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Aula 9 de Direito Processual Civil IV

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Aula 9 do dia 15/09/2016
Apelação
→ Elaboração de Relatório
A apelação chegou no Tribunal, foi distribuída, chegou nas mãos do Desembargador. A primeira coisa que se pergunta é “posso aplicar esse sistema?”, “posso julgar sozinha?”. Se sim, a apelação já foi julgada. O Desembargador caso não encontre nenhuma dessas possibilidades, não haja precedente jurisprudencial, a primeira coisa a ser feita (6m55).
O relator lança nos autos o relatório. O relatório é uma síntese, é um breve relato: o que aconteceu na 1ª instância, qual foi a decisão proferida pelo juiz sentenciante, e porque as partes estão recorrendo.
No Processo Civil I foi estudada a estrutura da sentença, e uma das coisas da estrutura da sentença é o relatório, que é um breve relato do que houve no caso concreto. É mais ou menos a mesma ideia.
De inicio o relator faz uma síntese. 
→ Primeiro: o relatório não é uma manifestação de concordância com A ou com B. Não está se posicionando se é favorável ao recurso ou não; está, única e exclusivamente, narrando o caso. 
→ Segundo: irá se deparar com uma situação muito simples, para que serve o relatório?
Os vogais não estudam o caso. Eles julgam com base no relatório, conhecem o caso pelo relatório. 
Quando um vogal pedir vista o meio do julgamento, é porque algo que foi falado na sessão de julgamento, discorda no relatório. Se não tiver dissonância, se tiver essa discordância, não há vista.
O relatório existe para que os vogais conheçam o caso.
→ Terceiro: verá vários relatores que falam “adoto o relatório da sentença como relatório do caso”. 
O relatório do juiz na sentença foi tão bem construído, que tudo aquilo que aconteceu na 1ª instância está no relatório da sentença. 
Feito o relatório, lançado o relatório nos autos, o relator fará uma pergunta: esse caso gera intervenção do Ministério Público?
→ Possibilidade de Intimação do Ministério Público
O Processo Civil tem-se o MP como fiscal da lei, em algumas situações.
· Exemplo: a ação versa sobre o interesse de um incapaz. Da mesma forma que intervêm na 1ª instância, terá que intervir (10m50).
Então, ele analisa o caso para ver se há ou não a necessidade de intervenção do MP. Caso haja necessidade, irá (11m). Têm-se os Promotores de Justiça no 1º grau de jurisdição, e os Procuradores de Justiça nos tribunais. Quando é jurisdição federal, têm-se os Procuradores da República em 1ª instância, os Procuradores Regionais em TRF’s.
Caso seja caso de intervenção do MP, manda para (11m25); não é caso de intervenção do MP, manda os autos para o Presidente da Câmara.
→ Envio para o Desembargador Presidente da Câmara ou Turma
Algumas vezes, verá um relator escrever em uma folha: peço dia de julgamento. O que isso significa?
Os autos são encaminhados para o Presidente da Câmara, pois é ele quem controla a pauta da sessão de julgamento. 
· Exemplo: do mesmo jeito que uma Vara tem uma agenda de audiências, uma Câmara tem uma agenda de sessão de julgamento. A ideia é, razoavelmente, a mesma. E quem controla a agenda é o Presidente de cada Câmara, não é o Presidente do Tribunal. 
 O Presidente de cada Câmara é quem é o responsável.
· Exemplo: o julgamento em que a Ana foi relatora está para ser julgado no dia 10/02/2017. Então, está com o relator; lançou o relatório; se tinha que mandar para o MP, mandou; caso não, manda direto para o Presidente.
O Presidente da Câmara marca a sessão do julgamento. 
→ Primeiro: a intimação das partes para a sessão de julgamento e a efetiva realização dessa sessão de julgamento, prazo mínimo de 5 (CINCO) DIAS.
A intimação feita e a realização dessa sessão, 5 (CINCO) DIAS.
CUIDADO!!! SÚMULA Nº 117 – STJ.
→ Sessão de Julgamento (leitura de relatório / sustentação oral / votação) (Súmula nº 117 – STJ (???))
Deve se ter cuidado com a Súmula nº 117 do STJ.
A Súmula nº 117 foi redigida pelo STJ, foi redigida na vigência do CPC/73. 
No CPC/73 esse prazo era de 48 (QUARENTA E OITO) HORAS. Só que o CPC/15 alterou esse prazo para 5 (CINCO) DIAS. Muitos estão dizendo que a Súmula está em confronto com a nova lei, mas ela (a Súmula) não está em confronto. Deve se dar a interpretação correta a Súmula.
A Súmula nº 117 do STJ diz o seguinte:
“SÚMULA 117 - A INOBSERVANCIA DO PRAZO DE 48 HORAS, ENTRE A PUBLICAÇÃO DE PAUTA E O JULGAMENTO SEM A PRESENÇA DAS PARTES, ACARRETA NULIDADE.”
Ou seja, é nulo o julgamento do recurso se não for observado o prazo mínimo de 48 horas entre a intimação das partes e a data da sessão de julgamento.
A parte importante da Súmula é falar que tem que respeitar esse prazo mínimo. Existe esse prazo mínimo para que as partes possam se preparar para o julgamento.
 O detalhe é que a Súmula fala que caso não seja respeitado esse prazo mínimo, o julgamento é NULO.
O que é importante não é falar das 48 horas, mas da NULIDADE. É dar a Súmula nº 117 a aplicação adequada. 
É NULO o julgamento do recurso se não for observado o prazo de 5 (CINCO) DIAS.
Não precisa “jogar a Súmula no lixo”, pois está não é contrária à lei. Muito pelo contrario, ela reforça a lei. O que há, na verdade, é só uma divergência de prazo.
Haverá isso em diversas Súmulas. 
· Exemplo: a Súmula nº 267 do STF, uma das mais importantes que tem sobre Mandado de Segurança (se não for a mais importante). O texto literal dessa Súmula não é aplicado hoje, mas o STF não cancelou (revogou) a Súmula. O que fez foi dar interpretação adequada a Súmula. O texto da Súmula diz que não cabe MS se cabe recurso. Só que a redação adequada é do art. 5º da Lei do MS, que irá dizer que não cabe MS se cabe recurso dotado de efeito suspensivo. Há um complemento.
Toda vez que há uma alteração legislativa, não significa dizer que o STF e o STJ irão rever as suas Súmulas. Basta dar a interpretação adequada.
O QUE IMPORTA NA SÚMULA NÃO É O PRAZO DE 48 HORAS QUE ESTAVA DISPOSTO NO CPC/73, MAS É A DECRETAÇÃO DA NULIDAE DO JULGAMENTO.
CUIDADO!!! É DO JULGAMENTO, NÃO É A SESSÃO DE JULGAMENTO. A sessão irá julgar vários recursos.
· Exemplo: hoje é o dia da sessão de julgamento. Em termos práticos, ocorre na parte da tarde. Tolentino é o Presidente da Câmara, ele está com a pauta de audiência em mãos. Ele olha e vê que o primeiro da lista é um Agravo que a relatora é a Paula, ou o primeiro é uma Apelação e que a relatora é a Fernanda. Declara aberta a sessão de julgamento, dando seguimento a pauta, e passa a palavra para o relator e este lê o relatório. Às vezes é necessário ler o relatório, mas o relator geralmente lê o relatório e dá a palavra ao advogado de apelante (15 minutos), dá a palavra ao advogado do apelado (15 minutos), e depois volta para o relator e este finalmente vota.
A sustentação oral é plenamente possível no recurso de apelação, tendo 15 (QUINZE) minutos cada parte, começando pelo advogado do apelante, depois o advogado do apelado, só (20m55). É plenamente possível que não haja sustentação oral.
Alias, na prática, se vê o seguinte: no TJMG, quando chega o momento de (21m10) de julgamento, o relator intima as partes, com base no regimento interno do Tribunal, pergunta se tem interesse em fazer sustentação oral; pois caso não haja, faz-se o julgamento virtual. Marca uma data, e nesta data específica, eletronicamente, vota e faz o acordão. Mas, caso queira fazer sustentação oral, não haverá julgamento eletrônico.
Não está na lei, mas na prática (em Minas), antes de mandar para o Presidente pedindo sessão de julgamento, serão intimada as partes, e o relator fará uma pergunta: “querem fazer sustentação oral?”. Caso as partes não queiram, haverá o julgamento eletrônico. 
A sustentação oral reforça o que está no recurso. A sustentação oral geralmente é feita quando é uma matéria de divergência e quer chamar atenção para isso (matéria pacificada não se perde tempo fazendo sustentação oral), ou é um caso em que já quer se fazer uma pega para um RESP mais adiante. É um momento de chamada de atenção, se é que é necessário. 
Passou a sustentação oral, votação. Vota relator, vota o primeiro vogal, vota o segundo vogal. Tecnicamente falando, o julgamento da apelação se encerraria
nesse ponto. Depois é de responsabilidade de o relator colocar os votos, montar o acordão.
· ACORDÃO = Acordo (acordam os reatores com os vogais dá o sentido de julgamento). Quando o juiz está julgando sozinho, não está acordando com ninguém. Em julgamento, quando se têm vários, chama de ACORDÃO. O ACORDÃO que é a coletânea dos posicionamentos, das manifestações.
Por que se fala que, em princípio, a apelação é (26m50)?
Porque pode ser que incida no caso o art. 942 do CPC.
· Técnica de Julgamento em Votação não unânime (Art. 942)
O art. 942 do CPC é uma técnica de segunda votação, que vota em alguns procedimentos, inclusive a apelação.
Essa técnica de novo julgamento veio pelo legislador para ocupar o lugar dos EMBARGOS INFRIGENTES que foi excluído do CPC.
O CPC/73 havia um recurso que se chamava EMBARGOS INFRIGENTES, que funcionava todas as vezes que havia VOTAÇÕES NÃO UNÂNIMES. 
· Exemplo: Fernando propõe uma ação em face do João. Após muita discussão na 1ª instância, o juiz fala “exposto, julgo procedente o pedido do Fernando em face do João”, Fernando venceu. João apela. Vem o julgamento da apelação “damos provimento ao recurso para reformar a sentença” por 2 votos a 1 voto. 
Na 1ª instância teve uma manifestação do judiciário favorável a Fernando. No 2° grau obteve outra manifestação do judiciário, agora favorável a João. Houve uma mudança de posicionamento no judiciário no caso, sem mencionar que não foi unânime. É claro que a decisão do tribunal substitui o de 1ª instância, não tem empate. Mas, se fizesse uma contagem de manifestação de vontade das pessoas que analisaram o caso, é como se fossem duas para um lado e duas para o outro. 
Será que esse não seria o tipo de caso que mereceria uma nova analise, chamando mais pessoas?
Para isso que existia os embargos infringentes.
Os EMBARGOS INFRINGENTES vieram desde o Código de 1939; até agora, tendo o seu caminho diminuído. Antes, qualquer votação não unânime cabia embargos infringentes. O legislador começou a diminuir a possibilidade de uso. E os últimos anos do CPC/73, quando obteve uma das ultimas reformas no Código, só 2 casos permitiriam embargos infringentes, 2 muito específicos, sendo:
→ Sentença de mérito da 1ª instância que era reformada por uma apelação não (30m10). Se a sentença fosse terminativa, não caberia, pois tinha que ter mérito. Se, eventualmente, o tribunal, ainda que por 2 votos a 1, mantivesse a sentença não caberia embargos.
A tendência era acabar com os embargos infringentes, tanto que o legislador de 2015 acabou com os embargos.
Mas, o legislador de 2015 (de forma não muito inteligente) colocou o art. 942 no Código, que diz o seguinte:
“Art. 942.  Quando o resultado da apelação for não unânime, o julgamento terá prosseguimento em sessão a ser designada com a presença de outros julgadores, que serão convocados nos termos previamente definidos no regimento interno, em número suficiente para garantir a possibilidade de inversão do resultado inicial, assegurado às partes e a eventuais terceiros o direito de sustentar oralmente suas razões perante os novos julgadores.”
Ou seja, todas as vezes que uma apelação for julgada de forma não unânime, é necessário uma nova votação. AUTOMÁTICO!
Antes tinha que recorrer, agora a lei fala que se ao final do julgamento de uma apelação deu 2 a 1, tem que se fazer uma segunda votação, com novos meios, em número suficiente para a mudança de resultado no julgamento.
O Código está dizendo, que de forma automática, se uma apelação saiu 2 a 1, tem que se ter uma segunda votação. E nessa segunda votação tem que ter a presença de mais julgadores, em número suficiente para mudar o resultado da primeira votação.
· Exemplo: se a primeira foi com 3, a segunda vai ser com 5.
Além disso, o Código dirá que se na própria sessão que ocorreu a primeira votação, se estes membros estiverem presentes, é possível que se faça, naquele exato momento, a segunda votação.
· Exemplo: a apelação de Fernando foi julgada pela Paula, João e Hellem. Paula e Hellem não gosta de Fernando, João gosta; 2 a 1. Só que a Câmara também é composta pela Roberta e pela Nayara. Se a sessão está completa, o que acontece? Imagina que a Paula é a relatora “considerando o disposto no art. 942 do Código, e verificada a votação não unânime por 2 a 1, nova votação do caso”. Não é só ouvir os outros 2 votos, é nova votação completa; pois a própria fala que é resguardado ao desembargador que já votou, o direito de mudar de posicionamento.
O que a lei fala é que deve haver uma segunda votação. 
· Exemplo: imagina-se que essa votação se dará em outra data. A lei fala que é resguardado ao advogado o direito de fazer novamente sustentação oral, porque há outras pessoas para convencer.
O detalhe é que, por celeridade e economia, o próprio Código dirá que se os membros estiverem todos os presentes na sessão de julgamento, é possível que essa segunda votação seja de imediato. 
O problema é que tem dado muita confusão. Tem Câmara fazendo de jeito diferente. Tem Câmara que acha que obrigatoriamente tem que ser para uma sessão, em outro dia. Tem Câmara que acha que tem que ser sempre na mesma sessão. Só que nem sempre dá para ser na mesmo sessão.
· Exemplo 1: imagina que a Roberta é irmã de Fernando. A Câmara não é impedida de julgar o recurso de Fernando, quem é impedido é a Roberta. Mas, no momento de se aplicar o art. 942, a Roberta será chamada, ela não poderá votar, tendo que chamar o seu substituto legal. Sendo assim, terá que marcar outra sessão. 
· Exemplo 2: Tem Câmara que já sabe que tem divergência de matéria, já sabe que vai dar 2 a 1. Cada um tem um posicionamento, não adianta insistir para mudar de posicionamento. Vai dar divergência. Sabido isso, não faz o julgamento virtual, já manda para o presencial.
Isso está oscilando dentro de vários tribunais. 
Qual é a “burrice” do legislador?
Antes, havia uma hipótese de cabimento muito clara: sentença de mérito, objeto de reforma por 2 votos a 1 na apelação. Agora, 2 a 1. Se teve mérito ou não, se manteve a sentença de 1ª instância, deu 2 a 1.
Muitos falam que o legislador foi razoavelmente burro. Observando o parágrafo 3º do art. 942, fala-se da antiga hipótese dos embargos infringentes na ação rescisória, e manteve a hipótese velha.
O detalhe é: antes havia pouca incidência dos embargos infringentes, eram poucos casos que permitiam. Agora se tem uma quantidade razoável de (37m10), sem falar que é automática, é uma obrigação (37m15). E se não dá para fazer na mesma sessão, automaticamente (37m20).
· Teoria da Causa Madura (art. 1.013, §§ 3º e 4º)
→ Possibilidade de Julgamento imediato do Mérito pelo Tribunal
Se tem um vício de forma, de estrutura do procedimento, o tribunal anula e devolve para o juízo A Quo, para corrigir o erro e sentenciar de novo. 
Agora, se tem um vício de interpretação, de julgamento, o tribunal reforma a decisão e julga o caso. Não há retrocesso.
A teoria da causa madura quebra essa ideia. 
Qual é a lógica?
O que fundamenta a teoria da causa madura é a ideia (39m30).
Às vezes, a anulação ou a devolução dos autos para a 1ª instância geraria um atraso “desnecessário”, que no entendimento da doutrina majoritária seria um atraso desnecessário. O melhor seria o juiz anular, mas ele mesmo (40m).
· Exemplo: Fernando propõe uma ação. Dandara sentencia. Fernando pediu dano material, dano moral e lucro cessante. No momento que Dandara vai sentenciar, ela fala “ isto posto, julgo procedente dano material, julgo improcedente dano moral”. Fernando observa que Dandara esqueceu uma parte. É uma sentença “Citra Petita”. Fernando faz embargos pela decisão ser omissa, ela não lê os embargos de declaração, pega o modelo pronto, sobe para o tribunal via apelação. Quando chega no tribunal, este observa que é problema de estrutura da sentença.
Sentença Citra ou Infra Petita é uma sentença NULA. Tem que ser anulada, devolver para o juiz de 1ª instância para que este julgue novamente.
Lembra-se que na TGP foi visto que há uma correlação ao que se pode e ao que se julga. A sentença tem que
ser Petita; não pode ser extra, ultra, citra petita.
Se tem um vício, tem que ser anulada. 
O que o tribunal faz?
(41m35) o tribunal não devolve, ele mesmo julga o pedido que ficou omisso.
· Exemplo: Fernando propõe uma ação em face da Lorena. Lorena, citada, comparece na audiência de conciliação e eles não faz acordo. Lorena, contesta, não discute prescrição, mas discute outras coisas. O juiz fala “reconheço a existência da prescrição no caso”. Quando o juiz reconhece a prescrição (42m35). Qual é o problema? O juiz comete um equívoco. A relação é de consumo, a prescrição e de 5 anos; mas ele entenderia que é uma relação civil básica, e aplica a prescrição de 2 anos. Fernando, apela ao tribunal, falando que não está prescrito. O tribunal quando analisa apelação, observa que Fernando tem razão. Não está prescrito.
Quando o juiz mata um procedimento de forma prematura, reconhecendo prescrição, este não deu o desenvolvimento completo da ação na 1ª instância.
O que seria correto?
Anular a decisão que reconheceu, erroneamente, a prescrição, manda para o juiz de 1ª instância e fala para o juiz desenvolver tudo e julgar o mérito.
No caso da teoria da causa madura, o tribunal observa que foi errada a atitude do juiz de reconhecer a prescrição. Mas o tribunal não devolve, pois já tem informações suficientes nos autos para entender o caso de Fernando x Lorena e julgar o mérito. Não precisa de mais dilação probatória, perícia, testemunhas, é uma ação que se julga com base em prova documental. O juiz de 1ª instância podia ter feito o julgamento antecipado do mérito, não fez porque é apressado.
O Código diz o seguinte:
“Art. 1.013.  A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada.
§ 3o Se o processo estiver em condições de imediato julgamento, o tribunal deve decidir desde logo o mérito quando:
I - reformar sentença fundada no art. 485;
II - decretar a nulidade da sentença por não ser ela congruente com os limites do pedido ou da causa de pedir;
III - constatar a omissão no exame de um dos pedidos, hipótese em que poderá julgá-lo;
IV - decretar a nulidade de sentença por falta de fundamentação.
§ 4o Quando reformar sentença que reconheça a decadência ou a prescrição, o tribunal, se possível, julgará o mérito, examinando as demais questões, sem determinar o retorno do processo ao juízo de primeiro grau.”
→ Anulação da Sentença sem envio dos Autos para o Juízo A Quo
A teoria da causa madura funciona permitindo ao tribunal que anule a sentença, mas não devolva o caso para o juiz sentenciante corrigir o erro e julgar de novo. O tribunal anula, já apresenta o julgamento do caso, porque entende que aquela demanda já está em condições de imediato julgamento.
→ Condições de imediato Julgamento (?)
O que seria essas tais de condições de imediato julgamento?
Não há necessidade de maior dilação probatória, as provas que constam nos autos já são suficientes. O que consta nos autos, seja matéria de fato ou de direito, já é o suficiente para poder julgar.
Quando o Código fala “condições de imediato julgamento” é daí que vem o nome TEORIA DA CAUSA MADURA.
A causa já está pronta para ser julgada o seu mérito. Não foi por um erro, ou de forma incorreta, inadequada, pelo juízo de 1ª instância.
O cuidado que se deve tomar é:
→ Primeiro: tem uma diferença razoável da teoria da cauda madura do CPC/73 para o CPC/15.
No CPC/73 só havia uma hipótese de teoria da causa madura. No CPC/15 há 5 hipóteses.
→ Hipóteses:
a) Sentença Terminativa
No momento em que um juiz profere uma sentença TERMINATIVA, se está estiver errada, o juiz construiu o procedimento de forma errada; matou o procedimento de forma prematura, pois não há desenvolvimento do mérito. 
· Exemplo: Fernando propõe uma ação em face do João. João citado, se defende e tal; chega lá na frente o juiz fala “reconheço a litispendência, extingo o procedimento sem a análise do mérito”, dizendo que existe uma outra ação Fernando x João. O primeiro caso é o contrato X, prestação de serviços; o segundo caso é o contrato Y, representação (47m45). As partes até são as mesmas, mas a causa de pedir é distinta. 
Se tem uma sentença terminativa errada, o tribunal deveria anular a sentença terminativa, devolver para o juiz de 1ª instância julgar o mérito. Mas o tribunal não faz isso, ele aplica a TEORIA DA CAUSA MADURA. O tribunal anula, e ele mesmo julga.
b) Sentença Extra, Ultra ou Citra / Infra Petita
Tradicionalmente, sentença Extra, não julga o que foi pedido; sentença Ultra, até julga o que foi pedido, mas vai além; sentença Citra, aquela que fica aquém do que foi pedido. Essas sentenças devem ser anuladas e devem ser devolvidas para o juiz julgar novamente. 
A ideia é: o próprio tribunal anula e ele mesmo julga.
c) Sentença não fundamentada
· Exemplo: Fernando sentenciou, mas não fundamentou de forma correta.
Sentença sem fundamentação (art. 93, IX CR/88) é NULO.
“Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios:
IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)”
Mas, mesmo assim, há juízes que não fundamenta. Se a sentença não é fundamentada, o tribunal deveria anular e devolver. 
O tribunal vai anular, mas não irá devolver. Ele julga, fundamentando de forma adequada. 
d) Sentença que reconhece erroneamente Decadência / Prescrição
Exemplo: Fernando x Lorena.
Deveria anular e devolver para a 1ª instância julgar.
Será anulado, mas não será devolvido.
A base por trás da TEORIA DA CAUSA MADURA é a celeridade e a economia. 
A maioria da doutrina acha “a coisa mais linda” a teoria da causa madura. O STJ já falou que é “fantástico” a teoria da causa madura, inclusive fala que a norma da teoria da causa madura (disse para o CPC/73, mas continuará dizendo para o CPC/15) é uma NORMA DE ORDEM PÚBLICA. Significa dizer que o tribunal aplica a teoria da causa madura de forma discricionária. Se quiser aplicar, aplica; se entender que não é caso, não aplica.
É uma norma de julgamento. Cabe ao tribunal dizer se é ou não aplicável.
Mas, o problema da teoria da causa madura é que se perde a principal instância que julga (a 1ª instância).
Teoria da causa madura é “bonitinho” para quem vence, porque para quem perde é “o cão chupando manga”.
Perde-se a 1ª instância de julgar o caso.
· Exemplo: pedido omisso da Dandara. No momento em que o tribunal julga o pedido, Fernando perdeu. Cabe apelação? Não, pois se apela de sentença. Quando o tribunal aplica a teoria da causa madura, está diante de um acordão de um tribunal, que muito provavelmente só caberá Especial ou Extraordinário.
 O detalhe é que a teoria da causa madura é “bonito no papel”. Mas, em termos práticos, representa uma supressão. E uma supressão muito simples, perde-se 1ª instância.
O PROBLEMA DA TEORIA DA CAUSA MADURA É QUE AQUELE JULGAMENTO SUPRIMIU UMA INSTÂNCIA, E PERDE-SE O PRINCIPAL RECURSO, QUE É A APELAÇÃO.
Se anulasse e devolvesse para a 1ª instância, teria uma nova sentença. Dessa nova sentença caberia apelação. Quando se aplica a teoria da causa madura, quem sabe cabe Especial ou Extraordinário. A chance de reversão é pendente a ZERO.

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