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Seção III- Trabalhista

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Excelentíssimo (a) Senhor (a) Doutor (a) Juiz (a) do Trabalho da 2ª 
Vara do Trabalho de Goiânia/GO
 Processo nº XXXXXXX
 Albano Machado, já qualificado nos autos em epígrafe, doravante 
simplesmente denominado recorrente por seu advogado que esta subscreve, nos autos da reclamação trabalhista que move em face de Maria José Pereira, também já qualificada no presente feito, ora denominada recorrida, vem interpor Recurso Ordinário para o Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 3ªRegião, com fulcro no art. 895, “a”, da CLT. Satisfeitos os mandamentos legais, requer seja o apelo recebido e enviado à apreciação do Tribunal Regional. 
Requer, por fim, a remessa das razões anexas ao Egrégio Tribunal 
Regional do Trabalho da 3ª Região.
Termos em que pede juntada de ferimento.
Data, assinatura
RAZÕES DO RECURSO ORDINÁRIO
PELO RECORRENTE JONAS FAGUNDES
I – Tempestividade
O reclamante foi intimado da sentença por meio de publicação oficial ocorrido no dia 21/11/2017, segunda-feira. Dessa forma, o prazo para interposição do Recurso Ordinário se iniciou em 21/11/2017, terça-feira, e finda em 01/12/2017, uma vez que pela nova redação do art. 795, da CLT, os prazos devem ser contados em dias úteis.
Assim, o presente Recurso Ordinário é tempestivo.
2-FUNDAMENTAÇÃO
2.1 – JORNADA DE TRABALHO
O fundamento jurídico do pleito obreiro para fazer jus às horas extras além da 8ª diária é de que não há autorização por norma coletiva para a adoção da jornada 12x36. A reclamada aduz que há previsão no contrato de trabalho para adoção deste sistema, o que o legitima mesmo antes da publicação da Lei Complementar n. 150/15, pois o labor tinha cunho social. 
A pretensão do trabalhador não merece ser acolhida. Inicialmente deve-se destacar que os trabalhadores domésticos, como é o caso do reclamante, passaram a ter direito às horas extras desde 02/04/2013, quando foi publicada a Emenda Constitucional n. 72. A Lei Complementar n. 150/15 somente acrescentou a necessidade de o empregador doméstico ter registro de ponto, ou seja, após sua vigência (02/06/2015) a ausência do registro de jornada implica em presunção relativa de veracidade do período de trabalho declinado na petição inicial. Todavia, no caso sob exame não há discussão acerca do horário de início e término da jornada de trabalho. A controvérsia incide sobre a validade jurídica do trabalho em regime 12x36 antes da publicação da Lei Complementar n. 150/15, já que ela prevê sua regularidade quando já previsão no contrato de trabalho, como é o caso dos autos. Diante da omissão legislativa anterior à publicação da LC 150/15, no que diz respeito ao trabalhador doméstico, deve-se avaliar a validade jurídica do regime 12x36 à luz da Constituição Federal de 1988, da CLT e dos princípios que norteiam o Direito do Trabalho. O art. 7º, inciso XIII, da CF/88, prevê que a duração do trabalho normal não deve ser superior a oito horas por dia, o que se aplica também ao trabalho doméstico, por força do parágrafo único
do art. 7º, da Carta Magna. Assim, pelo texto constitucional, eventual sistema de compensação de jornada, como pode ser encarado o regime 12x36, necessita de pactuação por meio de Acordo ou Convenção Coletiva de Trabalho. Neste sentido é, inclusive, a Súmula n. 444, do Colendo TST, invocada pelo reclamante em sua peça de ingresso. Entretanto, não se pode perder de vista a atividade de cunho social exercida pelo cuidador de idosos ou de doentes no âmbito familiar. O direito à saúde pertence a todos, devendo ser promovido pelo Estado, nos termos dos art. 194, 197, 203 e 227, da CF/88. Além 
disso, o art. 230, da Carta Magna, prevê que o Estado deve assistir o idoso, “defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida”, preferencialmente em casa.Nota-se, portanto, que a empregador contratou os serviços do reclamante em substituição à atividade estatal não visando 
qualquer espécie de lucro, mas tão somente o bem estar de seu marido idoso e enfermo. Neste contexto, o Tribunal Superior do Trabalho já analisou diversas situações idênticas (processos n. 3205-12.2011.5.12.0028; 466-76.2010.5.04.0302; 2808-12.2011.5.08.0206), fastando o rigor formal da previsão da Súmula n. 244, conferindo validade jurídica à jornada 12x36 que for pactuada bilateralmente, como ocorre no caso em comento, em que houve ajuste neste sentido no contrato de trabalho. Diante do exposto, válido o sistema 12x36 adotado pelas partes, 
razão pela qual julgo improcedente o pedido de pagamento de horas extras excedentes à 08ª diária.
2.2 – TRABALHO AOS DOMINGOS E FERIADOS
O pleito do reclamante de pagamento de domingos e feriados 
em dobro merece ser acolhido parcialmente.
A Súmula 444, do Colendo TST, dirime esta questão: Súmula nº 444 do TST JORNADA DE TRABALHO. NORMA COLETIVA. LEI. ESCALA DE 12 POR 36. VALIDADE. - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 
26 e 27.09.2012 - republicada em decorrência do despacho proferido no processo TST-PA-504.280/2012.2 - DEJT divulgado em 26.11.2012
É valida, em caráter excepcional, a jornada de doze horas de trabalho por trinta e seis de descanso, prevista em lei ou ajustada exclusivamente mediante acordo coletivo de trabalho ou convenção coletiva de trabalho, assegurada a remuneração em dobro dos feriados trabalhados. O empregado não tem direito ao pagamento de adicional referente ao labor prestado na décima primeira e décima segunda horas. Como se infere, há previsão expressa de que o feriado deve ser pago em dobro. Isto porque o trabalhador, mesmo em regime 12x36, tem direito à folga neste dia, além daquelas 36 horas de descanso que são inerentes ao sistema em questão. Uma vez ocorrido o labor em dia de feriado, sem qualquer compensação, 
é devido seu pagamento em dobro. No que diz respeito ao domingo, o entendimento é diferente. A Lei n. 605/49 prevê que o descanso deve ser preferencialmente aos domingos. No mesmo sentido, é a disposição sobre o 
repouso semanal remunerado constante no art. 7º, inciso XV, da constituição Federal de 1988. Assim, o domingo, quando laborado, já é compensado, razão pela qual o obreiro não tem direito ao seu pagamento em dobro.Diante do exposto, julgo procedente o pedido de pagamento 
em dobro dos feriados trabalhados, conforme se apurar em liquidação de sentença, e improcedente o pleito de pagamento dos domingos eventualmente laborados.
2.3 – INTERVALO INTRAJORNADA
 O reclamante requer o pagamento de horas extras no período posterior à vigência da Lei Complementar n. 150/15. Compulsando os autos, não se vislumbra qualquer cartão de ponto, como exige o art. 12, da referida Lei Complementar. Ademais, não foi ouvida nenhuma testemunha a respeito da pausa intervalar.Tendo em vista que o ônus probatório era da reclamada, condeno-a ao pagamento de uma hora por dia, acrescida de 50%, a partir de 02/06/2015 até o término do contrato de trabalho, com reflexos em aviso prévio, férias + 1/3, décimo terceiros salário e na multa de 40% do FGTS.
2.4 – JUSTA CAUSA
Alega o obreiro que foi dispensado por justa causa pelo fato de não ter seguido às ordens da reclamada, notadamente no que tange ao horário do banho e em razão de deixar o seu marido assistir televisão. A empregadora rechaça a pretensão, confirmando a modalidade de dispensa, mas tendo como justificativa o fato de o trabalhador ter comparecido bêbado para prestar serviços. O ônus de prova da existência de fatos que autorizam a justa causa é da empregadora, eis que ela constitui fato impeditivo à manutenção do vínculo empregatício (arts. 818, da CLT e 373, inciso II, do CPC).
Neste particular, a reclamada se desincumbiu do ônus de prova que lhe competia. A única testemunha ouvida no feito, Sr. Euclides da Cunha, porteiro do prédio em que o reclamante prestava serviços assim afirmou:
Que conhece o reclamante, pois trabalha no prédio em que ele presta serviços há mais de vinte anos; que no início de janeiro de 2017 o reclamante chegou para trabalhar visivelmente embriagado; que teve dificuldades para entrar no prédio tamanha a sua embriaguez; quea reclamada logo percebeu o grau etílico de seu funcionário, tendo solicitado ao depoente ajuda para retirá-lo de sua residência; que sabe dizer que no mesmo dia a reclamada solicitou o comparecimento de outra pessoa para cuidar do marido doente, pois ele não pode ficar sozinho; que não se recorda do reclamante chegar bêbado no trabalho em outra oportunidade; que ele era um bom trabalhador, apesar de ter pequenas discussões com a reclamada; que não tem conhecimento de qualquer advertência ou suspensão sofrida pelo reclamante. 
Não resta dúvida que a atividade obreira quebra a confiança que é inerente à relação empregatícia, notadamente naquela que é prestada em âmbito doméstico, envolvendo cuidados com idoso enfermo. A conduta do trabalhador, portanto, enquadra-se no disposto no art. 482, “f”, da CLT, o que autoriza esta modalidade de rescisão contratual. Frisa-se que o referido preceito legal autoriza a dispensa por justa causa quando a embriaguez for em serviço, isto é, mesmo que tenha ocorrido uma única vez, como no caso sob exame. Neste sentido, é a jurisprudência do Colendo Tribunal Superior do Trabalho:RECURSO DE EMBARGOS INTERPOSTO ANTERIORMENTE À VIGÊNCIA DA LEI 11.496/2007. EMBRIAGUEZ EM SERVIÇO. CONDUTA ÚNICA. JUSTA CAUSA. A hipótese, que versa sobre a possibilidade de rescisão contratual em virtude da conduta única de embriaguez do empregado no serviço, situa-se muito mais no plano da justiça, que invoca o juízo de proporcionalidade na gradação da pena a ser aplicada, do que na esfera legal. A alínea f do art. 482 da CLT, ao estabelecer como justa causa a -embriaguez habitual ou em serviço- sugere a possibilidade de uma única conduta de embriaguez em serviço configuraro ilícito laboral. Não há, sob esse prisma, violação literal a tal preceito. Para sopesar a análise fria do art. 482, f, da CLT devem ser agregados outros elementos que revelem, por exemplo, o comportamento pretérito do empregado, a repercussão da conduta do Reclamante no âmbito funcional e social do empregador etc. Não constam do acórdão prolatado pelo Tribunal Regional, entretanto, elementos que pudessem mitigar o rigor da pena aplicada, razão por que a Turma negou provimento ao Recurso de Revista. Incólumes os arts. 482, f, da CLT e 5.º, II, da Constituição Federal. Embargos não conhecidos. (TST - E-RR: 1299000412002502 1299000-41.2002.5.02.0900, Relator: Maria de Assis Calsing Data de Julgamento: 18/12/2008, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação: DJ 06/02/2009.)O fato de não haver nos autos prova documental acerca de outras penalidades (advertências ou suspensões) porventura sofridas por ele não modifica a conclusão deste julgado, vez que se baseia na gravidade da conduta e não na sua reiteração.Destaca-se que o obreiro foi imediatamente dispensado, estando presentes os requisitos necessários para o rompimento do pacto laboral por justa causa.
Diante do exposto, julgo improcedente o pedido de reversão da justa causa e seus consectários.
2.5 – INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS
No caso em tela é incontroversa a anotação na CTPS de que a dispensa se deu por justa causa. Com a devida vênia, tal anotação não encontra amparo no invocado art. 29, da CLT. Ele determina que as anotações 
nela contidas devem ser limitadas ao tempo de serviço, às suspensões e interrupções do contrato e remuneração. Por sua vez, o §4º, do art. 29, da CLT, veda a anotação de qualquer conduta desabonadora. O fato de o trabalhador ter de fato cometido falta suficiente para a justa causa não autoriza o registro desta modalidade de dispensa na sua CTPS.Neste sentido é pacífica a jurisprudência pátria, como se extrai do seguinte julgado do Colendo TST:AGRAVO DE INSTRUMENTO. ADMISSIBILIDADE. DANO MORAL. ANOTAÇÃO DESABONADORA DA CTPS. REGISTRO DE JUSTA CAUSA POR ABANDONO DE EMPREGO. RESCISÃO CONTRATUAL POR INICIATIVA DO RECLAMANTE. PROPOSTA DE EMPREGO MAIS FAVORÁVEL. 1. O registro na CTPS de que o obreiro foi demitido por justa causa por abandono de emprego não constitui condição especial de trabalho amparada no artigo 29, caput, da Consolidação das Leis do Trabalho, porquanto não se destina a esclarecer as circunstâncias da contratação, tampouco constitui informação de interesse da Previdência Social. 2. Esse fato é ainda mais reprovável quando provado nos autos que a referida anotação na CTPS se deu em retaliação à iniciativa do obreiro em solicitar a rescisão do contrato por haver recebido proposta de emprego mais favorável. Trata-se de conduta não só desabonadora como também abusiva e ilícita, o que configura afronta extrapatrimonial do empregado, sujeitando o infrator à reparação do dano. 3. Frise-se que o § 4º do artigo 29 da Consolidação das Leis do Trabalho veda expressamente o registro de circunstâncias desabonadoras, que devem ser entendidas como aquelas que têm o condão de causar algum prejuízo ao trabalhador em sua colocação no mercado de trabalho. 4. Precedentes. 5. Agravo de Instrumento a que se nega provimento. DANOS MORAIS. FIXAÇÃO DO QUANTUM INDENIZATÓRIO. R$ 20.000,00 (VINTE MIL REAIS). ANOTAÇÃO DESABONADORA NA CTPS. CONDUTA AGRAVADA PELA NEGATIVA DE AUTORIA. NECESSIDADE DE EXAME GRAFOTÉCNICO. 1. Diante da ausência de critérios objetivos norteando a fixação do quantum devido a título de Julgamento: 21/10/2015, 1ª Turma, Data de Publicação: DEJT 23/10/2015)A alegação da reclamada de que não ficou demonstrado qualquer dano constrangimento com a anotação da dispensa por justa causa na CTPS do trabalhador, não tem o condão de afastar o dever de indenizar. Isto porque se trata da típica hipótese de dano moral in re ipsa, isto é, situação em que a gravidade da conduta é por si só suficiente para acarretar a reparação civil, sendo desnecessária qualquer prova do abalo psicológico da vítima.Tendo em vista o dever de indenizar, fixo a indenização por danos morais no importe de R$ 10.000,00 (dez mil reais), quantia que não se revela razoável frente ao dano ocorrido e à capacidade econômica das partes.
2.6 – MULTA DO ART. 477, §8º, DA CLT
Tendo em vista a manutenção da justa causa e o pagamento das verbas rescisórias decorrentes desta dispensa no prazo legal, como comprovam os documentos carreados aos autos, julgo improcedente o pleito de pagamento da multa prevista no art. 477, §8º, da CLT.
2.7 – ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA
Defiro a assistência judiciária gratuita para ambas as partes, ante a condição de miserabilidade provada documentalmente por ambas.
2.8 – HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
A Lei n. 13.467/17 acrescentou na CLT o art. 791-A, que prevê o pagamento de honorários advocatícios, mesmo quando for concedida a assistência judiciária gratuita (§4º). Diante da procedência parcial da presente reclamação trabalhista e da impossibilidade de compensação dos honorários advocatícios (§3º), fixo-os em 5% para cada parte, devendo ser 
calculado sobre o valor a ser apurado em liquidação de sentença. 
III – Pedido
 Diante do exposto, requer seja dado provimento ao Recurso Ordinário, nos termos da fundamentação supra.
Nesses Termos,
Pede Deferimento.
Goiânia/GO, xx de xxxx de xxxx.
ADVOGADO OAB/___

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