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TEORIA DA CONSTITUIÇÃO - introdução ao estudo do direito respondidas

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TEORIA DA CONSTITUIÇÃO
( Professora Hazel Ena Do Socorro Santos )
BIBLIOGRAFIA
- Carvalho,  Kildare Gonçalves. Direito Constitucional. Teoria do Estado e da Constituição – V 1.Ed. Del Rey
- Lenza, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado.Ed. Saraiva.
- Bonavides, Paulo. Curso de Direito Constitucional. Ed. Malheiros.
- Silva, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. Ed.Malheiros.
1. INTRODUÇÃO
Constituição vem do latim “constituiri”, exterioriza o ideal de constituir, criar, delimitar, abalizar, demarcar. 
Constituição é o conjunto de normas fundamentais e supremas, que podem ser escritas ou não, responsáveis pela criação, estruturação e organização político jurídica de um Estado. 
Constituição representa o abandono do clássico pensamento de sujeição absoluta às imposições pessoais de governantes para a obediência voltada a uma entidade (Estado), regida por um documento: a Constituição. 
Constituição é a reunião das normas que organizam os elementos constitucionais do Estado.
Direito Constitucional: 
É um dos ramos do direito público, a matriz que fundamenta e orienta todo ordenamento jurídico. Surgiu com os ideais liberais atentando-se, a princípio, para a organização estrutural do Estado, o exercício e transmissão do poder e a enumeração de direito e garantias fundamentais dos indivíduos. Atualmente, preocupa-se não somente com a limitação do poder estatal na esfera particular, mas também com a finalidade das ações estatais e a ordem social, democrática e política. 
EUA ( 1787 ) e a Francesa ( 1791 )
Pode-se estudar o Direito Constitucional sob três perspectivas distintas:
A) DIREITO CONSTITUCIONAL GERAL: 
Atém-se à definição de normas gerais, estabelecendo conceitos. Ex: Conceito; Poder constituinte, classificação e método de interpretação das constituições.
B ) DIREITO CONSTITUCIONAL ESPECÍFICO: 
Ocupa-se em estudar a Constituição atual de um Estado específico.
C ) DIREITO CONSTITUCIONAL COMPARADO:
	1- Critério temporal ou vertical: Compara constituições de um mesmo estado, elaboradas em épocas diferentes.
	2- Critério espacial ou horizontal: Se atém à comparação de constituições vigentes em estados distintos.
	3- Critério baseado na forma de estado elegida: Compara as constituições dos países que adotam como forma de estado federal.
2. CONCEPÇÕES DA CONSTITUIÇÃO:
2.1 – Constituição sob o prisma sociológico
 Alemão Ferdinand Lassalle: A constituição seria o produto da soma dos fatores reais de poder que regem a sociedade. 
	A obra que o tornou conhecido foi O QUE É UMA CONSTITUIÇÃO ( A ESSÊNCIA DA CONSTITUIÇÃO ). 
Ele enquadrava a Constituição no plano do ser, ou seja, a Constituição que não seguia a realidade seria apenas um direito de papel.
 A constituição seria um reflexo das relações de poder vigentes em determinada comunidade política. É contornada por forças políticas econômicas e sociais. 
 Oposta à constituição sob o aspecto sociológico teria a constituição escrita (ou jurídica) que, ao incorporar num texto escrito esses fatores reais de poder, os converte em instituições jurídicas. Todavia essa constituição jurídica passa por um mero “pedaço de papel”, sem força diante da constituição real, que seria a soma dos fatores reais de poder, isto é, das forças que atuam para conservar as instituições jurídicas vigentes.
2.2 – Constituição sob o aspecto político
Carl Schmitt, em sua clássica obra “Teoria da Constituição” compreende a constituição como à “decisão política fundamental” que o Poder Constituinte reconhece e pronuncia ao impor uma nova existência política.
Sob o prisma político, pouco interessa se a Constituição corresponde ou não aos fatores reais de poder, o importante é que ela se apresente enquanto o produto de uma decisão de vontade que se impõe ( decisões políticas fundamentais – normas que constituíssem decisões políticas fundamentais, ou seja, normas consideradas indispensáveis para a construção de um modelo de estado. Ex. Direitos e garantias fundamentais, organização do estado e organização dos poderes ), que ela resulte de uma decisão política concreta, tendo por base uma normatividade escolhida.
Ele falava sobre a norma constitucional da constituição material e da norma constitucional da constituição formal. A constituição no sentido político deveria ser tanto no sentido formal quanto material. Art. 242§, 2ª CF.
2.3 – Constituição em sentido jurídico
Na acepção jurídica a constituição se apresenta enquanto norma superior, de obediência obrigatória e que fundamenta e dá validade a todo o restante do ordenamento jurídico. 
Essa tese foi construída pelo austríaco HANS KELSEN, através da sua tese sobre a TEORIA PURA DO DIREITO. 
Toda norma retira sua validade de outra que lhe é imediatamente superior (escalonamento hierárquico).
A busca por esse último alicerce da ordem normativa levou Kelsen a construir a teoria da norma fundamental.
A partir da concepção jurídica, foram desenvolvidos dois sentidos para o vocábulo constituição: 
A) Lógico jurídico: Constituição significa a “norma fundamental hipotética”, que não é posta, mas sim suposta, é a que determina apenas o comando “obedeçam a constituição positiva”. Tem como função servir de fundamento lógico de validade da constituição positivada.
B) Jurídico positivo: Constituição como norma positiva suprema, que fundamenta e dá validade a todo ordenamento jurídico, somente podendo ser alterada se obedecidos ritos específicos. É a norma posta.
Norma Hipotética Fundamental
Norma suposta
( Plano Lógico Jurídico- Plano das ideias )
PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO
Constituição Federal = Plano Jurídico Positivo
Norma posta porque positivada
Tratados de direitos humanos aprovados pelo congresso pelo rito das EC terão natureza de norma constitucional. ( §3º, art. 5º, CF )
Tratados de direitos humanos aprovados pelo congresso sem observar o rito das EC terão natureza supralegal. 
Obs: Controle de convencionalidade
2.4 – Concepção Culturalista da Constituição
(a busca por alguma conexão entre os sentidos anteriormente apresentados).
Peter Haberle= A sociedade aberta dos intérpretes.
Konrad Hesse= A força normativa da constituição.
Paulo Bonavides
Esta acepção desenvolve-se a partir da consideração de que a constituição é um produto da cultura, pois assim como a cultura é o resultado da atividade criativa humana, o Direito também o é.
Esse conceito de constituição total agrega numa mesma e unitária perspectiva, variados aspectos (econômicos, morais, sociológicos, filosóficos e jurídicos).
3. CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES
Existem vários critérios tipológicos de classificação das constituições:
3.1 QUANTO À ORIGEM
A) Democrática
Também chamada PROMULGADA, POPULAR OU VOTADA, tem seu texto construído através da participação do povo, de modo direto ou indireto (por meio de representantes eleitos, homenageando o princípio democrático da soberania popular).
Exemplo: CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS DE 1891, 1934, 1946 e 1988.
B) Outorgada
Também considerada IMPOSTA, DITATORIAL, AUTOCRÁTICA. É aquela Constituição que é construída e estabelecida sem qualquer participação popular, sendo imposta aos nacionais como resultado de um ato unilateral do governante.
Exemplo: CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS DE 1824, 1937, 1967 e EC N.: 1/1969.
C) Cesarista
Similarmente à OUTORGADA, a Constituição intitulada CESARISTA tem seu texto elaborado sem a participação popular. No entanto, diferentemente da OUTORGADA, para entrar em vigor dependerá de aprovação popular que a ratifique depois de pronta.
D) Dualistas ou Convencionadas
Também intituladas PACTUADAS, as Constituições DUALISTAS são formadas por textos constitucionais que nascem do instável compromisso (ou pacto) entre forças opositoras, no caso o monarca e o poder legislativo (representação popular), de forma que o texto constitucional se constitua alicerçado simultaneamente em dois princípios antagônicos: O MONÁRQUICO E O DEMOCRÁTICO.
Em resumo: As Constituições DUALISTAS são o produto desse precário diálogo entre amonarquia enfraquecida de um lado e a burguesia em franca ascensão de outro, representando um texto que limita o poder do rei.
3.2 QUANTO À ESTABILIDADE
(MUTABILIDADE ou PROCESSO DE MODIFICAÇÃO)
A) Imutável
Dotada de uma fantasiosa pretensão à eternidade, pois não permite qualquer mudança em seu texto, uma vez que não prevê procedimento de reforma e baseia-se na crença de que não há órgão constituído com legitimidade suficiente para efetivar alterações.	
Exemplo: CÓDIGO DE HAMURABI, LEI DAS XII TÁBUAS.
B) Transitoriedade imutável
Visando preservar a redação original de seu texto nos primeiros anos de vigência, impedem a reforma de seus dispositivos por certo período.
Exemplo: CONSTITUIÇÃO IMPERIAL DE 1824 que estabeleceu que seu texto somente poderia ser modificado após 4 anos de sua vigência.
C) Fixa
Reconhece a possibilidade de seu texto sofrer reforma, porém apenas pelo órgão que a criou (poder constituinte originário).
D) Rígida
A alteração desta constituição é possível, mas exige um processo legislativo mais complexo e solene do que aquele previsto para a elaboração das demais espécies normativas infraconstitucionais. Tais regras estão estabelecidas na própria Constituição.
Exemplo: Procedimento para aprovação de emendas constitucionais. (Art. 60, CF)
SUPER-RÍGIDAS: possui normas imutáveis (cláusulas pétreas – Art. 60, Parágrafo 4o)
E) Flexível
Pode ser modificada por um processo legislativo comum, ordinário, não requerendo qualquer processo específico para a sua alteração. Inexistência de supremacia formal da constituição sobre as demais normas.
Exemplo: CONSTITUIÇÃO DA INGLATERRA E DA NOVA ZELANDIA 
F) Transitoriamente flexível
Possui flexibilidade temporária, autoriza durante certo período a alteração de seu texto através de um procedimento simples, baseado no rito comum; vencido este primeiro estágio, passa a somente permitir a modificação de suas normas por intermédio de um mecanismo diferenciado quando, então, passa a ser considerada rígida.
G) Semirrígida
Quando o mesmo documento constitucional pode ser modificado segundo ritos distintos, a depender de que tipo de norma esteja para ser alterada. Neste tipo de constituição alguns artigos do texto compõem a parte rígida enquanto os demais (que compõem a parte flexível) se alteram seguindo processo menos complexo. 
3.3 QUANTO À FORMA
A) Escritas
É a constituição na qual todos os dispositivos são escritos e estão inseridos em um único documento, de forma codificada. Conferem ao documento o efeito racionalizador, o efeito estabilizante, a segurança jurídica, a calculabilidade e a publicidade das normas.
As primeiras são a dos EUA ( 1787 ) e a Francesa ( 1791 )
B) Não escritas
É aquela constituição na qual as normas e princípios encontram-se em fontes normativas diversas, todas de natureza constitucional e de mesmo patamar hierárquico, sem qualquer precedência de uma sobre as demais. As constituições não escritas, em razão de as fontes normativas constitucionais serem múltiplas, as normas constitucionais estão esparsas e podem ser encontradas tanto nos costumes e na jurisprudência dos tribunais, como nos acordos, convenções e também nas leis.
Constituição Inglesa
Bills of Right; Petition of Rights; Habeas Corpus Ect; Marga Carta ( 1215 )
3.4 QUANTO AO MODO DE ELABORAÇÃO
A) Dogmática
Traduz-se num documento necessariamente escrito, elaborado em uma ocasião certa, historicamente determinada, por um órgão competente para tanto. Retrata os valores e os princípios orientadores da sociedade naquele especifico período de produção e os insere em seu texto, fazendo com que ganhem a força jurídica de dispositivos cogentes, de observância obrigatória. Esses valores e princípios inseridos em determinado momento histórico no texto maior os transforma em dogmas.
B) Histórica
Sempre não escrita, é uma constituição que se constrói aos poucos, em um lento processo de filtragem e absorção de ideias por vezes contraditórios.
Produto da gradativa evolução jurídica e histórica de uma sociedade, do rigoroso processo de cristalização dos valores e princípios compartilhados pelo grupo social. Por isso tende a ser mais duradoura e sólida, enquanto a dogmática apresenta sensível tendência a instabilidade, uma vez que esta, no mais das vezes, sedimenta valores contingenciais, interesses passageiros, e estes, conforme vá se alterando o tecido social, vão se tornando obsoletos, o que acarreta seguidas modificações em seu texto.
3.5 QUANTO À EXTENSÃO
A) Analítica
Sua confecção se dá de maneira extensa, ampla, detalhada, já que regulamenta todos os assuntos considerados relevantes para a organização e funcionamento do Estado.
Por tal constituição, não se preocupa em cuidar apenas de matérias constitucionais, essenciais à formação e organização do aparelho estatal e da vida em sociedade, mas também, descreve pormenores da vida do Estado, através de uma infinidade de normas de conteúdo dispensável à estruturação estatal. EX: Brasil, Portugal...
B) Concisa
Sintética (concisa, sumária, reduzida) é aquela elaborada de forma breve com preocupação única de enunciar os princípios básicos para a estruturação estatal, mantendo-se restrita aos elementos substancialmente constitucionais.
Seu texto se encerra após estabelecer os princípios fundamentais de organização do Estado e da sociedade. EX: Constituição dos EUA.
3.6 QUANTO AO CONTEÚDO
A) Material
Se defini a partir de critérios que envolvam o conteúdo das normas. Em uma constituição deste tipo, considera-se constitucional toda norma que tratar de matéria constitucional, independentemente de estar o diploma inserido ou não no texto da constituição.
Rol mínimo de matéria constitucional:
I) estruturação da forma de Estado ( federada ); 
II) regime ( democrático ), sistema ( presidencialista ) e forma de governo ( república ); 
III) repartição de atributos entre os entes estatais; 
IV) direitos e garantias fundamentais do homem.
B) Formal
Nesta acepção, constituição são todas as normas inseridas no texto da constituição, independentemente de visarem ou não sobre temas tidos por constitucionais, isto é, assuntos imprescindíveis à organização política do estado.
I) No sentido formal de uma constituição só é possível se ela for escrita.
II) Fora do corpo da constituição, todas as demais normas, independentemente do conteúdo delas, são consideradas infraconstitucionais.
III) Norma infraconstitucional que contrariar a constituição será considerada inconstitucional.
IV) Não há hierarquia normativa entre as normas constitucionais, todas possuem o mesmo status, a mesma dignidade normativa.
3.7 QUANTO À FINALIDADE
A) Garantia
Também chamada constituição quadro, restringe o poder estatal, criando esfera de não ingerência do poder público na vida dos indivíduos. Preocupa em garantir os direitos já conquistados outrora (olhar direcionado ao passado), protegendo-os em face de uma possível (e indesejável) interferência do Estado.
B) Balanço
Própria dos regimes socialistas, esta tipologia constitucional, cujo “olhar” se volta para o presente, procura explicitar o desenvolvimento atual da sociedade e ser um espelho fiel capaz de traduzir os patamares em que se encontram a economia e as instituições políticas.
C) Dirigente
Contrapondo-se à Constituição-garantia, consagra um documento engendrado a partir de expectativas lançadas ao futuro, arquitetando um plano de fins e objetivos que serão perseguidos pelos poderes públicos e pela sociedade. E marcada pela presença de programas e projetos voltados a concretização de certos ideais políticos. É comum em seus textos, a presença de normas de eficácia programática, destinadas aos órgãos estatais com a inequívoca finalidade de fixar os programas que irão guiar os poderes públicos na consecução dos planejamentos traçados.
EX: Constituição Brasileira.
3.8 QUANTO À INTERPRETAÇÃO
A) Nominalista
Possuidora de normas tão precisas e inteligíveis que dispensa, para ser compreendida, qualquer outro método interpretativo que não o gramatical ou literal. Basta aplicarna literalidade a norma jurídica cabível na hipótese que solucionada está a controvérsia.
B) Semântica
Em sentido inverso à nominalista, constituição semântica é aquela cujo texto exige a aplicação de uma diversidade de métodos interpretativos para ser realmente entendido. A interpretação literal ou gramatical não é suficiente para a compreensão e deve ser aliada a diversos outros processos hermenêuticos no intuito de viabilizar uma ampla assimilação do documento constitucional
3.9. QUANTO À CORRESPONDÊNCIA COM A REALIDADE = critério ontológico
Este critério pretende avaliar o grau de comunicabilidade entre o texto constitucional e a realidade a ser normatizada.
A) Normativa
Nesta constituição há perfeita sintonia entre o texto constitucional e a conjuntura política e social do Estado, de forma que a limitação ao poder dos governantes e a revisão de direitos à população sejam estritamente observadas e cumpridas.
B) Nominativa
Esta já não é capaz de reproduzir com exata congruência a realidade política e social do Estado, mas anseia chegar a este estágio. A CF/88 nasceu com ideal de ser normativa, mas infelizmente não alcançou essa finalidade.
C) Semântica
É a constituição que nunca pretendeu conquistar uma coerência apurada entre o texto e a realidade, mas apenas garantir a situação de dominação estatal por parte do poder autoritário.
3.10 QUANTO À IDEOLOGIA
A) Eclética ou heterogênea
É caracterizada pelo convívio harmônico entre várias ideologias. Nesta tipologia constitucional, por não haver uma única força política prevalente, o texto constitucional é produto de uma composição variada de acordos heterogêneos, que denota pluralidade de ideologias (muitas vezes colidentes) e sinaliza a ocorrência de possíveis duelos (judiciais, legislativos e administrativos) entre os diversos grupos políticos, a serem pacificados pelos operadores jurídicos.
EX: CF/88 e a constituição Portuguesa.
B) Ortodoxa
Esta constituição é construída tendo por base um pensamento único que afasta o pluralismo na medida em que descarta qualquer possibilidade de convivência entre diferentes grupos políticos e distintas teorias.
Só há espaço para uma exclusiva ideologia.
EX: China e extinta União soviética.
3.11 QUANTO À UNIDADE DOCUMENTAL (quanto à sistemática)
A) Orgânica (codificada)
É aquela disposta em uma estrutura documental única, na qual todos os dispositivos estão articulados de modo coerente e lógico. Não há espaço para identificação de normas constitucionais fora da constituição.
EX: Todas as Constituições brasileiras
B) Inorgânica (Legal)
Em contraposição à orgânica (unitextual), a inorgânica (pluritextual) é formada por diversas estruturas documentais, ou seja, suas normas estão dispersas em variados documentos, pois diferentes textos irão compor o que denominamos “Constituição”
Ex: A Constituição Francesa de 1875(formada não apenas pelos seus 89 artigos, mas também, por outros documentos, ao remeter seu preambulo a declaração de 1789.
3.12 QUANTO AO SISTEMA
A) Principiológica
Nesta os princípios ganham relevo, são as normas que preponderam. E como os princípios possuem grau de abstração significativo, para serem concretizados necessitarão de mediação legislativa ou judicial. Ex: CF/88
Neoconstitucionalismo ou pós-positivismo: Normas são princípios ou regras
B) Preceitual
O seu texto é constituído conferindo primazia às regras, o texto da Constituição preceitual possui normas com alto grau de precisão e especificidade, o que permite uma imposição direta e coercitiva de seus dispositivos.
Em virtude da predominância de normas com grau superior de determinabilidade, as Constituições preceituais tendem a ser excessivamente detalhistas.
Ex: Constituição mexicana de 1917
3.14 QUANTO AO PAPEL DA CONSTITUIÇÃO (ou função desempenhada pela constituição)
A) Constituição – Lei
Neste tipo de constituição, a estrutura é formada por normas que se situam no mesmo nível das demais que compõem o ordenamento, de forma que a Constituição não é vista como parâmetro ordenador de agir legislativo, mas tão somente, como um conjunto de recomendações e orientações indicativos, que não necessariamente serão observadas e cumpridas.
B) Constituição – Moldura
Nesta concepção a constituição é só a moldura de um quadro vazio, funcionando como limite a atuação do legislador ordinário, que não poderá atuar fora dos limites previamente estabelecidos.
C) Constituição – Fundamento
Vista enquanto lei fundamental, esta constituição diferencia as normas constitucionais das demais, na medida em que se situa num plano de superioridade valorativo que às tornam cogentes para legisladores e indivíduos.
Nesse caso, atuação do legislador torna-se significativamente abreviada, vez que seu papel está reduzido a interpretar as normas constitucionais e efetiva-las.
3.15 QUANTO AO CONTEÚDO IDEOLÓGICO
A) Liberal
Delimita o exercício do poder estatal, assegura liberdade individuais, oponíveis ao estado, e as garantias que assegurem a realização dos direitos por parte dos indivíduos.
B) Social
Típicas de constitucionalismo pós liberais, as constituições liberais passam a consagrar em seus textos não só direitos relacionados a liberdade, mas também prerrogativas de cunho social, cultural e econômico.
CLASSIFICAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
A Constituição da Republica de 1988 possui, como principais, a seguintes características.
I) Democrática: seu texto foi construído com efetiva participação popular
II) Rígida: alteração do seu texto é possível e exige a observância de um processo legislativo mais solene e complexo do aquele previsto para a elaboração das demais espécies normativas, infraconstitucionais.
III) Escrita: todos os dispositivos são escritos e estão inseridos de modo sistemáticos em um único documento.
IV) Dogmática: elaborada em ocasião certa, historicamente datada por órgão com competência para tanto.
V) Formal: todas as normas constitucionais estão inseridas no texto da constituição independentemente de tratarem, ou não, de temas materialmente tido por constitucionais.
VI) Analítica: produzida de modo a detalhar desnecessariamente assunto dos quais não depende a estruturação do Estado.
VII) Dirigente: arquiteta programas (objetivos) a serem perseguidos pelos poderes públicos e pela sociedade.
 VIII) Nominativa: apesar de ainda não reproduzir com plena congruência a realidade política e social do Estado, ao menos anseia alcançar este estágio.
IX) Eclética: nela convivem várias ideologias.
 X) Orgânicas: estar organizada em uma estrutura documental única.
XI) Principiologia: nela o princípio são as normas que preponderam.
Constituições Brasileiras
I) Constituição de 1824:
-Nome oficial: Império do Brasil;
-Outorgada (25 de março);
-Liberal;
-Religião oficial: Católica;
-Transitoriamente imutável e depois semirrígida;
-Representa o documento constitucional que por mais tempo permaneceu em vigor.
 Enumerava direitos individuais sem eficácia prática;
 Organização do Estado fundada na separação dos poderes, mas estabeleceu um quarto poder
(o moderador);
 Sem previsão de controle de constitucionalidade;
 Quanto à forma de governo, foi à única monárquica e a única do tipo semirrígida;
 Adoção da forma de Estado unitária.
II) Constituição de 1891:
-Estados Unidos do Brasil;
-Prévios direitos políticos, mas excluía mendigos, analfabetos e mulheres;
-Adoção da forma de governo republicana;
-Forma federativa de Estado (antigas províncias passaram a condição de Estados-membros);
-Tripartição dos poderes (extinção do poder moderador).
 Não havia religião oficial;
 Ampliação dos direitos individuais com a consagração do “habeas corpus”;
 Previu o controle difuso de constitucionalidades;
 Em 1926 foi alvo de uma reforma autoritária que acabou precipitando a finalização da sua vigência, especialmente as revoluções de 1930 e 1932;
 Constituição tipo rígida e previu pela 1º vez cláusulas pétreas como federação e república;
III) Constituição de 1934:
-República dos Estados Unidos do Brasil;
-Promulgada por GetúlioVargas;
-Constituição social inspirada na Constituição de Weimar, de 1919;
-Primeira Constituição a disciplinar os direitos sociais;
-Definição de normas de proteção social para o trabalhador;
-Definição dos direitos políticos, com admissão do vosto feminino e secreto;
-Instituição da justiça eleitoral e da justiça do trabalho, porém esta última vinculada ao poder executivo;
-Manteve o controle difuso de constitucionalidade criou a cláusula de reserva de plenário; a ADIN
interventiva participação do senado na suspensão da execução da lei;
-Não havia religião oficial;
-Constituição Superrígidas (cláusulas pétreas como república e federação);
-Instituição do Ministério Público e do Tribunal de Contas;
-Instituição da assistência judiciária e criação de órgãos assegurando a isenção de custas e taxas;
-Consagração do mandado de segurança e da ação popular, além da manutenção do habeas corpus;
-Forma de Estado Federação;
-Forma de governo: república e presidencialismo;
IV) Constituição de 1937:
-Estados Unidos do Brasil;
-Retrocessos da garantia de direitos fundamentais;
-Mandado de segurança e ação popular deixaram de ser previstos;
-Admitiu-se a pena de morte apenas nos crimes militares;
-Foi outorgada por Getúlio Vargas embora o seu primeiro artigo constitucional dissesse que o “poder político emana do povo e é exercido em nome dele”;
-Os direitos políticos foram suspensos;
-Embora a existência da separação de poderes, porém, na prática o Executivo funcionava como um “superpoder” que poderia legislar através de decretos-lei ou discordar da decisão do Poder Judiciário declaratória de inconstitucionalidade de uma lei ou ato normativo, submetendo-a ao parlamento por manifestação de 2/3 de cada casa.
 Não havia religião oficial;
 Foi proibida a greve e lock out;
 Caráter autoritário e centralizador;
 Constituição rígida;
 Revogou a ADIN interventiva.
V) Constituição de 1946:
-Estados Unidos do Brasil;
-Aboliu a pena de morte, salvo em caso de guerra declarada;
-Constituição superrígida;
-Promulgada;
-Restabeleceu as eleições diretas para os membros do Executivo e do legislador;
-Presidencialismo/república e federação;
-Os governantes eram eleitos democraticamente;
-Não havia religião oficial;
-Poder legislador da União voltou a ser bicameral;
-Limitação dos poderes do presidente da república prevendo a responsabilização do presidente pelos
seus atos;
-Retomada do funcionamento dos três poderes (estrutura bicameral do congresso);
-O poder judiciário voltou a ter garantias da vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de vencimentos;
-Controle concentrado de constitucionalidade das leis e atos normativos tornou a ser competência exclusiva dos Tribunais;
-Inserção do direito de greve e o retorno dos direitos individuais e do mandado de segurança;
-Justiça do trabalho passou a ser órgão do poder judiciário.
VI) Constituição de 1967 e a Emenda Constitucional nº1/1969:
-República Federativa do Brasil;
-Outorgada;
-Constituição superrígida;
-Voltou a conceder poderes excepcionais ao Presidente da República;
-Reduziu a autonomia dos Estados-Membros que parcialmente perderam a capacidade de autogoverno,
já que seus governadores passaram a ser eleitos indiretamente;
-Possibilidade de suspensão dos direitos políticos;
-Competência da justiça militar, para julgar civis pela prática de crimes contra a segurança interna ou contra instituições militares;
-Reduziu direitos individuais e sociais;
-Embora tenha previsto direitos políticos, praticamente não foram atendidos em razão das eleições indiretas e cassação de direitos políticos;
-Manteve controle difuso de constitucionalidade;
-O judiciário teve suas garantias suspensas pelo AI-5;
-A primeira emenda feita à Constituição de 1967 acabou por alterá-la por completo. Desse modo, a maioria da doutrina filia-se à ideia de que a EC. Nº1/69 foi utilizada como mecanismo de outorga de um novo texto constitucional;
-EC. 1/69 fortaleceu a figura do Presidente da República;
-Alargou as hipóteses autorizadoras da suspensão dos direitos políticos;
-Estabeleceu a pena de morte, prisão perpétua, de batimento ou confisco.
4.1 QUANTO À APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS, José Afonso da Silva classifica:
	Plena = aplicabilidade direta e imediata. §1º, art. 5º, CF
	Contida = aplicabilidade direta e imediata (sujeita a restrições)
	Limitada = • quanto a princípios institutivos
 • declaratória de princípios programáticos 
Aplicabilidade
das normas
constitucionais
Limitada: aplicabilidade reduzida
5. PRINCÍPIOS INSTRUMENTAIS DE INTERPRETAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO E DAS LEIS
5.1 PRINCÍPIO DA SUPREMACIA DA CONSTITUIÇÃO
Por este princípio estabelece que, em virtude de a Constituição ocupar o ápice da estrutura normativa em nosso ordenamento, todas as demais normas e atos do poder público somente serão consideradas válidas quando em conformidade com ela.
5.2 PRINCÍPIO DA INTERPRETAÇÃO CONFORME À CONSTITUIÇÃO
Não se presta à interpretação das normas constitucionais propriamente, e sim da legislação infraconstitucional. Este princípio encontra sua morada diante das chamadas normas polissêmicas ou plurissignificativas, isto é, aquelas que podem ser interpretadas de maneiras diversas.
Há, no entanto, regras a serem observadas ante a utilização da interpretação conforme à constituição:
I) Se o texto da constituição é unívoco, isto é, não tolera interpretações múltiplas, não há que se falar em interpretação conforme.
II) Não são aceitáveis violações à literalidade do texto, afinal o intérprete encontra seu limite de atuação no perímetro que envolve as possibilidades hermenêuticas de texto, não podendo, jamais, atuar como legislador positivo, criando norma a partir da tarefa interpretativa.
5.3 PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE CONSTITUCIONALIDADE DAS LEIS
Como os poderes públicos extraem suas competências da Constituição, por consequência presume-se que eles agem estritamente em consonância com esta. Isso confere às normas produzidas pelo Poder Legislativo (e também pelos demais Poderes, no exercício da função atípica de natureza legislativa) a presunção de serem constitucionais.
Ressalta-se que essa presunção é apenas relativa, isto é, admite prova em contrário, o que autoriza que as normas se submetem ao controle de constitucionalidade.
5.4 PRINCÍPIO DA UNIDADE DA CONSTITUIÇÃO
Visa conferir um caráter ordenado e sistematizado para as disposições constitucionais, permitindo que o texto da Carta maior seja compreendido como um todo unitário e harmônico.
Em decorrência desse princípio, pode-se afirmar que não há hierarquia normativa, tampouco subordinação entre as normas constitucionais, eventuais conflitos entre as normas originárias serão, pois, sanados por meio da tarefa hermenêutica.
5.5 PRINCÍPIO DA FORÇA NORMATIVA
Idealizado por Konrad Hesse, preceitua ser função do interprete sempre valorizar as soluções que possibilitem a atualização normativa, a eficácia e a permanência da Constituição. Destarte, deve o intérprete priorizar a interpretação que dê concretude à normatividade constitucional, jamais negando-lhe eficácia.
5.6 PRINCÍPIO DO EFEITO INTEGRADOR
Por força desse princípio, na interpretação da Constituição deve-se buscar a leitura que reforce o ideal de que a Constituição é um agrupamento normativo único, composto por normas conectadas, que devem ser lidas de maneira a reforçar e reafirmar a integração política e social engendrada pela Constituição.
5.7 PRINCÍPIO DA CONCORDÂNCIA PRÁTICA OU HARMONIZAÇÃO
Visa solver eventuais desacertos entre as normas constitucionais. Atua perante conflitos específicos, que somente se pronunciam diante de um caso concreto.
5.8 PRINCÍPIO DA MÁXIMA EFETIVIDADE OU DA EFICIÊNCIA (intervenção efetiva)
O princípio da máxima efetividade apresenta-se pois, como um apelo, para que seja realizada a interpretação dos direitos e garantias fundamentais de modo a alcançar a maior efetividade possível de maneira a otimizar a norma e dela extrair todo o seu potencial protetivo.
5.9 PRINCÍPIO DA CONFORMIDADEFUNCIONAL OU JUSTIÇA
Objetiva impedir que os órgãos encarregados de realizar a interpretação constitucional chequem a um resultado que subverta ou perturbe o esquema organizatório funcional estabelecido pela constituição, sob pena de usurpação de competência.

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