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HISTÓRIA DO DESIGN - RESUMO 1


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O campo de saber do design 
O campo de saber do design começou a se constituir entre os séculos XVIII e XIX quando ocorreram alguns fatos importantes:
• Se estabeleceu um vocabulário ou um conjunto de termos socialmente compartilhados capazes de especificar o campo de atuação do design. 
• Houve o reconhecimento dos profissionais que compartilhavam um conjunto de conhecimentos e saberes específicos das práticas do campo. 
• Foram fundados espaços próprios, cooperativas, associações, organizações e instituições, que tinham como principal objetivo divulgar, proteger e promover a profissão, os profissionais, os produtos e os serviços do campo.
-O campo de saber do design e as suas interfaces históricas, socioculturais e econômicas
O surgimento do campo de saber do design pode ser caracterizado pelos acontecimentos e fatos históricos que se sucederam entre os séculos XVIII, XIX e XX.
Isso ocorreu, pois nos países que passaram primeiramente pela consolidação da Revolução Industrial, pode-se acompanhar a instauração do uso do termo design para definir e nomear as atividades desenvolvidas pelos designers para atender o setor produtivo (FORTY, 2007), sendo essas o fortalecimento das atividades projetivas com a valorização das funções do design na organização das instituições (TORRENT; MARÍN, 2005), a fundação de uma série de organizações, associações e instituições destinadas ao debate crítico e a promoção do design, a consolidação de um sistema de ensino especializado na contínua formação de profissionais para o campo do design (EFLAND, 1990), e o estabelecimento de vários tipos de premiações regionais, nacionais e internacionais, utilizadas para reconhecer e validar os produtos e os serviços do design (SCHNEIDER, 2010).
O termo design começou a ganhar força por duas questões: primeiro, foi usado para diferenciar e definir o trabalho feito por alguém, seja artista ou artesão, capaz de conceber, desenvolver e implantar um produto para a linha de produção, conseguindo manter a qualidade do processo de produção, a qualidade do produto e a aceitação do produto pelo mercado consumidor; e segundo, como o design de um padrão de uma estampa têxtil determinava a popularidade do produto, e as máquinas de estampagem começavam a se disseminar, a partir da década de 1830 e 1840, os proprietários das fábricas começaram a se preocupar com o estabelecimento de leis capazes de proteger a propriedade industrial a fim de manter seus direitos sob o design dos produtos (FORTY, 2007).
Na história do design fica evidente que as principais organizações, associações e instituições foram fundadas no primeiro momento com o intuito de promover o avanço geral da manufatura e do comércio, deixando o design em segundo plano.
O ensino de design foi implantado através de diferentes propostas curriculares sempre norteadas por questões socioculturais, políticas, ideológicas, econômicas e tecnológicas, que orientaram a teoria e a prática do campo de saber do design. Entre as principais iniciativas no ensino do design, implantadas pelos estados em busca da industrialização e a competição internacional por mercados.
A arena educacional caracteriza as disputas de poder e as intenções políticas assumidas pelos atores sociais, desnuda as relações entre as forças conservadoras ou progressistas que definem as políticas de ensino e os valores que vão ser implantados pelas práticas sociais. Os currículos, com seus processos educacionais, rearticulam e reposicionam os indivíduos em seus discursos. Pois é nos currículos e “na forma do currículo que muitas vezes se reproduz o cimento social que organiza a nossa consciência em seu nível mais básico”
Na seara do ensino, podemos ainda caracterizar o ensino de design como um espaço de embate ideológico e político, das forças conservadoras e progressistas, as quais buscam definir três confluentes tipos de programas: o do currículo explícito, que apresenta a tradicional política educacional oficial implantada pelo estado; o do currículo oculto, que caracteriza as normas e os valores não declarados, mas instaurados pela cultura dominante; e o do currículo tensionado, o qual costuma abranger as formas de pensar e as práticas de diferentes movimentos minoritários, introduzidas pelos educadores, familiares e membros da comunidade. Estes atores buscam promover o embate, o tensionamento e a reverberação do conflito existente entre os valores, mas sem conseguir, infelizmente, mudar oficialmente a estrutura do currículo hegemônico. 
A relação entre o campo de saber e de ensino do design, a economia e o mercado, só ficou mais evidente quando o historiador Adrian Forty (2007) começou a afirmar que, para compreender a história do design, deveria entender como os processos econômicos afetam e são afetados por ele. Para além, conforme Schneider (2010, p. 13): 
A qualidade estética, o caráter formal e o estilo do design não podem nem de longe ser interpretados sem se considerar o pano de fundo econômico e ideológico diante do qual o design surgiu. A influência dos fatores econômicos sobre o design é sempre dada, e de uma forma tal, que – estes permanecendo invisíveis – frequentemente não se torna consciente para as pessoas que trabalham como designers profissionais ou para docentes da área.
Contudo, durante muito tempo, no campo de saber do design, os modos de produção e as tecnologias foram vistos somente como ferramentas ou instrumentos utilizados na materialização dos produtos e dos serviços de design para garantir algum tipo de lucro econômico e cultural (simbólico).
-Design, cultura, tecnologia e modos de produção
O estabelecimento da uma determinada cultura depende do sistema de inter-relações culturais que descreve o processo de avanço dinâmico do escopo conceitual da sociedade sob os recursos naturais, gerando a apropriação e a consequente transformação dos recursos naturais em objetos culturais. 
O processo de naturalização da cultura promove o avanço paulatino das ideias e das formas de pensar, na forma de técnicas e de tecnologias, definindo estágios entre a apropriação dos recursos da natureza e o estabelecimento de uma cultura. Isso de modo a, primeiramente, retirar dos recursos naturais a matéria-prima necessária à materialização do objeto técnico pela aplicação de um modelo abstrato, concebido e definido como objeto abstrato. Por fim, visa converter o objeto técnico, inicialmente estranho à sociedade, em um objeto cultural, tão natural quanto qualquer objeto natural, anteriormente presente na natureza.
O objeto cultural resultante do processo de design, carrega em si, todo o conjunto de questões provenientes do momento cultural histórico, dos valores sociais, do uso das tecnologias e dos modos de organização do sistema produtivo. É por isso que esse é considerado a síntese que revela o estado do desenvolvimento cultural de uma determinada sociedade, o elemento material que registra parte dos acontecimentos e dos fatos históricos. E o elemento que demarca as transformações, evoluções e revoluções que acontecem nos modos produtivos.
No campo de saber do design, desde o século XVIII e XIX, a reflexão e a crítica sobre a relação da sociedade com os modos produção participam ativamente da definição teórica dos caminhos que foram ou que devem ser seguidos no estabelecimento do desenvolvimento do design de objetos culturais. 
A partir da Revolução Industrial foi estabelecido três modos de produção: o modo de produção artesanal; o modo de produção mecanizada; e o modo de produção automatizado;
O modo de produção artesanal é caracterizado pela execução de todas as tarefas por um artesão ou uma cooperativa de artesãos sem uma divisão ou especialização clara das tarefas. 
O modo de produção mecanizada é caracterizado pela substituição de parte da força da mão de obra por máquinas e, consequentemente, a racionalização da divisão do trabalho, tanto para adequar as tarefas às máquinas quanto para adequar as tarefas ao trabalho cada vez mais especializado. 
O modo de produção automatizado é caracterizado pela substituiçãoextensiva da mão de obra por máquinas e robôs. Consequentemente, a racionalização e sistematização da automação da produção e da montagem dos produtos faz com que a mão de obra especializada se desloque para as atividades de concepção de projeto, de manutenção e de gerenciamento das máquinas.
Design e Revolução Industrial
A Revolução Americana, a Revolução Francesa e a Revolução Industrial promoveram na Europa e nos EUA uma transformação profunda nas relações sociais, no comportamento social, na organização política, nos sistemas produtivos e nos modos como acontecem os processos de trocas de bens e capital. A revolução científica e tecnológica começou a permitir ao homem um controle maior sobre a natureza, doenças puderam ser controladas, desastres naturais evitados, e os objetos culturais adquiriram diferentes usos e finalidades. 
O design se enalteceu como campo de saber de uma profissão essencial ao desenvolvimento econômico, uma ferramenta para diminuir o preço e, ao mesmo tempo, qualificar os produtos. Um instrumento de configuração do comportamento e dos hábitos sociais e, claro, uma das principais ferramentas utilizada pelos estados para disputar tempos de paz nos mercados nacionais e internacionais.
-Cultura, sociedade, economia, modos de produção
A Revolução Industrial foi um longo processo de transformações socioculturais, políticas, tecnológicas, produtivas e econômicas que começaram no século XVIII. Durante o processo houve a transformação das forças produtivas e das relações de produção, mediante as quais se desenvolveu o capitalismo industrial.

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