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Gabaritando as provas de Direito Administrativo – 2019! 
Aula Extra – Jurisprudência do STF e STJ 
Prof. Fabiano Pereira 
 
 
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AULA EXTRA 
Direito Administrativo 
Jurisprudência STJ e STF 
Professor Fabiano Pereira 
 
 
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Olá! 
Para alguns, trata-se de um alívio. Para outros, significa um momento de 
grande apreensão. Independentemente do sentimento que você esteja sentido, 
informo que chegamos à última aula do curso de Direito Administrativo. 
Neste momento, caso você tenha conseguido estudar todo o material 
disponibilizado, o mais conveniente é fazer uma breve revisão dos principais 
pontos, limitando-se aos resumos, resolução de questões e anotações 
particulares. Ademais, para evitar surpresas desagradáveis, torna-se 
imprescindível fazer uma leitura da presente aula, ainda que rápida, pois 
certamente a banca irá se valer da jurisprudência do Superior Tribunal de 
Justiça e Supremo Tribunal Federal para elaborar algumas questões de sua 
prova. 
A propósito, nas próximas páginas serão apresentadas as principais 
decisões proferidas pelo STF e STJ nos anos de 2017, 2016 e 2015, portanto, 
trata-se de material de leitura obrigatória para a próxima prova! 
Para facilitar o seu estudo, as partes mais importantes de cada decisão 
foram destacadas em amarelo. Além disso, também utilizei outras cores para 
chamar a sua atenção para as demais informações relevantes. Se você, logo na 
primeira leitura, entendeu o enunciado “em amarelo”, não perca tempo lendo a 
íntegra do acórdão, já que o seu tempo é escasso. Nesse caso, avance para o 
próximo julgado. 
Em alguns casos especiais farei pequenos e breves comentários com o 
único propósito de esclarecer pontos controversos, a exemplo do conflito 
aparente de julgados do próprio Tribunal ou entre julgados do STF e STJ. 
Depois de fazer a respectiva leitura das decisões selecionadas, 
caso persista alguma dúvida, lembre-se de que estou à sua disposição 
para esclarecê-la. Basta acessar o fórum! 
 Quando você estiver estudando as decisões judiciais “por tema”, lembre-
se de que primeiramente serão apresentados os julgados do Superior Tribunal 
de Justiça, e, na sequência, os julgados do Supremo Tribunal Federal. 
 No mais, espero que o curso tenha lhe fornecido uma excelente base em 
Direito Administrativo para enfrentar as questões de prova. Todo o conteúdo a 
que você teve acesso foi elaborado com bastante cuidado, tentando focar 
somente aquilo que realmente é importante para concursos públicos. 
 
Aula Extra – Principais decisões proferidas pelo STF e STJ nos últimos meses 
 
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O meu grande desejo, e faço votos para que se concretize brevemente, é 
que você possa atingir o seu objetivo e se tornar um servidor público, 
contribuindo para o crescimento e desenvolvimento econômico e social de 
nosso país. 
Acredite em seu potencial e faça a sua parte. Deixe o restante com 
aquele lá de cima! 
 
Bons estudos! 
 
 Fabiano Pereira 
 
“Tudo o que um sonho precisa para ser realizado é alguém que acredite 
que ele possa ser realizado”. 
Roberto Shinyashiki 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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1. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA 
DIREITO ADMINISTRATIVO. POSSIBILIDADE DE DUPLA CONDENAÇÃO AO 
RESSARCIMENTO AO ERÁRIO PELO MESMO FATO. 
Não configura bis in idem a coexistência de título executivo 
extrajudicial (acórdão do TCU) e sentença condenatória em ação civil 
pública de improbidade administrativa que determinam o 
ressarcimento ao erário e se referem ao mesmo fato, desde que seja 
observada a dedução do valor da obrigação que primeiramente foi 
executada no momento da execução do título remanescente. 
Conforme sedimentada jurisprudência do STJ, nos casos em que fica 
demonstrada a existência de prejuízo ao erário, a sanção de ressarcimento, 
prevista no art. 12 da Lei n. 8.429/92, é imperiosa, constituindo consequência 
necessária do reconhecimento da improbidade administrativa (AgRg no AREsp 
606.352-SP, Segunda Turma, DJe 10/2/2016; REsp 1.376.481-RN, Segunda 
Turma, DJe 22/10/2015). 
Ademais, as instâncias judicial e administrativa não se confundem, razão pela 
qual a fiscalização do TCU não inibe a propositura da ação civil pública. Assim, é 
possível a formação de dois títulos executivos, devendo ser observada a devida 
dedução do valor da obrigação que primeiramente foi executada no momento 
da execução do título remanescente. Precedente citado do STJ: REsp 
1.135.858-TO, Segunda Turma, DJe 5/10/2009. Precedente citado do STF: MS 
26.969-DF, Primeira Turma, DJe 12/12/2014. REsp 1.413.674-SE, Rel. Min. 
Olindo Menezes (Desembargador Convocado do TRF 1ª Região), Rel. para o 
acórdão Min. Benedito Gonçalves, julgado em 17/5/2016, DJe 31/5/2016 
(Informativo n. 584). 
_________________________________________________________ 
DIREITO ADMINISTRATIVO. DESNECESSIDADE DE LESÃO AO 
PATRIMÔNIO PÚBLICO EM ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA 
QUE IMPORTA ENRIQUECIMENTO ILÍCITO. 
Ainda que não haja dano ao erário, é possível a condenação por ato de 
improbidade administrativa que importe enriquecimento ilícito (art. 9º 
da Lei n. 8.429/1992), excluindo-se, contudo, a possibilidade de 
aplicação da pena de ressarcimento ao erário. 
Isso porque, comprovada a ilegalidade na conduta do agente, bem como a 
presença do dolo indispensável à configuração do ato de improbidade 
administrativa, a ausência de dano ao patrimônio público exclui tão-somente a 
possibilidade de condenação na pena de ressarcimento ao erário. As demais 
penalidades são, em tese, compatíveis com os atos de improbidade tipificados 
no art. 9º da LIA. REsp 1.412.214-PR, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. 
PRINCIPAIS DECISÕES DO STF e STJ – Selecionadas por Temas 
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para acórdão Min. Benedito Gonçalves, julgado em 8/3/2016, DJe 28/3/2016 
(Informativo n. 580). 
_________________________________________________________ 
DIREITO ADMINISTRATIVO. APLICAÇÃO DE MULTA ELEITORAL E 
SANÇÃO POR ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. 
A condenação pela Justiça Eleitoral ao pagamento de multa por 
infringência às disposições contidas na Lei n. 9.504/1997 (Lei das 
Eleições) não impede a imposição de nenhuma das sanções previstas 
na Lei n. 8.429/1992 (Lei de Improbidade Administrativa – LIA), 
inclusive da multa civil, pelo ato de improbidade decorrente da mesma 
conduta. 
Por expressa disposição legal (art. 12 da LIA), as penalidades impostas pela 
prática de ato de improbidade administrativa independem das demais sanções 
penais, civis e administrativas previstas em legislação específica. Desse modo, 
o fato de o agente ímprobo ter sido condenado pela Justiça Eleitoral ao 
pagamento de multa por infringência às disposições contidas na Lei das Eleições 
não impede sua condenação em quaisquer das sanções previstas na LIA, não 
havendo falar em bis in idem. AgRg no AREsp 606.352-SP, Rel. Min. Assusete 
Magalhães, julgado em 15/12/2015, DJe 10/2/2016 (Informativo n. 576). 
 
_________________________________________________________ 
DIREITO ADMINISTRATIVO. IMPOSSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO DE 
RESSARCIMENTO AOERÁRIO FUNDADA EM LESÃO PRESUMIDA. 
Ainda que procedente o pedido formulado em ação popular para 
declarar a nulidade de contrato administrativo e de seus posteriores 
aditamentos, não se admite reconhecer a existência de lesão presumida 
para condenar os réus a ressarcir ao erário se não houve comprovação 
de lesão aos cofres públicos, mormente quando o objeto do contrato já 
tenha sido executado e existam laudo pericial e parecer do Tribunal de 
Contas que concluam pela inocorrência de lesão ao erário. 
De fato, a ação popular consiste em um relevante instrumento processual de 
participação política do cidadão, destinado eminentemente à defesa do 
patrimônio público, bem como da moralidade administrativa, do meio ambiente 
e do patrimônio histórico e cultural. 
Nesse contexto, essa ação possui pedido imediato de natureza desconstitutivo-
condenatória, porquanto objetiva, precipuamente, a insubsistência do ato ilegal 
e lesivo a qualquer um dos bens ou valores enumerados no inciso LXXIII do art. 
5º da CF e a condenação dos responsáveis e dos beneficiários diretos ao 
ressarcimento ou às perdas e danos correspondentes. 
 
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Tem-se, dessa forma, como imprescindível a comprovação do binômio 
ilegalidade-lesividade, como pressuposto elementar para a procedência da ação 
popular e de consequente condenação dos requeridos a ressarcimento ao erário 
em face dos prejuízos comprovadamente atestados ou nas perdas e danos 
correspondentes (arts. 11 e 14 da Lei 4.717/1965). 
Eventual violação à boa-fé e aos valores éticos esperados nas práticas 
administrativas não configura, por si só, elemento suficiente para ensejar a 
presunção de lesão ao patrimônio público, uma vez que a responsabilidade dos 
agentes em face de conduta praticada em detrimento do patrimônio público 
exige a comprovação e a quantificação do dano, nos termos do art. 14 da Lei 
4.717/1965. 
Entendimento contrário implicaria evidente enriquecimento sem causa do ente 
público, que usufruiu dos serviços prestados em razão do contrato firmado 
durante o período de sua vigência. Precedente citado: REsp 802.378-SP, 
Primeira Turma, DJ 4/6/2007. REsp 1.447.237-MG, Rel. Min. Napoleão Nunes 
Maia Filho, julgado em 16/12/2014, DJe 9/3/2015 (Informativo 557). 
 
_________________________________________________________ 
DIREITO ADMINISTRATIVO. TERMO INICIAL DO PRAZO 
PRESCRICIONAL DA AÇÃO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA NO 
CASO DE REELEIÇÃO. 
O prazo prescricional em ação de improbidade administrativa movida 
contra prefeito reeleito só se inicia após o término do segundo 
mandato, ainda que tenha havido descontinuidade entre o primeiro e o 
segundo mandato em razão da anulação de pleito eleitoral, com posse 
provisória do Presidente da Câmara, por determinação da Justiça 
Eleitoral, antes da reeleição do prefeito em novas eleições convocadas. 
De fato, a reeleição pressupõe mandatos consecutivos. 
A legislatura, por sua vez, corresponde, atualmente, a um período de quatro 
anos, no caso de prefeitos. O fato de o Presidente da Câmara Municipal ter 
assumido provisoriamente, conforme determinação da Justiça Eleitoral, até que 
fosse providenciada nova eleição, não descaracterizou a legislatura. Assim, 
prevalece o entendimento jurisprudencial pacífico desta Corte, no sentido de 
que, no caso de agente político detentor de mandato eletivo ou de ocupantes de 
cargos de comissão e de confiança inseridos no polo passivo da ação de 
improbidade administrativa, a contagem do prazo prescricional inicia-se com o 
fim do mandato. Exegese do art. 23, I, da Lei 8.429/1992. Nesse sentido: AgRg 
no AREsp 161.420-TO, Segunda Turma, DJe 14/4/2014. REsp 1.414.757-RN, 
Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 6/10/2015, DJe 16/10/2015 
(Informativo 571). 
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DIREITO ADMINISTRATIVO. POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DA LEI DE 
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA A ESTAGIÁRIO. 
O estagiário que atua no serviço público, ainda que transitoriamente, 
remunerado ou não, está sujeito a responsabilização por ato de 
improbidade administrativa (Lei 8.429/1992). 
De fato, o conceito de agente público, constante dos artigos 2º e 3º da Lei 
8.429/1992 (Lei de Improbidade Administrativa), abrange não apenas os 
servidores públicos, mas todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou 
sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer 
outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função na 
Administração Pública. Assim, na hipótese em análise, o estagiário, que atua no 
serviço público, enquadra-se no conceito legal de agente público preconizado 
pela Lei 8.429/1992. Ademais, as disposições desse diploma legal são 
aplicáveis também àquele que, mesmo não sendo agente público, induza ou 
concorra para a prática do ato de improbidade ou dele se beneficie sob qualquer 
forma, direta ou indireta. Isso porque o objetivo da Lei de Improbidade não é 
apenas punir, mas também afastar do serviço público os que praticam atos 
incompatíveis com o exercício da função pública. REsp 1.352.035-RS, Rel. Min. 
Herman Benjamin, julgado em 18/8/2015, DJe 8/9/2015 (Informativo 568). 
 
_________________________________________________________ 
DIREITO ADMINISTRATIVO. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA E 
CONDUTA DIRECIONADA A PARTICULAR. 
Não ensejam o reconhecimento de ato de improbidade administrativa 
(Lei 8.429/1992) eventuais abusos perpetrados por agentes públicos 
durante abordagem policial, caso os ofendidos pela conduta sejam 
particulares que não estavam no exercício de função pública. 
O fato de a probidade ser atributo de toda atuação do agente público pode 
suscitar o equívoco interpretativo de que qualquer falta por ele praticada, por si 
só, representaria quebra desse atributo e, com isso, o sujeitaria às sanções da 
Lei 8.429/1992. Contudo, o conceito jurídico de ato de improbidade 
administrativa, por ser circulante no ambiente do direito sancionador, não é 
daqueles que a doutrina chama de elásticos, isto é, daqueles que podem ser 
ampliados para abranger situações que não tenham sido contempladas no 
momento da sua definição. Dessa forma, considerando o inelástico conceito de 
improbidade, vê-se que o referencial da Lei 8.429/1992 é o ato do agente 
público frente à coisa pública a que foi chamado a administrar. 
Logo, somente se classificam como atos de improbidade administrativa as 
condutas de servidores públicos que causam vilipêndio aos cofres públicos ou 
promovem o enriquecimento ilícito do próprio agente ou de terceiros, efeitos 
inocorrentes na hipótese. Assim, sem pretender realizar um transverso 
enquadramento legal, mas apenas descortinar uma correta exegese, verifica-se 
que a previsão do art. 4º, “h”, da Lei 4.898/1965, segundo o qual constitui 
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abuso de autoridade “o ato lesivo da honra ou do patrimônio de pessoa natural 
ou jurídica, quando praticado com abuso ou desvio de poder ou sem 
competência legal”, está muito mais próxima do caso – por regular o direito de 
representação do cidadão frente a autoridades que, no exercício de suas 
funções, cometerem abusos (art. 1º) –, de modo que não há falar-se em 
incidência da Lei de Improbidade Administrativa. REsp 1.558.038-PE, Rel. Min. 
Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 27/10/2015, DJe 9/11/2015 
(Informativo 573). 
 
_________________________________________________________DIREITO ADMINISTRATIVO. INAPLICABILIDADE DAS SANÇÕES POR 
ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA ABAIXO DO MÍNIMO LEGAL. 
No caso de condenação pela prática de ato de improbidade 
administrativa que atenta contra os princípios da administração 
pública, as penalidades de suspensão dos direitos políticos e de 
proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou 
incentivos fiscais ou creditícios não podem ser fixadas aquém do 
mínimo previsto no art. 12, III, da Lei n. 8.429/1992. Isso porque é 
manifesta a ausência de previsão legal. REsp 1.582.014-CE, Rel. Min. Humberto 
Martins, julgado em 7/4/2016, DJe 15/4/2016 (Informativo n. 581). 
 
2. SERVIÇO PÚBLICO 
Processo: REsp 1.270.339-SC, Rel. Min. Gurgel de Faria, por unanimidade, 
julgado em 15/12/2016, DJe 17/2/2017. 
Tema: Interrupção no fornecimento de energia elétrica por razões técnicas. 
Exigência legal de aviso prévio. Comunicação realizada por estações de rádio. 
Possibilidade. 
Resumo: A divulgação da suspensão no fornecimento de serviço de energia 
elétrica por meio de emissoras de rádio, dias antes da interrupção, satisfaz a 
exigência de aviso prévio, prevista no art. 6º, § 3º, da Lei n. 8.987/1995. 
Inteiro Teor: A discussão consiste em decidir se cumpre o requisito legal de 
prévio aviso aos consumidores, disposto no art. 6º, § 3º, da Lei n. 8.987/1995, 
divulgar a suspensão do fornecimento de energia elétrica, motivada por razões 
técnicas, tão somente por meio de estações de rádio. Inicialmente, observa-se 
que STJ considera legítima a interrupção do fornecimento de energia por razões 
de ordem técnica, de segurança das instalações, ou ainda em virtude do 
inadimplemento do usuário, quando houver o devido aviso prévio pela 
concessionária sobre o possível corte no fornecimento do serviço, nos termos 
do art. 6º, § 3º, da Lei n. 8.987/1995. Contudo, a supracitada norma legal não 
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explicita a forma como deve ocorrer o aviso de interrupção. Entende-se, assim, 
que a divulgação em três emissoras de rádio com cobertura no Município do 
usuário desse serviço, dias antes da suspenção, satisfaz a exigência prevista na 
lei. Conforme a sentença: “O rádio é um dos meios populares e o de maior 
alcance público, e por estas razões há que se reconhecer a ocorrência de aviso 
prévio válido e apto a produzir efeitos.” Por essas razões, considerando que a 
concessionária atendeu o requisito 66 legal de avisar previamente os 
consumidores do desligamento temporário da energia elétrica, por motivo de 
ordem técnica, não há ensejo para reparação por dano extrapatrimonial. 
(Informativo n. 598) 
_________________________________________________________ 
DIREITO ADMINISTRATIVO. OBTENÇÃO DE RECEITA ALTERNATIVA EM 
CONTRATO DE CONCESSÃO DE RODOVIA. 
Concessionária de rodovia pode cobrar de concessionária de energia 
elétrica pelo uso de faixa de domínio de rodovia para a instalação de 
postes e passagem de cabos aéreos efetivadas com o intuito de ampliar 
a rede de energia, na hipótese em que o contrato de concessão da 
rodovia preveja a possibilidade de obtenção de receita alternativa 
decorrente de atividades vinculadas à exploração de faixas marginais. 
O caput do art. 11 da Lei 8.987/1995 (Lei de Concessões e Permissões) 
prescreve que, “No atendimento às peculiaridades de cada serviço público, 
poderá o poder concedente prever, em favor da concessionária, no edital de 
licitação, a possibilidade de outras fontes provenientes de receitas alternativas, 
complementares, acessórias ou de projetos associados, com ou sem 
exclusividade, com vistas a favorecer a modicidade das tarifas, observado o 
disposto no art. 17 desta Lei”. Ressalte-se que, como a minuta do contrato de 
concessão deve constar no edital - conforme dispõe o art. 18, XIV, da Lei 
8.987/1995 -, o mencionado art. 11, ao citar “no edital”, não inviabiliza que a 
possibilidade de aferição de outras receitas figure apenas no contrato, haja 
vista se tratar de parte integrante do edital. 
Sendo assim, desde que haja previsão no contrato de concessão da rodovia, 
permite-se a cobrança, a título de receita alternativa, pelo uso de faixa de 
domínio, ainda que a cobrança recaia sobre concessionária de serviços de 
distribuição de energia elétrica. Ademais, havendo previsão contratual, não há 
como prevalecer o teor do art. 2º do Decreto 84.398/1980 em detrimento do 
referido art. 11 da Lei 8.987/1995. Precedente citado: REsp 975.097-SP, 
Primeira Seção, DJe 14/5/2010. EREsp 985.695-RJ, Rel. Min. Humberto Martins, 
julgado em 26/11/2014, DJe 12/12/2014 (Informativo 554). 
 
 
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3. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO e CONTROLE DA 
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
DIREITO ADMINISTRATIVO E CONSTITUCIONAL. REQUISITO PARA 
INTEGRAR TRIBUNAL DE CONTAS. 
Membro do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas de Estados 
ou do Distrito Federal que ocupa esse cargo há menos de dez anos pode 
ser indicado para compor lista tríplice destinada à escolha de 
conselheiro da referida corte. Isso porque o art. 73, § 1º, da CF, 
relativo ao Tribunal de Contas da União, mas aplicável, também, aos 
Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, por força do art. 
75 do mesmo diploma, não estabelece que os membros do Ministério 
Público ou os Auditores tenham 10 anos no cargo para poderem ser 
nomeados para o cargo de Membro do Tribunal. O que o § 1º do art. 73 
da CF estabelece, pela conjugação de seus incisos III e IV, é tão 
somente que, para ser nomeado Ministro do TCU, independentemente 
de sua origem, o brasileiro deve ter mais de dez anos de exercício de 
função ou de efetiva atividade profissional que exija notórios 
conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e financeiros ou de 
administração pública. Acrescente-se que o art. 94 da CF estabelece a 
exigência de dez anos no cargo, mas para o integrante do Ministério Público ser 
nomeado para os Tribunais Regionais Federais ou Tribunais de Justiça, nas 
vagas destinadas ao chamado Quinto Constitucional. No mesmo sentido, o art. 
162, III, da LC n. 75/1993 trata especificamente das vagas do Quinto 
Constitucional no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios. Nesse 
contexto, cumpre observar que os Tribunais de Contas, embora se denominem 
tribunais e tenham alta relevância constitucional, não integram o Poder 
Judiciário, razão pela qual não se pode pretender que normas destinadas a 
reger o Judiciário devam ser aplicáveis a eles, salvo previsão constitucional 
específica. 
Observe-se que a Constituição nem sequer esboçou tentativa de tornar a 
composição dos Tribunais de Contas análoga à composição dos Tribunais 
Judiciários, existindo diversas diferenças, sendo os requisitos a serem 
preenchidos apenas uma delas. Ressalte-se que outra diferença entre a 
composição dos Tribunais Regionais Federais e Tribunais de Justiça com 
membros oriundos do Ministério Público e a mesma composição, no caso dos 
Tribunais de Contas, está em que, pelo sistema constitucional, no caso dos 
Tribunais Judiciários, a escolha é sempre pelo critério do merecimento, 
enquanto que, nos Tribunais de Contas, adotam-se os critérios da antiguidade e 
merecimento, como previsto no inciso I do § 2º do art. 73 da CF. 
Desse modo, não se poderia dizer que a Constituição desprezou totalmente a 
antiguidade no cargo de Procurador do Ministério Público junto ao Tribunal de 
Contas, pois, se é verdade que poderá ser nomeado Conselheiro (Ministro) da 
corte quem não completou uma década no cargo, o que não acontece na 
composição dos Tribunais Judiciais, também é verdade que a Constituição criouGabaritando as provas de Direito Administrativo – 2019! 
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a possibilidade de o Membro do Ministério Público galgar o cargo de membro da 
Corte por antiguidade (73, § 2º, I, da CF e art. 82, § 2º, I, da Lei Orgânica do 
Distrito Federal). Merece, ainda, ser citado o entendimento do STJ segundo o 
qual, tratando-se do provimento de cargo de Conselheiro de Tribunal de Contas 
em vaga destinado a Auditor, não há necessidade sequer de cumprimento do 
estágio probatório ou aquisição de vitaliciedade para a nomeação (RMS 34.215-
SC, Primeira Turma, DJe 13/12/2011). RMS 35.403-DF, Rel. Min. Herman 
Benjamin, julgado em 3/3/2016, DJe 24/5/2016 (Informativo n. 584). 
 
_________________________________________________________ 
DIREITO ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO EM 
RAZÃO DA EXISTÊNCIA DE CADÁVER EM DECOMPOSIÇÃO EM 
RESERVATÓRIO DE ÁGUA. 
O consumidor faz jus a reparação por danos morais caso comprovada a 
existência de cadáver em avançado estágio de decomposição no 
reservatório do qual a concessionária de serviço público extrai a água 
fornecida à população. De início, fica configurada a responsabilidade 
subjetiva por omissão da concessionária decorrente de falha do dever 
de efetiva vigilância do reservatório de água. Ainda que se alegue que 
foram observadas todas as medidas cabíveis para a manutenção da 
segurança do local, fato é que ele foi invadido, e o reservatório passível 
de violação quando nele foi deixado um cadáver humano. Ficou 
caracterizada, ademais, a falha na prestação do serviço, indenizável por 
dano moral, quando a concessionária não garantiu a qualidade da água 
distribuída à população, porquanto inegável que, se o corpo estava em 
decomposição, a água ficou por determinado período contaminada. 
Outrossim, é inegável, diante de tal fato, a ocorrência de afronta à dignidade da 
pessoa humana, consistente no asco, angústia, humilhação, impotência da 
pessoa que toma ciência que consumiu água contaminada por cadáver em 
avançado estágio de decomposição. Sentimentos que não podem ser 
confundidos com o mero dissabor cotidiano. Ainda que assim não fosse, há que 
se reconhecer a ocorrência de dano moral in re ipsa, o qual dispensa 
comprovação do prejuízo extrapatrimonial, sendo suficiente a prova da 
ocorrência de ato ilegal, uma vez que o resultado danoso é presumido. (AgRg 
no REsp 1.354.077-SP, Terceira Turma, DJe 22/9/2014 e AgRg no AREsp 
163.472-RJ, Segunda Turma, DJe 2/8/2012). REsp 1.492.710-MG, Rel. Min. 
Humberto Martins, julgado em 16/12/2014, DJe 19/12/2014 (Informativo 
553). 
 
_________________________________________________________ 
DIREITO ADMINISTRATIVO. CONTROLE EXTERNO DA ATIVIDADE DE 
INTELIGÊNCIA DA POLÍCIA FEDERAL. 
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O controle externo da atividade policial exercido pelo Ministério Público 
Federal não lhe garante o acesso irrestrito a todos os relatórios de 
inteligência produzidos pela Diretoria de Inteligência do Departamento 
de Polícia Federal, mas somente aos de natureza persecutório-penal. De 
fato, entre as funções institucionais enumeradas na Carta da República, 
conferiu-se ao Ministério Público o controle externo da atividade policial (art. 
129, VII). Ao regulamentar esse preceito constitucional, a LC n. 75/1993 assim 
dispõe: “Art. 9º O Ministério Público da União exercerá o controle externo da 
atividade policial por meio de medidas judiciais e extrajudiciais podendo: [...] II 
- ter acesso a quaisquer documentos relativos à atividade-fim policial.” 
Por sua vez, a atividade de inteligência está disciplinada pela Lei n. 9.883/1999, 
que instituiu o Sistema Brasileiro de Inteligência (SISBIN) e criou a Agência 
Brasileira de Inteligência (ABIN). Ademais, o § 2º do art. 1º desse diploma 
considera serviço de inteligência aquele que “objetiva a obtenção, análise e 
disseminação de conhecimentos dentro e fora do território nacional sobre fatos 
e situações de imediata ou potencial influência sobre o processo decisório e a 
ação governamental e sobre a salvaguarda e a segurança da sociedade e do 
Estado”. Por seu turno, o Decreto n. 4.376/2002, em seu art. 4º, elenca os 
órgãos que compõem o SISBIN, destacando-se, entre eles, a Diretoria de 
Inteligência Policial do Departamento de Polícia Federal. Nesse contexto, quanto 
ao controle das atividades de inteligência, o art. 6º da Lei n. 9.883/1999 dispõe 
que "O controle e fiscalização externos da atividade de inteligência serão 
exercidos pelo Poder Legislativo na forma a ser estabelecida em ato do 
Congresso Nacional". Assim, se o controle externo da atividade policial exercido 
pelo Parquet deve circunscrever-se à atividade de polícia judiciária, conforme a 
dicção do art. 9º da LC n. 75/1993, somente cabe ao órgão ministerial acesso 
aos relatórios de inteligência emitidos pela Polícia Federal de natureza 
persecutório-penal, ou seja, que guardem relação com a atividade de 
investigação criminal. Desse modo, o poder fiscalizador atribuído ao Ministério 
Público não lhe confere o acesso irrestrito a todos os relatórios de inteligência 
produzidos pelo Departamento de Polícia Federal. REsp 1.439.193-RJ, Rel. Min. 
Gurgel de Faria, julgado em 14/6/2016, DJe 9/8/2016 (Informativo n. 587). 
 
4. SERVIDOR PÚBLICO 
 
Processo: EREsp 1.247.360-RJ, Rel. Min. Benedito Gonçalves, por maioria, 
julgado em 22/11/2017, DJe 29/11/2017 
Tema: Servidor Público. Remoção de cônjuge a pedido. Acompanhamento. Art. 
36, III, "a", da Lei n. 8.112/1990. 
Resumo: O servidor público federal somente tem direito à remoção 
prevista no art. 36, parágrafo único, III, "a", da Lei n. 8.112/1990, na 
hipótese em que o cônjuge/companheiro, também servidor, tenha sido 
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deslocado de ofício, para atender ao interesse da Administração (nos 
moldes do inciso I do mesmo dispositivo legal). 
Inteiro Teor: A Primeira Seção do STJ, em apreciação aos embargos de 
divergência, pacificou entendimento que ainda encontrava dissonância no 
âmbito das Turmas responsáveis pela uniformização das matérias relativas a 
Direito Público, acerca da existência de direito subjetivo de servidor público 
federal à remoção para acompanhar cônjuge/companheiro, também servidor, 
que tenha sido "deslocado no interesse da Administração" (art. 36, III, "a", da 
Lei n. 8.112/1990). Para o acórdão embargado, o deslocamento é "no interesse 
da Administração" não só em caso de remoção de ofício, mas também quando a 
Administração Pública abre vaga para que os servidores públicos interessados 
(e que cumpram os requisitos necessários para tanto) se candidatem à 
remoção. Já para o acórdão paradigma o deslocamento "no interesse da 
Administração", para os fins do art. 36, inciso III, "a", da Lei n. 8.112/1990, é 
apenas aquele em que o servidor público é removido de ofício pela 
Administração Pública, não quando tenha voluntariamente se candidatado a 
concorrer à vaga aberta para remoção. A melhor interpretação do preceito legal 
em questão é aquela que lhe foi dada pelo acórdão paradigma. Como se verifica 
da leitura do dispositivo analisado, a linguagem que o art. 36 em questão 
utilizou para tratar da remoção do servidor público é reveladora na medida em 
que se procurou prestigiar ora o princípio da eficiência ora a garantia 
constitucional da família. Com efeito, a remoção "de ofício, no interesse da 
Administração" (inciso I) é aquela que pode ocorrer mesmo contra a vontade do 
servidor, mas visa a atender à eficiência da Administração Pública;a remoção 
"a pedido, a critério da Administração" (inciso II) é aquela que (por ser a 
pedido) atende à vontade manifestada pelo servidor, a par de (sendo "a critério 
da Administração") servir à boa gestão pública; já a remoção a pedido 
"independentemente do interesse da Administração" (inciso III) é aquela que 
atende à vontade manifestada pelo servidor e que pode até mesmo ser 
contrária à melhor gestão de pessoal. Nota-se, assim, que a forma prevista no 
inciso II revela um meio-termo entre a garantia da eficiência administrativa e 
dos interesses privados do servidor; ao passo que as hipóteses dos incisos I e 
III são extremas. Isso considerado, conclui-se que a remoção prevista no art. 
36, inciso III, "a", da Lei n. 8.112/1990 (remoção "a pedido", 
"independentemente do interesse da Administração", "para acompanhar 
cônjuge ou companheiro" "deslocado no interesse da Administração"), sendo 
excepcional, só se encontra legalmente justificada quando o 
cônjuge/companheiro "deslocado no interesse da Administração" foi deslocado 
na hipótese do inciso I, ou seja, de ofício, para atender ao interesse da 
Administração e independentemente de sua vontade. (Informativo n. 617). 
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Processo: RMS 49.896-RS, Rel. Min. Og Fernandes, por unanimidade, julgado 
em 20/4/2017, DJe 2/5/2017. 
Tema: Concurso público. Prova dissertativa. Questão com erro no enunciado. 
Fato constatado pela banca examinadora e pelo Tribunal de Origem. Existência 
de ilegalidade. Atuação excepcional do Poder Judiciário no controle de 
legalidade. Sintonia com a tese firmada pelo STF no RE 632.853-CE. 
Resumo: Em prova dissertativa de concurso público, o grave erro no enunciado 
– reconhecido pela própria banca examinadora – constitui flagrante ilegalidade 
apta a ensejar a nulidade da questão. De outra parte, a motivação do ato 
avaliativo do candidato, constante do espelho de prova, deve ser apresentado 
anteriormente ou concomitante à divulgação do resultado, sob pena de 
nulidade. 
Inteiro Teor: Cinge-se a discussão no controle de legalidade das questões 2 e 
5 da prova dissertativa do concurso para o Cargo de Assessor - Área do Direito 
do Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul. Sustenta o recorrente que 
subsistem duas falhas evidentes nas questões dissertativas de n. 2 e n. 5. Na 
questão n. 2, a falha seria em decorrência de grave erro jurídico no enunciado, 
já que a banca examinadora teria trocado os institutos da "saída temporária" 
por "permissão de saída", e exigido como resposta os efeitos de falta grave 
decorrentes do descumprimento da primeira. Já na questão n. 5, o vício 
decorreria da inépcia do gabarito, pois, ao contrário das primeiras quatro 
questões, afirma que não foram publicados, a tempo e modo, os fundamentos 
jurídicos esperados do candidato avaliado. Registre-se, de início, que, 
analisando controvérsia sobre a possibilidade de o Poder Judiciário realizar o 
controle jurisdicional sobre o ato administrativo que profere avaliação de 
questões em concurso público, o Supremo Tribunal Federal, em recurso 
extraordinário com repercussão geral reconhecida, firmou a seguinte tese: "Não 
compete ao Poder Judiciário, no controle de legalidade, substituir banca 
examinadora para avaliar respostas dadas pelos candidatos e notas a elas 
atribuídas" (RE 632.853-CE, Rel. Min. Gilmar Mendes, publicado em 
29/6/2015). Ou seja, de acordo com a Corte Suprema, a regra é que o Poder 
Judiciário não pode reexaminar (i) o conteúdo das questões nem (ii) os critérios 
de correção, exceto se diante de ilegalidade ou inconstitucionalidade, para fins 
de avaliar respostas dadas pelo candidato e as notas a eles atribuídas. 73 Com 
relação a uma das questões impugnadas, observa-se que não se busca do 
Poder Judiciário o reexame do seu conteúdo ou o critério de sua correção para 
concluir se a resposta dada pelo candidato se encontra adequada ou não para o 
que solicitado pela banca examinadora. Se assim o fosse, tal medida 
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encontraria óbice na jurisprudência mencionada, que proíbe o Poder Judiciário 
substituir a banca nos critérios de correção por ela adotados. Ao contrário, o 
que se afirma é que o enunciado da questão dissertativa contém erro grave 
insuperável, qual seja, a indicação do instituto da "saída temporária" por 
"permissão de saída", ambos com regência constante dos arts. 120 a 125 da Lei 
de Execuções Penais, e que, por essa razão, haveria nulidade insanável. Vale 
salientar que tanto o Tribunal de origem quanto a banca examinadora 
reconheceram a existência de erro no enunciado da questão. Sendo assim, não 
se pode fechar os olhos para tal constatação ao simplório argumento de que o 
referido erro não influiria na análise do enunciado pelo candidato. Com base 
nessas premissas, o erro no enunciado da questão teve sim o condão de influir 
na resposta dada pelo candidato, sobretudo considerando que os institutos da 
"saída temporária" e "permissão de saída" possuem regramentos próprios na 
Lei Execução Penal. Essa conclusão vai ao encontro da tese firmada pelo STF no 
recurso extraordinário supramencionado, pois estamos diante de evidente 
ilegalidade a permitir a atuação do Poder Judiciário. Quanto à questão n. 5, 
tem-se que, na seara de concursos públicos, há etapas em que as metodologias 
de avaliação, pela sua própria natureza, abrem margem para que o avaliador se 
valha de suas impressões, em completo distanciamento da objetividade que se 
espera nesses eventos. Nesse rol de etapas, citam-se as provas dissertativas e 
orais. Por essa razão, elas devem se submeter a critérios de avaliação e 
correção os mais objetivos possíveis, tudo com vistas a evitar contrariedade ao 
princípio da impessoalidade, materializado na Constituição Federal (art. 37, 
caput). E mais. Para que não pairem dúvidas quanto à obediência a referido 
princípio e quanto aos princípios da motivação dos atos administrativos, do 
devido processo administrativo recursal, da razoabilidade e proporcionalidade, a 
banca examinadora do certame, por ocasião da divulgação dos resultados desse 
tipo de avaliação, deve demonstrar, de forma clara e transparente, que os 
critérios de avaliação previstos no edital foram devidamente considerados, sob 
pena de nulidade da avaliação. A clareza e transparência na utilização dos 
critérios previstos no edital estão presentes quando a banca examinadora adota 
conduta consistente na divulgação, a tempo e modo, para fins de publicidade e 
eventual interposição de recurso pela parte interessada, de cada critério 
considerado, devidamente acompanhado, no mínimo, do respectivo valor da 
pontuação ou nota obtida pelo candidato; bem como das razões ou padrões de 
respostas que as justifiquem. Destaque-se que as informações constantes dos 
espelhos de provas subjetivas se referem nada mais nada menos à motivação 
do ato administrativo, consistente na atribuição de nota ao candidato, pelo que 
deve ser apresentada anteriormente ou concomitante à prática do ato 
administrativo, pois caso se permita a motivação posterior, dar-se-ia ensejo 
para que fabriquem, forjem ou criem motivações para burlar eventual 
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impugnação ao ato. Tudo em consonância ao que preconizam os arts. 2º, 
caput, e 50, § 1º, da Lei n. 9.784/1999, que tratam do processo administrativo 
no âmbito federal.No caso dos autos, a banca examinadora do certame não só 
disponibilizou a nota global do candidato quanto à questão n. 5, como também 
fez divulgar os critérios que adotara para fins de avaliação, o padrão de 
respostas e a nota atribuída a cada um desses critérios/padrões de respostas. 
Assim, não merece prosperar a alegada afronta ao devido processo recursal 
administrativo e do princípio da motivação, na medida em que foram divulgadas 
ao candidato as razões que pautaram sua avaliação, devidamente 
acompanhadas das notas que poderia alcançar em cada critério. (Informativo 
n. 603) 
_____________________________________________________ 
 
Processo: RMS 36.064-MT, Rel. Min. Sérgio Kukina, por unanimidade, julgado 
em 13/6/2017, DJe 22/6/2017. 
Tema: Concurso Público. Teste de aptidão física. Modificação na ordem de 
aplicação das provas. Prévia divulgação por edital complementar. Isonomia. 
Legalidade. 
Resumo: A simples alteração na ordem de aplicação das provas de teste físico 
em concurso público, desde que anunciada com antecedência e aplicada 
igualmente a todos, não viola direito líquido e certo dos candidatos inscritos. 
Inteiro Teor: O ponto nodal do debate diz respeito à legalidade da inversão da 
ordem das provas do teste de aptidão física em concurso público para 
provimento de cargos de agente prisional, que, segundo disposição editalícia 
inicial, deveriam ser aplicadas em ordem específica. Nesse contexto, a simples 
alteração na ordem de aplicação das provas, desde que anunciada com 
antecedência e nos termos admitidos pelo edital do certame, não viola direito 
líquido e certo dos candidatos. Isto porque o procedimento assim balizado 
respeita os princípios constitucionais da publicidade e da razoabilidade, 
previstos no artigo 37, caput, da Constituição Federal e nos arts. 2º, parágrafo 
único, incisos I a VIII e XIII; 26 e 28 da Lei Federal n. 9.784/1999. Além disso, 
o objetivo dos concursos públicos de provas ou provas e títulos, previstos nos 
incisos I a IV do art. 37 da CF é assegurar a observância do princípio da 
isonomia para ingresso nos quadros efetivos da Administração Pública. Logo, se 
a alteração na ordem de aplicação das provas integrantes do teste físico foi 
divulgada com antecedência e aplicada igualmente a todos os candidatos 
inscritos, não há violação do princípio constitucional da isonomia, bem como 
não existe ilegalidade. (Informativo n. 608) 
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Processo: RMS 53.506-DF, Rel. Min. Regina Helena Costa, por unanimidade, 
julgado em 26/09/2017, DJe 29/09/2017 
Tema: Concurso público. Candidato aprovado fora do número de vagas. 
Desistência de candidatos melhor classificados. Impetrante que passa a figurar 
no número de vagas previstas no edital. Direito à nomeação. Existência. 
Segurança concedida. 
Resumo: A desistência de candidatos melhor classificados em concurso público 
convola a mera expectativa em direito líquido e certo, garantindo a nomeação 
dos candidatos que passarem a constar dentro do número de vagas previstas 
no edital. 
Inteiro Teor: Inicialmente, é importante destacar que o Supremo Tribunal 
Federal, em julgamento submetido ao rito da repercussão geral (RE n. 
837.311/PI), fixou orientação no sentido de que o surgimento de novas vagas 
ou a abertura de novo concurso para o mesmo cargo, durante o prazo de 
validade do certame anterior, não gera automaticamente o direito à nomeação 
dos candidatos aprovados fora das vagas previstas no edital, ressalvadas as 
hipóteses de preterição arbitrária e imotivada por parte da administração, 
caracterizadas por comportamento tácito ou expresso do Poder Público capaz de 
revelar a inequívoca necessidade de nomeação do aprovado durante o período 
de validade do certame, a ser demonstrada de forma cabal pelo candidato. Por 
outro lado, em relação àqueles candidatos aprovados dentro do número de 
vagas, o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE n. 598.099/MS, 
também submetido à sistemática da repercussão geral, fixou orientação no 
sentido haver direito à nomeação. Após o julgamento do referido recurso 
extraordinário, a Corte Suprema, ao aplicar a tese aos casos concretos, firmou 
o entendimento de que havendo desistência de candidatos melhor classificados, 
fazendo com que os seguintes passem a constar dentro do número de vagas, a 
expectativa de direito se convola em direito líquido e certo, garantindo, assim, o 
direito à vaga disputada. Conclui-se, dessa forma, o alinhamento desta Corte 
Superior às balizas definidas pelo STF no já mencionado RE n. 598.099/MS, em 
que "para justificar o excepcionalíssimo não cumprimento do dever de 
nomeação por parte da Administração Pública, é necessário que a situação 
justificadora seja dotada das seguintes características: a) Superveniência: os 
eventuais fatos ensejadores de uma situação excepcional devem ser 
necessariamente posteriores à publicação do edital do certame público; b) 
Imprevisibilidade: a situação deve ser determinada por circunstâncias 
extraordinárias, imprevisíveis à época da publicação do edital; c) Gravidade: os 
acontecimentos extraordinários e imprevisíveis devem ser extremamente 
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graves, implicando onerosidade excessiva, dificuldade ou mesmo 
impossibilidade de cumprimento efetivo das regras do edital; d) Necessidade: a 
solução drástica e excepcional de não cumprimento do dever de nomeação deve 
ser extremamente necessária, de forma que a Administração somente pode 
adotar tal medida quando absolutamente não existirem outros meios menos 
gravosos para lidar com a situação excepcional e imprevisível". Na hipótese, 
vale destacar que o ente da federação não se desincumbiu de comprovar 
nenhum desses aspectos, razão pela qual a vedação prevista na Lei de 
Responsabilidade Fiscal não deve ser aplicada ao caso em exame. (Informativo 
n. 612) 
_________________________________________________________ 
Processo: EREsp 1.157.628-RJ, Rel. Min. Raul Araújo, por maioria, julgado em 
7/12/2016, DJe 15/2/2017. 
Resumo do julgado: A “teoria do fato consumado" não pode ser aplicada para 
consolidar remoção de servidor público destinada a acompanhamento de 
cônjuge, em hipótese que não se adequa à legalidade estrita, ainda que tal 
situação haja perdurado por vários anos em virtude de decisão liminar não 
confirmada por ocasião do julgamento de mérito. 
Tema: Servidor público. Remoção. Resistência da administração pública. Teoria 
do fato consumado. Inaplicabilidade. 
Inteiro teor: Busca-se a uniformização do entendimento no STJ quanto à 
aplicação da "teoria do fato consumado" para consolidar remoção ilegal de 
servidor público, concedida com fundamento em provimento judicial de 
natureza precária, não mais em vigor. A fim de indicar a divergência entre 
órgãos julgadores do STJ, aduz-se como acórdão paradigma o AgRg no REsp 
1.453.357-RN (Segunda Turma, DJe 9/10/2014), segundo o qual a “teoria do 
fato consumado visa preservar não só interesses jurídicos, mas interesses 
sociais já consolidados, não se aplicando, contudo, em hipóteses contrárias à 
lei, principalmente quando amparadas em provimento judicial de natureza 
precária”. 
Em uma primeira linha, a teoria do fato consumado tem sido aplicada, no 
âmbito judicial, para as hipóteses em que, pela própria lei da natureza, não 
haveria como desfazer os acontecimentos decorrentes do ato viciado. Também 
tem sido reconhecida a incidência da teoria do fato consumado nas hipóteses 
em que a Administração permite, por vários anos, a permanência de situaçãocontrária à legalidade estrita, atribuindo ares de legalidade a determinada 
circunstância, e, assim, fazendo crer que as pessoas agem de boa-fé, conforme 
o direito. Nessa perspectiva, a teoria do fato consumado guarda íntima relação 
com a convalidação dos atos administrativos, atualmente regulada pelo artigo 
54 da Lei n. 9.784/1999. Quanto aos comportamentos das partes ao longo do 
tempo, faz-se necessário, para que se tenha por aplicável a teoria do fato 
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consumado, distinguir duas situações que podem ocorrer quando se pratica um 
ato equivocado. A primeira situação corresponde à hipótese em que um ato 
contrário à lei é praticado sem dolo e sem contestação, tendo vigência por anos 
a fio, e assim atribuindo à situação fática ares de legalidade, atraindo para si o 
valor da segurança jurídica. Há, nesses casos, de ser preservada a estabilidade 
das relações geradas pelo ato inválido, cuja regularidade manteve-se inconteste 
por anos, fazendo convalescer o vício que originalmente inquinava sua validade. 
Protege-se, com isso, a boa-fé e o princípio da confiança legítima do 
administrado, a ela associado. Situação diversa é aquela em que determinado 
ato é praticado sob contestação das pessoas envolvidas, que o reputam 
irregular e manifestam a existência de tal irregularidade nas vias adequadas, 
mas que, por causa da demora no transcurso do procedimento destinado à 
apuração da legalidade do ato, termina por gerar efeitos no mundo concreto. 
Nessa última hipótese, verificada ou confirmada a ilegalidade, sendo ainda 
possível, o ato deve ser desfeito, preservando-se apenas aquilo que, pela 
consolidação fática irreversível, não puder ser restituído ao status quo ante. 
Mesmo nesses casos, se ficar configurado prejuízo decorrente do fato 
irreversível, deve ser ressalvada à parte prejudicada o direito de exigir perdas e 
danos. E, embora se reconheça o relevante valor social da família, cuja 
proteção encontra-se determinada pela própria Constituição Federal, o STF já 
assentou que o artigo 226 da Lei Fundamental não é motivo suficiente, por si 
só, para garantir ao servidor o direito a lotação na cidade em que possui 
vínculos afetivos. Por outro lado, a remoção de servidor fora das hipóteses 
legais termina por desbalancear o quadro de lotação dos órgãos públicos, 
retirando da Administração a discricionariedade que a lei lhe outorgou na 
distribuição de sua força de trabalho, segundo as reais necessidades do serviço 
público. A teoria do fato consumado não se presta, assim, para mitigar a 
interpretação do art. 36, III, "a", da Lei n. 8.112/1990, assegurando ao 
servidor lotação para acompanhamento de cônjuge fora da estrita moldura 
normativa. Não se deve perder de vista que a teoria do fato consumado é de 
aplicação excepcional e deve ser adotada com cuidado e moderação, para que 
não sirva de mecanismo para premiar quem não tem direito pelo só fato da 
demora no julgamento definitivo da causa em que fora deferida uma decisão 
liminar, cuja duração deve ser provisória por natureza. Com essas 
considerações, tem-se por inaplicável a teoria do fato consumado para 
consolidar remoção destinada a acompanhamento de cônjuge, em situação que 
não se adéqua à legalidade estrita, mitigando a interpretação do artigo 36, III, 
"a", da Lei n. 8.112/1990, ainda que tal situação haja perdurado por vários 
anos em virtude de decisão liminar não confirmada quando do julgamento de 
mérito. (Informativo n. 598) 
_________________________________________________________ 
Processo: MS 21.991-DF, Rel. Min. Humberto Martins, Rel. para acórdão Min. 
João Otávio de Noronha, por maioria, julgado em 16/11/2016, DJe 3/3/2017. 
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Resumo do julgado: A instauração de processo disciplinar contra servidor 
efetivo cedido deve dar-se, preferencialmente, no órgão em que tenha sido 
praticada a suposta irregularidade, mas o julgamento e a eventual aplicação de 
sanção, quando findo o prazo de cessão e já tendo o servidor retornado ao 
órgão de origem, só podem ocorrer no órgão ao qual o servidor público federal 
efetivo estiver vinculado. 
Inteiro teor: Cingiu-se a discussão, entre outras questões, a definir a 
competência para instaurar e julgar processo disciplinar, bem como para aplicar 
a respectiva sanção a servidor público federal que praticou falta funcional no 
exercício de cargo em comissão em órgão para o qual foi cedido. 
“Tratando-se de conduta praticada pelo agente público durante o período em 
que esteve cedido, é legítima a instauração do processo administrativo 
disciplinar pelo órgão em que foi praticada a irregularidade. Nesse sentido, 
extrai-se do Manual Prático de Processo Administrativo Disciplinar da 
Controladoria Geral da União: 'No aspecto espacial, o processo disciplinar será 
instaurado, preferencialmente, no âmbito do órgão ou instituição em que 
supostamente tenha sido praticado o ato antijurídico, facilitando-se a coleta de 
provas e a realização de diligências necessárias à elucidação dos fatos. No caso 
de infrações cometidas por servidores cedidos a outros órgãos, a competência é 
do órgão onde ocorreu a irregularidade para a instauração do processo 
disciplinar. 
Todavia, como o vínculo funcional do servidor se dá com o órgão cedente, 
apenas a este incumbiria o julgamento e a eventual aplicação da penalidade 
(Nota Decor/CGU/AGU n. 16/2008-NMS).' Cessada, contudo, toda relação do 
servidor com o órgão cessionário, é natural que qualquer aplicação de 
penalidade se dê pelo órgão cedente. Nesse caso, caberia ao órgão cessionário 
tão somente rescindir o contrato de cessão e devolver o servidor, além de 
instaurar o procedimento administrativo disciplinar, que, como salientado, será 
julgado pelo órgão cedente. Por fim, cabe esclarecer que o julgamento e 
aplicação da sanção são um único ato, que se materializa com a edição de 
despacho, portaria ou decreto, proferidos pela autoridade competente, 
devidamente publicado para os efeitos legais, conforme se dessume do disposto 
nos artigos 141, 166 e 167 do RJU.” (Informativo n. 598) 
_________________________________________________________ 
Corte Especial 
DIREITO ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. PRAZO DECADENCIAL PARA 
IMPETRAR MANDADO DE SEGURANÇA CONTRA REDUÇÃO DE VANTAGEM DE 
SERVIDOR PÚBLICO. 
O prazo decadencial para impetrar mandado de segurança contra 
redução do valor de vantagem integrante de proventos ou de 
remuneração de servidor público renova-se mês a mês. A citada redução, 
ao revés da supressão de vantagem, configura relação de trato sucessivo, pois 
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não equivale à negação do próprio fundo de direito. Assim, o prazo decadencial 
para se impetrar a ação mandamental renova-se mês a mês. Precedente citado: 
AgRg no REsp 1.211.840-MS, Segunda Turma, DJe 6/2/2015. EREsp 
1.164.514-AM, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 16/12/2015, 
DJe 25/2/2016 (Informativo n. 578). 
 
 
_________________________________________________________ 
Processo: MS 20.558-DF, Rel. Min. Herman Benjamin, por unanimidade, 
julgado em 22/2/2017, DJe 31/3/2017. 
Resumo do Julgado: Quando o exercício do cargo foi amparado por decisões 
judiciais precárias e o servidor se aposentou, antes do julgamento final de 
mandado de segurança, por tempo de contribuição durante esse exercício e 
após legítima contribuição ao sistema, a denegação posterior da segurança que 
inicialmente permitira ao servidorprosseguir no certame não pode ocasionar a 
cassação da aposentadoria. 
Inteiro Teor: Trata-se de mandado de segurança contra ato do Ministro de 
Estado do Trabalho e Emprego que, por meio de Portaria, tornou sem efeito a 
nomeação, sob amparo de decisão judicial liminar, da impetrante ao cargo de 
Auditora Fiscal do Trabalho e, consequentemente, de sua aposentadoria. 
Inicialmente, pontua-se que sobre o tema, o Supremo Tribunal Federal, em 
julgamento realizado sob a égide da repercussão geral, deu pela inaplicabilidade 
da teoria do fato consumado para a manutenção em cargo público de candidato 
não aprovado em concurso, “e que tenha tomado posse em decorrência de 
execução provisória de medida liminar ou outro provimento judicial de natureza 
precária, supervenientemente revogado ou modificado” (RE 608.482, DJe 
30/10/2014). Logo, se a impetrante estivesse exercendo o cargo, não haveria 
nenhuma irregularidade no seu afastamento após o trânsito em julgado da 
decisão judicial desfavorável que lhe permitiu prosseguir no concurso após a 
primeira etapa. Não obstante a compreensão acima exarada, constata-se que a 
impetrante, nomeada sob amparo de decisão judicial liminar, exerceu o cargo 
até o momento de sua aposentadoria, ocorrida vários anos antes da decisão 
final do mandado de segurança originalmente impetrado por ela para prosseguir 
no concurso. Nesse contexto, embora o vínculo de trabalho fosse precário, o 
vínculo previdenciário, após as contribuições previdenciárias ao regime próprio, 
consolidou-se com a reunião dos requisitos para a concessão de aposentadoria. 
Ressalte-se, por fim, que a legislação federal estabelece a cassação da 
aposentadoria apenas nos casos de demissão do servidor público e de 
acumulação ilegal de cargos (arts. 133, § 6º, e 134 da Lei n. 8.112/1990), não 
havendo, portanto, respaldo legal para impor a mesma penalização quando o 
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exercício do cargo é amparado por decisões judiciais precárias e o servidor se 
aposenta por tempo de contribuição durante esse exercício após legítima 
contribuição ao sistema. (Informativo n. 600) 
_________________________________________________________ 
Processo: MS 14.731-DF, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, por 
unanimidade, julgado em 14/12/2016, DJe 2/2/2017. 
Resumo do julgado: A portaria interministerial editada pelos Ministérios da 
Educação e do Planejamento demanda a manifestação das duas pastas para a 
sua revogação. 
Inteiro teor: Discute-se, em síntese, a possibilidade de Revogação da Portaria 
Interministerial 221/2009, editada em conjunto pelos Ministérios da Educação e 
do Planejamento, Orçamento e Gestão, por nova Portaria confeccionada 
somente pela primeira Pasta. A edição conjunta da Portaria Interministerial 
221/2009 por MEC e MPOG decorre do comando inserto no art. 7º do Decreto 
6.253/2007. Trata-se, portanto, de ato administrativo complexo que, para sua 
formação, faz-se necessária a manifestação de dois ou mais órgãos para dar 
existência ao ato. Exige-se, nesse contexto, a expressão de vontade de ambos 
os órgãos, sendo a ausência de um destes circunstância de invalidação do ato, 
por deficiência de formação ou, em outras palavras, por não se caracterizar 
como um ato completo/terminado. 
A revogação do ato administrativo é expressão do poder discricionário, atrelado 
à conveniência e à oportunidade da Administração, não podendo atingir os atos 
já exauridos ou aqueles em que o Poder Público está vinculado à prática. Ainda 
para os atos discricionários cujo exaurimento não é imediato, há limites 
dispostos de maneira implícita ou explícita na lei, tais como a 
competência/legitimidade para a revogação. Por regra de simetria, a revogação 
do ato, por conveniência e oportunidade, somente poderia advir de novo ato, 
agora desconstitutivo, produzido por ambas as Pastas. Ausente uma delas, não 
se considera completa a desconstituição. (Informativo n. 597) 
_________________________________________________________ 
Processo: REsp 1.514.673-RS, Rel. Min. Regina Helena Costa, por 
unanimidade, julgado em 7/3/2017, DJe 17/3/2017. 
Resumo do julgado: O abono de permanência insere-se no conceito de 
remuneração do cargo efetivo, de forma a compor a base de cálculo da licença-
prêmio não gozada. 
Inteiro teor: Cinge-se a controvérsia a saber se o abono de permanência deve 
integrar a base de cálculo da licença-prêmio não gozada convertida em pecúnia. 
No âmbito do STJ, a Primeira Seção debruçou-se sobre a natureza jurídica do 
abono de permanência, concluindo que tal verba possui natureza remuneratória 
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(EDcl no REsp 1.192.556-PE, DJe 17/11/2010). Estabelecida a premissa, a 
Segunda Turma considerou o abono uma vantagem de caráter permanente, 
incorporando-se ao patrimônio jurídico do servidor de forma irreversível, vindo 
a cessar somente com o implemento da aposentadoria. Desse modo, concluiu 
que o abono de permanência se insere no conceito de remuneração do cargo 
efetivo, de forma a compor a base de cálculo da licença-prêmio não gozada. 
(Informativo n. 600) 
_________________________________________________________ 
Processo: REsp 1.607.715-AL, Rel. Min. Herman Benjamin, por unanimidade, 
julgado em 7/3/2017, DJe 20/4/2017. 
Resumo do julgado: O fato de o servidor estar licenciado não afasta o 
entendimento segundo o qual não pode participar de procedimento licitatório a 
empresa que possuir em seu quadro de pessoal servidor ou dirigente do órgão 
contratante ou responsável pela licitação. Violação dos art. 9º da Lei n. 
8.666/1993 e 7º da Lei n. 10.502/2002. Comportamento inidôneo. 
Caracterização. 
Inteiro teor: Trata-se, originalmente, de mandado de segurança impetrado 
por empresa privada, participante de processo licitatório, contra ato do 
Comandante do 59º Batalhão de Infantaria Motorizado, órgão vinculado ao 
Ministério da Defesa, para que seja declarada a ilegalidade de sanções, que 
foram aplicadas em processo administrativo, em razão de existência de 
comportamento inidôneo por parte da impetrante. Sustentou a empresa 
licitante que sua conduta de contratar servidor licenciado do órgão público para 
assessoramento na execução dos contratos administrativos não se amolda a 
nenhuma das ações ilícitas enumeradas no art. 7º da Lei n. 10.520/2002. 
Com efeito, o art. 9º, III, da Lei n. 8.666/1993 dispõe que não poderá 
participar, direta ou indiretamente, da licitação ou da execução de obra ou 
serviço e do fornecimento de bens a eles necessários o servidor ou dirigente de 
órgão ou entidade contratante ou responsável pela licitação. Desse modo, 
cinge-se aos autos a falta cometida pela empresa e o desrespeito às normas de 
licitação e contratos, com a contração de sargento do Exército Brasileiro que, 
em razão da sua atuação em setor específico da Força Terrestre, detinha plena 
experiência na condução do serviço objeto da licitação. Caracterizada, portanto, 
a conduta inidônea da empresa, com a quebra de confiança da Administração, o 
que vai de encontro aos dispositivos legais sob análise. Consigne-se, por fim, 
que, consoante o entendimento da Primeira Turma deste STJ, "não pode 
participar de procedimento licitatório a empresa que possuir em seu quadro de 
pessoal servidor ou dirigente do órgão ou entidade contratante ou responsável 
pela licitação (...) O fato de estar o servidor licenciado, à época do certame, 
não ilide a aplicação do referido preceito legal, eis que não deixa de ser 
funcionário o servidor em gozo de licença" (REsp 254.115-SP, Rel. Min. Garcia 
Vieira, DJ de 14/8/2000). (Informativo n. 602) 
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Processo: REsp 1.535.222-MA, Rel. Min. Og Fernandes, por unanimidade, 
julgado em 28/3/2017, DJe 4/4/2017. 
Resumo do julgado: Na hipótese de membro de Ministério Público Estadual 
praticar falta administrativa também prevista na lei penal como crime, o prazo 
prescricional da ação civil para a aplicação da pena administrativa de perda do 
cargo somente tem início com o trânsito em julgado da sentença condenatória 
na órbita penal. 
Inteiro teor: O regime jurídico dos membros do Ministério Público, no que 
concerne à previsão de perda do cargo, obedece ao disposto no art. 38, § 1º, 
da Lei Orgânica Nacional n. 8.625/93. Embora seja sabido que as instâncias 
cível, administrativa e penal são independentes e que a vinculação automática 
somente existe quando, na seara penal, se reconhece a negativa do fato ou da 
autoria, no caso específico do regime jurídico dos membros do Ministério 
Público existe uma particularidade: a ação cível para decretação da perda do 
cargo – hipótese analisada – somente pode ser proposta, depois de transitada 
em julgado a sentença proferida em ação penal, quando houver a prática de 
crime incompatível com o exercício do cargo. Ou seja, uma das condições de 
procedibilidade da ação civil para perda do cargo depende da existência de 
decreto condenatório proferido no juízo criminal. Diante dessas premissas é que 
exsurge a principal controvérsia dos autos, a respeito do termo inicial do prazo 
prescricional para tais hipóteses. Quando a lei determina que a ação civil para 
perda do cargo somente deve ser ajuizada após o trânsito em julgado da 
sentença penal, nos casos em que a falta funcional corresponde a uma conduta 
criminosa; por decorrência lógica, o prazo de prescrição somente pode iniciar-
se, no bojo da ação civil de perda do cargo, contado do trânsito em julgado da 
sentença condenatória na órbita penal. É de se notar a diferença quanto aos 
casos de processos criminais contra servidores públicos (não no caso dos 
membros do Ministério Público), quando a prescrição corre no processo 
administrativo disciplinar. É que, nesses casos, inexiste necessidade de 
aguardar o deslinde na esfera criminal. A diferença dessas premissas para a 
hipótese em exame é total. 
No presente debate, a garantia dada aos membros do Ministério Público de não 
poderem perder o cargo, senão por meio de ação civil própria e depois da 
sentença criminal transitada em julgado (prerrogativa que os demais servidores 
não possuem), não pode se transmudar em óbice para a punição justa e 
adequada. Pensar o contrário seria admitir a possibilidade de que a ação civil 
pública para perda do cargo sempre ficaria no aguardo de que a ação criminal 
fosse rápida e atingisse o trânsito em julgado, antes que o lapso prescricional 
(seja pela pena em abstrato, seja pena em concreto) incidisse no caso. Uma 
interpretação nesse patamar, além de contraditória, porquanto levaria à 
conclusão de que, mesmo impedindo de ingressar com uma demanda, ainda 
assim haveria um prazo prescricional correndo contra si, desborda de qualquer 
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lógica jurídica. É dizer: prescrição somente ocorre quando alguém, podendo 
agir, deixa de fazê-lo, no tempo oportuno; não quando deixou de agir ex lege. 
(Informativo n. 601) 
_________________________________________________________ 
Processo: RMS 49.339-SP, Rel. Ministro Francisco Falcão, por unanimidade, 
julgado em 6/10/2016, DJe 20/10/2016. 
Resumo do julgamento: Não se mostra razoável a possiblidade de desconto 
em parcela única sobre a remuneração do servidor público dos dias parados e 
não compensados provenientes do exercício do direito de greve. 
Inteiro teor: Cuidou-se de controvérsia sobre a possibilidade de desconto (em 
parcela única sobre a remuneração de servidor público) dos dias parados e não 
compensados provenientes do exercício do direito de greve. No que se refere à 
legalidade do desconto dos dias parados, é de rigor a análise da razoabilidade e 
proporcionalidade do ato que determina o desconto em parcela única desses 
dias na remuneração do servidor, principalmente quando há a intenção de se 
pagar de forma parcelada esse débito. 
O art. 46 da Lei n. 8.112/1990, que rege os servidores públicos federais e que 
se aplica por analogia ao caso, dispõe que as reposições poderão ser parceladas 
a pedido do interessado. Ademais, deve-se destacar que se trata de verba de 
natureza alimentar do servidor e o referido desconto em parcela única, nessa 
hipótese, causar-lhe-ia um dano desarrazoado. (Informativo n.592) 
_________________________________________________________ 
Processo: REsp 1.607.472-PE, Rel. Min. Herman Benjamin, por unanimidade, 
julgado em 15/9/2016, DJe 11/10/2016. 
Resumo do julgado: É essencial, incluso no conceito de mínimo existencial, o 
direito de pessoas com necessidades especiais poderem frequentar universidade 
pública, razão pela qual não pode a instituição alegar a incidência da cláusula 
da reserva do possível como justificativa para sua omissão em providenciar a 
conclusão de obras de adaptação em suas edificações e instalações. 
Inteiro teor: Tratou-se de ação civil pública proposta por Ministério Público 
Federal contra Universidade Federal com o escopo de obrigar a instituição de 
ensino a iniciar as obras de adaptação de todas as suas edificações para 
permitir sua utilização por pessoas portadoras de necessidade especiais. No 
campo dos direitos individuais e sociais de absoluta prioridade, o juiz não se 
deve impressionar nem se sensibilizar com alegações de conveniência e 
oportunidade trazidas pelo administrador relapso. A ser diferente, estaria o 
Judiciário a fazer juízo de valor ou político em esfera na qual o legislador não 
lhe deixou outra possibilidade de decidir que não seja a de exigir o imediato e 
cabal cumprimento dos deveres, completamente vinculados, da Administração 
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Pública. Se um direito é qualificado pelo legislador como de absoluta prioridade, 
deixa de integrar o universo de incidência da reserva do possível, já que a sua 
possibilidade é, preambular e obrigatoriamente, fixada pela Constituição ou pela 
lei. Ademais, tratando-se de direito essencial, incluso no conceito de mínimo 
existencial, inexistirá empecilho jurídico para que o Judiciário estabeleça a 
inclusão de determinada política pública nos planos orçamentários do ente 
político, principalmente quando não houver comprovação objetiva da 
incapacidade econômico-financeira da pessoa estatal. (Informativo n. 592) 
_________________________________________________________ 
DIREITO ADMINISTRATIVO. REDUÇÃO DA DURAÇÃO MÁXIMA DE 
JORNADA DE TRABALHO DE SERVIDORES DA UNIÃO QUE OPERAM 
DIRETAMENTE COM RAIOS X. 
 
Independentemente da categoria profissional, todos os servidores da 
União, civis e militares, e os empregados de entidades paraestatais de 
natureza autárquica que operam, de forma habitual, diretamente com 
raios X e substâncias radioativas, próximo às fontes de irradiação, têm 
o direito à redução da duração máxima da jornada de trabalho de 40 
para 24 horas semanais prevista no art. 1º da Lei n. 1.234/1950. 
Nos termos do art. 19, caput, da Lei n. 8.112/1990, os servidores públicos 
cumprirão jornada de trabalho de duração máxima de 40 horas semanais. 
Contudo, o seu § 2º excepciona a adoção de jornada laboral diferenciada para 
os servidores públicossubmetidos à legislação especial. 
Nesse passo, o art. 1º da Lei n. 1.234/1950 estabelece que os servidores da 
União, civis e militares, e os empregados de entidades paraestatais de natureza 
autárquica que operam diretamente com raios X e substâncias radioativas, 
próximo às fontes de irradiação, terão direito a regime máximo de vinte e 
quatro horas semanais de trabalho. A mens legis é no sentido da proteção da 
saúde desses servidores, independentemente da qualificação profissional. AgInt 
no REsp 1.569.119-SP, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 7/4/2016, DJe 
15/4/2016 (Informativo n. 581). 
_________________________________________________________ 
DIREITO ADMINISTRATIVO. INADMISSIBILIDADE DE ACUMULAÇÃO DE 
CARGOS PÚBLICOS CUJAS JORNADAS SOMEM MAIS DE SESSENTA 
HORAS SEMANAIS. 
É vedada a acumulação de um cargo de professor com outro técnico ou 
científico quando a jornada de trabalho semanal ultrapassar o limite 
máximo de sessenta horas semanais. A Primeira Seção do STJ 
reconheceu a impossibilidade de cumulação de cargos de profissionais 
da área de saúde quando a jornada de trabalho superar sessenta horas 
semanais. 
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Isso porque, apesar de a CF permitir a acumulação de dois cargos públicos 
privativos de profissionais de saúde, deve haver, além da compatibilidade de 
horários, observância ao princípio constitucional da eficiência, o que significa 
que o servidor deve gozar de boas condições físicas e mentais para exercer 
suas atribuições (MS 19.300-DF, DJe 18/12/2014). 
Nessa ordem de ideias, não é possível a acumulação de dois cargos públicos 
quando a jornada de trabalho semanal ultrapassar o limite máximo de sessenta 
horas. REsp 1.565.429-SE, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 
24/11/2015, DJe 4/2/2016 (Informativo n. 576). 
_________________________________________________________ 
 
DIREITO ADMINISTRATIVO. MONITORAMENTO DE E-MAIL 
CORPORATIVO DE SERVIDOR PÚBLICO. 
As informações obtidas por monitoramento de e-mail corporativo de 
servidor público não configuram prova ilícita quando atinentes a 
aspectos não pessoais e de interesse da Administração Pública e da 
própria coletividade, sobretudo quando exista, nas disposições 
normativas acerca do seu uso, expressa menção da sua destinação 
somente para assuntos e matérias afetas ao serviço, bem como 
advertência sobre monitoramento e acesso ao conteúdo das 
comunicações dos usuários para cumprir disposições legais ou instruir 
procedimento administrativo. 
 No que diz respeito à quebra do sigilo das comunicações telemáticas, saliente-
se que os dados são objeto de proteção jurídica. A quebra do sigilo de dados 
telemáticos é vista como medida extrema, pois restritiva de direitos 
consagrados no art. 5º, X e XII, da CF e nos arts. 11 e 21 do CC. Não obstante, 
a intimidade e a privacidade das pessoas, protegidas no que diz respeito aos 
dados já transmitidos, não constituem direitos absolutos, podendo sofrer 
restrições, assim como quaisquer outros direitos fundamentais, os quais, 
embora formalmente ilimitados – isto é, desprovidos de reserva –, podem ser 
restringidos caso isso se revele imprescindível à garantia de outros direitos 
constitucionais. No caso, não há de se falar em indevida violação de dados 
telemáticos, tendo em vista o uso de e-mail corporativo para cometimento de 
ilícitos. A reserva da intimidade, no âmbito laboral, público ou privado, limita-se 
às informações familiares, da vida privada, política, religiosa e sindical, não 
servindo para acobertar ilícitos. Ressalte-se que, no âmbito do TST, a temática 
já foi inúmeras vezes enfrentada (TST, RR 613/2000-013-10-0, DJe 
10/6/2005). RMS 48.665-SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 15/9/2015, 
DJe 5/2/2016 (Informativo n. 576). 
_________________________________________________________ 
DIREITO ADMINISTRATIVO. POSSE EM CARGO PÚBLICO POR MENOR 
DE IDADE. 
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Ainda que o requisito da idade mínima de 18 anos conste em lei e no 
edital de concurso público, é possível que o candidato menor de idade 
aprovado no concurso tome posse no cargo de auxiliar de biblioteca no 
caso em que ele, possuindo 17 anos e 10 meses na data da sua posse, 
já havia sido emancipado voluntariamente por seus pais há 4 meses. 
De fato, o STF consolidou sua jurisprudência quanto à constitucionalidade de 
limites etários na Súmula n. 683, segundo a qual “O limite de idade para a 
inscrição em concurso público só se legitima em face do art. 7º, XXX, da 
Constituição, quando possa ser justificado pela natureza das atribuições do 
cargo a ser preenchido”. 
No caso em análise, o requisito da idade mínima de 18 anos deve ser 
flexibilizado pela natureza das atribuições do cargo de auxiliar de biblioteca, 
tendo em vista que a atividade desse cargo é plenamente compatível com a 
idade de 17 anos e 10 meses do candidato que já havia sido emancipado 
voluntariamente por seus pais há 4 meses. Além disso, o art. 5º, parágrafo 
único, do CC, ao dispor sobre as hipóteses de cessação da incapacidade para os 
menores de 18 anos – entre elas, a emancipação voluntária concedida pelos 
pais (caso em análise) e o exercício de emprego público efetivo –, permite o 
acesso do menor de 18 anos ao emprego público efetivo. REsp 1.462.659-RS, 
Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 1º/12/2015, DJe 4/2/2016 
(Informativo n. 576). 
 
________________________________________________________ 
DIREITO ADMINISTRATIVO. FIXAÇÃO DE LIMITAÇÃO TEMPORAL PARA 
O RECEBIMENTO DE NOVA AJUDA DE CUSTO. RECURSO REPETITIVO 
(ART. 543-C DO CPC E RES. 8/2008-STJ). TEMA 538. 
A fixação de limitação temporal para o recebimento da indenização 
prevista no art. 51, I, da Lei 8.112/1990, por meio de normas 
infralegais, não ofende o princípio da legalidade. 
De fato, o art. 51, I, da Lei 8.112/1990 estabelece que constitui indenização ao 
servidor a “ajuda de custo”. Além disso, o art. 56 desse mesmo diploma legal 
determina, no seu caput, que “Será concedida ajuda de custo àquele que, não 
sendo servidor da União, for nomeado para cargo em comissão, com mudança 
de domicílio” e, no seu parágrafo único, prescreve: “No afastamento previsto no 
inciso I do art. 93, a ajuda de custo será paga pelo órgão cessionário, quando 
cabível”. 
Realmente, há normas infralegais que impõem limite temporal para o 
recebimento de nova ajuda de custo. Nesse ponto, pode-se pensar que, se a Lei 
8.112/1990 não estabeleceu limite temporal para a concessão da “ajuda de 
custo”, o legislador administrativo não pode fazê-lo. Esse pensamento, todavia, 
não deve prevalecer. O art. 52 da Lei 8.112/1990 determina de forma expressa 
que os critérios para a concessão da ajuda de custo sejam regulamentados por 
norma infralegal: “Os valores das indenizações estabelecidas nos incisos I a III 
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do art. 51, assim como as condições para a sua concessão, serão estabelecidos 
em regulamento”. Nesse contexto, ao estabelecer o termo “condições” – que o 
vernáculo entende, entre outros sentidos, como antecedente necessário –, a Lei 
8.112/1990 permitiu restrições/limitações que nada mais são que requisitos 
que qualificam o servidor para o recebimento da indenização. Aliás, a despeito 
das alterações legislativas ocorridas neste artigo, os valores e as condições para 
a concessão da ajuda de custo sempre foram fixados em regulamento, na 
medida em que a Lei atribuiu benefícios, mas nunca estabeleceu a possibilidade 
de

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