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AET Camarareira em Hotel

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Levantamento dos riscos ergonômicos em camareiras de um hotel em São José dos Campos
Carolina Sandes Bueno
São José dos Campos – SP 2012
 (
CENTRO DE ESTUDOS FIRVAL
)
Levantamento dos riscos ergonômicos em camareiras de um hotel em São José dos Campos
Carolina Sandes Bueno
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Centro de Estudos Firval, como exigência parcial para obtenção do título de Especialista em Fisioterapia do Trabalho.
Orientadora: Drª. Joice Lamin Teodolino
São José dos Campos – SP 2012
 (
Campos
/Carolina
Sandes
Bueno
–
São
José
dos
Campos
 
, 
2012
90p.
Registro nº
1 - Riscos Ergonômicos . 2 – Camareiras.
dos
José
um
hotel
em
São
camareiras
de
em
Bueno, Carolina Sandes
Levantamento
dos
riscos
ergonômicos
encontrados
)
FOLHA DE APROVAÇÃO
A monografia
........................................................................................................................................
........................................................................................................................................
Elaborada por
........................................................................................................................................
Orientada por
.......................................................................................................................................
(	) aprovada	(	) reprovada
pelos membros da banca examinadora da Faculdade de Educação, Ciência e Tecnologia - Unisaúde/Cefirval, com conceito.......................
São José dos Campos, 20 de janeiro de 2012.
Nome:....................................................................................................................
Titulação:...............................................................................................................
Assinatura:.............................................................................................................
Nome:....................................................................................................................
Titulação:..............................................................................................................
Assinatura:.............................................................................................................
Agra deço es te tr abal ho pr imeiram ente a o Cria dor de todas as cois as e criaturas, pe la sua Sabedoria por fazer do ser huma no a mel hor de s uas criações dando a ele o poder do conhecime nto e assim usar da sua inteli gência em prol de um bem maior, o be m do próxim o. O De us ao qual eu sir vo, adoro e em quem eu deposi to toda a minha confiança. À m inha fa mília pela confiança, a poi o e dedicaçã o. À mi nha am iga e orientadora J oice Lami n por fazer par te de mais e sta etapa rumo ao s ucesso, à minha c unha da Mic hele pela ajuda na traduçã o dos textos em inglês e em es pecia l às duas preciosi dades que Deus na plenitude do seu a mor por mi m, me pres enteou, pr imeir o com meu noi vo P aul o (obriga da por m e ajudar a ser a melhor pess oa que posso ser ), e a tr a vés dele me per miti u vi ver a mel hor experiência da mi nha vi da, ser a mãe do Da vi . Obri gada filho por enc her a minha vi da de luz, a Luz do Senhor que bril ha a tra vé s de você e i lum ina todos nós. Amo vocês .
Dedico es te tra balho ao amor m aior e mais pur o que já conheci, meu filho Da vi, me u futur o espos o Paul o P erretti, por todo o carinho des pre ndido e incenti vo ao meu crescimento pess oal e profissional, a minha amiga e orie ntadora, Joice La min por faze r deste trabal ho a concre tização e o iníci o da real ização de um sonho e por fim, mas nã o menos impor tante, me us pais Maria e Edmir por me darem a vida a tra vés do mila gre de Deus, pela paciência e apoio durante toda esta jorna da.
“ Cada sonho que você deixa para trás é um pedaço do seu
futuro que deixa de existir”
Steve Jobs
 (
Epígrafe
)
Este trabalho estudou o apontamento dos principais riscos ergonômicos aos quais estão expostas camareiras de um hotel localizado na cidade de São José dos Campos. Os levantamentos foram baseados na NR-17, classificação dos Riscos Ergonômicos pela aplicação de questionário de avaliação psicofisiológica do trabalho e questionário bipolar a fim de confrontar os dados obtidos com as evidencias fotográficas. Enfatizou-se para a análise, os movimentos de maior frequência e desconforto, posturas incorretas, bem como a utilização correta ou não de EPI´s e ferramentas de trabalho, suas consequências e custos humanos. A pesquisa revelou que dentre as 18 camareiras entrevistadas, 90% queixaram-se de dores no ombro direito durante a lavagem do box dos banheiros e lombar ao trocar as roupas de cama e lavar a sacada, 70% nas mãos e punhos devido ao sistema de burrifação e a pega do carrinho. Conclui-se desta forma que através do parecer ergonômico e de algumas modificações que podem ser incorporadas à organização do trabalho, como adaptações simples e treinamentos periódicos os riscos ergonômicos podem ser neutralizados, oferecendo maior qualidade de serviço e preservação à integridade física e econômica tanto da empresa quanto das funcionárias.
Palavras chave: Riscos ergonômicos. Camareiras.
 (
RESUMO
)
Thispaper studies the pointingof the mainergonomic hazards hotel waitress are exposed to in a hotel located in São José dos Campos. The surveys were based on NR-17, classification of Ergonomic Risk, a questionnaire evaluation of the psychophysiological work and bipolar questionnaire to compare the data obtained with the photographic evidence.It was emphasized in the analysis, the movements of greater frequency and discomfort, poor posture, and the use correct or not EPI's tools, its consequences and human costs. The survey revealed that among the 18 maids interviewed, 90% complained of pain in his right shoulder during the cleaning of the Box back to the toilets and changing the bed linen and wash bay, 70% in the hands and wrists due to washing system and takes the stand. The conclusion is thus that by the opinion and some ergonomic changes that can be incorporated into the organization of work, as simple and periodic training adaptations ergonomic risks can be neutralized by offering higher quality service and preserving the integrity of both the physical and economic company and the employees.
Key Words: Ergonomic risk. Waitress
 (
ABSTRACT
)
 (
Sumário
)
Introdução	8
Justificativa	16
Objetivos	18
Hipóteses	20
Revisão de Literatura	21
Patologias Inflamatórias	3 9
Patologias Compressivas Nervosas	44
Outras Patologias	4 7
Quadro Clínico e Estágios Evolutivos	51
Papel da Fisioterapia nas Empresas	5 4
Análise Ergonômica do Trabalho	5 6
Metodologia	5 8
Dados gerais sobre o Hotel e sua população de trabalho.5 9 14 Organização do Trabalho	60
Resultados	6 4
Discussão	6 9
Conclusão e Parecer Ergonômico	72
Referências bibliográficas	7 6
Anexos	81
ANEXO	A - Tabela de Classificação dos Riscos Ergonomicos	81
ANEXO B - Questionário de Avaliação Psicofisiológica do Trabalho	84
ANEXO C – Norma Regulamentadora NR17	8 7
ANEXO D – Questionário Bipolar.	94
1 Introdução
A empresa hoteleira tem o seu desempenho fundamentado no contingente de funcionários que operacionalizam as suas atividades produtivas, uma vez que como qualquer outra organização prestadora de serviços, a sua eficácia está relacionada aos cuidados e diferenciais dispensados a sua clientela. Assim, o processo de acolhida e o tratamento concedido aos hóspedes durante a sua estadia são fundamentais para a construção da imagem desse tipo de empreendimento, pois é muito comum que a cordialidade dispensada aos clientes, bem como o empenho e dedicação dos funcionários na realização das suas atividades e tarefas, consigam superar possíveis deficiências que venhama ser apresentada pelo estabelecimento.
Contudo, em qualquer organização a eficiência dos colaboradores no cumprimento das suas ações cotidianas resulta de vários aspectos, dentre os quais se destaca a instituição de um ambiente de trabalho em que a integridade física dos funcionários esteja preservada devido à presença de segurança e salubridade, possibilitando proteção contra os riscos que possam culminar em acidentes trabalhistas ou doenças ocupacionais. Assim, ao proporcionarem o bem-estar funcional, questões como segurança, higiene e salubridade relacionam-se ao que comumente é entendido por Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) e se constituem em subsídios que propiciam o reforço do moral dos trabalhadores (FERNANDES, 1996). Não obstante, qualquer acepção sobre qualidade de vida funcional traz consigo a análise das condições ambientais e físicas de execução dos cargos, assim
 (
10
)
como , o levantamento dos riscos aos quais estes trabalhadores estão expostos e qual a frequência desta exposição, uma vez que as mesmas são consideradas como determinantes para a obtenção de um nível satisfatório ou ótimo percebido pelos trabalhadores em relação à QVT.
Durante a pesquisa, foi observado que na América e em países da Europa, os profissionais da limpeza têm sido pouco estudados, apesar dos diversos problemas de saúde, absenteísmo e insatisfação no trabalho. Identificados no Canadá, na área de Quebec, o pessoal de manutenção sanitária sofre um número de doenças superior à média do conjunto do setor de saúde, na sua maior parte, são lesões que afetam as costas e os membros superiores (ALVAREZ, 2003).
Nas últimas décadas com o crescimento das pesquisas sobre o sofrimento humano no trabalho, e a necessidade de responder ao crescente avanço dos problemas de saúde do trabalhador, em especial os trabalhos de natureza física, criou-se um campo fértil para o desenvolvimento de teorias, conceitos e métodos de investigação nesta área (Alves, 2005).
O estilo de vida moderna da população, impondo cada vez mais atividades especializadas e limitadas, provoca sobrecargas estruturais no corpo humano. A alta incidência de problemas posturais em adultos relaciona-se com a tendência para esse padrão de atividade, especializado ou repetitivo, aliado ao sedentarismo e vícios posturais carregados desde a infância (KENDALL, 1995).
A literatura aponta um número crescente de trabalhadores das mais diversas áreas profissionais, cuja atividade laboral implica em exigências do sistema musculoesquelético, com movimentos repetitivos de membros superiores de tronco, manutenção de posturas estáticas e dinâmicas por tempo prolongado, e movimentos de sobrecarga para a coluna vertebral podendo apresentar comprometimentos
dolorosos nesta estrutura. Dentre estes se incluem pedreiros, carpinteiros, fisioterapeutas, dentistas, camareiras, faxineiras, secretárias dentre outras ocupações.
As lesões ou comprometimentos dolorosos que acometem os trabalhadores são denominadas doenças ocupacionais. Em todo o mundo, a incidência desses distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho, vem crescendo nas últimas décadas. No Brasil, foi reconhecido como tal na década de 1980, que ficou conhecido como lesões por esforços repetitivos (LER).
Os distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT), podem ser descritos como um conjunto de sintomas ou patologias que atingem o aparelho musculoesquelético.
Apesar do reconhecimento das doenças do trabalho, nos setores de indústria e de serviços, os distúrbios osteomusculares vêm apresentando um crescimento progressivo nas estatísticas oficiais dos serviços de saúde dos trabalhadores, estas são as doenças do trabalho mais registradas junto à Previdência Social (ROCHA & FERREIRA JUNIOR, 2002).
Considera-se como distúrbio osteomuscular relacionado ao trabalho, qualquer alteração que seguramente esteja relacionada ao trabalho, que pode acometer músculos, tendões, estruturas sinoviais, articulações, vasos e nervos, independente do segmento afetado, sendo que a etiologia deste conjunto de afecções é complexa e abrange causas multifatoriais.
Rocha & Ferreira Junior (2002), afirmam que do ponto de vista conceitual, os mecanismos de lesão nos distúrbios osteomusculares, correspondem a um
acúmulo de influências que ultrapassam a capacidade de adaptação do sistema músculoesquelético, mesmo que a função esteja parcialmente mantida.
São várias as hipóteses que tentam explicar a fisiopatologia dos diferentes quadros clínicos destes distúrbios.
Didaticamente os fatores de riscos ocupacionais, associados ao aparecimento dos distúrbios osteomusculares, podem estar diretamente relacionados a fatores biomecânicos (ambiente físico, equipamento e mobiliário do posto de trabalho, que são os principais agentes influenciadores da postura), fatores organizacionais (forma de organização do trabalho), e fatores psicossociais (ambiente psíquico, social e de relação no trabalho) (ALVES, 2005).
Segundo Couto (1995), a incidência de distúrbios osteomusculares está diretamente relacionada a fatores biomecânicos, fatores organizacionais, pressão sobre os trabalhadores (carga de trabalho) e mecanismos de regulação.
Para Smith, Weiss e Lehmkuhl (1997), os fatores pessoais também aumentam a suscetibilidade aos distúrbios osteomusculares. Isso inclui, mas não se limita, ao condicionamento físico, as doenças (tais como artrite, diabetes e gota), aos danos músculoesquelético anteriores, aos túneis do carpo mais estreito, ao sexo e ao uso de certos tratamentos com hormônio como estrogênio. Além disso, algumas pessoas são mais propensas a esse tipo de problema devido à sua personalidade, tipo físico e ao seu comportamento na execução do seu trabalho.
Para OLIVEIRA (2006), o número de empresas e instituições, que se preocupam realmente em oferecer a seus colaboradores condições ideais de trabalho, não se preocupando com o investimento inicial, mas apenas com o que elas poderão representar de economia para a empresa, ainda é escasso, dado ao
imenso patamar industrial e institucional que abriga o país, nos dias de hoje. Independentemente deste fato, alguns trabalhos científicos, mostram que as organizações têm, atualmente, gastos elevados com problemas ligados à saúde e à segurança do trabalhador. A maior parte destes gastos está ligada ao aumento do índice de absenteísmo devido às doenças do sistema musculoesquelético, que atinge um número considerável da população operária dentre os quais, destaca-se a LER/DORT que hoje, tornou-se uma das grandes vilãs do cenário econômico industrial. Segundo alguns autores, a LER/DORT, possui dados estatísticos e epidemiológicos preocupantes. Vale ressaltar ainda que as mesmas podem e devem ser não só tratadas como prevenidas, para tanto, faz-se obrigatória à orientação de profissionais capacitados, dentre os quais, cresce a procura dos serviços prestados pela Fisioterapia, mais especificamente a Fisioterapia do Trabalho, por apresentar maior aptidão em exercer uma abordagem específica e diferenciada, assim como domínio que exerce sobre a Ergonomia (ALVES, 2002).
Uma das alternativas que esta recente área da Fisioterapia oferece para as empresas que investem ou que de certa forma, carecem de investir na qualidade de vida de seus colaboradores, é a Análise Ergonômica do Trabalho (AET). Um método científico proveniente do contexto de Ergonomia que visa abordar, identificar e solucionar de maneira certamente eficaz, problemáticas do âmbito econômico, produtivo e até mesmo judicial, comumente existentes no âmbito empresarial.
Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), os países arcam com custos médios equivalentes a 4 % de seus PIB a cada ano, em decorrência de acidentes, tratamento de doenças, lesões e incapacidade relacionada ao trabalho (ANDRADE, 2000).
Partindo deste pressuposto, parece evidente que as empresas terão de se preocupar com programa de prevenção de doenças ocupacionais. Com base neste fato, Andrade (1998) relata que aproximadamente 60% dos afastamentos dos trabalhadoressão decorrência de LER/DORT, o que as torna, portanto, uma preocupação por parte dos funcionário e um desafio para as empresas.
A problemática dos DORT enfoca o fato destes serem considerados em um grande problema da saúde pública em muitos dos países industrializados (DECRETO-LEI Nº 2.172, INSS, 1997).
Os prejuízos para as organizações decorrentes dos DORT atingem diversas áreas, tanto no que se refere à redução da produtividade quanto ao aumento de custos pelo alto absenteísmo médico, pela necessidade de retreinamento, pelo aumento do custo de produção, por altos valores despendidos no tratamento médico do acometido, por afastamentos prolongados, por despesas com processos de reintegração ao trabalho e por processos indenizatórios de responsabilidade civil dentre outros (COUTO et al., 1998).
A meta principal da ergonomia contemporânea é a humanização do trabalho, podendo ser obtida com adaptação das condições laborais de acordo com as características psicofisiológicas dos trabalhadores, tornando possível um desempenho eficiente na atividade a ser executada. Para atingir esse objetivo, a ergonomia baseia-se em conhecimentos que envolvem a anatomia, a fisiologia, a biomecânica, a antropometria, a psicologia, a sociologia, a engenharia, o desenho industrial, a informática, e a administração (FEDERIGHI, 1998).
A eficácia de uma intervenção ergonômica depende de sua capacidade de controlar ou amenizar os fatores de risco das lesões/distúrbios músculoesquelético (COURY; RODGHER apud BARBOSA et al., 2000, p. 84).
Federighi (1998) ressalta que medidas ergonômicas não podem ser adotadas partindo da premissa de que as mesmas seriam genericamente uma "receita", pois cada sistema de trabalho poderá ter uma situação única merecedora de uma atenção especial, sendo de grande valia que o profissional utilize seu bom senso nestas situações.
Na realidade atual, com as relações de produção cada vez mais complexas, considerando-se o processo de reestruturação produtiva que privilegia as leis do mercado em detrimento do ser humano como referência histórica e ontológica (CORTAZZO 1985), a saúde no trabalho passa a ser alvo de constantes negociações entre o capital e a força de trabalho em um contexto onde convivem abordagens conflitantes, tais como o discurso empresarial relativo à promoção à saúde e práticas de arrocho salarial, programas de demissão voluntária e exigências progressivas quanto ao aumento da produção com menor contingente de executores.
A noção de bem estar preconizada no discurso da empresa considera as percepções do sujeito trabalhador, mas a prática produzida, por se desenvolverem dentro de uma realidade sujeita aos ditames do mercado e exigências de produção, resultam em intervenções que se distanciam do conceito preconizado, por não haver uma reflexão inicial sobre a realidade onde essas práticas serão operacionalizadas e sobre os sujeitos a quem se destinam.
A participação do trabalhador é, na maioria das vezes, negligenciada, sendo solicitada apenas no momento das enquetes, entrevistas e depoimentos sobre o processo de trabalho, como parte da coleta de dados nas investigações necessárias para emissão de laudos periciais, ficando o diagnóstico, sua validação e implementação das mudanças a cargo dos especialistas e consultores externos e internos da empresa e dos próprios gestores de saúde, o que evidencia a separação entre “os que fazem” e “os que sabem”.
Num contexto assim delineado, o trabalhador, ele mesmo, é a mercadoria e sua saúde um custo, não um direito. Quanto à monetarização da saúde, esta se evidencia com a mudança do enfoque transformador, pressuposto e alicerce teórico da Ergonomia (MONTMOLIN, 1990; WISNER 1999; GUERÍN, 2001), para o da
compensação monetária com adicionais de insalubridade e periculosidade, priorizados antes de uma verificação das possibilidades de mudanças e adequações no ambiente de trabalho após uma análise do trabalho.
2 Justificativa
São muitos os trabalhadores que, afastados de suas atividades, necessitaram tratamento médico, psicológico e fisioterápico, muitas vezes sem uma solução definitiva para os seus problemas, devido à gravidade e complexidade do seu comprometimento, em consequência das cargas de trabalho.
A incidência de lesões musculoesqueléticas é frequente em diversos setores ocupacionais como o da limpeza, principalmente porque existem esforços físicos, ritmos de trabalho intensos, posturas inadequadas, levantamento de cargas, repetições de movimentos com acentuada velocidade, inclinações e torções do tronco (ALENCAR, 2001).
A escolha do presente tema foi devido ao grande número de funcionárias do setor de governança de um hotel em São José dos Campos, que procurou a fisioterapeuta responsável pelo Programa de Prevenção às Doenças do Trabalho, com queixas de dores, onde uma delas se encontrava afastada por motivo de doença adquirida no trabalho e algumas outras estavam em processo de reabilitação ou prevenção com a fisioterapeuta. Os índices de falta ao trabalho por motivo de doença e atestados médicos eram em média a cada quinze dias, sendo o motivo na maioria das vezes lombálgica, seguido de dores nos ombros e braços em menor proporção. Este problema se agravava quando faltava uma ou mais funcionárias no setor, ocorrendo uma sobrecarga de trabalho nas demais, por substituir a atividade da outra, aumentando posteriormente, com isto, o número de faltas.
Em função destes dados, observou-se a necessidade de abordar e levantar os principais riscos ergonômicos aos quais estavam expostas durante a atividade laboral, seguidos do parecer ergonômico e sugestões de melhorias para cada item questionado. Para que a partir deste documento, a fisioterapeuta juntamente com a gerência do setor e o departamento financeiro pudessem estudar o caso e iniciar a implantação e o gerenciamento destas melhorias.
3 Objetivos
3.1 Objetivo geral
Apontar os principais aspectos ergonômicos relacionados às condições de trabalho das camareiras do hotel, relacionando-os com os possíveis custos humanos originados de seus impactos. A partir destas informações, propor melhorias a fim de eliminar e ou reduzir os riscos encontrados, oferecendo assim melhores condições de trabalho e diminuição do índice de absenteísmo e queixas álgicas do setor de governança.
3.2 Objetivos específicos
i. Analisar ergonomicamente as atividades e fatores que influenciam nas cargas de trabalho no setor de limpeza;
ii. Analisar nas camareiras a influência do sobrepeso no acometimento das dores lombares;
iii. Investigar se as condições ambientais de trabalho interferem nas atividades das camareiras;
iv. Identificar as posturas realizadas no trabalho para averiguar a existência de possíveis situações de riscos assumidas durante as atividades de limpeza;
v. Verificar a existência de possíveis cargas psíquicas que influenciam no surgimento das lombalgias;
vi. Caracterizar o perfil socioeconômico das faxineiras;
vii. Verificar a associação entre dores lombares e indicadores de cargas de trabalho nas funcionárias do setor de limpeza.
4 Hipóteses
Hipótese i – Falta de treinamento relacionados à função, manuseio
correto dos equipamentos de limpeza, posturas atenuantes a serem adotadas e implementação de um programa preventivo como a Cinesioterapia Laboral;
Hipótese ii – Dificuldade de compreensão e conscientização por parte das
camareiras durante os treinamentos relacionados tanto à função quanto ao manuseio correto dos equipamentos de trabalho e posturas adotadas;
Hipótese	iii	–	Sobrecarga	no	trabalho	consequente	da	falta	ou
afastamento de algumas funcionárias do setor, pré dispõe ao desconforto e ou fadiga física;
Hipótese iv – equipamentos não ergonomicamente adaptados que não
oferecem pegas e manuseios corretos que livrem as compressões e sobrecargas músculotendinosas.
5 Revisão de literatura
5. Ergonomia
5.1. Definição
Derivada do grego - “ergon”, que significa trabalho e “nomos”, que significa normas, leis naturais, a ergonomia trata-sede um neologismo criado pelo polonês
W. Jastrzebowski em 1857, em "Ensaios de ergonomia ou ciência do trabalho". O termo foi adotado em 1949 na fundação da Ergonomic Research Society, na Inglaterra (Laville, 1993), onde a mesma definiu Ergonomia com sendo o estudo do relacionamento entre o homem e seu trabalho, equipamento e ambiente e, particularmente, a aplicação dos conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia na solução dos problemas surgidos desse relacionamento.
Para Wisner (1999), Ergonomia é o conjunto dos conhecimentos científicos relacionados ao homem e necessários à concepção de instrumentos, máquinas e dispositivos que possam ser utilizados com o máximo de conforto, segurança e eficiência.
A Associação Brasileira de Ergonomia (ABERGO) define em seus estatutos:
Entende-se por Ergonomia o estudo das interações das pessoas com a tecnologia, a organização e o ambiente, objetivando intervenções e projetos que visem melhorar de forma integrada e não dissociada a segurança, o conforto, o bem-estar e a eficácia das atividades humanas.
5.1.2 Perspectiva Histórica
O início da história da ergonomia remonta a criação das primeiras ferramentas, quando o homem pré-histórico provavelmente escolheu uma ferramenta que melhor se adaptasse à forma e aos movimentos de sua mão.
As primeiras doenças profissionais são descritas a partir do século XVII por Ramazzini, decorrentes deste fato, no século seguinte, houve um aumento crescente pelo interesse dos problemas de climatização dos locais e também pela organização de serviços para tratamento de artesãos. Vilhermé faz estudos estatísticos sobre condições de trabalho em fábricas da França, levando a um relatório publicado em 1840 sobre os operários, que foi considerado o marco para as primeiras medidas legal de limitação da duração do trabalho.
As primeiras fábricas surgiram a partir do século XVIII com a Revolução Industrial, além de serem sujas e barulhentas, estas eram consideradas perigosas onde, a jornada de trabalho chegava a 16 horas por dia, sem direito a férias, em regime quase escravo.
Na França, no início do século XX é criado o primeiro laboratório de pesquisa sobre trabalho profissional, por Jules Amar, o que dá condições a fisiologia do trabalho de desenvolver-se. Amar fornece as bases da ergonomia do trabalho físico, estudando os diferentes tipos de contração muscular (dinâmica e estática) e seu livro O motor humano publicado em 1914 é considerado por alguns como a primeira obra da ergonomia.
Durante a I Guerra Mundial (1914-1917) foi criada a Comissão de Saúde dos Trabalhadores na Indústria de Munições em 1915, que ao término da guerra, transformou-se no Instituto de Pesquisa da Fadiga Industrial onde foram realizadas
várias pesquisas sobre o tema. Mais tarde esse instituto foi transformado no Instituto de Pesquisa sobre Saúde no Trabalho.
Na II Guerra Mundial. Especialistas de diferentes áreas (psicologia, medicina, engenharia) foram convocados para adaptar instrumentos bélicos às características dos soldados e às exigências das tarefas, tendo em vista as condições fortemente desfavoráveis e perigosas em que atuavam. Nesse contexto, uma das principais contribuições da ergonomia foi projetar cockpits dos aviões de caça da força aérea britânica, adaptando-os para tornar a atividade dos pilotos mais confortável, segura e eficaz. Dos cockpits às cadeiras e bancadas das fábricas, foi um passo (Iida, 1990; Moraes & Mont'alvão, 1998).
Essa sucessão de fatos culminou com a primeira reunião de um grupo de cientistas e pesquisadores em discutir e formalizar a existência desse novo ramo de aplicação interdisciplinar da ciência, que aconteceu em 12 de julho de 1949, considerada por alguns como a data “oficial” do Nascimento da Ergonomia. Porém, a ergonomia teve sua expansão mundial na década e 50 a partir da fundação da Ergonomics Research Society, na Inglaterra.
O primeiro Congresso da Associação Internacional de Ergonomia (IEA) foi realizado no ano de 1961 em Estocolmo.
No Brasil a Associação Brasileira de Ergonomia a ABERGO, foi fundada em 1983 e também é filiada a IEA (DUL & WEERDMEESTER, 1998).
Alguns conhecimentos em ergonomia foram convertidos em normas oficiais, com o objetivo de estimular a aplicação dos mesmos. No Brasil a norma regulamentadora NR17 – Ergonomia, Portaria nº 3.214, de 08.06.78 do Ministério do
Trabalho, modificada pela portaria nº 3.751 de 23.11.1990 do Ministério do Trabalho, dispõe sobre o assunto (DUL & WEERDMEESTER, 1998).
Em linhas gerais, poderíamos delimitar a evolução em quatro momentos específicos:
i. Publicação da Consolidação das Leis do Trabalho em 1943;
ii. Elaboração da Portaria Nº 3.214 em 1678 que instituiu as Normas Regulamentadoras de Segurança e Medicina do Trabalho;
iii. Estabelecimento da Portaria Nº 3.751 de 1990 que deu nova redação à
NR 17;
iv. Determinação do Departamento de Segurança e Saúde no Trabalho em 2000 de ampliar e intensificar a fiscalização em Ergonomia em todo o Brasil.
A seguir serão especificados cada item acima relacionados: i Elaboração da Consolidação das Leis de Trabalho (CLT):
As relações de trabalho no Brasil se desenvolvem dentro de um sistema complexo, com a atuação de diferentes instituições, cada qual com suas atribuições definidas pela legislação.
O Ministério do Trabalho e Emprego é o órgão federal responsável pela fiscalização do cumprimento dos direitos trabalhistas.
No início deste século, somente o movimento sindical no Brasil atuava na busca pela redução da jornada de trabalho e dos acidentes de trabalho, o Estado passou a intervir diretamente nas relações do trabalho no ano de 1930. As relações de trabalho até hoje estão disciplinadas pela Consolidação das Leis de Trabalho de 1943, tendo como característica a transformação dos sindicatos em entidades de
direito público, com o objetivo de cooperar com o Estado. No mesmo ano, surge uma legislação específica sobre segurança e medicina do trabalho que incorpora os artigos relacionados à prevenção de fadiga, definindo o peso máximo que o empregado pode remover individualmente entre outros. (BRASIL. Decreto Lei Nº5.452 de 1º de maio de1943).
ii Publicação da Portaria Nº 3.214
No início da década de 70, o Brasil apresentou uma das mais altas taxas de acidentes do trabalho do mundo. Aproximadamente 20% da população trabalhadora foram vítimas de acidentes de trabalho, mais precisamente foram registrados 1.330.523 casos para uma população de 7,6 milhões de trabalhadores.
Em função desta estimativa, o Governo instituiu a criação de cursos de medicina do trabalho e engenharia de segurança, permitindo assim a ampliação dos Serviços de Medicina e Segurança das Empresas, o SESMT a partir de 1972.
Em 1978, foram publicadas as normas Regulamentadoras de Segurança e Medicina do Trabalho, que totalizam 28 normas, dentre estas, está a NR 17 que trata de ergonomia e abrange quesitos relacionados a: levantamento, transporte e descarga de materiais e também dispunha sobre bancadas, mesas, escrivaninhas, painéis e assentos ajustáveis. Esta ainda representou uma ampliação dos artigos 198 e 199 da CLT que tratava da prevenção da fadiga, descrevendo aspectos do mobiliário e das áreas de trabalho e definindo para os assentos o ajuste da altura de acordo com a estatura do empregado e a natureza da função exercida. (BRASIL. Aprova as Normas Regulamentadoras. Portaria Nº3214 de 8 de unho de 1978)
iii Elaboração da Portaria Nº 3.751
Ao final da década de 70, começa a surgir o sindicalismo voltado para a autonomia dos sindicatos em relação ao Estado. A estrutura corporativa dos sindicatos vai aos poucos sendo quebrada através da conquista dos trabalhadores como a formação das Centrais Sindicais que não são estruturadas por ofício e que têm caráter nacional.
A modificação da postura do movimento sindical frente às lutas por melhores condições de saúde faz parte de uma proposta global de negociação direta, com o objetivo de diminuir o poder de controle do Estado e retirar o caráter assistencialista de sua ação.
O processode redemocratização do país aliado à ampliação de efetivo de agentes fiscais em Segurança e Saúde do Trabalho, composto por Médico do Trabalho e Engenheiro de Segurança do Trabalho, através de concurso público, pode ser considerado um avanço na construção do novo perfil de intervenção pública no ambiente de trabalho.
O enfoque da Saúde dos Trabalhadores é incorporado à NR 17, incluindo a organização do trabalho como aspecto a ser analisado na avaliação das condições de trabalho e aumentando a abrangência da Ergonomia
A ergonomia propõe um método que inclui a participação dos trabalhadores na análise das condições de trabalho e na solução dos problemas encontrados.
iv Determinação do Departamento de Segurança e Saúde do Trabalho (DSST):
Diante das rápidas transformações dos processos de trabalho, devem ser buscados instrumentos que possibilitem aos próprios trabalhadores e empregadores,
os maiores interessados, uma participação mais efetiva sobre as decisões de trabalho.
Consoante à política do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) de mudança de perfil de atuação da fiscalização, o DSST vem realizando desde 2000, cursos de qualificação dos Auditores Fiscais do Trabalho (AFT). Reconhecendo a importância da Ergonomia na transformação das situações de trabalho, a instituição está promovendo treinamento destes profissionais para possibilitar uma melhor compreensão das exigências da NR 17; enfatizando o papel da Análise Ergonômica do Trabalho, na identificação das causas e soluções dos problemas.
No ano de 2001, além do treinamento, foi elaborado um manual que detalha cada item da NR 17 para subsidiar a atuação dos AFT e dos profissionais de Segurança e Saúde do Trabalhador, e uma nota Técnica sobre o trabalho sentado e em pé.
Ao mesmo tempo, no âmbito do Ministério, foi estruturada uma comissão Nacional de Ergonomia que tem como um dos seus objetivos, orientar as ações de fiscalização da NR 17, bem como propor critérios de análise e de condutas a serem incorporadas pelos AFT quando na realização de inspeções.
5.2 LER/DORT
5.2.1 Definição:
A crescente modernização da industrialização e informatização das últimas décadas priorizando os maquinários e com isto gerando o esforço repetitivo, teve como uma das consequências as Lesões por Esforços Repetitivos, conhecidas
como LER/DORT e várias outras nomenclaturas, variáveis de acordo com o país ou continente.
A nomenclatura para designar a LER, considerando que esta representa um fenômeno mundial, varia de país para país. Assim, nos Estados Unidos é denominada de Cumulative Trauma Disorders (CTD), no Japão Ocuppational Cervicobrachial Disorders (OCD), na França Ocuppational Overuse Syndrome (OOS) e na Austrália Repetitive Strain Injury (RSI). No Brasil, além do termo LER, algumas vezes utiliza-se Lesões por Trauma Cumulativo (LTC), e mais recentemente Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT), Disfunções Musculoesqueléticas Ocupacionais (DMO) e Afecções Musculoesqueléticas Relacionadas ao Trabalho (AMERT). Porém, objetivando a unificação das nomenclaturas e a facilitação da troca de informações entre pesquisadores dos países membros, a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda o uso do termo Work Related Musculoskeletal Disorders (WRMD), termo esse que em 1998 foi adotado pelo Brasil de acordo com a Norma Regulamentadora do Sistema Único de Saúde, sendo traduzido como Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT) (DELIBERATO, 2002).
Oliveira (1998) utiliza o termo LER justificando que este é mundialmente reconhecido, usado com frequência em publicações científicas e aceito como característica de um grupo de alterações osteomusculares relacionadas ao trabalho, sendo usado no Brasil desde que se iniciaram os estudos sobre o tema. E ainda completa: “... é, portanto, termo com embasamento histórico e que não é melhor nem pior que qualquer outro, já tendo a vantagem de ser amplamente divulgado.” (OLIVEIRA, 1998).
A sigla DORT é um termo coletivo que traduz quadros clínicos de origem ocupacional, consequentes de distúrbios funcionais ou orgânicos resultantes de fadiga localizada e afecções de músculos, tendões, ligamentos, fáscias, sinóvias e nervos, de forma isolada ou associada (LANDGRAF et al., 2002). A DORT constitui doenças ocupacionais que estão relacionadas a lesões por traumas cumulativas, que tem como resultado uma descompensação entre capacidade de movimentação da musculatura e a execução de esforços rápidos e constantes.
Os prejuízos para as organizações decorrentes dos DORT, atingem diversas áreas, tanto no que se refere à redução da produtividade quanto ao aumento de custos pelo alto absenteísmo médico, pela necessidade de retreinamento, pelo aumento do custo de produção, por altos valores despendidos no tratamento médico do acometido, por afastamentos prolongados, por despesas com processos de reintegração ao trabalho e por processos indenizatórios de responsabilidade civil dentre outros (COUTO et al., 1998).
O termo DORT tem sido preferido por evitar o diagnóstico “prévio” e ser mais abrangente, exigindo a relação com o trabalho e não o mecanismo de acometimento, sendo adotada no Brasil pelo INSS desde 1997 em substituição a LER (ALVES, 2005).
5.2.2 Perspectiva Histórica:
A inter-relação entre o trabalho e a doença foi observada ao longo da história. Papiros egípcios fazem referências à relação saúde e trabalho (Mendes, 1999). Hipócrates descreveu o saturnismo e os distúrbios crônicos nas mãos devido a movimentos repetitivos. (Ramazzini, 2000).
Ramazzini é referenciado como o pai da medicina do trabalho, descreveu mais de cinquenta doenças dos trabalhadores, dentre elas as doenças dos escreventes, que atualmente seria classificada como DORT e foi mais além introduzindo na consulta médica a pergunta: Qual sua ocupação? (Lemos, 2001)
Em 1891, Fritz De Quervain descreveu a tenossinovite do polegar como a “entorse da lavadeira”, até hoje conhecida como tenossinovite estenosante ou síndrome De Quervain e em 1920, Bridge denominou “cãibra ocupacional” ao acometimento de tecelões de fios de algodão (Oliveira, 1998).
A pena usada pelos escreventes foi substituída pelo trabalho mecânico e os casos de DORT acentuaram-se no século XX, tornando-se um problema de saúde pública mundial, em nações desenvolvidas e industrializadas em maior ou menor grau, e se recentemente levou muitos a acreditar que se tratava de uma nova doença, nada mais é que a exacerbação de um adoecimento que sempre acompanhou o homem. Ribeiro (2002) relata que os casos de LER tornaram-se mais frequentes somente após o segundo ciclo da revolução industrial, quando o trabalho mecânico passou a ser usado por algumas categorias, como os telegrafistas, exigindo maior destreza das mãos.
As primeiras descrições no país acerca de distúrbios musculoesqueléticos em trabalhadores foram relatadas no XII Congresso Brasileiro de Prevenção de Acidentes no Trabalho em 1973, quando foram apresentados casos denominados “tenossinovite ocupacional” em lavadeiras, limpadoras e engomadeiras (INSS,1997). Mais tarde por volta do ano de 1985, esses distúrbios foram tomando espaço e causando polêmica entre os funcionários de banco que trabalhavam como
digitadores. A partir deste acontecimento, o termo Lesão por Esforços Repetitivos (LER) passou a ser mais conhecido no Brasil.
Em pouco tempo, as afecções passaram a ser diagnosticadas também em escriturários e caixas de banco, nas indústrias metalúrgica, química e, principalmente, em trabalhadores de linha de montagem eletroeletrônica (RIBEIRO, 2002).
O reconhecimento da LER como doença ocupacional, data de 06/08/87, quando o Ministério da Previdência Social reconheceu, através da Portaria 4.062, a tenossinovite como doença do trabalho.
5.2.3 Incidência:
As Lesões por Esforços Repetitivos já são consideradas doenças epidêmicas no Brasil, país este que tem registrado em média 30 mil casos/ano. A epidemia, mais do que um problema de saúde, implica um grande desperdício de capacidades produtivas e, portanto,representa um enorme prejuízo para as empresas
Os casos de DORT no Brasil, constituem a principal causa de doença relacionada ao trabalho (COUTO et al., 1998). No entanto, dados do Sistema Único de Saúde (SUS) não inclui os acidentes de trabalho em geral e nem DORT em particular, o que não permite a obtenção de informações epidemiológicas que efetivamente cubram a totalidade dos trabalhadores, independentemente de seu vínculo empregatício. Os dados disponíveis são aqueles da Previdência Social, que se referem apenas aos trabalhadores do mercado formal e com contrato trabalhista
regido pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) (www.brasgolden.com.br - “Protocolo de investigação, diagnóstico, tratamento e prevenção das LER”, 2000).
Em 1991 o Núcleo de Saúde do Trabalhador INSS/ SUS/ MG registrou casos de LER em diferentes ocupações. As funções registradas foram as de digitador, controlador de qualidade, embalador, enfitadeiro, montador de chicote, montador de tubos de imagem, operador de máquinas, operador de terminais de computador, auxiliar de administração, auxiliar de contabilidade, operador de telex, datilógrafo, pedreiro, secretário, técnico administrativo, telefonista, auxiliar de cozinha e copeiro, eletricista, escriturário, operador de caixa, recepcionista, faxineiro, ajudante de laboratório, viradeiro e vulcanizador (DELIBERATO, 2002).
5.2.4 Causas:
O desenvolvimento dos DORT é multicausal, sendo importante analisar os fatores de risco envolvidos direta ou indiretamente. A expressão "fator de risco" designa, de maneira geral, os fatores do trabalho relacionados com as doenças ocupacionais. Estes foram estabelecidos, na maior parte dos casos, por meio de observações empíricas e depois confirmados com estudos epidemiológicos. Os fatores de risco não são independentes. Na prática, há a interação destes nos locais de trabalho (DECRETO-LEI Nº 2.172, INSS, 1997).
Predisposições/ Fatores de Risco:
a) Sedentarismo;
b) Obesidade;
c) Alterações posturais
d) Estresse;
e) Idade;
f) Sexo – O sexo feminino sofre fragilidade de estrutura orgânica, variações hormonais e dupla jornada de trabalho, tornam a mulher mais suscetível a patologia.
De acordo com o Decreto – lei nº 2.172, de 05 de março de 1997, na caracterização da exposição aos fatores de risco, alguns elementos são importantes, dentre outros:
a) a região anatômica exposta;
b) a intensidade dos fatores de risco;
c) a organização temporal da atividade (por exemplo: a duração do ciclo de trabalho, a distribuição das pausas ou a estrutura de horários);
d) o tempo de exposição.
Apresenta também grupos de fatores de risco dos DORT. Estes podem ser elencados como:
a) o grau de adequação do posto de trabalho à zona de atenção e à visão
A dimensão do posto de trabalho pode forçar os indivíduos a adotarem posturas ou métodos de trabalho que causam ou agravam os distúrbios osteomusculares;
b) o frio, as vibrações e as pressões locais sobre os tecidos
O contato físico de cantos retos ou pontiagudos de um objeto ou ferramentas com tecidos moles do corpo, e trajetos nervosos, provocam pressão mecânica localizada.
i) as posturas inadequadas
Em relação às posturas inadequadas, existem três mecanismos que podem causar os DORT:
i) os limites da amplitude articular;
ii) a força da gravidade oferecendo uma carga suplementar sobre as articulações e músculos;
iii) as lesões mecânicas sobre os diferentes tecidos;
iv) a carga osteomuscular
A carga osteomuscular pode ser entendida como a carga mecânica decorrente:
i) de uma tensão;
ii) de uma pressão;
iii) de uma fricção;
iv) de uma irritação (por exemplo, a irritação de um nervo);
A força, a repetitividade, a duração da carga, o tipo de preensão, a postura do punho e o método de trabalho, estão entre os fatores que influenciam a carga osteomuscular;
v) a carga estática
A carga estática se faz presente à manutenção de um membro numa posição que vai contra a gravidade. Nestes casos, a atividade muscular não pode se reverter a zero ("esforço estático"). Posturas estáticas podem ser caracterizadas por três aspectos: a fixação postural observada, as tensões ligadas ao trabalho, sua organização e conteúdo;
vi) a invariabilidade da tarefa
A invariabilidade da tarefa implica em monotonia psicológica e, ou
fisiológica;
vii) as exigências cognitivas
As exigências cognitivas podem ter um papel no surgimento dos DORT, seja causando uma elevação da tensão muscular, seja propiciando uma reação mais generalizada de estresse;
viii) os fatores organizacionais e psicossociais ligados ao trabalho
Os fatores psicossociais do trabalho são as percepções subjetivas que o trabalhador possui em relação aos fatores organizacionais. Como exemplo de fatores psicossociais podem ser citados: considerações relativas à carreira, à carga e ritmo de atividade e ao ambiente social e técnico do trabalho. A "percepção" psicológica que o indivíduo tem das exigências da função é o resultado das características físicas da carga, da sua personalidade, das experiências anteriores e da situação social do trabalho.
5.2.5 (
Patologias Inflamatórias
Tenossinovites:
Dedo Gatilho; De Quervain
Tendinites:
Supraespinhoso;
Bíceps; Flexores/Extensores do punho
Epicondilites:
Medial e Lateral
) (
Patologias Compressivas Nervosas
Síndromes:
Desfiladeiro Torácico; Pronador Redondo;
Canal de Guyon;
 
Túnel Cubital;
Supinador
)Classificação das LER/DORT:
 (
Outras / Algias
Bursite; Cistos Sinoviais; Contratura de Dupuytren; Sind.
 
Tensão 
do Pescoço; Radiculopatia
 
Cervical
Lombalgia; Dorsalgia; Ciatalgia
)Figura 1: Classificação das LER/DORT: Fonte: Referência própria.
5.2.6 Principais Características:
i. Nem toda dor significa lesão;
ii. Ocasionam	dor forte com	poucos	sinais objetivos,	dificultam	o diagnóstico;
iii. As lesões costumam vir associadas;
iv. Podem ser unilaterais ou bilaterais;
v. Quanto mais precoce o diagnóstico, mais eficaz será o tratamento;
vi. Tendem a agravar com recidivas.
Para a caracterização de um quadro clínico como LER, é necessário definir o nexo através da anamnese ocupacional, exame clínico, relatórios do médico responsável pela assistência ao paciente, do coordenador do PCMSO e, eventualmente visita ao local de trabalho. Basicamente, uma anamnese ocupacional deve conter informações sobre:
i. Ambiente de Trabalho: percepção do segurado quanto à temperatura, ruído, poeiras e iluminamento;
ii. Equipamentos: qualidade dos equipamentos e ferramentas, manutenção dos mesmos, necessidade do exercício de força decorrente de equipamento inadequado, desvios posturais impostos pelo equipamento, necessidade de repetir a tarefa por falta do equipamento;
iii. Mobiliário: qualidade da mobília, qualidade de manutenção, frequência de reposição, adaptação dos postos de trabalho à introdução de novos processos, desvios posturais impostos pelo mobiliário;
iv. Organização do Trabalho: ritmo de trabalho, existência e número de pausas, presença de hierarquia, horas extras, estímulos para produção, rotatividade de funções, composição de mão de obra quanto ao sexo e a idade, existência de programas de prevenção às doenças, bem como de qualidade de vida e relacionamento interpessoal.
v. Após o levantamento destes itens, o profissional possui embasamentos suficientes para diagnosticar a LER. O próximo passo será informar o empregador dos resultados de sua pesquisa, para que o mesmo tome as medidas cabíveis, que nesta situação, o correto é, o empregador emitir a CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho) e dar prosseguimento administrativo ao caso.
6 Patologias inflamatórias
6.1 Dedo em Gatilho
Neste tipo de afecção ocorre uma impossibilidade de estender o dedo após uma flexão máxima. Quando há tentativa de extensão do dedo, forçada contra o obstáculo (espessamento e nódulos), ocorre sensação de ressalto. Decorrente de uma constrição da polia (bainha tendinosa) dos flexores que dificulta a passagem desses tendões, provocando reação inflamatória local.Conforme evolui, o processo inflamatório atinge o tecido sinovial peritendinoso e tecidos próprios dos flexores, e, e neste caso, a sinovite e tendinite podem ser consequentes à fascite (GREVE; AMATUZZI, 1999).
Pode-se manifestar em trabalhadores que usam movimentos repetitivos com as mãos em forma de pinça, como: riscadores, escritores e dentistas.
“Deliberato (2002) relata ainda que a doença incide nas atividades em que há associação de força com compressão palmar por instrumentos como alicates, tesouras e gatilhos de bombas de gasolina.
6.2 Tenossinovite De Quervian
É decorrente de espessamento do ligamento anular do carpo no primeiro compartimento dos extensores, por onde trafegam dois tendões: o longo do abdutor e o extensor curto do polegar. Evolui com processo inflamatório local que, com o
tempo, atinge os tecidos sinoviais peritendinosos e tecidos dos próprios tendões (OLIVEIRA; 2006).
6.3 Tendinites
Inflamação do tecido próprio dos tendões, com ou sem degeneração de suas fibras.
Termo de ampla abrangência, aplicável a todo e qualquer processo inflamatório dos tendões, em qualquer local do corpo. Devem vir acompanhados de especificações que determina os locais envolvidos e sua etiologia (OLIVEIRA, 2006).
Guyton e Hall (1998) definem Inflamação:
Quando ocorre lesão tecidual causada por bactérias, traumatismos, compostos químicos, calor ou qualquer outro fenômeno, os tecidos lesados liberam múltiplas substâncias que vão lhes causar drásticas alterações secundárias. Todo esse complexo de alterações teciduais é denominado inflamação.
6.3.1 Tendinite de Supra-espinhoso e Bíceps
As tendinites da bainha dos músculos rotadores, especialmente do tendão supra-espinhoso e as tendinites do tendão biciptal, formam a grande maioria das incapacidades dos tecidos moles em torno da articulação do ombro e são importantes fatores etiológicos na rotura desses tendões (OLIVEIRA, 2006).
A tendinite do supra-espinhoso geralmente é desencadeada em indivíduos que necessitam manter o membro superior abduzido acima de 45°, gerando uma Síndrome do Impacto com lesão do tendão do músculo supra- espinhoso. Muito frequentemente é acompanhada de bursite subacromial, em decorrência do extravasamento de exsudato para o interior da bursa (DELIBERATO, 2002).
A tendinite de bíceps, é uma lesão envolve o tendão longo do bíceps no sulco bicipital embaixo ou logo distal ao ligamento transverso do úmero. A ocorrência de edema no sulco ósseo gera restrições que associadas ao problema, ajudam a perpetuá-lo. Há o aparecimento de dor durante o movimento de supinação do antebraço associado à flexão de ombro, e durante a palpação do sulco bicipital (KISNER; COLBY, 1998).
Pode-se manifestar em transportadores de cargas elevadas como carregadores de caminhões, auxiliar de produção, cortadores de cana, couro, tecidos, entre outros (OLIVEIRA, 2006).
6.3.2 Tendinites Flexores e Extensores de Punho
Tendinites dos flexores e extensores do punho e dos dedos. São normalmente acompanhadas de outras afecções inflamatórias distais do membro superior e causam prejuízo funcional, principalmente da articulação do punho, dos dedos e das metacarpofalangeanas. (OLIVEIRA, 2006)
As causas de origem ocupacional desta afecção podem ser através de: movimentos repetitivos do punho que incluem flexão, extensão, desvio radial e ulnar
podendo ser associados ou combinados como agonista e antagonista, trabalhos que exigem flexão e extensão intensa do punho, manuseio de ferramentas vibratórias por longo período, compressão mecânica da base da mão com uso de força e também movimentos de pinça que sobrecarregam os lumbricais.
6.4 Epicondilites
São provocadas por ruptura ou estiramento dos pontos de inserção dos músculos flexores ou extensores do carpo no cotovelo, ocasionando processo inflamatório local que atinge tendões, fáscias musculares, músculos e tecidos sinoviais (OLIVEIRA, 2006). Podem se comportar de duas diferentes formas, nomeadas de acordo com a região de acometimento: Epicondilite Medial e Lateral.
· Epicondilite Medial : É a inflamação dos tendões flexores que tem origem na borda medial do cotovelo. Pode haver comprometimento do nervo ulnar, devido à proximidade do mesmo ao epicôndilo, neste caso o medial (OLIVEIRA, 2006).
As causas de origem ocupacional são: atividades profissionais que exijam esforço repetitivo de flexão/extensão do cotovelo e punho contra resistência.
· Epicondilite Lateral: também conhecida como cotovelo de tenista, consiste na inflamação da inserção dos músculos responsáveis pela extensão e supinação do antebraço (DELIBERATO, 2002). Pode haver comprometimento do nervo radial, dado a sua proximidade com o epicôndilo lateral.
Aparece com frequência em trabalhadores que executam movimentos repetitivos de pronação-supinação e flexão-extensão ao nível do antebraço e punho.
De maneira geral, as epicondilites comumente se manifestam em trabalhadores como caixas de banco e supermercados, empacotadores, descamadores de frigorífico e costureiras.
7 Patologias Compressivas Nervosas
7.1 Síndrome do Desfiladeiro Torácico
Esta síndrome nervosa acontece devida à compressão do plexo braquial em sua passagem pelo chamado desfiladeiro torácico, formado pela clavícula, primeira costela, músculos escalenos anteriores e médio e fáscias dessa região, que determinam um estreito canal, e que pode tornar-se ainda mais exíguo quando encontramos pequenas alterações anatômicas ou outras alterações decorrentes de traumas locais e vícios de postura.
Os sintomas podem ser subjetivos apresentando quadros de parestesias irradiadas para membros superiores na atribuição do nervo ulnar, fraqueza, esfriamento do membro, fenômeno de Raynaud, entorpecimento; e ainda sintomas objetivos com presença de hipoestesia, fraqueza ou atrofia muscular, ombro caído, ruído clavicular, edema e hipotonia (OLIVEIRA, 2006).
Manifesta-se corriqueiramente em trabalhadores que permanecem sentados ou até mesmo em pé por muito tempo, em uma posição desconfortável e errada (posturas viciosas).
7.2 Síndrome do túnel do carpo
Decorre da compressão do nervo mediano ao nível do túnel do carpo. Pode evoluir com dor, parestesias ao nível da face palmar dos 1º, 2º e 3º dedos e
comprometimento motor dos músculos da região tenar. As causas principais de origem ocupacional são: trabalho com exigência de extensão e flexão do punho; movimentos repetitivos dos dedos; vibração; trabalhos que exijam desvios ulnar e radial do punho; compressão mecânica da base da mão com utilização de força associada; movimentos em pinça com uso dos músculos lumbricais (COUTO, 1998).
7.3 Síndrome do pronador redondo
Decorre da compressão do nervo mediano abaixo da prega do cotovelo. Essa compressão pode acontecer entre as cabeças musculares do pronador redondo, ou da fáscia do bíceps, ou na arcada dos flexores dos dedos (GREVE; AMATUZZI, 1999). Ocorre dor espontânea na região proximal do antebraço e nos três primeiros dedos. Dor quando à pronação do antebraço com o punho firmemente cerrado e contra resistência e enfraquecimento da oponência do polegar e dos flexores dos três primeiros dedos. Pode haver comprometimento sensitivo da eminência tenar, e manifestar-se em condições de movimentos repetitivos e de força de prono-supino dos músculos pronador e flexores do antebraço (GREVE; AMATUZZI, 1999).
7.4 Síndrome do canal de Guyon
Esta patologia é mais rara que a síndrome do túnel do carpo. Compromete o nervo ulnar em sua passagem através do canal de Guyon, que é o compartimento neural em torno do osso pisiforme. “Dor, parestesia, impotência funcional e ocorrência de garra ulnar, atrofia dos músculos interósseos e lumbricais
são comumente evidenciados, e a eletromiografia pode auxiliar no diagnóstico” (GREVE; AMATUZZI, 1999).
As causas principais de origem ocupacional são: uso de ferramentas, instrumentos de trabalho ou atividades que comprimam mecanicamente a base da mão; movimentos repetitivos com força associada e vibração (COUTO, 1998).
7.5 Síndromedo canal cubital
Consiste na compressão do nervo ulnar ao nível do túnel cubital. Na flexão do cotovelo com o ombro abduzido, ocorre um aumento da pressão intraneural, estimulando assim os flexores que estreitam o túnel em aproximadamente 55%, achatando e alongando o nervo cubital em quase 5 mm (GALAFASSI, 1998).
Trabalhos que exijam posturas viciosas podem colocar em risco a atividade normal do nervo cubital, tais como atividades repetitivas de pronação, supinação, flexão e extensão. Outras situações que podem causar esta síndrome ocorrem quando o cotovelo se mantém em flexão completa sobre uma superfície dura, levando o nervo a se distender e se comprimir no canal cubital, sendo muito comum em indivíduos que trabalham com cotovelos fletidos sobre superfície dura (carimbadores) ou motoristas que apoiam o cotovelo flexionado sobre a borda da janela do carro, etc. (COUTO, 1998).
7.6 Síndrome do supinador
É causada pela compressão do nervo radial quando este passa pela borda aponeurótica do músculo supinador (arcada de Frohse). Também pode ser designada por Síndrome do Nervo Interósseo Posterior, já que este é o nome que recebe o nervo radial após passar entre as duas porções do músculo supinador (COUTO, 1998).
As causas de origem ocupacional englobam atividades realizadas com posturas viciosas do antebraço, com tarefas que exigem frequentes pronação/supinação, extensão/flexão simultâneas do membro superior. Tarefas que exijam compressão dinâmica de antebraço pela utilização de equipamentos ou instrumentos de trabalho (COUTO, 1998).
8 Outras Patologias
8.1 Cistos Sinoviais
Os cistos sinoviais podem ser definidos como tumefações esféricas, geralmente únicas e indolores, de característica flutuante (DELIBERATO, 2002). Decorrentes de degeneração mixóide de tecido sinovial, podendo aparecer em articulações, tendões, polias de ligamentos. São tumorações císticas, circunscritas, únicas ou múltiplas, geralmente indolores, localizando-se frequentemente no dorso do punho (OLIVEIRA, 2006).
Encontra-se com mais frequência em digitadores (bancários, caixas de supermercado, costureira de artefatos de couro) (OLIVEIRA, 2006). Seu aparecimento é favorecido por trabalhos manuais que exijam força. Nem sempre são ocupacionais ou incapacitantes (DELIBERATO, 2002).
8.2 Bursites
De localização mais importante nos ombros, podendo também com frequência acometer os cotovelos, quadris, joelhos e os pés. São decorrentes de processos inflamatórios que acometem as bolsas, pequenas bolsas de paredes finas, constituídas de fibras colágenas e revestidas de membrana sinovial, encontradas em regiões onde tecidos são submetidos à fricção, geralmente próximas a inserções tendinosas e articulares (OLIVEIRA, 2006).
O quadro clínico se apresenta por dores importantes nos ombros, principalmente para realizar movimentos de abdução, rotação externa e elevação dos membros superiores. Quando não tratados os sintomas, podem ocorrer irradiações para a região escapular, provocando incapacidade funcional muito grave, e evoluindo até o chamado “ombro congelado”.
Encontram-se com maior frequência em descamadores em frigorífico, empacotadores, auxiliar de produção em fábricas de calçados e cortadores de tecidos de tecidos de couro.
8.3 Contratura de Dupuytren
Consiste de fasciíte palmar fibrosante que, ao cronificar-se, gera verdadeiros cordões palmares na direção dos dedos, comprometendo o movimento de extensão dos mesmos. É mais frequentemente observada, em ordem crescente, nos dedos anulares, mínimos, médios, indicadores e polegares. Com o passar do tempo, surge processo inflamatório nos vários tecidos adjacentes. Ocorre nos trabalhos braçais, sujeitos a microtraumatismos ou a vibrações constantes. Não há, porém, estudos epidemiológicos que relacionem esta afecção com as doenças profissionais (GREVE; AMATUZZI, 1999).
8.4 Síndrome do desfiladeiro Torácico (Mialgia Tensional)
A etiologia ainda é controvertida. A teoria proposta para o mecanismo patogenético dessa doença é a fadiga muscular localizada, devido à estática e sistemática contração. O processo básico que tem sido proposto é o da acumulação de produtos finais metabólicos nos músculos ou suprimento insuficiente de oxigênio (OLIVEIRA, 2006).
O quadro clínico pode se caracterizar por sintomas subjetivos como dor no pescoço, rigidez muscular no pescoço, cefaléia, fraqueza muscular e parestesia; por sintomas objetivos como hipotonia muscular, tensão do pescoço, limitação à movimentação, lordose e ombros caídos.
Pode-se manifestar em trabalhadores que ficam muito tempo na mesma posição como os escriturários, balconistas, telefonistas, cobradores de ônibus, motoristas etc.
8.5 Radiculopatia Cervical (Síndrome Cervical)
Ocorre devido à degeneração do disco cervical e se desenvolve a partir de uma combinação de hereditariedade constitucional e causas ambientais, existindo alterações do forame intervertebral ou do canal espinhal ou artérias vertebrais, ocasionando a sintomatologia clínica. A incidência dessas alterações é alta nos adultos jovens, após os trinta anos (OLIVEIRA, 2006).
O quadro clínico apresenta sintomas objetivos de hipoestesia, fraqueza muscular (atrofia), limitação do movimento, dor à movimentação, hipotonia local, dor durante esforço e dor cervical.
Pode-se manifestar em diversas profissões.
9 Quadro Clínico e Estágios Evolutivos
Os diversos quadros clínicos existentes apresentam alguns pontos comuns dentre eles: início insidioso, queixas subjetivas, agravamento com determinados movimentos e dor geralmente irradiada e difusa (FONSECA, 1998).
Os estágios evolutivos da LER/DORT basicamente se diferem através da progressão agravante dos sintomas.
“Os DORT classificam-se em quatro estágios de acordo com características como: sintomas, intensidade, duração, produtividade, irradiação, reação ao repouso, sinais clínicos, palpação e prognóstico”.
De acordo com os estágios evolutivos dos DORT, destacam-se os seguintes sinais e sintomas: dor, edema, hiperemia, alterações vasculares, sudorese palmar excessiva, parestesia, perda de força, hipotrofia, contratura, retrações, além de acometimento psicológico (LANDGRAF et al., 2002).
Didaticamente, podemos classificar os estágios evolutivos em quatro graus de gravidade (OLIVEIRA, 2006)
GRAU 1 – Neste grau o portador da doença pode referir sensação de peso e desconforto no membro afetado, dor espontânea localizada nos membros superiores ou cintura escapular, em algumas situações pontadas que aparecem esporadicamente durante a jornada de trabalho e sem interferência na produtividade. Não há irradiação nítida de dor e a melhora ocorre com repouso. É
em geral leve e fulgaz, estando geralmente ausentes alguns sinais clínicos característicos das afecções. O prognóstico é bom. (OLIVEIRA, 2006)
GRAU 2 – Neste grau, a dor é, em geral, mais persistente e intensa e aparece durante a jornada de trabalho de forma intermitente. É tolerável e permite o desempenho das funções laborais, mas já com reconhecida redução de produtividade nos períodos de exacerbação. A dor torna-se mais localizada e pode estar acompanhada de parestesia e calor, além de leves distúrbios de sensibilidade. Pode haver uma irradiação definida, sendo a recuperação, em geral, mais demorada. Ocasionalmente pode aparecer quadro doloroso fora do ambiente de trabalho, durante atividades domésticas e/ou sociais. O prognóstico é favorável. (OLIVEIRA, 2006)
GRAU 3 – Neste grau, a dor torna-se persistente, mais forte e com radiação mais definida. O repouso, em geral, só atenua a intensidade da dor. São frequentes perdas de força muscular e parestesias. Há sensível queda de produtividade, quando não, impossibilidade de exercer as funções laborais. Os sinais clínicos estão presentes, com edema frequente e hipertonia muscular constante. Ocorrem alterações de sensibilidade e força possível presença de distúrbios vasomotores como: sudorese, hiperemia, pele quente e luzidia. Neste estágio, o retorno às atividades laborais é problemático. O prognósticoé reservado. (OLIVEIRA, 2006)
GRAU 4 – neste grau, a dor é forte, intensa e contínua, por vezes insuportável, levando o paciente a intenso sofrimento. Os movimentos acentuam consideravelmente a dor, que, em geral, se irradia por todo o membro afetado. A perda de força muscular e dos movimentos se faz presente. As atrofias,
principalmente dos dedos, são comuns, edema persistente com possibilidade da ocorrência de deformidades causadas por problemas fibróticos. A capacidade laboral é anulada e a invalidez se caracteriza. Neste estágio, são comuns alterações psicológicas, com quadros de depressão, ansiedade e angústia. O prognóstico é desfavorável. (OLIVEIRA, 2006).
10 O papel da Fisioterapia nas empresas.
10.1 Apresentação
A Fisioterapia do Trabalho, segmento da fisioterapia relacionado com a prevenção e tratamento de doenças ocupacionais, apresentam franca atuação ante a possibilidade de serviços prestados às empresas. Excelente oportunidade para o fisioterapeuta, graças aos grandes resultados motivacionais com os programas de prevenção, diante da demanda de um mercado em ascensão, formado pelas empresas e seus trabalhadores. A área necessita de formação continuada (www.fisioterapia.com.br - “O grande e intocado filão da qualidade de vida no trabalho”, 2002).
O fisioterapeuta do trabalho deve possuir além da imprescindível formação em biomecânica e ergonomia, conhecimento de anatomia, fisiologia, antropometria, saúde ocupacional, segurança do trabalho, psicologia do trabalho, marketing, administração, qualidade de vida do trabalhador, meio ambiente. (www.uva.br - “cursos - fisioterapia”, 2002). Este profissional deve expor aos empresários que o investimento em condições adequadas de trabalho culminam em maior eficiência laboral com consequente repercussão nos lucros da organização.
De acordo com Deliberato (2002) dentre os ramos de atuação do fisioterapeuta do trabalho têm-se: análise técnica ergonômica (intervenções conceptivas, corretivas), análise biomecânica e antropométrica, avaliação postural, cinesioterapia laboral e palestras de conscientização. Não desprezemos a
possibilidade	do	fisioterapeuta	do	trabalho	atuar	também	em	pesquisas	e consultoria.
O fisioterapeuta do trabalho deve observar não só as tarefas diárias executadas, mas também o ambiente; o estado emocional dos indivíduos; o gestual; a relação, o envolvimento com as máquinas, inclusive a postura corporal e os problemas que daí podem advir, para realizar um diagnóstico ergonômico da empresa (ALVES, 2002).
A Fisioterapia, mudando conceitos e atuando preventivamente, vem destacando em várias áreas dentre elas, a Saúde do Trabalhador; para isso é necessário o aprimoramento e a presença de maiores conhecimentos de Ergonomia, Biomecânica, Fisiologia do Trabalho. Assim sendo, o fisioterapeuta estando devidamente preparado e com respaldos poderá manifestar-se como um excelente Gestor da Qualidade de Vida no Trabalho. (NUNES & LIMA, 2003)
Qualquer que seja a atividade desenvolvida e proposta se puder aumentar o rendimento da empresa, com diminuição do passivo trabalhista, tradução de margem segura de crescimento com responsabilidade social, será bem aceita no mundo empresarial (www.fisioterapia.com.br - “O grande e intocado filão da qualidade de vida no trabalho”, 2002).
11 Análise Ergonômica do Trabalho
11.1 Apresentação:
Para Couto (1996), a análise ergonômica do trabalho, prevista na legislação brasileira desde 1990, na portaria 3214/78 em sua Norma Regulamentadora número 17, se propõe em vista a procurar fazer uma análise das atividades em uma organização, tendo como pressuposto o que o trabalhador faz em todo o processo produtivo, identificando os riscos ergonômicos em que o mesmo encontra-se exposto. Através desta identificação, a análise propõe-se a ações de melhoria visando uma melhor adaptação homem x trabalho, de modo que os fatores físicos e organizacionais do trabalho não sejam agressivos a saúde e segurança dos funcionários, assegurando com isso formas produtivas com o mínimo de erros e danos à organização. Mais ainda, a análise ergonômica do trabalho permite não somente categorizar as atividades dos trabalhadores como também estabelecer a narração dessas atividades permitindo, consequentemente, modificá-las.
A análise de qualquer trabalho pressupõe considerar as tarefas, condições de trabalho, equipamentos e fatores organizacionais como elementos que integram a situação de trabalho. A análise do trabalho se faz a partir de observações da estrutura organizacional da empresa, dos elementos que compõem as tarefas, da forma como estas são realizadas, das posturas necessárias, dos ritmos, da duração e períodos de trabalho e pausas, do ambiente físico (iluminação, ruído, vibrações, conforto térmico), dos riscos de doenças ocupacionais causados por agentes físicos, químicos e biológicos. Além disso, propõe-se também a análise das
responsabilidades, conflitos, formas de remuneração, benefícios, relações industriais, pois também fazem parte do rol de fatores que influenciam o bem-estar dos trabalhadores e, consequentemente, têm reflexos na comunidade onde vivem.
Um levantamento de hipóteses e predições sobre a Saúde Ocupacional dos atores observados, com base nas atividades exercidas, pode iniciar o processo de estudo ergonômico; Os problemas encontrados sofrem extrapolação negativa não afirmativa, que consiste da suposição de constância total do risco, confrontada com suas consequências (impactos) a médio prazo.
12 Metodologia
A metodologia aplicada, baseada na Análise Ergonômica do Trabalho (AET), teve como objetivo observar o comportamento, analisar os modos operatórios das camareiras, contribuindo para a identificação dos riscos ergonômicos.
Num primeiro momento, fez-se um levantamento do funcionamento geral da empresa ouvindo as camareiras do setor de governança, o que auxiliou na compreensão das relações existentes entre os postos de trabalho, facilitando o diálogo com as funcionárias e guiando a escolha da situação crítica. A partir daí, foi feito um estudo mais detalhado da atividade das camareiras, aliando as observações dos comportamentos com a explicitação de seus determinantes. Para isso, foi identificado o trabalho prescrito e observado o trabalho real, considerando suas variabilidades e condições de realização.
A seguir a próxima fase encarregou-se de evidenciar através da captação de imagens as posturas adotadas durante a atividade laboral, tendo como foco as situações que predispõem aos maiores riscos. Para traçar um quadro passível de análise, comparou-se os seguintes pontos de vista: as observações feitas durante a execução das tarefas de limpeza e arrumação, as entrevistas com a gerência; e os depoimentos das camareiras obtidos por meio de conversas informais e aplicação de questionário. No aprofundamento da análise da situação crítica, foi fornecida uma nova interpretação das dificuldades na situação de trabalho, sugerindo recomendações que solucionem os problemas constatados, procurando sempre adequar o trabalho às pessoas.
13 Dados gerais sobre o Hotel e sua população de trabalho
A presente pesquisa foi realizada nas dependências do Hotel Mercure, situado à Avenida Nelson D’Ávila na cidade de São José dos Campos/SP. O Hotel estudado pertencente à rede de origem francesa Accor Brasil AS, é líder mundial em operação hoteleira e líder de mercado na Europa, a Accor está presente em 90 países com 4.200 hotéis e mais de 500 mil quartos. Na América Latina são 168 hotéis em nove países. O amplo portfólio das marcas hoteleiras da Accor incluem Sofitel, Pullman, MGallery, Novotel, Suite Novotel, Mercure, Adagio, Ibis, Formule 1, Hotel F1, oferecem oferta variada,do luxo ao econômico. Com 145 mil funcionários no mundo inteiro, o Grupo oferece aos seus clientes quase 45 anos de experiência em hotelaria (www.accorhotels.com).
14 Organização do trabalho
14.1 Descrição técnica do posto de trabalho:
O trabalho foi realizado em 170 apartamentos de 36 a 52 m²,disponíveis tanto para hospedagem como para moradia. Sendo o de hospedagem composto por dormitório, frigobar e banheiro e o de moradia por quarto, sala, cozinha e banheiro, todos eles possuem sacada.
Para realizar a arrumação dos quartos, os principais equipamentos utilizados são: o aspirador de pó e o carrinho, que continha todo o material a ser necessário para efetuar a tarefa como toalhas, material de limpeza e outros.
De acordo com a análise da demanda o estudo foi focado na área de governança, mais especificamente na arrumação dos quartos, realizado pela equipe de camareiras, que constitui 18 integrantes, todas mulheres com faixa etária entre 35 a 50 anos, ensino fundamental completo e 50% com cursos profissionalizantes na área.
Para a composição do estudo, foram entrevistadas 18 camareiras utilizando o questionário bipolar e psicofisiológico do trabalho (vide anexos). As amostras fotográficas foram feitas de uma única funcionária com o intuito de evidenciar somente a exposição aos riscos, uma vez que os apartamentos são semelhantes e a dinâmica do trabalho também. As imagens foram obtidas através da Máquina Digital da marca Olympus DS330 5megapixels. A classificação dos problemas observados foi feita através da tabela de Classificação dos Riscos Ergonômicos (Moraes & Mont’Alvão, 1998), todos os itens levantados durante o
estudo	foram	analisados	seguindo	as	normas	estabelecidas	na	Norma Regulamentadora-número 17 (NR17).
14.2 Mapeamento do Processo
A jornada de trabalho durava em média 8 horas diárias. Sendo que, eventualmente, poderia se estender por alguns minutos na ocorrência de falta de alguma funcionária, totalizando de 1 a 2 horas-extras/mês, em casos de absenteísmo, este número pode se elevar a 15 horas-extras/mês. Além de 1h00 de descanso para refeição, às 10h00 a empresa oferece uma pausa de 8 minutos para tomar café ou beber água, este tempo também é utilizado para retirar a lavanderia dos apartamentos.
O sistema de trabalho era constituído de um único turno, com uma plantonista noturna para eventuais emergências.
No presente posto, trabalham em média 18 funcionárias responsáveis pela arrumação de aproximadamente 10 apartamentos, distribuídos entre elas. Eventualmente, na ocorrência de falta ou afastamento de algum componente da equipe, este número pode aumentar para 20 ou mais. O tempo para as arrumações varia entre 30 e 60 minutos por apartamento.
14.3 Descrição da atividade
14.3.1 Trabalho prescrito
O expediente da manhã começava com a divisão de trabalho das camareiras. Nesta divisão eram levados em conta o número de quartos vagos ou ocupados e as alas e andares onde estes se encontram.
Cada camareira recebe um relatório com uma listagem dos quartos a serem limpos e encaminha-se ao andar pré-determinado para pegar seu carrinho no almoxarifado, que já foi devidamente preparado ao fim do dia anterior. Não existe uma ordem pré-estabelecida que a camareira tenha que seguir, porém os quartos reservados têm prioridade na ordem da limpeza.
No início do dia este relatório funciona como guia do trabalho a ser realizado no turno, e no final do expediente, como relatório do andamento do trabalho do funcionário. Nele consta o horário de entrada e saída da camareira do quarto.
14.3.2 Trabalho real
Ao chegar ao quarto correspondente, a camareira abre a porta com cartão magnético, pega os utensílios necessários, vassoura, rodo, panos de chão e flanelas, produtos de limpeza e coloca-os dentro do balde, juntamente com as roupas de cama e de banho, utensílios de reposição para o banheiro, sala e cozinha e deixa o carrinho entre a porta aberta.
A atividade se inicia pela arrumação do dormitório, onde é trocada toda a roupa de cama, retirado o pó da mobília e aspirado o chão.
Em seguida, a camareira coloca luva para lavar o banheiro, primeiramente as louças (sanitário e pia), o box, o espelho, e o chão são enxutos com panos e torcidos manualmente, após serem embebidos em balde com água e produto de limpeza, ao final são repostos os artigos de higiene e roupa de banho e a porta é fechada;
Na sequência, é lavada a louça da cozinha, feita a limpeza do fogão, dos armários e do chão, todos com pano embebido em produto de limpeza.
O cômodo seguinte é a sala, onde, é retirado o pó com pano e lustra- móveis, o sofá e o chão são aspirados com aspirador de pó.
Por fim, a sacada, de duas a três vezes por semana é lavada com água e sabão, o corrimão é limpo três vezes por semana com uso de um rodo adaptado como esfregão.
15 Resultados
A aplicação do Questionário de Avaliação Psicofisiológica do Trabalho e do Questionário Bipolar foi feita com o intuito de confrontar as informações obtidas com a apreciação ergonômica. Partindo deste pressuposto, foi possível observar que 90% das entrevistadas referiram dores no ombro direito a partir da metade do dia e principalmente durante a lavagem do box dos banheiros e lombar ao trocar as roupas de cama e lavar a sacada, 70% nas mãos e punhos em menor proporção devido ao sistema de burrifação e a pega do carrinho. O cansaço físico demanda 100% das funcionárias o que ocorre frequentemente ao final do dia, salvo os dias em que a equipe está com o quadro reduzido e em dias de superlotação do hotel, que este cansaço se inicia na segunda metade da manhã.
Um número menor de camareiras referiram cansaço mental em dias esporádicos que nem sempre estão relacionados com a carga de trabalho, mas de noites mal dormidas associadas a problemas pessoais, que se agravam em situações de sobrecarga da atividade.
A seguir, nas figuras de 1 a 8 estarão ilustrados os problemas mais acentuados observados durante a pesquisa.
 (
Figura 1: Classificação do Problema 1.
)
 (
Figura 2: Classificação do Problema 2.
)
 (
Figura 3: Classificação do Problema 3.
)
 (
Figura 4: Classificação do Problema 4.
)
 (
Figura 5: Classificação do Problema 5.
)
 (
Figura 6: Classificação do Problema 6.
)
 (
Figura 7: Classificação do Problema 7.
)
 (
Figura 8: Classificação do Problema 8.
)
16 Discussão
Algumas situações de trabalho implicam em exigências do sistema musculoesquelético, com movimentos repetitivos, manutenção de postura estática e dinâmica por tempo prolongado, e movimentos de sobrecarga para a coluna vertebral, propiciando alta incidência de distúrbios osteomusculares, que segundo Moraes & Mont’Alvão (1998), estas cargas de trabalho proporcionam custos ao trabalhador, que se expressam em sintomas físicos e psíquicos, doenças profissionais e do trabalho.
A lombalgia é uma das patologias ocupacionais que preocupa muito devido ao grande número de casos, principalmente porque leva a incapacidades funcionais. É uma dor localizada na região inferior da coluna, situada entre o último arco costal e a prega glútea. O quadro em geral, aparece durando, em média de um a sete dias, podendo se repetir ao longo dos anos, tornando-se crônico.
Para Dul & Weerdmeester (2000), os períodos prolongados com o corpo em posições inadequadas, principalmente inclinado para frente, devem ser evitados, pois há contração dos músculos e dos ligamentos das costas para manter a posição, isto provoca uma tensão na parte inferior do tronco, onde surgem as dores. Os movimentos bruscos de curta duração e os levantamentos rápidos de peso, também podem produzir alta tensão, e produzir fortes dores nas costas.
As causas mais comuns dos problemas na coluna vertebral podem ser produzidas num movimento simples, mas geralmente, são resultados de acúmulos de meses ou anos seguidos de posturas inadequadas. Alguns autores relatam que a
existência de lesões lombares aumenta significativamente em tarefas de trabalho que exijam o levantamento de peso.
Os DORT podem surgir em qualquer ramo de atividade, desde que existam funções e postos de trabalho que exponham os trabalhadores aos fatores de risco (www.brasgolden.com.br - “Vamos virar essa página”, 1999).
Bertelli (1997), afirma que as lesões por esforços repetitivos respondem por cerca de 75%

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