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Perícia Forense - Balística Aula 5: Identificação de armas de fogo INTRODUÇÃO A maioria dos crimes contra a vida e de outros crimes violentos, em nosso país, ocorre com o emprego de uma arma de fogo. Conhecer as rotas, as formas, os mecanismos que propiciaram o emprego dessa arma de fogo em um crime específico permite investigar um crime. Nesta aula, estudaremos as informações sistematizadas que facilitarão a identificação de uma arma de fogo, a sua busca em banco de dados quando necessário, o rastreamento, e a investigação policial. OBJETIVOS Examinar a identificação e o rastreamento das armas de fogo. Reconhecer a importância da identificação da arma de fogo na investigação criminal. Identificação das armas de fogo É fundamental distinguir as armas de fogo, independentemente de sua atividade e, para isso, precisamos registrar suas características para a identificação. Mas, antes, vamos conhecer a diferença entre identidade e identificação. Identidade É a qualidade de cada ser, ou coisa, de se manifestar como algo único e distinto, por características que lhe são próprias e exclusivas, impedindo sua confusão com outros. Identificação É o ato, ou o conjunto de atos praticados, para determinar a identidade, estabelecida no exame do conjunto dos elementos próprios e exclusivos do objeto. ATENÇÃO , A Portaria nº 07, de 28 de abril de 2006, do Departamento Logístico do Exército Brasileiro do Ministério da Defesa, estabelece a obrigatoriedade de inscrições:, , Art. 5º As armas fabricadas no país deverão apresentar as seguintes marcações: nome ou marca do fabricante; nome ou sigla do País; calibre; número de série impresso na armação, no cano e na culatra, quando móvel; e o ano de fabricação quando não estiver incluído no sistema de numeração serial.” §2º As marcações deverão ter profundidade de 0,10mm mais ou menos 0,02mm., , “Art. 11 As armas importadas pelos órgãos de Segurança Pública e Forças Armadas deverão receber, no país de origem, as mesmas marcações que receberam se fabricadas no país.”, , Fonte: diário das leis. (https://www.diariodasleis.com.br/busca/exibelink.php?numlink=1-80-29-2006-04-28-), , Além das marcações e gravações obrigatórias registradas na legislação, outros elementos qualificadores poderão ser cunhados, citando como exemplo, nas armas de fogo das corporações policiais, o brasão dos Estados. Antes de conhecer os tipos, defina identificação. Resposta Correta Identificação direta A identificação direta de uma arma de fogo é feita por meio dos cinco elementos obrigatórios de gravação: https://www.diariodasleis.com.br/busca/exibelink.php?numlink=1-80-29-2006-04-28- Agora, vamos entender as regras para cada um desses elementos. Vamos lá. Nome ou marca do fabricante É muito comum os fabricantes utilizarem o logotipo ou sinete de sua marca registrada na gravação da arma de fogo. As marcas registradas podem ser consideradas de três maneiras: simbólicas (glossário), literais (glossário) ou mistas (glossário). O logotipo é uma figura representativa do nome da indústria fabricante da arma, que é gravado, na maioria das armas, no cano ou em outra peça metálica. Os logotipos das empresas podem sofrer alterações ao longo do tempo e, por isso, o mesmo modelo de arma de fogo pode ter gravações diferentes da marca do fabricante. Como no exemplo, abaixo: DICA , A maioria das armas de fogo brasileiras são ou foram produzidas por:, , Forjas Taurus S.A.; Amadeo Rossi S.A.; Indústria de Material Bélico do Brasil (IMBEL); Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC); E.R. Amantino Indústria de Máquinas, Equipamentos, Acessórios e Armas Esportivas Ltda. Nome ou sigla do país A legislação brasileira prevê a gravação nítida do nome ou símbolo do país de fabricação na arma. Como já falamos, muitas armas de fogo possuem o brasão dos estados da federação, apenas para esclarecer a propriedade. Exemplo: armas de fogo utilizadas pelas organizações policiais (civil ou militar) nos estados da federação do Brasil. Calibre O calibre das armas de fogo é gravado no corpo da arma de fogo. Número de série O número de série de uma arma de fogo é o elemento individual de identificação mais importante e, por meio dele, a arma de fogo será identificada no Sistema Nacional de Armas (SINARM), que é responsável pelo controle das armas de fogo em poder da população. O local de gravação do número de série da arma de fogo varia de acordo com o seu gênero e fabricante. A tabela a seguir apresenta os principais modelos e fabricantes do Brasil. Gênero Fabricante(s) Local de gravação Revólveres Taurus e Rossi Região anterior direita da armação e também no cano, desde julho de 2005, no lado direito, próximo à armação. Pistolas PT 800 Taurus Gravado em uma chapa de aço, que é inserida no punho do polímero, na parte inferior, perto do cano. Espingardas, modelos Gallery Rossi Região inferoanterior do apêndice do corpo, exceto para as destinadas à exportação (modelos 37, 57 e 59), nas quais esse número era gravado na região frontal inferior da caixa. Espingardas modelos 151 e 651 Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC) Gravado no subconjunto do cano e na parte inferior da caixa da culatra. Fuzil Automático Leve (FAL) Indústria de Material Bélico do Brasil (IMBEL) Gravado na caixa da culatra, no cano, no ferrolho e no impulsor do ferrolho. Pistolas Indústria de Material Bélico do Brasil (IMBEL) Lado direito da armação (região anterior) e na caixa da culatra. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal A composição do número de série nas armas de fogo pode ser constituída de algarismos e letras ou somente números. Cada fabricante adota seu critério de numeração de série. Numérico: constituído somente por algarismos; Alfanumérico: constituído por letras e números. Os revólveres marca Taurus, atualmente, possuem número de série alfanumérico, formado por duas letras e cinco ou seis algarismos. A primeira letra indica o ano e a segunda o mês de fabricação. Os revolveres com armação igual ao de cinco tiros possuem cinco algarismos, e quanto aos demais armações seis algarismos. Número de série FAL - Ferrolho Exemplo , XY 000001, , X – Ano de fabricação, , Y – Mês de fabricação, , 000001 – Numeração sequencial Ano e mês de fabricação seguem um padrão estipulado pelo fabricante conforme as tabelas a seguir: Anos de fabricação 1981 a 2006 2007 a 2030 A – 1981 N – 1994 A – 2007 N – 2020 B – 1982 O – 1995 B - 2008 O – 2021 C – 1983 P – 1996 C – 2009 P – 2022 D – 1984 Q – 1997 D – 2010 R – 2023 E – 1985 R – 1998 E – 2011 S – 2024 F – 1986 S – 1999 F – 2012 T – 2025 G – 1987 T – 2000 G – 2013 U – 2026 H – 1988 U – 2001 H – 2014 W – 2027 I – 1989 V – 2002 I – 2015 X – 2028 J – 1990 W – 2003 J – 2016 Y – 2029 K – 1991 X – 2004 K – 2017 Z - 2030 L – 1992 Y – 2005 L – 2018 M - 1993 Z - 2006 M - 2019 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Mês de fabricação Mês 1981 a 2006 2007 a 2009 2010 a 2030 Janeiro A M M Fevereiro B N N Março C O O Abril D P P Maio E R R Junho F S S Julho G T T Agosto H U U Setembro I V W Outubro J W X Novembro K X Y Dezembro L Y Z Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Nas pistolas TaurusTaurus, atualmente, o número de série é alfanumérico, composto por três letras e cinco algarismos. A primeira letra indica o calibre, as seguintes indicam ano e mês de fabricação da arma de fogo, na mesma correspondência dos revólveres do fabricante. A próxima tabela indica a letra correspondente ao calibre na numeração de série da Taurus. Calibre Letra Calibre Letra Calibre Letra .22 LR A .41 AE C .38 Super Automatic L 6,35 mm D .357 SIG J .45 GAP G 7,65 mm F .40 S&W S .9x21 mm X 9 mm T .400 COR-BOM B .380 ACP K .45 ACP N Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal As armas da CBC, a partir do ano de 2001, apresentam o número de série composto de três letras como prefixo: a primeira é representativado modelo, como a letra A para espingarda “Pump action calibre 12”, a letra E para os rifles de repetição “calibre.22 modelos 7022! e a letra F para as espingardas “modelo 199”. Como a utilização da letra representando o modelo é anterior a 2001, mesmo armas que não são mais produzidas apresentarão gravações de letras codificando o modelo. A segunda letra na numeração de série é sinal representativo do ano, sendo a letra A para o ano de 2001, B para 2002, C para 2003 e assim por diante, não sendo utilizado a letra K. A terceira terceira letra codifica o mês de produção, com a letra A para o mês de janeiro, B para fevereiro e assim por diante até a letra L para o mês de dezembro. O restante da numeração é composto de seis dígitos para armas fabricadas antes de 2009 e sete dígitos a partir de então. As armas de fogo do fabricante IMBEL possuem número de série alfanumérica com oito dígitos, que indicam o tipo, o calibre, o modelo, a matéria-prima das peças principais e seriação da arma. Nas armas de fogo onde o ano de fabricação não está inserido no número de série é inserido na armação. As armas de fogo fabricadas no Brasil deverão conter quais marcações? Resposta Correta Agora que você entendeu como funciona a numeração das armas, observe o número de série a seguir e indique o calibre, ano e mês de fabricação. Resposta Correta Identificação indireta A identificação indireta de uma arma de fogo é realizada por estudos comparativos das características gerais e particulares, das deformações geradas e impressas na munição. Na maioria dos casos, o projétil é o elemento mais importante, já que ele, na maioria das vezes, apresenta os elementos para estudos comparativos, macro e microscópicos. O projétil, ao ser deslocado pelo interior do cano de uma arma de fogo no disparo, recebe impressões dos cheios e das raias, sob a forma de cavados e ressaltos. As irregularidades apresentadas no cano da arma de fogo produzirão deformações no projétil. Nos casos em que o projétil não apresenta condições de estudos comparativos, o estojo e sua espoleta ou cápsula de espoletamento se tornam elementos importantes. Deformações As microdeformações ou deformações microscópicas dividem-se em três tipos: Normais As deformações normais acontecem durante o deslocamento do projétil no cano da arma de fogo, predominantemente, pelas raias e cheios e das irregularidades do raiamento. As deformações apresentadas no projétil surgirão em qualquer outro projétil que sofrer deslocamento no interior desse cano da arma. Periódicas As deformações periódicas são apresentadas pelos projéteis expelidos pelo cano dos revólveres em função da má apresentação de câmara no cano. Isso ocorre pelo mal alinhamento da munição com a câmara, quando acontece o giro do tambor. Acidentais As deformações acidentais são aquelas que não foram produzidas no projétil pela arma de fogo que o expeliu. São exemplos de deformações deste tipo as provocadas pela alvenaria, vidros, portas, atingidos pelo projétil. Observe, na imagem, um projétil que sofreu danificação acidental após impacto em colete balístico. Projétil deformado acidentalmente. Deformações nos estojos e espoletas As deformações apresentadas na base do estojo ou na cápsula de sua espoleta, são produzidas pelo percussor e pelas irregularidades da superfície da culatra. Nas armas semiautomáticas, as deformações e impressões também podem ocorrer em função da ação do extrator e do ejetor. Deformação na espoleta Observe a figura a seguir e identifique o gênero, calibre, ano e mês de fabricação. Resposta Correta Quais são os tipos de microdeformações? Resposta Correta Glossário LITERAIS São representadas exclusivamente por letras, normalmente utiliza-se o nome da própria empresa. SIMBÓLICAS São representadas por um desenho. MISTAS O logotipo contém símbolo e letras, juntos.