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AULA 5 FUNDAMENTOS DE ENERGIA EÓLICA Prof. Felipe Freitas 02 CONVERSA INICIAL Durante o desenvolvimento de um projeto eólico, um momento muito relevante é a escolha do aerogerador, pois, além de custo-benefício e eficiência, por exemplo, também existem aerogeradores com distintas tecnologias. CONTEXTUALIZANDO Além dos aerogeradores com eixo horizontal com três pás consolidados como uma tecnologia madura, existem outros aerogeradores, os quais possuem o eixo vertical. Estes apresentam limitações pois sua velocidade está limitada à velocidade do vento, o que quer dizer que a máxima velocidade que podem atingir é velocidade do vento. Por conta dessa e de outras limitações, os aerogeradores de eixo vertical não possuem o mesmo espaço que os de eixo horizontal, sendo estes, instalados em larga escala, os de maior aplicação. TEMA 1 – AEROGERADORES DE EIXO HORIZONTAL E EFICIÊNCIA O tipo de aerogerador mais conhecido atualmente no mercado é o de eixo horizontal, o qual pode ser classificado em função do número de pás. A Figura 1 apresenta as diferentes configurações para esse tipo de turbina. Figura 1 – Aerogerador de eixo horizontal – número de pás Fonte: Dewi Além da aerodinâmica de cada tipo aerogerador de eixo horizontal, o número de pás tem influência na eficiência da turbina, conforme a Figura 2. 03 Figura 2 – Coeficiente de Betz para cada tipo de turbina Fonte: Dewi. TEMA 2 – PARTES DE UM AEROGERADOR Um aerogerador é composto por peças e equipamentos elétricos, mecânicos e hidráulicos que, de uma forma geral, formam grandes componentes, que são: • Fundações: responsável por sustentar toda a turbina. • Torre: responsável por elevar a turbina a alturas onde o vento é mais forte. • Nacelle: suporte do gerador e equipamentos elétricos, mecânicos etc. • Rotor: conjunto das pás que realizam a conversão da energia cinética em mecânica. • Medidores de vento: sistema de medição composto por anemômetro e wind vane (bitura) que auxiliam o controle da turbina. • Sistema de pitch: sistema de movimentação das pás. • Sistema de yaw: sistema de movimentação da nacelle. • Gerador: equipamento que converte a energia mecânica em elétrica. • Transformador: equipamento que eleva a tensão do aerogerador. • Sistema de controle: responsável pela operação do aerogerador. 04 TEMA 3 – FUNDAÇÕES E TORRE A função da fundação é suportar o peso da torre e da nacelle para fixar e assegurar a estabilidade do aerogerador no solo diante de fatores como: ventos fortes, intempéries, vibrações etc. Para isso, a fundação deve receber grande quantidade de aço e concreto, números que variam para cada modelo de aerogerador. A construção da fundação depende dos seguintes aspectos: condições do solo; classe de vento; material e altura da torre; tipos de pás e de rotor; autorização de construção. Todos esses aspectos são levados em consideração para a construção de uma boa fundação. Nas Figuras 3 e 4 são apresentadas a armadura e uma fundação completa, respectivamente. Figura 3 – Armação da fundação de um aerogerador 05 Figura 4 – Fundação de um aerogerador pronta “As torres são estruturas com a função de elevar a turbina do solo até uma altura conveniente, onde o vento tem maior velocidade, e o desempenho do aerogerador será maior. Pode ser de dois tipos: tubular cônica ou treliçada” (Freitas, 2015). Segundo Cavalari (2016), As torres cônicas podem ser construídas em aço ou concreto, enquanto que as treliçadas são construídas em aço. No topo da torre é montado um rolamento, chamado de rolamento principal, que possibilita o rolamento da nacelle e, consequentemente, da turbina, de forma a permitir o alinhamento desta com o vento (Cavalari, 2016). A Figura 5 mostra uma torre, por fora e por dentro, do tipo tubular, e a Figura 6 apresenta uma do tipo treliçada. 06 Figura 5 – Estrutura externa e interna de uma torre tubular cônica Figura 6. Torre treliçada Fonte: Suzlon. 07 TEMA 4 – NACELLE, ROTOR E MEDIDORES DE VENTO A nacelle, a carcaça montada sobre a torre, onde se situam o gerador, a caixa de acoplamento e os demais dispositivos do aerogerador localizados no alto, junto à turbina. O tamanho e o desenho variam de modelo para modelo, dependendo da disposição dos componentes, do uso ou não de caixa de engrenagens e do “design” adotado pelo fabricante. (Freitas, 2015) As Figuras 7, 8 e 9 apresentam modelos diferentes de nacelle. O rotor é formado pelas pás e pelo HUB (cubo). O HUB é a ponta do eixo da turbina, em forma de cubo, onde são fixadas as pás, por meio de flanges. É construído em aço ou liga metálica de alta resistência. Todo o maquinário no seu interior é dividido em partes compactas, cada uma com um tamanho tal que, mesmo para aerogeradores grandes, permite o seu transporte para montagem no local. As pás são os perfis aerodinâmicos responsáveis pela interação com o vento, convertendo parte de sua energia cinética em trabalho mecânico. São fabricadas em fibra de vidro, reforçadas com epóxi. A fixação no cubo é feita pela inserção de raiz de aço inoxidável (Freitas, 2015). Nas turbinas que usam controle de velocidade por passo (pitch), a pá dispõe de rolamentos em sua base, possibilitando que gire para alterar o ângulo de ataque. Existe um sistema aerodinâmico das pás chamado TIP, com função de diminuir a turbulência e o ruído, como nos aviões, e é a extremidade do para- raios interno da pá. Geralmente é sinalizada de vermelho. A Figura 10 é de uma turbina já com o rotor montado. A montagem de um aerogerador é feita no local de operação deste e requer uma infraestrutura adequada e um planejamento rigoroso. Para a montagem de grandes máquinas, são necessários guinchos de alta capacidade e com lanças de elevado comprimento, sempre superior à altura do aerogerador, que pode ser de 100 metros ou mais. O transporte de componentes de grandes dimensões, como as pás, até o local da instalação requer cuidados especiais e, muitas vezes, exige a preparação de estradas e acessos, como alargamentos e ajustes nos raios das curvas. A torre geralmente é dividida em partes, na fabricação, para facilitar o transporte, sendo montada no local. Os medidores de vento são montados sobre a nacelle, com o objetivo de medir a velocidade e a direção do vento. A velocidade do vento é medida por anemômetro do tipo concha, e a direção, por wind vane (biruta). As medições alimentam o sistema de controle e servem, ainda, para a monitoração do 08 desempenho do aerogerador. A Figura 11 exibe sensores montados em uma nacelle. Figura 7 – Nacelle de aerogerador Suzlon Figura 8 – Nacelle de aerogerador IMPSA 09 Figura 9 – Nacelle de aerogerador GE Figura 10 – Rotor montado com HUB e pás 010 Figura 11 – Sensores de vento montados no aerogerador TEMA 5 – SISTEMAS DE CONTROLE, DE PITCH E YAW, GERADOR, TRANSFORMADOR O sistema de pitch é um sistema de controle ativo, que necessita de sinal do gerador de potência. Sempre que a potência nominal do gerador for ultrapassada, devido ao aumento das velocidades do vento, as pás do rotor serão giradas em torno do seu eixo longitudinal, mudando o ângulo de passo (pitch) para aumentar o ângulo de ataque do fluxo de ar. Para todas as velocidades do vento superiores à nominal (Freitas, 2015). A fim de garantir maior confiabilidade operacional possível, as pás são colocadas de forma independente umas das outras. Cada uma é acionada por um motor de gaiola de indução com conversor de frequência através de engrenagens e um rolamento internamente. A Figura 12 mostra como é a posição do rotor quando parado ou em operação. O sistema de yaw possui a função de sempremanter a nacelle alinhada com a direção do vento para que o aerogerador capture a melhor rajada de vento e trabalhe com mais eficiência. Esse sistema é formado pelos seguintes componentes: engrenagem do yaw (yaw gear), moto redutores do yaw (yaw drives), sensores de posição do yaw (yaw sensor e north position), sensor de direção do vento (wind vane) e sensor de cabo torcido (cable twist). O princípio básico de funcionamento é: o sensor de direção do vento informa ao PLC (computador) do aerogerador a direção do vento. O sensor de direção do vento informa ao PLC do aerogerador a direção do vento mais forte. 011 Já o PLC, através do sistema de controle, verifica em que posição se encontra a nacelle e, caso ela não esteja na posição que recebe os ventos mais fortes, o PLC atua nos motorredutores do yaw, que giram a nacelle de forma que sempre fique na posição para receber o vento mais forte. A Figura 13 apresenta a sequência de funcionamento de um sistema yaw. Figura 12 – Posições do rotor a partir do controle do pitch Fonte: CTGAS-ER. 012 Figura 13 – Funcionamento do sistema yaw O gerador é o responsável pela produção de energia elétrica. Aerogeradores podem utilizar tanto geradores síncronos como assíncronos, dependendo do modelo, da potência e das condições de uso. Alguns modelos de aerogeradores usam mais de um gerador, de diferentes potências. Um gerador de potência maior é projetado para operar na potência nominal do aerogerador, operando a partir de uma determinada velocidade do vento. Outro gerador, de potência menor, é utilizado no início da operação e permite que a velocidade de partida seja bem reduzida (até 2,5m/s), melhorando a performance do aerogerador. O menor gerador é desligado quando a velocidade do vento alcança um valor maior, momento no qual o maior gerador é posto em operação. (Freitas, 2015). A Figura 14 expõe um gerador elétrico comumente instalado em aerogeradores. O transformador é o equipamento elétrico que eleva a tensão de geração ao valor da rede elétrica ao qual o aerogerador está conectado. Pode ser instalado no chão, próximo ao aerogerador ou na torre, tanto internamente quanto no lado de fora, preso a uma altura intermediária. A Figura 15 exibe transformadores que são utilizados na base de aerogeradores. Já o sistema de é responsável pela integração de todos esses equipamentos de modo que o aerogerador opere conforme foi projetado e para que seja possível extrair o máximo de sua eficiência. 013 Este consegue parar, resetar e operar o aerogerador, bem como visualizador o status e todos os alarmes sinalizados pelos sensores da turbina. Figura 14 – Gerador elétrico Fonte: Ziatech. Figura 15 – Transformadores para aerogeradores 014 FINALIZANDO Nesta aula, foi possível conhecer os principais componentes que formam um aerogerador. A partir desse conhecimento, é possível ter um melhor entendimento de como eles funcionam e como são capazes de gerar energia elétrica. REFERÊNCIAS CAVALARI, G. M. Avaliação de perdas elétricas devido ao ponto de interconexão do sistema de geração eólica na rede elétrica. 60 f. Monografia (Graduação em Engenharia) – Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2016. DEWI (Instituto Alemão de Energia Eólica). Seminário de Energia Eólica: Técnica, Planejamento, Economia e Riscos. Rio de Janeiro, 2009. FREITAS, F. Defina de Maneira Sucinta o que é Energia Eólica. Exercício EAD – Centro de Tecnologia em Gás e Energias Renováveis (CTGÁS-ER), 2015. SUZLON. Disponível em: <http://www.suzlon.com/media-room>. VILLENA, J. E. N., Tecnologia de Geração Eólica, Centro de Tecnologia em Gás e Energias Renováveis (CTGÁS-ER), 2011. ZIATECH Consultoria. Curso de Operação e Manutenção de Parques Eólicos. Fortaleza, 2011.