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26/09/2018 Disciplina Portal http://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=2417637&classId=983646&topicId=2191506&p0=03c7c0ace395d80182db07ae2c30f034… 1/9 Sociologia Jurídica e Judiciária Aula 5 - Funções essenciais à realização da Justiça e sociologia das pro�ssões INTRODUÇÃO Até este momento, você já analisou o conceito sociológico do Direito e identi�cou seu objeto de estudo: o Direito como fato social. Além disso, você estudou a construção da norma jurídica em seu aspecto social. Agora, é importante considerar que não basta que existam normas boas e válidas. Para que essas normas consigam realizar sua função social, é necessário um número satisfatório de pessoas especializadas e uma estrutura material 26/09/2018 Disciplina Portal http://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=2417637&classId=983646&topicId=2191506&p0=03c7c0ace395d80182db07ae2c30f034… 2/9 apropriada para a aplicação e a garantia da lei. Os pro�ssionais que possibilitam isso são chamados de instrumentos humanos da realização social do Direito. Nesta aula, conheceremos esses diversos pro�ssionais que trabalham junto ao Poder Judiciário. Entenderemos, também, por que é preciso democratizar os tribunais brasileiros. OBJETIVOS Esclarecer a função social e a atuação dos magistrados, com base em sua formação pro�ssional, bem como as razões sociais para suas garantias constitucionais; Reconhecer a importância da função e da atuação social dos membros do Ministério Público, da Defensoria Pública e da Advocacia; Identi�car a relevância da efetividade do Direito e sua estreita relação com a necessária democratização dos tribunais com acesso à Justiça; Determinar o novo ramo da Sociologia –Sociologia das Pro�ssões Jurídicas. 26/09/2018 Disciplina Portal http://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=2417637&classId=983646&topicId=2191506&p0=03c7c0ace395d80182db07ae2c30f034… 3/9 FUNÇÃO SOCIAL DO PODER JUDICIÁRIO A questão do Judiciário é alvo de estudos e debates não só no Brasil mas também em outros Estados Democráticos, na medida em que a solução de�nitiva dos con�itos sociais passa pela decisão judicial. Nesse contexto, apoia-se o conceito de fuga dos tribunais, que envolve dois aspectos: Como um dos Poderes do Estado, o Poder Judiciário tem sua autonomia na esfera da competência que a Constituição lhe atribui, mas a lei votada no Legislativo é obrigatória para o Judiciário – salvo as inconstitucionais. Como um dos Poderes do Estado, o Poder Judiciário tem sua autonomia na esfera da competência que a Constituição lhe atribui, mas a lei votada no Legislativo é obrigatória para o Judiciário – salvo as inconstitucionais. FUNÇÃO JURISDICIONAL A função jurisdicional corresponde ao poder de formular e tornar efetiva a norma concreta que deve regular determinada situação jurídica. Trata-se, ao mesmo tempo, de poder, função e atividade. Vejamos: PODER Capacidade de decidir imperativamente e de impor decisões. FUNÇÃO Promoção da paci�cação dos con�itos de interesses entre os jurisdicionados por meio do Direito e do processo. ATIVIDADE Complexo de atos jurídicos praticados no processo pelo juiz, que exerce o poder conferido a ele por lei e cumpre suas funções. DIVISÃO DO JUDICIÁRIO O Judiciário está dividido em dois grandes grupos. São eles: Federal De acordo com os Artigos 106 e 109 da Constituição, ao Poder Judiciário Federal compete apreciar todas as causas de interesse da União ou de seus desdobramentos administrativos – autarquias e empresas públicas – como autoras, rés ou simples interessadas. Dele fazem parte os tribunais federais, eleitorais, trabalhistas e militares. Estadual De acordo com o Artigo 126 da Constituição, ao Poder Judiciário Estadual compete apreciar todas as demandas que envolvem con�ito de interesse entre particulares, bem como as causas em que há interesse dos próprios Estados, Municípios e seus desmembramentos administrativos. CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA 26/09/2018 Disciplina Portal http://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=2417637&classId=983646&topicId=2191506&p0=03c7c0ace395d80182db07ae2c30f034… 4/9 Fonte da Imagem: bikeriderlondon / Shutterstock Com previsão constitucional, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) tem-se revelado um marco na busca da e�ciência do Poder Judiciário. De acordo com o Artigo 103-B da Constituição, ao CNJ compete: I - Zelar pela autonomia do Poder Judiciário; [...] III - Receber e conhecer das reclamações contra qualquer dos membros ou órgãos do Poder Judiciário [...]; IV - Representar ao Ministério Público, no caso de crime contra a administração pública ou de abuso de autoridade; V - Rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disciplinares de juízes e membros de tribunais julgados há menos de um ano. [...] INSTRUMENTOS HUMANOS DE REALIZAÇÃO DA ORDEM JURÍDICA A magistratura é elemento essencial no Estado Democrático de Direito. Por isso, não pode haver democracia sem uma magistratura consciente de seu papel social. Em outras palavras, não pode haver democracia sem esse poder que, por atribuição constitucional, desempenha a relevante função de garantir o respeito aos direitos fundamentais do cidadão. Vamos conhecer os sistemas seletivos adotados para o recrutamento de juízes: SISTEMA ELETIVO (POR VOTAÇÃO) Vantagens: Este sistema é mais democrático, rápido e econômico. Nesse caso, há controle sobre o desempenho do juiz por parte da população. Desvantagens: Os critérios políticos podem in�uir na votação e, nem sempre, os melhores candidatos são eleitos. SISTEMA DA NOMEAÇÃO Vantagens: Rapidez e economia. Desvantagens: Este sistema é antidemocrático, pois não dá oportunidades iguais a todos. CONCURSO PÚBLICO Vantagens: Este sistema é mais democrático. Desvantagens: Este sistema é, porém, mais oneroso, pois exige uma comissão de alto nível para realizar o concurso, além de ser mais demorado. GARANTIAS CONSTITUCIONAIS DA MAGISTRATURA Nos Estados modernos, as garantias asseguradas aos magistrados variam de Constituição para Constituição, de modo que possam exercer suas funções livremente. As garantias da magistratura podem ser: Institucionais – aquelas que repercutem funções atípicas e que servem para proteger a magistratura contra a pressão dos outros órgãos. Entre estas garantias, estão a autonomia orgânico-administrativa e a autonomia �nanceira. 26/09/2018 Disciplina Portal http://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=2417637&classId=983646&topicId=2191506&p0=03c7c0ace395d80182db07ae2c30f034… 5/9 Funcionais – aquelas conferidas aos juízes, que estão estabelecidas no Artigo 95 da Constituição (glossário). Para �ns de compreensão da lei, são garantias funcionais: Vitaliciedade – os magistrados não podem ser demitidos senão em virtude de sentença do próprio Judiciário; Inamovibilidade – o Executivo não pode remover o magistrado senão por motivo de promoção; Irredutibilidade – relativa a subsídio. MINISTÉRIO PÚBLICO O Ministério Público (MP) é considerado o quarto poder constitucional e, na Carta Magna, aparece em capítulo especial: Capítulo IV - Das funções essenciais à Justiça. Fonte da Imagem: De acordo com o Artigo 129 da Constituição, são funções do MP: Defender a sociedade �scal da lei – custus legis; Promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e dos interesses difusos e coletivos; Promover a ação de inconstitucionalidade; Exercer o controle externo da atividade policial; Defender os direitos humanos. DEFENSORIA PÚBLICA A Defensoria Pública é uma instituição que, ao lado da Advocacia, da Advocacia Pública e do Ministério Público, é essencial à jurisdição (glossário). 26/09/2018 Disciplina Portal http://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=2417637&classId=983646&topicId=2191506&p0=03c7c0ace395d80182db07ae2c30f034… 6/9 Fonte da Imagem: zimmytws / Shutterstock São atribuições da Defensoria Pública: Orientação jurídica e defesa, em todos os graus, dos necessitados –aqueles que comprovarem insu�ciênciade recursos; Isenção ao preparo de pareceres e consultoria. ADVOCACIA A Advocacia é atividade essencial para a administração da Justiça. O advogado possui a capacidade de postular os interesses das pessoas em juízo ou fora dele, além de prestar assessoria e consultoria. Fonte da Imagem: kurhan / Shutterstock No Brasil, a Lei nº 8.906/1994 (glossário) – que instituiu o Estatuto da Advocacia e da OAB – reforça a delineação do per�l pro�ssional traçado no Artigo 133 da Constituição, com grande preocupação quanto aos aspectos sociais. DEFICIÊNCIAS DO JUDICIÁRIO Entre as origens dos problemas do Poder Judiciário em relação ao acesso à Justiça e à democratização, estão: O despreparo técnico de juízes; As de�ciências na elaboração das normas jurídicas; O desaparelhamento do Judiciário; A prática de um sistema abusivo de recurso; O excessivo apego ao formalismo, com dedicação à vertente romanista do Direito que já deveria estar vencida. As causas dessa situação problemática do Judiciário brasileiro merecem uma abordagem sistemática por parte de diversos sociólogos e juristas. SOCIOLOGIA DAS PROFISSÕES JURÍDICAS A Sociologia das Pro�ssões começou a ser estudada por sociólogos ingleses, em 1933, com o trabalho intitulado The Professions de Carr-Saunders. Esse estudo promoveu um extenso levantamento da história de grupos pro�ssionais que poderiam ser classi�cados como pro�ssões, permitindo sistematizar uma disciplina especial denominada Sociologia das Pro�ssões Jurídicas. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8906.htm 26/09/2018 Disciplina Portal http://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=2417637&classId=983646&topicId=2191506&p0=03c7c0ace395d80182db07ae2c30f034… 7/9 Até o primeiro quarto do século XX, os interesses nas pro�ssões jurídicas ainda estavam voltados para os seguintes assuntos: A qualidade do ensino jurídico; A consolidação das pro�ssões jurídicas no mercado de trabalho; A ética dos pro�ssionais da área jurídica. Nas análises sociológicas de viés funcionalista, a pro�ssão jurídica é frequentemente idealizada como nobre, mas, na prática, é descoberta como um nicho de atuação para ganhar dinheiro – aliás, bastante dinheiro. Para Santos (2012, p. 89), importam três aspectos fundamentais para as análises sociológicas. São eles: 1. A relação entre pro�ssões jurídicas e burocracia estatal como mecanismo de reforço do poder das próprias pro�ssões do Direito; 2. O ensino do Direito como via de acesso à atividade pro�ssional do ramo e como meio de incorporação dos habitus (glossário) pro�ssionais do Direito; 3. O poder político das associações pro�ssionais do Direito. ATIVIDADE PROPOSTA Analise o fragmento de texto a seguir, que trata do fenômeno social conhecido como fuga dos tribunais: “Palomba obteve resultados curiosamente coincidentes com os de Castellano e Pace no trabalho em que analisou a administração da Justiça na região napolitana, indicando que a litigiosidade na Itália diminuiu em consequência das condições que desencorajam as partes a ingressar em juízo – entre elas, o alto custo dos processos e a lentidão que se observa em seu andamento.” Fonte ROSA, M. Sociologia do Direito: o fenômeno jurídico como fato social. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004. p. 144. Esse fenômeno ilustrado pelo texto ocorre tanto na Itália quanto no Brasil, apesar dos avanços trazidos, por exemplo, pelos Juizados Especiais. Comente o trecho fazendo uma comparação entre a situação de ambos os países. Resposta Correta 1- Leia as notícias a seguir: “Justiça solta acusado de trá�co por falta de provas. A polícia não investigou nada e, além disso, tentou passar por cima de minha decisão – a�rmou desembargador”. “Mais um perigoso bandido volta às ruas hoje. Acusado de trá�co, M. B. da Silva, de 28 anos, obteve ontem um habeas corpus concedido pelo desembargador X, da 5ª Câmara Criminal, que atribuiu sua decisão à falta de investigação por parte da Polícia Civil”. Fonte REVISTA Época. Publicação: 3 fev. 2007. Essa situação revela uma problemática relacionada: A efeitos negativos da norma, como sua e�cácia. A efeitos positivos da norma, como o controle social. A efeitos negativos da norma, como a omissão da autoridade à aplicação da lei. 26/09/2018 Disciplina Portal http://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=2417637&classId=983646&topicId=2191506&p0=03c7c0ace395d80182db07ae2c30f034… 8/9 À crise estrutural do Judiciário, por falta de um órgão nacional de planejamento e controle. Justi�cativa 2- A toda norma jurídica sempre se associa um efeito social. Cabe à Sociologia Jurídica investigar os fatores de sua e�cácia e ine�cácia. Em relação à ine�cácia da norma, é possível levantar algumas hipóteses, EXCETO: A inoportunidade da lei. A conformidade com interesses do grupo total. A não correspondência a necessidades do grupo social. As pressões sociais espontâneas maiores que as sanções. Justi�cativa 26/09/2018 Disciplina Portal http://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=2417637&classId=983646&topicId=2191506&p0=03c7c0ace395d80182db07ae2c30f034… 9/9 Glossário ARTIGO 95 DA CONSTITUIÇÃO Os juízes gozam das seguintes garantias: I - vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após dois anos de exercício, dependendo a perda do cargo, nesse período, de deliberação do tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos demais casos, de sentença judicial transitada em julgado; II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público [...]; III - irredutibilidade de subsídio [...]. JURISDIÇÃO Poder de um Estado – decorrente de sua soberania – para editar leis e ministrar a Justiça. HABITUS Conceito desenvolvido pelo sociólogo francês Pierre Bourdieu, com o objetivo de pôr �m à antinomia indivíduo/sociedade dentro da sociologia estruturalista. Trata-se da capacidade de determinada estrutura social ser incorporada pelos agentes por meio de disposições para sentir, pensar e agir.
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