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Direito do Trabalho - Capitulo 1 completo

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1 
 
Noções Iniciais 
TRABALHO 
A. Origem da Palavra 
Do ponto de vista histórico e etimológico a palavra trabalho decorre de algo 
desagradável: dor, castigo, sofrimento, tortura. 
O termo trabalho tem origem no latim – tripalium. Espécie de instrumento de tortura ou 
canga que pesava sobre os animais. Por isso, os nobres, os senhores feudais ou os 
vencedores não trabalhavam, pois consideravam o trabalho uma espécie de castigo. 
A partir daí, decorreram variações como tripaliare (trabalhar) e trepalium (cavalete 
de três paus usado para aplicar a ferradura aos cavalos). 
B. Definição 
Se no passado o trabalho tinha conotação de tortura, atualmente significa toda 
energia física ou intelectual empregada pelo homem com finalidade produtiva. 
Nesse momento surge a expressão “Valor Social do Trabalho” ou 
“Centralidade Social do Trabalho” pois percebe-se que o trabalho ocupa 
um papel central na sociedade, tendo em vista que somente com o trabalho 
teremos fonte de renda (salário), distribuição de renda (pagamento de contas, 
viagens, consumo em geral), ocupação das pessoas, etc. 
Todavia, nem toda atividade humana produtiva constitui objeto do Direito do 
Trabalho, pois somente a feita em favor de terceiros interessa ao nosso estudo e não 
a energia desprendida para si próprio. 
 Como nos casos de trabalho voluntário, por exemplo, onde não se tem o 
objetivo de aferir renda. 
Trabalho pressupõe ação, emissão de energia, 
desprendimento de energia humana, física e mental, com 
o objetivo de atingir algum resultado. 
 O salário é a contraprestação principal do 
trabalho prestado. 
[1=2=============0=2=============2=0] 
Capítulo 1 
2 
 
1. Evolução Histórica do Direito do Trabalho: visão universal e 
brasileira. 
1.1. Origem e desenvolvimento do Direito do Trabalho 
Seriam as fontes materiais, ou seja, de modo geral, as fontes materiais referem-se a 
fatos sociais, econômicos, políticos e outros, que influenciam e dão origem ao direito 
e às normas jurídicas. 
- A criação do Direito do Trabalho é resultado de fatores (Europa): 
Sociais: união de classe, incompatibilidade com o Direito Civil, trabalho 
livre/subordinado, Encíclica Rerum Novarum, centralidade do trabalho. 
Econômicos: Revolução Industrial XVIII, liberalismo. 
Políticos: ameaça socialista. 
 
1.2. Processo de formação e consolidação do Direito do Trabalho 
Na época, o direito que regia as relações trabalhistas era o Direito Civil (onde as 
partes envolvidas deveriam estar no mesmo patamar de igualdade para negociar), 
mas como temos conhecimento, a relação entre o empregado e empregador não 
possui essa condição. 
 “Com a criação e o desenvolvimento das máquinas a vapor, de fiar e 
 tear (1738-1790) expandiram-se as empresas, pois o trabalho passou 
a ser feito de forma mais rápida e produtiva substituindo-se o trabalho 
do homem pelo da máquina, e terminando com vários postos de 
 trabalho, causando o desemprego. 
Tem início, então, a necessidade do trabalho do homem para operar a máquina e, 
com isso, o trabalho assalariado. Substituía-se o trabalho do homem pelo do menor 
e das mulheres, que eram economicamente mais baratos e mais dóceis. Prevalecia 
a lei do mercado, em que o empregador ditava as regras, sem intervenção do 
Estado – liberdade contratual. A jornada era de 16 horas e a exploração da mão 
de obra infantil chegou à níveis alarmantes. 
O Direito do Trabalho surgiu como reação aos graves fatos ocorridos nas 
Revoluções Francesa e Industrial e à crescente exploração desumana do trabalho. 
É um produto da reação ocorrida no Século XIX contra a utilização sem limites do 
trabalho humano. ” 
- Vólia Bomfim Cassar 
3 
 
Essa característica fez com que as pessoas percebessem que o Direito Civil não servia 
para regular a relação entre empregado e empregador, pois estes não eram iguais. 
A relação empregatícia é por 
sua natureza desigual. E por 
essa razão, o Direito do Trabalho 
tem a função de igualá-los. 
O empregador tem mais poder, 
pois ele é o proprietário dos 
meios de produção, é ele que 
coloca preço na mão de obra, 
determina o horário de trabalho 
e as condições. 
Os fatos (a realidade) me 
comprovam que a relação é 
desigual, onde temos uma parte 
hipossuficiente (financeiramente, 
intelectual, etc.) e, portanto, 
devemos proteger o trabalhador 
através do Direito do Trabalho. 
Foi esse cenário que justificou um ramo do direito específico para cuidar da 
relação entre empregado e empregador considerando o empregado 
hipossuficiente e por esse motivo, lhe dão direitos de natureza protetiva. É por isso 
que o pilar do Direito do Trabalho é o Princípio da Proteção. 
É como se o Direito do Trabalho coloca-se direitos para o trabalhador a fim de 
igualar a balança e evitar os abusos por parte do empregador. 
 
O Direito do Trabalho nasceu da luta dos trabalhadores através das: ACT 
(Acordo Coletivo de Trabalho) e CCT (Comissão Coletiva de Trabalho). 
 
As ACT e CCT são consideradas fontes formais do Direito de Trabalho, 
assim como as normas oriundas do Estado (lei). Sendo a fonte principal 
a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), mas temos mais algumas 
leis esparsas, além da Constituição Federal. 
Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) é um acordo firmado entre a entidade sindical 
dos trabalhadores e uma determinada empresa. Já a Convenção Coletiva de 
Trabalho (CCT) é um acordo celebrado entre dois sindicatos, ou seja, é um acordo 
feito entre sindicato dos trabalhadores e o sindicato patronal. 
Não existe hierarquia entre esses acordos. A ACT regula as relações de trabalho 
entre os empregados de uma empresa. A CCT regula as relações de trabalho de 
todos os trabalhadores de uma determinada categoria de uma determinada 
região. 
4 
 
1.3. Fases históricas do Direito do Trabalho 
- Constitucionalização do Direito do Trabalho: 
Constituição do México de 1917 
Constituição de Weimar (Alemanha) 1919 
 
- Internacionalização do Direito do Trabalho: 
 Criação da OIT em 1919, como parte do Tratado de Versalhes, que pôs fim à 
Primeira Guerra Mundial. 
 Funda-se na convicção primordial de que a paz universal e permanente 
somente pode estar baseada na justiça social. 
 Ligada à ONU é composta de representantes de governos e de organizações 
de empregadores e de trabalhadores. 
 É responsável pela formulação e aplicação das normas internacionais do 
trabalho (convenções e recomendações). 
 As convenções, uma vez ratificadas por decisão soberana de um país, passam 
a fazer parte de seu ordenamento jurídico. 
A OIT tem por missão promover oportunidades para que homens e mulheres 
possam ter acesso a um trabalho decente e produtivo, em condições de 
liberdade, equidade, segurança e dignidade. 
O trabalho com estas características é considerado condição fundamental para a 
superação da pobreza, a redução das desigualdades sociais, a garantia da 
governabilidade democrática e o desenvolvimento sustentável. 
Hoje 185 países são membros da OIT, inclusive o Brasil. 
 
Exemplos de Convenções da OIT ratificadas pelo Brasil: 
 95 - Proteção do Salário 
 98 - Direito de Sindicalização e de Negociação Coletiva 
 138 - Idade Mínima para Admissão 
 171 - Trabalho Noturno 
 182 - Convenção sobre Proibição das Piores Formas de Trabalho Infantil e 
Ação Imediata para sua Eliminação 
Obs.: Busca pela ratificação das convenções 87 (liberdade sindical); 158 (término 
da relação de emprego pelo empregador) 
 
- Histórico do Direito do Trabalho no Brasil: 
• 1888 – A Lei Áurea 
• 1890 – Período de edição de leis esparsas 
• 1916 – Código Civil. Tratou da locação de serviços e parte de suas disposições era 
aplicada às relações de trabalho, como aviso prévio, contrato determinado etc. 
http://www.oitbrasil.org.br/node/463
http://www.oitbrasil.org.br/node/465
http://www.oitbrasil.org.br/node/492
http://www.oitbrasil.org.br/node/515
http://www.oitbrasil.org.br/node/518http://www.oitbrasil.org.br/node/518
5 
 
• 1930 – Em outubro deste ano, Getúlio Vargas tornou-se presidente e criou o Ministério 
do Trabalho, Indústria e Comércio. A partir de então, houve farta legislação, através 
de decretos legislativos, tanto sobre previdência social quanto a respeito das 
relações de trabalho (individuais e coletivas) até a promulgação da Constituição de 
1934. 
• 1932 – Criação da Comissão Mista e Permanente de Conciliação e das Juntas de 
Conciliação e Julgamento. 
• 1934 – Primeira CR que elevou os direitos trabalhistas ao status constitucional (arts. 
120 e 121: salário mínimo, jornada de 8h, férias, repouso semanal, indenização por 
despedida imotivada. 
• 1937 – Golpe de Getúlio Vargas. Regime ditatorial. O Congresso é fechado. Foi dada 
competência normativa aos tribunais trabalhistas. 
• 1939 – Criação da Justiça do Trabalho. 
• 1943 – A CLT é compilada 
• 1945 – Getúlio Vargas é deposto. 
• 1946 – CR considerada democrática: participação dos empregados nos lucros da 
empresa, o repouso semanal remunerado, feriados, estabilidade decenal a todos os 
trabalhadores, reconhecido o direito de greve, inclusão da Justiça do Trabalho no 
Poder Judiciário, retirando este órgão da esfera do Executivo. (RECLAMATÓRIA 
TRABALHISTA X AÇÃO) 
• 1967 – CR manteve os direitos previstos na Carta de 1946 e objetivou a continuidade 
da revolução de 1964. 
• 1988 – CR: retomando o homem como figura principal a ser protegida, abandonando 
o conceito individualista e privatista e priorizando o coletivo, o social e a dignidade 
da pessoa. (ART. 1º, III e IV) 
 
 
Houve, portanto, uma intensa evolução na legislação até culminar na 
Constituição de 1988 que, no art. 7°, arrola inúmeros direitos aos 
trabalhadores que visam à melhoria de sua condição social. 
A Constituição de 1988 foi a que afirmou de vez a constitucionalidade dos direitos 
trabalhistas, e por essa razão, ela é chamada de Marco de afirmação dos Direitos 
Trabalhistas. Temos portanto, a afirmação de que os Direitos Trabalhistas são direitos 
fundamentais de segunda geração. 
 
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: 
I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá 
indenização compensatória, dentre outros direitos; 
II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário; 
III - fundo de garantia do tempo de serviço; 
IV - salário mínimo , fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua 
família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes 
periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim; 
V - piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho; 
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo; 
VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável; 
VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria; 
[1=8=============0=2=============2=0] 
6 
 
IX - remuneração do trabalho noturno superior à do diurno; 
X - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa; 
XI - participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da 
empresa, conforme definido em lei; 
XII - salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei; 
XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de 
horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho; 
XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva; 
XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos; 
XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinquenta por cento à do normal; 
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal; 
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias; 
XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei; 
XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei; 
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei; 
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança; 
XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei; 
XXIV - aposentadoria; 
XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas; 
XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho; 
XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei; 
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, 
quando incorrer em dolo ou culpa; 
XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os 
trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho; 
XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou 
estado civil; 
XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência; 
XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos; 
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de 
dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos; 
XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso 
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhadores domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII , X, 
XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições estabelecidas em lei e observada 
a simplificação do cumprimento das obrigações tributárias, principais e acessórias, decorrentes da relação de trabalho e suas 
peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua integração à previdência social. 
 
Por outro lado, também forneceu instrumentos para a flexibilização de direitos 
trabalhistas (talvez resultado do cenário dicotômico) (Ex: art. 7º, VI, XIII e XIV). 
Contexto político, social e econômico pós década de 1990 influenciou na 
(in)efetividade da CR/88 no que tange às normas trabalhistas. Uma norma inefetiva 
é aquela que não produz efeito esperado, pois o destinatário insiste em descumpri-
la. Além disso, na década de 1990, o legislador criou muitas leis trabalhistas 
atendendo a classe trabalhadora, mas muitas delas dependem de leis que 
regulamente sua aplicação, e dessa forma ele “atendeu” a classe de empregadores, 
já que o direito estaria “suspenso” até a criação da lei regulamentadora. 
7 
 
 
 
 
 
 
 
1.4. Contexto atual: 
 Globalização/Crises Econômicas: Com o intuito de atender as necessidades 
da economia globalizada e de possíveis crises econômicas, algumas normas 
que se encontram positivadas no direito do trabalho passaram a ser 
flexibilizadas. Tal flexibilização é decorrente das atuais concepções políticas, 
atualmente, o neoliberalismo. O desafio da chamada flexibilização fundamenta-
se em diminuir de certa forma o “excesso de direitos”, desburocratizando a 
relação de emprego, através da participação efetiva da classesindical na 
elaboração e na fiscalização das normas trabalhistas. Assim, devem-se observar 
as condições mínimas de trabalho, como higiene e segurança do trabalho, em 
prol do empregado. 
 
 Flexibilização (art. 7º, VI, XIII, XIV da CR/88): A própria Constituição adotou a 
flexibilização. É um movimento que começou a partir da década de 90 e está 
presente nos dias atuais (podemos ver na Reforma Trabalhista de 2017) e 
significa reduzir direitos trabalhistas, mas mantendo o mínimo considerado 
essencial. Tem como o intuito de promover a empresa (em razão da economia) 
um pouco e proteger menos o empregado. 
 
 
 Desregulamentação (art. 611-A da CLT): Também é um movimento da década de 
90 e significa saída total do Direito do Trabalho. E nesse caso, de onde irá 
surgir os direitos trabalhistas? Da própria negociação entre empregado e 
empregador. Portanto, acabaria os direitos trabalhistas oriundos do Estado e 
as partes decidiriam entre elas quais seriam os direitos trabalhistas. 
 
 
 
 
O que pode ser observado no art. 611-A da CLT que dispõe claramente sobre 
a prevalência do negociado em âmbito coletivo sobre a lei. Na verdade, aqui 
teremos a primazia total do negociado, sem levar em consideração a lei. 
Natureza Jurídica do 
Direito AO trabalho: 
 
Direito Humano (art. 
23 da DUDH) e Direito 
Fundamental Social 
(art. 6º da CR/88) 
Natureza Jurídica do 
Direito DO trabalho: 
 
Direito Fundamental 
Social (art. 7 da 
CR/88) e Verba de 
natureza existencial. 
Visa a flexibilização assegurar um conjunto de regras mínimas ao trabalhador 
e, em contrapartida, a sobrevivência da empresa, por meio da modificação 
de comandos legais, procurando garantir aos trabalhadores certos direitos 
mínimos e ao empregador a possibilidade de adaptação de seu negócio, 
principalmente em épocas de crise econômica. 
Na desregulamentação o Estado deixa de intervir na área trabalhista, não 
havendo limites na lei para questões trabalhistas, que ficam a cargo da 
negociação individual ou coletiva. Na desregulamentação a lei simplesmente 
deixa de existir. 
8 
 
 Flexibilização e desregulamentação por muitas vezes têm sido usadas 
erroneamente como sinônimos, entretanto cada instituto traz suas 
peculiaridades. Na desregulamentação há uma supressão na 
participação do Estado nos direitos trabalhistas, a negociação seria 
individual ou coletiva, trata-se de um meio radical. Já na flexibilização há 
uma diminuição da intervenção do Estado, porém ela continua existindo para garantir 
os direitos básicos e a dignidade do trabalhador. 
 
 Crise do Direito do Trabalho? (Princípio da proteção e manutenção da 
saúde da empresa): Em 2017 ocorreu uma reforma trabalhista e muitos dos 
artigos pioraram a situação do trabalhador. Muitos doutrinadores dizem que o 
Direito do Trabalho está em um momento de transição, onde está tentando 
adequar dois princípios: Princípio da proteção do trabalhador e o Princípio da 
manutenção da saúde da empresa. A proteção ao empregado está diminuindo 
em prol de uma adequação ao cenário econômico e ao contexto atual, 
visando a manutenção da empresa. 
 
Art. 611-A. A convenção coletiva e o acordo coletivo de trabalho têm prevalência sobre a lei quando, entre outros, 
dispuserem sobre: (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) 
I - pacto quanto à jornada de trabalho, observados os limites constitucionais; 
II - banco de horas anual; 
III - intervalo intrajornada, respeitado o limite mínimo de trinta minutos para jornadas superiores a seis horas; 
IV - adesão ao Programa Seguro-Emprego (PSE), de que trata a Lei no 13.189, de 19 de novembro de 2015; 
V - plano de cargos, salários e funções compatíveis com a condição pessoal do empregado, bem como identificação dos cargos 
que se enquadram como funções de confiança; 
VI - regulamento empresarial; 
VII - representante dos trabalhadores no local de trabalho; 
VIII - teletrabalho, regime de sobreaviso, e trabalho intermitente; 
IX - remuneração por produtividade, incluídas as gorjetas percebidas pelo empregado, e remuneração por desempenho 
individual; 
X - modalidade de registro de jornada de trabalho; 
XI - troca do dia de feriado; 
XII - enquadramento do grau de insalubridade; 
XIII - prorrogação de jornada em ambientes insalubres, sem licença prévia das autoridades competentes do Ministério do 
Trabalho; 
XIV - prêmios de incentivo em bens ou serviços, eventualmente concedidos em programas de incentivo; 
XV - participação nos lucros ou resultados da empresa. 
§ 1º No exame da convenção coletiva ou do acordo coletivo de trabalho, a Justiça do Trabalho observará o disposto no § 3o do 
art. 8o desta Consolidação. 
§ 2º A inexistência de expressa indicação de contrapartidas recíprocas em convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho 
não ensejará sua nulidade por não caracterizar um vício do negócio jurídico. 
§ 3º Se for pactuada cláusula que reduza o salário ou a jornada, a convenção coletiva ou o acordo coletivo de trabalho deverão 
prever a proteção dos empregados contra dispensa imotivada durante o prazo de vigência do instrumento coletivo. 
§ 4º Na hipótese de procedência de ação anulatória de cláusula de convenção coletiva ou de acordo coletivo de trabalho, 
quando houver a cláusula compensatória, esta deverá ser igualmente anulada, sem repetição do indébito. 
§ 5º Os sindicatos subscritores de convenção coletiva ou de acordo coletivo de trabalho deverão participar, como litisconsortes 
necessários, em ação individual ou coletiva, que tenha como objeto a anulação de cláusulas desses instrumentos. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art1
9 
 
- Contextualização: 
• Globalização; 
• Neoliberalismo; 
• Incremento da tecnologia (informática e comunicações); 
• Aumento competição mundial (extraterritorialidade); 
• Questiona-se os fundamentos em que se baseia o modelo do bem-estar social do 
trabalhador. O excesso de proteção ao trabalhador torna-se alvo de dúvidas e 
críticas; 
• Enfraquecimento do poder sindical e excesso de desempregados e subempregados. 
 
Hoje o Direito do Trabalho vive uma fase de transição, onde se questiona o 
paternalismo estatal e sua intervenção nas regras privadas, mas busca-se a 
manutenção de um mínimo existencial para o trabalhador. Conforme comentado no 
tópico “Crise do Direito do Trabalho? ” 
Alguns pretendem a total desregulamentação: Ausência total, a 
abstinência estatal nas relações de trabalho, deixando o contrato de 
trabalho livre e à mercê das regras do mercado, sob o argumento de 
que o modelo que inspirou o welfare não existe mais, que os trabalhadores 
atuais são mais conscientes, mais maduros e menos explorados. 
Outros, apesar de reconhecerem alguma mudança no Direito do Trabalho, percebem 
também que o Brasil ainda não pode ser visto como país que efetivou o welfare 
state (Estado de bem-estar social), pois ainda temos trabalho em condição análoga 
à escrava; exploração do trabalho do menor; condições sub-humanas de trabalho 
e legislação trabalhista ainda muito desrespeitada (SÍNDROME DO DESCUMPRIMENTO 
DAS OBRIGAÇÕES). 
Por isso, não se pode defender o total afastamento do Estado desta relação privada, 
não se pode pretender a privatização dos direitos trabalhistas, o retrocesso de um 
grande avanço conquistado com profundo sacrifício. 
Em relação ao confronto travado entre a necessidade de se manter um Estado social 
de direito e a crise econômica das empresas, a flexibilização pode ser um meio de 
composição deste conflito, mas deve ser feita de forma responsável e sem abuso. 
Busca-se o equilíbrio entre interesses empresariais e necessidades profissionais. 
 - Ela não pode servir de fundamento para aumentar o lucro/enriquecimento dos 
sócios ou diminuir direitos trabalhistas, mas para a manutenção da saúde da 
empresa e, consequentemente, do nível de emprego. 
 Exemplos de flexibilização: 
Art. 7º 
VI - irredutibilidade do salário,salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo; 
XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de 
horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho; 
XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva; 
10 
 
- Limites à flexibilização segundo Maurício Godinho Delgado (2012): 
Visão restritiva à flexibilização ampla: 
 Direitos de indisponibilidade absoluta: não poderiam ser objeto de 
flexibilização pois fazem parte de um patamar mínimo civilizatório; 
 Direitos de indisponibilidade (ou disponibilidade) relativa: apenas estes 
poderiam ser flexibilizados. Princípio da adequação setorial negociada. 
 
 Segundo entendimento de alguns ministros do TST: qualquer direito pode ser 
flexibilizado, pois a CR/88 permitiu a flexibilização do mais importante direito 
trabalhista (art. 7º, VI). 
 Há jurisprudência que, embora admita a corrente acima, exige como requisito mínimo 
para validade do ajuste, concessões recíprocas. É a chamada Teoria 
da Conglobalização dos Pactos Coletivos. 
 Os limites podem ser buscados nos princípios da dignidade da pessoa humana, 
valor social do trabalho, proteção, condição mais favorável e não retrocesso. 
 
 Exemplo: 
Súmula nº 437 do TST: INTERVALO INTRAJORNADA PARA REPOUSO E ALIMENTAÇÃO. APLICAÇÃO DO 
ART. 71 DA CLT 
[...] 
II - É inválida cláusula de acordo ou convenção coletiva de trabalho contemplando a supressão ou 
redução do intervalo intrajornada porque este constitui medida de higiene, saúde e segurança do 
trabalho, garantido por norma de ordem pública (art. 71 da CLT e art. 7º, XXII, da CF/1988), infenso à 
negociação coletiva. 
[...] 
 
VIDE REFORMA TRABALHISTA – ART. 611-A, III da CLT. 
Conforme mencionado anteriormente, pode ser observado que o art. 611-A da CLT 
dispõe claramente sobre a prevalência do negociado em âmbito coletivo sobre a 
lei. 
1.5. Estrutura da Justiça do Trabalho: 
- 1ª instância: Vara do Trabalho (início do processo) 
- 2ª instância: Tribunal Regional do Trabalho 
- Instâncias extraordinárias: Tribunal Superior do Trabalho e 
Supremo Tribunal Federal 
 
STF
TST
TRT
Vara do Trabalho
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DÚVIDA: 
Súmulas Orientação Jurisprudencial (OJ) 
Súmulas são orientações criadas para 
balizar os votos dos ministros e as 
decisões do tribunal em julgamentos 
sobre diversos temas. Esses enunciados 
são elaborados a partir de decisões 
semelhantes ocorridas na Justiça do 
Trabalho em suas várias instâncias e 
funcionam como referência quando não 
há lei ou esta não é clara sobre algum 
aspecto. 
As Orientações Jurisprudenciais 
cristalizam a tendência da jurisprudência 
do TST. 
A Orientação Jurisprudencial, tem maior 
dinamismo, tem tramitação menos rígida, 
possui uma maior possibilidade de ser 
alterada ou cancelada, apesar de 
também passar por essa mesma 
reavaliação. 
 
1.6. Novidade da Reforma Trabalhista de 2017: 
 
Esse artigo foi criado pois o legislador quis “barrar” a criação de vários direitos 
trabalhistas editados pelo TST e os TRT’s através das súmulas e das orientações 
jurisprudenciais. 
 
A Lei 13.467/2017 estabeleceu, por meio da redação trazida ao inciso I, 
alínea f e aos parágrafos 3º e 4º, do artigo 702, da CLT, que os Tribunais 
do Trabalho deverão observar um novo e obrigatório procedimento, 
quando da elaboração dos seus enunciados de uniformização jurisprudencial. 
A partir da vigência desse artigo, passar a se estabelecer um grau de exigência mais 
rigoroso para que o Tribunal Superior do Trabalho e os Tribunais Regionais do 
Trabalho possam elaborar as suas súmulas. 
Art. 8º, § 2º da CLT 
“Súmulas e outros enunciados de jurisprudência editados pelo TST e pelos 
Tribunais Regionais do Trabalho (TRT) não poderão restringir direitos legalmente 
previstos nem criar obrigações que não estejam previstas em lei. 
Art. 702 da CLT - Ao Tribunal Pleno compete: 
I - em única instância: 
f) estabelecer ou alterar súmulas e outros enunciados de jurisprudência uniforme, 
pelo voto de pelo menos dois terços de seus membros, caso a mesma matéria já 
tenha sido decidida de forma idêntica por unanimidade em, no mínimo, dois terços 
das turmas em pelo menos dez sessões diferentes em cada uma delas, podendo, 
ainda, por maioria de dois terços de seus membros, restringir os efeitos daquela 
declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de sua publicação no 
Diário Oficial;

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