-prensa-de- gutenberg/ É por meio dessa necessidade de um maior conhecimento que as pessoas passam a querer se instruir. As cartas, elementos fundamentais para se obter notícias de outros, de familiares e amigos, tiveram uma forte influência porque era preciso saber ler e escrever para enviá-las. Por tudo isso, era imprescindível que se criassem mecanismos que facilitassem esse desejo pelo saber. A Gazeta de Boston, em 1728 publica um anúncio para quem estivesse interessado em ensino a distância. Mas foi com o professor Isaac Pitman, inventor inglês de um método de taquigrafia, que o ensino a distância toma vulto porque ele fazia intercâmbio postal com seus alunos. Segundo Dovicchi, em 1840 Pitman iniciou o primeiro curso regular de taquigrafia por correspondência (ALVES; ZAMBALDE & FIGUEIREDO, 2004). A partir daí vários anúncios de cursos a distância de taquigrafia eclodiram pela Europa e Estados Unidos. Estava inaugurada a educação a distância. Para conhecer mais sobre taquigrafia, visite o site http://www.taquigrafia.emfoco.nom.br/perguntas.htm https://super.abril.com.br/mundo-estranho/como-funcionava-a-prensa-de-gutenberg/ https://super.abril.com.br/mundo-estranho/como-funcionava-a-prensa-de-gutenberg/ http://www.taquigrafia.emfoco.nom.br/perguntas.htm 18 2ª geração É na segunda geração que se utilizam as tecnologias de transmissão de dados com imagem e som. A partir do rádio e da televisão cursos a distância passam a ser oferecidos em profusão, lembrando que aluno e professor não tinham qualquer contato porque os meios utilizados geravam informação um para muitos, sendo utilizados na recepção, de maneira individual. Figura 6. Rádio Figura 7. Pessoas Fonte: https://pixabay.com/pt/ Fonte:https://pixabay.com/pt/ r%C3%A1dio-idade-r%C3%A1dio- equipe-motiva%C3%A7%C3%A3o- de-tubo-nostalgia-1682531/ trabalho-em-equipe-386673/ Quando falamos de informação um para muitos, estamos nos referindo a uma única informação divulgada pelo meio, rádio ou televisão, para milhares de pessoas. Um aparelho, milhares de espectadores. É a partir dessa geração que surgem o projeto Minerva e o Telecurso. O primeiro foi criado com o objetivo de levar educação às pessoas adultas em todo o território nacional; já no Telecurso, a Fundação Roberto Marinho através de diversas parcerias com instituições públicas e privadas implementou, também a nível nacional, salas de aula que recebiam informações e conteúdo didático através da televisão. https://pixabay.com/pt/ 19 3ª geração Nessa fase, entram para os processos de ensino/aprendizagem, novas ferramentas propiciadas pelo desenvolvimento das TICs. Passamos a utilizar também ferramentas síncronas, que propiciam, em tempo real, a conexão. Mas vamos entender um pouco sobre as ferramentas síncronas e assíncronas, suas diferenças, sua utilização e suas especificidades. Ferramentas Síncronas são aquelas em que aluno e professor precisam se conectar ao mesmo tempo. Estão virtualmente ligados embora em espaço completamente diferentes. Podemos estar em Manaus e nosso professor em São Paulo mas estamos conectados e se houver uma dúvida, podemos tirá-las em tempo real assim como o professor pode fazer perguntas e obter imediatamente as respostas. São exemplo de ferramentas assíncronas: webconferências, chats. Ferramentas Assíncronas são aquelas em que aluno e professor não precisam, necessariamente, estar conectados ao mesmo tempo para que se efetive a construção do conhecimento. O professor pode gravar suas aulas e o aluno irá assisti-las quando e onde quiser, com autonomia absoluta sobre o processo. A utilização de ferramentas assíncronas dá total liberdade para as partes mas exige muito mais do aluno que, embora possa assistir ou lero material em qualquer parte e em qualquer horário, deverá ter um maior comprometimento e estabelecer uma rotina efetiva de estudos, sob pena de se perder nos conteúdos. Exemplos de ferramentas assíncronas são: e-mails e fóruns de discussão. É nessa terceira geração que passam a ser utilizados materiais como CD room, softwares educativos privilegiando, portanto, a educação assíncrona. 20 Figura 7 – CD Room Fonte: https://www.palimontes.com.br/cd-rom-gravavel-80-min-700mb-sony-und.html A partir dessa geração a educação a distância começa a adquirir outro vulto, não sendo mais percebida com tanta desconfiança. Percebe-se o potencial e as inúmeras possibilidades oferecidas pela conexão. 4ª geração: [...] processos de aprendizagem em que o contato presencial aluno/professor é escasso ou inexistente. Em relação à geração anterior introduziram-se ambientes colaborativos de aprendizagem suportados por computador, permitindo a criação de turmas virtuais e eliminando o isolamento tradicional dos alunos a distância (CARVALHO; CARDOSO, 2003). É somente na quarta geração que teremos a valorização da interação e da comunicação efetiva e conectada, fatores impensáveis para um processo à distância, em função da inadequação das ferramentas tecnológicas existentes até então. Aqui o processo de e-Learning, de aprendizagem em rede se efetiva. Passam a ser utilizados diversos recursos ao mesmo tempo, síncronos e assíncronos além de imagens digitalizadas, de links para fontes externas ao ambiente em questão, salas de bate-papo, webconferências com integração em tempo real. É a partir da 4ª geração que a EaD é realmente democratizada e passa a atender do jovem ao idoso, do graduando ao pós-graduando, daquele que veio https://www.palimontes.com.br/cd-rom-gravavel-80-min-700mb-sony-und.html 21 do ensino público àquele que veio de uma instituição particular, indistintamente, servindo a públicos tão diversos quanto seu ferramental. Cada vez mais o mundo contemporâneo solicita maior e contínua capacitação, o que nem sempre é fácil de se conseguir presencialmente, principalmente em função do ritmo de trabalho e de outras ocupações pessoais. É aqui que entra a EaD e suas especificidades, que auxiliam a todos aqueles que de fato querem obter uma formação ou dar continuidade às já existentes. A última geração da EaD caracteriza-se por sistemas de e-learning e comunidades virtuais mais fáceis de usar, mais interativos, mais acessíveis e que permitem maior flexibilidade temporal e espacial do que os sistemas das gerações anteriores (GONÇALVES, 2007, p. 2). A educação a distância, portanto, só é efetivada quando se estabelece uma comunicação educativa bilateral, e isso ocorre quando existe um atendimento pedagógico eficiente, que supera a distância e edifica uma relação entre professor e aluno. Outro ponto importante de esclarecimento é que a EaD propicia uma aprendizagem personalizada a partir do momento que o aluno escolhe o local e o melhor horário diante da sua disponibilidade e de seu ritmo. 5ª geração Para vários autores essa geração de EaD nos traz a possibilidade de aprendizagem através de imersão em ambientes com realidade virtual, como por exemplo os jogos de empresas onde o aluno monta uma empresa, cria produtos, vende esses produtos e administra o negócio interagindo com a máquina que lhe oferece possibilidades reais de mercado. Para Moran, os ambientes tridimensionais como o Second Life podem ser uma forma mais atraente e participativa de ensinar e aprender (Moran, 2009). 22 1.3 Diferenças entre ensino a distância e educação a distância É necessário diferenciarmos ensino a distância de educação a distância, porque, segundo alguns autores, educação e aprendizagem são processos internos ao indivíduo, não podendo, portanto, ocorrer a distância. Para Alves, Zambalde e Figueido o termo correto seria ensino a distância (ALVES; ZAMBALDE; FIGUEIREDO et al., 2004, p. 8). Para Moran (2002), educação a distância “é o processo de ensino- aprendizagem, mediado por tecnologias, onde professores e alunos estão separados espacial e/ou temporalmente” (MORAN, 2002, p. 1). É preciso compreender que tanto aluno quanto professor não estão juntos fisicamente, mas conectados com ferramentas como a internet, porém a EaD contempla também suportes como correio, vídeo, CD-ROM, telefone, rádio e televisão. É importantíssimo percebermos que a EaD não é uma simples veiculação de informações instrucionais, mas um processo pedagógico humano, uma construção de conhecimento, porque é muito mais do que recepção de informação e aquisição de conhecimento. É construção efetiva, tendo o professor como facilitador de aprendizagem. Percebemos que esse tipo de aprendizagem é centrada no aluno, o qual tem sob sua responsabilidade a estruturação de uma atitude proativa, o que exige não só maturidade, como organização, autonomia e autodisciplina para o processo de construção do conhecimento. Toda interação entre professor/aluno, embora distantes fisicamente, em processos de intercâmbio e colaboração, pode ser designada como EaD, quando mediados por aparatos tecnológicos, independentemente se enviados por correio, se gravados em CD-ROM’s ou inseridos na rede. Para Gonçalves os sistemas de e‑learning e comunidades virtuais são mais fáceis de usar, mais interativos, mais acessíveis e permitem maior flexibilidade temporal e espacial do que os sistemas das gerações anteriores (GONÇALVES, 2007, p. 2). A educação a distância, portanto, só é efetivada quando se estabelece uma comunicação educativa bilateral, e isso ocorre quando existe um atendimento pedagógico eficiente, que supera a distância e edifica uma relação entre professor e aluno. Outro ponto importante de esclarecimento é que a EaD propicia uma aprendizagem personalizada a partir do momento que o aluno escolhe o local e o melhor horário diante da sua disponibilidade e de seu ritmo. 23 Figura 8 – Ampulheta Fonte: https://pixabay.com/pt/ampulheta-tempo-areia-3697513/ Esse processo está intimamente relacionado com as necessidades tanto de mercado quanto de estilo de vida da atualidade, que permeiam a rapidez, a competência e a continuidade. Sim, porque, cada vez mais, desde o final do século passado, principalmente em países desenvolvidos, é imperiosa a busca e a obtenção de uma educação continuada, constante, para fazer frente às, cada vez maiores, necessidades de mercado. Por educação continuada vamos utilizar a definição de Moran, que a nomeia como “o processo de formação constante, de aprender sempre, de aprender em serviço, juntando teoria e prática, refletindo sobre a própria experiência, ampliando‑a com novas informações e relações” (MORAN, 2002, p. 1). Torna‑se imperioso, portanto, reinventarmos a forma de ensinar e aprender, não importa se presencial ou virtualmente, diante das inúmeras mudanças da atualidade. Como bem exemplifica Moran, “O presencial se virtualiza e a distância se presencializa” (SILVA, 2003). Mas não podemos deixar de entender que inserir tecnologia no ambiente educacional, como nos traz Perrenoud (2000), é muito mais do que saber utilizar um computador. São necessárias ferramentas efetivas de integração, inserção, continuidade e relações entre professores, alunos e também tutores, que têm um papel importantíssimo na criação e no desenvolvimento de relações entre o aluno e a instituição. Fundamental, portanto, é percebermos que a EaD é um fenômeno de mudanças na educação, porque “Ela traz mudanças não só para o educar mas, também, para o aprender” (FARIA; SILVA, 2007, p. 1). https://pixabay.com/pt/ampulheta-tempo-areia-3697513/ 24 Essas mudanças estão efetivadas nos equipamentos, nas ferramentas utilizadas, no conhecimento adquirido pelos professores/tutorese também pelos alunos sobre informática, softwares utilizados e as inúmeras possibilidades disponíveis para os mais diversos níveis de integração e interação. Nessa unidade foi possível conhecermos as diversas conceituações de EaD embora exista um ponto central para todos os autores. A unanimidade está centrada em que é a primeira vez na história da humanidade que usuários das ferramentas de ensino/aprendizagem não são somente consumidores, mas também produtores de conteúdo e conhecimento. Vimos o quanto o compartilhamento de saberes é importante na construção de conhecimento e o quanto a multidisciplinaridade está presente tanto no mercado quanto na academia, fazendo com que o pensamento complexo de Edgar Morin seja cada vez mais adotado, utilizado e estudado, favorecendo novas reflexões e novas visões de mundo. Gonçalves (2007, p. 3) traz que “O e-learning é uma forma de EaD, mas EaD não é necessariamente e-learning, uma vez que e-learning tem uma abrangência um pouco mais restrita que o EaD”. Esse modelo não contempla cursos com utilização de ferramentas mais convencionais, como por correspondência ou pela televisão. Foi também possível perceber que para alguns autores o E-learning acontece ao construirmos conhecimento através do acesso a sites confiáveis e seguros como bibliotecas, universidades, revistas acadêmicas, quando feito através de um equipamento eletrônico que efetive a ligação entre dois pontos de interesse que protagonizam o processo de informação e construção de conhecimento. Foi possível analisarmos as gerações de EaD e suas diversas modificações e desenvolvimentos no transcorrer do tempo, e das novas estruturas e ferramentas comunicação e interconexão. Perpassamos todas as gerações de EAD, a saber: Primeira geração – com o sistema de correspondência Segunda geração - com a utilização de tecnologias de transmissão de dados com imagem e som, notadamente rádio e TV. Terceira geração - com a utilização das tecnologias de informação e suas inúmeras possibilidades, propiciadas pela utilização de ferramentas síncronas e assíncronas 25 Quarta geração - quando se dá a valorização da interação e da comunicação efetiva e conectada, fatores impensáveis para um processo à distância, em função da inadequação das ferramentas tecnológicas existentes até então. Nessa fase que o processo de e-Learning se efetiva com a aprendizagem em rede, totalmente democratizada, atingindo do jovem ao idoso, do rico ao pobre. Já não existem limitações para o conhecimento, desde que haja comprometimento, vontade e disciplina. Quinta geração – que traz a possibilidade de aprendizagem através da imersão em ambientes de realidade virtual. Finalizamos a unidade com o entendimento das diferenças entre ensino a distância e educação a distância, entendendo que essa última só se efetiva quando se estabelece uma comunicação educativa bilateral e isso vai ocorrer quando existe atendimento pedagógico eficiente, criando condições para uma aprendizagem personalizada. 26 UNIDADE II 2. FALANDO DE EAD E DO SEU DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO Nosso objetivo nessa unidade é trazermos informações consistentes sobre a evolução pela qual passou a EaD no mundo, e também no Brasil para que possamos entender suas especificidades, qualidades e também os problemas que eventualmente possam surgir. Sim, porque nem tudo são flores e é preciso termos um olhar racional e crítico para que não entremos no universo das “coisas perfeitas”, das soluções mirabolantes, da “ausência de problemas e restrições”. Queremos construir com você o conhecimento dessa evolução e como, através dos séculos e também das décadas, a EaD foi se reinventando, foi agregando novas ferramentas, trazendo soluções cada vez mais ousadas, mais significativas para que o processo ensino/aprendizagem se desse de maneira mais colaborativa, participativa e também, criativa. Vamos então passear pelo nosso túnel do tempo? Figura 1 – Túnel do Tempo Fonte: https://pixabay.com/pt/t%C3%BAnel-do-tempo-m%C3%A1quina-do-tempo-eixo- 1744874/ https://pixabay.com/pt/t%C3%BAnel-do-tempo-m%C3%A1quina-do-tempo-eixo-1744874/ https://pixabay.com/pt/t%C3%BAnel-do-tempo-m%C3%A1quina-do-tempo-eixo-1744874/ 27 2.1 Onde se dá o início dos processos de Educação a Distância? Existem autores que nos trazem que a EaD teria surgido no final do século XIX, como afirmam Faria e Silva (2007); para esses autores, o início da EaD se dá nessa época em instituições particulares europeias e americanas, quando materiais didáticos eram enviados por correspondência. Outros autores, como por exemplo o prof. Francisco José Silveira Lobo Neto (apud SARAIVA, 1996), nos trazem que a EaD teria surgido na cidade de Boston, nos Estados Unidos da América, quando em 20 de março de 1728, o professor de taquigrafia4 Caleb Phillips teria oferecido seu curso através de um anúncio no jornal Gazeta de Boston, para todo o país, afirmando que os materiais seriam enviados semanalmente via correio, para a casa das pessoas. 4 Taquigrafia ou também conhecida como estenografia, é um sistema de escrita que tem por objetivo anotar rapidamente a fala de pessoas. Para isso, essa técnica utiliza códigos e abreviações, assim como traços e símbolos que se baseiam em fonemas, ou seja, no som das sílabas. É importante sabermos que não existe somente um método de taquigrafia, mas vários. 28 Figura 2 – Jornal antigo Fonte: https://pixabay.com/pt/jornal-velho-jornal-retro-s%C3%A9pia-350376/ O anúncio dizia: “Toda pessoa da região, desejosa de aprender esta arte, pode receber em sua casa várias lições semanalmente e ser perfeitamente instruída, como as pessoas que vivem em Boston”. Essa informação é corroborada por Lucineia Alves (2011) em seu artigo “Educação a distância: conceitos e história no Brasil e no mundo” disponível em < http://www.abed.org.br/revistacientifica/Revista_PDF_Doc/2011/Artigo_07.pdf> Vale ler a matéria na revista Super Interessante intitulada “Como é feita a taquigrafia?” disponível em < https://super.abril.com.br/mundo-estranho/como-e- feita-a-taquigrafia/> Existe também uma vertente que, como afirmam Golvêa & Oliveira (2006), acredita que a Educação a Distância teria surgido com as epístolas de São Paulo, direcionadas às comunidades da Ásia Menor e enviadas em meados do século I, que tinham por objetivo ensinar essas comunidades a viverem dentro das doutrinas cristãs, mesmo em ambientes hostis. https://pixabay.com/pt/jornal-velho-jornal-retro-s%C3%A9pia-350376/ http://www.abed.org.br/revistacientifica/Revista_PDF_Doc/2011/Artigo_07.pdf https://super.abril.com.br/mundo-estranho/como-e-feita-a-taquigrafia/ https://super.abril.com.br/mundo-estranho/como-e-feita-a-taquigrafia/ 29 Podemos então perceber que existem vários olhares para o nascimento da EaD mas o importante é que essa modalidade surgiu e tem se transformado continuamente, até os dias de hoje. Vamos ainda caminhar um pouco mais pelo nosso túnel do tempo. Em 1829 é inaugurado o Instituto Liber Hermodes, na Suécia, atendendo a aproximadamente 150.000 alunos no curso de taquigrafia a distância. Em 1833, um anúncio no periódico sueco Lunds Weckoblad comunica a mudança de endereço das remessas postais, para todos aqueles que estudavam por correspondência. Em 1840, é inaugurada a primeira escola que mantém intercâmbio postal com os alunos na Faculdade Sir Isaac Pitman, na Grã-Bretanha. Criado por Sir Pitman, surge um sistema de taquigrafia à base de fichas. Como vimos, existem diversos sistemas de taquigrafia ou estenografia. A palavra Taquigrafia vem do grego tachys ou rápido e grafia que significa escrita. 14 Em 1856 é criada em Berlim, a primeira escola de línguaspor correspondência, patrocinada pela Sociedade de Línguas Modernas. Fundada em 1854, a Illinois Wesleyan University , primeira Universidade Aberta do mundo cria, em 1874, seus cursos por correspondência. Em 1880 o Sherry’s College oferece cursos preparatórios para concursos públicos. Em 1883 o estado de Nova Iorque autorizou o Chatauqua Institute a conferir diplomas para os cursos a distância (Rodrigues, 1998). 30 Em 1884 o Foulkes Lynch Correspondence Tuition Service passa a ministrar cursos de contabilidade por correspondência Em 1891, nos Estados Unidos, foi ofertado o curso por correspondência, sobre medidas de segurança em minas, que foi organizado por Thomas J. Foster. Em 1891 foram aprovados cursos de extensão universitária por correspondência na Universidade de Wisconsin. Em 1892, a fim de preparar docentes, é criada a Divisão de Ensino por Correspondência, no departamento de extensão da Universidade de Chicago, por iniciativa do Reitor Willian Harper, que já havia utilizado a correspondência para preparar docentes de escolas dominicais (SARAIVA,1996). Figura 3 – Universidade de Chicago Fonte: https://www.uchicago.edu/ Entre 1894/95, iniciam‑se os cursos de Wolsey Hall, em Oxford, que preparariam por correspondência estudantes para o Certificated Teachers Examination. Ao adentrarmos no século XX, várias outras instituições foram criando e consolidando seus processos de educação a distância. Fundada em 10 de dezembro de 1909, já no ano seguinte, em 1910, a Universidade Australiana de Queensland iniciava seus programas de ensino por correspondência. https://www.uchicago.edu/ 31 Em 1924 o economista alemão Fritz Reinhardt funda a German Fern- Handelsschule5, em Herrsching am Ammersee, município no distrito da Baviera Superior. Quatro anos depois, a BBC6 começa a promover cursos para educação de adultos utilizando o rádio. Figura 4 – Rádio antigo Fonte: https://pixabay.com/pt/cargo-r%C3%A1dio-antiga-m%C3%B3veis-retro-3193102/ Percebe-se hoje que, presente em cinco dos seis continentes, a modalidade de educação a distância foi adotada por uma quantidade imensa de países, em diversos níveis de ensino, tanto formais quanto informais, atendendo a milhões de estudantes. Além disso, essa modalidade ainda tem a possibilidade de aperfeiçoar professores e profissionais do mercado que necessitam, constantemente, de informação e conhecimento. 5 Escola Alemã de Negócios 6 British Broadcasting Corporation (BBC), emissora pública de rádio e televisão do Reino Unido (Inglaterra e demais países), fundada em 1922. https://pixabay.com/pt/cargo-r%C3%A1dio-antiga-m%C3%B3veis-retro-3193102/ 32 2.2 VAMOS DAR UM GIRO PELO MUNDO? Figura 5 – Mapa Mundi Fonte: https://pixabay.com/pt/m%C3%A3os-manter-mapa-do-mundo-terra-908164/ 2.2.1 Começando pelo continente americano Figura 6 – Continente americano Fonte: http://geonaweb.blogspot.com/2010/06/formacao-historica-do-continente.html https://pixabay.com/pt/m%C3%A3os-manter-mapa-do-mundo-terra-908164/ http://geonaweb.blogspot.com/2010/06/formacao-historica-do-continente.html 33 Segundo maior continente do planeta, o continente americano tem uma área territorial de 42.549.000 km2, com uma população de mais de 1 bilhão de habitantes, o que representa 14,2% da população mundial. Além disso é uma população diversa em termos econômicos, sociais e culturais. O nome do continente é homenagem ao navegador Américo Vespúcio; a primeira citação sobre a América foi feita no livro Cosmographiae Introductio, em 1507. Para termos uma ideia, segundo dados divulgados em maio de 2018 pela Organização das Nações Unidas, ONU, a região é a mais desigual do mundo, com um coeficiente de Gini7 estimado em 0,5. “Na região, a cobrança direta de impostos sobre a renda é inferior à média de países da OCDE. Em 2014, a taxa efetiva de tributação sobre os salários dos 10% mais ricos foi calculada em 4,8%, ao passo que, em média, nos países da União Europeia, o índice foi estimado em 21,3%. De acordo com o relatório, chamado “A Ineficiência da Desigualdade”, o sistema tributário expressa uma cultura regional de privilégios que reduz o potencial de ações fiscais diretas para a redistribuição de renda.” A distribuição de renda, portanto, fica comprometida porque é uma região que privilegia os ricos e poderosos, em detrimento da imensa maioria da população. Isso traz consequências nefastas para o desenvolvimento. 7 O Índice de Gini mede a diferença de renda entre as parcelas mais ricas e mais pobres de uma determinada população. Quanto mais próximo do zero, mais igualitária é a repartição de riquezas numa sociedade. 34 Não deixe de ler o relatório completo da ONU, presente em https://nacoesunidas.org/america-latina-e-caribe-e-regiao-mais-desigual-do- mundo-revela-comissao-da-onu/ Além dessa disparidade econômica, a América apresenta também disparidades culturais como é possível perceber no número de línguas faladas no continente. Hoje, segundo o Ethmologue Languages of the World, existem 1060 línguas vivas nas Américas, sendo que: Línguas Situação atual 36 Institucionais 233 Em desenvolvimento 141 Vigorosas 310 Em apuros 340 Morrendo Tabela 1 – Situação das línguas no continente americano Fonte: https://www.ethnologue.com/region/Americas Agora que conhecemos as peculiaridades do continente americano, vamos ver a EAD em alguns de seus países? https://nacoesunidas.org/america-latina-e-caribe-e-regiao-mais-desigual-do-mundo-revela-comissao-da-onu/ https://nacoesunidas.org/america-latina-e-caribe-e-regiao-mais-desigual-do-mundo-revela-comissao-da-onu/ https://www.ethnologue.com/region/Americas 35 Venezuela - Em 1976 o grande professor e estudioso Miguel Casas Armengol, lidera um grupo de professores que pressionam o governo venezuelano para criar uma universidade flexível, inovadora, criativa, sem classes sociais, voltada para as necessidades da sociedade. Um ano depois, nasce a Universidad Nacional Abierta da Venezuela em 27 de setembro de 1977. Segundo o site da Universidade Su Sede Central está ubicada en Caracas, pero su radio de acción abarca todo el territorio venezolano a través de Centros Locales y Oficinas de Apoyo. Su actividad educativa tiene como principio fundamental la libertad académica, materializada a través del ejercicio de la docencia, la investigación y la extensión universitária [...]” disponível em http://www.una.edu.ve/index.php/2012-05-03-15-37- 38/2012-05-03-15-38-01 Em uma tradução livre: “Sua sede central está em Caracas mas seu raio de ação está em todo território Venezuelano através dos Centros Locais e Oficinas de Apoio. Sua atividade educativa tem como princípio fundamental a liberdade acadêmica, materializada através do exercício da docência, da pesquisa e da extensão universitária”8. Cuba - Em 1979 tem início, dentro da Faculdade de Ensino Dirigido da Universidade de Havana, o EaD, que conta com o apoio de mais de 16 instituições. O programa curricular é o mesmo que o presencial o que reforça a importância da educação a distância. Estados Unidos – Hoje, dezenas de universidades dos Estados Unidos oferecem cursos online mas tudo começou com a Penn State ou Pennsylvania 8 Tradução livre da autora http://www.una.edu.ve/index.php/2012-05-03-15-37-38/2012-05-03-15-38-01 http://www.una.edu.ve/index.php/2012-05-03-15-37-38/2012-05-03-15-38-01 36 State University, fundada em 1892 e uma das primeiras a oferecer cursos por correspondência. Hoje ela acolhe 631.000 estudantes no mundo todo, que podem utilizar auto estudo e interaçãopeer-to-peer9 oferecendo mais de 100 cursos em diversas áreas. Figura 7 – Peer to peer Fonte: https://pixabay.com/pt/rede-peer-to-peer-ponto-24993/ Em 1916 a University of Utah inicia seus cursos EaD por correspondência. Em 1969 a Stanford University começa também a oferecer cursos de Educação à Distância. A University of Utah, fundada em fevereiro de 1850, oferece cursos EaD desde 1916. Fundada em 1804, a Ohio University é a nona universidade pública mais antiga dos Estados Unidos e atua com EaD desde 1924. 9 Peer-to-peer ou ponto a ponto, é uma estrutura de rede onde cada um funciona como cliente e também como servidor, o que faz com que sejam compartilhados dados e também serviços, sem a necessidade de um servidor central. https://pixabay.com/pt/rede-peer-to-peer-ponto-24993/ 37 Canadá – Fundada em 1970 a Athabasca University iniciou como uma universidade comum. Foi a primeira universidade canadense a se especializar em educação a distância, oferecendo seu primeiro curso nessa modalidade em 1972. Hoje atende estudantes de 87 países do mundo inteiro e também de todas as províncias do Canadá. 2.2.2 EaD na Oceania Figura 8 – Oceania Fonte: https://pixabay.com/pt/austr%C3%A1lia-oceania-geografia-litoral-23512/ Antes de falarmos da EaD na Oceania é importante entendermos um pouco desse continente que mal conhecemos e que é formado por milhares de ilhas espalhadas sobre o oceano Pacífico e Índico. https://pixabay.com/pt/austr%C3%A1lia-oceania-geografia-litoral-23512/ 38 Esse continente, com uma área de 8.526.462 quilômetros quadrados, tem a segunda menor população de todos os demais, com cerca de 37,1 milhões de habitantes, sendo que a maioria, 70%, reside em áreas urbanas. A Austrália é o país que mais concentra habitantes, com uma população de quase 26.000.000 de habitantes. No outro extremo, temos Nauru, menor ilha insular do mundo, que tem o menor número de habitantes, 10.500 habitantes. Aqui também temos diversidade cultural grande porque na Austrália e Nova Zelândia predominam os descendentes de europeus porque a população nativa foi quase dizimada. Em outros países do continente a população nativa ainda é maioria. Nova Zelândia – A The New Zealand Correspondence School surgiu em 1922 para atender, por correspondência, crianças que não tinham acesso geográfica ou fisicamente a escolas fundamentais e básicas. Em 1946 é fundada a Escola por Correspondência Técnica que oferecia para homens e mulheres que retornaram da II Grande Guerra, treinamento em reassentamento. Em 1963 essa escola se torna o Instituto de Correspondência Open Polytechnic começou sua vida como Escola de Correspondência Técnica em 1946, oferecendo treinamento em reassentamento para militares e mulheres retornadas após a Segunda Guerra Mundial. Em 1963 começa a oferecer treinamento nacional para o comércio e passa a se denominar Instituto de Correspondência Técnica (TCI). Hoje o Instituto se chama The Open Polytechic da Nova Zelância e é o maior provedor de educação a distância da Nova Zelândia atendendo mais de 30.000 alunos por ano. Austrália - A Austrália é um dos países que mais leva a sério a educação porque a considera estratégica. Para se ter uma ideia, existem 43 universidades no território nacional, sendo que 40 são públicas. 39 As políticas públicas educacionais não são definidas exclusivamente pelo Ministério da Educação. Esse as define junto com ministérios de outras áreas (indústria, comércio, ciência e tecnologia, por exemplo) e com especialistas do setor educacional, que juntos compõem um comitê formado para este fim. Nesse contexto, foi desenvolvido um plano, que deve ser concluído até 2025, para transformar a Austrália em um país inovador, engajado globalmente, competitivo na produção científica e detentor de universidades capazes de dar respostas aos desafios da sociedade (FAVARON e REIS, 2018, disponível em <http://www.revistaensinosuperior.com.br/modelo-australia/>). O olhar na educação australiana não tem diferenças entre o ensino presencial e a distância, fazendo com que ambos recebam o mesmo nível de investimentos. Além disso, com essa capacidade de inovação a Austrália avançou e continua avançando muito na utilização das TIC’s, fazendo com que as plataformas sejam amplamente utilizadas criando com isso, maiores possibilidades de acesso por parte dos estudantes. A Bond University, por exemplo, oferece uma série de atividades acadêmicas com foco na formação por competências e na empregabilidade dos estudantes, via plataforma digital. Já a University of Southern Queensland realiza eventos e feiras de profissões virtuais, disponibiliza cursos híbridos e acompanha a vida de seus estudantes de forma construtiva. A instituição possui mais de 20 mil estudantes em cursos de graduação, mestrado e doutorado a distância (FAVARON e REIS, 2018, disponível em <http://www.revistaensinosuperior.com.br/modelo-australia/>). E toda essa inovação e esse olhar para as tecnologias não é de agora porque A Universidade de Queensland mantém programas de ensino a distância desde 1910, ano de sua fundação oficial. Outras instituições que se renderam a EaD no transcorrer do século XX foram: University of Western, em 1911; School of the Air, em 1956; Open Learning Institute, em 1971; Curtin University of Thechnology, em 1972. 40 Não podemos esquecer que a Austrália é, hoje, um dos países mais engajados ecologicamente do mundo e suas universidades tem esse foco estratégico na sustentabilidade. 2.2.3 Continente europeu Figura 9 – Continente europeu Fonte: http://www.historiaegeografia.com/o-continente-europeu/continente-europeu- mapa-grafico/ Embora tenha uma extensão pequena, 10.180.000 km2 a Europa é formada por uma grande quantidade de países (50) que se apresentam http://www.historiaegeografia.com/o-continente-europeu/continente-europeu-mapa-grafico/ http://www.historiaegeografia.com/o-continente-europeu/continente-europeu-mapa-grafico/ 41 gigantescos como a Rússia10 ou minúsculos como o Vaticano. Isso nos traz diversidade cultural, econômica e social. Além disso é o continente onde a Educação a Distância teve, no século XIX, seu maior crescimento. Vários países europeus adotaram a EaD como ferramenta efetiva de formação contínua, privilegiando quem trabalha em tempo integral ou não tem disponibilidade de tempo, não conseguindo se comprometer presencialmente com uma estrutura de formação acadêmica, ou ainda quem está distante geograficamente de instituições de ensino. Portugal – A Universidade Aberta de Portugal, fundada em 1988, é a única instituição de ensino superior público a distância daquele país. Por isso mesmo utiliza metodologias e tecnologias avançadas a fim de divulgar cada vez mais a língua e a cultura portuguesas nos espaços lusófonos11. Espanha – A Universidad Nacional de Educación a Distancia foi criada em 18 de agosto de 1972 por um ano parlamentar. Hoje, presente em mais de 20 países e com 60 centros na Espanha, tem sua sede em Madrid e oferece 28 cursos de graduação nas áreas de artes e humanidades, ciências, ciências da saúde, ciências sociais e jurídicas, engenharia e arquitetura. Além disso oferece também graduações combinadas, mestrados e doutorados. 10 A Federação Russa faz parte da chamada Europa Centro-Oriental. A parte Europeia faz fronteira com 8 países da Europa Setentrional e se estende até os Montes Urais. O restante da Rússia pertence ao Continente Asiático. 11 Espaços Lusófonos dizem respeito a todas as comunidades formadas por povos e nações que compartilham língua e cultura portuguesas. Como exemplo podemos citar o Brasil, Moçambique, Guiné-Bissau,Timor-Leste, Cabo verde, Angola, Macau, entre tantos outros. 42 Inglaterra – Fundada em 1968 a Open University é referência em educação à distância e iniciou suas atividades sendo chamada de Universidade do Ar, pela sua vocação de estruturar a educação utilizando como uma das ferramentas principais a televisão. Tendo a qualidade como meta incondicional a Open University tem hoje quase 300.000 estudantes, com idade média de 31 anos. Desses alunos, 36% estudam on-line porque mais de 70% deles trabalha em regime full time. Para se ter dimensão do seu tamanho, existem 7.000 tutores à disposição dos alunos, que chegam a realizar 12 milhões de chamadas telefônicas anuais. Outra possibilidade para dirimir dúvidas é o comparecimento a um dos muitos centros de atendimento (Niskier, 2013, disponível em http://www.academia.org.br/artigos/universidade-aberta-inglaterra-da-show). O British Council criou o site Education UK (http://www.educationuk.org/) que reúne todos os cursos e instituições de ensino EaD do Reino Unido, organizados por áreas e categorias. Vale pesquisar! 2.2.4 Continente asiático http://www.academia.org.br/artigos/universidade-aberta-inglaterra-da-show http://www.educationuk.org/ 43 Figura 10 – Continente Asiático Fonte: https://www.guiageo.com/asia.htm Maior continente tanto em extensão quanto em população, a Ásia, com 44 milhões de km2, abriga 50% da população mundial e países tanto desenvolvidos como em desenvolvimento e também subdesenvolvidos. Isso nos traz uma disparidade grande entre eles e também na educação de cada um deles, embora tenhamos exemplos maravilhosos de Educação a distância como ocorre na Índia por exemplo. Índia Em 1962 a Universidade de Dehli cria um departamento de Estudos por correspondência. Esse departamento fazia parte de um projeto de Educação a Distância que teve sua fase experimental até 1970, envolvendo também outras universidades indianas. Sua segunda fase foi até a década de 80 e além de acolher outras universidades começou a ofertar cursos de pós-graduação. https://www.guiageo.com/asia.htm 44 Todo esse interesse se deu por que o contingente de pessoas na Índia que não pode ficar anos fora do mercado de trabalho para estudar é muito grande e era necessário se resolver esse problema. Em função do sucesso obtido pelos cursos, em 1982 foi instituída a primeira universidade a distância da Índia: a Andhra Pradesh Open University. A Índia tem, portanto, protagonizado papel relevante nas últimas décadas no que diz respeito a educação. Embora tenha índices de analfabetismo que beiram os 25%, o país é considerado um gigante no ensino superior, sendo o terceiro do mundo, ficando atrás somente da China e dos Estados Unidos. Isso nos dá uma visão da força que o país tem no quesito educação. Por isso o país tem se tornado destino para estudantes do mundo todo e principalmente para asiáticos. Rússia A Educação a Distância na antiga União Soviética surge em 1930 possibilitando que a população pudesse estudar, mesmo de regiões longínquas e de difícil acesso. Isso possibilitou grande desenvolvimento educacional. Com a dissolução da União Soviética em 1991, a Rússia teve que se concentrar mais ainda nos padrões de excelência na educação, para que pudesse efetivar a reconstrução do país e a educação a distância teve um papel estrutural nesse processo. Indonésia Em 1950 através do National Teacher Distance Education Upgranding Course a Indonésia começa a ofertar cursos de aperfeiçoamento para professores Em 1979 o ministério da cultura e da educação cria o Centro de Tecnologia Educacional para o ensino secundário. Em 1984 é instituída a The Open University of Indonésia que hoje atende um contingente bastante expressivo de alunos. 45 Japão A partir da década de 30 do século passado o Japão já oferecia crusos informais por correspondência até que em 1938 foi criada a Escola Kawasaki para profissionais de saúde. As leis acabaram por incentivar a educação a distância e várias instituições acabaram por adotar esses método como a Universidade de Chuo que, já em 1948, ofertava Educação a Distância. 2.2.5 Continente africano Figura 11 – Continente Africano Fonte: https://pixabay.com/pt/bandeira-pan-africana-%C3%A1frica-157977/ Nos anos 90 já existiam mais de 140 milhões de instituições públicas e privadas oferecendo educação superior a distância na África subsaariana. [...] Embora dados como o acesso da população as tecnologias de informação e comunicação, apontem para uma realidade muito aquém da desejada, pode-se dizer que a paisagem da EaD na África vem sofrendo alterações, devido, em parte, às https://pixabay.com/pt/bandeira-pan-africana-%C3%A1frica-157977/ 46 mudanças tecnológicas que o país atravessa que passam principalmente pelas iniciativas de busca por tecnologias de informação e comunicação. (Azevedo, Schlickmann e Roczanski, disponível em < https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/61444/EXPERI %25C3%258%C2%AANCIAS%2520DE%2520EDUCA%25C3%2587 %25C3%2583O%2520SUPERIOR%2520A%2520DIST%25C3%2582 NCIA%2520NO%2520MUNDO.pdf?sequence=1>). Alguns países como Botswana, Zimbabwe, Tanzânia já contam com instituições baseadas na modalidade a distância e outros como por exemplo República dos Camarões e Zâmbia, disponibilizam centros regionais interativos para aqueles que querem fazer cursos a distância. Todo esse “bum” se deu porque o continente africano é o que tem maior crescimento de dispositivos móveis. Segundo o relatório Digital in 2018, o uso da internet na África aumentou em 20% em relação a 2017, embora na África central as taxas de penetração de dispositivos móveis permaneçam inferior a 50%. O continente africano, portanto, apresenta imensas possibilidades para a educação a distância que deverá crescer, e muito, nos próximos anos. Mas olhando um pouco mais profundamente para a EaD durante o século XX podemos perceber que sua grande expansão se deu principalmente a partir da década de 70, com a tele-educação, que aliava materiais escritos ao áudio e vídeo. Notamos que a evolução da educação a distância ocorreu paralelamente ao desenvolvimento da tecnologia da informação, democratizando o acesso ao saber e intensificando a universalização do conhecimento. https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/61444/EXPERI%25C3%258%C2%AANCIAS%2520DE%2520EDUCA%25C3%2587%25C3%2583O%2520SUPERIOR%2520A%2520DIST%25C3%2582NCIA%2520NO%2520MUNDO.pdf?sequence=1 https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/61444/EXPERI%25C3%258%C2%AANCIAS%2520DE%2520EDUCA%25C3%2587%25C3%2583O%2520SUPERIOR%2520A%2520DIST%25C3%2582NCIA%2520NO%2520MUNDO.pdf?sequence=1 https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/61444/EXPERI%25C3%258%C2%AANCIAS%2520DE%2520EDUCA%25C3%2587%25C3%2583O%2520SUPERIOR%2520A%2520DIST%25C3%2582NCIA%2520NO%2520MUNDO.pdf?sequence=1 https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/61444/EXPERI%25C3%258%C2%AANCIAS%2520DE%2520EDUCA%25C3%2587%25C3%2583O%2520SUPERIOR%2520A%2520DIST%25C3%2582NCIA%2520NO%2520MUNDO.pdf?sequence=1 47 2.3 Evolução da EaD no Brasil Figura 12 – Mapa do Brasil Fonte: https://pixabay.com/pt/brasil-pavilh%C3%A3o-mapa-s%C3%ADmbolo-1020924/ Segundo Marques (apud Costa e Faria, 2008, p. 3), as primeiras experiências de EaD no Brasil foram registradas no final do século XIX, por volta da década de 1950, quando “agricultores e pecuaristas europeus aprendiam, por correspondência, como plantar ou qual a melhor forma de cuidar do rebanho”. Se houve outras iniciativas nesse sentido no período, ficaram sem registro. Figura 13 – Plantando Fonte: https://pixabay.com/pt/ecologia-ambiente-jardim-jardinagem-2985781/ https://pixabay.com/pt/brasil-pavilh%C3%A3o-mapa-s%C3%ADmbolo-1020924/ https://pixabay.com/pt/ecologia-ambiente-jardim-jardinagem-2985781/48 Em 1904, no Jornal do Brasil, é oferecido, na seção de classificados, o primeiro curso por correspondência, de datilografia. Saraiva (1996) considera como marco inicial da EaD no Brasil a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, fundada em 20 de janeiro de 1923 pela iniciativa de um grupo liderado por Edgard Roquette Pinto (1884‑1954). Já o site da Rádio Sociedade nos dá como data da fundação como abril de 1923. 12 O grupo que a fundou vinha de um movimento formado por cientistas e intelectuais do Rio de Janeiro que dividiam os salões da Academia Brasileira de Ciências. Instituição de caráter basicamente cultural e educativa, oferecia cursos de português, francês, literatura francesa e outros técnicos, como radiotelegrafia e telefonia, que utilizavam a radiodifusão para expandir a educação no Brasil (SARAIVA, 1996). Não podemos deixar de ressaltar que a rádio sobrevivia com as doações dos sócios, funcionando como uma sociedade real. O presidente era Henrique Morize e o secretário-geral, Edgard Roquette-Pinto. Alguns anos depois, para não transformá‑la em um veículo comercial, Roquette Pinto doou a Rádio ao Ministério da Educação e Cultura. 12 (disponível em http://www.fiocruz.br/radiosociedade/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=1&sid=2) http://www.fiocruz.br/radiosociedade/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=1&sid=2 49 Figura 14 – Diretores e Sócios da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro Diretores e alguns sócios da RSRJ. Sentados: Carlos Guinle, Henrique morize e Luiz Betim Paes Leme. De pé: Dulcídio Pereira à esquerda, Roquete-Pinto é o 3º; os demais são Costa Lima, Francisco Lafayette, Mario Souza, Domócrito Seabre e Nestor Serra. Fonte: http://www.fiocruz.br/radiosociedade/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=1&sid=2 Em 1934, também pelas mãos de Roquette Pinto, é criado um projeto para a Secretaria Municipal de Educação do Distrito Federal, a Rádio Escola Municipal do Rio, que proporcionava aprendizagem para os alunos com acesso prévio a folhetos e esquemas de aulas, sendo também utilizadas ferramentas por correspondência para contato com estudantes (ALVES, 2011). Em 1939, surge o Instituto Monitor, o primeiro a oferecer sistematicamente cursos profissionalizantes por correspondência, conhecido na época por Instituto Rádio Técnico Monitor (ALVES, 2011). Em 1941, é criado, por um ex‑sócio do Instituto Monitor, talvez a mais famosa e conhecida instituição brasileira que oferecia cursos a distância antes da internet, o Instituto Universal Brasileiro (IUB), que até hoje está em funcionamento, com cerca de 200 mil alunos e tendo formado mais de 4 milhões de pessoas. http://www.fiocruz.br/radiosociedade/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=1&sid=2 50 Roquette Pinto era médico legista, professor, escritor, antropólogo, etnólogo, ensaísta brasileiro. Em 1927, tornou‑se membro da Academia Brasileira de Letras, ocupando a cadeira 17, e hoje é considerado o pai da radiodifusão no Brasil. Em 1947, surge a revolucionária Nova Universidade do Ar, projeto que permaneceu ativo até 1962 e beneficiou 91 mil pessoas com cursos de Português, Aritmética Comercial, Ciências Sociais e noções de Economia e Comércio, além de uma formação mais abrangente, com acesso a variadas informações de cultura geral. A universidade, uma parceria entre o Senac São Paulo e o Sesc regional, funcionava por meio de 47 emissoras de rádio do Estado de São Paulo. Sua aceitação foi tão positiva que chegou a atingir 318 localidades. As aulas eram gravadas em estúdio e depois transmitidas pelas emissoras, além de serem gravadas em discos, que depois eram enviados às unidades educacionais espalhadas pelo Estado, que mantinham equipes treinadas com a função de monitorar e orientar os estudantes que, em dias alternados (porque as transmissões ocorriam três vezes por semana), passavam a estudar com as apostilas. Em depoimento concedido ao CD comemorativo dos cinquenta anos do Senac, completados em 1996, o então educador da instituição, Alpínolo Lopes Casali, afirmou que a ideia da Unar surgiu por acaso, enquanto caminhava pelo Centro de São Paulo em busca de obras de Filosofia. 51 Em 1959, uma parceria com a Igreja Católica, por meio da Diocese de Natal (RGN), a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e o Governo Federal criam o Movimento de Educação de Base (MEB), que, utilizando o sistema radiofônico, tinha como objetivo democratizar o acesso à conscientização e à educação pelo letramento de jovens e adultos (ALVES, 2011), principalmente nas regiões Norte e Nordeste. Por meio das “escolas radiofônicas”, o MEB montou um sistema articulado de ensino direcionado a pessoas com menor poder aquisitivo. Esse projeto acaba por ser desmantelado no período de repressão que o Brasil viveu depois do Golpe de 1964. Em 1970, uma iniciativa conjunta entre a Fundação Padre Landell de Moura, a Fundação Padre Anchieta e o Ministério da Educação, em convênio com a Inglaterra, criou o projeto Minerva, com o objetivo de produzir programas de rádio que promovessem a educação e a inclusão social de adultos. Esse projeto durou até 1980 Os estudos da evolução histórica da EaD no Brasil e no mundo demonstram o quanto o rádio teve um papel significativo e determinante nessa modalidade de ensino, que teve a capacidade de, ao longo do tempo, ir se moldando às novas tecnologias que surgiam. “Em 1974 surge o Instituto Padre Reus e na TV Ceará começam os cursos das antigas 5ª a 8ª séries (atuais 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental), com material televisivo, impresso e monitores” (ALVES, 2011, p. 88). Com quarenta cursos diferentes que ofereciam materiais instrucionais e tendo acumulado 1.403.105 pessoas matriculadas ao longo do tempo, surgiu em 1976 o Sistema ou Programa Nacional de Teleducação (Prontel), anos depois substituído pela Secretaria de Aplicação Tecnológica (Seat), extinta mais tarde. A fim de permitir a continuidade dos estudos pelo sistema brasileiro, para crianças de famílias que tiveram de mudar para o exterior, em 1981 “é fundado 52 o Centro Internacional de Estudos Regulares (Cier) do Colégio Anglo‑Americano, que oferecia Ensino Fundamental e Médio a distância” (ALVES, 2011, p. 88‑89). O ano de 1992 é um marco para a educação a distância do Brasil, com a criação da Universidade Aberta de Brasília, voltada ao Ensino Superior, à educação continuada e à reciclagem profissional. Em 1994, de maneira ampla, as universidades passaram a utilizar correspondência eletrônica (e‑mails ) e a internet se disseminou, formando a base do que há hoje em dia nas estruturas de e‑learning e educação a distância. Em 1995, é fundada a Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed) e nasce o Centro Nacional de Educação a Distância; um ano depois, em 1996, é criada, pelo Ministério da Educação, a Secretaria de Educação a Distância (Seed), que tem como princípio democratizar a educação brasileira. É também em 1996 que se dá a oficialização da EaD no país, sob a Lei no 9.394/96, de 20 de dezembro, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, no governo de Fernando Henrique Cardoso. Essa lei normatizou, pela primeira vez, a EaD como modalidade válida de ensino, fazendo a equivalência com as outras formas e níveis de ensino, em seu Artigo 80, embora só tenha havido a regulamentação em 19 de dezembro em 2005, pelo Decreto no 5.622, que revogou os Decretos no 2.494, de 10 de fevereiro de 1998, e no 2.561, de 27 de abril de 1998, com a normatização definida na Portaria Ministerial no 4.361, de 29 de dezembro de 2004. O mês de dezembro de 1999 marcou a formação da UniRede, consórcio interuniversitário criado com o nome de Universidade Virtual Pública do Brasil, que tinha como objetivos democratizar o acesso
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