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CAPÍTULO 6 SOLICITAÇÕES SECCIONAIS NO VIGAMENTO PRINCIPAL DAS PONTES _____________________________________________________________________ 6.1 Introdução As diversas etapas do cálculo do vigamento principal serão explicadas mediante o cálculo de uma Ponte Exemplo. Como o livro está voltado para cursos de graduação, optou-se por desenvolver o cálculo de uma ponte em concreto armado, moldada no local, que não requer conhecimentos mais aprofundados de sistemas construtivos mais complexos, nem conhecimentos prévios de concreto protendido. A limitação de carga horária dos cursos obrigatórios de graduação impede o detalhamento do cálculo de pontes em balanços sucessivos, por exemplo, pelo grande volume de análises necessárias. Optou- se também por um cálculo convencional, sem modelagens em programas de computador. A seguir apresentam-se as características da Ponte Exemplo que será calculada. Trata-se de uma ponte rodoviária, em concreto armado, constituída por três vãos contínuos, dois de 16m e um vão central de 20m, além de dois balanços de 4m, totalizando o comprimento de 60m. A seção transversal é composta por duas vigas principais de altura constante de 1,60m e espessura variando de 0,40m no vão para 0,70m nos apoios. Estas vigas são ligadas pela laje e por transversinas de apoio e intermediária. A ponte está inserida em rodovia de 1ª classe, possuindo duas pistas de rolamento e dois guarda-rodas, perfazendo uma largura total de 8,80m. Os materiais adotados no projeto da ponte apresentam as seguintes características: Concreto estrutural: fck = 30 MPa; Aço: CA-50 A (fyk = 500 MPa); Aparelhos de apoio: Borracha Neoprene Fretada. Dados adicionais: CAA II; Cobrimento adotado para as armações: c 3,0 cm; Trem-Tipo adotado: TB- 450 kN prescrito pela NBR-7188; Guarda-Rodas: Barreira Tipo New-Jersey (Padrão DNIT); Pavimentação: asfáltica. O sistema construtivo da ponte é o de estrutura moldada no local sobre escoramento direto. As Figuras 6.1, 6.2 e 6.3 apresentam os desenhos de elevação e corte em planta, seções transversais nos vãos e nos apoios, detalhes das cortinas e da laje de transição da Ponte Exemplo. PROJETO E ANÁLISE DE PONTES SÉRGIO MARQUES FERREIRA DE ALMEIDA 2 Figura 6.1 - Forma em corte da ponte em elevação e corte em planta (dimensões em cm) PROJETO E ANÁLISE DE PONTES SÉRGIO MARQUES FERREIRA DE ALMEIDA 3 SEÇÃO TRANSVERSAL NO MEIO DO VÃO SEÇÃO TRANSVERSAL NO APOIO Figura 6.2 - Seções transversais (dimensões em cm) PROJETO E ANÁLISE DE PONTES SÉRGIO MARQUES FERREIRA DE ALMEIDA 4 DETALHE DA CORTINA E DA ABA LATERAL CORTE E-E DETALHE DA LAJE DE TRANSIÇÃO Figura 6.3 - Detalhes da cortina, abas laterais e laje de transição (dimensões em cm) PROJETO E ANÁLISE DE PONTES SÉRGIO MARQUES FERREIRA DE ALMEIDA 5 6.2 Cálculo das Cargas Permanentes 6.2.1 Peso Próprio Estrutural (g1) O cálculo das cargas atuantes em qualquer estrutura requer toda a atenção do Engenheiro. Erros nesta etapa do projeto são normalmente fatais, e quando não, propagam-se por todas as demais etapas. Assim, o cálculo das cargas atuantes deve ser sempre conferido e criticado antes de se iniciar uma nova etapa do projeto. O peso próprio estrutural corresponde ao peso de todo o concreto das peças estruturais da ponte (lajes, vigas, transversinas e cortinas). Peso específico de concreto armado - c = 25 kN/m 3 a) Carga distribuída para uma viga: c1 Sg (6.1) onde: S é a área da seção transversal g1 é a carga por metro linear. Como se trata de ponte em concreto armado, com seção transversal constituída por duas vigas ligadas pela laje, as cargas permanentes serão calculadas para meia largura da ponte, correspondendo, portanto, à parcela absorvida por uma viga. Este procedimento é adotado para estar em conformidade com o cálculo das cargas móveis que é feito também por viga, como será visto no item 6.2 deste capítulo. A Figura 6.4 mostra meia seção transversal do tabuleiro da Ponte Exemplo dividida em trapézios e retângulos para a sequência de cálculo das características geométricas: Figura 6.4 - Seção transversal dividida em trapézios e retângulos (dimensões em cm) Seção do vão bw = 0,40 m 𝑆𝑣ã𝑜 = 0,40 𝑥 1,60 + 0,17 𝑥 1,475 2 + 1,875 𝑥 0,18 + 0,08 𝑥 0,4 2 + (0,13 𝑥 0,80) 2 + 0,22 𝑥 2,125 𝑆𝑣ã𝑜 = 1,638 𝑚² PROJETO E ANÁLISE DE PONTES SÉRGIO MARQUES FERREIRA DE ALMEIDA 6 Figura 6.5 - Seção transversal dividida em trapézios e retângulos (dimensões em cm) Seção do apoio bw = 0,70 m 𝑆𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 = 0,70 𝑥 1,60 + 0,17 𝑥 1,475 2 + 1,875 𝑥 0,18 + 0,08 𝑥 0,4 2 + (0,13 𝑥 0,80) 2 + 1,825 𝑥 0,22 𝑆𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 = 2,052 𝑚² Carga distribuída da seção corrente (g1): 𝒈𝟏 = 𝑺𝒂𝒑𝒐𝒊𝒐𝒙𝜸𝒄 = 𝟐, 𝟎𝟓𝟐 𝒎²𝒙 𝟐𝟓 𝒌𝑵 𝒎𝟑 = 𝟓𝟏, 𝟑𝟎𝟗 𝒌𝑵/𝒎 𝒈𝟏 = 𝑺𝒗ã𝒐𝒙𝜸𝒄 = 𝟏, 𝟔𝟑𝟖 𝒎²𝒙 𝟐𝟓 𝒌𝑵 𝒎𝟑 = 𝟒𝟎, 𝟗𝟓𝟗 𝒌𝑵/𝒎 b) Cargas concentradas (para uma viga) b.1) Transversinas intermediárias (desligadas da laje) 𝑃𝑖𝑛𝑡𝑒𝑟 = (1,60 − 0,22 − 0,13 − 0,05) 𝑥 (2,125) 𝑥 0,25 𝑥 25 = 𝟏𝟓, 𝟗𝟑𝟕 𝒌𝑵 b.2) Transversinas de apoio (ligadas à laje) Figura 6.6 - Detalhe da transversina no apoio ligada a laje (dimensões em cm) PROJETO E ANÁLISE DE PONTES SÉRGIO MARQUES FERREIRA DE ALMEIDA 7 𝑃𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 = [( 3,65 𝑥 1,38 2 ) − ( 0,13 𝑥 0,80 2 )] 𝑥 0,25 𝑥 25 = 15,416 𝑘𝑁 𝑃𝑚í𝑠𝑢𝑙𝑎 = [ (0,8 𝑥 0,13) 2 𝑥 (3,65 + 2,22) 2 ] 𝑥 25 = 3,816 𝑘𝑁 𝑷𝒂𝒑𝒐𝒊𝒐+𝒎𝒊𝒔𝒖𝒍𝒂 = 𝟏𝟓, 𝟒𝟏𝟔 + 𝟑, 𝟖𝟏𝟔 = 𝟏𝟗, 𝟐𝟑𝟏𝒌𝑵 b.3) Variação da espessura da viga principal (Distribuição simplificada) Por simplicidade de cálculo, reduzem-se as cargas distribuídas lineares, referentes aos acréscimos da espessura da alma da viga, em cargas concentradas, aplicadas nos centros de gravidade dos alargamentos. Quando o cálculo é feito através de programas de computador esta simplificação é desnecessária. A Figura 6.7 ilustra o procedimento simplificado adotado. Figura 6.7 - Variação do carregamento em função do espessamento da alma – Distribuição simplificada (dimensões em cm) 2 L qqP vãoapoio (6.2) Variação da seção Transversal da viga no balanço: 𝑃 = (2,052 − 1,638)𝑥 25 𝑥 2,00 2 𝑷 = 10,35 kN Variação da seção Transversal da viga no vão: 𝑃 = (2,052 − 1,638)𝑥 25 𝑥 3,20 2 𝑷 = 16,56 kN PROJETO E ANÁLISE DE PONTES SÉRGIO MARQUES FERREIRA DE ALMEIDA 8 (Distribuição real das cargas) Figura 6.8 - Variação do carregamento em função do espessamento da alma – Distribuição real (dimensões em cm) b.4) Cortina + Aba + Chanfro A Figura 6.3 ilustra as dimensões da cortina e da aba. Cortina Figura 6.9 - Detalhes da cortina (dimensões em m) Console de apoio 𝑃1 = [ (0,50 + 0,25)𝑥0,25 2 ] 𝑥 7,96 2 𝑥 25 = 9,33 𝑘𝑁 Parede frontal 𝑃2 = (0,30 𝑥 1,60)𝑥 8,80 2 𝑥 25 = 52,80 𝑘𝑁 Viga inferior 𝑃3 = (0,25 𝑥 0,25)𝑥 8,30 2 𝑥 25 = 6,48 𝑘𝑁 Mísula da cortina 𝑃4 = ( 0,13 𝑥 0,8 2 ) 𝑥 (4,25 + 2,65) 2 𝑥 1 2 𝑥 25 = 2,24 𝑘𝑁 Pcortina = 70,85 kN PROJETO E ANÁLISE DE PONTESSÉRGIO MARQUES FERREIRA DE ALMEIDA 9 Aba da Cortina Figura 6.10 - Detalhe das abas laterais (dimensões em m) 𝑷𝟏 = ( 𝟐, 𝟓 𝒙 𝟏, 𝟎𝟎 𝟐 ) 𝒙 𝟎, 𝟐𝟓 𝒙 𝟐𝟓 = 𝟕, 𝟖𝟏 𝒌𝑵 𝑷𝟐 = (𝟏 𝒙 𝟎, 𝟓𝟎)𝒙 𝟎, 𝟐𝟓 𝒙 𝟐𝟓 = 𝟑, 𝟏𝟑 𝒌𝑵 𝑷𝟑 = [(𝟎, 𝟒𝟎 𝒙 𝟑, 𝟎𝟎)𝒙 𝟎, 𝟒𝟎 𝒙 𝟐𝟓] + [(𝟎, 𝟐𝟎 𝒙 𝟑, 𝟎𝟎)𝒙 𝟎, 𝟐𝟓 𝒙 𝟐𝟓] = 𝟏𝟓, 𝟕𝟓 𝒌𝑵 Paba = 26,69kN Chanfro da Cortina Figura 6.11 - Detalhes dos chanfros da cortina (dimensões em m) 𝑃𝑐ℎ𝑎𝑛𝑓𝑟𝑜1 = ( (0,15 + 0,075) 𝑥 0,25 2 ) 𝑥 0,95 𝑥 25 = 0,66 𝑘𝑁 𝑷𝒄𝒉𝒂𝒏𝒇𝒓𝒐𝟐 = ( 𝟎, 𝟎𝟕𝟓 𝒙 𝟎, 𝟐𝟓 𝟐 ) 𝒙 𝟏, 𝟐𝟎 𝒙 𝟐𝟓 = 𝟎, 𝟐𝟖 𝒌𝑵 Pchanfro = 0,94 kN PROJETO E ANÁLISE DE PONTES SÉRGIO MARQUES FERREIRA DE ALMEIDA 10 𝑷𝒄𝒐𝒓𝒕𝒊𝒏𝒂+𝒂𝒃𝒂+𝒄𝒉𝒂𝒏𝒇𝒓𝒐 = (𝟕𝟎, 𝟖𝟓 + 𝟐𝟔, 𝟔𝟗 + 𝟎, 𝟗𝟒) = 𝟗𝟖, 𝟒𝟖𝒌𝑵 A Figura 6.12 apresenta o resumo das cargas devidas ao peso próprio estrutural (g1). Figura 6.12 - Resumo do carregamento de peso próprio estrutural (g1) 6.2.2 Sobrecarga Permanente (g2) Nas obras rodoviárias, o carregamento correspondente a sobrecarga permanente é constituído pelo peso da pavimentação, guarda-rodas, guarda-corpo, laje de transição e aterro sobre a laje de transição. No caso de viadutos urbanos, a sobrecarga permanente pode incluir também cargas de postes de iluminação, tubulações, passeios, etc. c) Cargas distribuídas c.1) Guarda-rodas. Suas dimensões estão indicadas na a Figura 6.13. (New-Jersey - DNIT) Figura 6.13 - Carga do guarda-rodas tipo New-Jersey adotado pelo DNIT 𝐴1 = (0,17 𝑥 0,25) 2 = 0,021 𝑚² 𝐴2 = 0,17 𝑥 0,15 = 0,026 𝑚2 𝐴3 = (0,40 𝑥 0,23) − (0,05 𝑥 0,02) = 0,091 𝑚² PROJETO E ANÁLISE DE PONTES SÉRGIO MARQUES FERREIRA DE ALMEIDA 11 𝐴4 = (0,23 + 0,17) 2 𝑥 0,47 = 0,094 𝑚² 𝐴5 = 𝐴6 = (0,02 𝑥 0,02) 2 = 0,0002 𝑚² 𝐴7 = 0,13 𝑥 0,02 = 0,003 𝑚2 𝑆𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 0,235 𝑚 2 𝑃𝐺.𝑅. = 0,235 𝑥 25 = 5,87 𝑘𝑁/𝑚 c.2) Pavimentação Asfáltica A Figura 6.14 mostra o detalhe da variação da espessura do pavimento asfáltico da Ponte Exemplo. Figura 6.14 - Variação da espessura do pavimento asfáltico (dimensões em cm) O peso específico do asfalto corresponde a: ³m kN24asfalto 𝐴 = (0,07 + 0,15) x 4 2 = 0,44 𝑚² 𝑃 = 0,44 𝑥 24 = 10,56 𝑘𝑁/𝑚 𝒈𝟐 = (𝟏𝟎, 𝟓𝟔 + 𝟓, 𝟖𝟕) = 𝟏𝟔, 𝟒𝟑 𝒌𝑵/𝒎 Cargas Concentradas Para efeito do cálculo das cargas, admite-se que a laje de transição funcione como simplesmente apoiada no solo e no console da cortina. A Figura 6.15 ilustra a distribuição da carga na laje de acesso. Figura 6.15 - Distribuição das cargas na laje de acesso PROJETO E ANÁLISE DE PONTES SÉRGIO MARQUES FERREIRA DE ALMEIDA 12 c.3) Laje de transição 𝑷𝑳𝒕 = 𝟎, 𝟐𝟓 𝒙 𝟑, 𝟎 𝟐 𝒙 𝟕, 𝟗𝟔 𝟐 𝒙 𝟐𝟓 = 𝟑𝟕, 𝟑𝟏 𝒌𝑵 c.4) Aterro sobre a laje de transição A camada de aterro localizada sobre a laje de acesso é considerada como uma carga concentrada aplicada no ponto médio da laje. ³m kN18solo 𝑃𝑎𝑡𝑒𝑟𝑟𝑜 = 0,35 𝑥 3,0 2 𝑥 7,96 2 𝑥 18 = 37,61 𝑘𝑁 c.5) Guarda-rodas sobre a aba da cortina Deve ser considerada também a carga do guarda-rodas sobre a aba da cortina. 𝑃𝐺𝑅 = 5,87 𝑥 3,0 = 17,61 𝑘𝑁 c.6) Pavimentação sobre a laje de transição ³ 24 m kN asfalto 𝑃𝑎𝑠𝑙𝑡 = (0,15 + 0,07)x 7,96 2 2 𝑥 3 2 𝑥 24 = 15,76 𝑘𝑁 𝑃𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = (37,31+37,61+17,61+15,76) = 108,30kN A Figura 6.16 apresenta o resumo das cargas correspondentes à sobrecarga permanente (g2). Figura 6.16 - Resumo da sobrecarga permanente (g2) (dimensões em m) PROJETO E ANÁLISE DE PONTES SÉRGIO MARQUES FERREIRA DE ALMEIDA 13 6.3 Distribuição Transversal das Cargas Móveis Os métodos de distribuição transversal das cargas móveis têm, por finalidade, a determinação da parcela desta carga, que atuando no plano da laje, solicita cada viga da seção transversal. 6.3.1 Seção Transversal em Vigas Múltiplas A Figura 6.17 ilustra a seção de uma ponte em vigas múltiplas e a vista em planta. TRANSVERSINA VIGAS LONGITUDINAIS V1 V2 V3 V4 V1 V2 V3 V4 Figura 6.17 - Seção transversal e corte em planta no tabuleiro em vigas múltiplas A partir de uma carga aplicada no tabuleiro, conforme ilustra a Figura 6.18, faz-se a distribuição desta carga para as longarinas, de tal forma que o somatório das reações de apoio, representada na expressão (6.17), seja exatamente o valor da carga aplicada. A distância “e” representa a excentricidade da carga ao centro elástico da seção transversal. e P P1 P2 P3 P4 Figura 6.18 - Distribuição da carga móvel concentrada 4321 PPPPP (6.17) PROJETO E ANÁLISE DE PONTES SÉRGIO MARQUES FERREIRA DE ALMEIDA 14 6.3.1.1 Métodos de Análise de Tabuleiros de Pontes em Vigas Múltiplas Na etapa de análise da superestrutura, faz-se, em geral, uma simplificação do modelo estrutural. Assimila-se o modelo estrutural da grelha, formada por longarinas e transversinas, a um modelo menos rigoroso, representado por vigas simplesmente apoiadas. Para que esta simplificação seja feita, aplicam-se métodos tradicionais, através dos quais são determinadas as parcelas de carregamento correspondentes a cada uma das longarinas. 6.3.1.1.1 Métodos para Análise Simplificada Neste item são apresentados os fundamentos teóricos dos modelos simplificados, apontando suas principais limitações para efeito de automatização da análise. Na obtenção de solicitações e reações de apoio em tabuleiros de vigas múltiplas, são utilizados tradicionalmente quatro métodos aproximados de cálculo. a) Métodos sem consideração da torção nas vigas a.1) Método de Engesser-Courbon Além das hipóteses básicas relativas à Teoria das Estruturas (comportamento linear elástico, pequenos deslocamentos, seções planas, Princípio de Saint-Venant), foram consideradas ainda as abaixo descritas: As longarinas são paralelas, de inércia constante e são ligadas entre si perpendicurlamente por transversinas e possuem inércia constante; As transversinas estão simplesmente apoiadas nas longarinas e admite-se que aquelas possuem rigidez infinita à flexão, desprezando-se suas deformações em relação às deformações das longarinas; Desprezam-se os efeitos de torção; Admite-se que a distribuição de carga calculada no meio do vão, seja válida para todas as seções do vigamento principal; Considera-se que as longarinas sejam idênticas e igualmente espaçadas entre si. Assim, com base nestas hipóteses, as transversinas comportam-se como barras rígidas (Itrans >> Iviga), permanecendo com seus eixos retilíneos após a deformação do conjunto. A expressão geral do método de Engesser-Courbon é: 𝑹𝒊 = 𝑷 𝒏 ± (𝑷.𝒆).𝒙𝒊 ∑ 𝒙𝒊 𝟐 (6.18) onde: PROJETO E ANÁLISE DE PONTES SÉRGIO MARQUES FERREIRA DE ALMEIDA 15 P - é o valor da carga aplicada; n - é o número total de longarinas ou vigas principais; e - é a excentricidade da carga em relação ao centro elástico; x - é a distância de cada longarina ao centro elástico. Assim, a totalidade da carga P é absorvida pelas longarinas, como se não houvesse transversinas no tabuleiro, segundo um coeficiente de repartição transversal. Como o método de Engesser-Courbon considera a rigidez da transversina infinita, o mesmo só deve ser aplicado com razoável aproximação se λ=0,30. A expressão (6.19) define o parâmetro λ: 𝝀 = 𝒃 𝟐.𝑳 √ 𝑳 𝒃 𝑱𝒗𝒊𝒈𝒂 𝑱𝒕𝒓𝒂𝒏𝒔 𝒏 𝒎 𝟒 ≤ 𝟎, 𝟑𝟎 (6.19) onde: L – é o comprimento do vão das vigas; b – é a largurada grelha; Jviga – é a inércia à flexão das vigas principais Jtrans – é a inércia à flexão das transversinas; n – é o número de vigas principais; m – é o número de transversinas intermediárias. O resultado obtido por este método são mais satisfatórios quanto menor for o parâmetro λ. a.2) Método de Leonhardt Neste método, além das hipóteses básicas da Teoria das Estruturas, foram ainda admitidas as seguintes: Todas as transversinas do tabuleiro são representadas por uma única transversina fictícia, apoiada no meio dos vãos das diversas longarinas; Esta transversina fictícia é considerada como simplesmente apoiada nas longarinas; Desprezam-se os efeitos de torção. Sob a ação de uma carga Pk unitária, o conjunto se deforma, originando reações nkikk2k1 r,,r,,r,r , denominadas "coeficientes de repartição transversal", onde ikr é a reação correspondente à longarina "i", quando a carga unitária atua na transversina "k". Uma vez obtidos os coeficientes ikr , a determinação dos esforços seccionais e reações de apoio nas longarinas pode ser feita então, de forma idêntica à do método PROJETO E ANÁLISE DE PONTES SÉRGIO MARQUES FERREIRA DE ALMEIDA 16 de Engesser-Courbon. A deformabilidade do conjunto, e, portanto, os valores dos coeficientes ikr , dependem, nos casos normais, das seguintes grandezas: Da relação entre inércias da transversina J e longarinas J , expressa pelo parâmetro , onde: J J _ (6.20) Da relação entre o afastamento recíproco das longarinas e o vão L , expressa pelo parâmetro , onde: L (6.21) Assim, os coeficientes de repartição transversal serão função do grau de rigidez da estrutura, expresso pelo parâmetro , onde: 3 _ 3 2 L J J 2 (6.22) Tomando-se como parâmetro de entrada, podem-se obter os coeficientes de repartição transversal, tabelados para diversos casos, inclusive à aqueles com longarinas externas com rigidez diferente das internas. Podem ainda ser analisados casos especiais, com diferentes tipos de vinculação nas longarinas. b) Métodos que consideram a rigidez à torção das vigas b.1) Método de Guyon-Massonet Este método baseia-se na teoria geral das lajes ortotrópicas, na qual se admitem as seguintes hipóteses básicas: A espessura da placa é constante e pequena em relação às demais dimensões; As deformações são puramente elásticas onde é válida a lei de Hooke e os deslocamentos são pequenos em relação à espessura da laje; Pontos alinhados segundo uma normal à superfície média da laje indeformada, encontram-se também linearmente dispostos em uma normal à superfície média na configuração deformada; Pontos situados na superfície média da laje deslocam-se somente normalmente à mesma; Em relação ao material, admite-se que as propriedades elásticas sejam constantes, podendo ser diferentes nas duas direções ortogonais. O estudo do problema foi desenvolvido, a partir destas hipóteses de comportamento da placa ortotrópica, baseando-se ainda nas premissas abaixo enunciadas: PROJETO E ANÁLISE DE PONTES SÉRGIO MARQUES FERREIRA DE ALMEIDA 17 O tabuleiro como um todo, composto por laje, longarinas e transversinas é substituído por uma placa ortotrópica equivalente. Tal associação se faz, admitindo-se que os espaçamentos entre longarinas e transversinas são suficientemente pequenos para que se possa assimilar o tabuleiro a um sistema estrutural contínuo (placa); A distribuição de qualquer carregamento no sistema equivalente é aproximada através da expressão: L x senpxp (6.23) Esta expressão define um carregamento senoidal aplicado em uma faixa genérica, situada na direção paralela ao eixo longitudinal do tabuleiro. Considerando-se o exposto, o funcionamento estático do tabuleiro passa a ser então representado pela equação diferencial indicada em (6.24). y,xp y w p yx w pp2 x w p 4 4 y22 4 yx4 4 x (6.24) sendo: Rigidez à flexão das longarinas x x I EJ p (6.25) Rigidez à flexão das transversinas y _ y I JE p (6.26) Parâmetro de torção yx yx pp2 pp (6.27) Para o cálculo exato, seria necessário solucionar a equação (6.24), satisfazendo as condições de contorno correspondentes. Guyon e Massonet conduziram a solução do problema de forma a obter uma série de tabelas e gráficos, nos quais podem ser encontrados os valores dos índices de repartição transversal X , que dependem fundamentalmente dos seguintes parâmetros: Do coeficiente de travejamento : 4 y x p p L b (6.28) sendo: b - a semi-largura da placa equivalente; L - o comprimento da placa equivalente; xp e yp - já definidos em (6.25) e (6.26), respectivamente. Do parâmetro de torção definido em (6.27); Da posição da carga, definida por sua excentricidade (fração da semi-largura); PROJETO E ANÁLISE DE PONTES SÉRGIO MARQUES FERREIRA DE ALMEIDA 18 Da posição da viga que se quer obter o índice X (fração da semi-largura). Uma vez obtidos os índices de repartição transversal, o estudo das longarinas pode ser realizado através do carregamento das direções transversal e longitudinal do tabuleiro. b.2) Método de Homberg -Trenks O método baseia-se na teoria das grelhas. Consideram-se a rigidez à flexão das transversinas e longarinas e a rigidez torsional somente das longarinas. Nos casos estudados (número ilimitado de longarinas), a ortogonalização é possível com grupos de cargas e de momentos, sendo necessário que as longarinas possuam inércia à flexão J e à torção J constantes, e que as transversinas sejam idênticas e igualmente espaçadas entre si. Os resultados deste trabalho foram apresentados na forma de tabelas, que permitem sua utilização a partir do conhecimento dos seguintes parâmetros de entrada: Rigidez à flexão da grelha: J J a2 L Z _ 3 (6.29) Rigidez à torção da grelha: T _ T GJ JE a8 L Z (6.30) onde: L - é o comprimento do vão das longarinas; A - é o espaçamento entre longarinas; J - é a inércia à flexão das longarinas; J - é a inércia à flexão das transversinas; TJ - é a inércia à torção das longarinas. As tabelas são disponíveis para um número infinito de longarinas e valores de Z (rigidez à flexão), compreendidos entre 0 e . 6.3.1.1.2 Campo de Aplicação dos Métodos Aproximados e Comparação Numérica Esses métodos, já descritos anteriormente, não levam em consideração a presença da laje na distribuição transversal da carga, pois utilizam o modelo de grelha plana e fornecem resultados precisos para tabuleiros compostos por um número reduzido de vigas principais e transversinas intermediárias. A presença da laje só é levada em conta no cálculo da inércia e área das vigas e transversinas, aumentando suas rijezas. A largura da mesa colaborante é obtida através das prescrições das normas vigentes. Muitos desses métodos são apresentados sob a forma de tabelas que fornecem as linhas de influência de reações das vigas principais. Essas linhas são calculadas para a seção do meio do vão do tabuleiro e admite-se que são válidas ao longo de todo o seu comprimento. Este procedimento é PROJETO E ANÁLISE DE PONTES SÉRGIO MARQUES FERREIRA DE ALMEIDA 19 a favor da segurança, pois à medida que se aproxima dos apoios a distribuição transversal é mais efetiva diminuindo a solicitação por viga. Os métodos que não consideram no cálculo a inércia à torção das vigas principais tornam o trabalho de confecção das tabelas mais simples, pois diminui o grau de hiperestaticidadeda grelha. Os métodos aproximados conduzem a resultados conservadores, implicando em um maior consumo de armaduras nas vigas. Eles são indicados para a fase de anteprojeto ou para o projeto final de pontes com pequeno número de vigas, onde a economia de armaduras ativas e passivas é desprezível. Como indicação para o campo de aplicação dos métodos aproximados sem grande prejuízo da precisão tem-se: 5assintransverdeºN 5vigasdeºN O modelo de Cálculo em grelha é apresentado na Figura 6.19: Figura 6.19 - Modelo de grelha O grau de hiperestaticidade da grelha (G) pode ser definido considerando a inércia à torção das vigas principais ou não: Desprezando-se a inércia à torção das vigas principais (transversinas simplesmente apoiadas nas vigas): m2nG (6.31) onde: n é o número de vigas; m é o número de transversinas. Levando-se em conta a inércia à torção das vigas principais. (Engastamento elástico das transversinas nas vigas) 1nm2mn2nmG (6.32) Faz-se, a seguir, uma comparação numérica entre o método de Engesser-Courbon e o método de Homberg-Weinmeister, para o caso de uma ponte com seção transversal da superestrutura composta por três vigas pré-moldadas com 30,0 m de vão, ligadas por uma transversina intermediária e por transversinas de apoio. São calculadas as linhas de influência de reação das vigas, no meio do vão, para efetuar a distribuição transversal de VIGAS PRINCIPAIS ( LONGITUDINAL ) APOIO TRANSVERSINAS PROJETO E ANÁLISE DE PONTES SÉRGIO MARQUES FERREIRA DE ALMEIDA 20 cargas. A Figura 6.20 indica esquematicamente as características geométricas das peças estruturais. 15,00 15,00 V1 V2 V3 b = 6 ,0 0 L=30,00 3 ,0 0 3 ,0 0 J =1,50mviga 4- J =1,00mtrans 4- Figura 6.20 - Modelo do exemplo (cotas em m) Método de Engesser-Courbon O método de Engesser-Courbon admite que a rigidez das transversinas seja infinita, com isto, a solução do problema torna-se bastante simples. Esta hipótese está fundamentada no pequeno valor dos vãos das transversinas quando comparado ao vão das vigas. A Figura 6.21 exemplifica graficamente o problema. X1 e P iR J = trans- Figura 6.21 - Modelo de distribuição transversal por Courbon A verificação do campo de validade do método de Engesser-Courbon, para o exemplo da Figura 6. 20, é realizável calculando-se o parâmetro (6.19): 30,022,0 1 3 0,1 5,1 0,6 0,30 0,302 0,6 4 Logo, o método é aplicável. PROJETO E ANÁLISE DE PONTES SÉRGIO MARQUES FERREIRA DE ALMEIDA 21 A distribuição transversal da carga é feita aplicando-se uma carga unitária em cada viga e calculando a reação absorvida por cada apoio com a expressão (6.3), conforme apresentado nas Figuras 6.22 a 6.24. Carga P = 1 kN na viga V1 Figura 6.22 - Carga P= 1 kN na viga V1 (cotas em m) kN833,0 0,30,3 0,30,31 3 1 R 221 kN333,0 3 1 R 2 kN167,0 0,30,3 0,30,30,1 3 1 R 223 Carga P = 1 kN em V2 Figura 6.23 - Carga P = 1 kN na viga V2 kN333,0RRR 321 Carga P = 1 kN na viga V3 PROJETO E ANÁLISE DE PONTES SÉRGIO MARQUES FERREIRA DE ALMEIDA 22 Figura 6.24 - Carga P= 1 kN na viga V3 (cotas em m) kN0,333 3 1 R 2 kN833,0 0,30,3 0,30,31 3 1 R 223 A Figura 6.25 ilustra as linhas de influência de reação de apoio definidas para as longarinas no meio do vão longitudinal. Nota-se que a linha de influência da viga V3 pode ser obtida por simetria correspondente a da viga V1. Figura 6.25- Linhas de influência de distribuição transversal pelo método de Courbon kN 167 , 0 0 , 3 0 , 3 0 , 3 0 , 3 0 , 1 3 1 R 2 2 1 PROJETO E ANÁLISE DE PONTES SÉRGIO MARQUES FERREIRA DE ALMEIDA 23 Método de Homberg/Weinmeister Homberg e Weinmeister organizaram tabelas para a distribuição transversal de cargas (1956) para tabuleiros com até 9 vigas principais na seção transversal. O método permite levar em conta a inércia à torção das vigas principais. Parâmetros de entrada nas tabelas: J J a2 L z J J r q 3 r onde: Jr - é a inércia à flexão da viga extrema; J - é a inércia da viga central; L - é o comprimento do vão da viga principal; a - é a distância entre eixo das vigas; Jq - é a inércia à flexão das transversinas. A Figura 6.26 ilustra esquematicamente o modelo para aplicar a distribuição transversal pelo método de Homberg. Figura 5.1 - Modelo para distribuição transversal pelo método de Homberg O Quadro 6.1 mostra um trecho da tabela de Homberg e a Figura6.27 ilustra a distribuição de forma literal. Figura 6.26 – Modelo esquemático PROJETO E ANÁLISE DE PONTES SÉRGIO MARQUES FERREIRA DE ALMEIDA 24 Quadro 6.1 - Tabela de Homberg para tabuleiro de 3 vigas na seção transversal Viga “a” Viga “b” Viga “c” z 80 100 r 1,0 1,2 1,5 2,0 1,0 1,2 1,5 2,0 Trager “a” (viga a) Baa 0,8347 0,8542 0,8762 0,9010 0,8344 0,8540 0,8759 0,9008 Bab 0,3306 0,3499 0,3715 0,3960 0,3311 0,3505 0,3722 0,3968 Bac -0,1653 -0,1458 -0,1238 -0,0990 -0,1656 -0,1460 -0,1241 -0,0992 Trager “b” (viga b) Bba 0,3306 0,2915 0,2477 0,1980 0,3311 0,2921 0,2481 0,1984 Bbb 0,3388 0,3003 0,2570 0,2079 0,3377 0,2991 0,2556 0,2063 Bbc 0,3306 0,2915 0,2477 0,1980 0,3311 0,2921 0,2481 0,1984 onde: B é a reação na viga i é a viga correspondente j é a posição da carga logo: Bij é a reação da viga “i” para P = 1,0 em “j “. Figura 6.27 - Linha de influência transversal para a viga V1 Resolvendo o exemplo anterior pelo método de Homberg/Weinmeister, tem-se: 00,1 5,1 5,1 J J r r 80Z33,83 5,1 0,1 0,32 0,30 J Jq a2 l Z 33 Consultando a tabela do Quadro 6.1, os valores para a definição das linhas de influência das seções transversais, ilustradas na Figura 6.26, são: PROJETO E ANÁLISE DE PONTES SÉRGIO MARQUES FERREIRA DE ALMEIDA 25 Baa = 0,8347 Bba = 0,3306 Viga A Bab = 0,3306 Viga B Bbb = 0,3388 Bac =- 0,1653 Bbc = 0,3306 Figura 6.28 - Linhas de influência da seção transversal pelo método de Homberg Comparando-se as Figuras 6.25 e 6.28, verifica-se que os resultados, obtidos pelos dois métodos, são muitos próximos. 6.3.1.2 Modelagem do Exemplo Anterior pelo Método de Análise em Computador através do Modelo de Grelha Apresenta-se na Figura 6.29, a modelagem do tabuleiro do exemplo, em elementos de grelha, para análise pelo programa de computador SALT da UFRJ. O programa SALT analisa estruturas em elementos de barra, bem como estruturas em elementos de placa (lajes). PROJETO E ANÁLISE DE PONTES SÉRGIO MARQUES FERREIRA DE ALMEIDA 26 41 2 3 47 10 55 6 7 88 11 69 10 11 12 9 12 13 14 15 18 17 1 2 3 14 13 Y X Nó Suporte (eixo global) Figura 6.29 - Modelo para análise em programa de elementos finitos 6.4 Tabuleiros de Pontes Compostos por Seção Transversal em Caixão Celular Em estruturas cujas seções transversais sejam compostas por caixões unicelulares ou multicelulares, cada viga recebe P/n da carga aplicada sobre a seção. Isto se deve à elevada rigidez à torção dos caixões que permite uma distribuição transversal quase uniforme, dos carregamentos excêntricos, entre as vigas principais. As Figuras 6.30 e 6.31 ilustram a distribuição transversal da carga nestas seções Figura 6.30 - Distribuição transversal de superestrutura de ponteem caixão de uma célula 0 ,5 0 A 0 ,5 0 0 ,5 0 A B 0 ,5 0 P P 2 V Va b P 2 e LIR PROJETO E ANÁLISE DE PONTES SÉRGIO MARQUES FERREIRA DE ALMEIDA 27 Figura 6.31 - Distribuição transversal de superestrutura de ponte em caixão de duas células É importante salientar, que o momento, eP , é absorvido pelo fluxo de tensões cisalhantes que se desenvolve no caixão e não por carga e descarga nas vigas. 6.5 Tabuleiros de Pontes Compostos de Seção Transversal em Duas Vigas Ligadas pela Laje e por Transversinas Neste tipo de seção transversal, indicada na Figura 6.32, despreza-se, a favor da segurança, a contribuição da laje e das transversinas na distribuição transversal. Figura 6.32 - Distribuição transversal em ponte composta por duas vigas ligadas pela laje e por transversinas Conforme mostra a Figura 6.33, o modelo de cálculo considera a ligação laje/viga rotulada, ou seja, considera a laje biapoiada nas vigas. A P P 3 V Va cVb 0 ,3 3 3 0 ,3 3 3 0 ,3 3 3 P 3 P 3 LIR e P P.b L V Va b a b L PROJETO E ANÁLISE DE PONTES SÉRGIO MARQUES FERREIRA DE ALMEIDA 28 Figura 6.33 - Linha de influência transversal da viga VA Para efeito de carregamento da viga, posiciona-se o trem-tipo no ponto mais desfavorável, isto é, com o para-lama encostado no guarda-rodas, e não se carrega a área negativa da linha de influência, pois, desse modo, as solicitações da viga VA seriam aliviadas. Impacto vertical é o acréscimo das cargas dos veículos provocado pelo movimento das mesmas cargas sobre a ponte. O impacto vertical nas pontes rodoviárias é causado por dois efeitos distintos: Efeito do deslocamento das cargas; Irregularidades no pavimento. O primeiro efeito ser interpretado analiticamente; o segundo efeito é aleatório, podendo-se determiná-lo por processos experimentais. No caso de estruturas de pontes ferroviárias, o impacto vertical representa os seguintes efeitos: Efeito dos deslocamentos das cargas; Irregularidades nos trilhos e nas rodas; Inclinação lateral variável da locomotiva; Forças de inércia das rodas motoras. O efeito é de natureza oscilatória: as cargas dos eixos das rodas se deslocam para um e outro lado do eixo da linha, provocando aumento da ordem de 10% sobre as reações nos trilhos. O efeito de força de inércia das rodas motoras existe principalmente nas locomotivas a vapor, nas quais o esforço motor é transmitido às rodas por bielas excêntricas; a rotação da carga excêntrica produz impactos verticais importantes sobre os trilhos. V V VA1,00 A B Rótula LIR Rótula PROJETO E ANÁLISE DE PONTES SÉRGIO MARQUES FERREIRA DE ALMEIDA 29 Pontes Rodoviárias A NBR 7188 define a carga concentrada Q (kN) e o carregamento distribuído q (kN/m2), aplicados no nível do pavimento, ponderados pelos coeficientes de impacto vertical (CIV), do número de faixas (CNF) e de impacto adicional (CIA), no seu item 5.1, como sendo: CIACNFCIVPQ (6.33) CIACNFCIVpq (6.34) O coeficiente de impacto vertical (CIV) é dado por: 35,1CIV , para estruturas com vãos inferiores a 10,0m; 50Liv 20 06,11CIV , para estruturas com vãos entre 10,0m e 200,0m. onde Liv é o vão, em metros, conforme o tipo de estrutura, sendo: Liv = L, para estruturas de vãos isostáticos; Liv é a média aritmética dos vãos (L1, L2, L3, ..., Ln), para estruturas de vãos contínuos; Liv é o comprimento do próprio balanço (Lbal), para estruturas em balanço. Em estruturas com vãos superiores a 200,0m, deve ser realizado análise dinâmica para o cálculo da amplificação dinâmica e definição do coeficiente de impacto vertical. O coeficiente de número de faixas do tabuleiro, CNF, é expresso por: 9,0)2n(05,01CNF (6.35) onde n é o número inteiro de faixas de tráfego rodoviário a serem carregadas sobre um tabuleiro transversalmente contínuo. Acostamentos e faixas de segurança não são faixas de tráfego da rodovia. Este coeficiente não é aplicável no dimensionamento de elementos estruturais transversais ao sentido do tráfego, como por exemplo, transversinas e lajes. O coeficiente de impacto adicional, CIA, deve ser aplicado aos esforços das cargas móveis nas regiões próximas às juntas estruturais e extremidades da obra. Todas as seções situadas a uma distância horizontal normal à junta, inferior a 5,0m para cada lado da junta ou descontinuidade estrutural, devem ser dimensionadas com os esforços majorados por este coeficiente, dado por: CIA = 1,25, para obras em concreto ou mistas; CIA = 1,15, para obras em aço. Pontes ferroviárias 20,1L25,2Liv601600001,0CIV (6.36) PROJETO E ANÁLISE DE PONTES SÉRGIO MARQUES FERREIRA DE ALMEIDA 30 As cargas atuantes sobre os passeios das pontes não são ponderadas pelos coeficientes de impacto vertical (CIV), do número de faixas (CNF) e de impacto adicional (CIA). O valor da carga é de 3kN/m², que corresponde a quatro pessoas de 75kgf por metro quadrado e deve ser aplicada na posição mais desfavorável, concomitante com a carga móvel rodoviária. O elemento estrutural do passeio (laje) é dimensionado para a carga distribuída de 5 kN/m2. As cargas móveis que passam sobre bueiros têm seu efeito dinâmico amortecido pela capa de terra acima do bueiro. Segundo a norma AASHTO, podem ser adotados os seguintes fatores de redução do coeficiente de impacto: Cobertura de: 0 a 30 cm................ 1,0 30 a 60cm............... 2/3 60 a 90cm............... 1/3 >90cm.....................0 Em obras que suportam cargas de aeronaves, o coeficiente de impacto é igual a 1,30 nas pistas de acesso, 1,40 nas pistas de decolagem e 2,0 nas regiões de pouso. Retornando à Ponte Exemplo, pode-se agora carregá-la com o trem-tipo TB 450 kN, conforme ilustra Figura 6.34. Figura 6.34 - Trem-Tipo TB-450 kN em planta (dimensões em cm) a) Coeficiente de impacto vertical (CIV) Como na Ponte Exemplo, tem-se um vão de 20m e outros dois de 16m, daí: PROJETO E ANÁLISE DE PONTES SÉRGIO MARQUES FERREIRA DE ALMEIDA 31 m33,17 3 162016 Liv O coeficiente CIV é dado por: Para os balanços de quatro metros de comprimento, o CIV é: 35,1CIV b) Coeficiente de número de faixas (CNF) Há duas faixas de rolamento no tabuleiro da ponte exemplo, assim: 0,1)22(05,01CNF c) Coeficiente de impacto adicional (CIA) Este coeficiente para obras em concreto tem o valor de 1,25. Entretanto, deve ser aplicado nos esforços devidos às cargas móveis nas regiões próximas às juntas estruturais e extremidades da obra de, aproximadamente, 5,0m de distância. Para facilitar os cálculos do carregamento das linhas de influência, adota-se um trem-tipo simplificado, onde na área do caminhão tipo (3,00 x 6,00 m) aplica-se também a carga de 5 kN / m2. Com isso, as cargas concentradas das rodas do caminhão tipo são reduzidas, conforme mostra a Figura 6.35. 𝑃 = 75 − (6,0 𝑥 3,0)𝑥5 6 = 60 𝑘𝑁 (6.37) Trem-tipo simplificado A Figura 6.36 mostra o trem-tipo carregando a linha de influência transversal da Ponte Exemplo. 31,1 5033,17 20 06,11CIV PROJETO E ANÁLISE DE PONTES SÉRGIO MARQUES FERREIRA DE ALMEIDA 32 Figura 6.35 - Carregamento da linha de influência transversal, por viga, por metro, para a viga V1 O trem-tipo longitudinal é determinado pelo produto de cada carga do trem-tipo transversal por sua respectiva ordenada na linha de influência. A carga de multidão é definida pelo produto da carga distribuída de 5 kN/m² pela área da linha de influência sob sua atuação. A partir da Figura6.37, tem-se as seguintes cargas resultantes: Carga concentrada: 𝑃 = 60𝑥(1,253 + 0,822) = 124,5 𝑘𝑁 Carga distribuída: 𝑝 = 5𝑥 ( 1,360 𝑥 6,325 2 ) = 21,5 𝑘𝑁/𝑚 Apresentam-se, a seguir, o trem-tipo. d) Seções correntes kN1,16331,15,124Q 2m kN 17,2831,15,21q O trem-tipo longitudinal simplificado encontra-se ilustrado na Figura 6.36. Figura 6.36 - Carregamento da linha de influência transversal, por viga, por metro, para a viga V1
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