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1 Noções Iniciais TRABALHO A. Origem da Palavra Do ponto de vista histórico e etimológico a palavra trabalho decorre de algo desagradável: dor, castigo, sofrimento, tortura. O termo trabalho tem origem no latim – tripalium. Espécie de instrumento de tortura ou canga que pesava sobre os animais. Por isso, os nobres, os senhores feudais ou os vencedores não trabalhavam, pois consideravam o trabalho uma espécie de castigo. A partir daí, decorreram variações como tripaliare (trabalhar) e trepalium (cavalete de três paus usado para aplicar a ferradura aos cavalos). B. Definição Se no passado o trabalho tinha conotação de tortura, atualmente significa toda energia física ou intelectual empregada pelo homem com finalidade produtiva. Nesse momento surge a expressão “Valor Social do Trabalho” ou “Centralidade Social do Trabalho” pois percebe-se que o trabalho ocupa um papel central na sociedade, tendo em vista que somente com o trabalho teremos fonte de renda (salário), distribuição de renda (pagamento de contas, viagens, consumo em geral), ocupação das pessoas, etc. Todavia, nem toda atividade humana produtiva constitui objeto do Direito do Trabalho, pois somente a feita em favor de terceiros interessa ao nosso estudo e não a energia desprendida para si próprio. Como nos casos de trabalho voluntário, por exemplo, onde não se tem o objetivo de aferir renda. Trabalho pressupõe ação, emissão de energia, desprendimento de energia humana, física e mental, com o objetivo de atingir algum resultado. O salário é a contraprestação principal do trabalho prestado. [1=2=============0=2=============2=0] Capítulo 1 2 1. Evolução Histórica do Direito do Trabalho: visão universal e brasileira. 1.1. Origem e desenvolvimento do Direito do Trabalho Seriam as fontes materiais, ou seja, de modo geral, as fontes materiais referem-se a fatos sociais, econômicos, políticos e outros, que influenciam e dão origem ao direito e às normas jurídicas. - A criação do Direito do Trabalho é resultado de fatores (Europa): Sociais: união de classe, incompatibilidade com o Direito Civil, trabalho livre/subordinado, Encíclica Rerum Novarum, centralidade do trabalho. Econômicos: Revolução Industrial XVIII, liberalismo. Políticos: ameaça socialista. 1.2. Processo de formação e consolidação do Direito do Trabalho Na época, o direito que regia as relações trabalhistas era o Direito Civil (onde as partes envolvidas deveriam estar no mesmo patamar de igualdade para negociar), mas como temos conhecimento, a relação entre o empregado e empregador não possui essa condição. “Com a criação e o desenvolvimento das máquinas a vapor, de fiar e tear (1738-1790) expandiram-se as empresas, pois o trabalho passou a ser feito de forma mais rápida e produtiva substituindo-se o trabalho do homem pelo da máquina, e terminando com vários postos de trabalho, causando o desemprego. Tem início, então, a necessidade do trabalho do homem para operar a máquina e, com isso, o trabalho assalariado. Substituía-se o trabalho do homem pelo do menor e das mulheres, que eram economicamente mais baratos e mais dóceis. Prevalecia a lei do mercado, em que o empregador ditava as regras, sem intervenção do Estado – liberdade contratual. A jornada era de 16 horas e a exploração da mão de obra infantil chegou à níveis alarmantes. O Direito do Trabalho surgiu como reação aos graves fatos ocorridos nas Revoluções Francesa e Industrial e à crescente exploração desumana do trabalho. É um produto da reação ocorrida no Século XIX contra a utilização sem limites do trabalho humano. ” - Vólia Bomfim Cassar 3 Essa característica fez com que as pessoas percebessem que o Direito Civil não servia para regular a relação entre empregado e empregador, pois estes não eram iguais. A relação empregatícia é por sua natureza desigual. E por essa razão, o Direito do Trabalho tem a função de igualá-los. O empregador tem mais poder, pois ele é o proprietário dos meios de produção, é ele que coloca preço na mão de obra, determina o horário de trabalho e as condições. Os fatos (a realidade) me comprovam que a relação é desigual, onde temos uma parte hipossuficiente (financeiramente, intelectual, etc.) e, portanto, devemos proteger o trabalhador através do Direito do Trabalho. Foi esse cenário que justificou um ramo do direito específico para cuidar da relação entre empregado e empregador considerando o empregado hipossuficiente e por esse motivo, lhe dão direitos de natureza protetiva. É por isso que o pilar do Direito do Trabalho é o Princípio da Proteção. É como se o Direito do Trabalho coloca-se direitos para o trabalhador a fim de igualar a balança e evitar os abusos por parte do empregador. O Direito do Trabalho nasceu da luta dos trabalhadores através das: ACT (Acordo Coletivo de Trabalho) e CCT (Comissão Coletiva de Trabalho). As ACT e CCT são consideradas fontes formais do Direito de Trabalho, assim como as normas oriundas do Estado (lei). Sendo a fonte principal a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), mas temos mais algumas leis esparsas, além da Constituição Federal. Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) é um acordo firmado entre a entidade sindical dos trabalhadores e uma determinada empresa. Já a Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) é um acordo celebrado entre dois sindicatos, ou seja, é um acordo feito entre sindicato dos trabalhadores e o sindicato patronal. Não existe hierarquia entre esses acordos. A ACT regula as relações de trabalho entre os empregados de uma empresa. A CCT regula as relações de trabalho de todos os trabalhadores de uma determinada categoria de uma determinada região. 4 1.3. Fases históricas do Direito do Trabalho - Constitucionalização do Direito do Trabalho: Constituição do México de 1917 Constituição de Weimar (Alemanha) 1919 - Internacionalização do Direito do Trabalho: Criação da OIT em 1919, como parte do Tratado de Versalhes, que pôs fim à Primeira Guerra Mundial. Funda-se na convicção primordial de que a paz universal e permanente somente pode estar baseada na justiça social. Ligada à ONU é composta de representantes de governos e de organizações de empregadores e de trabalhadores. É responsável pela formulação e aplicação das normas internacionais do trabalho (convenções e recomendações). As convenções, uma vez ratificadas por decisão soberana de um país, passam a fazer parte de seu ordenamento jurídico. A OIT tem por missão promover oportunidades para que homens e mulheres possam ter acesso a um trabalho decente e produtivo, em condições de liberdade, equidade, segurança e dignidade. O trabalho com estas características é considerado condição fundamental para a superação da pobreza, a redução das desigualdades sociais, a garantia da governabilidade democrática e o desenvolvimento sustentável. Hoje 185 países são membros da OIT, inclusive o Brasil. Exemplos de Convenções da OIT ratificadas pelo Brasil: 95 - Proteção do Salário 98 - Direito de Sindicalização e de Negociação Coletiva 138 - Idade Mínima para Admissão 171 - Trabalho Noturno 182 - Convenção sobre Proibição das Piores Formas de Trabalho Infantil e Ação Imediata para sua Eliminação Obs.: Busca pela ratificação das convenções 87 (liberdade sindical); 158 (término da relação de emprego pelo empregador) - Histórico do Direito do Trabalho no Brasil: • 1888 – A Lei Áurea • 1890 – Período de edição de leis esparsas • 1916 – Código Civil. Tratou da locação de serviços e parte de suas disposições era aplicada às relações de trabalho, como aviso prévio, contrato determinado etc. http://www.oitbrasil.org.br/node/463 http://www.oitbrasil.org.br/node/465 http://www.oitbrasil.org.br/node/492 http://www.oitbrasil.org.br/node/515 http://www.oitbrasil.org.br/node/518http://www.oitbrasil.org.br/node/518 5 • 1930 – Em outubro deste ano, Getúlio Vargas tornou-se presidente e criou o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio. A partir de então, houve farta legislação, através de decretos legislativos, tanto sobre previdência social quanto a respeito das relações de trabalho (individuais e coletivas) até a promulgação da Constituição de 1934. • 1932 – Criação da Comissão Mista e Permanente de Conciliação e das Juntas de Conciliação e Julgamento. • 1934 – Primeira CR que elevou os direitos trabalhistas ao status constitucional (arts. 120 e 121: salário mínimo, jornada de 8h, férias, repouso semanal, indenização por despedida imotivada. • 1937 – Golpe de Getúlio Vargas. Regime ditatorial. O Congresso é fechado. Foi dada competência normativa aos tribunais trabalhistas. • 1939 – Criação da Justiça do Trabalho. • 1943 – A CLT é compilada • 1945 – Getúlio Vargas é deposto. • 1946 – CR considerada democrática: participação dos empregados nos lucros da empresa, o repouso semanal remunerado, feriados, estabilidade decenal a todos os trabalhadores, reconhecido o direito de greve, inclusão da Justiça do Trabalho no Poder Judiciário, retirando este órgão da esfera do Executivo. (RECLAMATÓRIA TRABALHISTA X AÇÃO) • 1967 – CR manteve os direitos previstos na Carta de 1946 e objetivou a continuidade da revolução de 1964. • 1988 – CR: retomando o homem como figura principal a ser protegida, abandonando o conceito individualista e privatista e priorizando o coletivo, o social e a dignidade da pessoa. (ART. 1º, III e IV) Houve, portanto, uma intensa evolução na legislação até culminar na Constituição de 1988 que, no art. 7°, arrola inúmeros direitos aos trabalhadores que visam à melhoria de sua condição social. A Constituição de 1988 foi a que afirmou de vez a constitucionalidade dos direitos trabalhistas, e por essa razão, ela é chamada de Marco de afirmação dos Direitos Trabalhistas. Temos portanto, a afirmação de que os Direitos Trabalhistas são direitos fundamentais de segunda geração. Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos; II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário; III - fundo de garantia do tempo de serviço; IV - salário mínimo , fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim; V - piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho; VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo; VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável; VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria; [1=8=============0=2=============2=0] 6 IX - remuneração do trabalho noturno superior à do diurno; X - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa; XI - participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei; XII - salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei; XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho; XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva; XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos; XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinquenta por cento à do normal; XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal; XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias; XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei; XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei; XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei; XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança; XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei; XXIV - aposentadoria; XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas; XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho; XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei; XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa; XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho; XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil; XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência; XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos; XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos; XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhadores domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII , X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições estabelecidas em lei e observada a simplificação do cumprimento das obrigações tributárias, principais e acessórias, decorrentes da relação de trabalho e suas peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua integração à previdência social. Por outro lado, também forneceu instrumentos para a flexibilização de direitos trabalhistas (talvez resultado do cenário dicotômico) (Ex: art. 7º, VI, XIII e XIV). Contexto político, social e econômico pós década de 1990 influenciou na (in)efetividade da CR/88 no que tange às normas trabalhistas. Uma norma inefetiva é aquela que não produz efeito esperado, pois o destinatário insiste em descumpri- la. Além disso, na década de 1990, o legislador criou muitas leis trabalhistas atendendo a classe trabalhadora, mas muitas delas dependem de leis que regulamente sua aplicação, e dessa forma ele “atendeu” a classe de empregadores, já que o direito estaria “suspenso” até a criação da lei regulamentadora. 7 1.4. Contexto atual: Globalização/Crises Econômicas: Com o intuito de atender as necessidades da economia globalizada e de possíveis crises econômicas, algumas normas que se encontram positivadas no direito do trabalho passaram a ser flexibilizadas. Tal flexibilização é decorrente das atuais concepções políticas, atualmente, o neoliberalismo. O desafio da chamada flexibilização fundamenta- se em diminuir de certa forma o “excesso de direitos”, desburocratizando a relação de emprego, através da participação efetiva da classesindical na elaboração e na fiscalização das normas trabalhistas. Assim, devem-se observar as condições mínimas de trabalho, como higiene e segurança do trabalho, em prol do empregado. Flexibilização (art. 7º, VI, XIII, XIV da CR/88): A própria Constituição adotou a flexibilização. É um movimento que começou a partir da década de 90 e está presente nos dias atuais (podemos ver na Reforma Trabalhista de 2017) e significa reduzir direitos trabalhistas, mas mantendo o mínimo considerado essencial. Tem como o intuito de promover a empresa (em razão da economia) um pouco e proteger menos o empregado. Desregulamentação (art. 611-A da CLT): Também é um movimento da década de 90 e significa saída total do Direito do Trabalho. E nesse caso, de onde irá surgir os direitos trabalhistas? Da própria negociação entre empregado e empregador. Portanto, acabaria os direitos trabalhistas oriundos do Estado e as partes decidiriam entre elas quais seriam os direitos trabalhistas. O que pode ser observado no art. 611-A da CLT que dispõe claramente sobre a prevalência do negociado em âmbito coletivo sobre a lei. Na verdade, aqui teremos a primazia total do negociado, sem levar em consideração a lei. Natureza Jurídica do Direito AO trabalho: Direito Humano (art. 23 da DUDH) e Direito Fundamental Social (art. 6º da CR/88) Natureza Jurídica do Direito DO trabalho: Direito Fundamental Social (art. 7 da CR/88) e Verba de natureza existencial. Visa a flexibilização assegurar um conjunto de regras mínimas ao trabalhador e, em contrapartida, a sobrevivência da empresa, por meio da modificação de comandos legais, procurando garantir aos trabalhadores certos direitos mínimos e ao empregador a possibilidade de adaptação de seu negócio, principalmente em épocas de crise econômica. Na desregulamentação o Estado deixa de intervir na área trabalhista, não havendo limites na lei para questões trabalhistas, que ficam a cargo da negociação individual ou coletiva. Na desregulamentação a lei simplesmente deixa de existir. 8 Flexibilização e desregulamentação por muitas vezes têm sido usadas erroneamente como sinônimos, entretanto cada instituto traz suas peculiaridades. Na desregulamentação há uma supressão na participação do Estado nos direitos trabalhistas, a negociação seria individual ou coletiva, trata-se de um meio radical. Já na flexibilização há uma diminuição da intervenção do Estado, porém ela continua existindo para garantir os direitos básicos e a dignidade do trabalhador. Crise do Direito do Trabalho? (Princípio da proteção e manutenção da saúde da empresa): Em 2017 ocorreu uma reforma trabalhista e muitos dos artigos pioraram a situação do trabalhador. Muitos doutrinadores dizem que o Direito do Trabalho está em um momento de transição, onde está tentando adequar dois princípios: Princípio da proteção do trabalhador e o Princípio da manutenção da saúde da empresa. A proteção ao empregado está diminuindo em prol de uma adequação ao cenário econômico e ao contexto atual, visando a manutenção da empresa. Art. 611-A. A convenção coletiva e o acordo coletivo de trabalho têm prevalência sobre a lei quando, entre outros, dispuserem sobre: (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) I - pacto quanto à jornada de trabalho, observados os limites constitucionais; II - banco de horas anual; III - intervalo intrajornada, respeitado o limite mínimo de trinta minutos para jornadas superiores a seis horas; IV - adesão ao Programa Seguro-Emprego (PSE), de que trata a Lei no 13.189, de 19 de novembro de 2015; V - plano de cargos, salários e funções compatíveis com a condição pessoal do empregado, bem como identificação dos cargos que se enquadram como funções de confiança; VI - regulamento empresarial; VII - representante dos trabalhadores no local de trabalho; VIII - teletrabalho, regime de sobreaviso, e trabalho intermitente; IX - remuneração por produtividade, incluídas as gorjetas percebidas pelo empregado, e remuneração por desempenho individual; X - modalidade de registro de jornada de trabalho; XI - troca do dia de feriado; XII - enquadramento do grau de insalubridade; XIII - prorrogação de jornada em ambientes insalubres, sem licença prévia das autoridades competentes do Ministério do Trabalho; XIV - prêmios de incentivo em bens ou serviços, eventualmente concedidos em programas de incentivo; XV - participação nos lucros ou resultados da empresa. § 1º No exame da convenção coletiva ou do acordo coletivo de trabalho, a Justiça do Trabalho observará o disposto no § 3o do art. 8o desta Consolidação. § 2º A inexistência de expressa indicação de contrapartidas recíprocas em convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho não ensejará sua nulidade por não caracterizar um vício do negócio jurídico. § 3º Se for pactuada cláusula que reduza o salário ou a jornada, a convenção coletiva ou o acordo coletivo de trabalho deverão prever a proteção dos empregados contra dispensa imotivada durante o prazo de vigência do instrumento coletivo. § 4º Na hipótese de procedência de ação anulatória de cláusula de convenção coletiva ou de acordo coletivo de trabalho, quando houver a cláusula compensatória, esta deverá ser igualmente anulada, sem repetição do indébito. § 5º Os sindicatos subscritores de convenção coletiva ou de acordo coletivo de trabalho deverão participar, como litisconsortes necessários, em ação individual ou coletiva, que tenha como objeto a anulação de cláusulas desses instrumentos. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art1 9 - Contextualização: • Globalização; • Neoliberalismo; • Incremento da tecnologia (informática e comunicações); • Aumento competição mundial (extraterritorialidade); • Questiona-se os fundamentos em que se baseia o modelo do bem-estar social do trabalhador. O excesso de proteção ao trabalhador torna-se alvo de dúvidas e críticas; • Enfraquecimento do poder sindical e excesso de desempregados e subempregados. Hoje o Direito do Trabalho vive uma fase de transição, onde se questiona o paternalismo estatal e sua intervenção nas regras privadas, mas busca-se a manutenção de um mínimo existencial para o trabalhador. Conforme comentado no tópico “Crise do Direito do Trabalho? ” Alguns pretendem a total desregulamentação: Ausência total, a abstinência estatal nas relações de trabalho, deixando o contrato de trabalho livre e à mercê das regras do mercado, sob o argumento de que o modelo que inspirou o welfare não existe mais, que os trabalhadores atuais são mais conscientes, mais maduros e menos explorados. Outros, apesar de reconhecerem alguma mudança no Direito do Trabalho, percebem também que o Brasil ainda não pode ser visto como país que efetivou o welfare state (Estado de bem-estar social), pois ainda temos trabalho em condição análoga à escrava; exploração do trabalho do menor; condições sub-humanas de trabalho e legislação trabalhista ainda muito desrespeitada (SÍNDROME DO DESCUMPRIMENTO DAS OBRIGAÇÕES). Por isso, não se pode defender o total afastamento do Estado desta relação privada, não se pode pretender a privatização dos direitos trabalhistas, o retrocesso de um grande avanço conquistado com profundo sacrifício. Em relação ao confronto travado entre a necessidade de se manter um Estado social de direito e a crise econômica das empresas, a flexibilização pode ser um meio de composição deste conflito, mas deve ser feita de forma responsável e sem abuso. Busca-se o equilíbrio entre interesses empresariais e necessidades profissionais. - Ela não pode servir de fundamento para aumentar o lucro/enriquecimento dos sócios ou diminuir direitos trabalhistas, mas para a manutenção da saúde da empresa e, consequentemente, do nível de emprego. Exemplos de flexibilização: Art. 7º VI - irredutibilidade do salário,salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo; XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho; XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva; 10 - Limites à flexibilização segundo Maurício Godinho Delgado (2012): Visão restritiva à flexibilização ampla: Direitos de indisponibilidade absoluta: não poderiam ser objeto de flexibilização pois fazem parte de um patamar mínimo civilizatório; Direitos de indisponibilidade (ou disponibilidade) relativa: apenas estes poderiam ser flexibilizados. Princípio da adequação setorial negociada. Segundo entendimento de alguns ministros do TST: qualquer direito pode ser flexibilizado, pois a CR/88 permitiu a flexibilização do mais importante direito trabalhista (art. 7º, VI). Há jurisprudência que, embora admita a corrente acima, exige como requisito mínimo para validade do ajuste, concessões recíprocas. É a chamada Teoria da Conglobalização dos Pactos Coletivos. Os limites podem ser buscados nos princípios da dignidade da pessoa humana, valor social do trabalho, proteção, condição mais favorável e não retrocesso. Exemplo: Súmula nº 437 do TST: INTERVALO INTRAJORNADA PARA REPOUSO E ALIMENTAÇÃO. APLICAÇÃO DO ART. 71 DA CLT [...] II - É inválida cláusula de acordo ou convenção coletiva de trabalho contemplando a supressão ou redução do intervalo intrajornada porque este constitui medida de higiene, saúde e segurança do trabalho, garantido por norma de ordem pública (art. 71 da CLT e art. 7º, XXII, da CF/1988), infenso à negociação coletiva. [...] VIDE REFORMA TRABALHISTA – ART. 611-A, III da CLT. Conforme mencionado anteriormente, pode ser observado que o art. 611-A da CLT dispõe claramente sobre a prevalência do negociado em âmbito coletivo sobre a lei. 1.5. Estrutura da Justiça do Trabalho: - 1ª instância: Vara do Trabalho (início do processo) - 2ª instância: Tribunal Regional do Trabalho - Instâncias extraordinárias: Tribunal Superior do Trabalho e Supremo Tribunal Federal STF TST TRT Vara do Trabalho 11 DÚVIDA: Súmulas Orientação Jurisprudencial (OJ) Súmulas são orientações criadas para balizar os votos dos ministros e as decisões do tribunal em julgamentos sobre diversos temas. Esses enunciados são elaborados a partir de decisões semelhantes ocorridas na Justiça do Trabalho em suas várias instâncias e funcionam como referência quando não há lei ou esta não é clara sobre algum aspecto. As Orientações Jurisprudenciais cristalizam a tendência da jurisprudência do TST. A Orientação Jurisprudencial, tem maior dinamismo, tem tramitação menos rígida, possui uma maior possibilidade de ser alterada ou cancelada, apesar de também passar por essa mesma reavaliação. 1.6. Novidade da Reforma Trabalhista de 2017: Esse artigo foi criado pois o legislador quis “barrar” a criação de vários direitos trabalhistas editados pelo TST e os TRT’s através das súmulas e das orientações jurisprudenciais. A Lei 13.467/2017 estabeleceu, por meio da redação trazida ao inciso I, alínea f e aos parágrafos 3º e 4º, do artigo 702, da CLT, que os Tribunais do Trabalho deverão observar um novo e obrigatório procedimento, quando da elaboração dos seus enunciados de uniformização jurisprudencial. A partir da vigência desse artigo, passar a se estabelecer um grau de exigência mais rigoroso para que o Tribunal Superior do Trabalho e os Tribunais Regionais do Trabalho possam elaborar as suas súmulas. Art. 8º, § 2º da CLT “Súmulas e outros enunciados de jurisprudência editados pelo TST e pelos Tribunais Regionais do Trabalho (TRT) não poderão restringir direitos legalmente previstos nem criar obrigações que não estejam previstas em lei. Art. 702 da CLT - Ao Tribunal Pleno compete: I - em única instância: f) estabelecer ou alterar súmulas e outros enunciados de jurisprudência uniforme, pelo voto de pelo menos dois terços de seus membros, caso a mesma matéria já tenha sido decidida de forma idêntica por unanimidade em, no mínimo, dois terços das turmas em pelo menos dez sessões diferentes em cada uma delas, podendo, ainda, por maioria de dois terços de seus membros, restringir os efeitos daquela declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de sua publicação no Diário Oficial;
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