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FUNDAMENTOS DA ENFERMAGEM

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1 
 
SUMÁRIO 
 
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO ..................................................................................... 2 
UNIDADE 2 – ENFERMAGEM COMO PROFISSÃO ................................................. 4 
2.1 ORIGEM E EVOLUÇÃO ............................................................................................ 4 
2.2 FUNDAMENTOS E TEORIAS ..................................................................................... 7 
2.3 O AMBIENTE HOSPITALAR .................................................................................... 19 
2.4 O ESTRESSE PROFISSIONAL ................................................................................. 22 
UNIDADE 3 – HUMANIZAÇÃO ................................................................................ 28 
3.1 CONCEITOS E IMPORTÂNCIA ................................................................................ 28 
3.2 A ARTE DE CUIDAR .............................................................................................. 29 
UNIDADE 4 – ÉTICA ................................................................................................ 37 
4.1 ÉTICA E BIOÉTICA ............................................................................................... 37 
4.2 CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM ................................................................ 44 
4.3 LEGISLAÇÃO ....................................................................................................... 47 
4.4 COMISSÕES DE ÉTICA ......................................................................................... 49 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 53 
 
2 
 
Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de 
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO 
 
Não há feriado, final de semana, férias coletivas! O hospital não fecha as 
portas para descanso ou balanço! É nesse ambiente e nesse contexto que atuam 
os(as) enfermeiros(as) e técnicos(as), dedicando grande parte de suas vidas ao 
cuidado às pessoas/pacientes que deles necessitem. 
Seja no pronto-socorro, administrando os primeiros atendimentos, seja na 
enfermaria, seja nos apartamentos, no berçário, nas Unidades de Tratamento 
Intensivo, lá estarão sempre altivos, carinhosos, praticando a “arte de cuidar” para 
amenizar o sofrimento de ambos, os pacientes e seus familiares. 
Enquanto ciência humana que é, a Enfermagem, um campo de 
conhecimento que fundamenta sua prática no cuidado de seres humanos, que 
abrange do estado de saúde aos estados de doença, mediada por transações 
pessoais, profissionais, científicas, estéticas, éticas e políticas. 
Criar condições para o cliente recuperar sua saúde; trabalho articulado no 
cotidiano de cuidar, tratamento humanizado, considerando as diferenças e 
igualdades são outras condições para o(a) enfermeiro(a) exercer com maestria 
sua profissão. 
Veremos ao longo deste módulo, a origem e evolução dessa profissão, 
falaremos sobre o ambiente hospitalar, o estresse pelo qual passa esse 
profissional; o conceito e importância da humanização, bem como refletiremos 
sobre a arte de cuidar. 
A ética, bioética, participação do Conselho Federal de Enfermagem, a 
legislação que rege a profissão e as comissões de ética também serão temas 
contemplados no momento. 
Ressaltamos em primeiro lugar que embora a escrita acadêmica tenha 
como premissa ser científica, baseada em normas e padrões da academia, 
fugiremos um pouco às regras para nos aproximarmos de vocês e para que os 
temas abordados cheguem de maneira clara e objetiva, mas não menos 
científicos. Em segundo lugar, deixamos claro que este módulo é uma compilação 
das ideias de vários autores, incluindo aqueles que consideramos clássicos, não 
se tratando, portanto, de uma redação original e tendo em vista o caráter didático 
da obra, não serão expressas opiniões pessoais. 
 
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direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios 
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3
 
Ao final do módulo, além da lista de referências básicas, encontram-se 
outras que foram ora utilizadas, ora somente consultadas, mas que, de todo 
modo, podem servir para sanar lacunas que por ventura venham a surgir ao longo 
dos estudos. 
 
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4
 
UNIDADE 2 – ENFERMAGEM COMO PROFISSÃO 
 
A maneira mais didática para definirmos “Enfermagem” vem do Guia do 
estudante publicado pela Editora Abril (2009). Vejamos: 
É a ciência que se dedica a promover, a manter e a restabelecer a saúde 
das pessoas. O enfermeiro atua na proteção, na promoção e na recuperação da 
saúde, bem como na prevenção de doenças. Em hospitais, é indispensável em 
todos os setores, da UTI à psiquiatria. Ele coleta os dados sobre o estado de 
saúde do paciente por meio de exames físicos e entrevistas e faz o diagnóstico de 
enfermagem para estabelecer a conduta a ser seguida. Trabalha em equipe 
multiprofissional (com médicos, nutricionistas, psicólogos, entre outros). É 
responsável desde a higiene e a alimentação até a administração de remédios e a 
prescrição de curativos. A enfermagem não se limita ao trabalho em hospitais e 
clínicas. Um campo importante é o da saúde coletiva, na qual o profissional atua 
na promoção da saúde e na prevenção de doenças, realizando também trabalhos 
educativos na comunidade. O licenciado está apto a ministrar aulas teóricas e 
práticas em cursos técnicos, sejam de nível médio, seja em escolas 
profissionalizantes, para formar auxiliares de enfermagem. 
Mas como surgiu a profissão? 
 
2.1 Origem e evolução 
Foi no início do século XIX que o paradigma cientificista ganhou espaço 
tentando superar a concepção mágico-religiosa1 vigente até então. É nesse 
período que o nome de Nightingale ganha importância na área da enfermagem a 
partir da sistematização de um campo de conhecimentos, instituindo-se “uma 
nova arte e uma nova ciência”, para a qual é preciso educação formal e 
organizada sobre bases científicas (DAHER, SANTO; ESCUDEIRO, 2002 apud 
OLIVEIRA; PAULA; FREITAS, 2007). 
O trabalho da enfermeira britânica Floresce Nightingale constituiu um 
marco para a história da enfermagem moderna. Atuou como enfermeira civil e 
voluntária na Guerra da Criméia (1854-1856), e, antes de sua chegada à região 
 
1 Nesse modelo, os sacerdotes ou xamãs expulsavam os espíritos que causavam doenças. 
 
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do conflito, os soldados encontravam-se no maior abandono. Poucos detinham os 
conhecimentos básicos para agir diante das emergências impostas, tanto que, 
durante essa guerra, a mortalidade entre os soldados chegou a 40%. 
Florence não conheciao conceito de contato por microrganismos, uma 
vez que este ainda não tinha sido descoberto, porém já acreditava em um 
meticuloso cuidado quanto à limpeza do ambiente e pessoal, ar fresco e boa 
iluminação, calor adequado, boa nutrição e repouso, com manutenção do vigor do 
paciente para a cura. 
Ao longo de toda a Guerra da Criméia, Florence conseguiu reduzir as 
taxas de mortalidade entre os soldados britânicos, através de seus esforços como 
enfermeira e provou a eficiência das enfermeiras treinadas para a recuperação da 
saúde. Diga-se de passagem, que até aquele momento, só homens e mulheres 
religiosos podiam cuidar dos soldados no exército. 
Florence ficou conhecida na história pelo apelido de “A dama da 
lâmpada”, pelo fato de servir-se deste instrumento para auxiliar na iluminação ao 
auxiliar os feridos durante a noite. Foi pioneira na utilização do Modelo biomédico, 
baseando-se na medicina praticada pelos médicos. Também contribuiu no campo 
da Estatística, sendo pioneira na utilização de métodos de representação visual 
de informações. 
As concepções teórico-filosóficas de enfermagem desenvolvidas por 
Nightingale tiveram como base observações sistematizadas e registros 
estatísticos extraídos de sua experiência prática no atendimento diário a doentes. 
Dessa vivência, foram obtidos quatro conceitos fundamentais: 1) ser humano, 2) 
meio ambiente, 3) saúde e 4) enfermagem. Esses conceitos, considerados 
revolucionários para sua época, foram revistos e ainda hoje se identificam com as 
bases humanísticas da enfermagem, tendo sido revigorados pela teoria holística 
(OLIVEIRA, PAULA, FREITAS, 2007). 
A história não para por aí... Segundo Oguisso (2005), as condições 
sanitárias do hospital de Scutari na Turquia, eram as piores possíveis, com 
excesso de feridos, muitos deitados no chão, poucos sanitários, falta de 
suprimentos para alimentação ou higiene e escassez de roupas, o que obrigava 
os pacientes a continuar com seus uniformes sujos de sangue e terra. Oguisso 
 
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ressalta ainda que, em dois meses, Nightingale colocou ordem no hospital de 
campanha, o que lhe valeu a reputação de administradora e reformadora de 
hospitais; em seis meses, ela havia reduzido a mortalidade entre os feridos a 2%. 
No Brasil, encontramos em Edith de Magalhães Fraenkel, a organizadora 
e primeira diretora da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo. 
Nascida no Rio de Janeiro (1889), neta de Benjamim Constant, e filha de cônsul, 
estudou na Alemanha, Suécia e Uruguai, dominando vários idiomas. Devido sua 
trajetória trazer muitos benefícios para o Brasil e para a classe, vamos falar um 
pouco sobre ela. 
Durante a primeira guerra, em 1918, fez o curso de Samaritana na Cruz 
Vermelha. Em 1920, fez o curso de visitadora na Inspetoria de Tuberculose do 
Departamento Nacional de Saúde Pública onde foi nomeada enfermeira-chefe. 
Edith Fraenkel candidatou-se e foi aceita em 1922 na Escola de 
Enfermagem do “Philadelphia General Hospital”, pela qual se diplomou em 
outubro de 1925. 
De volta ao Brasil, passou a lecionar na Escola Ana Néri2, onde 
permaneceu de 1925 a 1927, como instrutora e coordenadora do ensino. Em 
1926 influiu na criação da Associação Nacional de Enfermeiras Diplomadas 
Brasileiras, hoje Associação Brasileira de Enfermagem (ABEN) da qual foi a 
primeira presidente de 1927 a 1938. 
Em 1927, foi nomeada enfermeira chefe do Departamento Nacional de 
Saúde Pública e no ano seguinte diretora da Divisão de Enfermeiras de Saúde 
Pública desse mesmo departamento. 
Em 1936, fundou no Rio de Janeiro a primeira Escola de Serviço Social a 
funcionar no Brasil. 
No ano de 1939, foi convidada pela Fundação Rockefeller para organizar 
e dirigir a Escola de Enfermagem a ser criada em São Paulo. 
Sua sábia e eficiente direção levou a Escola de Enfermagem de São 
Paulo a atingir, em poucos anos, padrão de ensino comparável ao das melhores 
instituições congêneres dos EUA. 
 
2 Ana Nery nascida Ana Justina Ferreira (1814-1880), mãe de dois filhos, sendo um médico do 
Exército e foi sua inspiração para atuar como enfermeira na Guerra do Paraguai, daí a 
homenagem em colocar seu nome na primeira escola de enfermagem fundada no Brasil. 
 
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7
 
Ao longo do século XX, várias escolas de enfermagem foram fundadas no 
Brasil, principalmente em São Paulo e Rio de Janeiro, assim como a Associação 
Brasileira de Enfermagem (ABEN). 
 
2.2 Fundamentos e teorias 
Segundo Cianciarullo (2001), a enfermagem sempre se fundamentou em 
princípios, crenças, valores e normas tradicionalmente aceitas. A evolução da 
ciência, que possibilitou a compreensão da importância de pesquisar para 
constituir o saber, levou os enfermeiros a questionar esses preceitos tradicionais. 
No período de 1950, esse questionamento aumentou, fazendo surgir a 
necessidade de se desenvolver um corpo de conhecimento específico, o que 
seria possível somente pela elaboração de teorias próprias. Começando por 
alguns fundamentos que consideramos essenciais, temos a questão filosófica e 
os fundamentos teóricos da Sociopoética. 
Considerar o cuidado como a essência da profissão enfermagem conduz 
à reflexão sobre o compromisso dos profissionais de saúde com a orientação dos 
seus clientes centrada no autocuidado, o que pode se caracterizar como seu 
principal alvo no cotidiano de trabalho (GAUTHIER; HIRATA, 2001). 
Assim, considera-se também que pensar em saúde e em enfermagem é 
pensar em promoção da vida, com qualidade para vivê-la. Entende-se, dessa 
maneira, o saber/fazer que condiciona as ações e intervenções do profissional 
dessa área do conhecimento. A questão da implementação do processo de 
trabalho do(a) enfermeiro(a) volta-se, então, para a identificação de diagnósticos 
que lhe permite estabelecer um sistema de classificação de cuidados, 
demonstrando a necessidade de intervenções de enfermagem para o 
atendimento aos clientes. 
Defendemos, concordando com Santos et al. (2010), que a orientação 
principal para cuidar de pessoas considera a sua própria possibilidade de se 
tornar independente dos cuidados profissionais de baixa complexidade. Refere-se 
à responsabilidade pessoal de cada um na promoção de sua saúde, ou seja, no 
seu direito de bem viver a vida. 
 
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8
 
A teoria de Nola Pender sobre o deslocamento do modelo assistencialista 
de saúde para uma perspectiva de comprometimento do cliente quanto ao seu 
bem-estar no decorrer de sua vida cabe muito bem neste momento. Portanto, a 
orientação de enfermagem para o autocuidado institui o exercício da cidadania 
para o profissional e promoção da independência do cliente (SANTOS et al., 
2010). 
A exigência para esse comprometimento leva à reflexão de que é 
imprescindível à enfermagem reconstruir o seu modo de cuidar específico e, 
principalmente, desvinculadode um modelo que privilegia a cura de doenças que 
afetam as pessoas. Fazer enfermagem aplicando seu conhecimento específico 
ressalta o exercício da autonomia de saber dos(as) enfermeiros(as), bem como 
fortalece sua identidade profissional. 
Filosoficamente, podemos conjecturar que na enfermagem a prática é um 
saber tanto teórico como prático. A aplicação dos sentidos humanos, a intuição e 
a experiência no trato com a imprevisibilidade dos seres humanos ressaltam a 
cientificidade dos enfermeiros, ou seja, o reconhecimento de que suas habilidades 
contribuem para a construção de um novo paradigma científico (SANTOS, 1997). 
A arte de cuidar consolida-se na parceria profissional/cliente, pois 
cuidando com intenções e ações a partir do compartilhamento de saberes entre 
enfermeiro e cliente descaracteriza um cuidar vendo as pessoas apenas como 
objeto de trabalho (SANTOS et al., 2006). 
Cuidar em enfermagem é a busca de integração, espaço institucional e 
liberdade, desafiando o medo do desconhecido e enfrentando riscos inerentes ao 
crescimento. Os desafios do cuidar assumindo o verdadeiro papel profissional 
conduzem o enfermeiro e o cliente à sua autonomia (TAVARES, 1998). 
Além dessas concepções, considera-se que, para implementar uma 
perspectiva que torne viável a parceria cliente/profissional na promoção de suas 
vidas com bem-estar, é necessário pensar em outras concepções aplicáveis a 
uma ciência que, ao se reconstruir a cada dia, acrescenta mais sensibilidade ao 
seu desenvolvimento. Desse modo, reflete-se sobre a enfermagem no sentido de 
que sua cientificidade pode ser estabelecida através dessa sensibilidade 
impregnada no seu saber/fazer e em produzir conhecimentos. 
 
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Assim, encontramos na sociopoética uma abordagem no conhecimento 
do homem como ser político e social, que tem como princípios filosóficos: 1) a 
importância do corpo como fonte de conhecimento; 2) a importância das culturas 
dominadas e de resistência e dos conceitos que elas produzem; 3) o papel dos 
sujeitos de investigação como corresponsáveis pelo conhecimento produzido; 4) o 
papel da criatividade no aprender, no conhecer e no investigar; 5) a importância 
do sentido espiritual, humano, das formas e conteúdos do processo da construção 
do conhecimento (SANTOS et al., 2005). 
O criador da sociopoética, Jacques Gauthier, esclarece que essa 
abordagem é, também, um desenvolvimento da Pedagogia do Oprimido de Paulo 
Freire (2006), caracterizando um amadurecimento da filosofia dialógica desse 
grande educador brasileiro ao enfatizar que não devemos dizer ou impor ao povo 
nossa visão de mundo, mas sim, adotar uma postura de respeito mútuo e 
intercâmbio entre conhecimentos intelectuais e populares. Observando-se como 
acontece a interação entre cliente e profissional, indispensável ao cuidar, reflete-
se que, ideologicamente, na enfermagem existe concordância com essa postura 
dialógica. 
Por ser a enfermagem uma profissão privilegiada devido à proximidade 
dos profissionais com as pessoas nos seus momentos de sofrimento e/ou prazer, 
pode-se parodiar a assertiva de Augusto Boal: o cuidar em enfermagem é a arte 
de nos vermos humanos nos seres humanos; é a arte de aprender a viver, 
vivendo com a nossa humanidade (SANTOS et al., 2010). 
A Escuta Sensível, teorizada por René Barbier, é outra prática que vem 
sendo adotada como uma tecnologia de apoio para Sistematização da Assistência 
de Enfermagem (SAE), proporcionando resultados caracterizados em 
diagnósticos de impossível obtenção quando se emprega apenas tecnologias 
duras-leves, através de equipamentos e aparelhos (CORRÊA, SANTOS, 
ALBUQUERQUE, 2008). 
Portanto, a proposta de Barbier facilita a expressão de subjetividade que 
ajuda na reconstituição do equilíbrio físico, mental e espiritual do cliente, sendo 
assim reconhecida na enfermagem como Escuta Terapêutica. 
 
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A Escuta Terapêutica pode ser definida como a capacidade de sentir o 
universo afetivo, imaginário e cognitivo do outro, possibilitando-lhe a 
compreensão do que se expressa a partir do mais profundo e interior do ser 
humano, as atitudes e os comportamentos, o sistema de ideias, de valores, de 
símbolos e de mitos (BARBIER, 2002). 
Enfim, essa modalidade de escuta torna-se uma tecnologia a ser 
empregada na ciência do sensível que é a enfermagem, quando desenvolvida em 
um paradigma estético, passando a orientar os princípios filosóficos que 
simultaneamente os sociopoetas seguem. 
A utilização dessa tecnologia no cuidar recorda uma humanidade refletida 
e assumida, pois, segundo o autor da escuta sensível, uma pessoa só existe pela 
presença de um corpo, de uma imaginação, de uma razão, de uma afetividade em 
permanente interação. 
Daí que os sentidos corporais humanos são desenvolvidos na pesquisa 
sociopoética quando se aplica a escuta sensível. Tais sentidos, junto às emoções, 
sensibilidade, sentimentos, intuição e razão, corroboram um dos cinco princípios 
sociopoéticos que devem permear o universo do enfermeiro (SANTOS et al., 
2010). 
Rolim, Pagliuca e Cardoso (2005 apud OLIVEIRA; PAULA; FREITAS, 
2007) afirmam que a teoria no campo da enfermagem foi fundamentada na 
prática profissional. Elas constituem um modo sistemático de olhar o mundo para 
descrevê-lo, explicá-lo, prevê-lo ou controlá-lo. Dessa forma que a teoria de 
enfermagem é definida como uma conceitualização articulada e comunicada da 
realidade, inventada ou descoberta, com a finalidade de descrever, explicar, 
prever ou prescrever o cuidado de enfermagem. 
Chinn e Kramer, Hickman, Carraro (s.d apud CARVALHO; DAMASCENO, 
2003) defendem que as teorias de enfermagem promovem a identidade 
profissional, pois constituem a base na qual o profissional de enfermagem se 
apoia para explicar seu trabalho. 
Igualmente para Almeida, Lopes e Damasceno (2005), o uso de teorias 
na Enfermagem reflete um movimento da profissão em busca da autonomia e da 
 
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delimitação de suas ações. Torna-se, portanto, de extrema relevância que as 
teorias possam ser analisadas quanto à sua aplicabilidade na prática. 
Para Cianciarullo (2001), as reflexões e a observação da prática 
conduziram à conclusão de que, no universo da enfermagem, os fenômenos e os 
conceitos centrais eram os seres humanos, o ambiente, a saúde e a própria 
enfermagem, ou seja, a ação profissional. Todos os modelos conceituais ou 
teorias foram construídos pelo relacionamento desses conceitos, e sua publicação 
data, majoritariamente, das décadas de 1960 e 1970. 
De modo geral, a enfermagem tem utilizado teorias lançadas fora do 
âmbito da enfermagem como base de sustentação para o desenvolvimento de 
suas próprias teorias. Entre as que foram elaboradas fora da enfermagem e que 
têm sido aplicadas a esse campo, a fim de oferecer explicações para as relações 
entre homem, ambiente, saúdee enfermagem e guiar o processo de 
enfermagem, estão: a teoria de sistemas; da tensão e adaptação; do crescimento 
e desenvolvimento e do ritmo. 
No que tange à Teoria das Relações Interpessoais de Peplau, pode-se 
dizer que seus fundamentos são as do crescimento e desenvolvimento, como os 
estudos de Erick Fromm e, sobretudo, a Teoria Interpessoal de Harry Stack 
Sullivan (GEORGE, 2000). 
De forma geral, essas teorias adotam como pressuposto básico que o 
crescimento e o desenvolvimento humanos ocorrem de forma gradual até a 
realização do seu potencial máximo. O crescimento é entendido como um 
aumento relacionado ao tamanho e formas físicas, ordenado e com tendências 
regulares em seu direcionamento, mas que acontece para cada pessoa em um 
padrão único influenciado por fatores intrínsecos e extrínsecos. 
O desenvolvimento, por outro lado, refere-se a mudanças funcionais no 
indivíduo, mais de caráter qualitativo, e que também recebem influências internas 
e externas (LEDDY; PEPPER, 1989 apud ALMEIDA, LOPES, DAMASCENO, 
2005). 
A importância desta teoria reside no fato de que o profissional passa 
pelas fases de orientação, identificação, exploração e resolução do problema na 
qual a enfermagem desenvolve diferentes papéis para auxiliar o paciente no 
 
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desenvolvimento de suas necessidades, até que esse esteja pronto a assumir 
uma atuação independente da enfermagem (ALMEIDA, LOPES, DAMASCENO, 
2005). 
A teoria de enfermagem do déficit de autocuidado (teoria geral de 
enfermagem de Dorothea Orem) é composta de três teorias inter-relacionadas, ou 
seja, a teoria do autocuidado, a teoria do déficit de autocuidado e a teoria dos 
sistemas de enfermagem. Incorporados a essas três teorias, Orem preconiza seis 
conceitos centrais e um periférico. 
Os seis conceitos centrais são: i) autocuidado; ii) ação de autocuidado; iii) 
déficit de autocuidado; iv) demanda terapêutica de autocuidado; v) serviço de 
enfermagem e vi) sistema de enfermagem (DIÓGENES E PAGLIUCA, 2003). 
O conceito periférico, a autora denominou de fatores condicionantes 
básicos, que é relevante para a compreensão de sua teoria geral de enfermagem 
(GEORGE, 2000). 
i) A Teoria do autocuidado: 
Para se entender a teoria do autocuidado, é necessário definir os 
conceitos relacionados, como os de autocuidado, ação de autocuidado, fatores 
condicionantes básicos e demanda terapêutica de autocuidado. Autocuidado é a 
atividade que os indivíduos praticam em seu benefício para manter a vida, a 
saúde e o bem-estar. Ação de autocuidado é a capacidade de o homem engajar-
se no autocuidado. Os fatores condicionantes básicos seriam a idade, o sexo, o 
estado de desenvolvimento, o estado de saúde, a orientação sociocultural e os 
fatores do sistema de atendimento de saúde. 
Na teoria do autocuidado incorpora-se o conceito dos requisitos de 
autocuidado: universais, desenvolvimentais e desvio de saúde. 
Os requisitos universais são comuns aos seres humanos, auxiliando-os 
em seu funcionamento, estão associados com os processos da vida e com a 
manutenção da integridade da estrutura e do funcionamento humano. Os 
requisitos desenvolvimentais ocorrem quando há a necessidade de adaptação às 
mudanças que surjam na vida do indivíduo. Os requisitos por desvio de saúde 
acontecem quando o indivíduo em estado patológico necessita adaptar-se a tal 
situação. 
 
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Os requisitos para o autocuidado por desvio de saúde são: 
� busca e garantia de assistência médica adequada; 
� conscientização e atenção aos efeitos e resultados de condições e estados 
patológicos; 
� execução de medidas prescritas pelo médico e conscientização de efeitos 
desagradáveis dessas medidas; 
� modificação do autoconceito (e da autoimagem) na aceitação de si como 
estando num estado especial de saúde; 
� aprendizado da vida associado aos efeitos de condições e estados 
patológicos, bem como de efeitos de medidas de diagnósticos e 
tratamentos médicos, num estilo de vida que promova o desenvolvimento 
contínuo do indivíduo. 
Os requisitos de autocuidado são: 
� manutenção e ingesta suficiente de ar, água e alimento; 
� a provisão de cuidados com eliminação e excreção; 
� manutenção de um equilíbrio entre atividade e descanso, entre solidão e 
interação social; 
� a prevenção de riscos à vida, ao funcionamento e ao bem-estar humano; 
� a promoção do funcionamento e desenvolvimento humano, em grupos 
sociais, conforme o potencial humano, limitações humanas conhecidas e o 
desejo de ser normal (GEORGE, 2000). 
 
ii) A teoria do déficit do autocuidado: 
O déficit de autocuidado ocorre quando o ser humano se acha limitado 
para prover autocuidado sistemático, necessitando de ajuda de enfermagem. 
Constitui a essência da teoria geral de enfermagem de Orem, pois possibilita 
apontar a necessidade de enfermagem. Justifica-se quando o indivíduo acha-se 
incapacitado ou limitado para prover autocuidado contínuo e eficaz. 
Orem identifica cinco métodos de ajuda, no déficit de autocuidado: agir ou 
fazer para o outro, guiar o outro, apoiar o outro (física ou psicologicamente), 
proporcionar um ambiente que promova o desenvolvimento pessoal, quanto a se 
tornar capaz de satisfazer demandas futuras ou atuais de ação, ensinar o outro. 
 
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iii) A teoria de sistemas de enfermagem: 
A teoria de sistemas de enfermagem é dividida em sistema totalmente 
compensatório, quando o ser humano está incapaz de cuidar de si mesmo, e a 
enfermagem o assiste, substituindo-o, sendo suficiente para ele. Sistema 
parcialmente compensatório, quando a enfermagem e o indivíduo participam na 
realização de ações terapêuticas de autocuidado. 
 
iv) O sistema de apoio-educação é quando o indivíduo necessita de 
assistência na forma de apoio, orientação e ensinamento (GEORGE, 2000). 
O enfermeiro é um profissional treinado e experiente que pode 
proporcionar cuidados de enfermagem para pessoas que necessitam de cuidados 
especiais, beneficiando-as. 
Os quatro principais conceitos dessa teoria são: ser humano, saúde, 
sociedade e enfermagem em seu trabalho. O ser humano se diferencia dos outros 
seres vivos porque tem a capacidade de refletir sobre si mesmo e o ambiente que 
o cerca (DIÓGENES, PAGLIUCA, 2003). 
Quanto ao conceito de saúde, sustenta a definição da Organização 
Mundial de Saúde, “como estado mental e social e não apenas a ausência de 
doença ou da enfermidade” (FOSTER, BENETT, OREM, 2000, p. 89). A saúde 
tem por base a prevenção da saúde, incluindo a promoção e manutenção da 
saúde, o tratamento da doença e prevenção de complicações. Ou seja, a 
prevenção primária, a secundária e terciária, respectivamente. 
Em se tratando de sociedade, atualmente acredita-se que as pessoas 
adultas sejam responsáveis por si e pelo bem-estar de seus dependentes 
(GEORGE, 2000). 
No processo de trabalho da enfermagem, o enfermeiroé o profissional 
que poderá ajudar o indivíduo, promovendo interação mútua através da consulta 
de enfermagem, abordagem com a família envolvendo-a no tratamento, reuniões 
de grupos, orientando-os e levando-os a aprenderem como realizar práticas de 
autocuidado. 
A teoria geral de Orem proporciona a visão do fenômeno da enfermagem 
permitindo que o enfermeiro juntamente com o indivíduo implementem ações de 
 
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autocuidado adaptadas de acordo com as suas necessidades, de maneira que a 
relação de ajuda se expresse no diálogo aberto e promova o exercício do 
autocuidado. 
Já a Teoria de Martha Rogers, é uma teoria dedutiva, que parte do geral 
para o particular, substantiva, usa modelos de abrangência universal, e 
predicativa, descreve, especifica e prediz o fenômeno. Utiliza linguagem geral, 
científica e simbólica e o homem é visto como um todo – ser biológico, 
psicológico, sociocultural e espiritual. 
Embora não apresente procedimentos ou o processo de enfermagem, 
utiliza como instrumentos e valores, a imaginação e a criatividade. 
Para Rogers, a enfermagem é uma ciência e uma arte, tendo como 
objetivo o cuidar das pessoas para que atinjam seu potencial máximo de saúde, e 
busca o preenchimento das necessidades humanas. 
O(a) enfermeiro(a) é um agente de mudanças; sendo que esse 
profissional de amanhã será diferente dos de hoje, o de hoje é diferente dos 
passados. 
A Teoria do Cuidado Transcultural citada por Leininger (1985 apud 
BRAGA, 1997) enfatiza que há diversidades no cuidado humano, com 
características que são identificáveis e que podem explicar e justificar a 
necessidade do cuidado transcultural de enfermagem, de forma que este se 
ajuste às crenças, valores e modos das culturas, para que um cuidado benéfico e 
significativo possa ser oferecido. 
Os atos do cuidado cultural que são congruentes com as crenças e 
valores do cliente são considerados como sendo o conceito mais significativo, 
unificador e dominante para se conhecer, compreender e prever o cuidado 
terapêutico popular. 
O cuidado baseado culturalmente é o fator principal e significativo na 
afirmação da Enfermagem como curso e como profissão, e no fornecimento e 
manutenção da qualidade do cuidado de enfermagem prestado aos indivíduos, às 
famílias e aos grupos comunitários. Leininger (1983 apud BRAGA, 1997) declara 
o cuidado como centro, único e dominante, foco característico da Enfermagem. 
 
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O cuidado cultural, ainda referendando a autora, significa avaliação 
consciente e um esforço deliberado para usar valores culturais, crenças, modo de 
vida de um indivíduo, família ou grupo comunitário, para fornecer auxílio 
significativo para estas necessidades de cuidado nos serviços de saúde. 
Leininger (1984, p. 42), segundo Braga (1997), refere que 
 
culturalmente, as ações de cuidado de enfermagem e intervenções são 
previsíveis para manter a saúde do cliente, fornecer satisfação e ajudá-lo 
a se recuperar de doenças ou incapacidades. O cuidado culturalmente 
congruente pode também ajudar clientes face à morte de modo 
significativo e pacífico. 
 
Desta forma, a Enfermagem tem como foco segundo Leininger, 
 
o estudo da análise comparativa de diferentes culturas ou subculturas no 
que diz respeito ao comportamento relativo ao cuidado em geral, ao 
cuidado de enfermagem, assim como aos valores, crenças e padrões de 
comportamento relacionados à saúde e doença (GUALDA; HOGA, 
1992). 
 
Essa autora afirma ainda que o objetivo da enfermagem transcultural vai além da 
apreciação de culturas diferentes, mas de tornar o conhecimento e a prática 
profissional culturalmente embasada, conceituada, planejada e operacionalizada. 
Se aqueles que praticam a enfermagem não considerarem os aspectos culturais 
da necessidade humana, suas ações poderão ser ineficazes e trazer 
consequências desfavoráveis para os assistidos. 
Os pressupostos básicos da Enfermagem Transcultural e que desafiam a 
Enfermagem a descobrir em profundidade o fenômeno do cuidado, são: 
� o cuidado humano é um fenômeno universal, mas a expressão, o processo 
e o modelo variam entre as culturas; 
� cada situação de cuidado de enfermagem tem comportamento no cuidado 
transcultural, necessidades e implicações; 
� o ato e processo de cuidar são essenciais para o desenvolvimento 
humano, crescimento e sobrevivência; 
� o cuidado poderá ser considerado a essência e unificação intelectual e 
dimensão prática do profissional de enfermagem; 
 
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� o cuidado tem dimensões biofísicas, psicológicas, culturais, sociais e 
ambientais, as quais puderam ser estudadas, praticadas no sentido a 
prover cuidado holítisco para as pessoas; 
� o comportamento de cuidado transcultural, formas e processos, tem ainda 
que ser verificado em diversas culturas, quando este corpo de 
conhecimento é obtido, tendo potencial para revolucionar a prática diária 
da enfermagem; 
� para fornecer cuidado de enfermagem terapêutico, a enfermeira poderá ter 
conhecimento de valores culturais, crenças e práticas dos clientes; 
� os comportamentos de cuidados e funções variam de acordo com 
características da estrutura social de determinada cultura; 
� a identificação de comportamento universal e não universal, cuidado 
popular e cuidado profissional, crenças e práticas, serão importantes para 
o avanço do corpo de conhecimentos de Enfermagem; 
� há diferenças entre a essência e as características essenciais de cuidado e 
comportamentos de cura e processos; 
� não existe cura sem cuidado, mas pode existir cuidado sem cura (BRAGA, 
1997). 
Desde que escreveu seu primeiro livro, em 1979, a enfermeira Jean 
Watson, passou a ser considerada pioneira no estudo da enfermagem como uma 
disciplina científica que une a racionalidade e a sensibilidade. A teoria sobre o 
Cuidado Transpessoal faz de Jean Watson, a mãe de um novo paradigma em 
cuidados de saúde, pois conforme ela explica: 
 
Em vez de um enfermeiro ministrar analiticamente um tratamento a um 
doente, quer-se que o técnico de saúde saiba comunicar, interagir, 
conhecer para então depois proporcionar o cuidado necessário. O 
objetivo é a cura global do paciente e a satisfação do prestador de ajuda 
(BASTOS, 2009). 
 
No fundo, o que se perspectiva neste novo paradigma, segundo ela “é 
saber responder às necessidades de cada doente, é ter de recorrer a um 
complexo altamente criativo para encontrar as melhores soluções”. Soluções que, 
tem levado departamentos e mesmo hospitais a adotarem novos comportamentos 
por parte do seu corpo de enfermeiros (as). Há preocupação com uma mudança 
de valores, unindo racionalidade e sensibilidade e tornando a enfermagem um 
 
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processo interativo entre quem cuida e quem é cuidado. Jean Watson afirma que 
não se pode dissociar a prática da enfermagem sem outras áreas de 
conhecimento como a filosofia, a teologia, a educação, a psicologia ou a 
antropologia. 
A perspectiva humanística do cuidado quer abandonar o modelo do 
diagnóstico da doença e buscar a humanidade da cura, equacionando-se as suas 
dimensões psicológicas, espirituais e socioculturais. Encontrar o equilíbrio, “o 
centro”, como diz, entre corpo e mente deverá ser a meta de qualquer intervenção 
em saúde. Nesta importante profissão de cuidar-curar, a enfermagem assume um 
papel ainda mais importante: a enfermagem detém a única profissão em que 
acaba por ser o elo de ligação entre o hospital, os médicos e a família. É preciso 
interromper o atual padrão de funcionamento da enfermagem. É preciso encontrar 
novas formas de cuidar. É preciso criar um novo ambiente de cura, essa é a 
verdade! 
Para Watson (1988 apud RIBEIRO, 2005), o cuidar é visto como um ideal 
moral da enfermagem. É, sobretudo, a essência da enfermagem, sendo 
característica fundamental a preservação da dignidade humana. Reflete também, 
que o cuidado manifesta-se no encontro das pessoas que estão envolvidas no ato 
de cuidar, ou seja, na reciprocidade entre a equipe de enfermagem e a pessoa 
cuidada. Assim, o cuidado está relacionado com a interação entre seres humanos 
através da intersubjetividade, permitindo um encontro real e autêntico entre quem 
cuida e é cuidado, transcendendo o mundo meramente físico e material, fazendo 
contato com o mundo emocional e subjetivo da pessoa. 
Chistóforo e cols. (2006, p. 59 apud BASTOS, 2009) complementam que 
a relação de cuidado em enfermagem é uma relação humana, o que 
consequentemente implica a conjugação de dois seres humanos totalmente 
diferentes, uma vez que cada pessoa representa um universo inimaginável e 
irrepetível, que se rege por sentimentos, percepções, pensamentos, emoções e 
necessidades. 
Segundo Jean Watson, os fatores importantes no cuidar são: 
� praticar o amor; 
� praticar a amabilidade; 
 
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� praticar a coerência dentro de um contexto de cuidado consciente; 
� ser autêntico; 
� estar presente; 
� ser capaz de praticar e manter um sistema profundo de crenças e um 
mundo subjetivo de sua vida e do ser cuidado; 
� cultivar suas próprias práticas espirituais e transpessoais de ser, mas além 
de seu próprio ego, aberto a outros com sensibilidade e compaixão; 
� desenvolver e manter uma autêntica relação de cuidado, de ajuda e 
confiança; 
� estar presente e dar apoio na expressão de sentimentos positivos e 
negativos, como uma conexão profunda com o espírito do ser e do ser que 
cuida do outro; 
� uso criativo do ser, de todas as formas de conhecimento, como parte do 
processo de cuidado para comprometer-se artisticamente com as práticas 
de cuidado e proteção; 
� comprometer-se de maneira genuína em uma experiência de prática de 
ensino e aprendizagem; 
� criar um ambiente protetor em todos os níveis, onde se está consciente do 
todo, da beleza, do conforto, da dignidade e da paz; 
� assistir às necessidades humanas conscientemente, administrando um 
cuidado humano essencial, o qual potencializa a aliança mente corpo, 
espírito; 
� estar aberto e atento à espiritualidade e à dimensão existencial de sua 
própria vida. 
Falamos de algumas teorias, mas ressaltamos que existem muitas outras 
e que estas, expostas até o momento, mereciam aprofundamento, portanto, 
consultem as referências ao final da apostila e boas leituras. 
 
2.3 O ambiente hospitalar 
A origem da palavra “hospital” vem do latim hospitalis, que significa 
hospitaleiro, acolhedor. Na realidade é um adjetivo de hospes, que significa 
hóspede, estrangeiro, viajante (BORBA; LISBOA, 2006). 
 
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Estes termos: hospital e ospedale surgiram do latim primitivo, mas nos 
primórdios da Era Cristã, quando se pretendia identificar o lugar onde ficavam 
doentes era comumente chamado de nosocomium, e a recepção de doentes = 
nosodochium, palavras de origem grega. 
Watanabe (2007) afirma que, desde a Antiguidade, o hospital mantinha 
uma forte ligação com a igreja, e, também, uma forte vocação altruísta de acolher 
pessoas, que naqueles tempos já eram marginalizadas pela sociedade vigente, 
podendo estes ser pobres, órfãos ou peregrinos. Com o passar dos séculos, foi 
tomando outro sentido, ou seja, assumiu a função de recepcionar e tratar doentes. 
Atualmente, o hospital é parte integrante de uma organização Médica e 
Social, cuja função básica consiste em proporcionar à população assistência 
médica sanitária completa, tanto curativa como preventiva, sob qualquer regime 
de atendimento, inclusive o domiciliar, cujos serviços externos irradiam até o 
âmbito familiar, constituindo-se também, em centro de educação, capacitação de 
Recursos Humanos e de Pesquisas em Saúde, bem como de encaminhamento 
de pacientes, cabendo-lhe supervisionar e orientar os estabelecimentos de saúde 
a ele vinculados tecnicamente. Podemos assim agrupar as funções hospitalares: 
� prestação de atendimento médico e complementares aos doentes em 
regime de internação; 
� desenvolvimento, sempre que possível, de atividades de natureza 
preventiva; 
� participação em programas de natureza comunitária, procurando atingir o 
contexto Sócio Familiar dos pacientes, incluindo aqui a educação em 
saúde, que abrange a divulgação dos conceitos de promoção, proteção e 
prevenção da saúde (GONÇALVES, 1983). 
As regras que hoje ditam os rumos profissionais obrigaram o mercado a 
tomar inúmeras ações que vem modificando totalmente o sentido da atenção 
médica, especialmente nos últimos dez anos. Por um lado, a população tem se 
conscientizado dos seus direitos enquanto consumidores, ou seja, usuários de 
serviços, e por outro, alertou os hospitais, quer sejam públicos ou privados, de 
que precisavam reconhecer a necessidade de melhorar os seus serviços, otimizar 
os seus recursos e buscar profissionais cada vez mais capacitados. 
 
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No segmento privado, estas alterações são ainda mais evidentes, pois os 
resultados comerciais são diretamente afetados pela concorrência, cada vez mais 
acirrada. 
Evidentemente, em um país em desenvolvimento, como o Brasil, nem 
sempre os projetos andam linearmente, dentro dos esquemas previstos. Porém, 
nota-se cada vez mais que as entidades buscam de todas as formas não apenas 
se atualizar em termos de tecnologia, mas também aprimorar ao máximo sua 
equipe profissional, de tal forma que o serviço oferecido à população seja o 
melhor possível. 
Para Teixeira (1983), o Administrador no hospital tem menos autoridade e 
poder queem outras organizações, porque o hospital não pode ser organizado 
com base em uma linha única de autoridade. A coexistência de linhas de 
autoridade legal, profissional e mista gera muitos problemas administrativos. Ele 
tem quatro centros de poder, a diretoria superior, os médicos, a administração e 
os demais profissionais, entre os quais destaca-se a enfermagem. 
Entretanto, numa contradição, a organização formal dos hospitais, de 
modo geral, mostra que a direção superior tem toda a autoridade e a 
responsabilidade pela instituição. A diretoria delega ao administrador a gerência 
do dia-a-dia da instituição, o qual delega às chefias dos serviços sua autoridade 
de comando. O corpo clínico do hospital pode estar subordinado ao diretor e/ou 
administrador e o médico tem grande autonomia no seu trabalho e também 
autoridade profissional sobre outros na organização. Tal processo varia entre os 
tipos de hospitais. 
Também é fato que o hospital tem pouco controle sobre seus públicos, 
principalmente os médicos e os pacientes. O trabalho hospitalar é diversificado e 
com pouca padronização. São pessoas cuidando de pessoas, participando 
ativamente do processo produtivo (TEIXEIRA, 1983). 
Os serviços de atenção e tratamento são personalizados a cada paciente. 
Nas situações de emergência, a instituição tem pouca tolerância aos erros. O 
valor econômico do produto organizacional é secundário ao valor social 
humanitário. É uma organização especializada, departamentalizada e 
profissionalizada, que não pode funcionar efetivamente sem uma coordenação 
 
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interna, motivação, autodisciplina e ajustes informais e voluntários de seus 
membros. A coordenação de esforços e atividades é importante pela 
interdependência do trabalho que deve ser realizado. 
Esse é, em linhas gerais, o ambiente hospitalar em termos de estrutura 
macro, o básico que precisamos saber para atuar enquanto corpo de 
enfermagem. 
 
2.4 O estresse profissional 
Vários autores consideram, com razão, a Enfermagem como uma 
profissão estressante, devido à vivência direta e ininterrupta do processo de dor, 
morte, sofrimento, desespero, incompreensão, irritabilidade e tantos outros 
sentimentos e reações desencadeadas pelo processo doença (BATISTA; 
BIANCHI, 2006). 
Se pensarmos nas unidades de emergência, é exigido do enfermeiro, 
aumento da carga de trabalho e maior especificidade nas suas ações na 
prestação de suas tarefas. Os maiores estressores citados nesta área são: 
� número reduzido de funcionários; 
� falta de respaldo institucional e profissional; 
� carga de trabalho; 
� necessidade de realização de tarefas em tempo reduzido; 
� indefinição do papel do profissional; 
� descontentamento com o trabalho; 
� falta de experiência por parte dos supervisores; 
� falta de comunicação e compreensão por parte da supervisão de serviço; 
� relacionamento com os familiares; 
� ambiente físico das unidades; 
� tecnologia de equipamentos; 
� assistência ao paciente e situação de alerta constante, devido a dinâmica 
do setor (BATISTA; BIANCHI, 2006). 
Ainda existe, mesmo que entrelinhas, a dupla jornada de trabalho, os 
profissionais da enfermagem se obrigam a trabalhar em mais de uma instituição 
 
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para aumento da renda familiar, além disso, o trabalho em turnos é uma 
característica da enfermagem, uma vez que a assistência é prestada 24 horas. 
A verdade é que todas essas condições obrigam que o profissional 
trabalhe a noite, nos fins de semana e feriados, limitando assim, sua vida social 
(PAFARO; MARTINO, 2004). 
Já ao pensarmos nas Unidades de Terapia Intensiva, a atenção deve ser 
redobrada; as habilidades, assim como a responsabilidade requerida são 
específicas; o senso de ajuda, a concentração, a habilidade em tomar decisões, 
somam-se para construir o corpo de profissionais que ali atuam. 
Os profissionais que trabalham na área de saúde apresentam acentuado 
risco ocupacional, considerando o estresse, por conviver constantemente com 
situações de sofrimento, depressão, dor, tragédia, etc. A enfermagem vive uma 
realidade de trabalho cansativo e desgastante gerada pela diversidade, 
intensidade e simultaneidade de exposição a cargas físicas, químicas, mecânicas, 
fisiológicas e psíquicas. Este ambiente de trabalho turbulento e conflitante 
colabora para o aparecimento do estresse que geralmente o profissional demora 
em perceber seu adoecimento. Por vezes, envolvido pela rotina do setor, a 
qualidade do atendimento acaba por tornar-se insatisfatório pelo paciente 
(HARBS; RODRIGUES; QUADROS, 2007). 
O estresse caracteriza-se por uma resposta adaptativa do organismo 
frente a novas situações, especialmente àquelas entendidas como ameaçadoras. 
É considerado um processo individual, com variações sobre a percepção de 
tensão e manifestações psicopatológicas diversas. 
No âmbito laboral, pode produzir uma diversidade de sintomas físicos, 
psíquicos e cognitivos, por requerer respostas adaptativas prolongadas para 
tolerar, superar ou se adaptar a agentes estressores, os quais podem 
comprometer o indivíduo e as organizações (PASCHOALINI et al., 2008). 
De acordo com Stacciarini e Troccoli (2001), a palavra estresse tem sido 
muito recorrida, associada a sensações de desconforto, sendo cada vez maior o 
número de pessoas que se definem como estressadas ou relacionam a outros 
indivíduos na mesma situação. O estresse é quase sempre visualizado como algo 
negativo que ocasiona prejuízo no desempenho global do indivíduo. Estressor é 
 
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uma situação ou experiência que gera sentimentos de tensão, ansiedade, medo 
ou ameaça que pode ser de origem interna ou externa. O estresse não deve ser 
entendido como uma condição estática, pois é um fenômeno bastante complexo e 
dinâmico. 
Para Clarke (1984 apud STACCIARINI; TROCCOLI, 2001), o estresse é 
difícil de conceituar e pode ser entendido de três formas distintas: 
a) como estímulo; 
b) como resposta; ou, 
c) como interação ou transação entre ambiente interno e externo do indivíduo. 
Admite-se estas três questões envolvidas na conceituação, segundo 
distintas abordagens: 
a) como estímulo, com o enfoque no impacto dos estressores; 
b) como resposta, quando examina a tensão produzida pelos estressores; e, 
c) como processo, quando entendido a partir da interação entre pessoa e 
ambiente. 
O estresse é um processo psicológico e a compreensão dos eventos 
estressantes é afetada por variáveis cognitivas; não é a situação nem a resposta 
da pessoa que define o estresse, mas a percepção do indivíduo sobre a situação 
(MONAT; LAZARU, 1977 apud STACCIARINI; TROCCOLI, 2001). 
De acordo com Isaacs (1998), estresse pode ser definido como: 
� sobrecarga a uma pessoa que requer ajustes ou adaptações; 
� estímulo ou situação que produz desconforto; 
� síndrome que consiste em respostas inespecíficas induzidasno organismo, 
denominada síndrome geral da adaptação, apresentando três estágios: (a) 
reação de alarme: as defesas corporais são mobilizadas quando o sistema 
nervoso simpático e o sistema endócrino reagem ao estresse ativando uma 
grande quantidade de adrenalina e cortisona; (b) estágio de resistência: as 
respostas adaptativas tentam limitar os danos causados pelo agente 
estressor; (c) estágio de exaustão: isso pode ocorrer se a tentativa de 
adaptação do corpo não é bem sucedida; 
� relação entre pessoa e ambiente avaliada pela pessoa como superando 
seus recursos e colocando em risco seu bem-estar. 
 
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Já Montanholi, Tavares e Oliveira (2006) consideram estresse como 
sendo resultante da percepção entre a discordância das exigências de 
determinadas tarefas e os recursos pessoais para cumpri-las. Uma pessoa pode 
sentir tal discordância como desafio e, em consequência, reagir dedicando-se à 
tarefa. Ao contrário, se a discordância é percebida como ameaçadora, o 
trabalhador enfrentará uma situação estressante negativa, que poderá conduzi-lo 
a evitar a tarefa. 
De acordo com Coronnetti et aI (2006), o estresse não é uma doença, é o 
estado do organismo quando submetido à tensão. Numa situação estressante, o 
corpo sofre reações químicas. Em excesso, isso pode prejudicar o organismo. 
O estresse pode atuar sobre várias partes do corpo: 
� cérebro – o cérebro produz uma família de substâncias conhecidas como 
opiaceos, responsável pela sensação de bem-estar, e serotonina, que faz o 
corpo relaxar. Submetido ao estresse, o cérebro diminui a produção das 
duas. Com isso, a pessoa torna-se irritável e, às vezes, insone; 
� maxilares – a pessoa estressada costuma ranger os dentes, o que pode 
desgastá-los e deslocar a mandíbula a ponto de pressionar os nervos da 
face. Isso produz zunidos nos ouvidos e até tontura; 
� glândulas – fabricam adrenalina, que mantém o corpo alerta, e cortisol, que 
energiza os músculos; 
� suprarrenais – fabricam adrenalina, que mantém o corpo alerta, e cortisol, 
que energiza os músculos. Em excesso, o cortisol reduz a resistência às 
infecções. Pode causar morte de neurônios, envelhecimento cerebral e 
perda de memória; 
� coração – a noradrenalina, produzida nas suprarrenais, acelera os 
batimentos cardíacos, provoca uma alta de pressão arterial e, quando 
produzida durante longos períodos, sobrecarrega o músculo cardíaco; 
� pulmões – a tensão acelera a respiração. Para quem sofre de asma, pode 
desencadear crises; 
� pele – sob estresse, os vasos sanguíneos periféricos - mais próximos da 
pele contraem-se e são menos irrigados. Se o estresse é constante, o 
envelhecimento é mais rápido; 
 
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� estômago – o cérebro ordena ao estômago que produza os ácidos do suco 
gástrico. O excesso de acidez, unido à queda de resistência a infecções, 
pode provocar úlceras e gastrite; 
� mãos – um dos maiores indicadores de tensão é suar frio nas mãos e nos 
pés; 
� órgãos sexuais – nas mulheres, o estresse diminui os níveis de 
progesterona, podendo causar queda da libido e distúrbios que causam 
cólicas horríveis no período menstrual. Nos homens, os efeitos do estresse 
podem prejudicar o desempenho sexual; 
� articulações – situações de estresse podem desencadear crises em 
pessoas que sofrem de artrite e reumatismo. O mecanismo que as causa, 
porém, ainda não está totalmente esclarecido (BOTTO, 2009). 
Os principais sintomas de estresse, destacados por Montanholi, Tavares 
e Oliveira (2006), são: suor, calores, dor de cabeça, tensão muscular, alteração 
no batimento cardíaco, dores de estômago, colite e irritação. O estresse pode 
também se refletir em atrasos, insatisfação, sabotagem e baixos níveis de 
desempenho no trabalho. Com isso, haverá uma diminuição da qualidade de vida 
da pessoa. 
Com relação à enfermagem, o estresse está presente no seu cotidiano 
desde tempos remotos. Vimos que o trabalho de enfermagem apresenta várias 
vicissitudes do viver humano, pois esses profissionais lidam, de modo constante, 
com a vida, a saúde, a doença e a morte. Isso é vivenciado de modo intenso em 
setores de urgência, emergência e terapia intensiva, onde as atividades envolvem 
atenção, habilidade e agilidade. 
Para Paschoalini et al. (2008), a atividade laboral hospitalar é 
caracterizada por excessiva carga de trabalho, contato com situações limite, alto 
nível de tensão e de riscos para si e para outros. Inclui problemas de 
relacionamento interpessoal entre indivíduos que prestam assistência direta aos 
pacientes e preocupações com demandas institucionais. Contudo, não se tem 
conhecimento de estudos que investiguem, de forma integrada, indicadores de 
alterações cognitivas e emocionais frente aos agentes estressores que afetam o 
exercício profissional na área da enfermagem. 
 
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Os trabalhadores de enfermagem, além de enfrentarem no seu dia a dia, 
situações limites, e em especial o cuidado de pacientes críticos, convivem em um 
ambiente de trabalho com riscos resultantes de agentes químicos, físicos, 
biológicos e psíquicos, capazes de causar danos à saúde em função de uma 
natureza, concentração ou intensidade e tempo de exposição. Desse modo, ao 
estabelecer a relação entre estresse e fatores de risco presentes no ambiente de 
trabalho, entende-se o fator de risco como uma característica ou circunstância 
detestável em indivíduos ou em grupos, associada à probabilidade de 
experimentar um dano à saúde e suas consequências (SANTOS, OLIVEIRA, 
MOREIRA, 2006). 
As condições de trabalho, principalmente no que se refere aos parcos 
recursos materiais e humanos, desencadeiam um grau significativo de estresse, 
uma vez que a inexistência de condições dignas de trabalho promove o 
sofrimento, quando a organização não atende aos padrões mínimos de higiene, 
saúde e segurança (LIMA; TEIXEIRA, 2007). 
Portanto, é imprescindível atentar para os riscos aos quais os 
profissionais de enfermagem estão expostos no seu exercício do cuidar de 
pessoas doentes, com vistas à melhoria da qualidade do cuidado que presta à 
sua clientela e à sua própria saúde. As chefias precisam estar abertas às queixas 
dos trabalhadores e em constante relação dialógica, de forma a intervir mais 
prontamente sobre os estressores gerados no trabalho, minimizando seus efeitos 
sobre a saúde individual e coletiva (DE MARTINO; MISKO, 2004). 
 
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UNIDADE 3 – HUMANIZAÇÃO 
 
3.1 Conceitos e importância 
Humanizar na maioria dos dicionários se reporta a ‘adocicar’,‘suavizar’, 
‘civilizar’. 
Embora façamos relações mais pertinentes adiante entre humanização e 
ética, no campo das políticas públicas de saúde, ‘humanização’ diz respeito à 
transformação dos modelos de atenção e de gestão nos serviços e sistemas de 
saúde, indicando a necessária construção de novas relações entre usuários e 
trabalhadores e destes entre si (PEREIRA; BARROS, 2009). 
A ‘humanização’ em saúde volta-se para as práticas concretas 
comprometidas com a produção de saúde e produção de sujeitos (CAMPOS, 
2000), de tal modo que atender melhor o usuário se dá em sintonia com melhores 
condições de trabalho e de participação dos diferentes sujeitos implicados no 
processo de produção de saúde (princípio da indissociabilidade entre atenção e 
gestão). Este voltar-se para as experiências concretas se dá por considerar o 
humano em sua capacidade criadora e singular inseparável, entretanto, dos 
movimentos coletivos que o constituem. 
Orientada pelos princípios da transversalidade e da indissociabilidade 
entre atenção e gestão, a ‘humanização’ se expressa a partir de 2003 como 
Política Nacional de Humanização (PNH) (BRASIL, 2004). Como tal, compromete-
se com a construção de uma nova relação seja entre as demais políticas e 
programas de saúde, seja entre as instâncias de efetuação do Sistema Único de 
Saúde (SUS), seja entre os diferentes atores que constituem o processo de 
trabalho em saúde. O aumento do grau de comunicação em cada grupo e entre 
os grupos (princípio da transversalidade) e o aumento do grau de democracia 
institucional por meio de processos cogestivos da produção de saúde e do grau 
de corresponsabilidade no cuidado são decisivos para a mudança que se 
pretende (PEREIRA; BARROS, 2009). 
No contexto da saúde, mais precisamente na Enfermagem, seria valorizar 
a qualidade do cuidado do ponto de vista técnico, ou seja, nos colocar no lugar do 
paciente e enxergá-lo como um ser biopsicossocial com necessidades diferentes, 
e entender que apesar do paciente estar com todos os equipamentos necessários 
 
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para sua sobrevivência, ele está em um local estranho, sendo cuidado por 
pessoas estranhas, perdendo suas intimidades e principalmente com dor. A 
humanização visa justamente trazer o máximo de conforto e cuidado para o 
paciente como pessoa. 
Uma vez que a enfermagem é uma disciplina que lida com o ser humano, 
que é um ser em evolução, tem que haver humanização. Uma pessoa está 
doente e vai procurar um profissional da saúde com o desejo que alivie seus 
sintomas e livre-o de seu sofrimento. Ele deseja ser cuidado. O cuidado humano é 
exercitado, vivido e sentido no interior de cada um, envolvendo atos, princípios, 
valores, ética que devem fazer parte do nosso cotidiano (ALMEIDA, 1986). 
 
3.2 A arte de cuidar 
Embora tenhamos discorrido sobre o cuidado na perspectiva de diversas 
teorias, vamos refletir um pouco mais sobre a arte de cuidar, tamanha sua 
dimensão e importância para o binômio cliente-paciente. 
Pois bem, a palavra cuidar é derivada do latim cogitare, que tem como 
significado pensar, julgar, tomar conta, e cuidado deriva de cogitatus, que traduz 
preocupação, carinho, diligência e atuação. Dessa forma, para cuidar de pessoas 
é preciso dispensar atenção e interesse sobre as necessidades dela, refletir sobre 
todos os elementos relacionados ao ambiente de cuidado e então agir a favor do 
indivíduo (SOUZA, 2000). 
Segundo Silva (2007), o cuidado de enfermagem tem sido compreendido 
comumente como técnicas e procedimentos realizados pelos profissionais, uma 
vez que a Enfermagem é uma área perfilada por seu aspecto prático. No entanto, 
ao se deparar com o ser cuidado, o profissional de enfermagem reconhece que é 
impossível cuidar sem abarcar os diferentes aspectos de sua natureza física, 
social, psicológica e espiritual. Para isso, sua relação com o ambiente necessita 
ser considerada para que resulte em condições propícias para que o cuidado 
ocorra de forma interativa entre os elementos: cuidador – ambiente – ser cuidado 
(WALDOW, 2005). 
O cuidado ultrapassa a compreensão comum e vai além da atenção à 
saúde desenvolvida por procedimentos técnicos. Reporta-se a ações de 
 
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integralidade com significados e sentidos voltados para a promoção da saúde, 
como o direito do ser humano, expresso pelo respeito, acolhimento, atendendo ao 
indivíduo no momento de fragilidade social e/ou de sofrimento, em que a 
interação entre pessoas se torna característica desse contexto (PINHEIRO; 
MATOS, 2004). 
Para que a interação se efetive, há necessidade de compreender que ela 
se faz pela troca de experiências e não unidirecionalmente (STEFANELLI, 2005 
apud SILVA, 2007). No modelo biomédico hegemônico existem poucos espaços 
para a escuta dos pacientes e de seus anseios, tensões e sofrimentos. Esses 
sentimentos estão presentes de modo intenso e contínuo no processo de 
adoecimento, principalmente nos casos em que os pacientes se deparam com a 
ausência de prognóstico de cura. 
Destarte, o cuidado profissional auxilia o indivíduo no enfrentamento de 
situações relativas à doença, na redução do impacto e sofrimento causados por 
ela, bem como dá oportunidade às pessoas de expressar e compartilhar seus 
sentimentos (LACERDA; VALLA, 2005). 
O cuidado se traduz no ato de reciprocidade prestado a nós mesmos e 
que nos torna capazes e autônomos para prestá-lo a outros que apresentam 
definitiva ou temporariamente necessidade de ajuda (COLLIÈRE, 1999 apud 
SILVA, 2007). A natureza do cuidado se torna imprescindível à Enfermagem 
como disciplina e profissão, pois ele não se desenvolve no vazio, mas no contexto 
em que está inserido, levando em conta as experiências humanas, a 
subjetividade, a consciência e a vida, sentindo primeiramente em si próprio, para 
então buscá-las no outro (SILVA, 2000 apud SILVA, 2007). 
O cuidado é o resultado do processo de cuidar, que se distingue pelo 
encontro entre o ser cuidado e o cuidador em ambiente propício, envolto por 
comportamentos e atitudes que se destacam pelo respeito, gentileza, 
responsabilidade, interesse, segurança e oferta de apoio, confiança, conforto e 
solidariedade. Entretanto, é importante destacar que esses fatores só são 
efetivados em ambiente interacional e comunicacional, uma vez que ao faltarem 
interação e comunicação o cuidado se torna simples procedimento técnico 
(WALDOW, 2005). 
 
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Os profissionais de enfermagem ao assumir seus papéis com 
responsabilidade, tendem a sentir-se integrados ao seu meio e, assim, aprimorar 
sua percepção. Nesse sentido, passa a existir a oportunidade de experimentar 
sentimentos de motivação com elevação da autoestima ao se perceber como 
profissional competente, capaz de contribuir com a sociedade ao cuidar do outro 
em suas necessidades básicas humanas (BISON, 2003). 
Entretanto, de formageral, a academia tem discutido pouco sobre o 
cuidado com foco na integralidade do ser humano, o que acaba resultando no 
despreparo dos profissionais de saúde para lidar com as situações que se 
apresentam no cotidiano da prática profissional (LACERDA; VALLA, 2005). 
A preocupação de ser reconhecido como profissional com atribuições e 
competências para o cuidado não se deve centrar unicamente em aplicação de 
técnicas e procedimentos. A percepção do cuidado deve ser ampliada ao levar 
em consideração igualmente a percepção daquele que recebe o cuidado por 
intermédio dos processos comunicacional e interacional (WALDOW, 2007). 
O cuidado humano de enfermagem é imbuído de sentimentos e valores 
que podem fortalecer ou enfraquecer as oportunidades de criar vínculo e 
interação entre cuidador e ser cuidado. Para isso, as pessoas que estão 
envolvidas nesse cuidado necessitam perceber o outro e suas necessidades, o 
ambiente e os fatores a eles relacionados e, não menos importante, a percepção 
de si mesmas (BISON, 2003). 
A percepção é entendida como processo interativo do indivíduo com o 
meio ambiente, em que se adquire conhecimento por meio dos sentidos. Seu 
conceito, de modo mais amplo, é caracterizado pelo processo de cognição em 
que os procedimentos mentais se realizam mediante o interesse ou a 
necessidade de estruturar nossa interface com a realidade e o mundo e 
selecionar as informações percebidas, armazenando-as e conferindo-lhes 
significado. Ela pode ser considerada um dos principais comportamentos 
recorrentes, através dos quais construímos nossa realidade (OLIVEIRA; DEL RIO, 
1999). 
O termo percepção designa o ato que nos proporciona condições para 
conhecermos um objeto do meio exterior. A maior parte de nossas percepções 
 
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conscientes provém do meio externo, pois as sensações dos órgãos internos não 
são conscientes na maioria das vezes e desempenham papel limitado na 
elaboração do conhecimento do mundo. Trata-se a percepção como uma situação 
subjetiva baseada em sensações, acompanhada de avaliação e frequentemente 
de juízos. 
Assim, é possível perceber o ambiente de várias maneiras, em que 
indivíduos diferentes percebem um mesmo espaço de forma distinta (OLIVEIRA; 
DEL RIO, 1999). 
A percepção das ações de enfermagem se torna referência para se ter 
consciência dos elementos que norteiam e fortalecem a relação entre o 
profissional de enfermagem e a pessoa cuidada no ambiente e no instante do 
cuidado. 
Confirma-se que a percepção é subjetiva e importante para nutrir a 
essência do momento do cuidado, dignificando a condição de ser humano, dando-
lhe oportunidade de fortalecer sua autonomia (RIVERA ÁLVAREZ; TRIANA, 2007 
apud SILVA, 2007). 
A arte de cuidar também passa por atender às necessidades e desejos 
dos pacientes, igualmente dos seus familiares! 
Figueiredo et al. (2003) vêm algum tempo se propondo a ampliar esse 
entendimento da enfermagem para além desse cuidado, partindo do discurso 
ecológico, ou seja, todos nós vivemos em um grande sistema aberto, em que faz 
trocas ao se relacionar com os outros, ao procriar seus filhos, ao estudar, ao 
ensinar e ao trabalhar. 
Esse entendimento se fundamenta num registro de Guattari (1995) 
chamado de Ecosofia – uma filosofia ecológica –, que exige uma compreensão 
sobre o ambiente em que tudo acontece, sobre as relações pessoais (ninguém 
vive sem se relacionar com o outro de modo concreto) e sobre a subjetividade 
humana (tudo aquilo que envolve o subjetivo, nosso modo de ser e de pensar, 
nem sempre expressado de forma clara). 
Assim, o ambiente do cuidado pode estar no hospital, no posto de saúde, 
nas instituições sociais e religiosas, nas ruas, nas praças, nos clubes, nas 
saunas, nos presídios, nos espaços de prostituição. Isso significa que é preciso 
 
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pensar um macroambiente (o próprio mundo) e um microambiente (um pedaço do 
todo: hospital, nossa casa, nosso trabalho). Nada é isolado do todo, o todo não é 
isolado de sua parte. 
Os mesmos autores nos cobram estar atentos a tudo que acontece ao 
nosso redor, principalmente no ambiente de trabalho, pois de alguma maneira 
somos nós quem fazemos a ponte entre os demais profissionais, o 
cliente/paciente, sua família, que buscamos equilibrar o sistema institucional de 
saúde. 
Pois bem, os cuidados envolvem a circulação do ar não somente de 
forma adequada, mas para deixar o ambiente sadio e agradável; envolvem uma 
iluminação que não incomode o cliente; manter os ruídos num nível suavizado; 
manter igualmente limpos os ambientes, o leito, os sanitários, os materiais usados 
pelo cliente, de maneira higiênica e esterilizada, até mesmo móveis em boa 
aparência. 
Evidente que deveria partir da administração a atenção para esses 
cuidados provendo com recursos e mobiliários, utensílios necessários, mas o 
cuidar deles, o zelo pode partir de nós mesmos no cotidiano. 
Uma vez que vivemos em um ambiente amplo, a partir do momento que 
necessitamos ficar “presos” a uma cama de hospital, a vida nos mostra aquela 
pequena parcela que muitas vezes é, digamos, ‘feia’ e podemos perder um tanto 
da autoestima, somando-se a ela, sentimentos de tristeza, de desprezo podem 
contribuir de maneira negativa e ao contrário de nos fortalecermos, podemos 
somatizar e arrastar o estado de ‘doente’. 
Então, é chegado o momento de amenizar esses sentimentos e buscar 
atender para além das necessidades básicas, irmos de encontro aos desejos dos 
nossos clientes. 
Criar um ambiente agradável exige uma investigação detalhada sobre os 
hábitos e estilos do cliente. Por exemplo, onde mora, como é sua residência e o 
que há dentro dela, se gosta de música e que tipo gosta de ouvir, se gosta de ler 
e que leitura faz, se gosta de ver TV e qual é o programa de sua preferência, que 
religião pratica, a que horas se alimenta, como faz sua higiene corporal, qual é o 
 
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seu lazer preferido. Isso é o mínimo que deveríamos saber sobre aqueles de 
quem cuidamos e com quem passamos parte do nosso tempo. 
Conhecendo esses fatos, poderemos fazer um diagnóstico de suas 
necessidades e de seus desejos, que ultrapassam as suas dimensões biológicas, 
afinal de contas sabemos que as pessoas, com ou sem saúde, têm necessidades 
humanas básicas a serem atendidas. A maioria é de ordem biológica, mais 
concreta e ligada à sobrevivência humana. 
A teoria das necessidades humanas básicas de Maslow (1968) e sua 
apropriação por Horta (1995) – autores que ainda hoje são atuais para apoio 
teórico no cuidado –, classifica essas necessidades da seguinte maneira: 
1. Necessidade de oxigenação - respirar, viver. 
2. Necessidade de eliminação - tudo que entra no organismo e não é 
absorvido, além dos resíduos provenientes da nutrição e das trocas químicas 
celulares, deve ser eliminado. 
3. Necessidade de alimentação - não é possível

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