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Aula 20 de Direito Processual Civil IV

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Aula 20 do dia 07/11/2016
Embargos de Divergência
Espécie recursal que o objetivo é uniformização de jurisprudência dentro do STF, STJ, não utiliza dentro de outros tribunais. 
MUITO CUIDADO COM O CABIMENTO: 
- Julgado Embargado: é um acordão que basicamente se manifesta a respeito do RESP ou REXT, não pode ser decisão monocrática 
 - Julgado Paradigma: também deve ser um acordo oriundo de um colegiado interno a STF E STJ, que não necessariamente seja REXT OU RESP. 
Sucedâneos Recursais
Parece um recurso, mas nenhum sucedâneo pode ser considerado recurso. 
1) REEXAME NECESSÁRIO (remessa obrigatória) (art. 496)
Revisão do caso quando se tem uma sentença condenatória contraria ao interesse da fazenda pública. 
2) CORREIÇÃO PARCIAL
Procedimento administrativo disciplinar, mais relevante quando se está diante da ausência de decisão, negativa do orgão de julgar seu caso. 
3) PEDIDO DE RECONSIDERAÇÃO
Mero pedido para que o órgão volte atrás na decisão proferida, juízo de retratação, melhor utilização quando não como recorrer da decisão, nem tem previsão e para ser recurso tem que estar previsto em lei.
4) MANDADO DE SEGURANÇA: ação constitucional autônoma
· Art. 5º, incs. LXIX e LXX CB/88 e Lei nº 12.016/2009
· Proteção a direito líquido e certo
· Não há cabimento em face de decisão judicial recorrível (efeito suspensivo) ou transitada em julgado
· Súmulas nº 267 e 268 – STF (?)
Pode vim a ser um sucedâneo recursal, deixa de ser usado como ação constitucional (para proteger direito líquido e certo) autônoma e passa ser usado para impugnar uma decisão judicial, encaixa-se a figura do juiz/relator, como autoridade coatora. O juiz profere uma decisão que viola direito líquido e certo, não é cabível em qualquer decisão. 
Para jurisprudência do STF uso do mandado de segurança é bem restritivo, em hipóteses específicas. 
Cabimento como Sucedâneo: Art. 5° da lei 12016/09. Não pode interpor mandado de segurança contra decisão judicial, porque em principio cabe um recurso. 
Art. 5o  Não se concederá mandado de segurança quando se tratar: 
I - de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, independentemente de caução; 
II - de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo; 
III - de decisão judicial transitada em julgado.
Em tese o cabimento para sucedâneo se dá: 
1) Quando a decisão for irrecorrível. 
· Exemplo: figuras das decisões interlocutórias em face de juizado especial. 
Tanto é assim que tem enunciados do fonaje que expressa: em tese é possível impetrar mandado de segurança na turma recursal, claro que a jurisprudência é bem restritiva e eles não costumam prover, mas seria cabível. 
2) Se recorrível o recurso adequado não tenha efeito suspensivo, o recurso não tem capacidade de impedir a violação de um direito líquido e certo. 
Primeira coisa a se fazer é analisar se cabe recurso da decisão, se couber propõe o recurso. O recurso não tem efeito suspensivo por força de lei, tentar a concessão do efeito suspensivo Ope Judicis. Se diante de tudo isso não conseguir a suspensão, aí pode pensar no MS.
 TODOS OS NOSSOS RECURSOS ACEITAM O EFEITO OPE JUDICIS. 
Se não tentar o efeito Ope Judicis o mandado não será provido. 
Cuidados: 
SÚMULA 267 - STF
Não cabe mandado de segurança contra ato judicial passível de recurso ou correição.
Não é a interpretação atual do supremo, não em sua literalidade. Ressalta-se que se o recurso não for dotado de efeito suspensivo aceita MS, pela literalidade da súmula somente seria cabível se decisão fosse irrecorrível. 
SÚMULA 268 - STF
Não cabe mandado de segurança contra decisão judicial com trânsito em julgado.
Tem um vínculo com a ação rescisória. MS não desconstitui coisa julgada, quem desconstitui é a ação rescisória. O MS de segurança tem espaço de produção de prova bem restrito, não tem espaço para desconstituir. 
Vários autores têm discutido sobre a ampliação do uso do mandado de segurança, devido ao rol do art. 1015 do agravo de instrumento, que deveria ser um rol taxativo. Se a decisão interlocutória é irrecorrível, cabe mandado de segurança, por isso amplia o índice de MS. 
Lembre-se que MS tem tramitação prioritária no tribunal e travam a pauta, já o agravo não trava a pauta, sendo melhor 10.000 agravos que 5.000 mandados.
MS não é recurso, é uma ação constitucional autônoma. 
O MS tem prazo decadência de 120 dias, lembre-se que caso não recorra em 15 dias transita em julgado, não cabendo assim MS. 
5) RECLAMAÇÃO (art. 988 e ss.)
· Preservação de competência e observância dos precedentes
Alguns chamam de reclamação constitucional, porque não era prevista no CPC e sim na constituição, para duas hipóteses bem especificas, regulamentação toda feita pelo regimento interno de STF e STJ. Sofre uma ampliação pelo CPC de 2015, antes era só podia ser proposta em STF e STJ agora pode ser utilizada em QUALQUER tribunal. Ação autônoma. 
Cuidado com o cabimento, artigo 988:
· Preservar a competência de um tribunal: impedir que outro órgão venha usurpar a competência de outro órgão. 
· Exemplo: Juiz da vara da fazenda pública começa a julgar IRDR, Juiz federal julgando MS contra ato praticado pelo Temer em sua função como presidente. 
Deve se impetrar a reclamação no órgão que está tendo sua competência usurpada, no caso do Temer direto no STF. Não compensa apresentar reposta para alguns anos chegar ao STF, sendo que já é competência do mesmo.
· Preservar a observância dos precedentes obrigatórios: já existia de forma antiga na constituição, o art. 102 prevê que utilize a reclamação se não observado o enunciado de súmula vinculante, ou decisão de controle de constitucionalidade concentrado. Se for proferido sumula vinculante pelo STF, e o juiz da 1° vara cível de BH desobedece, não é necessário fazer um agravo, porque desobedece sumula por isso pode reclamar direto no STF.
A CF só previa as duas hipóteses súmula vinculante, ou decisão de controle de constitucionalidade concentrado, o código de 2015 cria no artigo 927 o sistema de precedente, amplia a vinculação, agora pode reclamar se desobedece aos julgamentos de RESP e REXT repetitivos. Aquilo que for definido pelo TJMG em IRDR, a primeira instancia é OBRIGADA a seguir. 
A reclamação garante um acesso rápido a quem teve a competência usurpada ou a quem teve seu precedente desrespeitado. O que se discute na reclamação pode ser discutido em agravo, apelação, mas tem um tempo de julgamento muito maior. 
Art. 988.  Caberá reclamação da parte interessada ou do Ministério Público para:
I - preservar a competência do tribunal; (competência)
II - garantir a autoridade das decisões do tribunal; (competência)
III – garantir a observância de enunciado de súmula vinculante e de decisão do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de constitucionalidade; (precedente)
IV – garantir a observância de acórdão proferido em julgamento de incidente de resolução de demandas repetitivas ou de incidente de assunção de competência; (precedente)
Ação diretamente distribuída ao órgão que teve sua competência usurpada ou teve seu precedente desrespeitado. 
· Legitimidade: parte interessada e Ministério Público
Partes interessadas e MP (parte ou fiscal).
· Competência (Art. 988, §1º)
O órgão que cria o precedente dentro do tribunal.
§ 1o A reclamação pode ser proposta perante qualquer tribunal, e seu julgamento compete ao órgão jurisdicional cuja competência se busca preservar ou cuja autoridade se pretenda garantir.
O regimento interno de cada tribunal vai definir qual órgão competente para julgar reclamação, regulamentação do tribunal.
· Procedimento 
Oitiva daquele que está usurpando a competência, ou que não observa o precedente. Oitiva do MP como fiscal, se ele quem propôs a reclamação não é ouvido. Julgamento, na hora em que o relator recebe a reclamação já pode mandar suspender o ato, antes mesmo de iniciar as oitivas, se entender que existe elemento para tal.
Depois do MP ouve quem por ventura se beneficie do ato.
· Exemplo: Fernando contra Ana, e solicita que a mesma devolva objeto depositado. A mesma não
devolve e o juiz manda prender Ana, então escuta o juiz que mandou proferir, o MP e ouvir Fernando que é beneficiado. Então se tem a decisão, tem capacidade de afastar o que por ventura está sendo julgado no primeiro grau. 
Ressalva-se que a reclamação é procedimento de prova pré-constituída, logo a petição inicial tem que vir com prova documental. 
§ 2o A reclamação deverá ser instruída com prova documental e dirigida ao presidente do tribunal. (Não tem dilação probatória)
· Prazo
Autoridade Coatora: 10 dias.
 Beneficiário Citado: 15 dias.
MP: 5 dias.
Art. 989.  Ao despachar a reclamação, o relator:
I - requisitará informações da autoridade a quem for imputada a prática do ato impugnado, que as prestará no prazo de 10 (dez) dias;
II - se necessário, ordenará a suspensão do processo ou do ato impugnado para evitar dano irreparável;
III - determinará a citação do beneficiário da decisão impugnada, que terá prazo de 15 (quinze) dias para apresentar a sua contestação.
Art. 991.  Na reclamação que não houver formulado, o Ministério Público terá vista do processo por 5 (cinco) dias, após o decurso do prazo para informações e para o oferecimento da contestação pelo beneficiário do ato impugnado.
· CUIDADOS:
1. Não cabe reclamação: Se a decisão já tiver transitado em julgado, caberia rescisória, por isso na pratica utilize o recurso para não perder o prazo.
SÚMULA 734
Não cabe reclamação quando já houver transitado em julgado o ato judicial que se alega tenha desrespeitado decisão do Supremo Tribunal Federal.
2. Não cabe reclamação: Para discutir precedentes obrigatórios em REXT e RESP, antes de esgotar as vias ordinárias.
Art. 988. § 5º É inadmissível a reclamação:
I – proposta após o trânsito em julgado da decisão reclamada;
II – proposta para garantir a observância de acórdão de recurso extraordinário com repercussão geral reconhecida ou de acórdão proferido em julgamento de recursos extraordinário ou especial repetitivos, quando não esgotadas as instâncias ordinárias.
STF e STJ só se manifestam depois de esgotados as vias ordinária, diminuído reclamação no STF e STJ. Para a usurpação de competência e para controle de constitucionalidade ou em súmula vinculante não precisa esgotar vias. 
NÃO É SEMPRE QUE VIOLAR JURISPRUDÊNCIA. 
A reclamação foi alterada pela lei 13.256/2016, mas lembre-se que o código já entrou em vigência com essas alterações. 
6) AÇÃO RESCISÓRIA (art. 966 e ss.)
· Meio de impugnação de decisões jurisdicionais
→ Ação autônoma / competência originária de tribunais
Meio legal adequado para alcançar a desconstituição da coisa julgada material, via de regra, já que se for para desconstituir coisa julgada formal o logico é repropor a ação, exceto em 3 casos que não permite a repropositura.
Qualquer coisa julgada? 
Não aquela que apresenta algum vicio, chamado de vicio rescisório, 966 que é um rol fechado, taxativo, interpretado restritivamente de vícios. 
Lembre-se que a coisa julgada está descrita no artigo 5°, XXXVI da constituição, sendo assim é uma garantia constitucional gerando a segurança jurídica. Por isso que para desconsiderar a coisa julgada tem que apresentar um vício grave. 
Não é recurso, é uma ação autônoma de competência originaria de tribunais, não existe tramitação de ação rescisória na 1° instancia, até pode ser contra decisão de 1° instancia, mas não tramita na 1° instancia.
Não cabe ação rescisória em juizado especial, se é competência de tribunais, juizado não é tribunal. 
Não é recurso por que ação só é possível depois que transita em julgado e todo e qualquer recurso tem efeito obstativo, tem um marco temporal que impede que esta ação seja considerada recurso.
· Objetiva a desconstituição da coisa julgada material
→ Juízo rescindendo (rescindente) x juízo rescisório
Ação rescisória é divido em duas etapas: juízo rescendente ou juízo rescindendo e o juízo rescisório. Quem propõe rescisória deseja desconstituir coisa julgada e alcançar um novo julgamento. 
· Juízo rescindente ou juízo rescindendo: Analise se de fato existe o vício, se provar que existe o vício vai para segunda etapa. 
NÃO É ANÁLISE DE ADMISSIBILIDADE (admissibilidade é aspectos formais), está em análise o mérito, existe um vício? 
· Juízo rescisório: Não faz sentido após prover ação rescisória, devolver a mesma para o juiz de primeira instancia julgar novamente, e possível nova apelação. 
É o novo julgamento do caso, não quer dizer que a decisão será diferente daquela proferida de início, NÃO É OBRIGATORIAMENTE OU AUTOMATICAMENTE A DECISAO SERÁ FAVORAVEL A AQUELE QUE PROPOE A RESCISORIA. 
· Exemplo: Fernando cobra uma dívida de Dandara, Fernando ganha na 1° instância, Dandara apela, mas não altera o resultado, Dandara propõe RESP não é provido, transita em julgado. Ao analisar caso Dandara percebe que juiz que julgou era incompetente, propõe rescisória, a rescisória será admitida, porém continua provado de que Dandara devia Fernando, logo rescisória foi admitida, teve um novo julgamento, mas Dandara ainda será condenada a pagar Fernando.
A decisão foi rescindida, mas não altera o resultado, vence o primeiro juízo. Normalmente na mesma sessão, ato continuo, somente se for complexo que se estende. Permite especificação de provas, novas ou não. 
Nem sempre que ocorre o juízo rescindente positivo terá automaticamente o rescisório, vence o rescindente, mas não vai para segunda etapa. 
Um dos argumentos que permite a coisa julgada é a violação da coisa julgada. Fernando propõe ação contra Roberta, essa perde indignada Roberta propõe em outra comarca (salvador) a mesma ação, porem Fernando não alega coisa julgada, esqueceu-se da 1° ação (pensa como se Fernando fosse uma grande empresa), com isso 2° ação é julgada, proferindo uma segunda coisa julgada, essa segunda viola a coisa julgada da 1°, assim pode-se fazer rescisória da 2° ação, apresenta o vício de violação a coisa julgada previa. O tribunal concorda que existia coisa julgada previa, e desconstitui a coisa julgada da 2° ação, se em ato continuo o relator fizer o juízo rescisório, estará violando a coisa julgada da 1° novamente, estará cometendo o mesmo equivoco que ele acabou de rescindir. 
A coisa julgada n°2 viola a coisa julgada n°1, não tem logica desconstituir a coisa julgada n°2 para fazer nova coisa julgada. Assim o juízo rescindente foi positivo, e não terá juízo rescisório.

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