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APOSTILA-COMPLETA-BIOGEOGRAFIA-1

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CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI 
 
 
 
 
 
 
 
BIOGEOGRAFIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO A BIOGEOGRAFIA ...................................................................... 3 
1.1 História da Biogeografia ........................................................................................ 4 
1.2 Biogeografia Histórica e Ecológica ....................................................................... 5 
1.3 Principais eventos históricos em Biogeografia ...................................................... 6 
1.4 Tipos de especiação ............................................................................................. 8 
2 EVOLUÇÃO E TIPOS DE BIOGEOGRAFIA ......................................................... 9 
2.1 Biogeografia Pré-Evolutiva .................................................................................... 9 
2.2 Biogeografia Evolutiva ........................................................................................ 14 
2.3 Biogeografia Filogenética.................................................................................... 16 
2.4 Pan-biogeografia e o conceito de vicariância ...................................................... 17 
2.5 O Endemismo ..................................................................................................... 19 
2.5.1 Os tipos de Endemismos ................................................................................ 20 
2.5.2 Área Endêmica ............................................................................................... 21 
3 PROCESSOS DE ESPECIAÇÃO E PADRÕES DE DISTRIBUIÇÃO DAS 
ESPÉCIES ................................................................................................................ 23 
3.1 Processos de especiação e respostas evolutivas ............................................... 24 
3.2 Os territórios biogeográficos ............................................................................... 26 
3.3 Principais Impérios e os Táxons Representativos .............................................. 27 
3.3.1 O Império Holártico ......................................................................................... 27 
3.3.2 O Império Neotropical ..................................................................................... 28 
3.3.3 O Império Africano-Malgache ......................................................................... 29 
3.3.4 Império Asiático–Pacífico ................................................................................ 30 
3.3.5 Império Antártico-Australiano .......................................................................... 31 
3.4 Cartografia Biogeográfica ................................................................................... 33 
 
 
 
3.4.1 Mapeamento Fito e Zoogeográficos ............................................................... 33 
4 AS PRINCIPAIS FORMAÇÕES VEGETACIONAIS NO MUNDO ....................... 34 
4.1 Vegetação no Brasil ............................................................................................ 45 
4.1.1 Floresta de Amazônia ..................................................................................... 46 
4.1.2 Mata Atlântica ................................................................................................. 48 
4.1.3 Cerrado ........................................................................................................... 52 
4.1.4 Caatinga ......................................................................................................... 53 
4.1.5 Pantanal .......................................................................................................... 56 
4.1.6 Pampas ........................................................................................................... 57 
5 BIOGEOGRAFIA MARITÍMA .............................................................................. 59 
5.1 A profundidade do oceano .................................................................................. 61 
5.2 Biologia dos Corais ............................................................................................. 68 
5.3 Fauna Costeiras das Ilhas .................................................................................. 69 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 72 
 
 
3 
 
1 INTRODUÇÃO A BIOGEOGRAFIA 
 
A biogeografia é a ciência que estuda a distribuição dos organismos na Terra. 
A Terra é um planeta com áreas com características completamente diferentes. Essas 
áreas possuem diferentes espécies, sendo que algumas são restritas àquela região 
(endêmicas). Outras espécies apresentam uma ampla distribuição ao redor do globo 
(cosmopolitas). Você já se perguntou por que esses padrões de distribuição ocorrem? 
A ciência que pode lhe dar essa resposta é a biogeografia. 
 
 Fonte: brasilescola.uol.com.br 
 
A biogeografia é uma ciência que estuda o padrão de distribuição de 
organismos na Terra, bem como as variações nesse padrão que ocorreram no 
passado e ainda ocorrem no presente. Os biogeógrafos tentam compreender o porquê 
de determinada espécie viver ali! Sendo assim, ela é uma ciência baseada mais na 
observação, analisando padrões e fazendo comparações. Outro fato interessante 
sobre a biogeografia é que cada trabalho requer uma grande busca bibliográfica, pois 
se faz necessário analisar coletas e espécies identificadas anteriormente. 
 
4 
 
A biogeografia não é uma matéria isolada, ela possui um caráter interdisciplinar 
e, portanto, está em íntima associação com outras ciências, tais como a ecologia, 
biologia de populações, evolução, paleontologia, climatologia, geografia e geologia. 
É impossível determinar a distribuição de uma espécie sem compreender suas 
características, suas relações, sua evolução e, é claro, sem compreender o ambiente 
em que ela vive. Para estudar biogeografia é muito importante que o pesquisador 
esteja familiarizado com os conceitos ecológicos, bem como conhecer a fisiologia, 
anatomia e desenvolvimento de grupos de animais e plantas. As mudanças 
geográficas que ocorreram em determinada região, avanço do mar, surgimento de 
ilhas, conhecimento sobre os continentes, montanhas, entre outros temas são 
fundamentais para um biogeógrafo. 
Existem diversas linhas para se estudar a biogeografia, podendo ser 
destacadas a biogeografia histórica e a biogeografia ecológica. A biogeografia 
histórica busca explicar a distribuição dos organismos, tendo como base eventos 
passados. Os fósseis são importantes ferramentas para esse processo. Já a 
biogeografia ecológica estuda a dispersão dos organismos, enfocando nos fatores 
atuais, como as relações dos seres vivos e o meio ambiente1. 
1.1 História da Biogeografia 
Ao longo da história, filósofos e naturalistas intrigaram-se com a distribuição 
dos seres vivos. Destaques da ciência, como Carolus Linnaeus (1707-1778), Charles 
Robert Darwin (1809-1882) e Alfred Russel Wallace (1823-1913), formularam 
hipóteses que buscavam responder questões como: Por que uma espécie vive em 
determinada área? O que levou esta espécie a viver neste local, mas não em outros? 
Por que algumas espécies são restritas a determinado local, enquanto outras 
colonizaram áreas tão distantes? Por que há muito mais espécies nos trópicos do que 
nas regiões temperadas e polares? 
 
1 Extraído e adaptado: SANTOS, Vanessa Sardinha dos. "Biogeografia"; Brasil Escola. Disponível em: 
https://brasilescola.uol.com.br/biologia/biogeografia.htm. Acesso em 28 de agosto de 2019. 
 
5 
 
 Fonte: br.pinterest.com 
 
Essas questões, assim como muitas outras que podem ser formuladas nesse 
contexto, levaram ao surgimento de uma ciência a qual busca compreenderos 
padrões de distribuição das espécies e os processos responsáveis por estes padrões 
a Biogeografia. Esta é uma ciência complexa que utiliza informações e teorias de 
outras disciplinas, como a Geografia, Geologia, Ecologia, Paleontologia e Sistemática 
Filogenética, para documentar e entender os padrões de distribuição dos organismos, 
tanto no espaço, quanto no tempo. 
Neste capítulo, serão apresentados os principais conceitos e processos 
biogeográficos, os quais são fundamentais para a compreensão de como o 
pensamento biogeográfico se modificou ao longo do tempo. Será apresentado 
também um breve histórico do desenvolvimento da Biogeografia, desde as ideias 
criacionistas até os dias atuais, incluindo os paradigmas, escolas, autores e principais 
hipóteses que contribuíram para sua formação como ciência. 
1.2 Biogeografia Histórica e Ecológica 
Tradicionalmente, a Biogeografia foi dividida em duas subdisciplinas, 
Biogeografia Ecológica e Histórica, as quais são caracterizadas principalmente quanto 
às escalas de tempo e espaço que abordam. A Biogeografia Ecológica analisa 
padrões em nível de população ou espécie, em escalas curtas de tempo e espaço, 
buscando relacionar os padrões de distribuição dos seres vivos com fatores bióticos 
e abióticos – tais como topografia, latitude, clima, tipo de solo, taxas de predação ou 
https://br.pinterest.com/
 
6 
 
competição – e entender como esses fatores alteram ou mantêm a distribuição atual 
dos organismos em seus ambientes. Já a Biogeografia Histórica – a qual será 
contemplada com mais detalhes neste capítulo – preocupa-se em analisar padrões 
em nível de espécies ou táxons supra específicos, em escalas temporais e espaciais 
maiores. O principal interesse dessa abordagem está relacionado a processos 
históricos que ocorrem por longos períodos de tempo e ao entendimento de como 
estes são responsáveis pelos padrões biogeográficos atuais. Contudo, deve-se 
ressaltar que essa divisão é artificial, meramente didática e mascara a complexidade 
da disciplina. 
1.3 Principais eventos históricos em Biogeografia 
Há três processos ou eventos históricos básicos capazes de explicar a 
distribuição geográfica dos seres vivos: extinção, dispersão e vicariância2. A extinção, 
dentre os três conceitos, é o mais simples, podendo ser entendido como o 
desaparecimento total de um táxon. 
 
Figura 1: Principais processos (eventos históricos) em Biogeografia: (A) extinção, (B) dispersão e (C) vicariância. 
 Fonte: www.researchgate.net 
 
2 Vicariância: É o mecanismo evolutivo no qual ocorre uma fragmentação de uma área biótica, separando 
populações de determinadas espécies. A falta de fluxo gênico entre as duas sub-populações agora formadas fará 
com que elas fiquem cada vez mais diferentes e, mantendo-se a barreira por tempo suficiente, levará à especiação. 
Resumindo, vicariância é a quebra na distribuição de um táxon. Fonte: 
https://www.dicionarioinformal.com.br/vicari%C3%A2ncia/. 
http://www.researchgate.net/
https://www.dicionarioinformal.com.br/vicari%C3%A2ncia/
 
7 
 
 
A dispersão pode ser compreendida como a transposição de uma barreira pré-
existente por indivíduos e a posterior colonização de uma nova área (Figura B). Para 
entendermos melhor tal processo, podemos começar com uma população que vive 
em uma determinada região. Imagine, então, que alguns indivíduos desta população 
original, nesse caso ancestral, são capazes de ultrapassar alguma barreira pré-
existente (um rio ou uma cadeia de montanhas, por exemplo) e, ao sobrepor essa 
barreira, colonizam uma nova área. Assim, veríamos que a população original teria se 
fragmentado em duas, agora separadas pela barreira. Como resultado deste 
processo, ao longo do tempo, estas duas populações podem se tornar duas espécies 
distintas, devido às diferenças acumuladas entre elas por viverem sob condições e 
pressões seletivas distintas. 
O terceiro processo biogeográfico é a vicariância (Figura C). A diferença 
fundamental entre dispersão e vicariância consiste na idade da barreira em relação 
aos táxons (Figuras B-C). No caso da vicariância, há o aparecimento de uma barreira 
que separa a população original em duas ou mais populações, isolando-as. Nesse 
caso, a barreira possui a mesma idade dos táxons resultantes (Figura C). Já no 
modelo de dispersão, ocorre a transposição de uma barreira pré-existente por uma 
parcela da população original. Nesse caso, portanto, a barreira é mais antiga do que 
os táxons. Assim, podemos definir o processo de vicariância como o surgimento de 
uma barreira capaz de fragmentar a distribuição da população original. Essa 
fragmentação pode, como consequência, isolar as duas populações e, assim como 
no caso da dispersão, resultar no aparecimento de duas espécies distintas. 
É interessante ressaltar que o termo “barreira biogeográfica” não está limitado 
a barreiras geológicas, como o soerguimento de uma cadeia de montanhas (como 
ilustrado na Figura C) ou a separação dos continentes. Qualquer aspecto biótico ou 
abiótico – seja ele geográfico, ecológico (competição, predação, comportamento), 
fisiológico (temperatura, profundidade) – que restrinja o movimento ou interação entre 
populações em diferentes ambientes é considerado uma barreira biogeográfica. 
 
8 
 
1.4 Tipos de especiação 
A fragmentação de uma espécie ancestral em duas ou mais populações devido 
à presença de alguma barreira entre elas – seja ela resultante do processo de 
vicariância ou dispersão – é um fenômeno crucial para os estudos biogeográficos. 
Além de resultar na alteração da distribuição espacial da espécie ancestral, o 
isolamento geográfico pode ser responsável por alterações na história evolutiva do 
táxon ao longo do tempo. Isso porque, como explicado na seção anterior, eventos de 
dispersão e vicariância podem resultar, ao longo do tempo, em um acúmulo de 
diferenças entre as populações que se apresentam isoladas pela barreira. O acúmulo 
pode, por sua vez, levar à diferenciação entre elas e ao surgimento de espécies 
distintas a partir de uma única espécie ancestral, processo que denominamos 
especiação. Esses processos são similares aos conceitos de anagênese e 
cladogênese utilizados na Sistemática Filogenética. A modificação após o isolamento 
de uma população, ou seja, em um ramo filético, é considerado anagênese, enquanto 
a fragmentação de uma população devido a eventos de vicariância ou dispersão é 
denominado cladogênese. 
 
 Fonte: aprendendoabiologar.blogspot.com 
 
A forma mais conhecida de especiação é a especiação alopátrica, a qual se 
caracteriza pela ocorrência de dois processos: isolamento geográfico e isolamento 
http://aprendendoabiologar.blogspot.com/
 
9 
 
reprodutivo. Assim, para que a especiação alopátrica ocorra, é necessário que uma 
população ancestral, originalmente distribuída em toda uma área (cosmopolitismo 
ancestral), seja geograficamente isolada em duas ou mais subpopulações. Esse 
isolamento entre subpopulações interrompe o fluxo gênico entre elas, podendo 
ocasionar isolamento reprodutivo. Como resultado deste isolamento, essas 
subpopulações podem acumular cada vez mais diferenças entre si, levando à 
incompatibilidade genética e ao estabelecimento de espécies distintas. 
Apesar de a especiação alopátrica ser o modo mais simples de se entender o 
processo de especiação, hoje sabe-se que a divergência de uma população em duas 
subpopulações (e, posteriormente, em duas espécies distintas) não requer isolamento 
geográfico. Nesse caso, quando há uma região de contato entre as subpopulações, a 
especiação pode ocorrer por dois processos: parapátria e simpatria. 
A especiação parapátrica ocorre quando as distribuições das duas 
subpopulações são adjacentes. Já quando a especiação ocorre entre subpopulações 
com distribuições sobrepostas, que convivem em uma mesma área, esta é chamada 
especiaçãosimpátrica. Essa forma de especiação é comumente associada a eventos 
de seleção disruptiva, nos quais as pressões do ambiente são capazes de selecionar 
indivíduos portadores de fenótipos extremos, gerando dois grupos dominantes na 
população – cada um deles adaptado a um conjunto diferente de fatores abióticos ou 
bióticos. Essa forma de seleção pode, progressivamente, dividir a população, reduzir 
o fluxo gênico entre as subpopulações e resultar em especiação3. 
2 EVOLUÇÃO E TIPOS DE BIOGEOGRAFIA 
2.1 Biogeografia Pré-Evolutiva 
Os primeiros questionamentos relacionados à origem e distribuição dos seres 
vivos datam de séculos atrás, em um período no qual os pensamentos eram 
enraizados em explicações religiosas e no que estava escrito nas antigas escrituras 
bíblicas, sem qualquer fundamento científico. Alguns dos questionamentos mais 
antigos dos quais se tem conhecimento aparecem no Livro do Gênesis, no Antigo 
 
3 Extraído e adaptado do site: 
https://www.researchgate.net/publication/323259439_Conceitos_e_Historia_da_Biogeografia 
https://www.researchgate.net/publication/323259439_Conceitos_e_Historia_da_Biogeografia
 
10 
 
Testamento. Neste livro, existem as primeiras ideias de centro de origem e dispersão 
– os primeiros conceitos biogeográficos –, mencionados três vezes. A primeira 
menção ocorre no mito do Jardim do Éden, onde Deus teria criado todos os animais, 
plantas e o primeiro casal humano. Após o pecado original, o homem, animais e 
plantas teriam se dispersado, a partir do Éden, e colonizado outras áreas. 
 
 
 Fonte: http://www.eismeaqui.com.br 
 
O segundo caso é o mito da Arca de Noé, segundo o qual, após o dilúvio, a 
arca teria desembarcado no monte Ararat (atual território Turco) e, a partir de lá, o 
homem e todos os animais e plantas mantidos na arca teriam colonizado o restante 
do mundo. 
http://www.eismeaqui.com.br/
 
11 
 
 
 Fonte: https://m.megacurioso.com.br 
 
E, finalmente, a terceira menção aparece no mito da torre de Babel, com a 
história da diversificação dos povos e línguas. 
 
Fonte: www.infoescola.com 
 
Durante o século XVIII, o pensamento da época permanecia baseado nas 
explicações religiosas propostas pela Igreja. Foi nesse período em que viveu o 
primeiro nome de destaque no contexto histórico deste capítulo: Linnaeus. Ele é 
primeiramente reconhecido por sua contribuição na área da Biologia, com a criação 
da nomenclatura binominal e do sistema de classificação de seres vivos, ambos 
utilizados até os dias de hoje. Além disso, sua curiosidade a respeito do mundo natural 
também o fez indagar sobre a origem e a distribuição dos seres vivos na Terra. 
https://m.megacurioso.com.br/
http://www.infoescola.com/
 
12 
 
Conterrâneo aos pensamentos da época, Linnaeus baseou-se no mito do Jardim do 
Éden para hipotetizar que todas as formas de vida haviam surgido em uma montanha 
paradisíaca, localizada próxima ao Equador (i.e., ideia de centro de origem), e depois 
se dispersado pelo restante do mundo. De acordo com a explicação de Linnaeus, cada 
espécie estaria adaptada a determinada condição climática na montanha e, após sua 
dispersão, habitaria regiões com condições similares no planeta. Seguindo essa 
lógica, organismos adaptados às regiões mais frias de altitude da montanha se 
dispersariam para áreas frias do planeta, enquanto que aqueles que habitavam as 
regiões menos elevadas da montanha se dispersariam para as regiões mais quentes. 
Segundo Linnaeus, essa mesma lógica explicaria a dispersão dos seres vivos a partir 
do Monte Ararat, local onde, segundo o mito bíblico do dilúvio, a Arca de Noé teria 
desembarcado. As ideias de Linnaeus a respeito da distribuição geográfica dos seres 
vivos foram apresentadas em uma publicação denominada Oratio de Telluris 
Habitabilis Incremento em 1744. 
O século XVIII foi ainda marcado pelas grandes viagens exploratórias 
realizadas pelos naturalistas, as quais permitiram o vislumbre da enorme diversidade 
de espécies de plantas e animais, desconhecidas até então. Com o início das 
descrições mais detalhadas sobre a distribuição dos seres vivos, os naturalistas da 
época começaram a se indagar sobre a veracidade das ideias criacionistas e a buscar 
explicações para entender o que gerava tais padrões de distribuição nas diferentes 
regiões da Terra. 
Neste contexto, o naturalista George-Louis Leclerc, o Conde de Buffon (1707-
1788), foi o primeiro a se opor às ideias de seu contemporâneo, Linnaeus. Buffon 
observou que diferentes áreas tropicais do mundo, mesmo aquelas com condições 
ambientais e climáticas similares, eram habitadas por espécies de mamíferos 
completamente distintas. Segundo Leclerc, a origem dos seres vivos deveria ter 
ocorrido em regiões próximas ao norte da Europa, e não próxima aos trópicos. Ainda 
com essa hipótese, Leclerc defendia que, ao longo do processo de dispersão pelo 
globo, as espécies se modificavam mais quanto mais distantes de seu centro de 
origem. Essa ideia permitiu a formulação do primeiro princípio biogeográfico, 
conhecido como Lei de Buffon, o qual postulava que as diferentes regiões da Terra, 
apesar de compartilharem determinadas características, seriam habitadas por 
diferentes espécies de plantas e animais. 
 
13 
 
O alemão Johann Reinhold Forster (1729-1798) foi outro naturalista de 
destaque na época. Ao longo de suas viagens exploratórias pelo mundo, Forster 
coletou milhares de espécies de plantas não descritas até então e comprovou que a 
Lei de Buffon aplicava-se não somente aos mamíferos, mas também às plantas e a 
outros animais. Por meio de suas observações, ele descreveu ainda os gradientes 
latitudinais de diversidade, salientando o aumento da riqueza de espécies em direção 
às baixas latitudes, em regiões tropicais. 
Conterrâneo de J. Forster, Alexander von Humboldt (1769-1859) foi outro 
naturalista importante para o desenvolvimento da Biogeografia, que, depois de suas 
viagens exploratórias pelo mundo, generalizou ainda mais a Lei de Buffon para incluir 
plantas e a maioria dos animais terrestres conhecidos até então. Seu principal 
destaque, porém, foi resultado de sua ideia de escalar mais de 5800 metros para 
chegar ao topo do vulcão Chimborazo, localizado no Equador, durante uma de suas 
expedições à América do Sul. Graças a este feito, Humboldt observou que a riqueza 
de espécies de plantas diminuía conforme se aumentava a altitude. Segundo ele, 
existiam faixas de distribuição ao longo das diferentes altitudes, ou uma sucessão 
altitudinal – similares ao gradiente latitudinal de diversidade proposto por Forster –, as 
quais ele denominou zonas fisionômicas. 
Durante o século XIX, o botânico suíço Augustin Pyramus de Candolle (1778-
1841), inspirado nos trabalhos de Humboldt, teve grande contribuição para a 
consolidação da Biogeografia como ciência. A ele pode ser atribuída, por exemplo, a 
primeira distinção entre Biogeografia Ecológica e Histórica quando em 1820 cunhou, 
respectivamente, os termos ‘estações’ e ‘habitações’. Segundo ele, o primeiro termo 
se referia às causas físicas atuantes no presente, essencialmente ao clima e à 
topografia. Já o segundo termo estaria relacionado às causas externas, que ocorreram 
no passado, principalmente circunstâncias geográficas e geológicas. 
Os conceitos formulados por de Candolle foram a primeira tentativa de explicar 
os fatores que levariam os organismos a se distribuírem em determinados locais, mas 
não em outros. Com essa linha de pensamento, esse autor observou que algumas 
espécies de planta apresentavam uma distribuição muito ampla, podendo ser 
encontradas em quase todas as regiões do planeta, enquanto outras estavam restritas 
a regiões singulares. Foi assim que, a partir dessas observações, de Candolle 
formulou o conceito de endemismo – usado para designar espécies restritas a uma14 
 
única região e um dos conceitos centrais da Biogeografia Cladística, e também uma 
das primeiras propostas de classificação do planeta em regiões biogeográficas de 
acordo com as espécies encontradas. 
2.2 Biogeografia Evolutiva 
A escola da Biogeografia Evolutiva teve seu surgimento a partir das ideias de 
dois famosos naturalistas ingleses, Darwin e Wallace. Darwin e sua teoria da evolução 
por meio da seleção natural, além de sua indiscutível contribuição à Biologia, teve 
também implicações para a Biogeografia. Antes do surgimento desse pensamento, os 
naturalistas da época limitavam suas explicações às descrições dos padrões de 
distribuição observados, sem destacar a questão do tempo, de forma que as 
explicações levavam em consideração principalmente aspectos ecológicos, mas não 
históricos. Assim, ao contrário da ideia fixista, de que as espécies seriam imutáveis, 
as ideias de Darwin permitiram combinar a teoria da evolução com o modelo de 
dispersão dos táxons. No entanto, apesar de Darwin e Wallace preocuparem-se com 
a distribuição dos organismos, ambos mantiveram as ideias a respeito de centros de 
origem e de dispersão como única força motora de diversificação (paradigma 
dispersalista). 
Wallace foi conhecido, principalmente, por ter proposto a teoria da evolução por 
seleção natural concomitantemente a Darwin. Na área da Biogeografia, Wallace é 
reconhecido como o pai da Zoogeografia, devido a sua proposta de regionalização do 
mundo em zonas zoogeográficas. Essa proposta foi baseada no trabalho do ornitólogo 
britânico Philip Sclater (1829-1913), publicado em 1858. Baseado na composição de 
espécies de aves nas diferentes áreas do globo, Sclater reconheceu a existência de 
duas grandes divisões, ou “locais de criação” – Velho e Novo Mundo –, as quais eram 
subdivididas em seis regiões biogeográficas. Em 1876, Wallace expandiu o número 
de regiões biogeográficas propostas por Sclater após a inclusão de outros grupos 
animais além das aves. As regiões biogeográficas estabelecidas por Wallace são 
reconhecidas até hoje. 
Além disso, durante sua expedição às ilhas malaias, Wallace observou a 
existência de uma delimitação entre as ilhas do Leste e do oeste do arquipélago 
quanto à distribuição das espécies. Segundo ele, a fauna das ilhas a oeste era muito 
 
15 
 
semelhante àquela encontrada na Ásia, enquanto que as espécies das ilhas a leste 
eram mais similares às espécies que habitavam a Austrália. Essa delimitação 
imaginária entre leste e oeste ficou conhecida como Linha de Wallace e é aceita pelos 
zoogeógrafos desde então. 
 
Fonte: https://knoow.net 
 
Os autores da escola da Biogeografia Evolutiva fundamentavam-se na ideia de 
centros de origem, definidos como centros geradores de fauna e flora, a partir dos 
quais as espécies poderiam se dispersar para novas áreas. Para esses autores, o 
centro de origem deveria ser o local onde estariam distribuídas as espécies de origem 
mais recente (mais derivadas), as quais poderiam levar ao deslocamento de espécies 
mais antigas para regiões mais periféricas devido à competição por recursos. Essa 
ideia é oposta ao que hipotetizava a lei de Buffon. Além disso, o centro de origem seria 
o local com maior diversidade de espécies, uma vez que, por ser o local mais antigo, 
deveria conter o maior número de espécies viventes. Como veremos nas próximas 
seções deste capítulo, o conceito de centro de origem sofreu mudanças conceituais 
drásticas ao longo do tempo, principalmente durante o predomínio da escola da 
Biogeografia Filogenética. 
Ao longo do século XIX, as ideias dos dispersalistas foram contrariadas por 
autores como Joseph Homero (1817-1911) e John Willis (1868-1959), os quais 
consideravam que seria pouco provável que eventos de dispersão de longo alcance 
pudessem explicar os padrões de distribuição observados até então. Esse novo grupo, 
conhecido como extensionistas, defendia a ideia de que, em tempos remotos, 
existiram pontes intercontinentais conectando todos os continentes atuais. Para eles, 
https://knoow.net/
 
16 
 
estas pontes, submersas pelos oceanos nos tempos atuais, seriam a fonte de 
explicação mais adequada para entender a distribuição disjunta de muitos grupos em 
continentes atualmente separados. No entanto, as ideias extensionistas entraram logo 
em descrédito, e o dispersalismo foi resgatado como única explicação possível para 
os autores do início do século XX. 
2.3 Biogeografia Filogenética 
O entomólogo alemão Díli Hennig (1913-1976), conhecido como o pai da 
Sistemática Filogenética, teve papel de destaque também no campo da Biogeografia. 
Suas ideias permitiram unificar hipóteses filogenéticas aos estudos dos padrões 
biogeográficos no espaço e demonstraram que árvores filogenéticas poderiam ser 
uma ferramenta poderosa para ajudar no entendimento desses padrões para grupos 
de interesse. 
Hennig, assim como os demais autores de sua época, ainda defendia que a 
dispersão seria a única hipótese plausível para explicar a distribuição das espécies 
que se encontravam distantes dos centros de origem. No entanto, ao contrário dos 
autores pertencentes à Escola Evolutiva, Hennig postulava que nos centros de origem 
deveriam ser encontrados os representantes mais primitivos do táxon, e não os mais 
derivados (Figura 10.2). Para ele, existiria uma progressão entre 
ocupação/colonização de áreas, similar à progressão de caracteres no cladograma, 
ou seja, as áreas habitadas por espécies mais primitivas seriam as áreas mais antigas 
(ou mais ancestrais) de ocorrência do táxon (i.e., centros de origem), enquanto as 
áreas habitadas pelas espécies mais derivadas seriam, por consequência, as áreas 
mais recentes de ocorrência do táxon e mais distantes dos centros de origem. Essa 
regra, conhecida como Regra da Progressão (Figura 10.2A), foi uma importante 
contribuição à Biogeografia Filogenética. 
 
 
17 
 
 
 Fonte: researchgate.net 
 
2.4 Pan-biogeografia e o conceito de vicariância 
“Vida e terra evoluem juntas”. O autor desta frase, o botânico Léon Croizat 
(1894-1982), foi um dos principais críticos às explicações dos dispersalistas e ao 
conceito de centros de origem. Para Croizat, não parecia sensato acreditar que 
padrões semelhantes de distribuição de diferentes organismos estivessem ligados a 
histórias independentes de dispersão. A dispersão seria um evento que dependia do 
acaso e também da capacidade de dispersão de cada espécie, de forma que era mais 
lógico assumir que os padrões observados seriam consequência de histórias 
compartilhadas, causadas por respostas similares às modificações da superfície do 
planeta. Defensor de que as barreiras geográficas evoluem juntamente com as biotas, 
Croizat acreditava que a teoria de Wegener de deriva continental explicava de forma 
satisfatória padrões antigos de distribuição de biotas, mas seria insuficiente para 
explicar os eventos geológicos associados aos padrões de distribuição geográficos 
complexos e mais recentes. 
O conceito central formulado por Croizat para explicar a evolução das biotas foi 
o chamado “form-making process” – termo que pode ser entendido como o processo 
de mudança de forma ao longo do tempo, mas incluindo, nesse caso, a importância 
de movimento no espaço. Para a ocorrência desse processo, Croizat defendia que 
deveria existir um estágio de mobilidade, o que permitiria que as espécies 
expandissem sua distribuição, e um estágio de imobilidade, resultado do processo de 
vicariância. A partir dessa lógica, o autor defendia que uma espécie ancestral deveria 
 
18 
 
estar amplamente distribuída (cosmopolitismo ancestral) em determinada área. Para 
ele, eventos vicariantes—tais como o surgimento de lagos, montanhas ou vulcões—
seriam responsáveis pela fragmentação da área de distribuição da população original 
e resultariam, dessa forma, em processos de especiação alopátrica, ou seja, de 
diferenciaçãoem novas espécies. Em oposição ao modelo de evolução por seleção 
natural de Darwin, Croizat enfatizava a importância dos eventos vicariantes para a 
mudança de forma (form-making process) ao longo do tempo. 
Croizat foi também fundamental para o desenvolvimento da Biogeografia com 
a criação da Pan-biogeografia. Nesta, a dimensão geográfica ou espacial da 
biodiversidade é fundamental para permitir o entendimento dos padrões de 
distribuição. Esse método inteiramente novo baseia-se na construção de ‘traços 
individuais’ para cada espécie de interesse. Esses traçados são simplesmente linhas 
no mapa que conectam todas as localidades onde a espécie já foi encontrada por uma 
distância mínima, ou conforme a teoria dos grafos em uma representação matemática 
denominada de “miminum spanning tree”. A partir dos traços individuais de diferentes 
espécies é possível obter ‘traços generalizados’ (os quais, entre outras interpretações, 
representam biotas ancestrais) nos locais onde há sobreposição de dois ou mais 
traços individuais, e ‘nós’, nos locais onde traços generalizados se sobrepõem, 
representando áreas com grande complexidade biológica. 
Quando Croizat formulou a Pan-biogeografia, alguns cientistas de sua época 
levaram em consideração suas contribuições. No entanto, Croizat era alvo de críticas 
de muitos de seus contemporâneos, não somente pela falta de credibilidade científica 
de algumas de suas análises, mas também devido a sua personalidade e ao estilo de 
escrita e linguagem pouco ortodoxos de seus trabalhos, os quais continham, com 
frequência, críticas a outros autores. Esses fatores acabaram por surtir um efeito 
negativo sobre suas ideias, as quais foram ignoradas ou desacreditadas por grande 
parte da comunidade científica da época4. 
 
 
4 Extraído e adaptado do site: 
https://www.researchgate.net/publication/323259439_Conceitos_e_Historia_da_Biogeografia 
https://www.researchgate.net/publication/323259439_Conceitos_e_Historia_da_Biogeografia
 
19 
 
2.5 O Endemismo 
 
O conceito de Endemismo é comum a botânica, biologia e a zoologia, 
basicamente se referem a grupos taxonômicos que foram desenvolvidos numa região 
restrita. Geralmente o processo de Endemismo é resultante da separação de espécies 
que em regiões diferentes passam a se reproduzir dando origem a espécies que tem 
formas diferentes de evolução. 
 
 Fonte: meioambiente.culturamix.com 
 
 
As causas desse processo estão ligadas a mecanismos de isolamento, 
alagamento e até mesmo ao movimento das placas tectônicas. Um exemplo bem 
interessante disso são as espécies encontradas na Austrália e em Madagáscar que 
possuem exemplos bem evidentes de Endemismo causados pela Deriva Continental. 
O aparecimento de Endemismos é dependente da mobilidade dos organismos, por 
https://meioambiente.culturamix.com/
 
20 
 
isso os peixes e plantas de água doce são os mais afetados por esses processos. A 
mobilidade das aves ou dos mamíferos é feita de forma mais restrita. 
 
2.5.1 Os tipos de Endemismos 
 
Os Endemismos podem ser classificados (principalmente na área de botânica) 
pela sua origem. Podem ser endemismos autóctones, endemismos paleogénicos (ou 
relíquias) e endemismos neogénicos. Um dos biomas mais ricos em plantas 
endêmicas do mundo é a Mata Atlântica. 
 
Endemismo Paleogênico 
 
Os endemismos paleogênicos se referem a espécies que eram bastante 
comuns em épocas remotas e que subsistem, num determinado momento, e numa 
área restrita. Um exemplo desse tipo de endemismo é a Ginkgo biloba, uma planta 
que atualmente aparece de forma espontânea somente no sul da China. 
Porém, no período Jurássico e no Cretáceo a Ginkgo biloba fazia parte de um grupo 
de gimnospérmicas bem comum, os seus principais representantes desse tempo 
desapareceram quase que totalmente. Exatamente por isso é que esse tipo de 
endemismo é chamado também de relíquia. 
 
Endemismos Neogênicos 
 
Esse tipo de endemismo se refere aos casos que são resultantes da evolução 
(causada por mutação ou outro fator qualquer) de uma espécie em tempos recentes 
e sem que o grupo biológico tenha tido tempo hábil para se disseminar numa área 
mais extensa. 
Um bom exemplo desse tipo de endemismo é a espécie Saxifraga cintrana que pode 
ser encontrada na Serra de Sintra, Montejunto e Serra de Aire e também em 
Candeeiros. 
 
21 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Fonte: obotanicoaprendiznaterradosespantos.com 
 
 
2.5.2 Área Endêmica 
 
As chamadas áreas de endemismo ou áreas endêmicas são aquelas regiões 
geográficas que são delimitadas a partir da combinação de áreas de distribuição de 
espécies que são endêmicas de uma determinada região. Dessa forma a área de 
distribuição é aquela área ocupada por uma espécie num dado momento específico. 
A determinação da área de distribuição é refletida do conhecimento atual que 
se tem a respeito da distribuição de uma espécie além de outros critérios. Uma série 
de processos que aconteceram ao longo do tempo criaram padrões de distribuição 
que geraram os padrões de endemismo. 
Essas áreas de endemismos podem ser consideradas como unidades 
históricas pelo fato de que refletem a história de organismos. A história desses 
organismos é muito importante para que seja feita uma definição de um padrão 
biogeográfico. 
http://obotanicoaprendiznaterradosespantos.blogspot.com/
 
22 
 
 
 Fonte: www.orthoptera.com.br 
 
Dessa forma é importante utilizar a informação sobre a filogenia dos 
organismos para fazer a determinação de áreas endêmicas. É necessário saber que 
essas áreas de endemismo são hipóteses que podem vir a ser testadas ou mesmo 
modificadas de acordo com a obtenção de novos dados de distribuição. 
As áreas endêmicas servem para dar suporte ou então para falsear uma 
hipótese. No decorrer do tempo foram implementados métodos diversos para fazer o 
reconhecimento de uma área tida como endêmica. 
Porém, existe um problema metodológico para fazer a determinação dessas 
áreas, identificar qual é o nível de congruência espacial necessário entre as espécies 
para que seja possível considerar uma área como sendo endêmica. 
Basicamente é utilizado um aspecto simples que é a extensão da área ter que 
ser menor que os limites da distribuição da espécie endêmica5. 
 
 
5 Extraído e adaptado do site: https://meioambiente.culturamix.com/ecologia/o-endemismo-mudancas-
nas-especies 
http://www.orthoptera.com.br/
https://meioambiente.culturamix.com/ecologia/o-endemismo-mudancas-nas-especies
https://meioambiente.culturamix.com/ecologia/o-endemismo-mudancas-nas-especies
 
23 
 
3 PROCESSOS DE ESPECIAÇÃO E PADRÕES DE DISTRIBUIÇÃO DAS 
ESPÉCIES 
A estimativa é que existam hoje aproximadamente 8,7 milhões de espécies de 
seres vivos no planeta (Mora et al., 2011). Desse total, apenas 1,2 milhão já foi 
catalogado até hoje, e muitas dessas espécies acabarão se extinguindo antes mesmo 
de serem conhecidas, já que as estimativas mais otimistas trabalham com uma taxa 
de extinção de aproximadamente mil espécies por ano (Wilson, 2002), isto é, 
aproximadamente três espécies por dia desaparecem da face da Terra. 
 
 Fonte: https://explorandolafe.wordpress.com 
 
Cada espécie se origina de mudanças genéticas ocorridas em espécies mais 
antigas (especiação) e sobrevive na superfície da Terra por períodos variáveis, 
buscando se adaptar da melhor forma possível às condições ambientais existentes 
naquele período. Quanto mais adaptadas às condições presentes, maior a 
capa- cidade de as espécies se disseminarem por novas áreas do planeta; algumas 
delas chegam mesmo a ser encontradas em toda a superfície da Terra, como é o caso 
daqueles animais diretamente ligados ao homem, como o cachorro (Canis 
domesticus), o gato (Felis silvestris catus), a barata (ordem Blattaria) e o rato (Rattus 
sp.) 
https://explorandolafe.wordpress.com/24 
 
Pode-se tomar como exemplo de uma espécie que sobrevive há bastante 
tempo na superfície da Terra o Ginkgo biloba, uma planta bastante conhecida pelo 
seu uso farmacológico e hoje considerada um fóssil vivo, já que seus exemplares 
fósseis mais antigos datam de que elas também, em seus processos de interação com 
os demais elementos da paisagem, são responsáveis por mudanças das condições 
ambientais nos geossistemas em que se instalam. 
 
3.1 Processos de especiação e respostas evolutivas 
Antes de prosseguir na discussão dos processos evolutivos, é preciso definir 
com mais precisão aquilo que até agora se tem chamado de espécie. Embora pareça 
ser uma definição bem compreendida dentro do senso comum, o conceito de espécie 
ainda carrega uma enorme polêmica entre os pesquisadores. 
As primeiras tentativas de classificação dos seres vivos podem ser 
encontra- das na obra Metafísica, de Aristóteles, escrita três séculos antes de Cristo. 
Nesse livro, Aristóteles propunha agrupar em uma única espécie todos os indivíduos 
que compartilhassem a mesma “característica essencial”. Assim, por exemplo, todos 
os indivíduos que vivessem dentro da água pertenceriam à mesma espécie: peixe. A 
grande variabilidade morfológica existente dentro dessa espécie era atribuída por ele 
às imperfeições adquiridas no processo de adaptação da forma ao meio. Tendo isso 
em vista, consegue-se perceber como o conceito de espécie foi se alterando ao longo 
do tempo. 
 
25 
 
 
 Fonte: www.infoescola.com 
 
Atualmente, o conceito mais difundido dentro da ciência corresponde àquele 
definido por Mayr em 1963, de espécie biológica (Mayr, 1977). Para esse autor, a 
espécie é um conjunto de indivíduos reprodutivamente isolados, ou seja, populações 
que, em razão de seu isolamento geográfico ou biológico, reagem aos processos 
genéticos e às influências ambientais de modo a torná-los geneticamente 
incompatíveis com outras populações com as quais tenham contato. 
Embora a incompatibilidade genética entre duas espécies pressuponha a 
impossibilidade de gerar descendentes férteis, é preciso entender isso como um 
processo que se aprofunda cada vez mais à medida que a espécie evolui. Portanto, 
nos primeiros momentos dessa diferenciação há a possibilidade de que a 
incompatibilidade não seja total, com a produção de subespécies, raças ou variedades 
distintas, de modo que a taxa de fertilidade decai, mas a geração de indivíduos férteis 
ainda é possível. 
Com uma taxa ainda menor de compatibilidade genética entre as espécies que 
se cruzam, há a possibilidade de serem gerados indivíduos híbridos, incapazes de 
continuar a se reproduzir, como é o caso bastante conhecido da mula, uma espécie 
http://www.infoescola.com/
 
26 
 
híbrida surgida do cruzamento de um jumento (Equus africanus asinus) com uma égua 
(Equus caballus) ou de um cavalo com uma jumenta6. 
3.2 Os territórios biogeográficos 
O estabelecimento e a comparação das áreas evidenciam certas 
correspondências na distribuição geográfica dos seres vivos. Mas, na realidade, duas 
áreas nunca são exatamente superpostas, é possível conhecer grupos de táxons de 
localização geográfica idêntica, ou endêmica de uma mesma região do globo. Tal 
conjunto de táxons permite definir territórios florísticos e faunísticos, cuja hierarquia 
está baseada no nível de endemismo ao que correspondem. Assim, podemos 
distinguir os impérios, caracterizados por endemismos de ordens e famílias, 
subdivididas em regiões com endemismos de famílias e gêneros. Portanto, as regiões 
se subdividem em domínios, estes em setores, e estes em distritos cujos táxons 
endêmicos se situam, respectivamente, em nível de gênero, da espécie e da 
subespécie. 
Agora vamos a conhecer os impérios continentais, baseados nos endemismos 
de ordens e famílias. A classificação foi proposta por George Lemée, estes impérios 
são separados por zonas de transição de extensão variável. 
 
 
Classificação dos impérios de Gerge Lemée. Imagem retirada de: 
http://geografia.laguia2000.com/wp-content/uploads/2007/05/region5.jpg 
 
6 Extraído e adaptado do site: http://ofitexto.arquivos.s3.amazonaws.com/Biogeografia-DEG.pdf 
http://ofitexto.arquivos.s3.amazonaws.com/Biogeografia-DEG.pdf
 
27 
 
 
Os fatores limitantes que estabelecem os limites entre as distribuições das 
espécies são do tipo abiótico (temperatura, precipitação, disponibilidade de luz, tipo 
de solo, acidentes topográficos) e bióticos (competência, depredação, capacidade de 
dispersão). Para o estabelecimento dos limites enfrentamos vários problemas, um 
deles é que as barreiras não são universais para a taxa, por exemplo, se queremos 
estabelecer o limite de distribuição para os peixes de água doce no continente 
americano, e tomamos como barreira a capacidade de tolerar água salgada, neste 
exemplo o limite de distribuição será o istmo de Panamá. Mais resulta impossível 
estabelecer líneas de demarcação absolutas, por exemplo, o limite do istmo de 
Panamá funciona para peixes de água doce, incapazes de tolerar água salgada, 
porém não conseguem cruzar o istmo, mais para uma ave essa barreira não 
funcionaria porem não teríamos o mesmo limite. 
3.3 Principais Impérios e os Táxons Representativos 
3.3.1 O Império Holártico 
 
Também conhecido como império boreal, compreende o norte de América, 
Europa, o Norte da África e maior parte da Ásia, apresenta fauna e flora 
representativos ilustrados nas figuras abaixo. 
 
FLORA 
 
 
 
 
 Ranunculácea Sauce 
 Fonte: https://www.flickr.com Fonte: www.revolvy.com 
 
https://www.flickr.com/
 
28 
 
 
 FAUNA 
 
 
 Urso Branco Castor canadensis 
 Fonte: https://www.vix.com Fonte: https://bellavistapoa.com 
 
 
3.3.2 O Império Neotropical 
 
Também conhecido como Império Americano, inclui a desde a parte sul do 
México, América central e América do Sul, neste império se localiza Brasil, e apresenta 
fauna e flora representativos ilustrados nas figuras abaixo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FLORA 
https://www.vix.com/
https://bellavistapoa.com/
 
29 
 
 
Hevea brasiliensis (Seringueira) Tropaeolum majus 
 Fonte:sites.unicentro.br Fonte: www.sitiodamata.com.br 
 
FAUNA 
 
 
 Cobra-Cega Vicugna vicugna 
 Fonte: animais.culturamix.com Fonte: www.iucnredlist.org 
 
3.3.3 O Império Africano-Malgache 
 
Também conhecido como Império Etiópico, inclui os países do continente 
africano e Madagascar, onde podemos encontrar fauna e flora representativa 
ilustrados nas figuras abaixo. 
 FLORA 
https://sites.unicentro.br/
https://animais.culturamix.com/
http://www.iucnredlist.org/
 
30 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Gerânio Mogno 
Fonte: flores.culturamix.com Fonte: www.pensamentoverde.com.br 
 
 
FAUNA 
 Chimpanzé Girafa 
 Fonte: hypeness.com.br Fonte: gizmodo.uol.com.br 
 
 
 
 
 
 
 
 
3.3.4 Império Asiático–Pacífico 
 
https://flores.culturamix.com/
http://www.pensamentoverde.com.br/
https://gizmodo.uol.com.br/
 
31 
 
Também conhecido como Império Indo-malaio e polinésio, inclui a Índiao 
sudeste do continente Asiático e a maior parte das ilhas do Pacífico, apresenta fauna 
e flora representativos ilustrados nas figuras abaixo. 
 
FLORA 
 
 
Canela Cinnamomum zeylandicum Gengibre 
 Fonte:plantamundo.com Fonte: amazoniasemfronteiras.com 
 
FAUNA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Tarsero (Tarsius syrichta) Hilobátido (Hylobates lar) 
Fonte: https://www.wikiwand.com Fonte: www.saudeanimal.com.br 
 
3.3.5 Império Antártico-Australiano 
 
http://plantamundo.com/
https://www.wikiwand.com/
http://www.saudeanimal.com.br/
 
32 
 
Compreende o continente australiano, Nova Zelândia e Antártida, característico 
pela flora e fauna representada nas figuras, onde os principais destaques são os 
mamíferos marsupiais. 
 
 FLORA 
 
 
 Llareta (Azorella ameghinoi) Hayas 
 Fonte: species.wikimedia.org Fonte: https://es.123rf.com 
 
 FAUNA 
 
 
 Kiwi (Apteryx oweni) Equidna (Tachyglossus aculeatus) 
 Fonte: steemit.com Fonte: deography.com 
 
 
 
https://species.wikimedia.org/
https://es.123rf.com/
https://steemit.com/
https://deography.com/
 
33 
 
Estas divisões biogeográficas são baseadas em fauna e flora endêmicas e 
representativas, se incluir as condições abióticas como clima, geologia, etc. teremos 
outra classificação conhecida como ecozonas terrestres7. 
3.4 Cartografia Biogeográfica 
3.4.1 Mapeamento Fito e Coreográficos 
 
Nos estudos biogeográficos há necessidade de elaboração de cartas fito e 
zoogeógrafas e/ou geoecológicas. Elas representam um recurso importante para a 
interpretação e compreensão do meio ambiente. A dinâmica acelerada da ocupação 
de terras e da consequente organização do espaço exige registro cartográfico, 
principalmente nos países tropicais em desenvolvimento, onde estes fatos são muito 
importantes. 
As cartas de vegetação ou fitogeográficas, dos animais, zoogeográficas e das 
condições ambientais ou geoecológicas, representam um inventário de recursos 
naturais, que permitem estabelecer correlações entre o meio abiótico e biótico, pois 
muitos indivíduos da flora e fauna podem fornecer dados seguros sobre determinados 
aspectos ambientais, sendo assim seres bioindicadores. Levantamentos sobre o valor 
econômico da flora e fauna e o planejamento racional sobre o manejo ambiental 
podem ser feitos a partir destas cartas. 
As cartas fito e zoogeográficas englobadas formam as cartas biogeográficas, 
que podem apresentar 5 aspectos: 
 
1. Cartas de inventário. Representam levantamentos de formações vegetais, 
geobiocenoses e de espécies vegetais e/ou animais que ocorrem em determinado 
espaço associado às condições ambientais reinantes. Estes mapas ou cartas são 
importantes para a avaliação das potencialidades bióticas de espaços. 
 
2. Cartas da dinâmica populacional. Representam a expansão ou retração do 
espaço ocupado por apenas uma espécie ou toda uma geobiocenose. Sua 
 
7 Extraído e adaptado do site: 
http://www.cesadufs.com.br/ORBI/public/uploadCatalago/10481627032014Biogeografia_Aula_5.pdf 
http://www.cesadufs.com.br/ORBI/public/uploadCatalago/10481627032014Biogeografia_Aula_5.pdf
 
34 
 
importância reside na possibilidade de avaliação das sucessões bióticas no espaço 
e no tempo. 
 
 
3. Cartas de vulnerabilidade. Representam os parâmetros que devem ser 
respeitados para não ocorrerem alterações drásticas que afetem ou mesmo 
eliminem espécies da flora e fauna. Sua importância reside em representar a 
sensibilidade das geobiocenoses e manejo adequado dos sistemas bióticos. 
 
4. Cartas de impactos ou de alterações. Representam o grau de interferência 
antrópica em geobiocenoses. Através das quatro classes propostas por Jalas (1965 
apud Troppmair, 2002), hemeoróbio ou ecossistema natural, oligohemeoróbio ou 
ecossistema mais natural que artificial, mesohemeoróbio ou ecossistema mais 
artificial que natural e, euhemeoróbio ou ecossistema artificial, podemos avaliar as 
alterações ambientais causadas pela ação do homem. Estas características 
representam o grau de interferência humana e permitem a avaliação de impacto. 
 
5. Cartas temáticas e/ou especiais. Representam determinado aspecto da biosfera 
como fenologia de espécies vegetais, migração de animais, aspectos bióticos e 
abióticos8. 
 
4 AS PRINCIPAIS FORMAÇÕES VEGETACIONAIS NO MUNDO 
Já estudamos os fatores históricos e ecológicos da distribuição dos seres vivos 
no tempo e no espaço. Entre aqueles de ordem física, sabemos que o clima exerce 
grande influência sobre a cobertura vegetal de uma área e consequentemente na 
distribuição da fauna. Ao longo de bilhões de anos, a Terra sofreu diversas 
modificações em seu ambiente físico, dentre elas, destacamos as oscilações drásticas 
nos tipos climáticos, o que proporcionou ao planeta momentos de resfriamento e 
 
8 8 Extraído e adaptado do site: 
http://www.cesadufs.com.br/ORBI/public/uploadCatalago/10481627032014Biogeografia_Aula_5.pdf 
 
http://www.cesadufs.com.br/ORBI/public/uploadCatalago/10481627032014Biogeografia_Aula_5.pdf
 
35 
 
aquecimento, moldando o padrão de distribuição dos seres vivos na superfície. A 
vegetação e os ecossistemas são determinados pelos fatores ecológicos, sobretudo 
pelo clima. Assim, definimos o bioma como uma região na qual as características 
ecológicas, o ecossistema e as características climáticas se encontram integradas e 
constituem um conjunto dinâmico e integrado. 
 
 
 Fonte: https://www.estudokids.com.br 
 
Um bioma se desenvolve a partir de adaptações à zona climática na qual está 
inserido, e essas zonas climáticas são resultados da forma como se organizam os 
sistemas globais de circulação atmosférica e correntes marítimas. Dentro de um único 
bioma, há variações regionais de composição florística e faunística porque sempre há 
mudanças locais dos fatores abióticos dentro de um bioma. 
Rifles (2003) afirma que, embora não exista lugares que abriguem exatamente 
o mesmo conjunto de espécies, podemos agrupar unidades biológicas em categorias 
(biomas) baseadas em suas formas vegetais dominantes, o que dá às comunidades 
a sua característica geral. 
Diferentes solos, por exemplo, formados a partir de diferentes rochas, podem 
ser encontrados dentro de um mesmo bioma. As características desses solos 
condicionam, junto a outros fatores, o aparecimento da vegetação típica de cada local, 
o que proporciona as diferenças regionais. Essa possibilidade de distinguir 
completamente os biomas advém do fato de que nenhum tipo de planta pode resistir 
a todo intervalo de gradiente ambiental. 
https://www.estudokids.com.br/
 
36 
 
Portanto, as abrangências das espécies são limitadas pelas condições físicas 
do meio. Em ambientes terrestres, a temperatura e a umidade são as variáveis mais 
importantes. Vamos, agora, recordar brevemente os conceitos de clima e tempo. 
Segundo Troppmair (2002), o clima é uma sucessão habitual do tempo em um 
determinado local, caracterizado pela ação de um conjunto de fatores, como 
insolação, temperatura, umidade, vento, precipitação, evaporação e teor de CO2, que 
interagem entre si, provocando variações no tempo e em escala mais ampla, 
influenciando o clima de determinadas regiões. Já o tempo é estado momentâneo da 
atmosfera, como o fato de estar frio e chovendo em uma determinada região em um 
determinadomomento. 
Neste contexto, a intensidade da radiação solar, a umidade atmosférica, as 
correntes de água e a redistribuição do calor, viabilizam a existência de diversas zonas 
climáticas na Terra. A topografia pode ser responsável por variações locais no clima 
em áreas pontuais; a geologia, por sua vez, causa modificações nas características 
do solo até mesmo em escalas maiores. A distribuição das plantas é influenciada pelas 
características do solo, denominadas de fatores edáficos (RICKFLES, 2003). 
A presença de ambientes heterogêneos no planeta também proporciona 
modificações regionais no clima, já que a capacidade de absorção de luz é variável, 
provocando diferentes zonas de aquecimento e resfriamento. 
Um dos esquemas de classificação climático mais amplamente adotado é o 
sistema de zona climática desenvolvido pelo ecólogo Heinrich Walter (1898–1989). 
Esse sistema possui nove divisões, baseadas no curso anual de temperatura e 
precipitação. 
 
 
37 
 
 
 Fonte: adaptado de Ricklefs (2003, p. 97) 
 
 
Cabe ressaltar que os valores de temperatura e precipitação usados para 
definir as zonas climáticas correspondem às condições de estresse de umidade e frio 
que são determinantes nas formas de vegetação e, portanto, a distribuição dos 
grandes biomas da Terra segue esses valores. Além disso, tais valores interagem 
para determinar as condições e os recursos disponíveis para o crescimento das 
plantas. 
Dessa forma, os padrões climáticos de Heinrich Walter contêm períodos 
sazonais de déficit e abundância de água e, portanto, permite comparações com 
significados ecológicos de climas entre as localidades. Os padrões climáticos de 
Walter retratam a precipitação e a temperatura média mensal ao longo de um ano. 
Assim, os fatores relacionados aos padrões climáticos e determinam o bioma. 
E como ficam as zonas climáticas? 
O bioma de floresta pluvial tropical, zona climática I, é encontrado em três 
regiões importantes nos trópicos, sendo elas: (1) bacia do Amazonas e do Orinoco da 
América do Sul, com áreas adicionais na América Central e a longo da costa atlântica 
do Brasil; (2) área do extremo sul da África oeste que se estende na direção leste 
através da bacia do rio Congo e, constitui a floresta tropical africana; (3) a floresta 
 
38 
 
pluvial Indo-Malásia cobre parte do sudeste da Ásia (Vietnã, Tailândia e a Península 
Malásia), as ilhas entre a Ásia e a Austrália, incluindo as Filipinas, Bornéu e Nova 
Guiné e a costa de Queensland na Austrália (RICKFLES, 2003). 
O clima de floresta pluvial tropical, também chamada de floresta ombrófila 
densa, possui dois picos de chuvas quando a convergência intertropical se situa sob 
a região equatorial. Isso ocorre sobretudo em torno dos equinócios. Nesse tipo de 
floresta, os solos são altamente intemperizados e, relativamente desprovidos de argila 
e húmus, o que faz com que retenham poucos nutrientes. Além disso, possuem cores 
avermelhadas, devido à presença de óxidos de ferro e alumínio. 
 
 
 Fonte: www.infoescola.com 
 
A vegetação das florestas pluviais tropicais é caracterizada por um contínuo 
dossel de árvores perenes altas (39-40 metros), com árvores emergentes ocasionais, 
que se elevam acima da copa, a altitudes de até 55 metros. Além disso, existem várias 
camadas de subandares abaixo da copa, contendo pequenas árvores, arbustos e 
herbáceas, mais espaçadas devido à menor incidência solar que penetra no dossel 
(RICKLFES, 2003). 
Apesar de o solo ser pobre em nutrientes, a diversidade de espécies na floresta 
pluvial tropical é maior que em qualquer outra parte da Terra. Isso é possível devido 
à alta produtividade biológica e à grande quantidade de biomassa presente acima do 
solo. Nas florestas tropicais úmidas, forma-se uma camada de material orgânico ou 
em decomposição acima do solo. 
 
http://www.infoescola.com/
 
39 
 
 
 Fonte: https://www.infoescola.com 
 
Essa camada é chamada de serapilheira e é constituída por folhas, galhos, 
flores, frutos, sementes e dejetos de animais. Como nesse bioma as temperaturas e 
a umidade são altas, a serapilheira se decompõe rapidamente, liberando nutrientes 
para o solo. É essa rápida reciclagem de nutrientes que sustenta a alta produtividade. 
Por isso, o desmatamento das florestas tropicais deixa os solos vulneráveis à erosão 
rapidamente, uma vez que não há ciclagem de nutrientes, degradando o ambiente e 
tornando a paisagem improdutiva. 
O bioma de floresta/savana sazonal tropical (zona climática II) ocorre nos 
trópicos, mas além dos 10º (ao Norte e ao Sul) do Equador, os climas tropicais 
frequentemente apresentam uma estação seca acentuada, que corresponde ao 
inverno das latitudes mais altas. Essas florestas possuem, principalmente árvores 
decíduas que perdem suas folhas durante a estação de estresse hídrico. 
Contudo, estações secas cada vez mais longas e mais severas proporcionam 
uma vegetação mais baixa e com mais espinhos, que protegem suas folhas das 
pastagens. Além disso, os solos também tendem a ser pobres em nutrientes. Já as 
savanas são campos com árvores esparsas, e se distribuem em grandes áreas nos 
trópicos secos, sobretudo na África. 
 
 
https://www.infoescola.com/
 
40 
 
 
 Fonte: www.infoenem.com.br 
 
Nesse bioma, os incêndios e a pastagem representam importantes papéis na 
manutenção do seu caráter, porque as gramíneas podem resistir melhor em 
comparação a outras formas de vegetação. Além disso, após incêndios controlados, 
a floresta seca começa a se desenvolver, sobretudo devido à quebra da dormência 
das sementes. 
O bioma de deserto tropical (zona climática III) se desenvolve em latitudes de 
20-30º ao norte e ao sul do Equador, em áreas com alta pressão atmosférica, chuva 
muito esparsa e, geralmente, estações de crescimento longas. Devido à baixa 
precipitação, os solos são rasos e praticamente desprovidos de matéria orgânica. No 
entanto, a maioria dos desertos subtropicais recebe chuva de verão, período no qual 
muitas plantas herbáceas crescem e, as sementes dormentes se desenvolvem 
rapidamente. 
http://www.infoenem.com.br/
 
41 
 
 
 Fonte: https://www.coladaweb.com 
 
Já o bioma de bosque/arbusto (zona climática IV) está distribuído ao longo de 
30-40º ao norte e ao sul do Equador, sendo encontrado no sul da Europa e sul da 
Califórnia no Hemisfério Norte, e no Chile Central, na região do Cabo da África do Sul 
e sudoeste da Austrália no Hemisfério Sul (RICKFLES, 2003). 
 
 Fonte: https://www.eweb.unex.es 
 
Esta zona climática também é chamada de mediterrânea e é caracterizada por 
temperaturas de inverno amenas, chuvas de inverno e verões secos, que sustentam 
uma vegetação arbustiva, espessa, perene, com raízes profundas e folhagens 
resistentes à seca. Neste bioma os incêndios também são frequentes e, por isso, a 
maioria das plantas tem sementes resistentes ao fogo ou coroas de sementes que 
renascem após o incêndio. Além disso, as folhas pequenas das plantas típicas de 
clima mediterrâneo são chamadas de vegetação esclerofilosa (folha dura). 
https://www.coladaweb.com/
https://www.eweb.unex.es/
 
42 
 
O bioma de floresta temperada úmida (zona climática V) ocorre em climas 
temperados quentes e está distribuído na costa noroeste da América do Norte, sul do 
Chile, Nova Zelândia e Tasmânia. Esta zona climática é caracterizada por invernos 
amenos, com chuvas fortes e neblinas de verão, fatores que permitem a manutenção 
de florestas perenes extremamente altas. 
Na América do Norte ocorrem as sequoias, árvores que normalmente possuem 
60-70 metros de altura, mas que podem chegar a 100 metros. Essas formações 
vegetais são muito antigas e são remanescentes de florestas que foram mais extensas 
no passado, na Era Mesozoica (70 milhões de anos atrás). Comparando com as 
florestas tropicais úmidas, a diversidade deste bioma é pequena.Fonte: conhecimentocientifico.r7.com 
 
O bioma de floresta sazonal temperada, referente à zona climática VI, é 
também chamado de floresta decídua e ocorre sob condições moderadas de 
congelamento no inverno. Esse bioma é encontrado no leste dos Estados Unidos, no 
sul do Canadá, além de estar amplamente distribuído da Europa e no leste da Ásia. 
Seus solos são, geralmente, de cor marrom devido aos abundantes húmus orgânicos. 
Além disso, a precipitação maior do que a evaporação e a transpiração, permite a 
percolação da água no solo. 
No entanto, as partes mais quentes e secas do bioma, sobretudo onde os solos 
são arenosos e pobres em nutrientes, tendem a desenvolver florestas de acículas, 
https://conhecimentocientifico.r7.com/
 
43 
 
dominadas por pinheiros, muito comuns no oeste dos Estados Unidos. Ressalta-se 
que como os solos tendem a ser secos é comum que ocorram incêndios e a maioria 
das espécies é resistente aos danos causados pelo fogo. 
O bioma de campo/deserto temperado (zona climática VII) ocorre na América 
do Norte, onde os verões são quentes e úmidos e os invernos frios. Esses biomas são 
chamados de pradarias. Também são encontradas na Ásia Central, onde são 
conhecidos como estepes. São caracterizados por uma baixa precipitação e por solos 
ricos em matéria orgânica. 
 
 
 Fonte: http://camposedeserto.com 
 
A vegetação é dominada por gramíneas, que crescem mais de 2 metros nas 
partes mais úmidas e menos que 0,2 metros nas regiões mais áridas. Os incêndios 
também são frequentes nesse bioma e, a maioria das espécies de campo tem caules 
subterrâneos resistentes ao fogo, ou rizomas, dos quais os brotos renascem. 
Já o bioma deserto temperado cobre a maior parte do oeste dos Estados 
Unidos e é caracterizado pela elevada evaporação e transpiração do habitat, 
excedendo à precipitação durante a maior parte do ano. Por isso, os solos são secos 
e pouca água percola através deles. Porém, nele os incêndios raramente ocorrem. 
Finalizando o estudo das zonas climáticas e de seus respectivos biomas, 
vamos falar sobre as zonas climáticas polares e boreais, que têm temperaturas abaixo 
de 5 ºC. 
O bioma de floresta boreal, correspondente à zona climática VIII, estende-se 
de 50 ºC na América do Norte e a cerca de 60 ºC na Europa e Ásia. Ele é conhecido 
http://camposedeserto.com/
 
44 
 
como taiga e sua temperatura média anual fica abaixo de 5 ºC, contando com invernos 
severos. 
Dessa forma, como a evaporação é baixa, os solos são úmidos durante a maior 
parte da estação de crescimento. A vegetação consiste em bosques densos de 10-20 
centímetros de altura, com árvores aciculadas perenes, extremamente tolerantes ao 
congelamento. Além disso, como a serapilheira se decompõe lentamente, esta se 
acumula na superfície do solo, deixando-o ácido e com baixa fertilidade. 
Por fim, o bioma de tundra, referente à zona climática IX, ocorre ao norte da 
floresta boreal, na chamada zona climática polar. A vegetação desse bioma é 
caracterizada por uma extensão sem árvores sustentada por solo permanentemente 
congelado, chamado de permafrost. Durante uma breve estação de verão o solo pode 
atingir uma pequena profundidade de 0,5 -1 metro. A maior parte das plantas são 
arbustos lenhosos prostrados, anões, que se desenvolvem próximo ao solo, 
protegidas das camadas de gelo. 
 
 Fonte: https://meioambiente.culturamix.com 
 
Como você pôde perceber, as distribuições geográficas de plantas nas escalas 
continentais são determinadas principalmente pelo clima, e as distribuições locais 
dentro de cada região, podem variar de acordo com a topografia e com os solos. Isso 
para os biomas terrestres, visto que os biomas aquáticos são diferentes, como 
veremos adiante. 
Ao saber que a forma de crescimento das plantas está diretamente relacionada 
com o clima, podemos relacionar os tipos de vegetação à temperatura e à 
precipitação. Já os tipos de vegetação são usados para classificar os ecossistemas 
https://meioambiente.culturamix.com/
 
45 
 
em biomas. Porém, vale lembrar que o solo, a sazonalidade climática, os incêndios e 
as pastagens influenciam adicionalmente o caráter dos biomas. Por isso, existem 
biomas que pertencem à mesma zona climática, localizados distantes 
geograficamente e, que ainda podem apresentar diferenças em suas formações 
vegetais. 
O estudo das zonas climáticas permite vislumbrar a importância da 
Biogeografia, sobretudo para a compreensão das interferências do clima sobre a 
vegetação, essenciais para traçar medidas de conservação. 
4.1 Vegetação no Brasil 
O espaço geográfico brasileiro abrange seis tipos de cobertura 
vegetal: Floresta Amazônia, Mata Atlântica, Cerrado, Caatinga, Pantanal e 
Pampa. Apesar de essas vegetações sofrerem com o processo de desmatamento 
desde o período da colonização, elas ainda recobrem uma considerável parte do 
território nacional9. 
 
 Fonte: conhecimentocientifico.r7.com 
 
9 Extraído e adaptado: PENA, Rodolfo F. Alves. "Vegetação no Brasil"; Brasil Escola. Disponível em: 
https://brasilescola.uol.com.br/brasil/vegetacao-brasil.htm. Acesso em 04 de setembro de 2019. 
https://conhecimentocientifico.r7.com/
 
46 
 
 
 
4.1.1 Floresta de Amazônia 
 
Com uma área de aproximadamente 5,5 milhões de km², a Floresta 
Amazônica é a principal cobertura vegetal do Brasil, ocupando 45% do nosso 
território, além de espaços de mais nove países, sendo também a maior floresta 
tropical do mundo. É chamada de Floresta latifoliada equatorial. 
A Floresta Amazônica caracteriza-se por ser heterogênea, havendo um elevado 
quantitativo de espécies, com cerca de 2500 tipos de árvores e mais de 30 mil tipos 
de plantas. Além disso, ela é perene, ou seja, permanece verde durante todo o ano, 
não perdendo as suas folhas no outono. Apresenta uma densidade elevada, o que é 
propício ao grande número de árvores por m². 
Costuma-se classificar essa floresta conforme a proximidade dos cursos 
d’água. Dessa forma, existem três subtipos principais: mata de igapó, mata de várzea 
e mata de terra firme. 
 
Mata de igapó 
 
 Também chamada de floresta alagada, a mata de igapó caracteriza-se por se 
localizar muito próxima aos rios, estando permanentemente inundada. Apresenta 
plantas de pequeno porte em comparação ao restante da vegetação da Amazônia e 
que costumam ser hidrófilas, ou seja, adaptadas à umidade. Possui, em geral, raízes 
elevadas que acompanham os troncos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Fonte: https://brasilescola.uol.com.br 
https://brasilescola.uol.com.br/
 
47 
 
Mata de várzea 
 
 Assim como a mata de igapó, a várzea também sofre com as inundações, 
porém apenas no período das cheias dos grandes rios, por se encontrar em áreas um 
pouco mais elevadas. É uma mata muito fechada, com elevada densidade, árvores 
altas (em média 20m de altura) e, em geral, com galhos espinhosos, o que dificulta o 
seu acesso. As espécies mais conhecidas são o Jatobá e a Seringueira, essa última 
muito usada na extração de látex, a matéria-prima da borracha. 
 
 
 Fonte: https://brasilescola.uol.com.br 
 
Mata de terra firme 
 
 Também chamada de caetê, a mata de terra firme caracteriza-se por se 
encontrar relativamente distante dos grandes cursos d’água, localizando-se em 
planaltos sedimentares. Em razão disso, não costuma ser alvo de inundações, 
recobrindo a maior parte da floresta e apresentando as maiores médias de altura 
(algumas árvores chegam a alcançar os 60m). 
A importância da Floresta Amazônica reside, principalmente, em sua função 
ambiental. No entanto, ao contrário do que muitos pensam, ela não é o “pulmão do 
https://brasilescola.uol.com.br/
 
48 
 
mundo”, pois o oxigênio por ela produzido é consumido pela própria floresta. Sua 
importância ambiental reside no controle das temperaturas, graças ao aumento da 
umidade, que é resultado da constante evapotranspiraçãoda floresta, produzindo 
massas de ar úmido para todo o continente sul-americano, os chamados Rios 
Voadores. 
É importante não confundir o Bioma Amazônia com a Floresta Amazônica. O 
primeiro termo refere-se às características gerais que envolvem a mata, os animais, 
os rios, os solos e a flora, o segundo limita-se às características da floresta10. 
 
 
 Fonte: https://www.todamateria.com.br 
 
4.1.2 Mata Atlântica 
 
A Mata Atlântica é um bioma, composto por diferentes formações vegetais e 
ecossistemas associados, que se destaca por sua grande biodiversidade, incluindo, 
por exemplo, várias espécies endêmicas (que ocorrem apenas nessa região). Hoje, 
devido a uma série de fatores, que incluem, por exemplo, a atividade humana, restam, 
segundo a Fundação SOS Mata Atlântica, apenas 12,4% da floresta que existia 
originalmente. 
A Mata Atlântica é um bioma que cobria uma área de 15% do território 
brasileiro, área essa que incluía os estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, 
Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio 
de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e 
 
10 Extraído e adaptado do site: https://brasilescola.uol.com.br/brasil/floresta-amazonica.htm 
https://brasilescola.uol.com.br/brasil/rios-voadores-amazonia.htm
https://brasilescola.uol.com.br/brasil/rios-voadores-amazonia.htm
https://www.todamateria.com.br/
https://brasilescola.uol.com.br/brasil/mata-atlantica-1.htm
https://brasilescola.uol.com.br/brasil/biomas-brasileiros.htm
https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/biologia/o-que-e-biodiversidade.htm
https://brasilescola.uol.com.br/brasil/floresta-amazonica.htm
 
49 
 
Sergipe. Originalmente, o referido bioma cobria uma área superior a 1,3 milhões de 
km2. 
 
Fonte: https://ecoa.org.br 
 
A Mata Atlântica é constituída de formações florestais nativas e ecossistemas 
associados. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, entre as formações 
florestais que fazem parte da Mata Atlântica, podemos citar: 
 
 Floresta Ombrófila Densa; 
 Floresta Ombrófila Mista, também denominada de Mata de 
Araucárias; 
 Floresta Ombrófila Aberta; 
 Floresta Estacional Semidecidual; 
 Floresta Estacional Decidual. 
 
Já os ecossistemas associados são: 
 
 Manguezais; 
 Vegetações de restingas; 
 Campos de altitude; 
 Brejos interioranos; 
 Encraves florestais do Nordeste. 
https://ecoa.org.br/
https://brasilescola.uol.com.br/brasil/mangues.htm
 
50 
 
 
De acordo com a Fundação SOS Mata Atlântica, 
atualmente, restam apenas 12,4% da floresta que existia originalmente, e, desses 
remanescentes, cerca de 80% estão localizados em áreas privadas. Os 12,4% de 
floresta original correspondem a todos os fragmentos de floresta nativa acima de três 
hectares. Atualmente, os remanescentes florestais são muito fragmentados. 
Segundo o Ministério do Meio Ambiente, atualmente, são 
encontradas cerca de 29% de cobertura original quando considerados os 
diferentes estágios de regeneração das fitofisionomias. Vale destacar que os dados 
sobre a cobertura vegetal podem variar de acordo com o autor e com a metodologia 
que foi escolhida para esse cálculo. 
 
 
Fauna e Flora 
 
A Mata Atlântica caracteriza-se por sua grande biodiversidade, devido, 
principalmente, às variações ambientais do bioma. Essas variações acontecem 
devido à extensão da Mata Atlântica em latitude, longitude e a variações altitudinais. 
Estima-se que a biodiversidade da Mata Atlântica corresponda de 1% a 
8% da biodiversidade mundial. 
Segundo dados do Ministério do Meio Ambiente, encontramos na Mata 
Atlântica cerca de: 
 
 20 mil espécies de vegetais; 
 850 espécies de aves; 
 370 espécies de anfíbios; 
 200 espécies de répteis; 
 270 espécies de mamíferos; 
 350 espécies de peixes. 
 
Uma das espécies mais conhecidas de animais da Mata Atlântica é, sem 
dúvidas, o mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia), espécie hoje 
https://brasilescola.uol.com.br/biologia/caracteristicas-das-aves.htm
https://brasilescola.uol.com.br/biologia/classificacao-dos-anfibios.htm
https://brasilescola.uol.com.br/biologia/repteis.htm
https://brasilescola.uol.com.br/biologia/mamiferos.htm
https://brasilescola.uol.com.br/biologia/peixes.htm
 
51 
 
considerada símbolo desse bioma. Essa espécie é endêmica e podia ser encontrada, 
originalmente, em toda a região costeira do Rio de Janeiro e sul do Espirito Santo. 
Além do mico-leão-dourado, podemos citar, como espécies de animais da Mata 
Atlântica: sapo-pingo-de-ouro; porco-do-mato; macaco-guicó; pintor-verdadeiro; 
macuco; onça-pintada; harpia; tucano; papagaio-de-cara-roxa; muriqui; e sabiá-
laranjeira. 
 
Fonte: https://brasilescola.uol.com.br 
 
 
No que diz respeito às espécies vegetais, não podemos deixar de citar o pau-
brasil (Caesalpinia echinata), que deu nome ao nosso país. Além do pau-brasil, na 
Mata Atlântica encontramos várias espécies de bromélias, orquídeas, samambaias, 
a araucária e o palmito-juçara. 
A Mata Atlântica é extremamente importante tanto economicamente, 
quanto ecologicamente. As formações florestais encontradas na Mata Atlântica 
ajudam, por exemplo, na regulação do clima e proteção do solo. Não podemos 
esquecermo-nos ainda de que sete das nove maiores bacias hidrográficas brasileiras 
estão na Mata Atlântica, e a vegetação preservada protege rios e nascentes, 
garantindo, desse modo, o abastecimento de água para a população. 
Nesse bioma, encontramos também uma grade variedade de espécies animais 
e vegetais que possui diversas aplicações econômicas. Várias espécies são usadas 
na alimentação, para obtenção de madeira e como matéria-prima para a fabricação 
https://brasilescola.uol.com.br/animais/onca-pintada.htm
https://brasilescola.uol.com.br/
 
52 
 
de medicamentos e cosméticos. Infelizmente, o uso descontrolado da biodiversidade 
da Mata Atlântica tem causado grande destruição desse importante bioma. 
Dentre as ações antrópicas prejudiciais realizadas contra esse bioma, podemos 
destacar: o desmatamento com a finalidade de criar áreas propícias para a agricultura 
e pecuária; a exploração exagerada dos recursos desse local; e a expansão urbana. 
No que diz respeito à exploração dos recursos, muitas áreas de Mata Atlântica, por 
exemplo, foram e são atualmente destruídas com a finalidade de extração de madeira. 
Além do desmatamento, a biodiversidade é também ameaçada de outras 
formas, como por meio da caça de animais, da pesca predatória e do tráfico ilegal de 
plantas e animais nativos da região. Não podemos deixar de citar, ainda, o turismo 
desordenado que acaba prejudicando esses biomas por causar danos ao meio 
ambiente, por exemplo, poluindo o local11. 
 
4.1.3 Cerrado 
 
É uma formação florestal do tipo Savana, sendo considerado por muitos 
autores como o mais complexo tipo de savana do mundo. É o segundo maior domínio 
florestal brasileiro, ocupando mais de 24% da área do país. Assim como a Mata 
Atlântica, o Cerrado também foi bastante devastado, tendo quase 80% de sua 
biomassa destruída pela ação do homem. 
 
 
 
11 Extraído e adaptado: SANTOS, Vanessa Sardinha dos. "Mata Atlântica"; Brasil Escola. Disponível 
em: https://brasilescola.uol.com.br/biologia/mata-atlantica.htm. Acesso em 04 de setembro de 2019. 
https://brasilescola.uol.com.br/geografia/o-desmatamento.htm
 
53 
 
Fonte: www.matanativa.com.br 
 
Em virtude do fato de a baixa umidade ser predominante durante a maior parte 
do ano, bem como por apresentar um solo pobre em nutrientes, o Cerrado apresenta 
árvores esparsas, não muito altas e de tronco retorcido para evitar a perda de água. 
Existem também os chamados Cerradões, em que a formação florestal é mais densa. 
Por apresentar um solo muito ácido, seu território pouco favoreceu a agricultura 
até os anos 1970, quando se

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