Buscar

Resumo Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão n° 26

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE DE CUIABÁ FACULDADE DE DIREITO KATARINE BERTONCELLO DA ROCHA 
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO 
ADO 26
CUIABÁ – MT 
JUNHO, 2019.
	Prevista no artigo 103, § 2°, CF/88, a Inconstitucionalidade por Omissão versa sobre os casos relativos à efetivação de direitos constitucionais em função da inatividade do Poder Público. A ADO deve ser utilizada para apontar a omissão legislativa quanto a determinada norma constitucional de eficácia limitada, que não foi editada apesar de determinação constitucional, inviabilizando a concretização de direitos. 
	Diante o exposto, o Partido Popular Socialista ajuizou Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão alegando inércia do Congresso Nacional em legislar sobre a criminalização específica de todas as formas de homofobia e transfobia, especialmente (mas não exclusivamente) das ofensas (individuais e coletivas), dos homicídios, das agressões, ameaças e discriminações motivadas pela orientação sexual e/ou identidade de gênero, real ou suposta, da vítima. O autor pretende obter o reconhecimento da homofobia e da transfobia como crime de racismo (art. 5°, XLII, CF/88) ou, subsidiariamente, como discriminações atentatórias a direitos e liberdades fundamentais (art. 5°, XLI, CF/88).
	A fundamentação da inicial se baseia nos fatos de a homofobia e a transfobia constituírem espécies do gênero racismo, na medida em que racismo é toda ideologia que pregue a superioridade/inferioridade de um grupo relativamente a outro (e a homofobia e a transfobia implicam necessariamente na inferiorização da população LGBT relativamente a pessoas heterossexuais cisgêneras – que se identificam com o próprio gênero). Ademais, também se enquadram no conceito de discriminações atentatórias a direitos e liberdades fundamentais, inclusive, o direito fundamental à segurança desta população. 	Com efeito, nunca foi tão grande o assassinato de homossexuais e pessoas LGBT em geral, que chegou a nefastos recordes em 2011 e em 2012, consoante noticiado pelo Grupo Gay da Bahia, cujas pesquisas devem ser aceitas ante a inércia do Estado (sua falta de vontade política) em realizar pesquisas oficiais acerca do tema, apesar de ter-se comprometido a tanto desde o PNDH n.º 23 (Plano Nacional de Direitos Humano), chegando-se ao absurdo de um padrasto matar seu enteado por não “aceitar” sua homossexualidade. Da mesma forma, consoante noticiado pela Folha de São Paulo, nunca foi tão grande o número de homossexuais que pedem asilo no exterior por considerarem inviável viver no Brasil dada a homofobia (e transfobia) existente(s) no país. Assim, tais fatos demonstram o cabimento da presente ação direta de inconstitucionalidade por omissão também por verdadeiramente inviabilizado o direito à segurança (a uma vida segura, à tranquilidade) da população LGBT e, assim, o direito à livre orientação sexual e à livre identidade de gênero (cf. art. 5º, caput, e art. 3º, inc. IV, da CF/88), bem como inviabilizada faticamente a cidadania de tais pessoas por todo este contexto de insegurança em que vivem na atualidade; 
	O Congresso Nacional pura e simplesmente se recusa até mesmo a votar o projeto de lei que visa efetivar tal criminalização (não aprova mas também não rejeita, deixando este e todos os outros temas relativos à população LGBT em um verdadeiro limbo deliberativo em razão desta inércia deliberativa) como prova a recente estratégia dos opositores do projeto de apresentarem um requerimento de apensamento do PLC 122/06 no Projeto de Novo Código Penal, por saberem que um projeto de código notoriamente demora muitos e muitos anos para ser votado, algo reconhecido pela mídia como estratégia de pura e simples procrastinação do andamento do projeto. Assim, temos no presente caso uma pura e simples MÁ VONTADE INSTITUCIONAL DO PARLAMENTO BRASILEIRO em efetivar a criminalização específica da homofobia e da transfobia, da discriminação por orientação sexual e por identidade de gênero, que evidentemente abarca a suposta “heterofobia” se ela um dia vier a existir. Tema muito controverso posto em cheque que héteros não morrem por serem héteros. É uma falácia pôr em cheque a questão da “promiscuidade” como “argumento” para ser homofóbico visto que, raramente a mesma é questionada em relação a casais heteroafetivos. Dizer que é justo ser agressivo ao ver um casal homoafetivo trocando carícias, é no mínimo, querer justificar o injustificável. Não é nem preciso citar a necessidade de haver bom senso, para qualquer casal – e pessoa. 
	O pedido por se enquadrar a homofobia como racismo parte do pressuposto,

Continue navegando