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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS IPUC - Departamento de Engenharia Elétrica – Laboratório de Máquinas Elétricas I Prof. Marcus Vinicius Ferraz do Amaral Álvaro Augusto Ferreira Duarte RELATÓRIO Traçado do Diagrama de Kapp para um dado transformador monofásico Belo Horizonte 04 de junho de 2020 Figura 1: Modelo esquemático de um tranformador monofásico. 1. INTRODUÇÃO De modo a fazer com que o transformador trabalhe em uma faixa de operação ótima, é imprescindível saber, de forma inequívoca, as regiões que apresentam os menores valores de regulação, no caso da CEMIG, indutivos. Sendo assim, parte-se dos ensaios a vazio e de curto circuito para a obtenção de dados que permitirão a montagem do circuito equivalente no transformador em questão. 2. OBJETIVO • Traçar o Diagrama de Kapp baseado nos dados de um transformador monofásico; • Analisar as regiões do Diagrama de Kapp; 3. DESENVOLVIMENTO Sendo o modelo magnético do transformador como o abaixo: E – Força Eletromotriz; N – Número de espiras; N1 N2 E1 E1 Deseja-se elaborar o circuito elétrico equivalente do transformador monofásico do seguinte modo: Onde: V1/2 – Tensão do lado primário/secundário; I1/2 – Corrente do lado primário/secundário; R1/2 – Resistência do enrolamento primário/secundário; XL1/2 – Reatância indutiva de dispersão; IԐ - Corrente de excitação; IHF – Corrente de histerese e Foucault; IM – Corrente de magnetização; RN – Resistência do núcleo; XM – Reatância magnetizante; O ramo AB representa o núcleo do transformador de alta impedância; Em um transformador, qualquer grandeza elétrica do primário pode ser refletida para o lado secundário, desde que levada em conta a relação de transformação, e vice versa. Para transformadores, deve-se pensar sempre em relação às impedâncias “vistas” pelos terminais. Pela relação de transformação vista no ensaio a vazio, 𝐸1 𝐸2 = 𝑁1 𝑁2 = 𝑉1 𝑉2 , Como, no ensaio em curto circuito, a impedância “enxergada” pelos terminais do transformador é zero (já que há um curto circuito nos terminais do transformador), IԐ = 0A, o que faz com que I2=I1. V2 V1 R1 XL1 R2 XL2 I1 I2 XM RN IԐ IM IHF A B Figura 2: Circuito T equivalente de um transformador monofásico. Todo ensaio a vazio é um ensaio de correntes nominais, por segurança feito pelo lado de alta tensão, pelo fato do mesmo apresentar corrente mais baixa que o lado de baixa tensão. Isso garante maior segurança no ensaio e instrumentos mais condizentes. Partindo de uma tensão na fonte igual a zero, aumenta-se o valor tensão até que o amperímetro conectado ao circuito indique a corrente nominal do transformador. A partir daí, mede-se a tensão de impedâncias (Vz) e a Potência de curto circuito (PCC). Como se impõe ao lado primário uma corrente nominal, de acordo com a relação da força magnetomotriz Fmm1 = N1.I1 e Fmm2 = N2.I2, produz-se uma corrente I2 no lado secundário. Sendo Fmm1 = Fmm2, já que estamos diante de um par ação e reação, então temos que: 𝐸1 𝐸2 = 𝑁1 𝑁2 = 𝑉1 𝑉2 = 𝐼1 𝐼2 E relação de transformação poderá ser vista, então, a partir das correntes. Estando o lado de baixa com uma corrente circulante igual à corrente nominal, e o lado de alta com uma corrente circulante igual à corrente nominal, na prática, a tensão no lado de alta fica em torno de 1 a 8% do seu valor nominal. Desta forma, estando o núcleo submetido a uma tensão muito baixa, sua impedância vista pela fonte fica comprometida, ficando a impedância do enrolamento primário em série com a impedância do enrolamento secundário. 𝑍𝐸 = 𝑍1 + 𝑍2 ′ (1), sendo 𝑍1 ≠ 𝑍2, mas 𝑍1 = 𝑍2 ′ (2), pelo efeito do casador de impedâncias a partir da relação de transformação. Sendo 𝑍2 ′ a impedância do lado de baixa vista pelo lado de alta. Pela lei de Ohm, 𝑉𝑍 = 𝑍𝐸 + 𝐼𝑁, então 𝑍𝐸 = 𝑉𝑍 𝐼𝑁 (3). A partir de (1) e (2), tem-se que: 𝑍1 = 𝑍𝐸 2 Uma característica de circuitos transformadores é que, qualquer grandeza de um lado pode ser referida ao outro lado pela relação de transformação. 𝐸1 𝐸2 = 𝑁1 𝑁2 = 𝑉1 𝑉2 = 𝐼1 𝐼2 = ( 𝑍1 𝑍2 ) 1 2⁄ = ( 𝑅1 𝑅2 ) 1 2⁄ = ( 𝑋1 𝑋2 ) 1 2⁄ Como 𝑃𝐶𝐶 = 𝑅𝐸 . 𝐼𝑁 2 , sendo 𝑅𝐸 a resistência equivalente dos lados de alta e baixa, 𝑅𝐸 = 𝑃𝐶𝐶 𝐼𝑁 2 . Do mesmo modo que analisa-se as impedâncias, analisa-se as resistências e reatâncias. 𝑅2 = 𝑅1 ( 𝑁1 𝑁2 ) 2 e 𝑋2 = 𝑋1 ( 𝑁1 𝑁2 ) 2. Sabendo-se a impedância pela Lei de Ohm, e a resistência pela potência Joule medida pelo Wattímetro, é possível fazer um triângulo de impedância e calcular a reatância de circuito elétrico equivalente do teste de curto circuito. 𝑋𝐸 = √𝑍𝐸 2 − 𝑅𝐸 2, com 𝜃𝑇 = 𝑎𝑟𝑐𝑐𝑜𝑠 𝑅𝐸 𝑍𝐸 , sendo 𝜃𝑇 o fator de potência dos ramos dos enrolamentos. 3.1 – MEDIÇÕES De posse de um transformador monofásico, 60Hz, 500VA, 220/110V, foram medidos em um ensaio de curto circuito: • 𝑉𝑍= 8V; • 𝐼𝑁= 2,27A; • 𝑃𝐶𝐶= 12W; Como espera-se uma corrente nominal de 𝐼𝑁 = 𝑆𝑁 𝑉𝑁 = 500𝑉𝐴 220𝑉 = 2,27𝐴. Calculando-se a impedância equivalente pela lei de Ohm, 𝑍𝐸 = 8𝑉 2,27𝐴 = 3,52Ω Referindo-se ao lado de baixa (uma vez que o ensaio de curto circuito é feito no lado de alta tensão), tem-se que 𝑍𝐸𝑏𝑡 = 𝑍𝐸 𝑎² = 0,882Ω Calculando-se a resistência equivalente pelo efeito Joule, 𝑅𝐸 = 12𝑊 (2,27𝐴)² = 2,33Ω Referindo-se ao lado de baixa, tem-se que 𝑅𝐸𝑏𝑡 = 𝑅𝐸 𝑎² = 0,582Ω De posse das impedâncias e resistências, calcula-se a reatância indutiva. 𝑋𝐸 = √0,882 2 − 0,5822 = 0,663Ω Finalmente, calcula-se o 𝜃𝑇, sendo ele 𝜃𝑇 = 𝑎𝑟𝑐𝑐𝑜𝑠 0,582 0,882 = 48,71°. Com o ensaio a vazio do transformador, sabe-se que a tensão ao lado de baixa vale 110V, e, como explicado em relatórios anteriores, pode-se assumir que 𝐸2 = 𝑉2 = 110𝑉. 3.2 - CIRCUITO EQUIVALENTE DO TRANSFORMADOR Figura 3: Circuito equivalente do transformador monofásico referido ao lado de baixa tensão Valores calculados: • 𝑅𝐸 = 0,582Ω; • 𝑋𝐸 = 0,663Ω; • 𝑍𝐸 = 0,882∠48,71° Ω; • 𝐶𝐸 = 𝐸2 = 110𝑉; Partindo-se das quedas de tensão em cada elemento do transformador, é possível traçar o Triângulo de Kapp. 𝑅𝐸 . 𝐼 = 𝟐, 𝟔𝟒𝑽 = 𝐴𝐵̅̅ ̅̅ ; 𝑋𝐸 . 𝐼 = 𝟑, 𝟎𝟏𝑽 = 𝐵𝐶̅̅ ̅̅ ; 𝑍𝐸 . 𝐼 = 𝟒, 𝟎𝟎𝑽 = 𝐴𝐶̅̅ ̅̅ Figura 4: Diagrama de Kapp para um transformador monofásico Os valores medidos via diagrama de Kapp serão: • Regulação máxima: 4,00V; • Regulação com uma carga de FP=0,92: 3,62V; • Regulação sem carga (𝐷𝐸 = 𝐶𝐸 − 𝐶𝐷): 2,68V; • Valor de tensão que chega efetivamente na carga: 𝑉2 = 𝐶𝐷 = 107,31𝑉; 4 – CONCLUSÃO Vê-se que, a partir do desenho do Diagrama de Kapp é possível analisar a fundo os diversos parâmetros de regulação do transformador, bem como as regiões ótimas de utilização do mesmo. Tais informações garantem ao usuário do equipamento a melhor forma de uso, bem como fazem com que o mesmo esteja de acordo com as normas da concessionária de energia elétrica.
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