Buscar

Resumo Código de defesa do consumidor

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 31 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 31 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 31 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Código de defesa do consumidor
Tema 1: Sociedade de Consumo
Historia do Consumo
A história do consumo acompanha a história humana porque o ser humano é desejante, e o consumo se apresenta como capaz de suprir o desejo e de nos diferenciar ou nos equiparar aos indivíduos do nosso grupo ou sociedade. Os grupos sociais de que fazemos parte nos fazem interagir socialmente e justificam nossos hábitos de consumo. (...)
É fundamental saber que o grupo influencia a concepção que o indivíduo tem de si mesmo, constituindo-se em seu ponto de referência. Com base nessa referência é que o homem decide o que, como e quando consumir determinado produto ou serviço, em outras palavras, os grupos influenciam o consumo em razão da nossa cultura, da nossa sociedade e porque estamos inseridos em grupos que nos referenciam.
A cultura tem papel essencial na forma de consumir, pois ela aparece como um conjunto de comportamentos distintos e concretiza uma série e prescrições de comportamentos que revelam um sistema de valores, decorrentes das sociedades em que estão inseridos e que levam o homem a se tornar um consumidor.
Intervenção do Estado para promover o consumo – Revolução Industrial e New Deal
(...)
Assim, diversas ações foram tomadas para se tentar controlar os efeitos nocivos desse modelo de desenvolvimento, facilitando o consumo. O Estado concedeu crédito, inflacionou propositalmente a economia e elaborou políticas contra o desemprego. Esse movimento foi chamado de New Deal.
Relevante destacar que o Estado, ao intervir na economia, possibilitou a continuação do desenvolvimento, do consumo e da geração de renda. Contudo, outra problemática relevante se estabeleceu, haja vista que o consumo é uma maneira contraditória e ineficaz de manter o desenvolvimento das sociedades, especialmente, em razão do exaurimento dos recursos naturais, pois nem todos são renováveis, como o petróleo, o carvão ou o gás natural.
O Estado tem papel importante na relação entre o consumidor e o fornecedor porque é o detentor das decisões sobre políticas fiscais e monetárias, que podem influenciar o produto, o emprego e a inflação. Temos, portanto, uma função de regulação estatal da economia.
Sociedade de consumo
Perin Júnior (2003) afirma que o consumo representa o ponto de partida da atividade econômica e é um importante componente da vida humana, enfatizando que o problema dos mercados globalizados é, provavelmente, uma das maiores dificuldades da sociedade contemporânea, dando relevância ao tema. 
(...)
Sobre a relação entre empresa e pessoas, assevera Chiavenato (2014, p. 2) que há uma estreita interdependência: a vida das pessoas depende das organizações, e estas dependem da atividade e do trabalho das pessoas. Ainda: As pessoas nascem, crescem, aprendem, vivem, trabalham, divertem-se, são tratadas e morrem dentro de organizações. O mundo atual é uma sociedade institucionalizada e composta de organizações. Toda a produção de bens (produtos) ou de serviços (atividades especializadas) é realizada por meio de organizações. (CHIAVENATO, 2014, p. 2).
Outhwaite et al. (1996 p. 727), ao analisarem a mudança do trabalho humano relação ao realizado por máquinas e computadores, afirmaram que: Em paralelo com essas mudanças tecnológicas, temos as transformações sociais e culturais, refletindo as mudanças de uma sociedade baseada na manufatura e produção de bens materiais para uma sociedade baseada em uma economia de serviços.
O acerto desses autores está em apontar as mudanças nas mentalidades que acompanham as transformações da produção e consumo: é por isso que você deve ficar atento às mudanças tecnológicas.
Como visto, o desenvolvimento industrial, os meios de produção, a evolução humana e a proteção ao Direito do Consumidor decorrem da evolução social. Os próximos passos da evolução da sociedade de consumo apontam para a sustentabilidade e preocupação com as gerações futuras.
Mercados, necessidades, demandas e trocas
O produto ou serviço deve atender ao desejo, consciente e inconsciente, do consumidor, de modo que ofereça a este uma possibilidade de diferenciação, de subjetivação. Para atingir o consumidor, as empresas precisam elaborar estratégias de marketing, com base no mercado, nas necessidades dos consumidores, nas demandas e nas trocas, conforme a figura a seguir.
A sociedade, cujos gostos e crenças estão conformados pelos meios de comunicação, é quem dita o consumo, de acordo com aquilo que julga tendente a satisfazer as necessidades das pessoas. Dentro do campo jurídico, a satisfação dessas necessidades pressupõe um contrato, sendo que esse contrato possui uma série de requisitos e, eventualmente, alguma proteção a ser conferida para alguma das partes a fim de se estabelecer o necessário equilíbrio. Essa é a chave do Direito do Consumidor.
Tema 2
Princípios gerais que incidem nas relações de consumo
As relações de consumo possuem regulação própria pelo Direito, cujas regras mais relevantes se encontram no Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/1990), o qual representou um grande avanço e conquista para a sociedade brasileira à medida que concretizou as diretrizes constitucionais de subordinação da iniciativa econômica ao respeito aos consumidores (art. 170, V da CF/88).
O Código de Defesa do Consumidor tem por objetivo concretizar a Política Nacional das Relações de Consumo, buscando harmonia nas relações consumeristas, transparência, respeito às necessidades e direitos dos consumidores (art. 4º do CDC). 
Os princípios mais relevantes do CDC.
Princípio da vulnerabilidade: Princípio mais relevante do Direito do Consumidor. que estabelece a presunção legal da vulnerabilidade técnica jurídica e fática do consumidor (art. 40,1 do CDC).
Princípio da solidariedade: Estabelece que todos que causarem dano ao consumidor respondem de forma solidária sejam fornecedores ou demais atores da cadeia de fornecimento (ert 7. S único do CDC).
Princípio da boa-fé objetiva: Impõe transparência, fidelidade e respeito as expectativas geradas junto ao consumidor, por meio da lealdade nas relações consumeristas (art. 40, Ii do CDC.
Princípio do equilíbrio: Cria instrumentos de defesa dos direitos do consumidor que permitem manter o equilíbrio nas relações de consumo tendo em vista a vulnerabilidade do consumidor, como a inversão do ônus da prova (art. 6. VIII do CDC).
Princípio da efetividade: Impõe a aplicação concreta das normas do CDC com resultados tangíveis, através da criação de um Sistema de Nacional de Proteção ao Consumidor, que conta com a presença de diversos órgãos protetivos e instrumentos de assistência jurídica ao consumidor (art. 5° do CDC).
Princípio da harmonia: Princípio finalístico do CDC que visa a compatibilizar os interesses de consumidores e fornecedores, por meio da harmonia entre desenvolvimento econômico e respeito aos direitos do consumidor (art. 4°, IIi do CDC).
Lei principiológica
CDC é uma lei principiológica, o que significa dizer que se aplica a toda e qualquer relação jurídica de consumo, mesmo que o tema tenha legislação própria. Dessa forma, disposições e regras de uma lei infraconstitucional específica que conflitem com as normas e princípios do CDC perdem sua aplicabilidade, sujeitando-se ao Código do Consumidor (NUNES, 2012).
Conceito de fornecedor
Fornecedor é todo aquele que atua como um agente econômico no mercado de consumo, seja de forma eventual ou habitual, entregando ao consumidor produto ou serviço que visa a atender uma necessidade específica desse consumidor, com a finalidade de auferir ganho financeiro ou possui interesse comercial, caracteriza-se como fornecedor para os fins legais (MIRAGEM, 2016).
Produto
produto todo e qualquer bem que atende a uma necessidade do consumidor, seja bem material ou imaterial, móvel ou imóvel (art. 3º, § 1º do CDC).
Conceito de Consumidor
o conceito de consumidor é bastantecontroverso e tem contornos menos definidos, a despeito da regulação do Código de Defesa do Consumidor. Nesse sentido, analisando as disposições do CDC, constata-se que consumidor é definido como toda pessoa que é destinatária final, seja pessoa física ou jurídica, de um produto/serviço adquirido ou utilizado (art. 2º do CDC).
Interpretação maximalista do conceito de consumidor
A Teoria Maximalista aborda o conceito de consumidor de forma ampliada, entendendo que é consumidor todo aquele que adquire um produto/serviço, seja para finalidade privada ou econômica. Nesse sentido, uma empresa que compra computadores para sua atividade produtiva é entendida como consumidor (MIRAGEM, 2016).
Interpretação finalista do conceito de consumidor
Entende como consumidor aqueles que consomem para suprir necessidade. Se o consumo visa lucratividade, não é consumidor. Ex: uma empresa que consome algodão para fazer roupa não é considerado consumidor.
Contudo, essa interpretação, conhecida como Finalista Pura, tem sido revisitada pela jurisprudência do STJ, que tem desenvolvido a chamada Teoria Finalista Aprofundada, a qual considera o porte do consumidor pessoa jurídica como um elemento relevante na análise quanto ao seu enquadramento no conceito de destinatário final, que passa a ser analisado caso a caso (MARQUES, 2006).
para a interpretação aprofundada da Teoria Finalista, se o comprador se encontra em situação de vulnerabilidade técnica, fática ou jurídica, também estamos diante de um consumidor para fins de aplicação do CDC, interpretação esta que tem sido a majoritária na doutrina e jurisprudência nacional.
O consumidor equiparado § O CDC amplia o conceito de consumidor criando a figura do consumidor equiparado, ao estabelecer que é consumidor a coletividade de pessoas, mesmo que indetermináveis, se impactadas pelas relações de consumo (art. 2º, único do CDC).
Hipossuficiência do consumidor
A diferença entre vulnerabilidade e hipossuficiência reside no fato de que a última tem cunho processual e técnico, sendo o fundamento da inversão do ônus da prova (NUNES, 2012).
Nesse sentido, quando, em um caso concreto, é demonstrada a incapacidade de o consumidor se defender, por exemplo, no caso de questionar uma informação que só foi gravada pelo fornecedor no momento da oferta, o juiz estabelece a inversão do ônus da prova, por ser a alegação de incapacidade do consumidor verossímil e sem a inversão do ônus da prova ser impossível sua defesa (art. 6º, VIII do CDC.
Tema 3
Vulnerabilidade
A vulnerabilidade é o conceito-chave que define todo e qualquer consumidor, o qual tem menor capacidade técnica, jurídica e fática diante dos fornecedores, razão pela qual o CDC estabeleceu um rol de normas protetivas em todas as relações de consumo. Por isso, existem regras específicas para evitar a exploração de vulnerabilidades, como ocorre com os consumidores idosos (NUNES, 2012).
Nesse contexto, o CDC estabeleceu em seu art. 39 um rol de práticas abusivas, dentre elas, qualquer ação que se valha da fraqueza ou ignorância do consumidor, seja decorrente de condição econômica, conhecimento dos produtos, saúde e idade. Nesse sentido, podemos citar como exemplo as normas consumeristas de proteção do público idoso, por meio de um rol próprio que deve ser respeitado nas relações de consumo das quais participa, em função de sua maior vulnerabilidade. Conheça esse rol proposto pelo CDC.
O CDC também veda a exploração de outras vulnerabilidades dos consumidores. Nesse sentido, a imposição de vantagem excessiva do fornecedor em relação ao consumidor, seja ele idoso ou não, por meio da cobrança de taxas e juros abusivos, multas não proporcionais ou até mesmo imposição de obrigações exageradas com o objetivo de obter vantagem são vedadas pelo art. 39, V do CDC. Devido às diversas formas de vulnerabilidade a que os consumidores estão sujeitos, o código consumerista restringe os limites da autonomia da vontade.
Boa-fé
Uma das principais normas de ordem pública que dita e orienta os contratos e relações de consumo é a boa-fé objetiva. Isto porque todas as relações de consumo se pautam no respeito à lealdade, transparência e confiança quanto ao cumprimento das promessas de ambas as partes, consumidor e fornecedor. é o princípio que coíbe o abuso, a lesão, primando pela cooperação contratual para atingir os interesses de ambas as partes (NUNES, 2012).
Educação e informação
Educação e informação Um dos direitos básicos do consumidor é o de ser devidamente informado sobre todos os dados de um produto ou serviço, de modo que possa ter liberdade em suas escolhas e consiga contratar de forma equânime (art. 6º, II do CDC). Por isso, os fornecedores têm o dever de ser claros e precisos em toda divulgação realizada, permitindo que o consumidor faça sua escolha de forma adequada. Nesse sentido, a embalagem dos produtos é um dos instrumentos de comunicação mais importante para os consumidores, devendo ter todas as informações necessárias para a escolha correta pelo consumidor.
Qualidade e segurança
Por esse motivo, estabelece o princípio de que os produtos disponibilizados em mercado não devem acarretar riscos à saúde e segurança dos consumidores (art. 8º do CDC).
Caso o produto ofertado seja potencialmente nocivo à saúde, o fornecedor deve divulgar de modo ostensivo o risco que o produto acarreta, tal como ocorre nas embalagens de cigarro que passaram a informar, obrigatoriamente, em 30% da capa frontal da embalagem, que o produto pode causar sérias doenças (Resolução RDC 14/2015 da Anvisa).
Coibição e repressão ao abuso
Não é aceito pelo código consumerista qualquer tipo de abuso, seja por meio de concorrência desleal ou uso de signos ou marcas que possam causar prejuízos aos consumidores (art. 4º, VI do CDC). Quando identificada a ocorrência de abuso de direito, pode, por esse motivo, o juiz desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade empresária, passando a responder, de forma direta, os sócios e seu patrimônio pelo dano causado devido à conduta excessiva em relação ao direito do consumidor.
 Abuso de direito não é tolerável nem se alinha às normas do Código de Defesa do Consumidor, sendo sua prática proibida pelas próprias normas do CDC, que visam à construção de uma relação harmoniosa entre consumidor e fornecedor.
Tema 4
Proteção da vida, saúde e segurança
No art. 6º do CDC são elencados os direitos básicos do consumidor, dentre os quais, a proteção à vida, saúde e segurança. Com base nesses direitos, os produtos colocados no mercado não podem colocar em risco a vida, a saúde e a segurança do consumidor, razão pela qual os produtos perigosos e nocivos têm circulação proibida ou restrita. Então, quando o produto não oferece o nível de segurança que se espera dele, estamos diante de um produto defeituoso cuja responsabilidade pelos danos causados é do produtor (art. 12 do CDC).
Educação para o consumo
O CDC busca promover a formação de uma consciência sobre o consumo, educando os consumidores sobre seus direitos e deveres de tal forma que contribua para a formação de um mercado de consumo mais sustentável (art. 4º, IV do CDC). 
Foi promulgada a Lei 13.186/2015, que institui a Política de Educação para o ConsumoSustentável, com vistas a adotar práticas de consumo e técnicas de produção ecologicamente sustentáveis, educando os consumidores para que mudem sua atitude quanto ao consumo de produtos e serviços (art. 1º da Lei 13.186/15). As principais práticas recomendadas pela referida lei estão a seguir:
Objetivos
• Incentivar mudanças de atitude dos consumidores.
• Estimular a reciclagem dos produtos e embalagens
• Zelar pelo direito à informação.
• Promover a redução do acúmulo de resíduos sólidos.
• Incentivar a certificação ambiental.
Instrumentos
• Promover campanhas em espaço nobre dos meios de comunicação de massa para fomentar o consumo sustentável.
• Capacitar professores para a inclusão do consumo sustentável e temática ambiental nas disciplinas de Ensino Médio e Fundamental
O objetivo visado pelo CDC se amplia e se complementa com disposições e diretrizes programáticas que buscam a noção de coletividade e o dever para com a sustentabilidade nas relações de consumo, fomentando a educação para um consumo orientado aos valores sociais e ambientais.
Informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços
O cdc prevê como direito básico de todos os consumidores a informação adequada e clara sobre produtos e serviços, envolvendo todas as suas características, preços e custos, assim como o conhecimento sobre riscos que possam trazer para o consumo (art. 6º, III do CDC).
Um dos principais requisitos da informação para os consumidores é a veracidade, pois o fornecedor, de modo algum, por omissão ou comissão, pode faltar com a verdade ou adotar linguagem confusa e ambígua, que confunda o consumidor (NUNES, 2012). Então, quando o fornecedor faz afirmação falsa sobre produto ou omite informação relevante, está sujeito à pena de detenção de três meses a um ano e multa (art. 66 do CDC), norma que visa a promover a veracidade como princípio-norte de toda informação divulgada pelos fornecedores no âmbito das relações de consumo.
Proteção contra publicidade enganosa e abusiva
Pautado no princípio da veracidade, o CDC estabelece como direito básico dos consumidores a proteção contra qualquer tipo de publicidade enganosa ou abusiva ou qualquer método comercial coercitivo ou desleal (art. 6º, IV do CDC). Essa proteção contra a publicidade enganosa decorre da própria principiologia constitucional, que busca harmonizar a atividade comercial com as demais garantias constitucionais (NUNES, 2012).
Nesse sentido, quando realizada publicidade que não se baseia no princípio da veracidade ou que desrespeita norma ou valor jurídico tutelado, a primeira implicação prática é a imposição de contrapropaganda, que deverá ter o mesmo nível de abrangência para retificar a falsidade veiculada ou redimir a violação ao direito, cujas despesas correrão por conta do infrator (art. 60 do CDC). Além disso, o infrator está sujeito à detenção e multa, cuja pena varia de acordo com o tipo de publicidade ilícita promovida (arts. 67 e 68 do CDC).
Proteção contratual
Uma das formas de concretizar esses direitos básicos garantidos pelo CDC é através de um rol de proteções contratuais que permitam ao consumidor se proteger contra abusos dos seus direitos. Assim, os contratos somente têm poder vinculante e obrigatório para os consumidores depois que for dado ao consumidor ciência e conhecimento de todo o seu conteúdo (art. 46 do CDC).
Indenização
A garantia prevista pelo CDC não teria efetividade se não houvesse mecanismos de sanção para punir os descumprimentos de eventuais violações a direitos. Nesse sentido, o art. 6º, VII, do CDC garante amplo acesso aos órgãos judiciários e administrativos para defesa dos consumidores, inclusive garantindo a reparação por danos morais e patrimoniais, sejam individuais, coletivos ou difusos, decorrentes de violação aos seus direitos. Destaca-se que os tribunais têm entendido que as indenizações quanto a danos causados, seja de ordem patrimonial ou moral, não podem ser irrazoáveis nem fonte de enriquecimento do consumidor, estando relacionadas ao quantum EXEMPLO do dano causado (BESSA; MOURA, 2014).
A indenização é de ordem material quando gera um prejuízo financeiro ao patrimônio do consumidor e é de ordem moral quando gera constrangimento psicológico a este ou danos aos seus direitos de personalidade.
Tema 5 
Proteção à saúde e segurança do consumidor
O princípio da responsabilização objetiva não se aplica quando o fornecedor ou prestador do serviço for profissional liberal, de tal sorte que, nesse caso, é necessária a demonstração da culpa ou intenção de causar dano ao consumidor para sua responsabilização, por força do disposto no art. 14, § 4° do CDC.
Responsabilidade pelo vício do produto ou serviço
Outro importante princípio quanto à responsabilização por danos causados é o da solidariedade. Por força dos arts. 18 e 19 do CDC, os fornecedores respondem de forma solidária entre si pelos vícios dos produtos, seja em função da sua qualidade ou quantidade. O vício é relativo à qualidade do produto, quando estamos diante da situação que torna o consumo do produto impossibilitado ou sua fruição prejudicada, pois há significativa diminuição do valor do produto (art. 18 do CDC). Nesse caso, o fornecedor tem até 30 dias para resolver o vício de qualidade, sob pena de o consumidor poder tomar ações específicas para sua reparação. Por outro lado, o vício é relativo à quantidade quando estamos diante de situação na qual o conteúdo do produto é inferior à quantidade indicada em sua embalagem ou em qualquer outro meio de divulgação do produto, como no caso da propaganda (art. 19 do CDC)
	Tipo de vício
	Ações de reparação à escolha do consumidor
	Qualidade
	· Substituição do produto por outro similar.
· Restituição de todos os valores pagos e atualizados, além de indenização por perdas danos, se cabível
· - Redução proporcional do preço.
	Quantidade
	· Redução proporcional do preço.
· complemento de quantidade faltante do produto
· Restituição de todos os valores pagos e atualizados, além de indenização por perdas e danos, se cabível
· - Substituição do produto por outro similar. 
Nota-se que caberá ao consumidor definir qual a melhor forma de ser reparado quando identificado um vício em um produto ou serviço, sendo vedada, por ser nula de pleno direito, a estipulação de cláusula que retire essa obrigação de reparação pelos fornecedores, sendo também desnecessária a previsão contratual das garantias já apresentadas, por serem expressamente determinadas pelo CDC (arts. 24 e 25 do CDC). Ademais, mesmo que o fornecedor desconheça os vícios de qualidade do produto, sua culpa não é eximida, pois ele tem a obrigação legal de fornecer produtos de qualidade ao mercado consumidor (art. 23 do CDC).
Prescrição x decadência
· Prescrição: extingue a possibilidade de questionamento judicial e do direito à pretensão, apesar de o direito material ainda existir. É reconhecida via contestação da outra parte, admitindo renúncia; ·
· Decadência: extingue o direito material operando a caducidade, eliminando qualquer possibilidade de pretensão do direito. É reconhecida de ofício, pelo juiz, não admitindo renúncia.
Prazos para reclamação
· Prazo para o fornecedor sanar o vício de qualidade - até 30 dias
· Prazo para reclamar de vício aparente de produto não durável. - 30 dias
· Prazo para o consumidorreclamar quanto ao produto durável. - 90 dias
· Prazo de prescrição para solicitar reparação de danos. - 5 anos
Tema 6 
Autonomia da vontade
Dentro do Direito Civil, em regra, as partes contratantes são livres para contratar, podendo escolher o tipo do contrato, a espécie de obrigação, entre outros pontos. Porém, mesmo no Direito Civil, esse princípio não tem mais o mesmo alcance que tinha no período do liberalismo clássico, sofrendo redução em sua amplitude. A autonomia da vontade não é ilimitada e sofre limitações na lei, em especial no CDC, diante da vulnerabilidade do consumidor nas relações consumeristas. 
Liberdade contratual
 Inserida nesse princípio está a liberdade de escolher o tipo contratual, com quem contratar e determinar o conteúdo do contrato, sendo este o alcance do princípio da liberdade contratual no Estado Liberal. Com o advento do Direito do Consumidor, essa limitação foi mais intensa, pois o consumidor passou a ser considerado como a parte vulnerável na relação de consumo, necessitando da proteção estatal através das normas jurídicas que regulem de forma especial os negócios jurídicos consumeristas.
A liberdade contratual das partes é limitada no CDC, especialmente para o fornecedor, que não pode estabelecer cláusulas que gerem obrigações excessivas ao consumidor ou cláusulas que apenas o beneficiem, em detrimento do consumidor.
Força obrigatória dos contratos
É aplicado aos contratos de consumo, porém de forma mitigada, pois o consumidor não está obrigado a cumprir as obrigações ali pactuadas quando estas geram uma onerosidade excessiva para ele. Mesmo nos contratos de natureza civil, o mencionado princípio não tem mais a mesma força da época do Estado Liberal, devendo ser analisada a harmonia na distribuição de ônus e direitos entre as partes contratantes para se evitar o desequilíbrio demasiado entre as partes.
A força obrigatória do contrato consumerista não é absoluta, encontrando como balizador a função social dos contratos. O interesse coletivo deve sempre se curvar ao interesse individual, em casos de conflito.
Efeito relativo do contrato
 O efeito relativo do contrato (2), a priori, afirma que o contrato só obriga os contratantes, não atingindo, dessa forma, terceiros, porém, no contrato de consumo, terceiros podem sofrer os efeitos do contrato, a exemplo do fornecedor mediato (por exemplo, fabricante do produto), que, apesar de não ter participado diretamente do contrato, por força de lei, é responsável por vício de fabricação da mercadoria. Sobre o princípio da função social dos contrato.
Os princípios sociais do contrato
· função social do contrato: como qualquer contrato repercute na sociedade, os interesses das partes devem ser exercidos em conformidade com os interesses sociais. Havendo suposto conflito entre os interesses particulares dos contratantes e os interesses da coletividade, estes últimos prevalecem;
· equivalência material do contrato: busca o equilíbrio real de direitos e obrigações contratuais distribuídos entre as partes, tanto na fase anterior à pactuação como durante e após a execução contratual. Note que não se busca o cumprimento total do contrato na forma como foi celebrado, mas evitar que a sua execução gere desvantagem excessiva para uma das partes e vantagens desmedias para a outra;
· boa-fé objetiva: relaciona-se com a ética exigida da conduta humana, da pessoa que vive em sociedade. É uma regra de conduta das pessoas nas relações jurídicas obrigacionais que exige conduta honesta, leal e correta dos contratantes. O CDC (art. 4º, III) prevê expressamente o princípio da boa-fé objetiva nas relações consumeristas.
Função social do contrato
Este estipula que o interesse social, ou da sociedade, deve sempre prevalecer sobre o interesse privado do contratante, pois o contrato tem repercussão no meio social. Já o princípio da força obrigatória dos contratos 
Tema 7 
Requisitos do dever de informar
No contexto do CDC, o dever de informar ganha contornos significativos e fundamentais nos tempos atuais – no Direito Civil ou no do Consumidor – em que sua importância é ainda maior, refletindo-se na proteção legal da vulnerabilidade do consumidor, conforme art. 4º, III, do CDC (BESSA; MOURA, 2014).
Há mais dispositivos sobre o dever de informar no CDC: no art. 30, há a previsão da obrigação de a informação ser veiculada de forma suficientemente precisa em qualquer forma ou meio de comunicação com relação a produtos e serviços oferecidos ou ofertados, vinculando o fornecedor pela informação veiculada. Já no art. 36, parágrafo único, há a previsão da obrigatoriedade do fornecedor de manter, em seu poder, para informação dos legítimos interessados, os dados fáticos, técnicos e científicos que embasaram a publicidade. 
O dever da informação (art. 31 do CDC) está relacionado ao princípio da transparência, que deve operar em todos os contratos, em especial nos contratos de consumo, nos quais existe uma assimetria de informações. De um lado, há o fornecedor de produtos ou serviços, que detém toda a informação, e, do outro, o consumidor, que é um leigo em relação àquele produto ou serviço. 
Saiba que o dever de informar ocorre em dois momentos: no pré-contratual, que engloba a propaganda veiculada sobre o produto ou serviço e que vincula o fornecedor (art. 30 do CDC e no contratual, em que ocorre a concretização do instrumento contratual.
A informação precisa ser correta e verdadeira; clara, de fácil compreensão pelo consumidor, que geralmente é pessoa leiga e não domina os aspectos técnicos do produto ou serviço; precisa; ostensiva, isto é, de fácil percepção, e na língua nacional.
Efeitos jurídicos da informação publicitária
O fornecedor sempre se vincula à informação prestada ao consumidor, independentemente do meio veiculado. Além disso, é parte integrante do contrato a informação contida na propaganda, e, em caso de o fornecedor não cumprir a oferta, o consumidor pode exigir o cumprimento forçado da oferta, aceitar outro produto ou prestação equivalente, ou rescindir o contrato com direito a receber de volta o valor pago, devidamente atualizado, assim como indenização por perdas e danos.
O fornecedor vincula-se, em qualquer meio de comunicação, à informação veiculada sobre o bem ou serviço, pois esta é parte integrante do contrato de consumo..
O art. 68 do CDC prevê o crime de promoção de publicidade que sabe ou deveria saber ser capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança, com pena de detenção de seis meses a dois anos e multa. Deixar de organizar dados fáticos, técnicos e científicos que dão base à publicidade também é tipo penal (art. 69 do CDC). Já o art. 6º, inciso IV, do CDC, prevê a proteção do consumidor contra a publicidade enganosa ou abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais.
Nesse contexto, em caso de recusa do fornecedor de produtos ou serviços ao cumprimento da oferta, o consumidor tem o direito a escolher, de forma alternada e livre, exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta, apresentação ou publicidade (art. 35, I, CDC); aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente (art. 35, II, CDC); rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia eventualmente paga de forma antecipada, com a devida atualização monetária, mais perdas e danos (art. 35, III, CDC).
O fornecedor de um produto, ao veicular as suas características, anunciou que o produto tinha determinado aspecto que, de fato, não tinha. Essa veiculação errônea de determinada característica do produto vincula o fornecedor e, ao se constatar que esse aspecto do produto é inexistente, há nulidade do contrato com o dever de devolver ao consumidor o dinheiro pago, bem como perdas e danos.
Da propaganda enganosa e abusiva surge a possibilidade de realização da denominada contrapropaganda, que será divulgada pelo responsável da mesma forma, frequência e dimensão (art. 60, § 1º, do CDC).
Garantia de conhecimento do consumidor
O direito à informação clara, precisa e adequadasobre o produto ou serviço colocado à disposição no mercado constitui direito básico do consumidor ao mesmo tempo que é um dever do fornecedor. A infração a esse dever gera vários efeitos, bem como responsabilização cível, administrativa e penal.
Caso prático – exemplos de julgado relativos ao dever de informar
Em relação aos contratos de transporte aéreo de passageiros e cancelamentos de voos, assim se manifesta o STJ no REsp 1469087/AC sobre o dever de informar: a empresa aérea é obrigada a informar, ou seja, a comprovar as razões técnicas ou de segurança do cancelamento de voos. Não basta apenas cancelar o voo, precisa informar o motivo do cancelamento, em obediência ao dever de informar.
Os julgados relativos ao transporte aéreo corroboram a noção de proteção do consumidor através do dever de informar nos contratos, dentro do determinado no microssistema de proteção do consumidor previsto no CDC. O tema ora estudado é de aplicação prática diária nas relações de consumo, bem como nas ações judiciais ajuizadas com o intuito de afastar nulidades contratuais decorrentes da não observância do dever de informar.
Tema 8
Conceito de pacta sunt servanda
O princípio pacta sunt servanda , ou princípio da força obrigatória dos contratos, é um dos mais tradicionais em matéria de interpretação de contratos. De acordo com esse princípio, o disposto no contrato deve ser rigorosamente obedecido e cumprido pelas partes contratantes.
A doutrina majoritária de Direito do Consumidor afirma que o princípio do pacta sunt servanda ainda é aplicado no Brasil, inclusive nas relações de consumo. O que aconteceu foi a sua mitigação ao longo do tempo nas relações privadas. Com o advento do CDC, o referido princípio deve ser aplicado, desde que não prejudique o consumidor.
Interpretação favorável ao consumidor
Conforme o art. 47, diante de dúvidas na interpretação do contrato, deve prevalecer a interpretação mais favorável ao consumidor, por expressa previsão legal.
Interpretação dos contratos de adesão
Em outras palavras, no contrato de adesão há o estabelecimento, de forma unilateral, pelo fornecedor dos produtos ou serviços ou pela autoridade competente, das cláusulas contratuais sem a possibilidade de discussão ou de modificação substancial do conteúdo.
No sistema de proteção contido no CDC, o princípio do pacta sunt servanda foi bastante mitigado, já que não há praticamente qualquer liberdade da vontade do consumidor, restando a este aceitar ou não o contrato como um bloco. Buscou o CDC, dessa forma, dirimir a enorme desigualdade existente entre o consumidor e o fornecedor com a adoção do princípio da interpretação mais favorável ao consumidor.
Exemplo de julgado em contrato de consumo
A jurisprudência brasileira é pacífica em relação à interpretação do contrato de forma mais favorável ao consumidor. Em uma ação judicial contra uma empresa de plano de saúde, o consumidor pleiteou obrigação de fazer valer as cláusulas cumuladas com a indenização.
No Acórdão nº 919834, da 5ª Turma Cível do TJDFT, ficou consignado que, a exemplo da Jurisprudência do STJ, “em se tratando de contrato de adesão, as cláusulas contratuais devem ser interpretadas de forma mais benéfica ao consumidor, consoante o disposto no artigo 47 do Código de Defesa do Consumidor, afastando-se a força do princípio do pacta sunt servanda”.
Nesse julgado, ficou estipulado que o plano de saúde é obrigado a fornecer o material necessário para uma cirurgia, pois, se o plano cobre a cirurgia, tem de fornecer o material necessário para a sua realização.
O STJ, em diversos julgados, tem reiterado o direito previsto no CDC da interpretação mais favorável ao consumidor. Dessa forma, constata-se que a jurisprudência brasileira, em especial os julgados do STJ, está em consonância com a doutrina nacional acerca da interpretação dos contratos de consumo.
Tema 9
Conceito de cláusula abusiva
De acordo com o Instituto de Defesa do Consumidor (IDEC, 2018), as cláusulas abusivas são as que colocam o consumidor em desvantagem na relação de consumo, não se restringindo somente às contidas no CDC, contemplando as previstas nas portarias do Ministério da Justiça. O elemento nuclear da definição de cláusula abusiva é, portanto, o fato de colocar o consumidor em desvantagem nos contratos de consumo.
A elaboração do rol das cláusulas abusivas relaciona-se com a preocupação do legislador quanto ao conteúdo dos contratos, sendo as mencionadas cláusulas nulas de pleno direito, não gerando qualquer efeito jurídico válido.
O Poder Judiciário brasileiro tem uma importância fundamental na matéria de defesa do consumidor, diante do princípio constitucional da inafastabilidade da jurisdição. De acordo com esse princípio, toda lesão ou ameaça de lesão poderá ser levada ao conhecimento do Judiciário para que este resolva com caráter de definitividade, fazendo coisa julgada. A natureza do CDC é de lei federal e cabe ao Superior Tribunal de Justiça, por atribuição constitucional, a uniform	ização da aplicação da legislação federal. 
Nulidade de cláusulas abusivas
O Código de Defesa do Consumidor, assim como o sistema jurídico brasileiro como um todo, entende que as cláusulas abusivas não produzem efeitos, pois contêm vícios elencados no art. 51 do CDC, fazendo com que, por consequência, possam ser anuladas. A cláusula abusiva não produz efeitos e pode ser anulada..
A nulidade de uma cláusula abusiva, em regra, não invalida o contato, mas o invalidará quando da sua retirada do contrato, não obstante os esforços hermenêuticos de integração de gerar ônus excessivo a qualquer das partes.
Isso significa que o estado-juiz, quando provocado a analisar e se manifestar sobre determinada cláusula tida por abusiva por uma das partes, poderá declarar a nulidade, inicialmente, da cláusula posta em debate, porém, se a declaração da nulidade dessa cláusula resultar em ônus excessivo para qualquer das partes, todo o contrato será considerado nulo.
Tema 10
Ações coletivas de defesa do consumidor: interesses, legitimados, competência
Com o advento da CF/88, ganhou relevo a participação de entidades que representem a coletividade, a exemplo do Ministério Público e da Defensoria Pública. O CDC seguiu a linha constitucional, prevendo a possibilidade da defesa do consumidor através de ações coletivas.
A dicção legal é bastante clara ao definir o que são direitos difusos: aqueles entendidos “para efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato” (BRASIL, 2018). Segundo Cavalieri Filho (2018, p. 399), os direitos difusos têm quatro características: “natureza indisponível, transindividual; objeto indivisível; sujeitos indeterminados; origem, circunstância de fato”.
 No direito coletivo, os sujeitos estão ligados por um vínculo jurídico, ao contrário dos direitos difusos, cujos sujeitos estão ligados por uma circunstância de fato. 
Os direitos individuais homogêneos são os decorrentes de uma origem comum (inciso III, do art. 81, CDC): “objeto divisível; sujeitos determinados; natureza disponível; origem comum fática ou jurídica” (CAVALIERI FILHO, 2018, p. 401-402). São direitos individuais que recebem, por opção do legislador, tratamento jurídico equivalente aos direitos coletivos em razão da origem comum. O objeto é divisível ou cindível, podendo ser dividido entre os sujeitos determinados, sendo direitos individuais, portanto.
Defesa individual do consumidor nos Juizados Especiais Cíveis e Justiça Comum
O art. 81, caput, do CDC, não deixa dúvida acerca da possibilidade da defesa dos direitos dos consumidores e vítimas ser exercida também individualmente em juízo. Tanto para a defesa do direito difuso, coletivo ou individual homogêneo quanto para a defesa do direito individual, o CDC, no art. 83, prevê a adoção de todas as espécies de ações capazes de proporcionar a adequada e efetiva tutela consumerista.
Um consumidor aderiu a um plano de saúde da sua classe profissional. Apesar de o plano de saúde tersido vendido para toda a sua classe, não é preciso que o consumidor lesado aguarde o ingresso de uma ação coletiva por um dos legitimados. Pode ele ingressar individualmente com uma ação visando à reparação do dano, sem ficar dependendo do ingresso de uma ação coletiva, ou do resultado final de uma ação coletiva já em trâmite.
Importante aspecto do CDC em relação às ações individuais de responsabilização do fornecedor de produtos e serviços é o disposto no art. 101, I, que permite que o consumidor ajuíze a ação no seu domicílio. Em regra, o foro do seu domicílio é o que oferece a melhor oportunidade de concretização do seu direito de ação a um menor custo, pois evita os deslocamentos para as audiências.
As ações coletivas, ocorrem com a participação do Ministério Público, dos entes federativos, dos PROCONS, e das associações legalmente constituídas há mais de um ano. Ações Individuais - Juizados Especiais Cíveis.
Tema 11
Conceito de oferta nas relações de consumo
A oferta, no âmbito do Direito do Consumidor, tem uma tutela mais ampla do que a oferta nas relações privadas, sendo, por isso, vinculante.
Na sistemática privada, a oferta se sujeita ao disposto no art. 427 do Código Civil, que estabelece que a sua vinculação está condicionada a natureza do negócio ou as circunstâncias resolvida em perdas e danos (art. 428 do Código Civil). Já na sistemática consumerista, a oferta tem maior importância, pois, como para formação de um contrato, ela passa a obrigar o fornecedor ao seu fiel cumprimento, de tal sorte que passa a Integrar o pacto negocial que vier a ser celebrado (art. 30 do CDC)
Nesse contexto, essa vinculação está diretamente ligada ao princípio da confiança, o qual visa a proteger consumidor quanto aos abusos e prejuízos decorrentes de prática indevida, promovendo a sua real satisfação (MARQUES, 2002).
O princípio da confiança não se limita apenas ao contexto das relações comerciais tradicionais presenciais, mas vai além e também se aplica a todo e qualquer oferta realizada pela internet conforme disposto pelo art 7 inc. XIII, da Lei n 12.965/2014.
Assim todas as ações de marketing que visam ao convencimento do consumidor se sujeitam ao princípio de confiança e devem observar um conjunto de requisitos mínimos, os quais estudaremos em seguida.
Características da informação na oferta
O art 31 do CDC estabelece os requisitos mínimos que a oferta deve observar, a saber: informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre suas características, qualidades, quantidade composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como os riscos à saúde e segurança dos consumidores.
Esse conjunto de requisitos está pautado no conceito de boa-fé objetiva, sintetizado em quatro pilares: lealdade, transparência, informação adequada e completa ao consumidor, estabelecendo uma regra de conduta e dever no sentido de as partes agirem de forma honesta incompletas e insuficientes para a tomada de decisão são lesivas e estão em conflito com a boa-fé objetiva e transparente (NUNES, 2012).
Requisitos específicos da Lei nº 10.962/2004 e Decreto n9 5.903/2006
Os requisitos estabelecidos pelo art 31 do Código de Defesa do Consumidor são requisitos mínimos devendo ser observados também os condicionantes dispostos na Lei 10.962/2004. Por isso, podemos afirmar que a fixação de preços em estabelecimento varejistas está sujeita a regra da acessibilidade e transparência a qual impõe a exposição clara e legível das informações relativas ao preço: divulgação do preço à vista e existência de leitores óticos para consulta de preços (arL. 2, art: 37, art 4cart SA da Lei n 10962/2004).
Oferta de peças de reposição
Um dos efeitos práticos do princípio da confiança está inscrito no art 12 do CDC ao estabelecer como regra geral a longevidade de produtos e serviços, medida que impões o dever dos fabricantes ou importadores de assegurar peças de reposição para produtos adquiridos (art. 32 do CDC) Sem a existência dessa regra, corre-se o risco de uma prática chamada obsolescência programada, prática na qual o produtor decide de forma deliberada, produzir um produto que rapidamente deixa de ser funcional, por falta de peças ou defasagem tecnológica, impondo ao consumidor a compra de novos produtos de forma constante
Importante destacar que a prática da obsolescência programada é um abuso de direito e causa prejuízos aos consumidores e ao meio ambiente, pois reduz a vida útil dos produtos, levando-os a serem descartados mais rapidamente.
Período de disponibilização das peças de reposição
Mesmo que a produção de dado produto tenha sido suspensa, ainda cabe ao fabricante ou fornecedor manter a disposição do consumidor peças de reposição por um período razoável de tempo (art 32, 5 unico do CDC).
A partir da leitura do art 13, inc. XXI, do Decreto-Lei n° 2.181/1997, pode-se concluir que a período razoável nunca poderá ser inferior ao período de vida útil do produto, sob pena de perdas e danos.
Recusa do cumprimento da oferta pelo fornecedor
A recusa no cumprimento da oferta, como, por exemplo, o atraso na entrega de um produto, garante ao consumidor, conforme disposto no art. 35 de CDC três opções:
· faculdade de obrigar o fornecedor a fiel cumprimento da oferta; 
· faculdade de escolher e aceitar produto equivalente ao inicialmente ofertado;
· faculdade de rescindir o contrato, garantida a indenização por perdas ocorridas.
O caso das ofertas condicionadas
Avalie a seguinte situação: Caso o ofertante prometa entregar um produto em 24 horas apenas se a consumidor escolher pagar através do cartão de crédito, o que deve acontecer??
A. o consumidor pode exigir a entrega em 24 horas?
B. ofertante não está obrigado a cumprir o prazo?
A resposta correta é a opção "b", pois a regra de vedação ao cumprimento de uma oferta deve ser interpretada à luz da boa-fé objetiva.
O ofertante não está obrigado a cumprir qualquer oferta, pois casa seja estabelecida condição clara e cujo conhecimento seja prévio.
Tema 12
Publicidade enganosa no CDC
A publicidade que induz o consumidor ao erro a respeito de um produto ou serviço, seu preço ou quaisquer outras características, com base em informação falsa ou incompleta, seja por ação ou omissão de dado essencial não informado, é classificada como uma publicidade enganosa pelo Código de Defesa do Consumidor (art. 37, §§ 1° e 3° do CDC), estando, portanto, vedada pelo ordenamento jurídico.
Além disso, para proteger o consumidor contra esse tipo de publicidade, o Código de Defesa do Consumidor também impôs ao fornecedor a obrigação de fazer prova de que a informação divulgada é verdadeira, conforme dispõe o art. 38 do CDC.
O princípio da veracidade impõe como consequência imediata a obrigatória inversão do ônus da prova, não estando essa possibilidade de inversão na esfera da discricionariedade judicial, como ocorre nas situações previstas pelo art. 6, inc. VIII do CDC. Por isso, por exemplo, na comprovação dos efeitos medicinais de um medicamento, caberá ao anunciante demonstrar seus efeitos, e não ao consumidor.
Dessa forma, seja por omissão ou por comissão, o fornecedor que divulgar informação falsa ou incorreta responde juridicamente por essa atitude.
Tipos de publicidade enganosa: comissão e omissão
A publicidade enganosa pode ser de dois tipos: por ato deliberado do anunciante de enganar o consumidor, sendo classificada como uma publicidade enganosa por comissão; ou por falta de informação ou um dado relevante para a tomada de decisão, sendo classificada como publicidade enganosa por omissão.
Ambas as condutas são igualmente vedadas pelo CDC, em seu art. 37, tendo cada uma delas características específicas que passamos a examinar em seguida.
· Publicidade enganosa por comissão: Uma das formas de publicidade enganosa ocorre por meio de atitude que visa diretamente, e de forma ativa, iludir, criar impacto visual no consumidor, utilizando frases e slogans para esconder a verdade, valendo-se de informações parcialmente corretas para enganar (NUNES,2012). Portanto, uma publicidade enganosa por comissão é aquela publicidade na qual há um agir, uma ação positiva, que visa iludir e confundir o consumidor.
· Publicidade enganosa por omissão: quando uma publicidade não divulga ao consumidor informações que seriam decisivas para sua avaliação, tais como limitações de uso de um produto, prazo de validade, períodos de fidelização, há uma publicidade enganosa por omissão
Informação essencial
Conforme disposto no art. 37, § 3º do CDC, o principal elemento que caracteriza a publicidade enganosa é a ausência de informação essencial sobre produto ou serviço que está sendo divulgado. Dessa forma, a principal questão a ser examinada para avaliar se houve omissão em uma publicidade que tenha induzido o consumidor a uma escolha indevida é avaliar se alguma informação essencial deixou de ser veiculada.
Mas como definir corretamente o conceito de informação essencial? Conforme leciona Nunes (2012), podemos afirmar que informação essencial é todo e qualquer dado relevante sobre característica ou qualidade do produto e, a partir de sua divulgação, o consumidor é capaz de mudar sua decisão, seja para escolher ou não escolher um produto, como, por exemplo, deixar de informar que um automóvel tem um consumo elevado de combustível. 
Configuração do elemento subjetivo
Para averiguação e verificação da culpabilidade em uma publicidade enganosa, não se exige a comprovação do elemento subjetivo de dolo ou culpa.
O CDC estabelece, devido à condição de hipossuficiência na relação de consumo, o princípio da responsabilidade objetiva, de tal sorte que basta o anúncio ser enganoso para que haja conduta culpável do agente, sem a necessidade de demonstração culpabilidade, bastando a comprovação do nexo causal entre sua ação e o resultado (NUNES, 2012).
Além disso, a responsabilidade é solidária entre todos os participantes de uma publicidade enganosa, seja anunciante, veículo ou até mesmo a agência de publicidade, por força do art. 7º, § único, do CDC.
Por isso, pode o Poder Judiciário, a partir de acionamento individual ou coletivo, tomar ações para evitar a veiculação de uma publicidade enganosa ou mesmo ordenar o fim da sua veiculação, sem que haja necessária demonstração de dolo ou culpa dos anunciantes, com base no disposto no art. 83 do CDC.
Além disso, o CONAR, por meio do controle administrativo, bem como os demais órgãos que promovem a defesa do consumidor, pode tomar medidas protetivas para evitar que seja veiculada publicidade enganosa.
Puffing - exagero publicitário 
O puffing não viola o art. 37 do CDC apenas se for nitidamente espalhafatoso e constatável, pelo senso comum, que se trata de um exagero não exequível. Caso seja um pequeno exagero e contenha uma promessa realizável, capaz de confundir o consumidor, não pode o anunciante se escusar do seu cumprimento, pois se trata de puffing vinculatório.
Portanto, o exagero publicitário, desde que em consonância com os princípios da publicidade, não é lesivo aos consumidores e pode ser utilizado como estratégia comercial.
Tema 13
Publicidade abusiva
 No CDC A publicidade abusiva é uma modalidade de publicidade ilícita, proibida pelo CDC, em seu art. 37, § 2º, pois é uma técnica de publicidade que se vale de conceitos discriminatórios, incita a violência ou medo na população, aproveita-se da menor capacidade de julgamento e senso crítico do público infantil, viola valores ambientes ou induz o consumidor a comportamento prejudicial à sua saúde.
Publicidade discriminatória 
A publicidade que descumpre o princípio da isonomia – tratamento similar para todos os indivíduos, independentemente de sua condição social, econômica e racial – é discriminatória, sendo sua prática vedada pelo CDC.
Abuso infantil 
A atividade publicitária que explora a inexperiência das crianças fere limites éticos e os valores tutelados pelo Direito, sendo, portanto, uma modalidade de publicidade abusiva.
O público infantil tem um rol de direitos específicos, tutelados por normas próprias, além das disposições previstas no CDC. Nesse sentido, a norma protetiva mais relevante é o Estatuto da Criança e do Adolescente, que define como criança toda pessoa menor de 12 anos de idade (art. 2º, Lei 8.069/90). 
Alguns doutrinadores entendem que essa idade deveria ser estendida até os 15 anos, mas, aqui, adotamos o parâmetro legal. Devido às suas qualidades naturais, as crianças contam com menor capacidade de julgamento, constituindo-se abusiva qualquer tentativa de exploração da sua condição de fragilidade, pois viola um dos seus direitos fundamentais, que é o desenvolvimento sadio e harmonioso (art. 7º, Lei 8.069/90), ao incutir a cultura consumista no público infantil. Acompanhe na tabela a seguir as práticas recomendáveis e proibidas na publicidade infantil.
Adicionalmente, pode-se destacar as regras protetivas previstas no art. 37 do Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária, promulgado pelo CONAR, que também estabelece contornos próprios para a publicidade infantil, dentre as quais se destacam: 
· vedação em associar crianças a situações incompatíveis com sua condição;
 · meta de incentivar relacionamentos positivos entre crianças, pais e professores.
A 2ª Turma do STJ decidiu que a publicidade que utiliza elementos lúdicos para tentar vender alimentos para crianças, seja de forma direta ou indireta, é abusiva, sendo vedada, nos termos do art. 37, § 2º, do CDC (STJ - Recurso Especial n.558.086, 15/04/2016).
Desrespeito aos valores ambientais e culturais
 A sociedade cada vez mais se preocupa com os valores de proteção ao patrimônio cultural, proteção ao meio ambiente, redução da poluição e descarte adequado de produtos adquiridos. Nesse contexto, a publicidade deve fomentar o consumo consciente, sendo abusivos, por violação dos valores ambientais, anúncios que estimulam o consumismo em excesso, pois promovem o agravamento das condições de descarte dos produtos. 
Por esse motivo, são considerados abusivos todos os anúncios publicitários que estimulem, seja de forma direta ou indireta, a poluição, a depredação de recursos naturais de todos os tipos, promovam ou ampliem a poluição visual e sonora nos centros urbanos e no campo e estimulem o desperdício de recursos naturais (NUNES, 2012).
Incitação à violência 
O princípio geral da publicidade responsável estabelece que qualquer anúncio realizado não pode conter elementos que incitam a violência e o conflito social, princípio este que dá fundamento à regra disposta no art. 26 do Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária.
 Exploração do medo ou da superstição
 Assim como na incitação à violência, o Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária (art. 25), com base nas disposições do art. 37, § 2º do CDC, determina que nenhuma publicidade pode se valer de elementos supersticiosos. Esse conceito deve ser entendido em sentido lato, incluindo credo e crenças religiosas de toda a sorte. 
Finalmente, qualquer publicidade que se apoie no medo, como, por exemplo, um anúncio que gere uma corrida aos supermercados por uma pretensa falta de alimentos é considerado publicidade abusiva (art. 24 do Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária). 
Comportamentos danosos por parte do consumidor 
Como as transações de consumo pressupõem uma relação baseada na boa-fé objetiva, a atuação conhecida como jaycustomer, ou mau comportamento do consumidor, caracteriza-se pela atuação imprudente e abusiva do consumidor, que causa problemas para as empresas (LOVELOCK, 1994). Entenda esse conceito e suas implicações jurídicas, a seguir.
Comportamentos indevidos do consumidor
 A relação de boa-fé objetiva exige honestidade, lealdade e transparência dos atores envolvidos na relação de consumo: consumidor e empresas. Desse modo, quando o consumidor adota posturas como declarações ou informações fraudulentas sobre o resultado de um produto, cria reclamações falsas para denegrir a imagem da empresa ou mesmo utiliza o produto de forma incorreta com clara intenção de provocar danos para solicitarfutura reparação, utiliza-se de práticas abusivas e não estão protegidas pelo CDC, pois violam o princípio da transparência e harmonia das relações de consumo (art. 4º do CDC).
Danos causados pelo comportamento indevido 
O comportamento abusivo tanto do consumidor quanto do fornecedor, constitui violação e faz com que o ambiente de negócios tenha baixa confiabilidade. Se, por um lado, a publicidade abusiva dos fornecedores cria efeitos deletérios para a sociedade (MIRAGEM, 2016), o comportamento indevido do consumidor gera danos para os negócios: custos jurídicos indevidos, redução de valor de marca, propaganda negativa, perda de clientes e negócios e menor lealdade dos consumidores. Por esse motivo, as condutas indevidas do consumidor não são toleráveis juridicamente, não se coadunando com a principiologia do CDC, que busca a harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo com base na boa-fé e equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores (art. 4º, III do CDC).
Tema 14
Regulamentação de contratos via internet
Como as novas tecnologias revolucionaram como o comércio eletrônico de modo que o comércio eletrônico, hoje, é responsável por parte das compras. Limitar a relevância a esse canal de compra, no novo Marco Civil da Internet foram incluídos alguns critérios sobre o uso do comércio eletrônico, dentre eles, um aplicativo de regras do Direito do Consumidor nas compras e consumo de consumo pela Internet (art. 7º, XIII da Lei nº 12.965 / 2014).
A partir da análise desse novo instrumento regulatório, é possível concluir que o uso da rede mundial de computadores pressupõe a compatibilidade entre os princípios de livre iniciativa, livre concorrência e defesa do consumidor, de modo que não é possível privilegiar um desses três princípios em detrimento do outro, sendo obrigada a gerenciar danos físicos nas negociações pela web (art. 2º, V da Lei nº 12.965 / 2014).
Características dos contratos via internet
Os contratos realizados via internet respeitam os mesmos requisitos legais de contratos, pois não existem requisitos legais específicos para contratos eletrônicos. Contudo, devido à natureza do ambiente eletrônico, possui um conjunto de recursos utilizados.
Sobre a interpretação dos princípios jurídicos dos contratos eletrônicos, é usada como referência a Lei Modelo da Comissão das Nações Unidas para o Direito Comercial Internacional (UNCITRAL), documento normativo internacional que estabelece três princípios importantes (LAWAND, 2003): 
· equivalência funcional: a eficácia e a validade do negócio jurídico realizado por meio de documento eletrônico são idênticas ao negócio jurídico realizado por meio de documento impresso em papel;
· neutralidade tecnológica: como exibida normativa não se limita às ferramentas tecnológicas vigentes, tendo aplicabilidade de forma abrangente e desvinculada de uma tecnologia específica;
· inalterabilidade do direito existente sobre requisitos e contratos: o comércio eletrônico não é regulado pelo direito novo, aplicando-se como normas aplicáveis ​​aos contratos no país, razão pela qual é aplicável o uso dos princípios do CDC não pode ser cancelado pelo contrato eletrônico. 
Proteção dos dados dos consumidores
Uma das características específicas dos contratos eletrônicos está disponível para gerenciamento de informações. Aceitou a natureza da transação de dados na internet e os riscos inerentes a esse canal, existe um conjunto de requisitos permitidos pela lei nº 12.965 / 2014 sem tocar no acesso às informações.
Assim, pelo art. 7º da Lei nº 12.965 / 2014, são protegidos dois direitos fundamentais do consumidor no ambiente eletrônico: a privacidade do usuário e o dever de informação relativa ao acesso, coleta e armazenamento de dados pessoais. Especificamente, proteção de dados se relaciona com o dever de segurança imposto aos agentes que atuam em meios eletrônicos, pois causa uma violação do sigilo de dados de danos causados ​​pelo consumidor, ou exige a reparação (art. 14 do CDC) (MIRAGEM, 2016) .
Então, a proteção à privacidade do consumidor deve ser a maior preocupação em qualquer contrato eletrônico, pois, em diversos momentos, são usadas senhas eletrônicas, cuja segurança e inviolabilidade são requisitos básicos para o uso desses mesmos.
Disposições do CDC exibidas 
Como recursos dos contratos via Internet e o CDC para esses instrumentos, é necessário usar como CD-ROM ou acessórios especiais adequados para a realidade desses contratos, bem como seus efeitos legais, a partir das regras contratuais específicas e de gerenciamento de banco de dados. 
Nulidades contratuais específicas
Além das nulidades disponíveis no CDC, por força do novo Marco Civil da Internet, qualquer tipo de cláusula contratual que viole o direito à privacidade do consumidor ou inviolabilidade e sigilo de suas comunicações e dados públicos transacionados via web serão nula de direito (arte 8º da Lei nº 12.965 / 2014), devendo ser observado também como regras desse diploma legal nas relações de consumo.
Gestão de banco de dados 
O CDC possui um conjunto de regras definidas para bancos de dados sobre consumo (art. 43 a 45 do CDC), como quais são transformadas em fonte subsidiária do direito consumidor, pois têm entrada em vigor da Lei nº 12.965 / 2014, conforme regras limitado a banco de dados de consumidores em contratos via internet Passado a ser regulado prioritariamente pela legislação do Marco Civil da Internet (MIRAGEM, 2016).
Nesse sentido, a Lei nº 12.965 / 2014 estabeleceu os requisitos para proteção de bancos de dados contendo informações de consumo. Conheça-os:
 
· Proteção Jurídica da Informação: (Art. 10, § 2 Exige Ordem judicial Prévia para disponibilização de Informações sobre OS Consumidores registradas em Bancos de Dados O da Lei nº 12,965 / 2014);
· consentimento: estabelecido que somente pode ser guardado dados de acesso dos consumidores com seu consentimento prévio (art. 16, I da Lei nº 12.965 / 2014);
· uso: determinação de quais dados somente serão registrados desde que sejam utilizados ou autorizados pelo consumidor (art. 16, II da Lei nº 12.965 / 2014).
 
Por esse motivo, podemos concluir como as regras podem ser adotadas pelo novo Marco Civil da Internet, se incorporar às regras do CDC como garantia das relações contratuais de consumo, servindo como princípio norteador de interpretação das normas do CDC, sem a necessidade de registro de dados sobre os testes.
Tema 15
Estratégias básicas de marketing
A estratégia de marketing tem como objetivo ampliar os resultados de vendas por meio da aplicação de técnicas para atingir um mercado-alvo. Um dos principais elementos da estratégia de marketing passa pela implementação do mix de marketing, ou mix mercadológico, conhecido como Teoria dos 4 Ps: praça, preço, promoção e produto. Essa teoria sintetiza os elementos que devem ser gerenciados para obtermos sucesso em uma estratégia básica de marketing.
Tema 16
Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária
Normalmente o consumidor não percebe o apelo contido nas campanhas publicitárias, nem os enganos e abusos comuns nas propagandas, compostas de informações falsas ou incompletas que o induzem ao erro. 
Visando a minimizar os impactos da publicidade distante dos valores sociais mais relevantes, esta foi normatizada pelo Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária, que consiste num regramento ético elaborado pela própria classe publicitária para direcionar preceitos que façam emergir a honestidade, de acordo com os valores sociais da sociedade brasileira. 
O Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária não possui força normativa capaz de impor diretrizes à atividade, entretanto, possui grande influência capaz de estabelecer um padrão ético refletido voluntariamente pela classe publicitária nos seus trabalhos, visando ao prestígio e respeitabilidade entre os consumidores.
O objetivo da autorregulamentação publicitária é evitar que propagandas enganosas danifiquem a credibilidade da publicidade, motivo pelo qual é interesseda própria atividade comercial que as normas éticas sejam cumpridas, zelando pela liberdade de expressão em defesa dos interesses das partes envolvidas, inclusive dos consumidores.
Princípios gerais
O Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária contém princípios gerais que norteiam e regulamentam a publicidade e aos quais os anunciantes ficam subordinados. Conheça-os!
 
· Respeitabilidade: um caso antigo julgado pelo CONAR retrata desrespeito e ofensa religiosa, no qual uma marca de roupas veiculou anúncio em que um padre e uma freira se beijam. As atividades publicitárias devem respeitar a dignidade da pessoa humana e jamais estimular a ofensa ou discriminação nem induzir à prática de crimes e atos ilícitos.
 
· Honestidade e apresentação verdadeira: os anúncios não poderão enganar nem abusar da confiança ou influenciar e induzir a erro aproveitando-se da inexperiência ou falta de conhecimento do público-alvo para auferir ganhos (art. 23 do Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária).
 
· Medo, superstição e violência: a empresa de proteção via satélite, Car System, exibiu anúncio com várias cenas de famílias sendo assaltadas em seus veículos. O CONAR recomendou a sustação do comercial por estimular a neurose de segurança por meio da exploração do medo, superstição e violência.
 
· Identificação publicitária: o destinatário deve identificar fácil e imediatamente a publicidade, de maneira clara, independentemente da forma ou meio de veiculação.
 
· Propaganda comparativa: é vedada propaganda que compara as características do produto com outros similares de outra marca, em desarmonia com os princípios básicos da publicidade e de forma enganosa.
 
· Segurança e acidentes: vedam-se propagandas que induzam à negligência ou imprudência, capazes de comprometer a saúde ou segurança. Imagine um comercial de determinado veículo em que o condutor dirige sem fazer uso do cinto de segurança: há infração de trânsito no anúncio.
 
· Poluição e ecologia: no ano de 2010, a Vodka Absolut veiculou um anúncio em que balões de festas juninas eram soltos. O comercial precisou ser modificado, pois é proibido qualquer tipo de publicidade que desrespeite o meio ambiente ou induza à prática de atos contrários às atuais preocupações à proteção ao meio ambiente.
 
· Crianças e jovens: nenhum anúncio poderá dirigir apelo imperativo de consumo diretamente à criança ou adolescente. Assim, tudo que for oferecido às crianças e adolescentes deve ser compatível com a sua idade, respeitando a sua fase de desenvolvimento físico e mental.
 
· Direito autoral e plágio: o anúncio deverá respeitar os direitos autorais envolvidos, inclusive os dos intérpretes e os de reprodução, protegendo a criatividade e originalidade.
 
Categorias especiais de anúncios
Pela sua importância econômica ou social, pelo seu volume, pelas suas repercussões no indivíduo ou na sociedade, determinadas categorias de anúncios devem estar sujeitas a cuidados especiais e regras específicas, que complementam as recomendações gerais do CONAR e não excluem as exigências da legislação específica respectiva (art. 43 do Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária).
Tais categorias estão previstas em anexos. Conheça-as:
a) bebidas alcoólicas; b) educação, cursos, ensino; c) empregos e oportunidades; d) imóveis: venda e aluguel; e) investimentos, empréstimos e mercado de capitais; f) lojas e varejo; g) médicos, dentistas, veterinários, parteiras, massagistas, enfermeiros, serviços hospitalares, paramédicos, para-hospitalares, produtos protéticos e tratamentos; h) produtos alimentícios; i) produtos farmacêuticos isentos de prescrição; j) produtos de fumo; produtos inibidores de fumo; k) profissionais liberais; l) reembolso postal ou vendas pelo correio; m) turismo, viagens, excursões, hotelaria; n) veículos motorizados; o) cervejas e vinhos; p) testemunhais, atestados, endossos; q) defensivos agrícolas; r) armas de fogo; s) ices e bebidas assemelhadas; t) apelos de sustentabilidade.
A título de exemplo, podemos citar as propagandas de turismo, viagens, excursões e hotelaria, cujos anúncios devem atender às regras gerais e específicas do Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária e cujo material publicitário deverá apresentar informação da organização responsável, especificar o meio de transporte, destino e itinerários, tipo de acomodações, refeições, benefícios, preços e condições de cancelamento. 
Infrações e penalidades
As penalidades aplicadas pelo CONAR são meramente indicativas, uma vez que, conforme visto, o código não é norma jurídica e o órgão não tem poderes para julgar e condenar. Por isso, os infratores das normas ficam sujeitos às penalidades previstas no art. 50 do CONAR, quais sejam:
a) advertência; b) recomendação de alteração ou correção do anúncio; c) recomendação aos veículos no sentido de que sustem a divulgação do anúncio; d) divulgação da posição do CONAR com relação ao anunciante, à agência e ao veículo através de meios de comunicação, em face do não acatamento das medidas e providências preconizadas. 
A apreciação e o julgamento das infrações são de competência privativa do CONAR, através de seu Conselho de Ética, cujas decisões e penalidades impostas serão cumpridas e aplicadas pelo Conselho Superior.
Divulgação da decisão: Quando o anunciante e a agência que não acatam as medidas e providências recomendadas, a decisão judicial é divulgada em veículos de comunicação .
Sustação: Já a determinação de que a publicidade não seja mais veiculada consiste na sua sustação.
Alteração: A determinação pelo CONAR de adequação da propaganda que comparou as características do produto com outros similares de outra marca consiste na penalidade de alteração (II).
Advertencia: Por fim o aviso do CONAR sobre desrespeito aos preceitos éticos previstos na norma de autorregulamentação é uma advertência .
Tema 17
Sistema de nulidades do Código Civil 
O negócio jurídico poderá ser invalidado sempre que realizado em desacordo com os ditames legais, não podendo ser aproveitado, salvo nas hipóteses previstas em lei. Para melhor entendimento, os subtópicos pontuam sobre o sistema de nulidades. 
Ato nulo
A nulidade está prevista na norma jurídica como a privação dos efeitos do ato praticado em desacordo com o previsto em lei, ou seja, não produzirá qualquer efeito desde sua realização.
As nulidades do negócio jurídico estão previstas no art. 166 do Código Civil, as quais podemos destacar: I – quando celebrado por pessoa absolutamente incapaz; II – o objeto for ilícito, impossível ou indeterminável; III – o motivo for ilícito; IV – contrariar a forma prevista em lei, nos termos do art. 166, IV, do Código Civil; V – desprezar solenidade essencial; VI – fraudar lei imperativa; VII – for expressamente considerado nulo ou proibido.
Ainda que seja interesse das partes, a ato nulo não poderá ser suprido pelo juiz, não cabendo ratificação ou confirmação, mas o negócio nulo que contenha requisitos de outro ato poderá subsistir quando for possível supor, de acordo com o fim a que visavam as partes, que estas o teriam querido mesmo se houvessem previsto a nulidade
Ato anulável
O ato será considerado anulável quando: I) praticado por pessoa relativamente incapaz sem assistência; II) viciado por erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores ou fraude; III) a lei assim o declarar.
Os atos anuláveis podem convalescer mediante confirmação expressa ou tácita das partes, quando desaparecem os vícios passíveis de ensejar a anulação, extinguindo todas as ações e exceções possíveis.
A anulabilidade não pode ser reconhecida de ofício pelo juiz, uma vez que demandará alegação pelos prejudicados ou seus representantes. Além disso, seu efeito se inicia com a declaração de nulidade, ou seja, respeita as consequências geradas anteriormente. 
Ato simulado 
O ato simulado consiste naquele aparente e intencional com declaração de vontade falsa. Por exemplo, a emissãode títulos de crédito pelo marido, sem negócio correlacionado, para prejudicar a esposa em eventual partilha de bens.
Haverá simulação nos negócios jurídicos quando: I – aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem; II – contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira; III – contratos particulares antedatados ou pós-datados. (art. 167, § 1° do CC).
A lei prevê que o ato simulado poderá prevalecer se a sua forma e substância forem válidas. 
Controle judicial prévio e posterior 
A regra é que o negócio jurídico se aperfeiçoe sem a intervenção do Poder Judiciário, sendo que o controle judicial demanda a provocação para sua execução.
Neste escopo, temos que o controle judicial poderá ocorrer tão logo a ação seja proposta, por exemplo, quando verificada uma nulidade absoluta que pode ser reconhecida de ofício pelo juiz, ou quando a ação versar sobre negócio jurídico perfeito cuja aceitação poderá ser imediata.
A doutrina recomenda que o Poder Judiciário atue apenas para estabelecer um equilíbrio entre as partes envolvidas na relação de consumo, aproveitando o que for válido para manter o negócio celebrado, evitando, assim, imposição radical das regras de validade dos atos jurídicos.
Todavia, o controle judicial poderá ocorrer em momento posterior, após a intimação da(s) parte(s) contrária(s) interessada(s) e instaurado o contraditório. 
Eficácia das sentenças - erga omnes e intra partes
Quando determinado caso é levado ao Poder Judiciário, o juiz decide ou não o mérito da ação judicial, pondo fim ao processo.
As sentenças judiciais podem possuir eficácia mais abrangente ou restrita às partes.
Quando uma sentença tiver efeito erga omnes, significa que será aplicada a todos que se enquadram nas características e determinações da sentença. Está previsto no artigo 102, § 2º, da Constituição Federal, o que significa a obrigatoriedade de todos respeitarem direito alheio, pois as regras impostas pela sentença se aplicam a todos que nela se enquadram. 
Já quando determinada sentença possui efeito inter partes, ficará restrita entre as partes do processo. 
O efeito erga omnes é aplicado às sentenças de casos específicos, uma vez que a maior parte das decisões judiciais possuem efeito unicamente inter partes, restringindo a sua aplicação entre os participantes da ação judicial.
A título de exemplo de efeito erga omnes, imagine uma companhia de energia elétrica que cobra taxas ilegais na fatura de todos os consumidores do país. O Judiciário, provocado por um grupo de 20 consumidores, profere decisão judicial que determina a suspensão da cobrança indevida para todos os consumidores, e não apenas àqueles que promoveram a ação.

Continue navegando