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Regime Jurídico do Ministério Público - Verbo Jurídico - 2020

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REGIME JURÍDICO DO MINISTÉRIO PÚBLICO 
 
1 
 
 
 
REGIME JURÍDICO DO MINISTÉRIO PÚBLICO 
 
2 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
 
1. MINISTÉRIO PÚBLICO ............................................................................................................... 03 
2. PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS E ORGANIZAÇÃO DO MP ........................................................... 05 
3. MODELO E ATRIBUIÇÕES CONSTITUCIONAIS DO MP .............................................................. 07 
4. CARREIRA, DEVERES, DIREITOS, PRERROGATIVAS E GARANTIAS DOS MEMBROS ................ 08 
5. REGIME DISCIPLINAR ................................................................................................................ 13 
6. CONSELHO NACIONAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO .................................................................... 23 
7. MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO ............................................................................................. 25 
8. MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO ...................................................................................... 27 
9. LEI ORGÂNICA NACIONAL DO MP - LEI 8.625/1993 ................................................................. 32 
10. LEI ORGÂNICA DO MP DA UNIÃO - LC 75/1993 ..................................................................... 49 
 
 
 
 
 
 
REGIME JURÍDICO DO MINISTÉRIO PÚBLICO 
 
3 
 
 
 
 
 
MINISTÉRIO PÚBLICO 
 
 
 
O Ministério Público é fruto do desenvolvimento do estado brasileiro e da democracia. Sua his-
tória é marcada por dois grandes processos que culminaram na formalização do Parquet como insti-
tuição e na ampliação de sua área de atuação. 
 
No período colonial, o Brasil foi orientado pelo direito lusitano. Não havia o Ministério Público 
como instituição, mas as Ordenações Manuelinas (1521) e as Ordenações Filipinas (1603) já faziam 
menção aos promotores de justiça, atribuindo a eles o papel de fiscalizar a lei e de promover a acu-
sação criminal. Existiam ainda o cargo de procurador dos feitos da Coroa (defensor da Coroa) e o de 
procurador da Fazenda (defensor do fisco). 
 
Só no Império, em 1832, com o Código de Processo Penal do Império, iniciou-se a sistematiza-
ção das ações do Ministério Público. 
 
Na República, o Decreto 848, de 11/09/1890, ao criar e regulamentar a Justiça Federal, dispôs 
sobre a estrutura e atribuições do Ministério Público no âmbito federal. Neste decreto destacam-se a 
indicação do procurador-geral pelo Presidente da República e a função do procurador de “cumprir as 
ordens do Governo da República relativas ao exercício de suas funções” e de “promover o bem dos 
direitos e interesses da União”. (art. 24, alínea “c”) 
 
Mas foi o processo de codificação do Direito nacional que permitiu o crescimento institucional 
do Ministério Público, visto que os códigos (Civil de 1916, de Processo Civil de 1939 e de 1973, Penal 
de 1940 e de Processo Penal de 1941) atribuíram várias funções à instituição. 
 
Em 1951, a Lei Federal 1.341 criou o Ministério Público da União, que se ramificava em Minis-
tério Público Federal, Militar, Eleitoral e do Trabalho. O MPU pertencia ao Poder Executivo. 
 
Em 1981, a Lei Complementar 40 dispôs sobre o estatuto do Ministério Público, instituindo 
garantias, atribuições e vedações aos membros do órgão. 
 
Em 1985, a Lei 7.347 (Lei de Ação Civil Pública) ampliou consideravelmente a área de atuação 
do Parquet, ao atribuir a função de defesa dos interesses difusos e coletivos. Antes da ação civil 
pública, o Ministério Público desempenhava basicamente funções na área criminal. Na área cível, o 
Ministério tinha apenas uma atuação interveniente, como fiscal da lei em ações individuais. Com o 
advento da ação civil pública, o órgão passa a ser agente tutelador dos interesses difusos e coleti-
vos. 
 
Quanto aos textos constitucionais, o Ministério Público ora aparece, ora não é citado. Esta in-
constância decorre das oscilações entre regimes democráticos e regimes autoritários/ditatoriais. 
 
- Constituição de 1824: não faz referência expressa ao Ministério Público. Estabelece que 
“nos juízos dos crimes, cuja acusação não pertence à Câmara dos Deputados, acusará o 
procurador da Coroa e Soberania Nacional”. 
 
REGIME JURÍDICO DO MINISTÉRIO PÚBLICO 
 
4 
 
 
- Constituição de 1891: não faz referência expressa ao Ministério Público. Dispõe sobre a 
escolha do Procurador-Geral da República e a sua iniciativa na revisão criminal. 
 
- Constituição de 1934: faz referência expressa ao Ministério Público no capítulo “Dos ór-
gãos de cooperação”. Institucionaliza o Ministério Público. Prevê lei federal sobre a organi-
zação do Ministério Público da União. 
 
- Constituição de 1937: não faz referência expressa ao Ministério Público. Diz respeito ao 
Procurador-Geral da República e ao quinto constitucional. 
 
- Constituição de 1946: faz referência expressa ao Ministério Público em título próprio 
(arts. 125 a 128) sem vinculação aos poderes. 
 
- Constituição de 1967: faz referência expressa ao Ministério Público no capítulo destina-
do ao Poder Judiciário. 
 
- Emenda constitucional de 1969: faz referência expressa ao Ministério Público no capítu-
lo destinado ao Poder Executivo. 
 
- Constituição de 1988: 
Até a Constituição Federal de 1988, o Ministério Público detinha atribuições relativas às vá-
rias funções essenciais à Justiça, exercendo com quase exclusividade a função 
de Ombudsman. Em outras palavras, o sistema se dividia entre o Ministério Público e 
o Ministério Privado (ou Advocacia Privada, na qual se incluía a Defensoria Pública). Assim, 
o órgão cumulava as atribuições de promover a ação penal, representar juridicamente o Es-
tado e mesmo a defesa dos hipossuficientes. 
 
Entretanto, o processo de redemocratização do Brasil passou a demandar progressivamen-
te mais do órgão, bem como reivindicava uma maior fiscalização do Estado. 
 
Assim, sob pressão de alguns setores da sociedade, a Constituição Federal de 1988 superou 
esse modelo, distribuindo as diversas funções entre as Funções Essenciais à Justiça, em 
seus arts. 127 a 135. Tais funções ostentam elevado grau de independência dos demais po-
deres, tendo como responsabilidade precípua o livre trânsito e fiscalização de seu funcio-
namento, remetendo-se a ramificações do clássico instituto do Ombudsman. Constituem 
subdivisões do que se convencionou chamar de advocacia lato sensu. 
 
Nesse sistema, o Ministério Público lato sensu passou a se dividir em três: 
 Procuratura da sociedade: Ministério Público em sentido estrito (arts. 127 a 130-A, CF); 
 
 Procuratura do Estado: Advocacia Pública (arts. 131 e 132, CF); 
 
 Procuratura dos hipossuficientes: Defensoria Pública (arts. 134 e 135, CF). 
 
A Advocacia Privada seguiu como procuratura de interesses privados, conforme o art. 133, CF. 
 
Neste sentido, o Ministério Público enquanto órgão ficou encarregado de promover, privati-
vamente, a ação penal pública; zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de 
REGIME JURÍDICO DO MINISTÉRIO PÚBLICO 
 
5 
 
 
relevância pública aos direitos assegurados na Constituição, promovendo as medidas necessárias a 
sua garantia; promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público 
e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos, dentre outras atribuições. 
 
A Advocacia Pública ficou encarregada pela representação e fiscalização jurídicas do Estado e 
zelo pelo patrimônio público, o que lhe atrai as mais inúmeras funções. É enxergada, por alguns au-
tores, como um marco divisório limitativo dos interesses políticos dentro da Administração Pública, 
ou, ainda, a função responsável por impor os limites entre o Governo (temporário e movido por ideo-
logias partidárias) e o Estado (entidade permanente e regida pelo Direito). Assim é que cabe aos pro-
curadores públicos a proteção do Estado contra terceiros e contra o próprio Governo,não permitin-
do que questões políticas tragam gravames ilícitos ao Estado. 
 
A Defensoria Pública, por sua vez, ficou incumbida da defesa de grupos financeiramente e or-
ganizacionalmente hipossuficientes (consumidor, idoso, criança e adolescente, mulheres vítimas de 
violência), legitimando a Defensoria para o ajuizamento de ações civis públicas em prol do interesse 
desses grupos. 
 
 
 
PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS E ORGANI-
ZAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO 
 
 
 PRINCÍPIOS 
São princípios institucionais do Ministério Público, elencados no art. 127, § 1º, CF, e no art. 1º, 
parágrafo único, Lei 8.625/93, o princípio da unidade, da indivisibilidade e da independên-
cia funcional. A seguir, os detalhes e particularidades acerca de cada um desses princípios institucio-
nais. 
 
 PRINCÍPIO DA UNIDADE 
Conforme o princípio institucional da unidade, o Ministério Público é uma instituição única, 
sob a égide de um só chefe. Sua divisão, portanto, é meramente funcional. 
 
Essa unidade, porém, se encontra dentro de cada órgão da instituição. Dessa forma, não há 
unidade entre o Ministério Público da União, cujo chefe é o Procurador-Geral da República, e os Mi-
nistérios Públicos dos Estados, chefiados pelos Procuradores-Gerais de Justiça. 
 
A unidade também não se aplica entre o Ministério Público da União e seus diversos ramos, já 
que cada um deles possui seu próprio Procurador-Geral (Trabalho, Militar, Eleitoral e do Distrito Fe-
deral e Territórios). 
 
 PRINCÍPIO DA INDIVISIBILIDADE 
O princípio institucional da indivisibilidade é corolário do princípio da unidade, ou seja, aquele 
decorre logicamente deste. 
 
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A consequência desse princípio é a possibilidade de que um membro do Ministério Público 
substitua outro, no desempenho da mesma função, sem que haja implicações práticas. 
 
Isto porque, conforme o princípio, quem exerce essencialmente o ato é a instituição Ministé-
rio Público, não a pessoa do Promotor de Justiça ou Procurador. 
 
 PRINCÍPIO DA INDEPENDÊNCIA FUNCIONAL 
O princípio institucional da independência funcional do Ministério Público estabelece 
a autonomia de convicção de seus membros. Em outras palavras, eles não se submetem a nenhum 
poder hierárquico no exercício de suas funções. Dessa forma, podem agir no processo da maneira 
que melhor julgarem. 
 
A hierarquia restringe-se a questões de caráter administrativo e é concretizada na figura do 
Chefe da instituição. Porém, não tem este ingerência em questões de caráter funcional. O art. 85, II, 
inclusive, estabelece ser crime de responsabilidade o ato do Presidente da República que atente con-
tra o livre exercício do Ministério Público. 
 
 ORGANIZAÇÃO 
 ABRANGÊNCIA DO MINISTÉRIO PÚBLICO 
Tendo em vista os princípios institucionais da unidade e indivisibilidade (art. 127, CF) o Minis-
tério Público é uno, não estando, portanto, repartido em órgãos e abrange (art. 128, CF): 
I - o Ministério Público da União, que compreende o Ministério Público Federal, o Mi-
nistério Público do Trabalho, o Ministério Público Militar e o Ministério Público do Distri-
to Federal e Territórios; 
II - os Ministérios Públicos dos Estados. 
 
 MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO 
O Ministério Público da União tem por chefe o Procurador-Geral da República, nomeado pelo 
Presidente da República entre integrantes da carreira, maiores de trinta e cinco anos, após a apro-
vação de seu nome pela maioria absoluta dos membros do Senado Federal, para mandato de dois 
anos, permitida a recondução (art. 128, § 1º, CF). 
 
Note-se que o texto constitucional, ao admitir a recondução do Procurador Geral da República, 
permite que haja mais de uma recondução para mandatos subsequentes. 
 
A destituição do Procurador-Geral da República, por iniciativa do Presidente da República, 
deverá ser precedida de autorização da maioria absoluta do Senado Federal (art. 128, § 2º, CF). 
 
 MINISTÉRIOS PÚBLICOS DOS ESTADOS 
Os Ministérios Públicos dos Estados e o do Distrito Federal e Territórios formarão lista tríplice 
entre integrantes da carreira, na forma da lei respectiva, para escolha de seu Procurador-Geral, que 
será nomeado pelo Chefe do Poder Executivo, para mandato de dois anos, permitida uma recondu-
ção (art. 128, § 3º, CF). 
 
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Diferentemente da nomeação do Procurador-Geral da República, a escolha do Procurador-
Geral de Justiça, por parte do Chefe do Executivo (Governador de Estado ou Governador Distrital, 
conforme o caso) depende do envio prévio de lista tríplice. 
 
Os Procuradores-Gerais, nos Estados e no Distrito Federal e Territórios, poderão ser destituí-
dos por deliberação da maioria absoluta do Poder Legislativo, na forma da lei complementar res-
pectiva (art. 128, § 4º, CF). 
 
 MINISTÉRIO PÚBLICO JUNTO AOS TRIBUNAIS DE CONTAS 
O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (MPTCU) compõe-se de um procu-
rador-geral, três subprocuradores-gerais e quatro procuradores. 
 
O MPTCU tem como missão a guarda da lei e fiscalização de sua execução. Dentre suas com-
petências, destacam-se: 
- A defesa da ordem jurídica; 
 
- Comparecimento às sessões do Tribunal para dizer de direito, sendo obrigatória sua audi-
ência nos processos de tomada ou prestação de contas e nos concernentes aos atos de ad-
missão de pessoal e de concessão de aposentadorias, reformas e pensões; 
 
- Interposição dos recursos permitidos em lei; 
 
- Encaminhamento das seguintes medidas: autorização da cobrança judicial da dívida e as 
medidas necessárias ao arresto dos bens dos responsáveis julgados em débito. 
 
Aos membros do MPTCU aplicam-se, subsidiariamente, no que couber, as disposições da Lei 
orgânica do Ministério Público da União, pertinentes a direitos, garantias, prerrogativas, vedações, 
regime disciplinar e forma de investidura no cargo inicial da carreira. Contudo, destaca-se que, de 
acordo com o entendimento do Supremo Tribunal Federal, “o ministério público junto ao TCU possui 
fisionomia institucional própria, que não se confunde com a do Ministério Público comum, sejam os 
dos Estados, seja o da União”. 1 
 
 
 
MODELO E ATRIBUIÇÕES CONSTITU-
CIONAIS DO MINISTÉRIO PÚBLICO 
 
 
Tem o Ministério Público suas atribuições constitucionais delimitadas aos ditames estabeleci-
dos nos arts. 127 e 129, CF, dispositivos de natureza heterogênea, alguns de eficácia plena, outros, 
de eficácia diferida. 
 
O Ministério Público, a teor do art. 127, CF, é incumbido da “defesa da ordem jurídica, do re-
gime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis”, norma esta complementada e 
explicitada pelo art. 129, CF, a descortinar e induzir o intérprete com a inserção clara de hipóteses e 
finalidades da atuação como da proteção de “interesses difusos” e “coletivos”, e da efetivação do 
 
1 MS 27.339, rel min. Menezes Direito, julgamento em 2-2-2009, Plenário, DJE de 6-3-2009. 
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REGIME JURÍDICO DO MINISTÉRIO PÚBLICO 
 
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“respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública” aos direitos assegurados pela 
Constituição, etc. 
 
Se estas são as finalidades constitucionais da atuação do Parquet (arts. 127 e 129), conceito 
que deve ser tomado como “pedra fundamental” a vincular toda a interpretação do capítulo do Mi-
nistério Público e sua atuação funcional, impondo-se como limite último especialmente das normas 
infraconstitucionais é a da compatibilização da atribuição com sua finalidade (art. 129, IX, CF), ou 
destinação institucional, como órgão estatal de atuação preferentemente judicial. 
 
Três são as finalidades genéricas (art. 127) no atuar do MinistérioPúblico: a ordem jurídica e 
regime democrático (a ordem jurídica-democrática), o interesse social e o interesse individual indis-
ponível (art. 127, CF). Estas finalidades são complementadas e explicitadas no art. 129: interesses 
metaindividuais, zelo dos serviços públicos ou de relevância pública, controle externo da atividade 
policial (cuja atividade precípua é a investigação criminal, ou seja, o texto impõe o controle da inves-
tigação), etc. 
 
 LITISCONSÓRCIO ENTRE MINISTÉRIOS PÚBLICOS 
Em princípio, não seria possível um litisconsórcio do Ministério Público em ações coletivas, já 
que um dos princípios do MP é a unidade. Sendo uno, não faria sentido o litisconsórcio, uma reuni-
ão do que já é único. 
 
Mas a lei prevê a possibilidade: art. 5º, §5º, Lei da Ação Civil Pública, art. 113, CDC e art. 210, 
ECA. Esses textos estabelecem a possibilidade de reunião de diferentes MPs (estaduais ou estadual-
federal). 
 
Isto ocorre, na verdade, porque a unidade do MP, como princípio, só existe formalmente, 
pois na realidade existem todos os MPs estaduais e os vários MPs da União. 
 
A observação que se deve fazer é que o interesse transcenda ao território de atribuição de 
um dos MPs, possibilitando o litisconsórcio. 
 
 
CARREIRA, DEVERES, PRERROGATIVAS E 
GARANTIAS DOS MEMBROS DO 
MINISTÉRIO PÚBLICO 
 
 
 INGRESSO NA CARREIRA 
O ingresso na carreira do Ministério Público ocorre mediante concurso público de provas e tí-
tulos, assegurada a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em sua realização, exigindo-se 
do bacharel em direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica e observando-se, nas nomeações, 
a ordem de classificação (art. 129, § 3º, CF). 
 
 DEVERES 
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REGIME JURÍDICO DO MINISTÉRIO PÚBLICO 
 
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Os deveres dos membros do Ministério Público da União estão elencados na Lei Complemen-
tar nº 75/93, em seu art. 236. São eles: 
Art. 236. O membro do Ministério Público da União, em respeito à dignidade de suas fun-
ções e à da Justiça, deve observar as normas que regem o seu exercício e especialmente: 
I - cumprir os prazos processuais; 
II - guardar segredo sobre assunto de caráter sigiloso que conheça em razão do cargo ou 
função; 
III - velar por suas prerrogativas institucionais e processuais; 
IV - prestar informações aos órgãos da administração superior do Ministério Público, 
quando requisitadas; 
V - atender ao expediente forense e participar dos atos judiciais, quando for obrigatória a 
sua presença; ou assistir a outros, quando conveniente ao interesse do serviço; 
VI - declarar-se suspeito ou impedido, nos termos da lei; 
VII - adotar as providências cabíveis em face das irregularidades de que tiver conhecimen-
to ou que ocorrerem nos serviços a seu cargo; 
VIII - tratar com urbanidade as pessoas com as quais se relacione em razão do serviço; 
IX - desempenhar com zelo e probidade as suas funções; 
X - guardar decoro pessoal. 
 
 Os deveres dos membros do Ministério Público dos Estados são basicamente os mesmos. 
Estão mencionados no art. 43, Lei 8.625/93: 
Art. 43. São deveres dos membros do Ministério Público, além de outros previstos em lei: 
I - manter ilibada conduta pública e particular; 
II - zelar pelo prestígio da Justiça, por suas prerrogativas e pela dignidade de suas fun-
ções; 
III - indicar os fundamentos jurídicos de seus pronunciamentos processuais, elaborando 
relatório em sua manifestação final ou recursal; 
IV - obedecer aos prazos processuais; 
V - assistir aos atos judiciais, quando obrigatória ou conveniente a sua presença; 
VI - desempenhar, com zelo e presteza, as suas funções; 
VII - declarar-se suspeito ou impedido, nos termos da lei; 
VIII - adotar, nos limites de suas atribuições, as providências cabíveis em face da irregula-
ridade de que tenha conhecimento ou que ocorra nos serviços a seu cargo; 
IX - tratar com urbanidade as partes, testemunhas, funcionários e auxiliares da Justiça; 
X - residir, se titular, na respectiva Comarca; 
XI - prestar informações solicitadas pelos órgãos da instituição; 
XII - identificar-se em suas manifestações funcionais; 
XIII - atender aos interessados, a qualquer momento, nos casos urgentes; 
XIV - acatar, no plano administrativo, as decisões dos órgãos da Administração Superior 
do Ministério Público. 
 
 
 GARANTIAS 
Também chamadas de garantias de liberdade, estas garantias referentes aos membros do Mi-
nistério Público estão preconizadas nos arts. 128, § 5º, I, CF, 17 e 208 a 213, LC 75/93 e 38, Lei 
8.625/93 (LONMP)2. 
 
2 Art. 38. Os membros do Ministério Público sujeitam-se a regime jurídico especial e têm as seguintes garantias: 
I - vitaliciedade, após dois anos de exercício, não podendo perder o cargo senão por sentença judicial transitada em julgado; 
II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público; 
III - irredutibilidade de vencimentos, observado, quanto à remuneração, o disposto na Constituição Federal. 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/103973/estatuto-do-minist%C3%A9rio-p%C3%BAblico-da-uni%C3%A3o-lei-complementar-75-93
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/11305089/artigo-236-lc-n-75-de-20-de-maio-de-1993
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/12098954/artigo-43-da-lei-n-8625-de-12-de-fevereiro-de-1993
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/127649/lei-org%C3%A2nica-nacional-do-minist%C3%A9rio-p%C3%BAblico-lei-8625-93
file:///C:\Users\User\Documents\Marcos\Direito\Ética%20Profissional\ÉTICA%20DO%20MINISTÉRIO%20PÚBLICO.docx%23_ftn5
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REGIME JURÍDICO DO MINISTÉRIO PÚBLICO 
 
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 VITALICIEDADE 
A vitaliciedade significa que o membro do Ministério Público, após cumprido o estágio proba-
tório de dois anos, somente perderá o cargo por sentença judicial transitada em julgado. 
 
As hipóteses de perda da função de membro do Ministério Público estão previstas no art. 38, § 
1º, LONMP. Além disso, o seu § 2º dispõe que a decretação de perda do cargo deve ser proposta pelo 
respectivo Procurador-Geral mediante ação civil, perante o Tribunal de Justiça, com a autorização do 
Colégio de Procuradores. Já no âmbito da União, a ação para perda de cargo, quando decorrente de 
proposta do Conselho Superior após processo administrativo, provocará o afastamento do membro 
do Ministério Público do exercício de suas funções, com a respectiva perda dos vencimentos e das 
vantagens pecuniárias (art. 208, LC 75/93). 
 
 INAMOVIBILIDADE 
A inamovibilidade é a impossibilidade de se remover um membro do MP do órgão onde esteja 
lotado sem sua manifesta vontade, impedindo até a própria promoção sem a sua prévia concordân-
cia, salvo motivo de interesse público, após manifestação do órgão colegiado competente. 
 
Como exceção ao caráter absoluto, a inamovibilidade pode ser afastada por decisão da maioria 
absoluta dos membros do Conselho Superior do Ministério Público, em caso de interesse público 
(remoção compulsória), assegurada a ampla defesa e o devido processo legal (art. 15, VIII, LONMP), 
cabendo recurso ao Órgão Especial do Colégio de Procuradores de Justiça (art. 12, VIII, d, LONMP). 
No caso do MP da União, o órgão colegiado competente é o Conselho Superior do respectivo ramo 
(art. 211, LC 75/93). 
 
 IRREDUTIBILIDADE DE SUBSÍDIOS 
A irredutibilidade de subsídios foi outorgada aos membros do Ministério Público pela Carta de 
1988, que, em seu art. 39, §4º, dispõe ser o subsídio uma remuneração exclusiva, fixada em parcela 
única, sendo vedado acrescentar qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de represen-
tação ou outra espécie remuneratória. Para tanto, há que se observar, em qualquer caso, o arts. 37, 
X e XI, 150, II, 153, III e § 2º, I. 
 
A razão da irredutibilidade de vencimentos ou subsídios emerge da necessidade de se garantir 
ao membro do MP imunidade às eventuaisretaliações dos governantes no que toca à redução de sua 
remuneração. Isto quer dizer apenas que não será permitido a diminuição do valor da remuneração 
percebida mensalmente, e não necessariamente a manutenção do seu valor de compra por motivo 
de inflação, que nem sempre pode ser prontamente corrigido. 
 
 PRERROGATIVAS E VANTAGENS FUNCIONAIS 
 
§ 1º O membro vitalício do Ministério Público somente perderá o cargo por sentença judicial transitada em julgado, proferida em ação civil 
própria, nos seguintes casos: 
I - prática de crime incompatível com o exercício do cargo, após decisão judicial transitada em julgado; 
II - exercício da advocacia; 
III - abandono do cargo por prazo superior a trinta dias corridos. 
§ 2º A ação civil para a decretação da perda do cargo será proposta pelo Procurador-Geral de Justiça perante o Tribunal de Justiça local, 
após autorização do Colégio de Procuradores, na forma da Lei Orgânica. 
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As garantias são atributos que se destinam ao livre exercício das funções. Já as prerrogativas 
são distinções, vantagens e imunidades funcionais ínsitas ao cargo. Quanto à confusão que normal-
mente se faz entre prerrogativas e privilégios, Carlos Henrique Leite ensina: 
“Insta frisar, de logo, que prerrogativa não se confunde com privilégio, vez que a-
quela deriva de ordem pública, cujo fim é assegurar que o seu destinatário possa 
exercer determinada atividade ou função com segurança, independência e auto-
nomia em prol da própria coletividade. Este, ao revés, constitui vantagem individual 
sem qualquer razão jurídica plausível, ferindo, assim, o princípio da igualdade pre-
conizado pela ordem constitucional (CF, art. 5º).” 
3
 
 
O art. 18, LC 75/93, estabelece as prerrogativas dos membros do Ministério Público como insti-
tucionais ou processuais, conforme exposto a seguir: 
Art. 18. São prerrogativas dos membros do Ministério Público da União: 
I - institucionais: 
a) sentar-se no mesmo plano e imediatamente à direita dos juízes singulares ou presiden-
tes dos órgãos judiciários perante os quais oficiem; 
b) usar vestes talares; 
c) ter ingresso e trânsito livres, em razão de serviço, em qualquer recinto público ou pri-
vado, respeitada a garantia constitucional da inviolabilidade do domicílio; 
d) a prioridade em qualquer serviço de transporte ou comunicação, público ou privado, no 
território nacional, quando em serviço de caráter urgente; 
e) o porte de arma, independentemente de autorização; 
f) carteira de identidade especial, de acordo com modelo aprovado pelo Procurador-Geral 
da República e por ele expedida, nela se consignando as prerrogativas constantes do inci-
so I, alíneas c, d e e do inciso II, alíneas d, e e f, deste artigo; 
II - processuais: 
a) do Procurador-Geral da República, ser processado e julgado, nos crimes comuns, pelo 
Supremo Tribunal Federal e pelo Senado Federal, nos crimes de responsabilidade; 
b) do membro do Ministério Público da União que oficie perante tribunais, ser processado 
e julgado, nos crimes comuns e de responsabilidade, pelo Superior Tribunal de Justiça; 
c) do membro do Ministério Público da União que oficie perante juízos de primeira instân-
cia, ser processado e julgado, nos crimes comuns e de responsabilidade, pelos Tribunais 
Regionais Federais, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral; 
d) ser preso ou detido somente por ordem escrita do tribunal competente ou em razão de 
flagrante de crime inafiançável, caso em que a autoridade fará imediata comunicação à-
quele tribunal e ao Procurador-Geral da República, sob pena de responsabilidade; 
e) ser recolhido à prisão especial ou à sala especial de Estado-Maior, com direito a privaci-
dade e à disposição do tribunal competente para o julgamento, quando sujeito a prisão 
antes da decisão final; e a dependência separada no estabelecimento em que tiver de ser 
cumprida a pena; 
f) não ser indiciado em inquérito policial, observado o disposto no parágrafo único deste 
artigo; 
g) ser ouvido, como testemunhas, em dia, hora e local previamente ajustados com o ma-
gistrado ou a autoridade competente; 
h) receber intimação pessoalmente nos autos em qualquer processo e grau de jurisdição 
nos feitos em que tiver que oficiar. 
Parágrafo único. Quando, no curso de investigação, houver indício da prática de infração 
penal por membro do Ministério Público da União, a autoridade policial, civil ou militar, 
remeterá imediatamente os autos ao Procurador-Geral da República, que designará 
membro do Ministério Público para prosseguimento da apuração do fato. 
 
3 LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Ministério Público do Trabalho. Doutrina, Jurisprudência e Prática. 3. ed. São Paulo: LTR, 2006. p. 75. 
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As prerrogativas do MP também encontram previsão legal entre os arts. 40 a 42, LONMP4. 
Dentre extenso rol, destaca-se que o membro do Ministério Público somente poderá ser investigado, 
em caso de conduta delituosa, pelo Procurador Geral de Justiça (art. 41, parágrafo único). Quanto à 
prisão, se for uma decisão criminal, somente o Tribunal de Justiça poderá ordenar a prisão do pro-
motor de Justiça, sendo dele a competência para julgá-lo (art. 40, IV). Já no caso do promotor não 
pagar a pensão alimentícia devida, poderá ser preso pelo juiz da vara de família ou da vara cível. Po-
de ocorrer também a prisão em flagrante, na hipótese de crimes inafiançáveis (art. 40, III). Nesta 
hipótese, cabe à autoridade policial comunicar e apresentar o membro do Parquet ao Procurador-
Geral de Justiça. A não apresentação no prazo hábil acarretará a perda da condição coercitiva de 
liberdade do instrumento flagrancial, sendo cabível o relaxamento da prisão. 
 
Outra importante prerrogativa consiste na intimação pessoal do membro do Ministério Públi-
co que só pode se dar pessoalmente com exigência de vista (art. 41, IV), bem como a licença legal 
para porte de arma que gozam os membros do Ministério Público, prerrogativa esta que independe 
de qualquer ato formal de licença ou autorização (art. 42). 
 
O foro especial por prerrogativa de função se constitui um predicado constitucional dos 
membros do Parquet. O art. 96, III, CF, outorga aos membros do MP Estadual o foro por prerrogativa 
no Tribunal de Justiça do Estado onde estiver vinculado. Trata-se de exceção ao princípio locus delicti 
comissi, local do cometimento do crime, do Direito processual, outorgada também pelo art. 40, IV, 
LONMP. 
 
4 Art. 40. Constituem prerrogativas dos membros do Ministério Público, além de outras previstas na Lei Orgânica: 
I - ser ouvido, como testemunha ou ofendido, em qualquer processo ou inquérito, em dia, hora e local previamente ajustados com o Juiz 
ou a autoridade competente; 
II - estar sujeito a intimação ou convocação para comparecimento, somente se expedida pela autoridade judiciária ou por órgão da 
Administração Superior do Ministério Público competente, ressalvadas as hipóteses constitucionais; 
III - ser preso somente por ordem judicial escrita, salvo em flagrante de crime inafiançável, caso em que a autoridade fará, no prazo 
máximo de vinte e quatro horas, a comunicação e a apresentação do membro do Ministério Público ao Procurador-Geral de Justiça; 
IV - ser processado e julgado originariamente pelo Tribunal de Justiça de seu Estado, nos crimes comuns e de responsabilidade, ressalvada 
exceção de ordem constitucional; 
V - ser custodiado ou recolhido à prisão domiciliar ou à sala especial de Estado Maior, por ordem e à disposição do Tribunal competente, 
quando sujeito a prisão antesdo julgamento final; 
VI - ter assegurado o direito de acesso, retificação e complementação dos dados e informações relativos à sua pessoa, existentes nos 
órgãos da instituição, na forma da Lei Orgânica. 
Art. 41. Constituem prerrogativas dos membros do Ministério Público, no exercício de sua função, além de outras previstas na Lei 
Orgânica: 
I - receber o mesmo tratamento jurídico e protocolar dispensado aos membros do Poder Judiciário junto aos quais oficiem; 
II - não ser indiciado em inquérito policial, observado o disposto no parágrafo único deste artigo; 
III - ter vista dos autos após distribuição às Turmas ou Câmaras e intervir nas sessões de julgamento, para sustentação oral ou 
esclarecimento de matéria de fato; 
IV - receber intimação pessoal em qualquer processo e grau de jurisdição, através da entrega dos autos com vista; 
V - gozar de inviolabilidade pelas opiniões que externar ou pelo teor de suas manifestações processuais ou procedimentos, nos limites de 
sua independência funcional; 
VI - ingressar e transitar livremente: 
a) nas salas de sessões de Tribunais, mesmo além dos limites que separam a parte reservada aos Magistrados; 
b) nas salas e dependências de audiências, secretarias, cartórios, tabelionatos, ofícios da justiça, inclusive dos registros públicos, delegacias 
de polícia e estabelecimento de internação coletiva; 
c) em qualquer recinto público ou privado, ressalvada a garantia constitucional de inviolabilidade de domicílio; 
VII - examinar, em qualquer Juízo ou Tribunal, autos de processos findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo 
copiar peças e tomar apontamentos; 
VIII - examinar, em qualquer repartição policial, autos de flagrante ou inquérito, findos ou em andamento, ainda que conclusos à 
autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos; 
IX - ter acesso ao indiciado preso, a qualquer momento, mesmo quando decretada a sua incomunicabilidade; 
X - usar as vestes talares e as insígnias privativas do Ministério Público; 
XI - tomar assento à direita dos Juízes de primeira instância ou do Presidente do Tribunal, Câmara ou Turma. 
Parágrafo único. Quando no curso de investigação, houver indício da prática de infração penal por parte de membro do Ministério Público, 
a autoridade policial, civil ou militar remeterá, imediatamente, sob pena de responsabilidade, os respectivos autos ao Procurador-Geral de 
Justiça, a quem competirá dar prosseguimento à apuração. 
Art. 42. Os membros do Ministério Público terão carteira funcional, expedida na forma da Lei Orgânica, valendo em todo o território 
nacional como cédula de identidade, e porte de arma, independentemente, neste caso, de qualquer ato formal de licença ou autorização. 
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Os membros do Ministério Público da União possuem foro especial no STJ (art. 105, I, a, CF) ou 
no Tribunal Regional Federal (art. 108, I, a, CF) de sua região. O procurador-geral da República, por 
seu lado, é processado e julgado originariamente, nas infrações penais comuns, perante o STF (art. 
102, I, b, CF). Tal garantia é de ordem absoluta, só havendo exceção na hipótese de crime eleitoral, 
quando o promotor será julgado no TRE onde estiver atrelado. 
 
 VANTAGENS DOS MEMBROS DO MINISTÉRIO PÚBLICO 
Consoante o art. 227, LC 75/93, os membros do MP da União fazem jus às seguintes vanta-
gens: 
Art. 227. (...) 
I - ajuda-de-custo em caso de: 
a) remoção de ofício, promoção ou nomeação que importe em alteração do domicílio le-
gal, para atender às despesas de instalação na nova sede de exercício em valor correspon-
dente a até três meses de vencimentos; 
b) serviço fora da sede de exercício, por período superior a trinta dias, em valor corres-
pondente a um trinta avos dos vencimentos, pelos dias em que perdurar o serviço, sem 
prejuízo da percepção de diárias; 
II - diárias, por serviço eventual fora da sede, de valor mínimo equivalente a um trinta a-
vos dos vencimentos para atender às despesas de locomoção, alimentação e pousada; 
III - transporte: 
a) pessoal e dos dependentes, bem como de mobiliário, em caso de remoção, promoção 
ou nomeação, previstas na alínea a do inciso I; 
b) pessoal, no caso de qualquer outro deslocamento a serviço, fora da sede de exercício; 
IV - auxílio-doença, no valor de um mês de vencimento, quando ocorrer licença para tra-
tamento de saúde por mais de doze meses, ou invalidez declarada no curso deste prazo; 
V - salário-família; 
VI - pro labore pela atividade de magistério, por hora-aula proferida em cursos, seminários 
ou outros eventos destinados ao aperfeiçoamento dos membros da instituição; 
VII - assistência médico-hospitalar, extensiva aos inativos, pensionistas e dependentes, as-
sim entendida como o conjunto de atividades relacionadas com a prevenção, conservação 
ou recuperação da saúde, abrangendo serviços profissionais médicos, paramédicos, far-
macêuticos e odontológicos, bem como o fornecimento e a aplicação dos meios e dos cui-
dados essenciais à saúde; 
VIII - auxílio-moradia, em caso de lotação em local cujas condições de moradia sejam par-
ticularmente difíceis ou onerosas, assim definido em ato do Procurador-Geral da Repúbli-
ca; 
IX - gratificação natalina, correspondente a um doze avos da remuneração a que fizer jus 
no mês de dezembro, por mês de exercício no respectivo ano, considerando-se como mês 
integral a fração igual ou superior a quinze dias. 
 
 
 
REGIME DISCIPLINAR 
 
 
 
É inquestionável a sujeição dos membros do Ministério Público a um estatuto disciplinar. A 
propósito do tema, releva lembrar que direito disciplinar, na lição de José Armando da Costa, é “o 
conjunto de princípios e normas que objetivam, através de vários institutos próprios, condicionar e 
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manter a normalidade do serviço público”5. Como desmembramento visível do direito administrativo, 
o direito disciplinar sistematiza o poder disciplinar do Estado, a cujo respeito asseverou Hely Lopes 
Meirelles tratar-se de 
“uma supremacia especial que o Estado exerce sobre todos aqueles que se vinculam 
à Administração por relação de qualquer natureza, subordinando-se às normas de 
funcionamento do serviço ou estabelecimento a que passam a integrar definitiva ou 
transitoriamente. É a faculdade de punir internamente as infrações funcionais dos 
servidores e demais pessoas sujeitas à disciplina dos órgãos e serviços da Adminis-
tração.” 
6
 
 
Em verdade, para o membro do MP a sujeição ao poder disciplinar da Administração Pública 
constitui corolário de sua condição de agente público em sentido lato. Entretanto, o Estatuto dos 
Servidores Públicos Civis da União (Lei n. 8.112/90) não lhe é aplicável no âmbito disciplinar, por-
quanto, em razão de sua condição de agente político e membro de carreira de Estado, ele está sujei-
to constitucional (art. 130-A, §2º, II e III, CF) e legalmente (LC 75/93 e Lei 8.625/93) a um sistema de 
controle próprio, bem mais complexo, em face do qual seus atos ficam submetidos permanentemen-
te a controle interno (Corregedoria-Geral) e externo (Conselho Nacional do MP), podendo ainda 
responder por crime de responsabilidade (art. 105, I, a, CF, e art. 40, n. 1 a 4, Lei 1.079/50). 
 
Pode-se falar, assim, na existência de um estatuto disciplinar autônomo do membro do MP 
em relação às regras vigentes para o funcionalismo público civil em geral. Tal autonomia se opera no 
plano legal por meio das disposições disciplinares contidas na Lei Orgânica Nacional do MP (Lei 
8.625/93) e na Lei Orgânica do Ministério Público da União (Lei Complementar 75/93), diplomas 
legais que constituem, por excelência, as leis fundamentais do estatuto disciplinar dos membros do 
MP. 
 
Na realidade, por serem tais leis orgânicas posteriores à Lei n. 8.112/90, bem como por seu ca-
ráterde leis especiais, que prevalecem sobre as disposições gerais, e, ainda, por disporem de forma 
integral sobre a pertinente matéria disciplinar, afastam completamente qualquer cogitação de em-
prego, nesse particular, do já mencionado Estatuto dos Funcionários Públicos Civis. Nem mesmo a 
título supletivo ou subsidiário é passível tal aplicação, pois a Lei Complementar n. 75/93 dispõe ex-
pressamente em seu art. 261 que “*se aplicam+, subsidiariamente, ao processo disciplinar, as normas 
do Código de Processo Penal”, disposição que é extensiva aos Ministérios Públicos dos Estados, na 
forma do art. 80, Lei n. 8.625/93. 
 
Sem embargo do exposto, releva notar que, apesar de autônomo, o estatuto disciplinar dos 
membros do MP sujeita-se à mesma teoria geral que o estatuto disciplinar do funcionalismo em geral 
no que concerne à aplicação dos princípios gerais do direito disciplinar, como é o caso do princípio 
da autonomia da esfera disciplinar em relação à esfera penal ou civil; do princípio da flexibilidade 
discricionária, que mitiga até determinado ponto o devido processo legal formal, permitindo ao ad-
ministrador uma certa liberdade na solução de questões disciplinares, nos limites de sua competên-
cia e tendo em mente o melhor para o interesse público; do princípio da tipicidade aberta, que per-
mite tipos de conteúdo subjetivo; do princípio do devido processo legal substancial, do qual são co-
rolários os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, e vários outros, inclusive muitos prin-
cípios constitucionais do processo penal, como os da proibição de dupla responsabilização pelo 
mesmo fato (ne bis in idem), o da publicidade do julgamento, o da presunção de inocência, etc. 
 
 DAS FALTAS DISCIPLINARES 
 
5 Costa, José Armando da. Teoria e prática do direito disciplinar. São Paulo: Forense, 1981. P. 3. 
6 Meirelles, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 15. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1990. P. 108. 
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Comparando-se os tipos das infrações disciplinares dos funcionários públicos civis com os dos 
membros do MP, observa-se que, conquanto o leque de vedações vigente para o funcionalismo em 
geral seja bem mais extenso, aquele dos membros do MP é mais específico, contendo várias hipóte-
ses sem correspondência no estatuto geral, sendo importante destacar, ainda, o intuito do legislador 
pátrio de assegurar aos membros do MP a independência necessária para o exercício de suas atribui-
ções, desejo já patenteado pela previsão de prerrogativas constitucionais, como a da vitaliciedade, 
que obsta a demissão do membro do MP senão por sentença transitada em julgado. Por outro lado, 
mesmo entre as leis orgânicas do Ministério Público não há uma coincidência quanto aos tipos, pre-
vendo a lei orgânica nacional maior número de hipóteses que a lei orgânica do MPU. 
 
Consulte-se, nesse sentido, o quadro demonstrativo abaixo: 
 
Lei 8.112/90 
(Funcionalismo civil) 
LC 75/93 
(MP da União) 
Lei 8.625/93 
(MP dos Estados) 
Art. 116. São deveres do servidor: 
I - exercer com zelo e dedicação as 
atribuições do cargo; 
II - ser leal às instituições a que 
servir; 
III - observar as normas legais e 
regulamentares; 
IV - cumprir as ordens superiores, 
exceto quando manifestamente 
ilegais; 
V - atender com presteza: 
a) ao público em geral, prestando 
as informações requeridas, ressal-
vadas as protegidas por sigilo; 
b) à expedição de certidões reque-
ridas para defesa de direito ou 
esclarecimento de situações de 
interesse pessoal; 
c) às requisições para a defesa da 
Fazenda Pública. 
VI - levar as irregularidades de que 
tiver ciência em razão do cargo ao 
conhecimento da autoridade su-
perior ou, quando houver suspeita 
de envolvimento desta, ao conhe-
cimento de outra autoridade com-
petente para apuração; 
VII - zelar pela economia do mate-
rial e a conservação do patrimônio 
público; 
VIII - guardar sigilo sobre assunto 
da repartição; 
IX - manter conduta compatível 
com a moralidade administrativa; 
X - ser assíduo e pontual ao servi-
ço; 
XI - tratar com urbanidade as pes-
Art. 236. O membro do Ministério 
Público da União, em respeito à 
dignidade de suas funções e à da 
Justiça, deve observar as normas 
que regem o seu exercício e espe-
cialmente: 
I - cumprir os prazos processuais; 
II - guardar segredo sobre assunto 
de caráter sigiloso que conheça 
em razão do cargo ou função; 
III - velar por suas prerrogativas 
institucionais e processuais; 
IV - prestar informações aos ór-
gãos da administração superior do 
Ministério Público, quando requisi-
tadas; 
V - atender ao expediente forense 
e participar dos atos judiciais, 
quando for obrigatória a sua pre-
sença; ou assistir a outros, quando 
conveniente ao interesse do servi-
ço; 
VI - declarar-se suspeito ou impe-
dido, nos termos da lei; 
VII - adotar as providências cabí-
veis em face das irregularidades de 
que tiver conhecimento ou que 
ocorrerem nos serviços a seu car-
go; 
VIII - tratar com urbanidade as 
pessoas com as quais se relacione 
em razão do serviço; 
IX - desempenhar com zelo e pro-
bidade as suas funções; 
X - guardar decoro pessoal. 
 
 
Art. 43. São deveres dos membros 
do Ministério Público, além de 
outros previstos em lei: 
I - manter ilibada conduta pública 
e particular; 
II - zelar pelo prestígio da Justiça, 
por suas prerrogativas e pela dig-
nidade de suas funções; 
III - indicar os fundamentos jurídi-
cos de seus pronunciamentos 
processuais, elaborando relatório 
em sua manifestação final ou re-
cursal; 
IV - obedecer aos prazos processu-
ais; 
V - assistir aos atos judiciais, quan-
do obrigatória ou conveniente a 
sua presença; 
VI - desempenhar, com zelo e 
presteza, as suas funções; 
VII - declarar-se suspeito ou impe-
dido, nos termos da lei; 
VIII - adotar, nos limites de suas 
atribuições, as providências cabí-
veis em face da irregularidade de 
que tenha conhecimento ou que 
ocorra nos serviços a seu cargo; 
IX - tratar com urbanidade as par-
tes, testemunhas, funcionários e 
auxiliares da Justiça; 
X - residir, se titular, na respectiva 
Comarca; 
XI - prestar informações solicitadas 
pelos órgãos da instituição; 
XII - identificar-se em suas mani-
festações funcionais; 
XIII - atender aos interessados, a 
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soas; 
XII - representar contra ilegalida-
de, omissão ou abuso de poder. 
 
 
Art. 117. Ao servidor é proibido: 
I - ausentar-se do serviço durante 
o expediente, sem prévia autoriza-
ção do chefe imediato; 
II - retirar, sem prévia anuência da 
autoridade competente, qualquer 
documento ou objeto da reparti-
ção; 
III - recusar fé a documentos públi-
cos; 
IV - opor resistência injustificada 
ao andamento de documento e 
processo ou execução de serviço; 
V - promover manifestação de 
apreço ou desapreço no recinto da 
repartição; 
VI - cometer a pessoa estranha à 
repartição, fora dos casos previs-
tos em lei, o desempenho de atri-
buição que seja de sua responsabi-
lidade ou de seu subordinado; 
VII - coagir ou aliciar subordinados 
no sentido de filiarem-se a associ-
ação profissional ou sindical, ou a 
partido político; 
VIII - manter sob sua chefia imedi-
ata, em cargo ou função de confi-
ança, cônjuge, companheiro ou 
parente até o segundo grau civil; 
IX - valer-se do cargo para lograr 
proveito pessoal ou de outrem, em 
detrimento da dignidade da fun-
ção pública; 
X - participar de gerência ou admi-
nistração de sociedade privada, 
personificada ou não personifica-
da, exercer o comércio, exceto na 
qualidade de acionista, cotista ou 
comanditário; 
XI - atuar, como procurador ou 
intermediário, junto a repartições 
públicas, salvo quando se tratar de 
benefícios previdenciários ou as-
sistenciais de parentesaté o se-
gundo grau, e de cônjuge ou com-
panheiro; 
XII - receber propina, comissão, 
presente ou vantagem de qual-
Art. 237. É vedado ao membro do 
Ministério Público da União: 
I - receber, a qualquer título e sob 
qualquer pretexto; honorários, 
percentagens ou custas processu-
ais; 
II - exercer a advocacia; 
III - exercer o comércio ou partici-
par de sociedade comercial, exce-
to como cotista ou acionista; 
IV - exercer, ainda que em dispo-
nibilidade, qualquer outra função 
pública, salvo uma de magistério; 
V - exercer atividade político-
partidária, ressalvada a filiação e o 
direito de afastar-se para exercer 
cargo eletivo ou a ele concorrer. 
qualquer momento, nos casos 
urgentes; 
XIV - acatar, no plano administrati-
vo, as decisões dos órgãos da Ad-
ministração Superior do Ministério 
Público. 
 
 
Art. 44. Aos membros do Ministé-
rio Público se aplicam as seguintes 
vedações: 
I - receber, a qualquer título e sob 
qualquer pretexto, honorários, 
percentagens ou custas processu-
ais; 
II - exercer advocacia; 
III - exercer o comércio ou partici-
par de sociedade comercial, exce-
to como cotista ou acionista; 
IV - exercer, ainda que em dispo-
nibilidade, qualquer outra função 
pública, salvo uma de Magistério; 
V - exercer atividade político-
partidária, ressalvada a filiação e 
as exceções previstas em lei. 
Parágrafo único. Não constituem 
acumulação, para os efeitos do 
inciso IV deste artigo, as atividades 
exercidas em organismos estatais 
afetos à área de atuação do Minis-
tério Público, em Centro de Estudo 
e Aperfeiçoamento de Ministério 
Público, em entidades de repre-
sentação de classe e o exercício de 
cargos de confiança na sua admi-
nistração e nos órgãos auxiliares. 
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quer espécie, em razão de suas 
atribuições; 
XIII - aceitar comissão, emprego ou 
pensão de estado estrangeiro; 
XIV - praticar usura sob qualquer 
de suas formas; 
XV - proceder de forma desidiosa; 
XVI - utilizar pessoal ou recursos 
materiais da repartição em servi-
ços ou atividades particulares; 
XVII - cometer a outro servidor 
atribuições estranhas ao cargo que 
ocupa, exceto em situações de 
emergência e transitórias; 
XVIII - exercer quaisquer ativida-
des que sejam incompatíveis com 
o exercício do cargo ou função e 
com o horário de trabalho; 
XIX - recusar-se a atualizar seus 
dados cadastrais quando solicita-
do. 
 
Com a finalidade de sistematizar os tipos disciplinares supra transcritos, em especial aqueles 
vigentes para os membros do MP, pode-se principiar com o gênero falta disciplinar, a partir do qual 
podem ser identificadas faltas disciplinares funcionais ou não funcionais, consoante tenham ou não 
relação com o concreto exercício pelo membro em causa de suas atribuições legais. 
 
As faltas disciplinares não funcionais materializam-se sempre com condutas que o membro 
pratica fora do exercício de suas funções; são condutas exteriores à sua atuação como membro do 
MP. Por seu turno, as faltas disciplinares funcionais podem ser categorizadas como faltas processu-
ais, que o membro pratica em um dado processo, ou como faltas institucionais, em que o prejuízo 
causado pelo membro projeta-se em nível institucional, para além de um único processo. 
 
Para uma plena visualização dessa classificação dos tipos, consulte-se o esquema abaixo: 
 
FALTAS DISCIPLINARES 
FUNCIONAIS 
NÃO FUNCIONAIS 
PROCESSUAIS INSTITUCIONAIS 
1. descumprir os prazos processu-
ais / desobedecer aos prazos pro-
cessuais (LC 75/Lei 8.625); 
 
2. deixar de declarar-se suspeito 
ou impedido, nos termos da lei (LC 
75/Lei 8.625); 
 
3. deixar de indicar os fundamen-
tos jurídicos de seus pronuncia-
mentos processuais, elaborando 
relatório em sua manifestação 
1. deixar de guardar segredo sobre assunto de 
caráter sigiloso que conheça em razão 
do cargo ou função (LC 75); 
2. deixar de velar por suas prerrogativas insti-
tucionais e processuais / deixar de zelar pelo 
prestígio da Justiça, por suas prerrogativas e 
pela dignidade de suas funções (LC 75/Lei 
8.625); 
3. deixar de prestar informações aos órgãos da 
administração superior do Ministério Público, 
quando requisitadas / deixar de prestar infor-
mações solicitadas pelos órgãos da instituição 
1. exercer a advocacia (LC 
75/Lei 8.625); 
 
2. exercer o comércio ou parti-
cipar de sociedade comercial, 
exceto como cotista ou acionis-
ta (LC 75/Lei 8.625); 
 
3. exercer, ainda que em dispo-
nibilidade, qualquer outra fun-
ção pública, salvo uma de ma-
gistério (LC 75/Lei 8.625); 
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final ou recursal (CF e Lei 8.625); 
 
4. deixar de identificar-se em suas 
manifestações funcionais (Lei 
8.625). 
 
(LC 75/Lei 8.625); 
4. deixar de adotar as providências cabíveis 
em face das irregularidades de que tiver co-
nhecimento ou que ocorrerem nos serviços a 
seu cargo / adotar, nos limites de suas atribui-
ções, as providências cabíveis em face da irre-
gularidade de que tenha conhecimento ou que 
ocorra nos serviços a seu cargo (LC 75/Lei 
8.625); 
5. deixar de atender ao expediente forense e 
participar dos atos judiciais, quando for obri-
gatória a sua presença; ou de assistir a outros, 
quando conveniente ao interesse do serviço / 
deixar de assistir aos atos judiciais, quando 
obrigatória ou conveniente a sua presença (LC 
75/Lei 8.625); 
6. deixar de tratar com urbanidade as pessoas 
com as quais se relacione em razão do serviço 
/ deixar de tratar com urbanidade as partes, 
testemunhas, funcionários e auxiliares da 
Justiça (LC 75/Lei 8.625); 
7. deixar de desempenhar com zelo e probida-
de as suas funções / deixar de desempenhar, 
com zelo e presteza, as suas funções (LC 75/Lei 
8.625); 
8. deixar de residir, se titular, na respectiva 
Comarca (Lei 8.625); 
9. deixar de atender aos interessados, a qual-
quer momento, nos casos urgentes (Lei 8.625); 
10. deixar de acatar, no plano administrativo, 
as decisões dos órgãos da administração supe-
rior do Ministério Público (Lei 8. 625); 
11. abandono de cargo (art. 240, §3º, LC 75). 
 
 
4. exercer atividade político-
partidária (LC 75/Lei 8.625); 
 
5. deixar de guardar decoro 
pessoal / deixar de manter 
ilibada conduta pública e parti-
cular (LC 75/Lei 8.625). 
 
 
 A PERSECUÇÃO DISCIPLINAR E SUAS FASES 
Passando a cuidar do direito adjetivo disciplinar dos membros do MP, mostra-se inicialmente 
oportuno lembrar que se aplicam ao processo disciplinar vários dos princípios peculiares ao processo 
penal. Nesse sentido, impende destacar a incidência do princípio do devido processo legal, formal e 
substancial, do princípio da presunção de inocência, do princípio do contraditório, do princípio da 
ampla defesa, do princípio do non bis in idem e do princípio da individualização da pena, dentre 
outros. É necessário realçar, todavia, a lúcida advertência que faz Fábio Medina Osório, no que res-
peita ao tema, enfatizando que 
“No exame dos princípios que presidem o Direito Administrativo Sancionador, ne-
cessário perceber que nem sempre um mesmo princípio possuirá idêntico alcance. 
Não basta invocar, genericamente, a idéia de sanção administrativa para justificar 
uma aplicação automática e uniforme de um dado princípio do Direito Administra-
tivo Sancionador, v.g, legalidade ou culpabilidade.” 
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7 Osório, Fábio Medina. Direito administrativo sancionador. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006. P. 196. 
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Com razão o professor, pois os princípios, apesar de manterem um referencial mínimo, um nú-
cleo básico, podem sofrer restrições de aplicação por ocasião de sua integração ao direito disciplinar, 
conforme setrate de uma ou outra etapa da persecução disciplinar. 
 
A propósito, constituem fases consecutivas da persecução disciplinar a sindicância, o inquérito 
administrativo disciplinar e o processo administrativo disciplinar, devendo-se abordar cada uma 
delas separadamente, para bem lhes destacar as características. 
 
Acerca da fase da sindicância, releva salientar que se trata de procedimento disciplinar inquisi-
torial, em regra reservado, com o fim de reunir elementos para a instauração, se for o caso, de in-
quérito administrativo disciplinar. A sindicância é facultativa e dispensável, pois se o corregedor-
geral já dispuser de elementos suficientes para instaurar de imediato o inquérito administrativo, não 
apenas pode como deve fazê-lo. É o caso, por exemplo, de uma representação que alguém protocoli-
ze contra um membro, acostando um sólido conjunto fático-probatório no sentido da ocorrência de 
uma falta disciplinar. 
 
Ainda cabe enfatizar que a sindicância é instaurada e conduzida monocraticamente pelo cor-
regedor-geral, embora nada impeça que uma comissão de membros seja constituída para atuar. No 
entanto, a sindicância não pode ser muito demorada, pois constitui um procedimento meramente 
preparatório, não se justificando como um fim em si mesmo, já que torna mais lenta a persecução 
disciplinar, aumentando o risco de prescrição, e, ao contrário do que ocorre na lei geral do funciona-
lismo civil, ela não redunda na aplicação de pena ao seu final. Por esse motivo, se a hipótese deman-
da apuração mais complexa, com ampla dilação probatória, será melhor finalizar a sindicância e pro-
ceder à instrução na fase do inquérito administrativo disciplinar. 
 
Por outro lado, constitui impropriedade falar-se na espécie que o membro envolvido nos fatos 
apurados coloca-se na posição de sindicado. Na sindicância, faz-se o primeiro apanhado de como os 
fatos se deram, e, nessa ocasião, ainda não existe juízo de valor algum do órgão disciplinar acerca da 
existência de falta funcional e/ou de quem é a culpa, não havendo sequer obrigatoriedade de se 
ouvir o membro ou os membros envolvidos nos fatos. Todavia, reputando-se oportuno instar algum 
membro a se manifestar sobre os fatos, este poderá manifestar-se ou não, a juízo pessoal, salvo na 
hipótese de requisição de informações, caso em que a recusa constitui falta funcional. Consoante se 
observa, na fase da sindicância, é ampla a discricionariedade do corregedor-geral quanto a conside-
rar presente um conjunto indiciário que justifique a instauração ou não de inquérito disciplinar. 
 
Todavia, a ação do corregedor-geral não fica desprovida de controle interno – por meio do 
Conselho Superior ou do Colégio de Procuradores, consoante se trate de membro do MP da União ou 
estadual, que apreciam os relatórios finais das sindicâncias arquivadas – nem de controle externo, 
uma vez que o Conselho Nacional do Ministério Público pode, no prazo de um ano, acolhendo pro-
posta do corregedor nacional, rever a decisão de arquivamento de qualquer processo disciplinar 
sobre membro do Ministério Público, além de poder o corregedor nacional agir de ofício, ou em face 
de representações, sem prejuízo da competência disciplinar e correicional da Corregedoria-Geral 
(art. 130-A, §2º, III e IV, §3º, I, CF), conquanto se assegure às corregedorias-gerais o prazo de 120 dias 
para apurar fatos acerca dos quais porventura ainda não se tenha manifestado (art. 71, §4º, Regi-
mento Interno do CNMP). 
 
Sem embargo de todos esses controles, impende destacar a necessidade que se tem de pre-
servar a imagem, a honra e a intimidade dos membros do Ministério Público, que, muitas vezes, jus-
tamente por serem incansáveis no exercício de suas atribuições, têm sua integridade questionada em 
função de denúncias anônimas ou representações absolutamente infundadas e sem a menor indica-
ção de qualquer elemento de prova, indício ou mínima credibilidade. Em casos que tais, e bem assim 
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nos relativos a condutas disciplinares prescritas, o Conselho Nacional do Ministério Público, acerta-
damente, incluiu em seu Regimento Interno (art. 31, I) a possibilidade de o corregedor nacional do 
Ministério Público, monocraticamente, arquivar os autos do procedimento preliminar por ele instau-
rado, dando ciência ao plenário, sem, contudo, demandar a homologação do arquivamento em jul-
gamento da matéria pelo plenário, mediante distribuição a relator e com os consectários de ampla 
publicidade daí decorrentes, em face da Emenda Constitucional n. 45/2004. 
 
Nesses mesmos casos, convém que as corregedorias-gerais dos Estados e da União disponham 
igualmente do poder de arquivar monocraticamente as sindicâncias que instaurarem de ofício, dan-
do mera ciência reservada ao respectivo Conselho Superior ou Colégio de Procuradores, sendo des-
cabido o julgamento público por tais órgãos de administração superior, com evidente exposição in-
justificada da imagem do membro injustamente assacado em sua honra com uma representação 
absolutamente infundada e despropositada, ou, ainda, por conduta há muito prescrita. Tal aprecia-
ção do arquivamento mediante formal julgamento somente é obrigatória na hipótese de ter partido 
do órgão colegiado superior a determinação à corregedoria-geral de instauração da sindicância. É o 
que decorre, como exemplo para o MP da União, da interpretação sistêmica e lógica do art. 166, XI, 
c/c o art. 174, II, Lei Complementar 75/93 (MPDFT). 
 
Passando a tratar do inquérito administrativo, releva notar que tal procedimento investigativo 
de falta funcional deve obrigatoriamente ser instaurado pelo corregedor-geral “sempre que tomar 
conhecimento de infração disciplinar” (art. 247). Esse conhecimento da infração disciplinar poderá 
decorrer da obtenção de elementos suficientes a partir de atuação ex officio da corregedoria-geral 
ou tendo em conta o recebimento de peças de informação de membros da instituição, de autorida-
des judiciais ou outras autoridades, ou o recebimento de representação por advogado, pessoa do 
povo ou mesmo pessoa anônima, mas cujos fundamentos sejam bastantes a trazer-lhe foros de cre-
dibilidade. 
 
Por elementos mínimos para tomada de conhecimento da falta disciplinar pelo corregedor-
geral, pode-se entender pelo menos a confirmação fática de sua efetiva ocorrência, considerando-se 
a subsunção, em tese, de uma dada conduta de um membro a um particular descumprimento de 
dever ou vedação legal, com todos os elementos essenciais do tipo respectivo. Além desse trabalho 
de tipificação, que é provisório, impõe-se a determinação da data do fato, do horário, do local, do 
número de pessoas envolvidas e das circunstâncias essenciais à configuração em tese da conduta 
típica que se visualiza como possível de ter ocorrido. 
 
Com esses elementos mínimos, impende reafirmar ser possível fazer o indiciamento imediato 
do membro envolvido na conduta típica em nível disciplinar, dispensando-se a sindicância e instau-
rando-se diretamente o inquérito administrativo disciplinar. Por outro lado, tais elementos mínimos 
podem ter sido obtidos justamente por meio da tramitação da sindicância, que, na letra do art. 246, 
Lei Complementar 75/93, é justamente “o procedimento que tem por objeto a coleta sumária de 
dados para instauração, se necessário, de inquérito administrativo”. Ainda, mesmo que os elementos 
mínimos declinados tenham sido apenas parcialmente obtidos, naqueles casos em que houver com-
plexidade da instrução, com necessidade de se produzir prova pericial e farta prova testemunhal, 
impõe-se como medida de inteligência a instauração do inquérito administrativo disciplinar. 
 
Detalhando o procedimento de tramitação dos inquéritos administrativos disciplinares, ressal-
te-se a necessidade formal de portaria para sua instauração, com o indiciamento de um dado mem-
bro, pelo corregedor-geral, como possível autor de uma dada faltafuncional, a qual deve ser devi-
damente especificada em termos de tipicidade. A Lei Complementar 75/93, em seu art. 247, aplicável 
subsidiariamente aos Estados, à luz do art. 80. Lei 8.625/93, estabelece que será necessariamente 
constituída comissão de três membros, sendo que um deles pode ser o corregedor-geral, mas todos 
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têm de pertencer ao menos à mesma classe que o membro indiciado, na carreira do Ministério Públi-
co. É de se notar que, a exemplo da sindicância, o inquérito administrativo disciplinar é procedimen-
to inquisitorial e reservado, sendo o sigilo expressamente previsto em lei (art. 247, LC 75/93), de-
vendo durar de 30 a 60 dias, mas não podendo ultrapassar 120 dias, nomeadamente nas hipóteses 
em que o procedimento foi instaurado por determinação do CNMP. 
 
Todavia, ao contrário da sindicância, na qual não se impõe a realização de contraditório algum, 
no inquérito disciplinar a lei assegura a defesa, pois aí sim já há uma investigação formalmente ins-
taurada pela corregedoria-geral, contra um membro que se coloca, como corolário, na condição de 
investigado, de indiciado, isto é, contra quem existem indícios. No entanto, a defesa que defere a lei 
ao membro indiciado materializa-se em grau mínimo, assegurando tão-somente o direito de vista 
integral dos autos ao final de toda a instrução – vista pessoal ou por meio de advogado – e o de apre-
sentar defesa escrita, antes da elaboração do relatório final. Assim, por exemplo, no que respeita à 
produção de prova, não é obrigatório produzi-la na presença do investigado ou de pessoa por ele 
designada, uma vez que este tem a prerrogativa de produzi-la toda novamente, por ocasião do pro-
cesso administrativo disciplinar, como garante o art. 254, §4º, in fine, Lei Complementar 75/93. 
 
A liberdade da comissão para produzir provas é ampla, podendo proceder a inspeção, colher 
prova documental, testemunhal, pericial, audiovisual, e admite, quanto às diligências, os poderes de 
requisição deferidos genericamente aos membros no art. 8º, Lei Complementar 75/93, dentre os 
quais releva destacar o de notificar testemunhas e requisitar sua condução coercitiva, no caso de 
ausência injustificada, requisitar informações, exames e documentos de autoridades da Administra-
ção Pública direta ou indireta, bem como informações e documentos de entidades privadas, expedir 
notificações e intimações, ter acesso a bancos de dados e realizar diligências investigatórias. Por ou-
tro lado o colendo Supremo Tribunal Federal tem jurisprudência firmada no sentido da admissibili-
dade da utilização, na esfera disciplinar, da prova emprestada do inquérito policial ou da ação penal 
respectiva, mesmo em se tratando de prova obtida mediante quebra de sigilo autorizada judicial-
mente e ainda que a autorização tenha sido concedida para a investigação de terceiros. 
 
Finda a instrução e ofertada a oportunidade da defesa escrita ao membro indiciado, cabe à 
comissão de inquérito disciplinar produzir o seu parecer conclusivo, no qual deverá necessariamente 
posicionar-se quanto à necessidade de instauração ou não do competente processo administrativo 
disciplinar (PAD). Caso se pronuncie positivamente, deverá elaborar a súmula da acusação e subme-
tê-la ao Conselho Superior ou Colégio de Procuradores, consoante se trate de membro do MP da 
União ou dos Estados. Outrossim, na hipótese de se manifestar pelo arquivamento, os autos devem 
ser igualmente enviados ao órgão colegiado respectivo, que poderá rejeitá-lo, caso em que enviará 
os autos ao corregedor-geral, para a elaboração da súmula de acusação. O corregedor-geral, nesse 
caso, assim como no de apuração de fatos anteriormente arquivados por ele, mas que tenham tido o 
arquivamento revisto pelo órgão colegiado superior interno ou pelo Conselho Nacional do Ministério 
Público, não tem independência funcional assegurada, porquanto exerce função de atividade-meio, 
tipicamente administrativa, restringindo-se tal garantia ao exercício da atividade-fim institucional. 
 
Em caso de recebimento da súmula de acusação pelo Conselho Superior ou Colégio de Procu-
radores, o que equivale no âmbito disciplinar ao recebimento da denúncia na ação penal pública, 
deve ser instaurado o competente processo administrativo disciplinar, com a formação da comissão 
respectiva, para a qual há a obrigação de se convocar novos membros, que não tenham atuado nas 
fases anteriores, nem tenham qualquer relação com os fatos, impedimento ou suspeição. De outra 
parte, o processo disciplinar deverá ser concluído em 90 dias, prorrogáveis por mais 30, totalizando 
tempo de tramitação global de 120 dias. 
 
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Importa destacar que, ao contrário das fases anteriores da persecução disciplinar, no processo 
administrativo disciplinar, a aplicação dos princípios constitucionais da ampla defesa e do contradi-
tório é plena. É o que estabelece o art. 252, Lei Complementar 75/93 ao dispor que “O processo ad-
ministrativo, instaurado por decisão do Conselho Superior, será contraditório, assegurada ampla de-
fesa ao acusado”. A propósito, consoante ensina Celso Ribeiro Bastos, 
“O contraditório é a exteriorização da própria defesa. A todo ato produzido caberá 
igual direito da outra parte de opor-se-lhe ou de dar-lhe a versão que lhe convenha, 
ou ainda de fornecer uma interpretação jurídica diversa daquela feita pelo autor. 
Por ampla defesa deve-se entender o asseguramento que é feito ao réu de condi-
ções que lhe possibilitem trazer para o processo todos os elementos tendentes a es-
clarecer a verdade, a colocação da questão posta em debate sob um prisma conve-
niente à evidenciação de sua versão.” 
8
 
 
No processo administrativo disciplinar, o membro acusado é formalmente citado para apre-
sentar defesa prévia no prazo de 15 dias. Pode a comissão entender oportuno que seja interrogado, 
tendo nesse caso a faculdade de permanecer em silêncio, em respeito ao princípio nemo tenetur se 
detegere. No entanto, o interrogatório quanto a fatos que envolvem a conduta de eventuais coauto-
res, como pondera adequadamente Sebastião José Lessa, “deve ser entendido como testemunho e 
tomado na presença do defensor do co-acusado, sob pena de nulidade por ofensa ao princípio consti-
tucional do contraditório e da ampla defesa, ex vi do art. 5º, inc. LV, da Carta Política”9, sendo que 
nesse sentido vem igualmente decidindo a jurisprudência pátria10. 
 
O membro acusado pode e deve constituir advogado, mas, se não o fizer, não haverá nulida-
de, e nesse sentido o colendo Supremo Tribunal Federal editou a Súmula Vinculante 5, segundo a 
qual “A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a 
Constituição” (Sessão Plenária de 7/5/2008, DJ n. 88/2008, p. 1, publicada em 16/5/2008). Não obs-
tante, mesmo que permaneça alheio ao processo, o membro não ficará sem defesa, que será exerci-
da por outro membro, designado defensor dativo. A expertise do defensor dativo, pelo menos da 
mesma classe na carreira que o membro acusado, não apenas garante uma defesa técnica de alto 
nível, mercê da condição obrigatória de experiente bacharel em Direito dos membros do MP, como 
afasta qualquer possível alegação de nulidade, até porque, para o caso, a determinação da Lei Com-
plementar 75/93 é expressa (art. 254, § 3º). 
 
Por ocasião da instrução, o acusado e/ou seu defensor não apenas podem requerer provas na 
defesa prévia, como também demandar que seja refeita toda a prova testemunhal produzida nas 
fases anteriores. Ainda, o membro acusado e/ou seu advogado têm o direito de se fazer presente 
em todas as colheitas de prova, fazer perguntas às testemunhas, formular quesitos à eventual perícia 
etc. Poroutro lado, os pedidos de produção de prova podem ser rejeitados se forem impertinentes 
ou procrastinatórios. Finda a instrução, o membro acusado tem o direito de apresentar alegações 
finais à comissão do PAD, após o que o feito deve ser relatado e encaminhado ao órgão colegiado 
superior competente, Conselho Superior ou Colégio de Procuradores. 
 
É importante notar que, quando a lei fala na produção de mero relatório pela comissão do 
PAD, ela quer dizer que não cabe aos seus respectivos membros formular juízo de valor sobre a acu-
sação, como é o caso da comissão de inquérito, pois no PAD a acusação já está formulada e delimita-
da pela respectiva súmula, enquanto o julgamento desta cabe exclusivamente ao órgão colegiado 
superior. Aliás, a propósito do julgamento, impende ressaltar que o membro acusado deve ser pes-
 
8 Bastos, Celso Ribeiro. Comentários à Constituição do Brasil. São Paulo: Saraiva, 1989. v. 2. P. 265. 
9 Lessa, Sebastião José. Do processo administrativo disciplinar e da sindicância: doutrina, jurisprudência e prática. 4. ed. Brasília: Brasília 
Jurídica, 2006. P. 221. 
10 Consultem-se, nesse sentido, as seguintes decisões: TRF 1ª Região, ACR n. 1997.01.00.008681-6/BA, rel. des. federal Tourinho 
Neto, DJ de 22.8.1997; HC n. 2004.01.00.055866-5, rel. des. federal Olindo Menezes, DJ de 25.2.2005. 
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soalmente intimado da designação da sessão, a fim de que possa, querendo, sustentar oralmente 
suas razões, por ocasião do julgamento, pessoalmente ou por meio de advogado ou defensor dativo. 
O julgamento será público e as decisões, fundamentadas e tomadas pela maioria absoluta dos 
membros do órgão colegiado superior, em atenção ao disposto no art. 93, X, c/c o art. 129, § 4º, am-
bos da Constituição Federal. 
 
Outrossim, julgando-se procedente a súmula de acusação, caberá ao procurador-geral de Jus-
tiça aplicar as penas de advertência, censura e suspensão, as duas primeiras, reservadamente. As 
demais penas, de demissão e cassação de aposentadoria ou disponibilidade, somente por decisão 
judicial transitada em julgado. A derradeira observação é que não fica excluído eventual recurso ao 
Conselho Nacional do Ministério Público, na forma da Constituição e do respectivo regimento interno 
daquele novel órgão colegiado, sendo ainda possível se ajuizar o competente pedido de revisão do 
processo, o que é admitido pelo art. 262, caput, e incisos I e II, Lei Complementar 75/93, “a qualquer 
tempo”, “quando se aduzam fatos ou circunstâncias suscetíveis de provar inocência ou de justificar a 
imposição de sanção mais branda”, ou “quando a sanção se tenha fundado em prova falas”, sem 
falar na revisão pelo Poder Judiciário, que pode inclusive avaliar a justiça da sanção administrativa à 
luz de princípios como o da proporcionalidade, conforme recentemente decidiu a excelsa Corte11. 
 
 
 
 
CONSELHO NACIONAL DO MINISTÉRIO 
PÚBLICO 
 
 
O Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) atua em prol do cidadão executando a fis-
calização administrativa, financeira e disciplinar do Ministério Público no Brasil e de seus mem-
bros, respeitando a autonomia da instituição. O órgão, criado em 30 de dezembro de 2004 pela E-
menda Constitucional 45, teve sua instalação concluída em 21 de junho de 2005. A sede fica em Bra-
sília-DF. 
 
Formado por 14 membros, que representam setores diversos da sociedade, o CNMP tem co-
mo objetivo imprimir uma visão nacional ao MP. Ao Conselho cabe orientar e fiscalizar todos os 
ramos do MP brasileiro: o Ministério Público da União (MPU), que é composto pelo Ministério Públi-
co Federal (MPF), Ministério Público Militar (MPM), Ministério Público do Trabalho (MPT) e do Distri-
to Federal e Territórios (MPDFT); e o Ministério Público dos Estados (MPE). 
 
Presidido pelo procurador-geral da República, o Conselho é composto por quatro integrantes 
do MPU, três membros do MPE, dois juízes, indicados um pelo Supremo Tribunal Federal e outro 
pelo Superior Tribunal de Justiça, dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da Ordem dos 
Advogados do Brasil e dois cidadãos de notável saber jurídico e reputação ilibada, indicados um 
pela Câmara dos Deputados e outro pelo Senado Federal. 
 
Antes da posse no CNMP, os nomes apresentados são apreciados pela Comissão de Constitui-
ção e Justiça e de Cidadania (CCJ), do Senado Federal, depois vão ao Plenário do Senado e seguem 
para a sanção do presidente da República. 
 
 
11 Consulte-se, nesse sentido, a seguinte decisão: STF, MS n. 23041/SC, rel. para o acórdão ministro Gilmar Mendes, Tribunal Pleno, j. em 
11.2.2008, acórdão publicado em 1º.8.2008, Ementário n. 2326-02, p. 347. 
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Pautado pelo controle e pela transparência administrativa do MP e de seus membros, o CNMP 
é uma entidade aberta ao cidadão e às entidades brasileiras, que podem encaminhar reclamações 
contra membros ou órgãos do MP, inclusive contra seus serviços auxiliares. 
 
As competências do CNMP estão previstas no art. 130-A, §2º, CF: 
Art. 130-A. (...) 
§2º (...) 
I zelar pela autonomia funcional e administrativa do Ministério Público, podendo expedir 
atos regulamentares, no âmbito de sua competência, ou recomendar providências; 
II zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou mediante provocação, a legali-
dade dos atos administrativos praticados por membros ou órgãos do Ministério Público da 
União e dos Estados, podendo desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para que se adotem 
as providências necessárias ao exato cumprimento da lei, sem prejuízo da competência 
dos Tribunais de Contas; 
III receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos do Ministério Público 
da União ou dos Estados, inclusive contra seus serviços auxiliares, sem prejuízo da compe-
tência disciplinar e correicional da instituição, podendo avocar processos disciplinares em 
curso, determinar a remoção, a disponibilidade ou a aposentadoria com subsídios ou pro-
ventos proporcionais ao tempo de serviço e aplicar outras sanções administrativas, asse-
gurada ampla defesa; 
IV rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disciplinares de membros do 
Ministério Público da União ou dos Estados julgados há menos de um ano; 
V elaborar relatório anual, propondo as providências que julgar necessárias sobre a situa-
ção do Ministério Público no País e as atividades do Conselho, o qual deve integrar a men-
sagem prevista no art. 84, XI. 
 
 
 ESTRUTURA 
A estrutura do CNMP está organizada a fim de efetivar o cumprimento da fiscalização e da ori-
entação do exercício administrativo e financeiro do Ministério Público no Brasil, além de promover a 
integração e o desenvolvimento da instituição. 
 
 ÓRGÃOS DO CNMP 
 PLENÁRIO 
Constituído pelos 14 conselheiros do CNMP, o Plenário controla a atuação administrativa e 
financeira do Ministério Público e o cumprimento dos deveres funcionais dos seus membros. Aos 
atos e decisões do Plenário do Conselho não cabe recurso, salvo o de embargos de declaração. As 
sessões do Plenário poderão ser ordinárias, com realização em dias úteis mediante prévia comunica-
ção aos conselheiros, e extraordinária, convocadas pelo presidente fora do calendário semestral 
estabelecido, com, pelo menos, cinco dias de antecedência. 
 
 A PRESIDÊNCIA 
A presidência do CNMP é exercida pelo procurador-geral da República, a quem compete atuar 
para o fortalecimento e o aprimoramento do Ministério Público, assegurando sua autonomia para 
um trabalho responsável e socialmente efetivo. 
 
 A CORREGEDORIA 
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